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3 6 Pediram-me que preparasse, para esta edição deste Boletim, um pequeno comentário sobre o proje- to de lei de direitos autorais que o governo fez publicar para debate. Havia de ser coisa pequena, não mais que dois ou três parágrafos. Como eu estava em processo de mudar-me de residência, não tive tempo de debruçar-me como achava que devia sobre o pro- jeto. Agora, com um certo atraso, atendo ao pedido. É fácil. Não preciso de dois ou três parágrafos. Bastam- me duas palavras: sou contra . Pode-se discutir o projeto em vários artigos. Mas há, na essência do conjunto, um defeito fundamental, um pressuposto totalmente equivocado. De fato, o projeto trata o direito autoral, por extensão conceitual chamado de propriedade imaterial, como se fosse análogo ao direito real de propriedade de terras. Não o faz especi- ficamente em nenhum artigo específico, mas constrói todos sobre essa equiparação. Na origem do direito da propriedade de bens, espe- cialmente de terras, está necessariamente uma cons- trução jurídica. Ninguém é dono de nada senão em decorrência do reconhecimento pela lei. Já o direito autoral nasce unicamente do trabalho do autor. O que se paga a esse título há que ser tão sagrado quanto o salário do operário. Está bem que há de haver harmo- nia entre as instituições e que nada pode subsistir que contrarie o interesse público e geral. Mas a estrutura do projeto está errada na base. Mais ou menos como seria uma Constituição que dissesse, não que todo poder emana do povo, mas que reside, depositado por Deus, na pessoa de um monarca hereditário. O que mais se diga será apenas uma questão de pormenor. Há que recomeçar do zero, aproveitando talvez o texto de alguns artigos, mas baseando o conjunto na única premissa correta – a chamada propriedade imaterial não é verdadeira propriedade, mas remuneração de trabalho individual. Gabriel Lacerda Escritor e advogado Em tempo: Após uma intensa e esclarecedora discussão entre seus associados, a AEILIJ redigiu e protocolou uma carta junto ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, colo- cando sua posição e expressando oficialmente suas objeções quanto ao anteprojeto apresentado. O ministério enviou uma extensa resposta às nossas colocações. As cartas podem ser lidas na íntegra em nosso site: www .aeilij.org.br . A Academia Brasileira de Letras também se posicio- nou publicamente com relação ao anteprojeto de refor- ma da Lei de Direitos Autorais, deixando claro que sua reflexão situa-se, especificamente, no âmbito da cri- ação literária.” Assim, “Entende a Casa de Machado de Assis”, assinala o documento, “que qualquer tentativa radical de modificação desse quadro relacional é extrema- mente complexa e delicada. Sobretudo diante da inter- veniência do poder público como agente regulador e fis- calizador.” Para conhecer a carta da ABL na íntegra, acesse http://www2.academia.org.br/abl/media/Juca%20Ferreira.pdf Ainda sobre direitos autorais E mais: No último dia 27 de agosto, a AEILIJ, representada pelo associado Fábio Sgroi, participou da cerimônia de entrega do documento contendo comentários e críticas ao projeto que pretende alterar a Lei 9610/98, a Lei de Direitos Autorais. Promovida pelas principais entidades ligadas às artes visuais no país, a cerimônia foi realiza- da no auditório do Senac Lapa Scipião, como parte inte- grante da sétima edição do Ilustra Brasil!, evento realiza- do pela SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil. Além da AEILIJ e da SIB, também assinaram o docu- mento a APROARTES – Associação Brasileira de Profissionais e Autores em Artes Musicais, Artes Plásticas, Cênicas, Gráficas, Literárias, Audiovisuais, Visuais, Artes Circenses, Desenho Industrial, Dança, Comunicações e em Artes Desportivas, o CBEC – Conselho Brasileiro de Entidade Culturais e a ACB – Associação dos Cartunistas do Brasil, a ABIPRO – Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais, entre outras importantes entidades ligadas à ilustração e às artes visuais. O documento foi entregue, em mãos, ao coordenador-geral do setor de direitos autorais do Ministério da Cultura, Rafael Pereira Oliveira. A principal crítica das entidades refere-se à proposta que libera a reprodução de qualquer obra, sem remune- ração e sem necessidade de permissão por parte de seus autores, desde que alegado o uso para fins didáti- cos e educacionais. O documento pede a exclusão do inciso I e do parágrafo único do artigo 46, da proposta de lei. Segundo os representantes das entidades, esta pro- posta, se aprovada, irá provocar um total desestímulo à produção intelectual no país, além de prejudicar seri- amente os autores, justamente aqueles a quem a lei deveria proteger. Confraria Reinações se espalha pelo Brasil A Confraria Reinações surgiu do desejo de algu- mas pessoas que curtem a LIJ e que achavam necessário haver um espaço não institucional que promovesse, através da troca de ideias, um ambi- ente propício para se pensar a LIJ como arte, a fim de que ela pudesse reinar (ser rainha e incomodar). Ela se reúne mensalmente (sempre na terceira terça-feira do mês) em torno do debate sobre um livro de LIJ, previamente escolhido pelo grupo. Nos encontros, que têm uma hora e meia de duração, a partir das colocações de um coordenador volun- tário, os confrades trocam impressões sobre suas leituras do livro ou do autor indicados. Há também outras atividades, tais como seminários, saraus e o blog: confrariareinacoes.blogspot.com E agora já há extensões da Reinações na cidade de Caxias–RS e na cidade do Rio de Janeiro–RJ. Os filhotes nasceram do desejo de algumas pessoas que se viam impedidas, devido à localização de suas residências, de participar pre- sencialmente dos encontros. Assim, em suas cidades, montaram grupos que se reúnem nos mesmos dias que a confraria-mãe. Não há nenhuma limitação para ser confrade. Talvez a única condição seja o desejo de participar, de trocar ideias sobre livros de LIJ. E, se alguém quiser criar uma "filial" da Confraria, basta entrar em contato com algum con- frade de qualquer grupo e receber as orientações. A única condição é manter a unidade: mesmo dia, mesmo horário, mesmo livro. A AEILIJ se despede de amigos queridos Professora Dorina Nowill deixa saudades No último dia 29 de agosto recebemos com tristeza a notícia do falecimento da professora Dorina Nowill. Dona Dorina, como era conhecida, deixa um conjunto de realizações incrível. Ao longo de seus 91 anos, entre outras coisas, criou a ABEDEV – Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais, e a Fundação Dorina Nowill para Cegos. A AEILIJ tem orgulho de ter assinado recentemente uma parceria com a Fundação para a criação da Coleção AEILIJ Solidária (veja nota sobre o assunto nesta edição) e se solidariza com a família e colabo- radores de Dona Dorina nesse momento de tristeza. Yves Hublet: Tributo e consternação Nós acompanhamos o episódio que levou às manchetes dos jornais (29/11/2005) o nome de um, entre nós: Autor de Literatura Infanto-Juvenil desfere bengaladas em Zé Dirceu... Ele era de nossa raça, de nossa tribo, de nosso lago de cisnes. Como não aprumar os óculos e continuar a leitura? Somos guerreiros des- ferindo bengaladas invisíveis nos gigantes e monstros de nossas histórias. Mas o basta do bastão do Yves contra injustiças sociais e contra a corrupção política ganhou, naquela vez, os leitores da praça que se aco- tovelavam para ler a notícia. Neste ano, (29/07/2010) outra manchete dos jornais nos entristece e consterna: A morte do escritor curitibano que atacou Zé Dirceu a bengaladas. A AEILIJ nacional manifesta sua tristeza e consternação pela perda do autor de “A Grande Guerra de Dona Baleia” e “Artes & Manhas do Mico-leão-dourado”, entre outras histórias. Y ves Hublet foi o primeiro representante regional da AEILIJ no Paraná. A AEILIJ comemora com seus associados Nossa associada, a escritora Ana Maria Machado, que ocupa a cadeira nº 1 e é Secretária-Geral da Academia Brasileira de Letras, foi a primeira fic- cionista brasileira a ganhar o Prêmio Príncipe Claus, edição de 2010. O parecer do júri assinalou que a Ana Maria “escreve histórias poderosas que tratam de preconceitos e dos direitos humanos, sempre com um olhar original, bem humorado e poético, por intermédio de uma consumada maes- tria da escrita”. O prêmio é conferido anualmente a 11 pessoas ou organizações de diferentes áreas artísticas e países diversos, no reconhecimento de conquistas excepcionais no campo da cultura e do desenvolvimento. A escritora Stella Maria Rezende , associada da AEILIJ, foi a vencedora da 6ª edição do Prêmio Barco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil, promovido pela Fundação SM, com o texto A meni- na guardiã dos segredos de família. A entrega do troféu aconteceu em uma cerimônia no Itaú Cultural, em São Paulo, no dia 23 de agosto. O evento marcou a abertura das inscrições para a 7ª edição do Prêmio. Mas diferente dos anos anteri- ores, em que as inscrições terminavam em fevereiro do ano seguinte, nesta edição as inscrições encerrarão em dezembro. Para maiores informações sobre o concurso, acesse www .edicoessm.com.br e veja o regulamento. A tesouraria informa... ...que os boletos de pagamento da anuidade estão sendo enviados normalmente. Mas para que não haja atrasos ou desvios é preciso que cada associado mantenha seus dados atualizados no cadastro do site. Lembramos que os dados pessoais não são divulgados. Qualquer dúvida, entrar em contato direto com a Flávia Côrtes, através do e-mail [email protected]. Arte de Thais Linhares

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Page 1: 6 3 A AEILIJ se despede de amigos queridos Ainda sobre ... · ferindo bengaladas invisíveis nos gigantes e monstros de nossas histórias. Mas o basta do bastão do Yves contra injustiças

3366Pediram-me que preparasse, para esta edição

deste Boletim, um pequeno comentário sobre o proje-to de lei de direitos autorais que o governo fez publicarpara debate. Havia de ser coisa pequena, não maisque dois ou três parágrafos. Como eu estava emprocesso de mudar-me de residência, não tive tempode debruçar-me como achava que devia sobre o pro-jeto. Agora, com um certo atraso, atendo ao pedido. Éfácil. Não preciso de dois ou três parágrafos. Bastam-me duas palavras: sou contra.

Pode-se discutir o projeto em vários artigos. Mas há,na essência do conjunto, um defeito fundamental, umpressuposto totalmente equivocado. De fato, o projetotrata o direito autoral, por extensão conceitual chamadode propriedade imaterial, como se fosse análogo aodireito real de propriedade de terras. Não o faz especi-ficamente em nenhum artigo específico, mas constróitodos sobre essa equiparação.

Na origem do direito da propriedade de bens, espe-cialmente de terras, está necessariamente uma cons-trução jurídica. Ninguém é dono de nada senão emdecorrência do reconhecimento pela lei. Já o direitoautoral nasce unicamente do trabalho do autor. O quese paga a esse título há que ser tão sagrado quanto osalário do operário. Está bem que há de haver harmo-nia entre as instituições e que nada pode subsistir quecontrarie o interesse público e geral. Mas a estruturado projeto está errada na base. Mais ou menos comoseria uma Constituição que dissesse, não que todopoder emana do povo, mas que reside, depositado porDeus, na pessoa de um monarca hereditário. O quemais se diga será apenas uma questão de pormenor.Há que recomeçar do zero, aproveitando talvez o textode alguns artigos, mas baseando o conjunto na únicapremissa correta – a chamada propriedade imaterialnão é verdadeira propriedade, mas remuneração detrabalho individual.

Gabriel LacerdaEscritor e advogado

Em tempo:

Após uma intensa e esclarecedora discussão entreseus associados, a AEILIJ redigiu e protocolou umacarta junto ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, colo-cando sua posição e expressando oficialmente suasobjeções quanto ao anteprojeto apresentado.

O ministério enviou uma extensa resposta às nossascolocações.

As cartas podem ser lidas na íntegra em nosso site:www.aeilij.org.br.

A Academia Brasileira de Letras também se posicio-nou publicamente com relação ao anteprojeto de refor-ma da Lei de Direitos Autorais, deixando claro que sua“reflexão situa-se, especificamente, no âmbito da cri-ação literária.”

Assim, “Entende a Casa de Machado de Assis”,assinala o documento, “que qualquer tentativa radicalde modificação desse quadro relacional é extrema-mente complexa e delicada. Sobretudo diante da inter-veniência do poder público como agente regulador e fis-calizador.”

Para conhecer a carta da ABL na íntegra, acessehttp://www2.academia.org.br/abl/media/Juca%20Ferreira.pdf

Ainda sobre direitos autorais

E mais:

No último dia 27 de agosto, a AEILIJ, representadapelo associado Fábio Sgroi, participou da cerimônia deentrega do documento contendo comentários e críticasao projeto que pretende alterar a Lei 9610/98, a Lei deDireitos Autorais. Promovida pelas principais entidadesligadas às artes visuais no país, a cerimônia foi realiza-da no auditório do Senac Lapa Scipião, como parte inte-grante da sétima edição do Ilustra Brasil!, evento realiza-do pela SIB – Sociedade dos Ilustradores do Brasil.Além da AEILIJ e da SIB, também assinaram o docu-mento a APROARTES – Associação Brasileira deProfissionais e Autores em Artes Musicais, ArtesPlásticas, Cênicas, Gráficas, Literárias, Audiovisuais,Visuais, Artes Circenses, Desenho Industrial, Dança,Comunicações e em Artes Desportivas, o CBEC –Conselho Brasileiro de Entidade Culturais e a ACB –Associação dos Cartunistas do Brasil, a ABIPRO –Associação Brasileira dos Ilustradores Profissionais,entre outras importantes entidades ligadas à ilustração eàs artes visuais. O documento foi entregue, em mãos,ao coordenador-geral do setor de direitos autorais doMinistério da Cultura, Rafael Pereira Oliveira.

A principal crítica das entidades refere-se à propostaque libera a reprodução de qualquer obra, sem remune-ração e sem necessidade de permissão por parte deseus autores, desde que alegado o uso para fins didáti-cos e educacionais. O documento pede a exclusão doinciso I e do parágrafo único do artigo 46, da proposta delei. Segundo os representantes das entidades, esta pro-posta, se aprovada, irá provocar um total desestímulo àprodução intelectual no país, além de prejudicar seri-amente os autores, justamente aqueles a quem a leideveria proteger.

Confraria Reinações se espalha pelo BrasilA Confraria Reinações surgiu do desejo de algu-

mas pessoas que curtem a LIJ e que achavamnecessário haver um espaço não institucional quepromovesse, através da troca de ideias, um ambi-ente propício para se pensar a LIJ como arte, a fimde que ela pudesse reinar (ser rainha e incomodar).

Ela se reúne mensalmente (sempre na terceiraterça-feira do mês) em torno do debate sobre umlivro de LIJ, previamente escolhido pelo grupo. Nosencontros, que têm uma hora e meia de duração, apartir das colocações de um coordenador volun-tário, os confrades trocam impressões sobre suasleituras do livro ou do autor indicados. Há tambémoutras atividades, tais como seminários, saraus e oblog: confrariareinacoes.blogspot.com

E agora já há extensões da Reinações nacidade de Caxias–RS e na cidade do Rio deJaneiro–RJ. Os filhotes nasceram do desejo dealgumas pessoas que se viam impedidas, devido àlocalização de suas residências, de participar pre-sencialmente dos encontros. Assim, em suascidades, montaram grupos que se reúnem nosmesmos dias que a confraria-mãe.

Não há nenhuma limitação para ser confrade.Talvez a única condição seja o desejo de participar,de trocar ideias sobre livros de LIJ.

E, se alguém quiser criar uma "filial" daConfraria, basta entrar em contato com algum con-frade de qualquer grupo e receber as orientações. Aúnica condição é manter a unidade: mesmo dia,mesmo horário, mesmo livro.

A AEILIJ se despede de amigos queridos

Professora Dorina Nowill deixa saudadesNo último dia 29 de agosto recebemos com tristeza a notícia do falecimento da professora Dorina Nowill. Dona Dorina, como era conhecida, deixa um conjunto de realizações incrível. Ao longo de seus 91 anos,entre outras coisas, criou a ABEDEV – Associação Brasileira de Educadores de Deficientes Visuais, e a

Fundação Dorina Nowill para Cegos.A AEILIJ tem orgulho de ter assinado recentemente uma parceria com a Fundação para a criação da

Coleção AEILIJ Solidária (veja nota sobre o assunto nesta edição) e se solidariza com a família e colabo-radores de Dona Dorina nesse momento de tristeza.

Yves Hublet: Tributo e consternaçãoNós acompanhamos o episódio que levou às manchetes dos jornais (29/11/2005) o nome de um, entre nós:

Autor de Literatura Infanto-Juvenil desfere bengaladas em Zé Dirceu... Ele era de nossa raça, de nossatribo, de nosso lago de cisnes. Como não aprumar os óculos e continuar a leitura? Somos guerreiros des-ferindo bengaladas invisíveis nos gigantes e monstros de nossas histórias. Mas o basta do bastão do Yvescontra injustiças sociais e contra a corrupção política ganhou, naquela vez, os leitores da praça que se aco-

tovelavam para ler a notícia. Neste ano, (29/07/2010) outra manchete dos jornais nos entristece e consterna: A morte do escritor

curitibano que atacou Zé Dirceu a bengaladas.A AEILIJ nacional manifesta sua tristeza e consternação pela perda do autor de “A Grande Guerra de Dona

Baleia” e “Artes & Manhas do Mico-leão-dourado”, entre outras histórias.

Yves Hublet foi o primeiro representante regional da AEILIJ no Paraná.

AAEILIJ comemora com seus associados

Nossa associada, a escritora Ana Maria Machado,que ocupa a cadeira nº 1 e é Secretária-Geral daAcademia Brasileira de Letras, foi a primeira fic-cionista brasileira a ganhar o Prêmio PríncipeClaus, edição de 2010. O parecer do júri assinalouque a Ana Maria “escreve histórias poderosas quetratam de preconceitos e dos direitos humanos,sempre com um olhar original, bem humorado epoético, por intermédio de uma consumada maes-tria da escrita”. O prêmio é conferido anualmente a11 pessoas ou organizações de diferentes áreasartísticas e países diversos, no reconhecimento deconquistas excepcionais no campo da cultura e dodesenvolvimento.

A escritora Stella Maria Rezende, associada daAEILIJ, foi a vencedora da 6ª edição do PrêmioBarco a Vapor de Literatura Infantil e Juvenil,promovido pela Fundação SM, com o texto A meni-na guardiã dos segredos de família. A entrega dotroféu aconteceu em uma cerimônia no ItaúCultural, em São Paulo, no dia 23 de agosto. Oevento marcou a abertura das inscrições para a 7ªedição do Prêmio. Mas diferente dos anos anteri-ores, em que as inscrições terminavam emfevereiro do ano seguinte, nesta edição asinscrições encerrarão em dezembro. Para maiores informações sobre o concurso, acessewww.edicoessm.com.br e veja o regulamento.

A tesouraria informa......que os boletos de pagamento da anuidade estão sendo enviados normalmente. Mas para que não haja atrasos oudesvios é preciso que cada associado mantenha seus dados atualizados no cadastro do site. Lembramos que osdados pessoais não são divulgados.Qualquer dúvida, entrar em contato direto com a Flávia Côrtes, através do e-mail [email protected].

Arte de Thais Linhares

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A AEILIJ resolveu sair em campo e pedir aos seus associados que dessem depoimentos sobre seu ofício, contassem casos curiosos, enfim... Nesta edição, publicamos as primeiras reflexões.

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O escritor-brinde

Estávamos eu e Marcia Kupstas visitando escolas e palestrando para centenas de aluninhos de colégios parti-culares do interior de um dos vinte e tantos estados brasileiros. Trabalhamos duramente no norte deste estadoe, a bordo do carro do divulgador da editora, viajamos cerca de 5 horas para outra cidade, mais a oeste. Faziacalor, tempo seco, e chegamos ao destino no fim da manhã, exaustos e loucos por um chuveiro antes doalmoço e do enfrentamento de mais algumas dezenas de alunos de uma escola particular. No entanto, o divul-gador comunicou-nos que nem haveria tempo para o banho, pois deveríamos almoçar com o staff da tal esco-la, que era “muito importante” para a editora. Aí, exaustos e empoeirados, lá ficamos, a Marcia e eu, tendo desorrir gentilmente e conversar com as senhoras da tal escola. E eis que uma delas relata-nos o sucesso ocorri-do na semana anterior: ela havia organizado uma festa para as adolescentes da escola e havia convidado umatorzinho da Globo, desses que estouram em determinada novela e são totalmente esquecidos em seguida,para dançar uma valsa com a “sortuda” aluninha sorteada para realizar este “sonho de Cinderela”. E disse-nosa dita senhora que o evento fora um sucesso e que o tal atorzinho havia cobrado “apenas”... 3 mil dólares decachê!E nós, a pobre Marcia e o pobre eu, que não receberíamos sequer um tostão de cachê, ali nos quedamos malconseguindo engolir o almoço...Creio que cada um dos sócios da AEILIJ deve ter um evento semelhante para narrar. O consolo é que nenhumde nós terá sucumbido ao desejo de esganar alguém como aquela professora. Ou como aquele divulgador!

Pedro BandeiraEscritor

Arte de Laz Muniz Ilustrador

O que é ser autor?

Ser autor para mim é ser criador. Ilustro livros infanto-juvenis há 15 anos. Cursei artes plásticas no início dadécada de 80. Concomitante ao curso, participava de salões e expunha meu trabalho artístico, além delecionar artes para crianças. Considero arte não o ensinamento de um punhado de técnicas. O processo criati-vo - presente na realização de uma obra ou de uma ilustração – envolve o fazer, o experienciar com diferentesáreas do conhecimento e matérias, assim como a resolução de problemas relacionados aos elementos da lin-guagem gráfico-plástica. Nunca me contentei em trabalhar em uma só coisa (por personalidade, curiosidade enecessidade de ganhar o pão). Atualmente sou professora adjunta no curso de artes visuais do Instituto deArtes da UFRGS, artista plástica e ilustradora. De certa forma meu trabalho de ilustração reflete o trânsito porminhas vivências profissionais e minha inquietação criativa. Trabalho com diferentes materiais, como argila,aquarela, papietagem. Gosto de projetos gráficos desafiadores. Com relação à remuneração na ilustração, recebo, quase sempre, pelas "artes" e não pelos direitos autorais.Em termos financeiros, considero que a insegurança da atividade como profissional liberal é compensada pelaestabilidade da carreira acadêmica. Admiro muito os ilustradores, autores de imagens, que vivem somentedeste maravilhoso ofício.

Laura CastilhosIlustradora

Será que existe pote de ouro no final do arco-iris?

Quando eu decidi ser escritora, acreditei que sim. Aliás, o bom de criar éacreditar na magia como principal fonte de inspiração. O sonho é mágico,mesmo quando sonhamos de olhos abertos. Nada nos impede de darmosvida a uma sereia; ou de viajarmos num pássaro de asas longas e garraspoderosas até a terra do Nunca; ou de pilotarmos o tapete de Aladim parasalvarmos Sherazade dos invasores de Bagdá. Não é de hoje que euaprendi a senha do imaginário, através do qual fiquei amiga de Aladim,Sherazade, Simbad e muitos outros personagens de um mundo encantado,em constante perigo de extinção. Se Ali Babá não financiasse as minhasaventuras, eu não teria conseguido resgatar a fantasia abandonada nosescombros das guerras. Foi em meio às ruínas de palácios famosos noOriente, da Jordânia à Palestina, que encontrei sheiks e odaliscas, magos efadas escondidos da violência humana. Um outro mecenas, cujosobrenome passou a significar patrocinador das artes - o cavaleiro romanoCaius Cilnius Mecenas - também me ajudou, com suas histórias, a tornarpossível o que, à primeira vista, parecia impossível. Como primeiro passo,aprendi a acreditar na realização do que eu quisesse de coração. Assim,pude viajar muito, conhecer pessoas de diferentes tipos e, principalmente,reaprender a sonhar como condição fundamental para a conquista de um

mundo melhor. E faço isso através dos meus livros.Ser escritor não é uma decisão, é a descoberta de um destino. Escrever se tornou o ar que eu respiro. Se viverdas palavras é difícil, sem elas é sufocante. Elas nos nutrem do oxigênio criativo. Há quem faça a mesma coisapor outros meios que a arte oferece, seja a música ou a pintura, o cinema ou a dança. Com verbos, substantivose adjetivos esculpimos ou pincelamos o universo que nosso imaginário inspira. O maior obstáculo para esse tra-balho de criação é como dele tirar a subsistência do próprio criador. Enquanto outros artistas têm nas mãos algoreal para vender e sustentar a si e à sua obra, os escritores só têm a realidade etérea das palavras. O escritor éum engarrafador de nuvens. Nem por isso ele transpira menos ao transferir do cérebro para as páginas de umlivro a fantasia de suas mil e uma noites. Ainda que mal pagos, nos invade imensa felicidade em vermos umacriança percorrendo com os olhos o relato de alguma de nossas viagens ao reino longínquo da imaginação.

Luciana SavagetEscritora

Boletim AEILIJ nº15 – Outubro 2010

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