4º cap - roteiro para a leitura de textos informativos na escola juvenal zanchetta

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    Roteiro para a leitura de textos informativos na escola:

    uma introduo 1

    Juvenal Zanchetta JniorFCL UNESP Assis

    RESUMO : Neste captulo, objetiva-se apresentar um roteiro para o desenvolvimento dotrabalho com a leitura de textos informativos em mbito escolar. Para tanto, o autorexplora estratgias de abordagem que consideram, em especial, a recepo pelo leitor.

    PALAVRAS-CHAVE : Recepo; Leitor; Texto informativo.

    Leitura e recepo

    Embora sinnimos,leitura e recepo so conceitos com percursos at certo ponto distintos.Leitura um termo mais utilizado na rea de Cincias Humanas.Recepo est mais prximo da Comunicao, dentro da rea das Cincias Sociais.Observaremos algo da trajetria do conceito deleitura . Em seguida, esboamos o percurso feito pelo conceito derecepo .

    Tomando a descrio de Possenti (2001), numa acepo que remonta ao sculo19, a leitura da palavra escrita chegou at meados do sculo 20 como prtica de elites,sacralizada e voltada apreciao de autores especficos. Compreender um livrosignificava entender um contexto em que o autor ocupava lugar fundamental. Oestruturalismo deixaria de lado o autor, ocupando-se apenas do texto, percebido comouma engrenagem autnoma e passvel de ser observada em seus elementos intrnsecos,deixando de lado o contexto que a cercava. Desde meados do sculo 20, o leitor ganhadestaque, cabendo a ele e a sua experincia de vida o centro da leitura. Para Ferrara, a

    prpria arte moderna ajudou a forjar um papel mais decisivo para o leitor:

    [...] a Arte Moderna supe a diviso do receptor em ingnuo e hbil. A antigaarte fora hbil em produzir um receptor ingnuo, passivo que procurava, nomximo, partilhar dos momentos de inspirao do artista como molcularesidual do trabalho criativo em estudo de pura contemplao e embriaguez. A

    1 O presente texto uma adaptao de artigos publicados em Zanchetta (2008) e Zanchetta (2012).

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    arte moderna a produtora de um receptor hbil onde tudo solicita a sua percepo e est aberto sua penetrao, sua interferncia a nica possibilidade de produo de sentido; sentido fugaz, relativo, mas vlido porque produto de uma inteligncia, de uma sensibilidade, de uma atividaderelacional. (1986, p.20)

    Por antiga arte, a autora observa a arte pictrica, centrada na perspectiva, predominante at parte do sculo 20, quando autor e obra ainda reinavam soberanos,relegando o leitor ao segundo plano.

    Um bom leitor escolar, no passado, era o aluno que conseguia reproduzir ouexpressar-se moda dos escritores de prestgio; mais tarde, passou a ser o leitor percuciente da histria e das caractersticas histrico-literrias que envolveram a produo dos clssicos nacionais; hoje, trata-se do leitor que domina as estratgias docdigo literrio, com alguma fruio esttica, e tambm consegue compreender as

    caractersticas de diferentes gneros textuais (desde uma carta at um artigo de opinio),extraindo deles informaes, aplicando seus contedos no cotidiano e relacionando-oscom outros textos.

    O processo derecepo tem um percurso um pouco diferente. Primeiramente, pensava-se que os sujeitos receptores eram facilmente manipulveis e assimilavam asmensagens provenientes da mdia de forma passiva, como se recebessem uma injeohipodrmica. Aos poucos, a ideia de passividade deu lugar proposta de autonomia doreceptor: estudos diversos mostram certo consenso em consider-lo como dono do seu

    prprio nariz e capaz de crtica, de seleo e de apropriao desses recursos e deinformaes da maneira como mais lhe convm. O receptor percebido como participante at mesmo da produo miditica. O iderio relacionado autonomia aponta para a noo de emancipao: o sujeito receptor saberia selecionar, criticar, interferir,entre outras aes, ativas, com certo distanciamento em relao ao objeto miditico.

    Hoje, leitura e recepo contam com estatutos parecidos. Um bom leitor oureceptor aquele que: a) consegue compreender textos mais longos e complexos; b)relaciona as partes do texto; c) sabe comparar e interpretar informaes; d) distingue fato

    e opinio; e) realiza inferncias e sntese (INAF, 2009). Em outras palavras, do leitor oudo receptor contemporneo espera-se autonomia e plena compreenso acerca dasinformaes com as quais se depara, seja em um livro, seja na televiso ou na internet.

    Nas linhas seguintes, pretendemos apresentar um roteiro para a leitura realizadano cenrio escolar. Tal roteiro volta-se, inicialmente, compreenso dos textosinformativos de maneira geral e menos aos textos literrios, embora boa parte dos

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    instrumentos utilizados seja baseada na relao entre o leitor e o texto literrio, mas ocarter polissmico destes ltimos e da arte de modo geral demanda ferramentas maisespecficas para abordagem. Neste momento, nos concentraremos em textos jornalsticos, publicitrios e outros, sempre portadores de informaes com finalidade pragmtica.

    Uma caracterizao de leitura informativa

    Alguns pressupostos norteiam esta sugesto. O primeiro diz respeito ao papel da palavra. Nas correntes pedaggicas contemporneas, em que pese o fato de asensibilizao do aluno ser um passo importante para a aprendizagem, tal caracterstica ponto de partida ou recurso para a consolidao de momentos especficos do processoeducacional. Na pedagogia construtivista ou na pedagogia histrico-cultural duas das principais tendncias pedaggicas presentes no cenrio brasileiro , a finalidade daeducao formal est no domnio de linguagens, com destaque para a linguagem verbal ea matemtica. Assim, mesmo no trabalho com a mdia, cujas solues envolvemmltiplas estratgias, com predomnio da sensao sobre a razo, um dos principaisobjetivos da atividade pedaggica a traduo dos fenmenos ligados vida emlinguagem verbal, em atividade anloga que prope Christian Metz para a anlise daimagem:

    A lngua faz muito mais do que transcodificar a viso [...] ela a acompanha em permanncia, ela sua glosa contnua, ela a explica, ela a explicita, e nolimite, ela lhe d autenticidade. Falar da imagem na realidade falar aimagem, no essencialmente uma transcodificao mas uma compreenso,uma ressocializao da qual essa transcodificao a ocasio. A nominaodefine a percepo tanto quanto ela a traduz. (2000)

    A mediao, com o uso da palavra, implica outros pressupostos. A atenoconcentra-se em aspectos passveis de socializao, embora observemos diversascaractersticas de ordem subjetiva. Estas ltimas fazem parte de nossas preocupaes em

    sua contribuio para o exerccio da compreenso da dinmica da leitura miditica. Essacontribuio objetiva lanar uma luz sobre a subjetividade, inerente ao processo sensoriale emotivo da leitura, mas principalmente para delinear procedimentos que possam serutilizados como referncia para observar a leitura a partir da sala de aula (e no emmomentos particulares de leitura, por exemplo). Isso justifica a caracterizao dediferentes reaes de leitura e a notao de tais caractersticas em escala progressivade complexidade.

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    Outro pressuposto a sugesto de que a leitura de meios e mensagens miditicassignifica no a abordagem de objetos isolados, esquadrinhados em termos de tcnica, procedncia e efeitos, para deixar ao leitor o compromisso de julgamento, mas, sim, dealgum modo, a construo ou a reelaborao permanente de uma macro-narrativa queassocie os objetos de leitura a uma perspectiva poltica de entendimento do mundo.Situ-los na sua relao com os indivduos, nos contextos em que vivem as pessoas etambm na Histria, ainda que no haja uma verso neutra da Histria, mostra-se comocompromisso da escola.

    A notao sobre possibilidades de leitura de suportes de imprensa ser feita luzde referenciais associados leitura de suportes impressos. Buscamos, em Maria HelenaMartins (1994), uma proposta para o entendimento do processo de leitura inspirado narelao entre a obra e o leitor. Mesmo com predileo pela leitura da literatura, Martinsconsidera a leitura na escola [...] como um processo de compreenso de expressesformais e simblicas, no importando por meio de que linguagem (1994, p.30). Para aautora, o contato com o texto torna-se um dilogo com a palavra escrita, com os gestos,as imagens, os acontecimentos ou qualquer outro elemento simblico. Por meio desse processo, ocorre uma expanso contnua dos limites de compreenso do indivduo.Martins (1994) prope trs nveis para a leitura (sensorial, emocional e racional),tomados aqui como ponto de partida: quais seriam as caractersticas da recepomiditica nesses trs nveis, passveis de serem observadas a partir da escola?

    Para detalhamento da leitura emocional, testamos as indicaes de Jauss (1974),relativas ao processo de identificao havido entre o texto e o leitor. Jauss observouaproximao entre o leitor e o heri dos textos literrios. Sua argumentao pode seraplicvel ao cenrio a que nos reportamos, pois os jornais materializam umarepresentao da vida, tomando a figura humana como medida das coisas, tal como o faza literatura.

    A abordagem da leitura racional, por seu turno, ainda mais complexa, porcompreender amplo espectro de experincias. De maneira grosseira, adaptamos

    instrumental oferecido por Eco para anlise da propaganda (ECO, 1971)2, por sua vez

    inspirada em Panofsky (1967). O estatuto da imagem fixa (objeto de estudo de Eco) ,em parte, semelhante ao da imagem em movimento. A imagem fixa e as imagens emmovimento pem-se como prova verossmil daquilo que est sendo narrado, no fugindo

    2 Utilizamos em parte a argumentao realizada em outro texto (ZANCHETTA, 2001). Em algunsmomentos, reproduzimos ou adaptamos frases do texto original.

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    das aparncias do mundo. As diferenas percebidas entre ambas esto menos nocontedo e mais no aparato que as define.

    A metfora e a metonmia, segundo La Borderie (1997), as duas grandes figurasconstitutivas da retrica da imagem fixa so tambm os principais fatores figurativos nateleviso e na internet3. Alis, em razo da velocidade com que se sucedem numtelejornal, surge reforada a hiptese de um universo tropolgico ainda mais restrito natev. O carter fluido do movimento tenderia a fazer com que a imagem se mostrassesempre representativa de algo maior do que ela efetivamente designa. Prevaleceria,assim, o carter metonmico, agindo como um filtro redutor da representao.

    O sentido das imagens no aparece isolado. A palavra atua como ncora damensagem em suportes hbridos, como a televiso e os stios de informao; j asfunes da palavra e da imagem, do ponto de vista de Jakobson (1969), so semelhantes.Assim, no caso da publicidade, h o predomnio de imagens com funes apelativas eemotivas, com maior ou menor incidncia da componente persuasiva (na imagem). Valedestacar que algumas peas publicitrias conseguem, inclusive, atingir estatuto esttico,fazendo uso da funo potica, visando a determinados efeitos de sentido, comocomover, surpreender, propor uma nova percepo acerca de um objeto ou situaocotidiana, entre outros. J a mensagem noticiosa, por sua vez, utiliza-se das imagens, emtese, com funo denotativa ou explicativa. Contudo, na prtica dos telejornais, nemsempre isto acontece, pois tais informativos veiculam ideologia, ou seja, no so

    neutros. Os mais pessimistas afirmam que as funes predominantes no telejornalseriam a ftica (entretenimento) e a persuasiva. Barthes (1984), ao desautorizar ainteno denotante da fotografia na imprensa, lista uma srie de expedientes tcnicosresponsveis por revestir a foto de carter conotativo e, portanto, intencional, dentro deum dado contexto4.

    O instrumental exposto provisrio. Os textos e a leitura tendem a ser politizados, modificando-se continuamente, para atender aos interesses do analista.Alguns fatores, porm, so tomados como referncia de fundo para a proposio, de

    modo a constituir uma espcie de amarra para as sugestes e fazer diminuir asubjetividade. O leitor a quem nos referimos um aluno da escola bsica, portanto passvel de ser, at certo ponto, materializado historicamente, pois est situado numcontexto conhecido em seus traos maiores. desse lugar que se pensam as

    3 Num stio de notcias, opera-se a somatria de procedimentos do impresso e do jornalismo eletrnico.4 Tais expedientes so: a trucagem, as poses (que denunciam comportamentos ou reaes), a seleo deobjetos, a fotogenia, o esteticismo (ou edio prpria do meio fotogrfico) e o papel da imagem na sintaxeda notcia (BARTHES, 1984).

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    consideraes a seguir. No possvel esquadrinhar o processo subjetivo da leitura enem mesmo a diversidade de relaes estabelecidas entre o leitor e os contextos queenvolvem a leitura, mas parte desse processo pblica: os suportes miditicos, os textos,as impresses individuais partilhveis em terreno pedaggico, as opinies coletivasalcanadas pela ao de um mediador. Tratamos da experincia em parte conhecida ouque pode vir a ser conhecida, de modo especular, e com pretenso didtica. Nessesentido, ainda que marcadas pelo relativismo, os traos que situam a anlise no tempoe no espao so visveis.

    Para a exemplificao, tomamos os jornais impressos e os telejornais, por seremsuportes de prestgio social, e o texto publicitrio seguinte, que chamaremos de TP (texto publicitrio), para uma anlise comparativa:

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    Leitura sensorial

    Numa poca em que os recursos tecnolgicos permitem o aprimoramento plsticoe esttico cada vez maior dos meios e mensagens, a leitura sensorial decisiva paracativar o leitor. Ela implica desde a percepo isolada e pontual de estmulos predominantemente fsicos (as cores, as ilustraes, a disposio e o formato dos textos edas letras, o tamanho da tela ou do jornal, por exemplo) at a percepo integrada desseselementos, num tempo mais prolongado e que pode ir alm da relao direta com oobjeto. Algumas pessoas gostam do cheiro do livro ou da revista nova. Outras, nosuportam o cheiro ou a tinta usada nos jornais.

    Prevalecem a surpresa ou a constncia, a estesia, a sinestesia, os sentidos fsicos.Esse processo, entretanto, embora se d no leitor, no , de todo, circunstancial. Ossuportes miditicos fazem sobressair esse aspecto: a produo e as formas de interaocom o leitor so carregadas de inteno e de significao.

    Os elementos sensoriais no fomentam apenas a significao superficial e parcialdo contedo dos suportes miditicos. Eles surgem como elemento ldico para atrair oleitor e j marcar determinado posicionamento. O tamanho das letras, nos ttulos jornalsticos, ou as dimenses de uma fotografia, na primeira pgina no jornal impresso,a trilha sonora e a postura solene dos apresentadores de telejornais, as fotografias que se

    sucedem no stio de notcias: so elementos que apontam para significaes; para aimportncia dos assuntos tratados, para a profundidade do tratamento etc.

    A diversidade de estmulos e de contextos que aproximam o leitor dedeterminado suporte, sob o aspecto sensorial, torna difcil ao professor o tratamentosistemtico desse modo de leitura. Talvez, seja possvel a ele apenas observar, emsituao escolar, as estratgias comuns aos MCs (meios de comunicao) para atrair ou para no afugentar o leitor, alm de ampliar o leque de referncias do aluno (com outrossuportes), bem como verbalizar a experincia sensorial. Eis alguns elementos passveis

    de apreciao:

    cores : discretas no telejornal ou nos jornais impressos de maior prestgio einsinuantes nos jornais populares. Entram aqui os elementos ligados combinao de cores utilizada no suporte e tambm as preferncias de cor doindivduo que o l. No TP, as cores dispostas em tons pastis so: amarelo,laranja, vermelho, azul e verde. O amarelo a cor da recreao, da jovialidade,

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    evento principal de uma notcia com maior facilidade, em razo dos estmulos da produo que induzem a essa percepo (o ttulo, a ilustrao, o lide). Contudo, issotambm ocorre graas narrativa que costura as informaes, pois a amarrao acaba por humanizar os eventos tornando-os acessveis. Na televiso, o apresentador responsvel por isso, pois age como um contador de histrias; no jornal impresso, afotografia, a infografia, a seleo de eventos por ordem de importncia garantem atenso e o carter narrativo de um texto sem concluso5.Mesmo conservadora, a leitura emotiva igualmente um ponto de passagem para aleitura racional e leva, ela prpria, o leitor a um lugar prospectivo ou renovador da percepo. Adaptamos a sugesto de Jauss (1974), sobre as caractersticas daidentificao entre o heri (literrio) e o pblico, transportando-a para a leitura da mdia:

    Associao : prevalece o aspecto ldico que se associa ao modo sensorial de ler e

    narrativa proposta, visto que o leitor aceita participar da histria, da mensagemou da imagem. Neste caso, ele parece mostrar concordncia plena com ocontedo, com a forma de apresentao, com o suporte em si. O leitor adere aoque est sendo posto, de forma incondicional e ingnua. No se trata deconcordar com o que o outro diz apenas por conta do prestgio do meio decomunicao, mas de acreditar que ali est a verdade. No caso do TP, trata-sedaqueles leitores que confiam plenamente no trabalho da Editora ou noschamados sistemas de ensino. Restringindo-nos apenas imagem (mais

    atraente do que o texto verbal), h leitores que valorizam incondicionalmente a prpria noo de escola.

    Admirao : o leitor observa o sujeito ou os sujeitos representados comoreferncia edificante ou ideal. O expediente comum na mdia, de reduzir personagens a tipos, um expediente que tende a seduzir o leitor em determinadomomento. O leitor aproxima-se da personagem de maneira acrtica. Se, no planoanterior, a integrao se d com o conjunto, neste caso, a integrao se deve pessoa representada. No TP, valoriza-se a imagem da criana, pela beleza plstica

    ou pelo seu comportamento altamente respeitador de regras escolares, porexemplo.

    Cumplicidade : a identificao ocorre por reportar situaes e comportamentos prximos aos da vida comum. Neste caso, a mensagem reproduz a vida cotidiana,

    5 A estrutura mais comum de texto noticioso no supe um clmax (exceto o prprio ttulo damatria), mas sim o alinhavo de eventos cada vez menos importantes, at chegar a detalhes suprfluos.

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    prxima daquela experienciada pelo leitor. Em lugar de adeso plena (como se fosseum jogo) ou seletiva (como um ideal a ser cultivado), a identificao se d pelacumplicidade do leitor em relao a elementos que parecem semelhantes. No TP, oleitor pode reconhecer, pela representao das roupas e do comportamento da pequena estudante, exemplo de estudante que faz parte da vida dele.

    Catarse : o leitor assiste dor alheia e, em meio piedade, indignao oumesmo a outros sentimentos, tira dessa situao ensinamentos para a prpria vidaou, ento, alivia suas tenses, ao v-las materializadas no outro representado. NoTP, o leitor observa, naquela sugesto de escola, algo que ele conheceu ou esperada escola.

    Ironia : h envolvimento entre ambos, mas o leitor coloca-se na situao proposta pelo texto para recus-la, integral ou parcialmente. Em que pese o fato de a

    identificao supor a confirmao de valores do leitor, o que tende a provocar oefeito catrtico, as diferenas entre o leitor e a situao reportada so percebidase, provavelmente, negadas. Nesse nvel de recepo, a razo ombreia com aemoo. No TP, embora se comova com o cenrio proposto pela propaganda e pelo desenho de escola ali esboado, o leitor se mostra desconfortvel, poisreconhece que est diante de uma situao at certo ponto artificial: o sistema deensino no vai solucionar as limitaes dos materiais didticos; as crianas alidispostas no so representativas do cenrio da educao brasileira

    contempornea.

    O contato com os suportes miditicos se d de maneira pontual e fragmentada. No entanto, desde que o professor perceba certos traos advindos da experinciaemotiva, cabe a ele observar o perfil dessa identificao. Na sala de aula, a experinciaemotiva bem mais visvel em situaes de comoo geral. No entanto, nessa e emoutras experincias, mais individualizadas, o instrumental proposto, embora ainda emesboo, pode auxiliar na diferenciao dos diversos tipos de aproximao com o texto e

    contribuir para a testagem de outros modos de identificao. Justamente por isto, pode-seconduzir o leitor, mesmo no plano emotivo, a um novo plano de percepo. Por outrolado, mesmo que os traos de identificao entre o leitor e os suportes miditicos semostrem pulverizados, a proposta da caracterizao das relaes emotivas diz respeito,ao exerccio de se tentar, quando possvel, colocar a prpria experincia em perspectiva.

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    Nesse processo, busca-se menos as caractersticas subjetivas do leitor do que asestratgias miditicas para levar esse leitor comoo.

    Leitura racional

    Este multifacetado plano de leitura trata do domnio de cdigos diversos, desdeos mecnicos, passando pelos de ordem lingustica e semiolgica, at os encadeamentoshistricos.

    1) Plano narrativo: refere-se aos elementos dos planos descritivo e narrativo doconjunto do texto (imagens, texto verbal, outras ilustraes e as combinaesentre eles). Trata-se da observao do texto como uma histria, atenta sexpectativas do leitor. Vejamos alguns expedientes que atuam nesse sentido:

    Oposies : as matrias jornalsticas procuram firmar confrontos:oposio entre bem e mal, entre certo e errado, entre devoo edescrena, entre vencedor e perdedor, entre justo e injusto, e outros. Asinformaes prestadas pelo telejornal so postas como desvios dentro deuma suposta normalidade. Assim, a notcia relativa a um crime refora, por outro lado, a necessidade de uma ordem social e moral. Um polticoflagrado por ato de corrupo ope-se a um suposto quadro em que osindivduos devam zelar pelos interesses pblicos.

    Tenso : o leitor v-se diante de notcias ora mais suaves, oramais graves, num balano que o conduz, no final do telejornal, a umestado de satisfao, alvio ou mesmo, em situaes extraordinrias, deespanto. Equilibram-se notcias com destaque negativo e positivo,denncias em diversas reas e notcias muitas vezes dispensveis, masimpressionantes. Evita-se o acmulo de tenso negativa: em qualqueraltura, comum ver lado a lado notcias de economia e informaes sobre

    fatos extraordinrios, distantes do cotidiano das pessoas, como osalvamento de um co em rio gelado do Alasca.

    Onipresena : o MC atua como observador, atestando em cadanotcia a veracidade e a ideia de onipresena. Mais do que contarhistrias, o meio torna-se testemunha: os relatos verbais e as imagensreforam a verossimilhana. O conjunto da notcia cria outro ponto de

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    partida para o fato narrado, diferente da origem desse fato: a ilha de produo do informativo.

    Teatralizao : a linguagem verbal, os recursos tcnicos utilizados,a postura dos apresentadores e reprteres, as ideias de simultaneidade eonipresena so alguns dos fatores que contribuem para a teatralizao proposta para o telejornal. Os recursos eletrnicos preenchem o palco daapresentao da notcia: logotipos, cores, sons, msica de fundo do amoldura da cena proposta e intensificam o espao onde se propem osrelatos. Dramatiza-se no apenas colocando diante do leitor situaes que possam impression-lo, mas tambm intensificando o presente, trazendo-se relatos quase simultneos aos respectivos fatos.

    Idealizao : em lugar de um mundo catico, complexo eimprevisvel, a hierarquia proposta pela imprensa tende a inscrever o fatonoticioso dentro de um todo organizado, em que grupos e instituiesfuncionam e se relacionam umas com as outras. Por esse ngulo, notcia passa a ser o episdio que desestabiliza a normalidade: da ochamamento de diversas instituies, de forma aberta ou implcita,quando ocorre algo fora do comum.

    Individualizao : a imprensa procura tornar concretos os fatos.

    mais fcil materializar um escndalo, creditando-o a indivduos, do quetratar das responsabilidades estruturais ou conjunturais que levam ao problema. Assim, desde a preparao da notcia, os dados convergem paraunidades mnimas. Apresentador e reprteres, por exemplo, aoescolherem o modo de focalizar um assunto e ao selecionarem oselementos que sero mostrados, pem-se num caminho didtico osuficiente para reduzir problemas a aspectos determinados.

    Tipificao: a reduo dos temas a personagens determinados

    tambm se liga a desenhos de indivduos relativamente estveis esuperficiais. De maneira geral, os personagens so reduzidos a umacaracterstica especfica e, por isso, so mais facilmente reconhecidos pelo leitor. Os personagens das matrias jornalsticas servem para aelucidao de contedos especficos e no para o exerccio de anlise

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    fsica, social, histrica, psicolgica etc, algo que tomaria muito tempo e poderia levar o leitor a confundir-se.

    Este nvel pode ser desmembrado em domnios especficos, tais como:

    formal : pressupe o domnio sobre estratgias narrativas. Trata-sedo entendimento quanto organizao dos contedos em um jornal (a relao entre texto e imagem, por exemplo); aidentificao do nome do reprter ou do lugar onde determinadareportagem est sendo ambientada (informaes muitas vezescolocadas na tela e no mencionadas pelo apresentador); odomnio sobre cones que permitem a explorao do ciberespao6, bem como a diferenciao entre os elementos de uma

    determinada matria, oslinks e a publicidade que a emoldura.Enfim, nesse plano, o leitor sabe localizar-se e locomover-se pelanarrativa ou pelas narrativas que se colocam nos suportes deinformao. No TP, a disposio da imagem e do texto na pgina,o uso das cores caractersticas essas comentadas na abordagemde aspectos sensoriais so percebidos aqui como estratgias: adocilidade, a diverso aliada ao trabalho, sensaes sugeridas pelas cores, surgem fazendo parte da histria que se pretende

    contar.verbal : pressupe familiaridade com a linguagem utilizada, como gnero e com o assunto tratado. No TP, a palavra sugere aidealizao: o desafio da editora (Mudar o mundo a partir daEducao) est em curso. Os nmeros apresentados caminhamnessa direo: mesmo num pas cheio de diferenas e comdimenses continentais, os indicadores da Editora revelamxito.

    6 O domnio na rea de informtica no se restringe a elementos operatrios, como conhecer comandosespecficos para uma ou outra tarefa, mas engloba o domnio de cdigos mais complexos. Estes, por suavez, empregam a linguagem verbal, mas imbricada ou secundarizada por elementos de outras reas, comoa matemtica. H cdigos, s vezes, facilmente operveis, porm inacessveis para a maioria das pessoas:uma pessoa no alfabetizada capaz de fazer operao em terminal eletrnico de banco, mas o domniodos cdigos que permitem a viabilizao de tais operaes ainda altamente restrito.

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    imagtico : significa o reconhecimento dos elementos presentesnuma determinada imagem, para torn-la legvel e associ-la aosdemais elementos que compem a narrativa. No TP, a cenarepresentada tambm sugere xito: as crianas que estudam nosistema Positivo mostram-se receptivas, interessadas, participantes. Aoposio bsica est posta: a satisfao dagarotinha contrasta com o senso comum de que o ensino regular algo cansativo, arrastado. H redundncia de smbolos: ascrianas pintam com cores que sugerem um mundo ldico e profcuo; as cores do sistema de ensino pintam a educao comcolorido vivo e frtil. Aindividualizao tambm evidente: umacriana representa todo o conjunto de estudantes atendidos pelo

    sistema.

    2) Plano expositivo: compreende a observao de significaes secundrias,convencionadas por questes editoriais, contextuais ou histricas. Uma dasformas de organizao da informao no plano expositivo , portanto, a suacodificao a partir de esquemas textuais especficos. A disputa pela atenodo leitor em meio a tantas informaes no mundo contemporneo, anecessidade de conciso, a pluralidade de recursos para a informao, o

    carter cada vez menos ritualizado do contato entre a mdia e o leitor, entreoutros motivos, ajudaram na consolidao de desenhos textuais especficos para o texto noticioso, desenhos estes menos centrados na organizao lineare mais atentos a aspectos potencialmente mais contundentes da prpriainformao. A necessidade de textos mais topogrficos, mesmo antes dastecnologias digitais, tornou-se premente no Brasil, onde sempre predominou acultura oral e, durante o sculo 20, a cultura visual, baseada na televiso. Issono impediu o desenvolvimento de textos mais longos, com diferentes modos

    de orientao. No entanto, expedientes similares esto presentes em todosesses desenhos. Esse plano, tambm, pode ser desmembrado em:

    Plano formal : implica identificar a diviso do jornal em cadernose as formas de hierarquizar as informaes (diferenas entre manchete ettulos, a gradao de valor entre os ttulos, pelo tamanho da letra, peladisposio na pgina, pelo assunto). No telejornal, compreende a

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    observao da linha narrativa, isto , como se d o encadeamento dasmatrias, o papel mais descritivo ou mais opinativo do apresentador. Nainternet, significa distinguir as matrias jornalsticas das matrias de meroentretenimento ou propaganda (muitas vezes do prprio veculo ou de parceiros). Em relao ao TP, afora as consideraes feitas quanto aoscdigos culturais, h questes ligadas ao projeto grfico. A composioda pgina segue regra conhecida como mapa da zona tica (COLLARO,1996), conforme o desenho abaixo. Para chamar a ateno do leitor, orosto da garotinha est colocado na zona primria, por onde o olharcomea a percorrer o texto. A mensagem principal do texto verballocaliza-se no centro da pgina, por onde o olhar tem de passar. A zonaterminal concentra informaes ligeiras, pois um espao por onde oolhar passa antes de sair do quadro. No por acaso, emissoras de televisocostumam colocar nesse espao seus logotipos. A marca da editora do TP poderia estar a fixada, mas quem produziu a propaganda optou porcoloc-lo acima direita. Fez assim porque no quis correr risco de ainformao passar despercebida: colocou o logotipo ao lado dainformao mais atraente da pgina (o rosto da garota).

    Plano verbal : o leitor consegue compreender, mesmo em meio linguagem pretensamente objetiva da imprensa, o posicionamento do

    veculo divulgador, a partir da nfase, da seleo de argumentos, decitaes ou entrevistas, da omisso de informaes. O domnio maisapurado de convenes textuais da imprensa permite a ele organizar osentido do texto jornalstico a partir do ttulo, dos primeiros pargrafos. No caso do TP, o texto verbal procura destacar as seguintes ideias: 1) oaniversrio de 35 anos da Editora; 2) o compromisso com a educao; 3)o desafio de construir materiais didticos que atendam a um pas comdimenses continentais e com diferenas culturais; 4) a liderana da

    Editora no segmento de sistemas de ensino; 5) o nmero de 1 milho dealunos atendidos pela empresa. Por trs da ideia de desafio est uma possvel contradio: como um material didtico padronizado podeatender diversidade cultural do pas? Se respeitada a diversidade, aexpanso implicaria mudanas contnuas no sistema, para atender a pblicos cada vez mais distintos.

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    Plano imagtico : a imagem passa a ter significao que vai almda complementao do texto verbal. O leitor sabe o peso da informao pela fotografia, por exemplo: se ela informa menos ou mais do que a falado apresentador ou do texto da notcia impressa. Na internet, a seleodas imagens serve no s respectivas notcias, mas tambm para prender oleitor, a partir da cena inusitada, comovente, risvel ou de entretenimento. No TP, a imagem usada para valorizar os argumentos sugeridos pelaEditora: 1) a aluna mostra alegria pela atividade escolar; 2) supostamente,ela estuda a partir do sistema de ensino da Editora; 3) a satisfao dagarota estaria ligada aos benefcios propostos pelo sistema lder nomercado da educao; 4) essa mesma satisfao estaria ligada experincia da Editora nessa rea; 5) a alegria da garota motiva a Editora

    a continuar. Mas o papel atribudo imagem vai alm do que ela de fatooferece: 1) no h garantia alguma da existncia de relao entre osistema de ensino e a satisfao da garota; 2) mesmo se houvesse,atribuir estudante a condio de avalista do trabalho da Editora umgesto exagerado, pois a menina no tem condies de avaliar acomplexidade do material; 3) a falta de autonomia pode ser observada a partir do simples fato de que a fotografia foi feita com a anuncia dos paise no da garota que serviu to somente de modelo.

    3) Plano discursivo: alm de abarcar componentes referenciais e culturais, oleitor entra no mbito dos discursos histricos. Neste plano, afloram osvalores simblicos do conjunto da informao, fundamentalmenteideolgicos que, embora expressos sob diversos formatos, mostram algumaarticulao, revelando no apenas a posio do veculo ou da mensagem(como o plano expositivo permite ver), mas de um grupo ou camada social.Ele pode ser desmembrado em:

    Plano formal : trata-se dos hipertextos constitudos pelo jornal, pelo telejornal, pelos stios de imprensa na internet, acrescidos de textosverbais ou no verbais que fazem parte do contexto da leitura, num dadomomento. Individualmente ou somados, esses hipertextos so finitos

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    (MARCUSCHI, 2007) e, portanto, podem ser equacionveis, na leitura7.O acesso seletivo alinks para se chegar a um tema especfico parece, noentanto, no ser to simples: h que se buscar uma ordem determinada para oslinks, o que exige disciplina para a leitura linear. O domnio sobrea extenso do hipertexto utilizado pelo leitor, por outro lado, mostra-secomo uma opo deliberada, consequncia de outras atitudes e de preferncias do leitor. O TP em anlise foi publicado no jornal de maiorcirculao do pas, aFolha de S. Paulo, cujo pblico composto primordialmente por leitores das classes A e B. Ao optar pela publicaonesse jornal, a Editora revela o perfil de pblico com quem ela quer secomunicar: formadores de opinio (como dirigentes de redes de ensino) e pais com poder aquisitivo mais elevado, que mantm seus filhos em redesescolares com recursos para optar por um sistema como o oferecido pelaEditora. A publicidade, enfim, busca dilogo com os mais abastados.

    Plano verbal : implica compreender as caractersticas do discurso poltico representado pelos MC. O leitor capaz de associar determinadanotcia:a) ao suporte que a contm, identificando o assunto, o tratamento,a extenso etc., a partir do perfil daquele meio;b) agenda miditica e aocenrio de produo de imprensa no pas;c) s instituies polticas queinterferem nos rumos daquela rea;d) possibilidade de mobilizao

    individual ou coletiva, a fim de interferir nesses rumos. A leitura marcada por associaes e reflexo sobre aspectos que extrapolam ouniverso do texto, e mostra um leitor capaz de avaliao do suporte e doscenrios diversos aos quais a notcia se vincula. No TP, desvela-se outralimitao: levar em considerao as diferenas que existem em um pasde dimenses continentais no significa atender diversidade de pblicos a existentes, mas to somente queles que fazem parte dascamadas mais privilegiadas (cenrio em que as diferenas culturais so

    menores). Plano imagtico : tornam-se visveis os arqutipos e os

    esteretipos, os equivalentes visuais das figuras de linguagem e aindaas tomadas de posio dos informativos expedientes constitudos a

    7 O jornal impresso tem um limite de pginas. O telejornal, um tempo de durao. A internet tem

    o tempo que o leitor dedica pesquisa na rede (os demais suportes tambm tm a cronologia como umfator que delimita a extenso do hipertexto).

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    partir das imagens. No TP, o discurso implcito na imagem no sugere umsistema de ensino original e criativo que pretenda mudar o mundo a partir da educao, mas sim um sistema conservador. O gesto dagarotinha no espontneo, instintivo, mas sim medido, dosado. Longeda vitalidade e da impulsividade que marca a infncia, o gesto profundamente disciplinado. A imagem, em termos discursivos, noretrata uma cena prxima da infncia, mas sim uma cena que agrada aos pais tambm conservadores que querem ver seus filhos, desde cedo, plenamente domesticados.

    Diferentemente dos demais perfis de leitura, a leitura racional pode serdesenvolvida com maior intensidade na escola, pois ela trata da elaborao daexperincia com o texto. Claro que os planos colocados acima so apenas indicativos eno h propriamente uma diviso entre os planos de leitura, mas procuramos destac-losdaquela maneira, a fim de mostrar exerccios de compreenso cada vez mais complexos.

    Referncias BibliogrficasBARTHES, R.O bvio e o obtuso. Lisboa: Edies 70, 1984.BRASIL. INEP Instituto Nacional de Estudos Pedaggicos.Exame Nacional doEnsino Mdio. Braslia: INEP, 2002. Disponvel em: COMPLETARCOLLARO, A. C. Projeto Grfico: teoria e prtica da diagramao. So Paulo: Summus,1996.ECO, U. A estrutura ausente: uma introduo pesquisa semiolgica. So Paulo:Perspectiva, 1971.FERRARA, L.A. A estratgia dos signos. So Paulo: Perspectiva, 1986.HELLER, E. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoo e a razo. SoPaulo: Gustavo Gili, 2013.INAF 2009. INDICADOR DE ALFABETISMO FUNCIONAL. Instituto PauloMontenegro; Ao Educativa, 2009. Disponvelem: http://www.ipm.org.br/download/inaf_brasil2009_relatorio_divulgacao_final.pdf Acesso em: 07 dez. 2009.JAKOBSON, R. Lingstica e Comunicao. So Paulo: Cultrix, 1969.JAUSS, H. R. Levels of identification of hero and audience. New Literary History.Charlottesville, v.5, n.2, 1974.LA BORDERIE, R.ducation limage et aux mdias. Paris: Nathan, 1997.MARCUSCHI, L. A. A coerncia no hipertexto. In: COSCARELLI, C. V.; RIBEIRO,A. E. (org.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedaggicas. BeloHorizonte: CEALE/Autntica, 2007.MARTINS, M. H.O que leitura. 17.ed. So Paulo: Brasiliense, 1994.METZ, C.Essais Semiotiques. Paris: Klincksieck, 2000.MIRANDA, M. G. Trabalho, educao e construtivismo: a redefinio da intelignciaem tempos de mudanas tecnolgicas.Educao & Sociedade, Campinas, v.51, 1995.PANOFSKY, E.Essais diconologie. Paris: Gallimard, 1967.

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    Atividades

    I Leia, atentamente, a pea a seguir e a analise. Para tanto, utilize a metodologiaabordada no captulo.