6. os graus da dúvida em descartes

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  • 7/28/2019 6. Os graus da dvida em Descartes

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    OS GRAUS DA DVIDA EMDESCARTES

    Prof. (a) Viviane Fernandes

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    A BUSCA PELO CONHECIMENTO

    Atributo essencial do pensar filosfico.

    Desde o surgimento das investigaes mitolgicas,cosmolgicas e metafsicas, o filsofo procurouentender sua realidade, sua origem e o ser das coisase utilizou-se de vrias maneiras cognoscitivas paradesvendar ou aproximar-se da verdade.

    Nem sempre o conhecimento foi entendido comopossvel, verdadeiro ou, se existente, dever-se-ia seralcanado atravs de um rduo processo deverificabilidade.

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    A DVIDA

    A faculdade de duvidar e interrogar-se sobre a realexistncia das coisas esteve presente desde osprimeiros pensadores gregos das escolas pitagricas eeleticas.

    Colocaram em dvida o conhecimento alcanadoatravs dos sentidos.

    Ceticismorigoroso: Pirro de Elida (360/370 a.C)afirmou que nada era possvel conhecer, concluiu queas coisas eram meras transparncias.

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    A DVIDA

    Cticos rigorosos: nem os sentidos, nem a razopoderiam fornecer o conhecimento e, por isso, deveriao homem calar-se em sua obscuridade, estando isentode qualquer juzo a cerca da verdade ou falsidade dascoisas.

    Descartes: a dvidametdica atingir um alto grau deracionalismo moderno, segundo o qual se deve duvidarat da prpria dvida. A realidade somente deveria ser

    investigada atravs da razo.

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    DESCARTES

    Qualquer manifestao real das coisas deveria serduvidosa, at no mais encontrar objeo pelopensamento.

    A dvida em Descartes metdica, tornando-se uminstrumentodeinvestigaoracional e fundamentoda trajetria especulativa do pensamento.

    Por isso, deve-se duvidar das idias, dasimaginaesmentais e das percepessensveis.

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    A DVIDA

    O exercciodopensamento leva um ser pensante busca de algo, que significa duvidar:

    querer ou no querer,

    afirmar ou no afirmar,

    negar, entender, imaginar ou ter experincias sensveisprescindida da verdade destas experincias e dasidias pensantes.

    A verdade ser alcanada mediante a clareza edistino das coisas na ideia, assegurando-se semprede uma possvel iluso.

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    A DVIDA METDICA

    Desfazer-se de todas as opinies a que dera crdito, ecomear tudo novamente, desde os fundamentos.

    Dvida: grande martelo que ir bater nos alicerces doconhecimento, se no estiverem suficientementefirmes, sero demolidos.

    Primeiro: necessrio duvidar de tudo o que existeenquanto discursoestabelecido, ou seja, enquantoopinies.

    No se perder nas opinies particulares.

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    A DVIDA METDICA

    Rejeita de uma s vez as opinies eventualmentedbias ou enganosas.

    Ora, no ser necessrio, por desgnio, provar que

    todas elas so falsas, o que talvez nunca levasse acabo; mas, uma vez que a razo j me persuade deque no devo menos cuidadosamente impedir-me dedar crdito s coisas que no so inteiramente certas eindubitveis, do que as que parecem falsas, o menormotivo de dvida que eu nelas encontrar bastar parame levar a rejeitar a todas.(DESCARTES, 1983, p. 86)

    No sendo necessrio examinarcada uma emparticular.

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    CARACTERSTICAS DADVIDA CARTESIANA

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    PRIMEIRA CARACTERSTICA

    Dvida voluntria: no decorre da experincia, mas

    de uma deciso.

    Por isso racional, no um procedimento aleatrio,se difere das dvidas do dia a dia.

    Busca seriamente desfazer-se de todas as opiniesque at ento dera crdito.

    Ocorre aqui um distanciamento dos discursoscorriqueiros ou nascidos da descrio particular dasexperincias dos sentidos.

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    SEGUNDA CARACTERSTICA

    Dvida hiperblica: exagerada, por tomar como

    falso o que somente duvidoso, e rejeitar comosempre enganoso o que enganou apenas algumasvezes.

    Radicalizao da dvida: se uma opinio for passvelde dvida, todas as outras so consideradas damesma forma.

    Seguir um propsito organizado racionalmente, erazes para duvidar.

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    TERCEIRA CARACTERSTICA

    Papel provisrio: bater at encontrar algo firme e

    resistente, que seja impossvel de derrubar e da firmaro alicerce da sua construo.

    Chegar a um pontoltimo o que a impedir de

    tornar-se regresso ao infinito, pois em algummomento no se ter mais dvidas e a primeiracerteza se manifestar.

    Visa livrar-se do que minimamente dubitvel, atencontrar algo de que no se pode duvidar.

    Tem o objetivo de buscar certezas.

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    PASSOS DA DVIDA

    1. Sentidos: externos e internos.

    2. Intelecto: a dvida natural e a dvida metafsica.

    Em ambos os casos o que est em questo aconfiabilidade daquilo que as duas faculdades do aconhecer, a faculdade sensvel e a espiritual.

    Dvida natural: a no aceitao do fundamentosensvel do conhecimento, duvidardascrenasoriundasdossentidos, das verdades oriundas dapercepo sensvel.

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    RECUSA AO EMPIRISMO

    Conflito entre a faculdade espiritual e a faculdade

    sensvel.

    No pe em causa a existncia do mundo exterior;interroga-se apenas sobre a conformidadedenossas

    sensaes natureza do mundo.

    Nota que noexiste talvez, fora de ns, qualquerrealidade que seja tal como os nossos sentidos a

    apresentam.

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    Tudo do que recebi, at o presentemente, como o maisverdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelossentidos: ora, experimentei algumas vezes que esses

    sentidos eram enganosos, e de prudncia nunca sefiar inteiramente em que j nos enganou uma vez.(DESCARTES, 1983, p. 86)

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    OS GRAUS DA DVIDA

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    O ERRO DOS SENTIDOS

    Primeiro grau da dvida

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    FATORES EXTERNOS

    Circunstncias como distncia, luminosidade e outros

    fatores similares.

    Sob tais condies, os sentidos s podem fornecer umtestemunhoimperfeito, podendo at distorcer a

    percepo sensvel, e fazer com que o engano sejamais grave e mais frequente.

    Umas vez desaparecendo esses fatores que distorcem

    a percepo sensvel, as demaiscoisas que julgamosatravs dos sentidos parecemestarcertas.

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    FATORES EXTERNOS

    Os sentidos, propriamente ditos, ainda no esto sob

    suspeitas.

    A dvida recai unicamente sobre as opiniesqueformamos a partir dos sentidos, isto , as

    percepes sensveis.

    O que se quer saber se essas percepes recaemou no aos objetosexternos.

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    O SONHO

    Segundo grau da dvida

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    FATORES INTERNOS

    Fatores internos podem provocar o engano no

    testemunho dos sentidos.

    Quando dormimos, representamos em sonhos, coisassemelhantesou at mesmo algumas vezes menosverossmeis, do que os loucos so capazes de serepresentar em seu estado de demncia.

    Pelos sentidos no conseguimos distinguir se

    estamos sonhando ou acordados, pois o quesentimos em estado de viglia parece to verdadeiroquanto o que sentimos em sonho.

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    FATORES INTERNOS

    Descartes questiona sobre a validadedascoisasque

    sonhamos e sua realidade no mundomaterial.

    Abala a confiana no testemunho dos sentidos relativoao que est prximo, pois no podemos distinguir

    entre sonho e viglia.

    a suspeita de se eu estou tendo uma perceposensvelsupe a inexistncia de um mundo

    externo.

    A dvida sobre a realidade das coisas que se acreditasentir se torna mais profunda.

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    FATORES INTERNOS

    O real, considerado em si mesmo, no pode sernorma

    de verdade.

    Sua conformidade realidade s poder serestabelecida a partir do que imediatamente acessvel

    conscincia.

    Os dados imediatos da prpria conscincia, a relaode correspondncia funciona como uma ponte entre a

    representao e a realidade.

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    FATORES INTERNOS

    Mesmo que estejamos sonhando e em sonho

    representamos alguma coisa.

    Esta representao ligada a algoverdadeiro,resultado das nossas experincias com as coisasverdadeiras e existentes.

    Assim, nenhuma realidade exterior pode seratingida com certeza.

    Estou sempre perante uma impressodeexterioridade, diante de uma impresso que pode serilusria.

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    A BUSCA DE UMA CERTEZA

    Terceiro grau da dvida

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    O DEUS ENGANADOR

    Confiana nas coisas muito simples e muito gerais em

    ltima instncia.

    Confiana na capacidade da razohumana e dosraciocnios que dela dependem.

    O entendimento no pode duvidar das representaesque fazem parte do intelecto.

    A confiana na natureza estritamente intelectual oque o argumento do deusenganadorprocura abalar.

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    O DEUS ENGANADOR

    Prope a existncia de um Deus que tudo pode, e que

    pode induzir-nos ao erro.

    No s um sinal de malignidade mas de no ser.

    uma espcie de imperfeio.

    Quanto menos poderoso tanto mais imperfeito e

    tendente ao erro.

    A dvida est generalizada.

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    O GNIO MALGNO

    A dvida cartesiana toma seus argumentos quanto aos

    objetos passveis de serem duvidosos: da recordaodos erros cometidos no clculo, ou da iluso do sonho.

    E, embora situada no limiteextremodadvida, a

    hiptese do gniomalicioso atesta tambm que advidavoluntria s se pode exercer atravs de umapelo qualquer ao entendimento.

    a suspensodojuzo para se chega a algumaverdade, a preparaodoesprito a todos os ardisdesse grande enganador.

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    FINALIDADE DA DVIDA

    Supor a possibilidade do engano no um fingimento e

    sim um exerccioradicalemetdico.

    A finalidade da dvida ser encontrar algo que resistaaos seus ataques a fim de chegar a algo certo e

    seguro.

    Edificar o alicerce do conhecimentocientfico.

    Ou encontrar algo de certo, ou se assegurar que noexiste nadadecerto.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BORGES, Marcos Alexandre. Sobre o Cogito como

    Representao: a Relao de si a si na FilosofiaPrimeira de Descartes. [Dissertao de Mestrado]Toledo, PR: Universidade Estadual do Oeste doParan, 2009.

    DESCARTES, Ren. Meditaes. [traduo deGuinsgurg, J. e Prado Junior, Bento] So Paulo: Abril,1983. (Os Pensadores)

    JESUS, Simoni A. F. de. Representao econhecimento nas Meditaes de Descartes.[Dissertao de Mestrado] Santa Maria, RS:

    Universidade Federal de Santa Maria, 2009.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    KRGEL, Evani Ins. Descartes e a fundao doconhecimento. [Dissertao de Mestrado] SantaMaria, RS: Universidade Federal de Santa Maria, 2009.