5 mÓdulo ar -...

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167 5 MÓDULO AR 5.1 INTRODUÇÃO A CETESB iniciou, ainda em 1999, o levantamento e a organização de todos os dados de qualidade do ar e meteorológicos disponíveis até então na região de Paulínia. Verificou- se de imediato a necessidade de complementação dessas informações, para que o projeto se desenvolvesse de acordo com seus objetivos. Por isso foi instalada, naquele ano, uma estação móvel para avaliação da qualidade do ar e levantamento dos parâmetros meteorológicos no município. A continuidade dos trabalhos se deu com a instalação de uma estação fixa, na mesma área, em fevereiro de 2000. Em outubro de 2001, iniciou-se a implantação do sistema integrado de gestão dos dados de poluição do ar, da forma e com os objetivos previstos no escopo do projeto. Os resultados desses levantamentos estão apresentados nos itens a seguir, bem como uma descrição do andamento das etapas do projeto. 5.2 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DO AR 5.2.1 Aspectos climáticos e sazonais O Município de Paulínia, distante cerca de 200km do litoral, encontra-se a nordeste da capital e, geologicamente, situa-se na região denominada Depressão Periférica Paulista. Em termos climatológicos, Paulínia possui uma semelhança com as demais regiões do Estado com um período chuvoso que vai de outubro a abril e um período seco que vai de maio a setembro. Devido à sua topografia pouco acidentada, a região é influenciada, mais pelos sistemas sinóticos como frentes frias e quentes, anticiclones (massas de ar) polares e subtropicais, do que por sistemas locais e/ou subsinóticos como as brisas marítimas, vale-montanha etc. Dessa forma ela possui um período mais crítico para dispersão de poluentes primários que, grosso modo, pode ser estabelecido entre abril a setembro. Devido a intensa atuação de anticiclones neste período, há um aumento da estabilidade atmosférica bem como do número de horas de calmaria, com conseqüente aumento da concentração dos poluentes primários. Para exemplificar o período crítico à dispersão, a Figuras 5.1. mostra o perfil das médias aritméticas mensais de concentração de fumaça no período de 1986 a 1999. Nela pode- se verificar que o aumento das médias de concentrações coincide com o período de inverno.

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167

5 MÓDULO AR

5.1 INTRODUÇÃO

A CETESB iniciou, ainda em 1999, o levantamento e a organização de todos os dados dequalidade do ar e meteorológicos disponíveis até então na região de Paulínia. Verificou-se de imediato a necessidade de complementação dessas informações, para que oprojeto se desenvolvesse de acordo com seus objetivos. Por isso foi instalada, naqueleano, uma estação móvel para avaliação da qualidade do ar e levantamento dosparâmetros meteorológicos no município. A continuidade dos trabalhos se deu com ainstalação de uma estação fixa, na mesma área, em fevereiro de 2000.

Em outubro de 2001, iniciou-se a implantação do sistema integrado de gestão dos dadosde poluição do ar, da forma e com os objetivos previstos no escopo do projeto. Osresultados desses levantamentos estão apresentados nos itens a seguir, bem como umadescrição do andamento das etapas do projeto.

5.2 CARACTERIZAÇÃO DA QUALIDADE DO AR

5.2.1 Aspectos climáticos e sazonais

O Município de Paulínia, distante cerca de 200km do litoral, encontra-se a nordeste dacapital e, geologicamente, situa-se na região denominada Depressão Periférica Paulista.Em termos climatológicos, Paulínia possui uma semelhança com as demais regiões doEstado com um período chuvoso que vai de outubro a abril e um período seco que vai demaio a setembro.

Devido à sua topografia pouco acidentada, a região é influenciada, mais pelos sistemassinóticos como frentes frias e quentes, anticiclones (massas de ar) polares e subtropicais,do que por sistemas locais e/ou subsinóticos como as brisas marítimas, vale-montanhaetc. Dessa forma ela possui um período mais crítico para dispersão de poluentesprimários que, grosso modo, pode ser estabelecido entre abril a setembro. Devido aintensa atuação de anticiclones neste período, há um aumento da estabilidadeatmosférica bem como do número de horas de calmaria, com conseqüente aumento daconcentração dos poluentes primários.

Para exemplificar o período crítico à dispersão, a Figuras 5.1. mostra o perfil das médiasaritméticas mensais de concentração de fumaça no período de 1986 a 1999. Nela pode-se verificar que o aumento das médias de concentrações coincide com o período deinverno.

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Ma

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Jul

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Out

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Dez

µg/m

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Figura 5.1– Médias aritméticas mensais de Fumaça (1986 a 1999) - Paulínia

O monitoramento dos parâmetros meteorológicos efetuado pela Cetesb, foi iniciado em1999, primeiramente pela estação móvel e posteriormente pela fixa.

Para caracterizar a circulação atmosférica, foram utilizados dados de ventos referentesao período de um ano (1999/2000). As Figuras 5.2 (a,b,c,d) e 5.3 mostram as rosas deventos sazonais e a anual. Observa-se nas rosas de ventos sazonais (verão, outono,inverno e primavera), na Figuras 5.2, que os ventos predominantes são de E (leste) a SE(sudeste), com uma componente mais forte na direção ESE (leste-sudeste) e umadireção secundária de ventos provenientes de NNW (norte-noroeste). A rosa de ventoanual (Figuras 5.3) corrobora esta observação. É importante esclarecer que quando sediz que o vento é de uma direção por exemplo, vento norte, significa que o mesmoprovem dessa direção.

Figura 5.2a - Rosas de vento verão (1999-2000) - Paulínia

169

Figura 5.2b - Rosas de vento outono (1999-2000) - Paulínia

Figura 5.2c - Rosas de vento inverno (1999-2000) - Paulínia

170

Figura 5.2d - Rosas de vento primavera (1999-2000) - Paulínia

Figura 5.3- Rosa de vento anual (1999-2000) - Paulínia

5.2.2 Avaliação da qualidade do ar

A CETESB efetuou vários estudos de qualidade do ar nos últimos anos e hoje realizamonitoramento continuo na área. O primeiro estudo a ser citado data de 1985, seguindo-se de outros cinco estudos até o monitoramento contínuo atual, sendo que em todos elesforam avaliados os poluentes "partículas inaláveis" (MP10), "dióxido de enxofre" (SO2),"monóxido de carbono" (CO), "ozônio" (O3) e "óxidos de nitrogênio" (NO2.e NO).Paralelamente, desde 1986, opera-se continuamente uma estação manual avaliando-seos parâmetros "fumaça" (FMC) e SO2..

Os resultados até agora obtidos estão apresentados a seguir, constituindo-se emimportante informação não só em termos de evolução das concentrações dos principaispoluentes ao longo dos anos, mas também como um diagnóstico das condições atuais dapoluição atmosférica de Paulínia.

171

Partículas Inaláveis (MP10): As tabelas 5.1 e 5.2 apresentam o resumo dos dadosrelativos ao monitoramento de MP 10 realizado em Paulínia. Observa-se na tabela 5.1 quejá em 1985 as concentrações de MP10 apresentavam-se relativamente altas.

Nos anos de 1989 e 1992, o monitoramento foi realizado principalmente para averificação do comportamento dos poluentes secundários, portanto no período de verão.Dessa forma as concentrações de partículas inaláveis tornam-se apenas um indicador docomportamento desse poluente na área. Ainda assim, os valores observados foramsimilares aos observados no verão de 1985, indicando níveis equivalentes de poluição.Em 1998, o monitoramento realizado no período de inverno mostrou níveis deconcentração próximos aos observados no inverno de 1985, embora com média umpouco inferior (65µg/m3).

O monitoramento realizado em um período mais longo (julho de 1999 a novembro de2000), permitiu uma melhor avaliação das ultrapassagens dos padrões de curto e longoprazo. Nesse período de pouco mais de um ano, houve 10 ultrapassagens do PQAr de24 horas (PQAr = 150µg/m3).

Com relação ao PQAr anual (média aritmética anual de 50µg/m3), o valor observado foide 55µg/m3 para um período de 1 ano e 4 meses. Mesmo considerando-se exatos 12meses para a comparação com o padrão anual de 50µg/m3, ainda assim os valores seencontram acima desse limite.

Tabela 5.1– Partículas Inaláveis - Vários estudos com a Estação Móvel

Nº de

Número Média Ultrapassagens

Período de Aritmét. 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³

jan/85-fev/85 44 33 50 48 0 0

jun/85-jul/85 30 77 148 137 0 0

jan/89-mar/89 43 39 70 61 0 0

jan/92-mar/92 65 34 78 47 0 0

jun/98-ago/98 56 65 146 114 0 0

jul/99-nov/00 443 55 248 214 10 0

Máximas

24h

No caso da estação fixa (tabela 5.2), os resultados obtidos nos anos de 2001 e 2002mostram que o comportamento das partículas inaláveis apresentam uma situaçãoestável. Os maiores valores de concentração diária foram respectivamente 126µg/m3 e121 µg/m3, ou seja, praticamente o mesmo nível de concentração, para o correspondentepadrão diário de 150µg/m3 . As médias anuais (44µg/m3 e 45µg/m3 respectivamente) sãomuito próximas, porém, se cotejarmos estes valores com o padrão anual - 50µg/m3 -verificamos que a região merece cuidados especiais.

Tabela 5.2 – Partículas Inaláveis - Estação Automática Fixa

172

Nº de

Número Média Ultrapassagens

Ano de Aritmét. 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³

2000* 32 28* 51 44 0 0

2001 347 44 126 126 0 0

2002 355 45 121 112 0 0

* início da operação em 29/11/2000

Máximas

24h

Fumaça (FMC): O monitoramento de fumaça é realizado por um período de 24 horas acada 6 dias na Praça 28 de Fevereiro – Centro, desde 1986. Na tabela 5.3 estãoapresentados os valores médios, os valores das primeira e segunda máximas anuais e onúmero de ultrapassagens do PQAr e nível de Atenção obtidos no período monitorado.

Tabela 5.3 – Fumaça - Estação Manual

Nº de

Número Média Ultrapassagens

Ano de Aritmét. 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³

1986 60 32 86 82 0 0

1987 60 35 97 95 0 0

1988 59 35 157 95 1 0

1989 50 30 103 64 0 0

1990 52 25 65 54 0 0

1991 26 31 70 66 0 0

1992 48 29 67 65 0 0

1993 59 24 87 64 0 0

1994 52 28 77 77 0 0

1995 56 39 109 90 0 0

1996 38 40 245 174 2 0

1997 47 27 86 68 0 0

1998 60 22 56 56 0 0

1999 49 31 84 77 0 0

2000 52 19 66 56 0 0

2001 55 19 65 51 0 0

2002 35 21 60 59 0 0

Máximas

24h

173

O PQAr primário anual de fumaça estabelecido na resolução CONAMA no 03/90 é de 60µg/m³. Observa-se na tabela 5.3 e Figuras 5.4 que esse padrão não foi excedido emnenhum ano durante todo o período de amostragem, sendo a maior média observada de40µg/m3 no ano de 1996, tendo nos últimos 3 anos apresentado valores estáveis, aoredor de 20 µg/m3 .

Com relação ao padrão diário (150 µg/m³) embora as medições tenham se realizadoapenas uma vez a cada 6 dias, foram observadas ultrapassagens deste padrão em07/06/1988 (157 µg/m³), em 14/07/96 (245 µg/m³) e em 07/08/1996 (174 µg/m³).

0

10

20

30

40

50

60

70

1986

1987

1988

1989

1990

1991

*

1992

1993

1994

1995

1996

*

1997

1998

1999

2000

2001

2002

µg

/m³

* Não atendeu ao critério de representatividade

PQAr anual

Figura 5.1– Fumaça- concentrações médias anuais em Paulínia

Partículas Totais em Suspensão (PTS): Foram realizadas amostragens de 24 horas acada 6 dias de PTS de janeiro a julho de 1991 na Praça 28 de Fevereiro – Centro. Natabela 5 4 é apresentado um resumo dos resultados encontrados. Trata-se , neste caso,de estudo específico e que não teve sequência uma vez que se optou por seguir ocomportamento da partículas inaláveis que possuem maior significado higiênico.

Tabela 5.4– Partículas Totais em Suspensão - Estação Manual

Nº de

Número Média Ultrapassagens

Período de Aritmét. 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³

jan/91-jul/91 27 82 192 177 0 0

Máximas

24h

Na amostragem realizada em 1991, por um período de 7 meses, não foi observadanenhuma ultrapassagem do padrão diário (240 µg/m³).

174

Dióxido de Enxofre (SO2) - Medições Automáticas: O monitoramento de SO2 comequipamentos automáticos foi realizado em todos os períodos que a estação móvelesteve instalada em Paulínia, conforme apresentado na tabela 5.5. Já a tabela 5.6 mostraos resultados obtidos na estação fixa, em funcionamento contínuo a partir de fevereiro de2000.

Tabela 5.5 – Dióxido de Enxofre - Estação Móvel

Nº de

Número Média Ultrapassagens

Período de Aritmét. 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³

jan/85-fev/85 42 5 26 24 0 0

jun/85-jul/85 28 20 42 42 0 0

jan/89-mar/89 44 14 37 34 0 0

jan/92-mar/92 68 16 42 39 0 0

jun/98-ago/98 48 21 52 51 0 0

jul/99-nov/00 395 17 62 54 0 0

Máximas

24h

Tabela 5.6 – Dióxido de Enxofre - Estação Automática Fixa

Nº de

Número Média Ultrapassagens

Ano de Aritmét. 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³

2000* 218 21 51 50 0 0

2001 342 21 59 59 0 0

2002 352 19 78 54 0 0

* início da operação em 15/02/2000

24h

Máximas

As concentrações observadas de SO2 em Paulínia estiveram, em todos os períodosmonitorados, bem abaixo dos padrões legais de qualidade do ar, tanto de longo prazo(média aritmética anual de 80µg/m3), quanto de 24 horas (365µg/m3). Tais resultadosindicam que esse poluente não se constitui em um problema para a região, embora omonitoramento seja aconselhável pela importância que este poluente representa emtermos de saúde pública, sem esquecer seu papel de formador da chuva ácida.

Dióxido de Enxofre (SO2) - Medições Manuais: O monitoramento do SO2 através deamostradores manuais (ativos) teve início em 1986, sendo realizadas amostragens de 24horas a cada 6 dias, utilizando-se o método do peróxido de hidrogênio, na estaçãolocalizada na Praça 28 de Fevereiro – Centro.

175

O padrão anual primário para SO2 de 80 µg/m³ e o padrão diário de 365 µg/m³ não foramexcedidos nenhuma vez, confirmando os resultados obtidos pelas medições automáticas.

A partir de 2000, o monitoramento do dióxido de enxofre da estação de Paulínia começoua ser realizado através de amostrador passivo, homogeneizando-se a metodologia que apartir de 1995 começou a ser utilizada nos seguintes locais: Bairro Planalto, Bairro SantaTerezinha e Sítio Bonfim (Bairro Cascata). Em 1999 foi iniciado o monitoramento em mais5 locais. As médias anuais obtidas podem ser observadas na tabela 5.7.

Tabela 5.7 – Dióxido de Enxofre – Amostradores Passivos

Média Aritmética Anual (µg/m³)Local

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002

Planalto 23* 27* 23 21 16 15 15

Santa Terezinha 23* 40* 27 21 15* 20 23 16*

Sítio Bonfim - Bairro Cascata - - - 60* 28* 28 21* 25*

OMS - Centro - - - - - 16 18 17

Ponto1 – próximo à Asga - - - - 12 12 12

Ponto 3 - próximo à Calorissol - - - - 22 20 20

Ponto 4 – Estrada de Ferro - - - - 24 21 22

Ponto 5 – próximo a Fênix - - - - 33 - -

Ponto 6 – Itapuã - - - - 15 16 17

* não atendeu ao critério de representatividade

- não amostrado

O padrão anual de SO2 não foi ultrapassada em nenhum local onde foi realizadomonitoramento. Os maiores valores mensais de concentração foram observados nasproximidades do Sítio Bonfim e no Ponto 5, que, mesmo sendo os maiores da regiãoainda se encontram bastante aquém dos padrões estabelecidos.

Taxas de sulfatação: Embora o método da taxa de sulfatação não indique aconcentração de SO2 esta é uma boa ferramenta para o mapeamento de regiões, assimcomo para uma avaliação preliminar dos níveis deste poluente.

Foi efetuado o monitoramento mensal de taxa de sulfatação na Praça 28 de Fevereiro, dejulho de 1978 a maio de 1979, sendo as taxas obtidas nesse estudo significativamentemaiores que as taxas obtidas nas demais cidades do interior monitoradas nesse período.De fevereiro a outubro de 1993 foram avaliadas mensalmente as taxas de sulfatação emquatro locais a saber: Sítio Tambaú, Ponte Replan, João Aranha e Centro (Praça 28 deFevereiro) e um resumo das taxas obtidas é apresentado na tabela 5.8.

176

Tabela 5.8 - Taxas de Sulfatação – (µgSO3/100cm2/dia)

Local/Período Taxa Média Taxa Máxima (mensal)

Centro/1978-1979 398 564

Centro/1993 303 411

Sítio Tambaú/1993 400 481

Ponte Replan/1993 788 1121

João Aranha/1993 208 251

As estações Sítio Tambaú e Ponte Replan apresentaram os valores mais altos durante oestudo, valores estes que estavam de acordo com a localização das principais fontes deSO2 em relação as estações amostradoras.

Observou-se ainda que os valores obtidos na estação Centro foram superiores aosencontrados na estação João Aranha e que os resultados obtidos na estação Centro em1993 são levemente inferiores aos observados em 1978/1979.

Monóxido de Carbono (CO): As medições de CO indicam que em todos os estudosrealizados não houve violação dos padrões legais de 8h e 1h (9 ppm e 35 ppm,respectivamente). O máximo valor médio de 8h observado foi de 6,4 ppm no verão de1992 (tabela 5.9). No período mais recente, o maior valor observado foi de 5,2 ppm,observado na rede automática fixa (tabela 5.10).

Os resultados observados indicam que o monóxido de carbono atende aos padrõeslegais na região e dessa forma seu controle se dá apenas de forma rotineira.

Tabela 5.9 – Monóxido de Carbono - Estação Móvel

Nº de

Número Ultrapassagens

Período de 1a 2a PQAR Atenção

dias ppm ppm

jan/85-fev/85 44 2,0 1,6 0 0

jun/85-jul/85 30 1,8 1,8 0 0

jan/89-mar/89 28 6,2 3,4 0 0

jan/92-mar/92 16 6,4 4,5 0 0

jun/98-ago/98 51 3,3 3,3 0 0

jul/99-nov/00 399 3,8 3,3 0 0

Máximas

8 horas

177

Tabela 5.10 – Monóxido de Carbono - Estação Automática Fixa

Nº de

Número Ultrapassagens

Ano de 1a 2a PQAR Atenção

dias ppm ppm

2000* 217 5,2 5,0 0 0

2001 326 3,1 2,9 0 0

2002 334 2,3 2,3 0 0

* início da operação em 15/02/2000

Máximas

8h

Ozônio (O3): O ozônio é o poluente que está merecendo o maior estudo pela CETESBvisto que o PQAr de 1 hora (160µg/m3) tem sido ultrapassado com freqüência em váriasregiões do Estado. A tabela 5.11 apresenta os máximos valores de concentraçãoobservados nos estudos realizados pela estação móvel, destacando-se que o maior valorregistrado foi 284µg/m3 em 1999, ultrapassando inclusive o nível de Atenção (200µg/m3).No período de julho de 1999 a novembro de 2000 foram 22 dias de ultrapassagem doPQAr, sendo que em 7 deles também o nível de Atenção foi excedido.

Feita a ressalva que os estudos anteriores foram realizados em períodos descontínuos, oO3 é o único poluente que sugere uma tendência crescente nas concentrações ao longodos anos.

Tabela 5.11 – Ozônio - Estação Móvel

Nº de

Número Ultrapassagens

Período de 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³

jan/85-fev/85 44 96 76 0 0

jun/85-jul/85 30 151 131 0 0

jan/89-mar/89 44 180 157 1 0

jan/92-mar/92 70 165 123 1 0

jun/98-ago/98 53 208 152 1 1

jul/99-nov/00 423 284 251 22 7

Máximas

1 hora

Na tabela 5.12 apresenta-se o resultado do monitoramento realizado pela estação fixa demonitoramento a partir de fevereiro de 2000, destacando-se que em 2001 houve 15 diasde ultrapassagem do PQAr, sendo que em dois deles também o nível de Atenção foiultrapassado.

Tabela 5.12 – Ozônio - Estação Automática Fixa

178

Nº de

Número Ultrapassagens

Ano de 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³

2000* 215 214 201 9 2

2001 348 255 201 15 2

2002 355 212 195 14 1

* início da operação em 15/02/2000

1h

Máximas

Em termos de qualidade do ar por O3, o resultados indicam ser este o poluente que maisultrapassa os limites legais, e portanto prioritário em termos de programas de controle.Cabe salientar que o controle dos níveis de O3 não é uma tarefa simples, visto que é umpoluente secundário resultante de reações químicas entre poluentes chamadosprecursores (principalmente NO2 e HC) sob determinadas condições meteorológicas.

Dióxido de Nitrogênio (NO2): As tabelas 5.13 e 5.14 ilustram os resultados domonitoramento de NO2 nas estações automáticas móvel e fixa, respectivamente. Osresultados mostram que não há ultrapassagem do PQAr de longo prazo (média aritméticaanual de 100 µg/m3), uma vez que as médias obtidas para os períodos mais longos demonitoramento (a partir de 2000) ficaram abaixo de 40µg/m3 (tabela 5.14). Com relaçãoao PQAr de 1 hora (320µg/m3), este não foi atingido em nenhum dos períodosamostrados, sendo o máximo valor registrado de 247µg/m3, em 2000.

179

Tabela 5.13 – Dióxido de Nitrogênio - Estação Móvel

Nº de

Número Média Ultrapassagens

Período de Aritmét. 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³

jan/85-fev/85 42 23 94 75 0 0

jun/85-jul/85 27 49 188 169 0 0

jan/89-mar/89 30 16 75 56 0 0

jan/92-mar/92 - - - - - -

jun/98-ago/98 49 67 152 115 0 0

jul/99-nov/00 - - - - - -

Máximas

24h

Tabela 5.14 – Dióxido de Nitrogênio - Estação Automática Fixa

Nº de

Número Média Ultrapassagens

Ano de Aritmét. 1a 2a PQAR Atenção

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³ (1hora)

2000* 200 36 247 224 0 0

2001 273 29 177 167 0 0

2002 353 29 186 170 0 0

* início da operação em 15/02/2000

Máximas

1h

Esses resultados indicam que o NO2 não é um poluente que ultrapassa os limites legais.Todavia, os níveis observados, principalmente para períodos curtos, sugerem atenção aesse poluente para que violações dos padrões legais não venham a ocorrer, lembrandoainda que seu controle é necessário por se constituir em um dos precursores de ozônio.

Poluentes não regulamentados: Embora não possuam limites legais de concentração,há alguns poluentes que merecem ser monitorados, principalmente aqueles queparticipam na formação de poluentes secundários ou que são reconhecidosinternacionalmente como danosos à saúde humana. No primeiro caso, destacam-se omonóxido de nitrogênio (NO) e os hidrocarbonetos (HC), importantes no ciclo deformação do ozônio.

Por esse motivo, apresentamos nas tabelas a seguir (tabelas 5.15 - 5.16 - 5.17) osresultados dos valores máximos horários de concentração e médias anuais para omonitoramento realizado pela estação automática fixa, que iniciou em 2000.

Tabela 5.15 – Monóxido de Nitrogênio - Estação Automática Fixa

180

Número Média

Ano de Aritmét. 1a 2a

dias µg/m³ µg/m³ µg/m³

2000* 200 22 410 341

2001 273 14 325 260

2002 353 16 587 394

* início da operação em 15/02/2000

1h

Máximas

Tabela 5.16 – Hidrocarbonetos Não Metano (HCNM) - Estação Automática Fixa

Número Média

Ano de Aritmét. 1a 2a

dias ppmC ppmC ppmC

2000* 41 0,14 3,70 2,34

2001 184 0,17 10,94 5,74

2002 201 0,17 11,79 2,85

* início da operação em 01/07/2000

Máximas

1h

181

Tabela 5.17 – Metano (CH4) - Estação Automática Fixa

Número Média

Ano de Aritmét. 1a 2a

dias ppmc ppmc ppmc

2000* 41 2,1 6,76 4,71

2001 192 1,9 8,57 5,81

2002 201 1,9 4,99 4,27

* início da operação em 01/07/2000

Máximas

1h

Deposição Úmida e Mista: Dentre os processos de remoção de poluentes atmosféricossituam-se as deposições seca e úmida. A deposição seca é causada por difusãoturbulenta e sedimentação gravitacional que leva as partículas em suspensão até asuperfície da terra. Na deposição úmida, os poluentes estão associados a gotículas dechuva, neblina e nuvens e uma vez formada a partícula, esta se deposita via processosgravitacionais. A deposição mista é, na verdade, a definição operacional da forma comofoi coletada a amostra a ser analisada, ou seja, a amostra representa a mistura demateriais que se depositaram tanto na forma seca como na úmida.

As deposições úmida e mista foram caracterizadas no bairro João Aranha no período demaio de 1993 a junho de 1994 por períodos integrados e seqüenciais de 7 dias. Osvalores de pH encontrados variaram de 4,47 a 6,01, apresentando uma média de 5,04,indicando que em alguns eventos a chuva se apresenta com leve acidez.

Como ilustração, o quadro abaixo apresenta um resumo de diversas medições realizadastanto em Paulínia como em outros locais do Estado de São Paulo. Ressalte-se que águade chuva “natural” ou limpa apresenta pH de 5,6.

Observa-se que a chuva em Paulínia apresentou uma leve acidez, sendo que os valoresde pH observados estão próximos aos encontrados em outras áreas do Estado de SãoPaulo.

182

Tabela 5.18 – Valores de pH de água de chuva encontrados em diversas localidades

Local Data pH (Média)

Paulínia 1993/1994 5,04

Vale do Mogi (Cubatão) 1990/1992 5,98

Paranapiacaba 1990/1992 5,18

Vale dos Pilões 1990/1992 4,98

São Paulo (USP) 1988/1990 4,5

São Paulo (Pinheiros) 1983/1985 5,30

São Paulo (Ibirapuera) 1992/1993 5,12

São José dos Campos 1993/1994 5,36

Os fluxos de deposição mista foram bastante superiores aos de deposição úmida,indicando a importância dos processo de deposição seca.

5.3 INVENTÁRIO DE FONTES DE POLUIÇÃO DO AR

5.3.1 Fontes fixas

Das 129 empresas que foram incluídas na fase inicial do diagnóstico ambiental, foramselecionadas 54 empresas que deveriam apresentar informações relativas às emissõesatmosféricas. Dessas 54 empresas, 25 são indústrias de atividades genéricas, 20 sãodistribuidoras de combustíveis e 9 são distribuidoras de GLP. Para o levantamento dasinformações sobre as indústrias e sua emissões foi criada uma planilha, contendoorientações para inserir as informações. As empresas foram responsáveis pelasinformações presentes nas planilhas. No caso das distribuidoras de combustível foi criadauma outra planilha visando quantificar as emissões dos tanques de armazenamento. Asdistribuidoras de GLP deveriam apresentar o balanço de massa do produtocomercializado, calculando-se as eventuais perdas de GLP para a atmosfera atravésdesse balanço. Foram recebidas planilhas preenchidas de 30 empresas, as quais estãono anexo 9.

Foi elaborado um fluxograma para conferência, pelas Agencias da Cetesb, das planilhaspreenchidas e estabelecido um procedimento com relação às informações sobre asfontes de poluição do ar. A conferência das planilhas foi realizada pelo técnico da Cetesbresponsável pela fiscalização da empresa, pois o mesmo tinha melhores condições deavaliar a qualidade das informações preenchidas e consolidação dos dados apresentadospelas empresas.

Segue abaixo, o fluxograma estabelecido para a obtenção das informações das fontesdas fontes emissoras. Estas informações foram inseridas no Sistema Integrado deGerenciamento dos dados de Qualidade do Ar, e faz parte do arquivo de Banco de Dadosdo Sistema.

183

Empresa

Planilhas preenchidas

Análise prévia

O interessado possuidados de amostragemdas fontes?

Conferir os dadosapresentados

Os dados apresentadosestão adequados?

Enviar os dados para coordenação,informando que os mesmos estão

consolidados

Notificar a empresa pararealizar amostragem nas fontes

e contatar o EEAR

Sim

Notificar a empresa paraefetuar a correção

Sim

Não

Não

5.3.2 Fontes móveis (veiculares)

As fontes de emissão veiculares exercem papel importante na determinação da qualidadedo ar, principalmente numa região onde a frota já ultrapassa os 860 mil veículos. Poressa razão foi realizado o levantamento da frota registrada e calculadas as estimativasdas emissões.

A tabela 5.19 apresenta as estimativas das emissões veiculares da região

administrativa de Campinas, com base nos dados da frota dos municípios que estão

184

incluídos na área do projeto. Na tabela 5.20 são apresentadas as contribuições

percentuais das fontes de poluição do ar da região.

Tabela 5.1 – Estimativa de emissão - 2002

CO HC NOX SOX MP

GASOLINA C2

112,53 11,99 7,38 1,29 0,74

TUBO DE ÁLCOOL 32,85 3,55 1,95 -- --

ESCAPAMENTO DIESEL3

81,34 13,25 59,41 1,91 3,70

M DE VEÍCULOS TÁXI nd nd nd nd nd

Ó MOTOCICLETA E SIMILARES 67,85 8,95 0,34 0,14 0,17

V CÁRTER GASOLINA C -- 18,45 -- -- --

E E ÁLCOOL -- 2,66 -- -- --

I EVAPORATIVA MOTOCICLETA E SIMILARES -- 4,82 -- -- --

S PNEUS4

TODOS OS TIPOS -- -- -- -- 1,35

OPERAÇÕES DE GASOLINA C -- 2,24 -- -- --

TRANSFERÊNCIA ÁLCOOL -- 0,09 -- -- --

DE COMBUSTÍVEL

F

I 0,50 11,82 17,79 25,15 5,62

X

A

295,07 77,82 86,87 28,49 11,58TOTAL

EMISSÃO (1000 t/ano)FONTE DE EMISSÃO

OPERAÇÃO DE PROCESSO INDUSTRIAL

(30 indústrias inventariadas)

Observações:

1.-.Inclui 22 municípios mais o município de Limeira. Utiliza-se o mesmo perfil da frota da RMSP

2 – Gasolina C: gasolina contendo 22% de álcool anidro e 700 ppm de enxofre (massa)

3 - Diesel: tipo metropolitano com 1100 ppm de enxofre (massa)

4 - Emissão composta para o ar (partículas) e para o solo (impregnação)

nd = não disponível

Tabela 5.2 – Contribuição relativa das emissões – ano 2002

185

CO HC NOX SOX

GASOLINA C 38,14 15,41 8,50 4,53

TUBO DE ÁLCOOL 11,13 4,56 2,24 -

ESCAPAMENTO DIESEL 27,57 17,03 68,39 6,70

DE VEÍCULOS TÁXI - - - -

MOTOCICLETA E SIMILARES 22,99 11,50 0,39 0,49

CÁRTER GASOLINA C - 23,71 - -

E ÁLCOOL - 3,42 - -

EVAPORATIVA MOTOCICLETA E SIMILARES - 6,19 - -

PNEUS TODOS OS TIPOS - - - -

OPERAÇÕES DE GASOLINA C - 2,88 - -

TRANSFERÊNCIA DE COMBUSTÍVEL ÁLCOOL - 0,12 - -

OPERAÇÃO DE PROCESSO INDUSTRIAL 0,17 15,19 20,48 88,28

T O T A L 100 100 100 100

FONTE DE EMISSÃO POLUENTES (%)

O levantamento de emissões deverá ser comparado com o total das emissões industriais,para se verificar a importância relativa das fontes. Cabe ressaltar que as emissõesveiculares se distribuem, ainda que de forma não uniforme, por toda a região, e portanto,uma simples análise numérica do valores da comparação das emissõesveículos/indústria, deve ser cautelosa.

5.4 SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA POLUIÇÃO DO AR - SIGPAR

Como previsto no projeto, foi implantado um sistema integrado de gerenciamentocontendo todas as informações relativas à poluição do ar, tais como emissões, topografia,meteorologia, dados de qualidade do ar, e modelos matemáticos de dispersãoatmosférica. Este sistema, chamado simplificadamente de "Sistema Integrado de Gestãoda Poluição do Ar" (SIGPAR), permite a avaliação, de forma conjunta, do efeito dasdiversas fontes que interferem na qualidade do ar.

O sistema começou a ser implantado em setembro de 2001 e uma breve descrição desuas características são apresentadas a seguir.

5.4.1 Estrutura e banco de dados

As atividades de implementação do SIGPAR incluíram a instalação dos aplicativos Migris,para transferência de dados, principalmente de qualidade do ar e meteorológicas, eAtmos, para gestão das informações propriamente dita. Incluiu ainda a estruturação einstalação do banco de dados do sistema (SQL Server). Essas atividades, iniciadas emoutubro de 2001, foram realizadas pela empresa contratada, auxiliada por técnicos dasáreas da qualidade do ar e de informática da Cetesb.

As informações já inseridas no banco de dados, bem como sua situação, serãoapresentadas no item relativo a entrada de dados do sistema. Atualmente o banco dedados do SIGPAR está residente em um servidor na área de informática da Cetesb. Em

186

setembro de 2003, foi realizada atualização do sistema, com a instalação de aplicativosmais atualizados, estando em nova fase de avaliação e testes. Foram instalados 3clientes desse servidor, através do aplicativo Atmos, localizados nas áreas da Divisão deTecnologia e Avaliação da Qualidade do Ar. A nova versão do aplicativo ATMOS estásendo instalada nos setores, subordinados à essa divisão.

5.4.1.1 Entrada de dados

O sistema dispõe de informações de qualidade do ar, meteorológicas e de fontesemissoras, além do relevo e imagem de satélite da região. Todas essas informações jáestão georreferenciadas, conforme ilustrado na Figuras 5.5.

Figura 5.1– Imagem de satélite de Paulínia e localização das fontes e estações de monitoramento

187

Informações das fontes emissoras: O sistema permite a entrada de dados de emissãodos principais poluentes atmosféricos, tais como MP10, PTS, MP2,5, SO2, CO, NO2, NO,HC e outros, de diversas fontes fixas e/ou móveis, sejam elas pontuais, linha, ou área.Permite ainda o cadastramento das diversas fontes, para diferentes áreas deabrangência.

Conforme previsto, foi feita a compilação das informações referentes ao inventário defontes emissoras de gases (SO2, NOx, CO, HC, HCNM e outros poluentes gasososrelevantes) e partículas (MP10), inclusive das condições físicas de emissão(posicionamento, altura, temperatura, vazão, etc.), seguida de digitação dos dadosformatados para o banco de dados. A revisão mais detalhada de dados foi realizada com oSO2 pois este foi o poluente escolhido para ajuste do modelo. Portanto, o sistemaatualmente já dispõe das informações do inventário de fontes previamente elaborado,embora ainda seja necessária uma constante revisão e consolidação dos dados noSIGPAR.

O SIGPAR ainda não dispõe de interface para migração dos dados do Sistema de Fontesde Poluição da Cetesb (SIPOL) conforme previsto inicialmente, porém, esta situação nãocomprometeu a execução do projeto, já que os dados da fontes emissoras estãoinseridas no SIGPAR.

Informações geográficas e topográficas: Foi feito o tratamento e georreferenciamentoda imagem da região de abrangência do projeto no SIGPAR. Também foram inseridos nobanco de dados as informações de topografia e de uso do solo, esta última obtida a partirda imagem de satélite.

O SIGPAR já está em processo rotineiro de atualização de dados sendo alimentadoautomaticamente com os dados horários de qualidade do ar e dos parâmetrosmeteorológicos do banco de dados SYBASE, utilizado pelo ECOMANAGER, que é osistema de aquisição de dados atualmente implantado na rede automática demonitoramento da qualidade do ar da CETESB.

5.4.1.2 Análises estatísticas

O Atmos possui recursos para a realização de análises estatísticas tais como: análise deséries temporais, análise descritiva, distribuição de freqüência etc., aplicáveis a todas asvariáveis. Permite a visualização e impressão de gráficos, rosas de vento, tabelas erelatórios estatísticos. Essas ferramentas são muito úteis, mesmo na fase de conferênciae consolidação de dados, tanto do inventário de fontes, quanto meteorológicos e dequalidade do ar ambiente.

Modelagem de Dispersão Atmosférica: O SIGPAR possui modelo de dispersãoatmosférica, que permite simulações para períodos longos (anual) ou curtos (horário oudiário), para fontes individuais ou em conjunto. O modelo disponível possui comprovadaequivalência de aplicação e resultados ao ISC3 da EPA (Agência ambiental dos EUA),ajustado às condições locais. Este modelo é adequado para uso em regiões com fontesindustriais complexas, áreas urbanas ou rurais, áreas de topografia simples ou complexa.Os resultados das simulações, assim como as demais informações ambientais, sãoregistrados sobre a imagem de satélite da região.

188

O modelo de dispersão está atualmente disponível, e como todo modelo matemáticonecessita de ajustes periódicos, com o aperfeiçõamento de sua base de dados tanto defontes como meteorológicos.

5.4.1.3 Calibração do modelo de dispersão

O modelo adquirido, seguindo a própria concepção do projeto, deveria passar por umprocesso de aferição, o que de fato ocorreu. Pretendeu-se com esse procedimentoverificar o grau de confiabilidade que o mesmo apresenta. Visto que para a aplicação domodelo as informações de fontes são necessárias e estas, se encontram nos itens aseguir, os procedimento e resultados da aferição serão apresentados no item final, ouseja, no item 6.

5.4.1.4 Treinamento

Em outubro de 2001 foi ministrado pela empresa consultora, treinamento parafuncionários da Cetesb no uso e recursos do software Atmos. Um treinamento maisaprofundado sobre o modelo de dispersão foi realizado em concomitância com asatividades de ajuste e calibração do modelo.

189

5.5 AFERIÇÃO DO MODELO DE DISPERSÃO

5.5.1 Dados meteorológicos utilizados no modelo

Os dados de altura da camada de mistura utilizados nesta aferição foram obtidos naestação Ibirapuera, em São Paulo-SP, e transportados para uso em Paulínia. Tomou-se ocuidado também de, além dos dados meteorológicos gerados na estação da CETESB,utilizar dados gerados por outras estações locais, conforme descrito na Tabela 5.21.

Tabela 5.1 – Parâmetros Monitorados nas Estações Meteorológicas

Estação Meteorológica Parâmetros monitorados

CETESB – Paulínia

VentoTemperaturaRadiação SolarDesvio Padrão da Direção do Vento (σθ)

REPLAN

VentoTemperaturaRadiação SolarDesvio Padrão da Direção do Vento (σθ)Classe de Estabilidade de Pasquill

UNICAMP -Cosmópolis

VentoPrecipitação pluviométricaTemperaturaRadiação SolarCobertura de NuvensDesvio Padrão da Direção do Vento (σθ)

A série de dados de altura da camada de mistura obtida para a estação Ibirapueraapresenta grande ocorrência de valores inferiores a 300m (50% dos dados são inferioresa 300m). Esse comportamento pode ser observado na Figura 5.6, que apresenta adistribuição de freqüência dos dados de altura da camada de mistura considerados.

A camada de mistura é a porção da atmosfera mais próxima ao solo onde ocorre agrande maioria dos fenômenos de transporte pertinentes à dispersão de poluentes naatmosfera. A altura da camada de mistura delimita então a altura do volume de ardisponível para dispersão de poluentes considerada na modelagem, atuando comorestrição física para essa dispersão. Com base nessa lógica, quanto menor a altura dacamada de mistura, menor o volume de ar disponível para diluição, e em regra geral,maior será a tendência à ocorrência de maiores concentrações de poluentes ao nível dosolo.

Deve-se ressaltar que os dados de altura de camada obtidos na estação Ibirapuera foramos melhores dados disponíveis na ocasião do estudo, por ser o local mais próximo comdisponibilidade do dado medido. No futuro próximo, será possível a obtenção de dadosda altura da camada para a região de Paulínia através da instalação de um radar acústicona região, o que permitirá o aperfeiçoamento dos ajustes do modelo através de uma novacampanha de monitoramento e ajuste de modelo. Como exemplo, é mostrada na Figuras5.6 a distribuição de freqüência da altura de camada de mistura no Ibirapuera, assim

190

como a Figuras 5.7 mostra a variação média horária de altura da camada de mistura,também no Ibirapuera.

Distribuição de Freqüência - Altura da Camada de MisturaIbirapuera, SP - 10/09/2002 a 15/10/2002

-

5

10

15

20

25

30

35

< 200 200-300 300-400 400-500 500-600 > 600

Altura da Camada de Mistura [m]

Oco

rrên

cia

[%]

Figura 5.1 – Distribuição de Freqüência – Altura da Camada de Mistura - Ibirapuera

191

Figura 5.2– Variação Média Horária de Altura da Camada de Mistura - Ibirapuera

192

5.5.2 DIREÇÃO DE VENTOS

Embora a direção de vento predominante observada seja de sudeste em todas asestações utilizadas, a estação CETESB – Paulínia apresenta uma incidência de ventosda direção sudeste ainda maior do que a apresentada pelas demais estações. Essaincidência situa-se na ordem de 30%. Esse comportamento diferenciado da estaçãoCETESB – Paulínia em relação às demais estações utilizadas sugeriu uma verificação daestação. Na inspeção de campo realizada não foi verificada a ocorrência de obstáculosnaturais, edificações ou outros fatores que pudessem causar interferência na leitura dasvariáveis direção e velocidade do vento. Fica então ressaltada a diferenciação docomportamento do campo de ventos nesta zona da área de estudo.

Figura 5.1 – Rosa dos Ventos para o Período Estudado – CETESB - Paulínia

193

5.5.2.1 TEMPERATURA

A Figura 5.9 apresenta os resultados das medições médias horárias de Temperatura doAr da estação CETESB – Paulínia.

Figura 5.1 – Variação Média Horária de Temperatura do Ar – CETESB - Paulínia

5.5.2.2 RADIAÇÃO SOLAR

As Figuras 5.10 a 6.12 apresentam a variação média horária da variável radiação solardas estações CETESB – Paulínia, REPLAN e UNICAMP – Cosmópolis para o períodoestudado.

194

Figura 5.1 – Variação Média Horária da Radiação Solar – CETESB - Paulínia

Figura 5.2 – Variação Média Horária da Radiação Solar – REPLAN

195

Figura 5.3– Variação Média Horária da Radiação Solar – UNICAMP - Cosmópolis

5.5.3 ESCOLHA DO POLUENTE SO2 COMO TRAÇADOR

O estabelecimento de uma relação entre fontes emissoras e receptores pode serrealizado utilizando-se materiais traçadores emitidos pelas fontes emissoras cujosimpactos se deseja rastrear. De preferência, tais materiais traçadores são escolhidos deforma a ter-se a menor interferência possível de outras origens não determinadas noestudo, tais como fontes naturais e solo, dentre outras. Para testar a performance demodelos de dispersão, a mesma técnica é comumente utilizada, permitindo umacomparação direta entre dados medidos e modelados.

O poluente traçador deve ser então um elo direto entre as fontes emissoras que sedeseja modelar e os locais de recepção onde se avalia a qualidade do ar, sendoobviamente comum a ambos. Algumas características devem ser observadas no poluentetraçador:

- o traçador deve estar contido em um subconjunto de fontes emissoras pertencentes aoconjunto de fontes estudado;

- as suas emissões devem ser conhecidas;

- a sua dinâmica atmosférica deve ser conhecida;

- a sua presença nas fontes emissoras deve ser o mais abundante possível e a suapresença natural no ambiente (interferências) deve ser a mais rara possível.

Numa primeira tentativa de se obter traçadores para propiciar a avaliação do modelo dedispersão, foram utilizados terras raras e metais, supostamente emitidos por apenas 2fontes pontuais (chaminés) na região e cuja presença natural no ambiente deveria ser

196

rara. As terras raras e metais testados foram: Lantânio (La), Praseodímio (Pr), Neodímio(Nd), Gadolínio (Gd), Samário (Sm), Titânio (Ti), Vanádio (V) e Alumínio (Al).Campanhas de monitoramento foram realizadas para a determinação das taxas deemissão desses elementos nas 2 fontes existentes, concomitantemente amostras departículas coletadas em estações estrategicamente localizadas na área de influênciadireta dessas fontes.

A expectativa inicial era que fosse constatada uma correlação direta entre a emissão econcentração desses elementos no ar ambiente. Dessa forma, foram realizadas pelaUNICAMP, análises químicas detalhadas nos filtros coletados em pontos de amostragemda qualidade do ar nas estações: Telemétrica CETESB, Cosmópolis e João Aranha.Simultaneamente, foram caracterizadas as emissões das fontes GV22501 e GV2201(caldeiras de CO das unidades de craqueamento catalítico da REPLAN).

Com base nos resultados das análises químicas (realizadas pela UNICAMP), foiconstatada a impossibilidade do estabelecimento de uma relação entre os teores deterras raras e metais contidos nas fontes emissoras de poluentes atmosféricoscatalogadas, e os teores dos mesmos materiais obtidos nos filtros das estações demonitoramento da qualidade do ar.

A provável existência de interferência de outros processos, além das chaminés daunidade de craqueamento catalítico da REPLAN (GV2201 e GV22501), inviabilizou autilização dos traçadores terras raras e metais no presente trabalho. Em face dessaimpossibilidade, foi então iniciada a busca por outro traçador, tendo sido escolhido o gáspoluente dióxido de enxofre (SO2), escolha que se mostrou adequada no processo decalibração.

5.5.4 Resultados da calibração

A validação do modelo foi efetuada a partir da avaliação estatística dos dados modeladosem relação ao medido, para cada parametrização testada. Na tabela 5.22 é apresentadaa análise estatística comparativa de três parametrizações específicas; CAL12 (Figura5.13) – escolhida como a melhor entre todas; CAL29 – que representa o ISC3ST/USEPA;e a CAL32 – que é a mesma parametrização utilizada para a CAL12, mas com adiferença de utilizar apenas uma estação meteorológica (vento CETESB), ao invés detrês.

197

Tabela 5.1 – Resumo das Análises Estatísticas Calibrações CAL12, CAL29 e CAL32 – Médias de 24horas

Estação Versão Média SigmaDesvio

daMédia

NMSE Correlação Fa2 Fb

CAL12 9,6 5,6 4,3 0,3 0,41 0,66 0,36CAL29 19,0 14,4 -5,1 0,9 0,13 0,42 -0,31UNICAMPCAL32 16,4 12,1 -2,5 0,7 0,17 0,44 -0,17CAL12 24,4 30,1 -2,9 0,8 0,75 0,34 -0,14CAL29 122,3 97,8 -100,3 5,5 0,65 0,17 -1,39SPALCAL32 34,7 38,2 -12,8 1,2 0,68 0,47 -0,45CAL12 21,9 30,8 18,1 0,6 0,68 0,23 0,60CAL29 95,1 80,5 -54,2 1,5 0,71 0,19 -0,80PETROMARTECAL32 25,0 28,7 15,9 0,4 0,71 0,55 0,48CAL12 9,9 10,8 4,4 1,0 0,29 0,37 0,35CAL29 44,4 38,8 -29,4 2,8 0,33 0,28 -0,99SEMINISCAL32 14,8 17,9 0,2 1,5 0,14 0,34 0,01CAL12 21,5 26,9 1,6 0,8 0,57 0,36 0,06CAL29 105,4 94,9 -81,7 4,8 0,58 0,21 -1,27LILLYCAL32 27,6 30,1 -3,8 0,8 0,55 0,48 -0,15CAL12 18,0 24,8 -4,6 2,2 0,21 0,38 -0,30CAL29 48,8 46,9 -35,0 4,7 0,21 0,39 -1,12COSMÓPOLISCAL32 19,5 19,0 -5,8 1,6 0,14 0,56 -0,35CAL12 26,8 25,3 -5,0 0,9 0,30 0,63 -0,20CAL29 32,0 31,2 -9,9 1,5 0,11 0,40 -0,36CETESBCAL32 18,5 17,3 3,7 0,7 0,28 0,41 0,18

A exaustiva explicação de cada parâmetro relatado na tabela anterior, é apresentada em

relatório específico da calibração (“Avaliação do Modelo ATMOS de Dispersão de

Poluentes na Armosfera para a Região de Paulínia”, Relatório Ecosoft/CETESB, de julho

de 2003). No entanto, convém deixar claro que os critérios de escolha de melhor ajuste

foram as diferenças em relação à média (na tabela, coluna desvio da média) secundado

pela variação estatística dos dados (na tabela , coluna sigma).

Da análise da performance do modelo com as conFigurasções padrão do ISC3 (IndustrialSource Complex), aqui representada pela CAL29, observou-se que esse modelo, seaplicado na sua forma original, apresentou resultados mais distantes da realidade do queas calibrações CAL12 e CAL32.

Além das análises estatísticas, também foi considerado o cenário médio dasconcentrações de SO2, para o período estudado.

O cenário médio das concentrações de SO2 é apresentado na Figura 6.8. No cenáriomédio, pode-se observar que as estações SPAL, PETROMARTE, SEMINIS, LILLY eCOSMÓPOLIS (conjunto 1) estão situadas em locais com maior incidência dos impactosatmosféricos provocados pelas fontes emissoras estudadas.

A estação UNICAMP se situa a barlavento das principais fontes emissoras de SO2,quando considerada a direção predominante dos ventos (SE), ou seja, quando da

198

ocorrência dos ventos SE, estes ventos atingem primeiramente a estação e em seguidaas fontes de emissão. Por esse motivo os impactos na qualidade do ar nessa estaçãosão bastante reduzidos, o que é confirmado pelos dados calculados na modelagem.

A estação CETESB se situa em uma região intermediária. Para ventos na direçãopredominante (SE) essa estação não sofre alterações acarretadas pelo grupo principal defontes. Contudo, ainda existe um grupo de fontes situado a barlavento dessa estaçãoquando considerada a direção predominante dos ventos. Ressalta-se que esta é umaestação fixa da CETESB, e sua localização foi escolhida para a verificação do grau deexposição da população e não para, especificamente, permitir a calibração de modelos.

Figura 5.1 – Cenário de Concentração de Poluentes Média do Período 10/09/2002 – 15/10/2002 - CAL12

199

Já para a estação UNICAMP, observa-se que a mesma raramente sofre influência defontes significativas próximas, por estar a barlavento das fontes para os ventos típicos,tornando esta estação pouco útil para comparações com séries modeladas.

5.6 COMENTÁRIOS FINAIS

Neste relatório foram apresentados os resultados relativos às atividades desenvolvidaspelo projeto.

Foram levantados os dados de qualidade do ar já existentes ou gerados durante arealização do projeto.

Levantou-se, também, as emissões das fontes de poluição atmosférica sejam elas fontesindustriais sejam fontes veiculares.

Todos os dados de localização, tanto das indústrias como das estações demonitoramento foram georeferenciados.

Instalou-se e avaliou-se a performance de um Sistema Integrados de Gerenciamento daPoluição do Ar – SIGPAR.

O modelo foi avaliado com base nos seguintes passos:

Comparação dos valores de concentrações de SO2 medidas pela CETESB no arambiente e os valores de concentrações de SO2 calculadas com a utilização de diferentesparametrizações de modelos gaussianos.

O ATMOS foi executado sob diferentes conFigurasções, com a variação de parâmetrosde dispersão e modelos de ascensão de pluma.

Para cada uma das versões, o modelo Atmos foi utilizado para a geração de cenários dequalidade do ar com base em médias horárias e de 24 horas móveis, 24 h/dia, para operíodo compreendido entre 10/09/2003 e 15/10/2003.

O modelo ATMOS com o ajuste CAL12, consolidado empiricamente, reflete a melhorinformação para a avaliação de impactos atmosféricos para fins de diagnósticos elicenciamento na região de Paulínia. Pela análise estatística dos diferentes ajustes demodelo, inclusive do ajuste utilizado no software ISC3ST/USEPA, pôde ser constatadoque a utilização da configuração rotulada como CAL12, apresenta resultados maispróximos aos monitorados nas estações da CETESB durante o período de calibração,com valores médios próximos e variações mais compatíveis, e que portanto, refletemmelhor a dinâmica local.

Ressalte-se finalmente que a aferição de modelo de dispersão é um trabalho de melhoriagradual e contínua, que envolve a constante atualização e refinamento do inventário deemissões atmosféricas e constante monitoramento da qualidade do ar e meteorologia.

Este trabalho de aferição do modelo de dispersão de poluentes acrescentou considerávelexperiência à Cetesb e diminuiu a larga margem de erro que existe quando se utiliza omodelo padrão, compondo um avanço para o diagnóstico ambiental na região.