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A resistência das democracias liberais Nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra os partidos opuseram-se ao totalitarismo, apostando num governo intervencionista que combatesse as causas da crise, de forma a atenuar os seus efeitos e a evitar um ambiente propício para contestações politicas. O intervencionismo do Estado Após a depressão dos anos 30, caracterizada por crises cíclicas, John Keynes, um economista britânico, defendeu a necessidade do estado intervir na economia, de forma a combater as desigualdades sociais e a travar as consequências das crises cíclicas. Assim, John defendeu a adopção de uma inflação controlada em que os lucros gerados pelas empresas iriam aumentar a procura e a produção que, por sua vez, criava novos postos de trabalho que contribuíam para melhorar as condições de vida da população, que passa a ter mais oportunidades de emprego e mais poder de compra, o que estimulava a economia do país. Neste contexto, o Estado teria um papel importante, uma vez que teria a função de adoptar políticas de investimento e de desenvolvimento das empresas e também iria controlar os preços, os salários e as condições de trabalho. Os Estados Unidos, com Roosevelt na presidência, adoptaram o New Deal, que consistiu num conjunto de medidas que tinham como objectivos ultrapassar as consequências da grande depressão e garantir uma melhor qualidade de vida à população. Na primeira fase, as medidas tomadas tinham como propósito ultrapassar as consequências da grande depressão, relançando a economia e combatendo o desemprego crescente. Para tal, o governo adoptou medidas financeiras rigorosas, isto é, reorganizaram-se as instituições bancárias e fecharam-se algumas e também se procedeu à desvalorização do dólar, que baixou a divida do país e aumentou a inflação controlada, subindo os preços e aumentando o lucro das empresas. Ao mesmo tempo, o Estado combateu o desemprego com a construção de obras públicas, o que promoveu o desenvolvimento de outros sectores da economia, e com a distribuição de dinheiro para os mais carenciados. Para além disso, controlou-se a indústria e a agricultura. Relativamente à indústria, regularam-se os preços, as horas de trabalho e os

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Apontamentos da matéria de exame de História A 12º Ano – 2011/2012 Parte 6 A resistência das democracias

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A resistência das democracias liberais

Nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra os partidos opuseram-se ao totalitarismo, apostando num governo intervencionista que combatesse as causas da crise, de forma a atenuar os seus efeitos e a evitar um ambiente propício para contestações politicas.

O intervencionismo do Estado

Após a depressão dos anos 30, caracterizada por crises cíclicas, John Keynes, um economista britânico, defendeu a necessidade do estado intervir na economia, de forma a combater as desigualdades sociais e a travar as consequências das crises cíclicas. Assim, John defendeu a adopção de uma inflação controlada em que os lucros gerados pelas empresas iriam aumentar a procura e a produção que, por sua vez, criava novos postos de trabalho que contribuíam para melhorar as condições de vida da população, que passa a ter mais oportunidades de emprego e mais poder de compra, o que estimulava a economia do país. Neste contexto, o Estado teria um papel importante, uma vez que teria a função de adoptar políticas de investimento e de desenvolvimento das empresas e também iria controlar os preços, os salários e as condições de trabalho.

Os Estados Unidos, com Roosevelt na presidência, adoptaram o New Deal, que consistiu num conjunto de medidas que tinham como objectivos ultrapassar as consequências da grande depressão e garantir uma melhor qualidade de vida à população. Na primeira fase, as medidas tomadas tinham como propósito ultrapassar as consequências da grande depressão, relançando a economia e combatendo o desemprego crescente. Para tal, o governo adoptou medidas financeiras rigorosas, isto é, reorganizaram-se as instituições bancárias e fecharam-se algumas e também se procedeu à desvalorização do dólar, que baixou a divida do país e aumentou a inflação controlada, subindo os preços e aumentando o lucro das empresas. Ao mesmo tempo, o Estado combateu o desemprego com a construção de obras públicas, o que promoveu o desenvolvimento de outros sectores da economia, e com a distribuição de dinheiro para os mais carenciados. Para além disso, controlou-se a indústria e a agricultura. Relativamente à indústria, regularam-se os preços, as horas de trabalho e os salários, de forma a evitar a concorrência desleal e beneficiar todos, até mesmo os operários. Relativamente à agricultura, indemnizaram-se os agricultores pela redução das áreas de cultivo, necessário para reduzir a produção, que por sua vez permitia estabilizar os preços e modernizar a agricultura. Depois, na segunda fase, as medidas tinham como propósito garantir uma melhor qualidade de vida à população e, para tal, foi instalado o Estado-Providência, ou seja, o Estado que se preocupa em assegurar o bem-estar da população e o crescimento económico. Para tal, o governo instituiu o direito de greve, a reforma, o fundo de desemprego, o salário mínimo e as horas de trabalho semanal.

Os governos de Frente Popular e a mobilização dos cidadãos

Em França e em Espanha surgiram governo de frente popular, devido às dificuldades económicas e à instabilidade politica.

A frente popular em França integrou socialistas reformistas, comunistas e partidos radicais, que denunciaram o avanço do nazismo, proporcionado pela esquerda alemã, e criaram

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também medidas para relançar a economia e melhorar as condições de vida dos trabalhadores, acabando por ganhar as eleições. Assim, os governos de frente popular adoptaram uma política intervencionista, em que nacionalizaram o banco de França, desvalorizaram a moeda, impulsionaram a legislação social, com greves e ocupações de fábricas, aumentaram a escolaridade obrigatória e, por fim, nacionalizaram sectores da economia. A acção dos governos resultou em acordos laborais que aumentaram os salários, reduziram as horas de trabalho e implementaram o direito a férias, o que permitiu aos trabalhadores terem poder de compra e a criação de mais empregos, combatendo-se assim a crise e melhorar as condições de vida.

A frente popular em Espanha integrou socialistas e comunistas que tiveram a necessidade de aumentar a protestação, uma vez que a situação económica se ia agravando cada vez mais. Devido à crescente contestação, o governo demite-se, sendo proclamada a República, em que a Frente Popular vence as eleições e dá início um intenso programa de reformas políticas e sociais favoráveis aos interesses das classes trabalhadoras. É decretada a separação entre a Igreja e o Estado, o direito à greve, ao divórcio e à ocupação das terras e, por fim, os salários são aumentados. Perante tais medidas, os partidos nacionalistas de direita e monárquicos formam a Frente Nacional que, opondo-se à Frente popular, dá início à guerra civil.