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Artigo
O TRIDENTE DE FERRO: AS FORÇAS POLÍTICAS DO
COMUNISMO BRASILEIRO.
Por Bruno Capalupo
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presente trabalho apresenta um estudo sobre
repressão sofrida pela população e os partidos
políticos de oposição ao regime Militar
imposto em 1964. É feita uma análise dos processos
políticos encontrados na justiça Militar no recorte
temporal de 1964 até 1979. Foram encontrados 695
processos referentes à repressão política realizada
pelos militares, deste total de inquéritos encontrados
são citados 7.367 nomes de pessoas que foram levadas
ao banco dos réus1.
Através desse número de processos estudados
fica claro como ocorreu à distribuição desses casos ao
longo do regime militar. O primeiro grande momento
dessa perseguição ocorreu entre os anos 1964-1966,
esse foi o momento de uma radicalização da repressão
que se explica pelo fato de o golpe civil-militar ter
acabado de ocorrer, havendo a clara necessidade de
controlar toda e qualquer tipo de oposição ao novo
sistema imposto, nesse período foram contabilizados
2.127 nomes relacionados aos processos. Já a segunda
fase dessa perseguição aconteceu no período de 1969-
1974, quando a linha dura da repressão radicaliza
decretando o AI-5 e acirrando o controle sobre os
oposicionistas, nesta fase foram registrados 4.460
nomes de relacionados aos processos.
Através dessa documentação, podemos
destacar a forte participação dos jovens nessas
atividades de resistência militar, pois 38,9%2 tinham
idade igual ou inferior a 25 anos, e neste montante não
estão contabilizados 91 nomes em que são citadas de
pessoas que se quer atingiram a maioridade. Na
Argentina, em comparação, 70% dos quase 30 mil
desaparecidos pela Ditadura, tinham entre 16 e 30
anos 3 . É possível perceber também a grande
1 "Brasil Nunca Mais", dossiê da tortura preparado pelaequipe BNQ-Brasil Nunca Mais. 18ª edição, Petrópolis,Editora Vozes, 1987.2 Que correspondem a 2.868 Processos.3 MORAES, Maria Lygia Quartim. O golpe de 1964:Testemunho de uma geração. In: REIS FILHO, Daniel Aarão;RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá. (orgs.) O golpe
participação da classe média nessa resistência, pois, dos
4.476 réus, 2.491 possuíam grau universitário. Em um
país onde 1% da população alcançava o nível
universitário, os dados mostram como foi grande a
participação da classe média contra o regime militar,
mostrando que a massa em si, em comparação com a
classe média, pouco fez para resistir ao regime,
podendo associar esse fato a falta de escolaridade e
entendimento dessa classe popular, que estava sendo
enganada e alienada, em boa parte pela mídia. Um dos
grandes emblemas desse período foi à criação da AERP
(Assessoria Especial de Relações Públicas) em 1968, que
tinha como objetivo legitimar o Governo e interferir no
padrão de comportamento do brasileiro, essa
propaganda vinculada pela AERP valorizava virtudes
como trabalho, amor, compreensão, compromisso,
fraternidade, entre outras, além de colocar no seio da
sociedade a ideia de manter a ordem, ou seja, manter o
poder nas mãos dos militares4. A AERP construía as
propagandas para o governo, sem que a população
achasse que era propaganda política, isso ajudou e
muito nos objetivos do Governo Militar, segundo Carlos
Fico foi um dos maiores sistemas de propaganda
política de governos autoritários contemporâneos 5 .
Outro fator na qual a mídia tinha grande influência era
na desmoralização desses opositores marxistas, e em
grande parte contava com a ajuda da moralidade cristã.
Para os cristãos, os comunistas iriam trazer ao
país a fome, tortura e miséria, isso iria ocorreria devido
à nova organização social proposta pelos bolchevistas,
que defrontava com a moralidade cristã implantada no
mundo após a solidificação do poder da Igreja no
mundo ocidental, os comunistas eram caracterizados
e a ditadura militar: 40 anos depois. Bauru: Edusc, 2004,p.15-28.4 ALVES, Ronaldo Sávio Paes. Legitimação, Publicidade eDominação Ideológica no Governo Médici (1969/1974)Dissertação de Mestrado apresentada à UniversidadeFederal Fluminense. Niterói. 2001.5 FICO, Carlos. Reinventando o Otimismo - ditadura,propaganda e imaginário Social no Brasil. Rio de Janeiro.Fundação Getúlio Vargas. 1997.
O
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como “Cria de Satanás”. Segundo os anticomunistas,
essas ideias eram as últimas artimanhas do demônio
para desviar os homens dos bons caminhos, e Moscou
era chamada de “Império do poder das trevas” e
“Cidade de Satanás”.6
Enquanto o Governo alienava a população com
suas propagandas e a Igreja desmoralizava e
caracterizava esses grupos de orientação marxista de
demoníacos, os que lutavam contra o regime eram
reprimidos pelas forças do Governo, a maioria dessas
prisões eram realizadas pelo Exército, 7 que foi o
principal órgão da repressão contra esses opositores,
angariando cerca de 1.900 prisões, em associação com
o DOI-CODI, comandado também por oficiais dessa
força.
Os partidos políticos foram os que mais
sofreram perseguições pelo regime após o golpe de 64.
É de certa importância relatar aqui que existia uma
relação entre as ligas camponesas e Cuba, antes de
1964, essa associação traduzia-se em informação para a
implantação da guerrilha e fornecimento de armas e
dinheiro para a montagem de campos de treinamento
no país. Eles recebiam apoio material, logístico e
ideológico de Cuba, esse foi um dos motivos pelo qual
os militares alegaram a sua intervenção no Governo8,
existem diversas teorias sobre os motivos que levaram
ao golpe, um deles é a ideia do golpe como prevenção
a um regime de esquerda, articulado pelos
trabalhadores, que estavam ganhando força.
Grande parte das acusações dirigidas aos réus destes
processos estudados é relacionada às militâncias em
organizações partidárias proibidas, pois estavam em
6 MOTTA, Rodrigo Patoo Sá. Em guarda contra o "perigovermelho": o anticomunismo no Brasil (1917-1964). SãoPaulo; Perspectiva, 2002.7 Principal Força Militar do Brasil no período.8 ROLLEMBERG, Denise. Esquerdas revolucionárias e lutaarmada. In: FERREIRA, Jorge; NEVES, Lucília de Almeida(Org.). O Brasil Republicano; O tempo da ditadura. Regimemilitar e movimentos sociais em fins do século XX. Rio deJaneiro; Civilização Brasileira, 2012.v.4.
oposição ao regime militar, fato que acarretaria em
problemas para manutenção da ordem, portanto nada
mais lógico do que exterminar e proibir esses partidos.
Importante ressaltar também que em grande parte
dessas organizações são difundidas com ideias
marxistas em suas doutrinas e algumas delas recebiam
ajuda internacional. Para a direita, era a prova da
interferência do comunismo internacional nos rumos
internos do país. O golpe segundo os militares decorreu
através de fatores conjunturais como a crise
econômico-financeira, o fortalecimento dos
movimentos operários e camponeses que estavam se
politizando, um movimento contra as reformas sociais e
políticas, um golpe contra o rico debate ideológico e
cultural que acontecia no período9, crise do sistema
partidário, a ampla mobilização das massas populares
em razão de projetos divergentes para o país e
principalmente o avanço dos partidos de orientação
Marxistas no Brasil que tinham grandes contatos com
organismos Internacionais, 10 isso gerava um imenso
receio por parte da elite, dos militares brasileiros, e
também dos interesses americanos que queriam manter
sua dominação "imperialista" na América.
O principal partido com ideias Marxistas no
Brasil foi o PCB (Partido Comunista do Brasil) criado em
1922.11 Já a partir da década de 1960, começaram a
surgir novos partidos marxistas pelo Brasil, a grande
maioria deles surgiram através de divergências dentro
do PCB, ocasionado assim em novas organizações como
a AP, POLOP, PC do B, ALN, MR-8, VPR, entre outras.
9 Que se processava em órgãos governamentais, partidospolíticos, associações de classe, entidades culturais, revistasespecializadas, jornais etc. Esse debate acontecia entreconservadores, liberais, nacionalistas, socialistas, comunistas.10 Grande dissidência de partidos de orientação de esquerda,ajuda Internacional Cubana e da União Soviética, integrantesdesses partidos participando de reuniões nesses países.11 Ao longo dos anos a sigla PCB sofreu algumas alterações.No seu inicio a sigla significava Partido Comunista do Brasil,depois Passou a ser Partido Comunista Brasileiro em 1961.
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Esses grupos novos se diferenciam através das
Chamadas Programáticas, 12 as Estratégicas 13 e as
Táticas.14 Apesar de todas essas divergências dentro
dos ideais de esquerda, existiam pontos em comum,
como a busca de uma sociedade socialista e a conquista
do poder por parte dos trabalhadores.
PCB - Partido Comunista Brasileiro
A partir de 1956, no 20º Congresso Soviético
do PC Soviético, o PCB inclina suas ações para uma
transição pacífica ao socialismo, fato que desagrada
certos militantes da organização. Após essa tomada de
rumo do PCB, esses militantes que ficaram
desacreditados com a política tomada pelo partido,
começaram a se afastar e criam novos partidos de
esquerda, o PC do B foi um deles.
O PCB sempre desenvolveu um programa de
transformações que tinha como preceito o
desenvolvimento do capitalismo nacional, visto como
um dos fatos para futuras lutas para a implantação do
socialismo, mas para isso ocorrer, era necessário uma
aliança entre operários, camponeses e a burguesia
nacional, em oposição ao Imperialismo e seus aliados
latifundiários15.
A organização foi surpreendida em 1964 com o
golpe militar, Jacob Gorender culpa o PCB pelo atraso
da luta armada, fato que possibilitou segundo a
ideologia de esquerda, a tomada do poder por parte
dos Militares e Civis.16 Após o golpe o partido foi
duramente reprimido e a maioria dos intelectuais
dessas organizações são perseguidos. Através dessas
12 Como cada Organização vê a sociedade e as mudanças queirão impor em sua estrutura.13 Qual o caminho a ser seguido para chegar o poder econseguir aquelas transformações.14 Métodos de ação e propostas políticas de conteúdo maisimediato.15 “Brasil Nunca Mais", dossiê da tortura preparado pelaequipe BNQ-Brasil Nunca Mais. 18ª edição, Petrópolis,Editora Vozes, 1987.16 Idem.
opressões das principais lideranças e a luta no seio do
partido, foram surgindo várias ramificações, que
romperam com o bloco Ortodoxo de Luis Carlos
Prestes, rejeitando a luta armada e adotando uma
tática de recuo político para garantir sua sobrevivência.
ALN - Ação Libertadora Nacional
A maioria dessas novas organizações
partidárias desenvolveram de imediato a luta armada
guerrilheira, fato que já acontecia na América Latina. A
ALN foi a organização que teve maior expressão e
contingente entre todos os grupos em que proliferou a
ideia da guerrilha urbana, o grande líder desse partido
era Carlos Marighela.
Carteira do PCB de Carlos Marighela, emitidaem um período de legalidade do partido, de
1945 a 1947. Arquivo Público do Estado do Riode Janeiro (Aperj)
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Marighella estivera presente na conferência
que deu origem à Organização Latino-Americana de
Solidariedade (OLAS), entre 31 de julho e 10 de agosto
de 1967, que tinha como proposta expandir a
revolução pela América Latina. Este ato significou o
rompimento do antigo militante com o PCB, contrário à
luta armada. O líder da ALN discorda das teses
ortodoxas do PCB, que trabalha com a ideia da
burguesia sendo aliada dos operários e camponeses no
processo revolucionário, ele propõe o imediato uso de
operações armadas urbanas nas grandes cidades, em
prol de angariar recursos para a implantação da luta
armada no campo, dessa luta armada no campo deveria
nascer um Exército capaz de derrotar o Regime Militar.
O suporte de Cuba a ALN foi essencial para legitimar o
poder da organização.17 Esse apoio militar aconteceu
logo após o afastamento de Marighela do PCB, quando
foram enviados os primeiros militantes para
treinamento em Cuba. O apoio jamais levaria à perda
da autonomia da organização, a entrega da direção da
guerrilha e, muito menos, a adulação aos cubanos, isso
evidencia que a relação entre Cuba e a ALN não era
pacífica, e sim tinha seus conflitos ideológicos. Esta foi
a sua posição até o fim, resistindo às tentativas de Cuba
de intervir na organização que estaria à frente da
revolução num país estratégico para a vitória no
continente. 18 Para Marighela, Cuba treinava seus
militantes para a luta armada, nada mais. E esses
militantes treinados deveriam praticar a luta armada
nas grandes cidades, a fim de angariar recursos para
uma grande ofensiva no campo, podemos ver essa ideia
no trecho do Manual do Guerrilheiro:
17 ROLLEMBERG, Denise. Esquerdas revolucionárias e lutaarmada. In: FERREIRA, Jorge; NEVES, Lucília de Almeida(Org.). O Brasil Republicano; O tempo da ditadura. Regimemilitar e movimentos sociais em fins do século XX. Rio deJaneiro; Civilização Brasileira, 2012.v.4.18 ROLLEMBERG, Denise. O Apoio de Cuba à Luta Armada noBrasil: o treinamento guerrilheiro. Rio de Janeiro; EditoraMauad, 2001.
"É necessário que todo guerrilheiro urbano
mantenha em mente que só poderá sobreviver se
estiver disposto a matar os policiais e todos
aqueles dedicados à repressão. E se está
verdadeiramente dedicado a expropriar a
riqueza dos grandes capitalistas, os latifundiários
e os imperialistas” 19.
Carlos Marighella.
A grande projeção do partido aconteceu
quando líderes do partido junto com integrantes do
MR-8, 20 sequestraram o embaixador americano, em
troca desse sequestro foram libertados 15 prisioneiros
políticos, e ainda foi divulgado um manifesto na
televisão. Após esse sequestro boa parte das lideranças
são perseguidas e mortas pelo regime, Marighela
também foi morto. O MR-8, a outra organização por
trás do sequestro do Embaixador Americano, tinha
ideias bem semelhantes as da ALN, e também teve o
mesmo fim, devido as mortes de seus lideres e a fuga
para o Chile de outra grande parte dos militantes da
organização.
PC do B - Partido Comunista do Brasil
O PC do B foi um partido oriundo das disputas
ideológicas no seio do PCB, logo após lideranças do
PCB assumirem a linha pacífica para se tomar o poder,
grandes lideres21 discordaram dessa nova doutrina e
criaram o PC do B.
O status estratégico do PC do B era de que a
luta revolucionária deveria ocorrer inicialmente no
campo, para que pudesse se orquestrar o maior número
possível de pessoas para a luta contra o sistema, essa
19 http://www.comunistas.spruz.com/guerrilha1.html.20 Marighela era critico ferrenho as ideias centristas do PCB,por isso concebeu a ALN uma organização descentralizada,na qual os militantes tinham bastante autonomia para tomardecisões. Por isso, mesmo o líder da ALN sendo contra osequestro do Embaixador Americano, nada pode fazer,contra a ação de alguns de seus militantes.21 João Amazonas, Maurício Grabois.
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ideia defendida pelo partido, sofreu grandes
influências do pensamento de Mao Tsé-Tung22 e por
todo o processo revolucionário vivido pelo povo
Chinês. Já no âmbito dos programas, o PCB e o PC do B
eram bem parecidos, pois pregavam uma etapa
democrático-burguesa, anti-imperialista e antifeudal.
Enquanto na ordem tática o partido se diferenciava do
PCB, pois tinha doutrinas mais radicais, mais à
esquerda.
Essa Guerrilha rural aplicada pelo PC do B
aconteceu em sua maior intensidade na região do rio
Araguaia, no Sul do Pará, devido a grande perseguição
das forças repressoras nas grandes cidades, essa região
foi escolhida como principal ponto para se formar um
Exército popular. Apesar da ideia de se alocar na região
do Araguaia, o PC do B foi desmantelado pelas forças
militares do regime, mais de 50 militantes do partido
foram mortos nos conflitos nessa área. Apesar dessa
grande derrota sofrida, o partido conseguiu se
reestruturar, em grande parte devido à incorporação
de militantes da AP23 em suas fileiras. Essa organização
durante um bom tempo controlou as diversas diretorias
da UNE (União Nacional dos Estudantes), além de
conseguir influências nos meios operários e rurais,
através do MEB (Movimento de Educação de Base) e da
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Já
em 1964, essa organização sofre com as prisões e os
exílios de seus líderes, fato que aconteceu com quase
todos partidos oposicionistas do período. Entre
1965 e 1967, ocorre no partido um grande debate
ideológico, pois a organização caminhava para a
adoção do marxismo e essa nova linha iria gerar
22 O Maoísmo é um conjunto de ideais políticos eeconômicos, defendidos por Mao Tse-tung, inspirado nateoria marxista-leninista, e que propôs reformulaçõesadaptadas à China. A luta comunista na China se desenvolveuno campo, a Guerrilha ocorreu através de uma insurreição doCampesinato.23 Ação Popular.
incompatibilidades com a fé de seus militantes,24 o
vencedor desse debate, se consolidou como uma
organização Maoísta, assumindo ideias bem próximas
ao PC do B, por essa mudança de filosofia, o PC do B e
grande parte das lideranças da AP irão juntar forças25.
Essa mudança de atitude por parte da AP
acabou gerando a proletarização dos seus militantes,
pois os mesmos tiveram que se deslocar para o interior
das fábricas e no meio rural. A grande maioria dos
militantes era oriunda da classe média.
Mesmo após essa junção boa parte líderes da
AP e do PC do B foram presos e mortos pelos
movimentos militares, dando por fim a estrutura da
organização.
Concluindo
Importante ter uma análise das discussões
sobre os acontecimentos da repressão durante o
período Ditatorial no Brasil, a pesquisa desenvolvida
pelo "Projeto Brasil Nunca Mais" é de extrema
importância para que se possa ter uma ideia mais
próxima de quais movimentos sociais sofreram coerção.
Foram estudados 695 processos referentes à repressão
política realizada pelos movimentos da situação, deste
total de inquéritos encontrados são citados 7.367
nomes de pessoas envolvidas.
A referida documentação, em nosso estudo,
ressalta as grandes diferenças enfrentadas pela
esquerda no Brasil, que não conseguiam se unir, e
enquanto a esquerda se fragmentava em diversos
partidos, a direita pragmática se mantinha “unida”, fato
que culminou com o golpe Civil-Militar. Essas
dissidências partidárias acabaram dividindo as forças
24 O marxismo pregava a adoração ao líder, a um país ateísta,fugindo dos padrões cristãos.25 Alguns Líderes da AP juntaram forças com o PC do B emprol de acabar com as falácias do Regime, mas um setorcomandado por Jair Ferreira de Sá e Paulo Stuart Wrightmantiveram a estrutura da AP como independentes.
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das esquerdas, possibilitando aos militares um controle
maior sobre elas.
Bruno Capalupo: É graduado em História pelasFaculdades Integradas Simonsen, e pós-graduando emHistória do Brasil Contemporâneo pela UniversidadeEstácio de Sá.
Para saber mais leia: