49% dos dissídios tiveram reajuste abaixo da inflação no 1º...

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1 Boletim 977/2016 – Ano VIII – 11/05/2016 49% dos dissídios tiveram reajuste abaixo da inflação no 1º trimestre, diz Dieese No primeiro trimestre de 2015, a fatia de dissídios que ficou abaixo da inflação era bem menor em relação a este ano: em janeiro estava em 1,1%; fevereiro, 9,1% e março 10% SÃO PAULO - Quase a metade das negociações salariais fechadas em todo o País no primeiro trimestre deste ano nos setores de indústria, comércio e serviços teve reajuste abaixo da inflação. Essa piora foi detectada por um levantamento preliminar feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Das 102 negociações fechadas entre janeiro e março, 49% obtiveram reajustes abaixo da inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a maioria registrou queda real de até 1% nos salários negociados em acordos coletivos. Em janeiro do ano passado, observa o técnico do Dieese, Luis Ribeiro, a fatia de categorias com reajustes abaixo da inflação estava em 42%, subiu para 47,7% em janeiro deste ano, recuo para 30,8% em fevereiro e atingiu 62,5% em março. No primeiro trimestre de 2015, a fatia de dissídios que ficou abaixo da inflação era bem menor em relação a este ano: em janeiro estava em 1,1%; fevereiro, 9,1% e março 10%. O técnico pondera que os dados deste ano são ainda preliminares e podem mudar, pois muitas categorias não fecharam acordos. De toda forma, a piora é nítida. Inflação "Esse avanço do número de negociações com queda real nos reajustes está relacionado como aumento da inflação", explica Ribeiro. O INPC acumulado em 12 meses até janeiro foi de 11,28%, em fevereiro atingiu 11,31% e em março desacelerou para 11,08%. Já em abril houve um nova desaceleração do INPC, que acumulou alta de 9,91% em 12 meses. Os 51% restantes das negociações concluídas no primeiro trimestre, 27,5% tiveram aumentos iguais à inflação e 23,5% reajustes acima da inflação, aponta o levantamento do Dieese. Apesar do aumento do desemprego, o técnico acredita que nos próximos meses as negociações salariais serão mais favoráveis aos trabalhadores por causa da perda de fôlego da inflação.

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Boletim 977/2016 – Ano VIII – 11/05/2016

49% dos dissídios tiveram reajuste abaixo da inflaç ão no 1º trimestre, diz Dieese No primeiro trimestre de 2015, a fatia de dissídios que ficou abaixo da inflação era bem menor em relação a este ano: em janeiro estava em 1 ,1%; fevereiro, 9,1% e março 10% SÃO PAULO - Quase a metade das negociações salariais fechadas em todo o País no primeiro trimestre deste ano nos setores de indústria, comércio e serviços teve reajuste abaixo da inflação. Essa piora foi detectada por um levantamento preliminar feito pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Das 102 negociações fechadas entre janeiro e março, 49% obtiveram reajustes abaixo da inflação apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a maioria registrou queda real de até 1% nos salários negociados em acordos coletivos.

Em janeiro do ano passado, observa o técnico do Dieese, Luis Ribeiro, a fatia de categorias com reajustes abaixo da inflação estava em 42%, subiu para 47,7% em janeiro deste ano, recuo para 30,8% em fevereiro e atingiu 62,5% em março.

No primeiro trimestre de 2015, a fatia de dissídios que ficou abaixo da inflação era bem menor em relação a este ano: em janeiro estava em 1,1%; fevereiro, 9,1% e março 10%. O técnico pondera que os dados deste ano são ainda preliminares e podem mudar, pois muitas categorias não fecharam acordos. De toda forma, a piora é nítida.

Inflação

"Esse avanço do número de negociações com queda real nos reajustes está relacionado como aumento da inflação", explica Ribeiro. O INPC acumulado em 12 meses até janeiro foi de 11,28%, em fevereiro atingiu 11,31% e em março desacelerou para 11,08%. Já em abril houve um nova desaceleração do INPC, que acumulou alta de 9,91% em 12 meses.

Os 51% restantes das negociações concluídas no primeiro trimestre, 27,5% tiveram aumentos iguais à inflação e 23,5% reajustes acima da inflação, aponta o levantamento do Dieese. Apesar do aumento do desemprego, o técnico acredita que nos próximos meses as negociações salariais serão mais favoráveis aos trabalhadores por causa da perda de fôlego da inflação.

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Segundo Ribeiro, a desaceleração da inflação conta mais do que o desemprego elevado na hora de negociar. E a tendência é que essa fatia de dissídios com reajustes abaixo da inflação diminua nos próximos meses, mesmo com a economia andando em marcha lenta.

Estadão Conteúdo

IBGE: produção cai em 12 dos 15 locais pesquisados

São Paulo - A produção industrial caiu em 12 dos 15 locais pesquisados no primeiro trimestre do ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do total, cinco localidades superaram a queda nacional de 11,7%.

Os locais com maior recuo no acumulado de janeiro a março foram Pernambuco, Espírito Santo e Amazonas, São Paulo e Minas Gerais, esse último ainda refletindo os efeitos do acidente da mineradora Samarco, em Mariana (MG), no final de 2015.

"São Paulo, que detém o maior e mais diversificado parque industrial, tem conseguido reduzir suas perdas desde o segundo trimestre de 2015. A trajetória ainda é insuficiente porque as retrações persistem, mas são cada vez menos intensas", destacou o Instituto Estudos Desenvolvimento Industrial (Iedi), em nota divulgada nesta terça-feira.

Na sequência de quedas aparecem Goiás (-10,2%), Rio de Janeiro (-10,0%), Santa Catarina (-8,7%), Paraná (-8,7%), Ceará (-8,6%), Rio Grande do Sul (-6,6%) e a região Nordeste (-4,4%) com retração ante igual trimestre de 2015.

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As únicas localidades que registraram aumento na atividade na comparação com os primeiros meses do ano passado foram Pará (10,8%), Mato Grosso (6,6%) e Bahia (3,8%).

Perspectiva

Segundo o Iedi, a indústria brasileira vem buscando o "fundo do poço" nos primeiros meses de 2016. "O desempenho no primeiro trimestre como um todo, frente ao último trimestre de 2015, com ajuste sazonal, também foi melhor para a grande maioria das regiões.

Algumas delas continuaram no campo negativo, mas suas quedas tornaram-se menores. Para outras, ao menos na margem, 2016 tem significado recuperação", destacou, em nota, o instituto.

Caso o movimento de redução no ritmo de perdas da indústria se confirme nos próximos meses, a esperada retomada da indústria pode ter início. "Seria muito bem-vindo que esse movimento se mantivesse", acrescentou o Iedi.

Jéssica Kruckenfellner

Governo lança linha de R$ 5 bi para micro e pequena empresa com dinheiro do FAT Linha, que ficará em vigor até dezembro de 2017, fo i aprovada na reunião do Codefat, formado por representantes de governo, trabalhadore s e patrões BRASÍLIA - O ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, anunciou nesta segunda-feira, 9, uma linha de R$ 5 bilhões para capital de giro de micro e pequenas empresas. Os recursos são provenientes do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), responsável pelo pagamento do seguro-desemprego e abono salarial. A linha, que vai ficar em vigor até dezembro de 2017, foi aprovada na reunião desta

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segunda-feira do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), formado por representantes do governo, dos trabalhadores e dos patrões.

Essa medida foi antecipada pelo jornal "O Estado de S. Paulo" há um mês e seguia a orientação da presidente Dilma Rousseff de desengavetar medidas de incentivo à economia às vésperas da votação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados.

O processo agora está no Senado e, caso seja aprovado, a presidente será afastada por até 180 dias.

Como contrapartida para ter direito aos empréstimos com juros mais baixos (entre 18% e 19,5% ao ano), as microempresas precisam se comprometer a manter o número de postos de trabalho durante 12 meses depois de pegar o financiamento e contratar um jovem aprendiz (para empresas acima de 10 funcionários).

Com as exigências, o ministério estima que vai manter, por um ano, 1,5 milhão de empregos com carteira assinada nos pequenos negócios e criar 100 mil vagas de novos aprendizes. A expectativa do governo é que 100 mil empresas sejam beneficiadas com a linha, com tíquete médio de R$ 50 mil.

O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, criticou a exigência de manter o número de postos de trabalho para ter direito ao financiamento. Segundo o ministro, a contrapartida foi pedida pelas centrais sindicais e teve o respaldo das entidades patronais.

O controle será feito no cruzamento dos dados dos bancos públicos com as informações mensais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

De acordo com Rossetto, o orçamento do FAT para este ano não foi alterado, apenas remanejado. Os R$ 5 bilhões, sendo R$ 3 bilhões do BNDES, seriam usados para financiar investimentos e agora serão realocados para a linha de capital de giro. "É uma iniciativa para apoiar as micro e pequenas empresas no que elas mais precisam, que é capital de giro", disse o ministro.

O prazo para o pagamento do empréstimo é de 35 a 48 meses e o período de carência vai de 6 a 12 meses.

Estadão Conteúdo

(FONTE: DCI dia 11/05/2016)

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Alta do desemprego provoca avanço de trabalho infor mal Por Camilla Veras Mota A desaceleração do mercado de trabalho em 2015 foi marcada pela precarização disseminada do emprego, aponta o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada no Boletim de Mercado de Trabalho. O efeito se estendeu sobre a renda. Por grau de instrução, o movimento atinge todas as faixas, com piora mais expressiva entre os mais escolarizados. O avanço de 4,8% na informalidade dos trabalhadores com ensino médio completo puxou o aumento do grau de informalidade como um todo, que avançou de 44,37% para 44,8%. O indicador foi calculado pelo Ipea com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Ele engloba todas as ocupações não cobertas pelo sistema de proteção social e possui apenas três desagregações ensino fundamental incompleto, cuja informalidade avançou 0,8% no ano, ensino fundamental completo ou médio incompleto (2,1%) e médio completo (4,8%). Na Análise do Mercado de Trabalho, o Ipea destaca que os jovens formam o grupo que mais tem sentido os efeitos da distensão do mercado de trabalho. Foi entre eles que, em 2015, o grau de informalidade mais cresceu: 2,4%, contra 1,7% entre aqueles que têm de 25 a 49 anos. A taxa de desemprego dessa população também foi a que mais avançou, passando de 15,30% no quarto trimestre de 2014 para 20,90% no quarto trimestre de 2015 avanço de 37,2%, superior ao observado entre aqueles com mais de 60 anos, de cerca de 19%. O cenário, na avaliação do Ipea, mais que um aumento das demissões nessa faixa etária, é consequência da oferta maior de trabalhadores jovens no mercado, movimento refletido no aumento expressivo da taxa de participação do grupo no ano passado, que cresceu 1,8 ponto percentual. O processo teria sido fomentado pela desaceleração expressiva da remuneração medida pela Pnad Contínua e também explica, de acordo com a análise, a maior procura por emprego pelo grupo que o IBGE chama de "não chefes de família". A taxa de participação como um todo cresceu de 60,9% no quarto trimestre de 2014 para 61,4% no mesmo período de 2015. A equipe do Ipea afirma considerar "preocupante" o quadro oferecido pelos indicadores do mercado de trabalho, que apontam crescimento expressivo da taxa de desemprego de 6,8% em 2014 para 8,5% em 2015, deterioração da renda e avanço da informalidade.

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(FONTE: Valor Econômico dia 11/05/2016)

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Funcionários da USP decidem entrar em greve na quin ta

Além de reajuste dos salários, o movimento reclama das medidas de economia tomadas pela instituição

ISABELA PALHARES - O ESTADO DE S. PAULO

SÃO PAULO - Funcionários da Universidade de São Paulo (USP) aprovaram a realização

de uma paralisação nesta quinta-feira, 12. Além do reajuste salarial, segundo o Sindicato

dos Trabalhadores da USP (Sintusp), o principal motivo do movimento grevista são as

medidas de economia tomadas pela administração da universidade, que vive grave crise

financeira. Segundo Magno de Carvalho, diretor do Sintusp, os servidores estão

preocupados com as limitações de atendimento no Hospital Universitário (que está com o

pronto-socorro infantil funcionando apenas de dia, não faz mais atendimento de

emergência oftalmológico e está encaminhando mulheres grávidas para outras unidades

de saúde). Eles também pedem a reabertura de vagas nas creches da instituição.

Ainda segundo Carvalho, a instituição estaria preparando a terceirização dos restaurantes

universitários - em novembro, o governo iniciou uma negociação para instalar restaurantes

Bom Prato nas três universidades paulistas. Outro motivo para a greve é que a reitoria

solicitou ao Sintusp para que desocupasse o imóvel de sua sede, na Escola de

Comunicação e Artes (ECA), na Cidade Universitária. “O reitor deu 30 dias (o prazo

venceu no último dia 6) para sairmos, mas não vamos desocupar. Ele quer acabar com o

sindicato para fazer o desmonte da universidade”, disse Carvalho. A universidade informou

que pediu a desocupação do sindicato tendo em vista a “regularização dos espaços da

USP e a necessidade do aproveitamento acadêmico da área”.

Reajuste. Com data-base em 1.º de maio, os servidores ainda não receberam nenhuma

proposta de reajuste. Eles pedem 12,8%, sendo 9,8% de reajuste inflacionário e 3% de

perdas anteriores. O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas

(Cruesp) informou que ainda está analisando um índice de reajuste salarial com “grande

responsabilidade e avaliando novos indicadores da economia”.

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Ações trabalhistas crescem e TST prevê 3 milhões de processos em 2016 Se a estimativa do presidente do Tribunal Superior do Trabalho se confirmar, o volume representará um aumento de quase 13% ante 2015; com menos verba, varas estudam reduzir expediente DANIEL WETERMAN E FELIPE NERIS - ESPECIAL PARA O ES TADO

SÃO PAULO - O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Ives Gandra da Silva

Martins Filho, prevê que três milhões de ações trabalhistas devem ingressar na Justiça em

todo o País este ano. Se a previsão se confirmar, o volume representará um aumento de

quase 13% em relação a 2015, quando as Varas do Trabalho receberam 2,66 milhões de

novos casos. Esse montante já havia representado um avanço de 5,1% na comparação

com 2014, segundo dados do TST.

O aumento é reflexo direto da crise econômica, segundo o ministro. As demissões têm

feito com que profissionais aumentem a cobrança de direitos devidos. No ano passado, o

País perdeu 1,5 milhão de postos de emprego, segundo o Cadastro Geral de Empregados

e Desempregados (Caged). A taxa de desocupação atingiu 10,9% no trimestre encerrado

em março, com a marca de 11,1 milhões de desempregados. "O tsunami vai chegar até

nós", alerta o ministro. E o aumento de novos processos, segundo ele, deve se somar a

outro problema: a redução de 90% nas despesas de investimento e de 29,4% nas de

custeio no orçamento de 2016 para a Justiça do Trabalho. "O impacto é tão grande que se

não conseguirmos reverter o corte, a partir de setembro vários tribunais não terão como

operar", diz.

Em São Paulo, segundo a desembargadora e presidente do TRT da 2ª Região, Silvia

Devonald, o efeito pode ser reduzir os horários de funcionamento do órgão. "Nós estamos

passando por um período muito ruim. Talvez tenhamos de diminuir o horário de expediente

e já estamos pensando em outras medidas que poderão causar prejuízo no andamento

dos processos." “Cobrança de verbas rescisórias, pagamento de horas extras, adicional de

insalubridade e recolhimento do FGTS estão entre os principais motivos das ações nas

varas”

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Procurado pela reportagem, o Ministério do Planejamento confirmou o corte, mas disse

que a Justiça do Trabalho tem autonomia para priorizar suas programações

orçamentárias. "É importante esclarecer que o Relatório de Avaliação do Primeiro Bimestre

de 2016 não indicou contingenciamento para a Justiça do Trabalho", diz a nota.

Motivos. Cobrança de verbas rescisórias, pagamento de horas extras, adicional de

insalubridade e recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) estão

entre os principais motivos das ações nas varas. "No caso de hora extra, empresas têm

reduzido o número de funcionários e eventualmente sobrecarregado os outros que tinham

um horário mais fixo", observa a advogada trabalhista Débora Arakak. No escritório onde

ela é gerente, a demanda de clientes por ações trabalhistas cresceu 22% em fevereiro

deste ano, na comparação com o mesmo mês de 2015.

Na opinião de Débora, profissionais que foram demitidos recentemente e identificam a

necessidade de cobrar algum direito tendem a entrar na Justiça de forma mais rápida do

que antes da crise econômica. A estimativa da especialista é de que os empregados

diminuíram de um ano para três meses o tempo para ingressar com uma ação.Os efeitos

começaram a ser sentidos no escritório em outubro de 2015. "Antes o empregado estava

menos preocupado com essa quantia (em dinheiro a ser ganho com uma ação), hoje a

situação afeta o poder de compra dele, que acaba agindo por detalhes, que antes não o

levariam à Justiça", diz. Mesmo empregados que ocupam cargos mais altos estão

processando empresas. "O aumento das demissões tem demandando trabalho na Justiça

até de um alto executivo que identifica algum pleito."

O aumento da informalidade, em função do desemprego, também causa efeitos no

Judiciário. "A flexibilização dos direitos trabalhistas em épocas de crise, como um

empregador de pequena e média que sente mais a crise e acaba contratando de forma

irregular por um período determinado, tem gerado processos", analisa Débora. A

advogada espera que o aumento no número de processos em função da crise se estenda

até o segundo semestre de 2017, quando a economia pode demonstrar recuperação. “Na

medida em que a empresa manda embora um funcionário e não paga salário e nem

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verbas rescisórias, é porque alguma coisa está errada, diz a desembargadora Silvia

Devonald”

Efeitos. O aumento de processos já vem sendo percebido. As Varas do Trabalho na

primeira instância receberam 660.837 processos judiciais de janeiro a março de 2016 no

País, um aumento de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já nos Tribunais

Regionais de São Paulo, órgãos de segunda instância, houve aumento de 4,9% no

primeiro trimestre deste ano, também ante o mesmo período de 2015. "Isso vem se

mantendo desde o ano passado. Na medida em que a empresa manda embora um

funcionário e não paga salário e nem verbas rescisórias, é porque alguma coisa está

errada", diz a desembargadora Silvia Devonald.

Na última instância, porém, o reflexo ainda não chegou. Nos três primeiros meses do ano,

o TST registrou o recebimento de 55.293 processos, 20,4% a menos que no mesmo

período de 2015. A redução de processos é efeito da Lei 13.015/2014, que restringiu a

possibilidade de recursos à Corte superior. "Os efeitos foram mascarados pela estatística,

a demanda está represada e vai desembocar aqui, é impossível que todos os tribunais

uniformizem a jurisprudência nesse tempo", disse Martins Filho. Pela lei, os Tribunais

Regionais devem definir a própria jurisprudência ao julgar casos semelhantes - evitando

que haja acúmulo de julgamentos na instância maior.

O presidente do TST defende que a última instância deve ficar apenas com o julgamento

de casos excepcionais para guiar os demais tribunais a adotar a mesma interpretação.

Neste ano, devem entrar na pauta do TST o julgamento de recursos referentes ao

pagamento de hora extra a bancários e à cobrança por danos morais pela exigência de

certidão de antecedentes criminais em empresas. "Minha esperança é que este ano

consigamos julgar mais rapidamente e ter tempo de estudar somente os processos com

matérias relevantes e cumprir nossa missão existencial", diz. Ele defende que empresas e

empregados priorizem acordos extrajudiciais. "O melhor caminho é a negociação e não

bater às portas da Justiça."

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Metade dos acordos salariais perde da inflação Levantamento preliminar do Dieese para 102 acordos fechados no período mostra uma piora nas negociações MÁRCIA DE CHIARA - O ESTADO DE S.PAULO

SÃO PAULO - Quase a metade das negociações salariais fechadas em todo o País no

primeiro trimestre deste ano nos setores de indústria, comércio e serviços teve reajuste

abaixo da inflação. Essa piora foi detectada por um levantamento preliminar feito pelo

Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Das 102

negociações fechadas entre janeiro e março, 49% obtiveram reajustes abaixo da inflação

apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a maioria registrou

queda real de até 1% nos salários negociados em acordos coletivos.

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Em janeiro do ano passado, observa o técnico do Dieese, Luis Ribeiro, a fatia de

categorias com reajustes abaixo da inflação estava em 42%, subiu para 47,7% em janeiro

deste ano, recuo para 30,8% em fevereiro e atingiu 62,5% em março.

No primeiro trimestre de 2015, a fatia de dissídios que ficou abaixo da inflação era bem

menor em relação a este ano: em janeiro estava em 1,1%; fevereiro, 9,1% e março 10%.

O técnico pondera que os dados deste ano são ainda preliminares e podem mudar, pois

muitas categorias não fecharam acordos. De toda forma, a piora é nítida.

Inflação. “Esse avanço do número de negociações com queda real nos reajustes está

relacionado como aumento da inflação”, explica Ribeiro.

O INPC acumulado em 12 meses até janeiro foi de 11,28%, em fevereiro atingiu 11,31% e

em março desacelerou para 11,08%. Já em abril houve um nova desaceleração do INPC,

que acumulou alta de 9,91% em 12 meses.

Os 51% restantes das negociações concluídas no primeiro trimestre, 27,5% tiveram

aumentos iguais à inflação e 23,5% reajustes acima da inflação, aponta o levantamento do

Dieese.

Apesar do aumento do desemprego, o técnico acredita que nos próximos meses as

negociações salariais serão mais favoráveis aos trabalhadores por causa da perda de

fôlego da inflação.

Segundo Ribeiro, a desaceleração da inflação conta mais do que o desemprego elevado

na hora de negociar. E a tendência é que essa fatia de dissídios com reajustes abaixo da

inflação diminua nos próximos meses, mesmo com a economia andando em marcha lenta.

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Funcionários suspendem produção na Volvo de Curitib a Trabalhadores fazem greve contra demissões; na Ford , no ABC paulista, também houve protesto na segunda-feira CLEIDE SILVA - O ESTADO DE S.PAULO SÃO PAULO - Funcionários da Volvo, que fabrica caminhões e ônibus em Curitiba (PR), suspenderam a produção ontem em protesto contra a intenção da empresa de demitir 400 trabalhadores, de um total de 3,2 mil. Na segunda-feira, operários da Ford de São Bernardo do Campo (SP) também fizeram greve de 24 horas após a empresa informar que não pretende renovar a adesão ao Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e o lay-off (suspensão de contratos de trabalho) - ambos vencem em junho. A montadora informou ainda ter um excedente de 1.110 trabalhadores, de um total de 4 mil. “Além das demissões, a Volvo quer que os trabalhadores abram mão até mesmo da reposição da inflação nos salários deste ano e de R$ 5 mil da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que ainda não tem valor definido”, disse o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Curitiba, Nelson Silva de Souza. No ano passado, foram pagos R$ 12 mil em PLR. O sindicalista disse que os trabalhadores rejeitaram a proposta em assembleia ontem pela manhã e também querem que, se não tiver alternativa às demissões, que ao menos a empresa pague incentivos extras a quem for desligado. Hoje haverá nova assembleia e a paralisação pode ser mantida, disse Souza. Em nota, a Volvo lamentou a paralisação de ontem “feita num período de grandes dificuldades da indústria automotiva brasileira e justamente quando a empresa vem buscando alternativas para minimizar os impactos da crise no setor.” Já o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que a Ford pretende revisar cláusulas econômicas do acordo coletivo, como alterações na tabela salarial e na PLR e congelamento de salários. “Não dá pra aceitar uma negociação sem contrapartida, que rebaixa direitos, conquistas e condições de trabalho que tanto lutamos para conseguir”, disse o presidente da entidade, Rafael Marques. Ele defende a renovação do PPE e do lay-off, mecanismos adotados em períodos de crise. A Ford apenas informou, em nota, que “está em negociação com o sindicato para tratar da significativa queda no volume de produção da indústria automotiva e os consequentes impactos na força de trabalho da empresa.” A Mercedes-Benz e a Volkswagen, ambas de São Bernardo, também afirmam ter, respectivamente, 2 mil e 1.060 trabalhadores excedentes. (FONTE: Estado de SP dia 11/05/2016)

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