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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DECEx - DFA - DEPA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DO EXÉRCITO E COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR 1º Ten Al ALEXANDRE COUTO TSIOMIS LEVANTAMENTO DO EFETIVO REAL DE CÃES DO EXÉRCITO BRASILEIRO E COMPARAÇÃO COM OS DADOS DISPONÍVEIS PELA SEÇÃO DE REMONTA E VETERINÁRIA DA DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DO COMANDO LOGÍSTICO DO EXÉRCITO BRASILEIRO Salvador 2010

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MINISTRIO DA DEFESAEXRCITO BRASILEIRO DECEx- DFA-DEPA ESCOLA DE ADMINISTRAO DO EXRCITO E COLGIO MILITAR DE SALVADOR 1 Ten Al ALEXANDRE COUTO TSIOMIS LEVANTAMENTO DO EFETIVO REAL DE CES DO EXRCITO BRASILEIRO E COMPARAO COM OS DADOS DISPONVEIS PELA SEO DE REMONTA E VETERINRIA DA DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DO COMANDO LOGSTICO DO EXRCITO BRASILEIRO Salvador 2010 ALEXANDRE COUTO TSIOMIS LEVANTAMENTO DO EFETIVO REAL DE CES DO EXRCITO BRASILEIRO E COMPARAO COM OS DADOS DISPONVEIS PELA SEO DE REMONTA E VETERINRIA DA DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DO COMANDO LOGSTICO DO EXRCITO BRASILEIRO TCC EsAEx 2010 1 Ten Al ALEXANDRE COUTO TSIOMIS LEVANTAMENTO DO EFETIVO REAL DE CES DO EXRCITO BRASILEIRO E COMPARAO COM OS DADOS DISPONVEIS PELA SEO DE REMONTA E VETERINRIA DA DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DO COMANDO LOGSTICO DO EXRCITO BRASILEIRO Trabalho de Concluso de Curso apresentado ComissodeAvaliaodeTrabalhos CientficosdaDivisodeEnsinodaEscola deAdministraodoExrcito,como exigncia parcial para a obteno do ttulo de EspecialistaemAplicaesComplementares s Cincias Militares. Orientador:CapitoQCOJosMaria Ferreira Jnior Salvador 2010 1 Ten Al ALEXANDRE COUTO TSIOMIS LEVANTAMENTO DO EFETIVO REAL DE CES DO EXRCITO BRASILEIRO E COMPARAO COM OS DADOS DISPONVEIS PELA SEO DE REMONTA E VETERINRIA DA DIRETORIA DE ABASTECIMENTO DO COMANDO LOGSTICO DO EXRCITO BRASILEIRO Trabalho de Concluso de Curso apresentado ComissodeAvaliaodeTrabalhos CientficosdaDivisodeEnsinodaEscola deAdministraodoExrcito,como exigncia parcial para a obteno do ttulo de EspecialistaemAplicaesComplementares s Cincias Militares. Aprovado em: ______ / ________________ /2010 _____________________________________________________ XXXXXXXXXXXXXXXX PATENTE Presidente Escola de Administrao do Exrcito _________________________________________________ XXXXXXXXXXXXXXXX PATENTE 1 Membro Escola de Administrao do Exrcito ______________________________________________________ XXXXXXXXXXXXXXXX PATENTE 2 Membro Escola de Administrao do Exrcito Dedico este trabalho ao grande amor da minhavida,minhaesposaAnaPaula FalciDaibert,pelocarinhoeamor dispensados, fazendo com que apesar da distnciaentrenssergrande,fosse possvel senti-la prxima. AGRADECIMENTOS Agradeoatodosmeuscompanheirospelosuporteoferecidoduranteocurso,que fizeram com que os desafios apresentados fossem mais facilmente ultrapassados. Agradeoaosmeusinstrutorespeladedicaoepacincianatransmissode conhecimentos que muito contriburam para minha formao como militar. Agradeoaminhafamliapeloapoioeconfianaemmimdepositadosdurantetoda minha vida. MeusagradecimentosaoExrcitoBrasileiro,pelaoportunidadederealizaodesta pesquisa. Agradeo a minha esposa simplesmente por ela existir e me fazer um homem feliz. Agradeo, sobretudo a Deus pois, sem ele, nada seria possvel. RESUMO Ousodecescomoinstrumentoauxiliardasforasarmadasmuitoantigo.Suautilizao atualmente compreendeseu uso em situaes de combate, segurana de tropas, vigilncia de instalaeselocalizaodeexplosivoseentorpecentes,almdeoutrostiposdeemprego menos usuais. Para o ExrcitoBrasileiro em 2005, atravs da publicaodasNormas parao Controle de Caninos naFora Terrestre (NORCCAN), ficou definido que o co militar seria utilizadoparaocumprimentodasseguintesfunes:guardapessoal,guardadeinstalaes, farejodesubstnciasentorpecentes,farejodeexplosivos,controlededistrbioscivise patrulhamento. Para gerenciar este efetivo to importante no auxlio da defesa da soberania da ptria,sefaznecessrioumbomcontroleeconhecimentodonmerototaldeanimais existentesnaforaesuadistribuionasOrganizaesMilitares(OM),permitindouma melhoralocaoderecursos(alimentos,vacinas,medicamentosetc.),almdo estabelecimentodeestratgiasparasubstituiodeanimaisdeidadeavanadaouinvlidos, semocomprometimentodaqualidadedosserviosprestadosporestesces,reciclagemdos animaiseadestradoresatravsdeprogramasdeeducaocontinuadaeageraodedados estatsticosquepoderiamidentificarfalhasnomanejodestesanimais,podendoverificara necessidadedaimplantaodemedidascorretivas.Atravsdaaplicaodequestionrios enviados s OM que possuem efetivo canino, levantando a populao existente em cada uma delas, alm de outras relevantes informaes de cada um desses animais, confrontando com os dadosdisponibilizadospelaSeodeRemontaeVeterinria(SRV),procurou-severificara confiabilidade dos dados disponveis para o Exrcito Brasileiro (EB). O questionrio avaliou tambmadistribuioetria,racialedeutilizaodestesanimaisnaForaTerrestre.Com basenosresultadosconstatou-sequeosdadosdisponveisnaSRVnocondizemcomo efetivorealdoscesexistentesnasOM,queonmerodecesjulgadosnecessriospelos militaresresponsveispeloscanisseaproximavamaisdoefetivorealdoquedonmerode ceshomologadospelaSRV.Foipossveltambmconstatarqueamaiorpartedoefetivo caninodoEBjovem.Adistribuioracialtambmmarcante,sendoaraaPastorBelga Malinoisamaisprevalente.Adistribuioracialtambmdiferiubastanteaocompararmos unidadesoperacionaisenooperacionais.Conclui-sequeexisteanecessidadedarealizao deestudosposterioresafimdeseconhecermelhordadosdoefetivocaninodoEB, permitindo assim uma gesto mais eficiente. Palavras-chave: Ces de Guerra. Exrcito. Levantamento. ABSTRACT The use of dogs as an auxiliary instrument in the army have a long history starting in ancient times.Nowadays,theyareusedinseveralcombatsituations,providingsafetytothetroops, surveillanceoffacilities,tolocateexplosivesandnarcotics,andotherlesscommontypesof employment.TheirusesinBrasilianArmyisregulatedbytheNormasparaoControlede Caninos na Fora Terrestre (NORCCAN), that determines that the military dog would be used as:personalguard,facilitiesguard,narcoticstracking,explosivestracking,controlofcivil disturbancesandpatrolling.InordertoeffectivelymanagetheseanimalsintheForce,its fundamentaltoknowthetotalnumberofanimalskeptinthearmyanditsdistributionin MilitaryOrganizations(MO),allowingbetterallocationofresources(food,vaccines,drugs etc..) and the establishment of strategies for replacement of animals incapacitated for service, withoutcompromisingthequalityofservicesprovidedbythesedogs,andthegeneration statisticaldatathatcouldimprovethehandlingbysugestingcorrectivemeasures.Through theapplicationofquestionnairessenttoMOthathavedogs,caninepopulationinformation was asseyed, determining the number of dogs, its age, main uses and racial distribution. This data was compared with the data provided by Seo de Remonta e Veterinria (SRV), in order toverifythereliabilityofdataavailablebytheBrazilianArmy.Itwasfoundthatthedata available in the SRV differs to the real number of existing dogs. The number of dogs tought to benecessarybythemilitarykennelsresponsiblewasclosertotherealnumberofexisting dogsthanthenumberofdogsenlistedbySRV.Thenumberofyoungmilitarydogsinthe Forceisbiggerthanthenumberofolderdogs,whoaremoreexperience,showingthatdogs are been retired from work at early ages. The Belgian Shepherd Malinois is the most prevalent breed.Theracialdistributionwasquitedifferentwhencomparingnon-operationaland operationalunits.Itwasfoundthatfurtherstudyisimperativeinordertoknowbetterthe brazilian military dogs population, allowing a more efficient management of this resource. Key-words: Military Dogs. Brazilian Army. LISTA DE ILUSTRAES Figura 1 Co de combate do exrcito americano em treinamento contra guerrilha urbana. ............................................................................................................................................. 17 Figura 2 Co em treinamento de farejamento e identificao de minas terrestres.............................................................................................................................. 17 Figura3Comilitarinspecionandomalasemaeroportoembuscadedrogase/ououtras substncias perigosas .......................................................................................................... 20 Figura 4 Co do exrcito Americano procurando por explosivo e armas em escombros durante operao em Bagd, Iraque ................................................................................... 20 Figura5PrisioneirosendoameaadoporumsoldadoAmericanoeumcode guerra................................................................................................................................... 21 LISTA DE GRFICOS Grfico 1 Grfico demonstrando a distribuio do efetivo canino pelos Comandos Militares de reas. CMO Comando Militar do Oeste; CMSE Comando Militar do Sudeste; CMA Comando Militar da Amznia; CMNE Comando Militar do Nordeste; CMP Comando Militar do Planalto; CMS Comando Militar do Sul; CML Comando Militar do Leste......................................................................................................................................... 23 Grfico2GrficodemonstrandoarelaoexistenteentreOMcomoquadrodeces completos e incompletos.......................................................................................................... 24 Grfico 3 Representao da distribuio dos ces nos Comandos Militares de reas segundo sua situao.............................................................................................................................. 25 Grfico4Representaodadistribuiodoscesna1RegioMilitar(RM)doComando MilitardoLeste(CML)segundosuasituao.SRVSeodeRemonta Veterinria................................................................................................................................ 26 Grfico 5 Representao da distribuio dos ces na 2 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Sudeste (CMSE) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria................................................................................................................................ 26 Grfico6Representaodadistribuiodoscesna3RegioMilitar(RM)doComando MilitardoSul(CMS)segundosuasituao.SRVSeodeRemonta Veterinria................................................................................................................................ 27 Grfico 7 Representao da distribuio dos ces na 5 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Sul (CMS) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria................................................................................................................................ 27 Grfico8Representaodadistribuiodoscesna6RegioMilitar(RM)doComando MilitardoNordeste(CMNE)segundosuasituao.SRVSeodeRemonta Veterinria................................................................................................................................ 28 Grfico 9 Representao da distribuio dos ces na 7 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Nordeste (CMNE) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria................................................................................................................................ 28 Grfico 10 Representao da distribuio dos ces na 8 Regio Militar (RM) do Comando Militar da Amaznia (CMA) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria................................................................................................................................ 29 Grfico 11 Representao da distribuio dos ces na 9 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Oeste (CMO) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria................................................................................................................................ 29 Grfico 12 Representao da distribuio dos ces na 11 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Planalto (CMP) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria................................................................................................................................ 30 Grfico 13 Representao da distribuio dos ces na 12 Regio Militar (RM) do Comando Militar da Amaznia (CMA) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria................................................................................................................................ 30 Grfico 14 Representao da distribuio dos ces da Fora Terrestre no territrio brasileiro. SRV Seo de Remonta Veterinria ................................................................... 31 Grfico 15 Representao da distribuio etria dos ces de guerra do Exrcito Brasileiro.................................................................................................................................. 33 Grfico 16 Representao da distribuio percentual de aptido do efetivo canino no territrio brasileiro. EB Exrcito Brasileiro ......................................................................... 34 Grfico 17 Representao da distribuio percentual de aptido do efetivo canino em unidades da Polcia do Exrcito .............................................................................................. 35 Grfico 18 Representao da distribuio percentual de aptido do efetivo canino em unidades logsticas .................................................................................................................. 35 Grfico 19 Representao da distribuio percentual das raas do efetivo canino no territrio brasileiro .................................................................................................................. 36 Grfico 20 Representao da distribuio percentual das raas do efetivo canino em unidades da Polcia do o.......................................................................................................... 37 Grfico 21 Representao da distribuio percentual das raas do efetivo canino em unidades logsticas do o........................................................................................................... 37 SUMRIO 1 INTRODUO .........................................................................................................11 2 REFERENCIAL TERICO ...................................................................................14 2.1 HISTRICO DO EMPREGO DE CES DE GUERRA ....................................14 2.1.1 Ces anti-tanque ......................................................................................16 2.1.2 Ces de combate ......................................................................................16 2.1.3 Deteco e farejamento de minas terrestres .........................................17 2.1.4 Batedores ..................................................................................................18 2.1.5 Sentinelas ..................................................................................................18 2.1.6 Garantia da lei e da ordem .....................................................................19 2.1.7 Deteco de drogas e armamento ...........................................................19 2.1.8 Intimidao ..............................................................................................20 2.2 ORGANIZAO DO EFETIVO CANINO NO EXRCITO BRASILEIRO21 3. REFERENCIAL METODOLGICO...................................................................22 4. APRESENTAO E ANLISE DOS DADOS .................................................23 4.1 ANLISE DO QUANTITATIVO DO EFETIVO CANINO NAS REGIES MILITARES E EM TODO O BRASIL........................................................................25 4.2 ANLISE DA DISTRIBUIO ETRIA DO EFETIVO DE CES DE GUERRA NO BRASIL ........................................................................................................................ 32 4.3 ANLISE DA DISTRIBUIO DAS FUNES EXECUTADAS PELOS DE CES DE GUERRA DO EXRCITO ....................................................................................33 4.4 ANLISE DA DISTRIBUIO DAS RAAS DOS CES DE GUERRA DO EXRCITO ...................................................................................................................35 5. CONCLUSO ..........................................................................................................38 REFERNCIAS...........................................................................................................40 APNDICE .................................................................................................................43

12 1 INTRODUO OusodecesnasForasArmadasmuitoantigo,existindorelatosquedatamde antesdeCristo.Asfunesdoscesmilitares,desdeento,variarammuitoehojeemdia estes so utilizados em diversas misses (NEWTON, 2008).Alguns empregos mais comuns, atualmente,incluemseuusoemsituaesdecombate,seguranadetropasevigilnciade instalaes. Alm destes usos, os ces de guerra (ces militares) podem ser utilizados para identificar/localizar explosivos e entorpecentes atravs do faro, assumindo grande importncia no combate ao terrorismo e trfico de drogas e armas (TOFOLI, 2006). Outros usos inusitados podemserdestacados.OServioAreoEspecial(SpecialAirService),foraespecialdo exrcitobritnico,temutilizadocesemmissesdeespionagemnoIraqueeAfeganisto, aps serem lanados depra-quedas junto com as tropas, objetivando encontrar esconderijos inimigos e revelando emboscadas atravs do uso de pequenas cmeras de vdeo presas s suas cabeas (PARAN-ONLINE, 2008). ConformeestabelecidopeloComandoLogsticodoExrcitoBrasileiroem2005, atravsdapublicaodasNormasparaoControledeCaninosnaForaTerrestre (NORCCAN),ficoudefinidoqueocomilitarseriautilizadoparaocumprimentodas seguintes funes: guarda pessoal, guarda de instalaes, farejo de substncias entorpecentes, farejo de explosivos, controle de distrbios civis e patrulhamento (BRASIL, 2005).Comotodososseresvivos,oscesdeguerraenvelhecem,podemficardoentese morrem, ocasionando afastamento temporrio ou definitivo do servio (MOORE et al, 2001).Alm do envelhecimento, outras causas comuns de descarga destes animais incluem doenas em virtude de escolhagentica inadequadae/oumanejo incorreto (tratamento, treinamento e uso). A retirada destes animais da atividade representa a perda de um importante elemento de servio,dosrecursosutilizadosparaaobtenodestesanimais,valoresdespendidosemseu treinamento e tratamento, alm da perda de ces mais experientes, que executam seu trabalho com maior confiabilidade (EVANS et al, 2007).O conhecimento do nmero real do efetivo canino pode tornar possvel o levantamento dediversasinformaes,porexemplo,dosmotivosdedescargadoscesdeguerrado ExrcitoBrasileiro(EB),viabilizandoaadoodeplanoscorretivosafimdeprolongara utilizaodessescesouestratgiasdesubstituiodosanimaisexistentesporraasmais longevas,prolongandoseutempodeservio.Oreconhecimentoderaasmaisaptasa determinados servios emais longevas tambm poderia tornar possvel o estabelecimento de 13 umprogramadecriaodeanimaiscadavezmaisadaptadossmaisdiversasfunesem unidades militares com diferentes perfis, tais como depsitos de suprimentos ou unidades de polcia do exrcito (EVANS et al, 2007).Entretanto,aeficciadoestabelecimentodemedidasestratgicasdestamagnitude dependeriatotalmentedaconfiabilidadedasinformaesqueosrgosmilitarespossuem. SegundoChiavenato(2000),administrarbemrecursospessoaisemateriaisspossvel atravsdarealizaodeumtrabalhoeficienteeeficaz.Paraqueissoocorrasonecessrias vriasaes,conhecidascomoosquatropilaresdaadministrao:oplanejamento,a organizao,adireoeocontrolederecursos.Portanto,paraqueoefetivocaninodo Exrcito Brasileiro seja bem administrado, preciso conhecer a quantidade de ces presentes nasorganizaesmilitares,almdeoutrasinformaesintimamenterelacionadasaestes animais, tais como idade, raa, tipo de emprego entre outras. Uma das formas mais comuns de levantamentodoefetivodepopulaesarealizaodecensosquepodemincluiremsuas pesquisas informaes qualitativas e quantitativas do objeto de estudo (BRASIL, 2005b). Oprincipalobjetivodestetrabalhodeterminaronmerorealdecespresentesnas OrganizaesMilitaresrelacionadasnaSeodeRemontaeVeterinria(SRV)como possuidorasdeces,atravsdaaplicaodeumquestionrio,comparandoosnmeros obtidosemaditamentos doComandoLogsticodoExrcitoBrasileiro,permitindoassimum melhor gerenciamento destes animais pela Fora Terrestre Brasileira.Apartirdaaplicaodestequestionrio,informaescomoperfilracial,idadedos ceseprincipaisusosdecadaumdelespodemserobtidos,constituindoosobjetivos secundrios do presente estudo: Levantar a distribuio dos efetivos por Comandos Militares de rea; Analisar a distribuio etria do efetivo canino; Verificar a distribuio racial do efetivo canino; Relacionar os principais usos do efetivo canino na Fora Terrestre. Comrelaoorganizaocapitular,estapesquisaencontra-seestruturadaemseis captulos, j incluindo a Introduo como primeiro captulo. Nocaptulo2,apresentadooReferencialTerico,discorrendosobreaimportncia da utilizao dos ces pelas Foras Armadas atravs dos tempos e suas principais utilizaes atualmente. 14 Nocaptulo3,apresentamosoReferencialMetodolgico,esclarecendootipode pesquisa,ashiptesesdeestudo,osprocedimentosadotadosparaobtenodosdadoseos objetivos geral e especficos do trabalho. No captulo 4, os resultados obtidos so apresentados na forma de grficos, permitindo aanlisedosdadosobtidoscomointuitodeconhecermelhoropanoramadocontroledo efetivocaninonoExrcitoBrasileiropelasuaseoadministrativacompetente,aSeode Remonta e Veterinria (SRV) do Comando Logstico (COLOG). Para finalizarmos, aps a anlise dos dados, no captulo 5 apresenta-se a concluso da pesquisa, relacionando os objetivos propostos anlise realizada dos dados. 15 2 REFERENCIAL TERICO Os ces de guerra sempre tiveram grande importncia nas Foras Armadas. Por muitas vezes,elescontriburamparaprotegerepouparavidadecombatentesdeexrcitos (NEWTON, 2008). 2.1 HISTRICO DO EMPREGO DE CES DE GUERRA Estudiosos estimam que o co comeou a ser domesticado aproximadamente a15.000 anosatrs.Comodesenvolvimentodosconhecimentosdagentica,ohomemcomeoua selecionaroscruzamentosdosces,criandogruposcomdiferentesaptides.Atravsdesse processo,foramdesenvolvidascentenasdediferentesraasdeces,tornandoestaaespcie queapresentaamaiorvariaocomportamentalemorfolgicanomundo(SPADY; OSTRANDER, 2007).Supe-sequeaaproximaodocoehomemdesenvolveu-sedeumarelaode simbioseentreestes.Oscescontribuamparaasanitizaodospovoamentos,consumindo restosdealimento,auxiliavamnacaautilizandoseufaroapurado,almdefuncionarem comovigias,alertandoohomemdapresenadepredadoresouestranhos.Emcontrapartida, os ces utilizavam-se das habilidades de caa do homem de forma a obter alimento de forma mais fcil e com maior regularidade (TACON; PARDOE, 2002).

SegundomatriapublicadapeloTheNewYorkTimesem1915,ousodoscescom finalidade militar muito antigo (Quadro 1). Existem relatos de sua utilizao pelos egpcios, gregos, persas, bretes e romanos.OscesmolossosdeEpyrus,dosquaisdescendearaaMastimNapolitano,foram criadospelosromanosespecialmenteparaabatalha.Concomitantemente,osbretes selecionaramsuaprpriaraadecesdeguerra(atualMastiff)quevenceramseusrivais candeosromanosgraassuaponderosamordida.ApsodomniodaBretanhapelos romanos, estes exportaram exemplares desta raa para Roma e a disseminaram para o restante domundoconhecidodapoca.Erarotineiroousodecoleirasprotetorascomespinhose armadurasparaseuscorpos.Osromanospossuamdestacamentosmilitaresdeataque compostos, quase que exclusivamente, por ces. 16 ANORELATO DE USO 628 ACOs Lidianos utilizaram um peloto especfico de ces de guerra 525 ACOs Persas utilizaram enormes ces contra os lanceiros e arqueiros egpcios 490 ACGregos utilizaram ces de guerra na Batalha de Maratona 385 ACOscesimpediramachegadadereforosduranteocerco Matineia 101 ACGrandescescomandadospormulheresajudaramnadefesade sua caravana na Batalha de Ver 1525Henrique VIII enviou 400 Mastiff para auxlio Espanha 1580ElizabeteIenvia800cesdecombateparalutardurantea rebelio de Desmond 1799Napoleoincorporouumgrandenmerodecesdeguerraem suas tropas 1914O exrcito Belga utilizou grandes ces para puxar pequenos carros com metralhadoras pesadas atravs dos campos de batalha 1914-1918Ces so utilizados para entregar mensagens vitais 1941-1945Os Soviticos utilizaram ces com bombas acopladas para destruir tanques alemes invasores 1943-1945Os marines dos EUA utilizaram ces para auxiliar na retomada de ilhas do pacfico das tropas japonesas 1966-1973Foramutilizados,pelosEUA,naguerradoVietn, aproximadamente5.000ces,porestimativa,salvandomaisde 10.000 vidas americanas 1979-1988Os soviticos utilizaram ces para rastreamento e identificao das foras inimigas no Afeganisto Quadro 1 Histrico do uso dos ces com finalidades militares Fonte:Newton, 2008. Pode-se,ainda,citaroutrosexemplosdoempregodessaespcieemguerrasem combate corpo a corpo, como pelo exrcito de tila, o Huno, pelos espanhis na subjugao dospovosnativosamericanosoupelosirlandesesnadefesadesuanaocontraainvaso pelos cavaleiros Normandos (NEWTON, 2008).17 Comocitadoanteriormente,duranteahistriaoscesvemdesempenhandodiversas funesnoauxliodohomemematividadesmilitares,taiscomomensageiros,vigias, batedores, mascotes entre outras funes (NEWTON, 2008). Podemosdestacaralgumasdesuasutilizaesduranteostempos:cesanti-tanque, ces de combate, deteco e farejamento de minas terrestres, batedores, sentinelas, garantia de lei e da ordem, deteco de drogas e armas, intimidao, entre outras menos usuais. 2.1.1Ces antitanque Durante a Segunda Guerra Mundial, a Unio Sovitica treinou ces anti tanques. Estes ceseramtreinadosparaencontrarcomidaembaixodostanques.Eleseramsubmetidosa perodos de fome at o incio das batalhas, durante as quais eles eram liberados para procurar seualimento,equipadoscommochilascontendoexplosivos.Omecanismodedetonaoera acionadoquandooscesentravamembaixodosveculosblindadosdosinimigos,fazendo comqueumfusvelposicionadoemsuascostassequebrasse,destruindooudesabilitandoo tanque.Agrandedesvantagemdesteusoeraamortedoco,quenecessitariaserreposto. Relatos indicam que estes ces eram extremamente efetivos na eliminao de tanques inimigos, tendo em algumas batalhas destrudo 11 veculos alemes. Eles eram considerados to perigosos que os soldados alemes receberam ordens para atirar e eliminar qualquer co a vista.Oprojetofoiabandonadoporqueoscesnoeramcapazesdedistinguirostanques amigos e eram facilmente afugentados, apesar da fome (K-9 HISTORY, 2010). 2.1.2Ces de combate Na antiguidade, ces de grande porte eram equipados com armaduras e enviados para ocombateparaatacardiretamenteoinimigo.Estaestratgiafoimuitoutilizadana antiguidadepormuitospovos,comoosgregoseromanos,pormfoipraticamente abandonadacomodesenvolvimentodasarmasmodernas,querapidamentesocapazesde eliminar um grande nmero de ces deguerra. Entretanto, em algumas incurses em lugares pequenosoufechadoscomoabrigos,cavernasedomiclios,oscesaindapodemser 18 empregados,utilizandoinclusivecoletesaprovadebalascomoobservadonaFigura1(K-9 HISTORY, 2010). Figura 1: Co de combate do exrcito americano em treinamento contra guerrilha urbana. Disponvel em < http://en.wikipedia.org/wiki/Military_dog> Acesso em 10 abril 2010. 2.1.3Deteco e Farejamento de Minas Terrestres Muitoscessotreinadosparalocalizarminasterrestres(Figura2).Estatarefa extremamentecansativaparaosanimaiseassessesdetrabalhosdevemsercurtas, aproximadamente30minutos.Essestambmpodemserutilizadosnasbuscasporfugitivos, devido a sua grande habilidade em seguir um gradiente olfativo (SMITH, 2001). 19

Figura 2: Co em treinamento de farejamento e identificao de minas terrestres. Disponvel em Acesso em 10 abril 2010. 2.1.4Batedores Algunscessotreinadospara,silenciosamente,localizararmadilhaseinimigos escondidos,taiscomosnipers.Ofaroeaaudiodoscessoextremamenteeficientes, fazendocomqueestesdetectemosperigosmaisfacilmentequeoshumanos.Essesces foram amplamente utilizados na Segunda Guerra Mundial e Vietnan, detectando emboscadas, armadilhas, inimigos ocultos na vegetao e sob a gua (RUBENSTEIN, 1969). 2.1.5Sentinelas Um dos primeiros usos militares do co foi como sentinela, defendendo instalaes ou outras reas de interesses durante o dia e, principalmente, noite. Sua funo latir a fim de alertarosguardasdapresenadeestranhos.Nahistriamilitar,foidemonstradoquea utilizaodecessentinelaspermiteadetecoerpidamobilizaocontraosinimigos. Inimigos capturados quando interrogados quanto presena de ces sentinelas relatam medo e respeitoaosces.bastantecomumousodecessentinelasembasesmilitaresemtodoo mundo (WALLER, 2007). 20 Emboraocodeguerracontemporneopossuagrandeimportnciadesempenhando diversasfunesnasForasArmadas,assimcomoseuantecessoresnaantiguidade,suas funes, hoje em dia, raramente so desempenhadas na linha de contato em conflitos. Tradicionalmente,araamaisempregadamilitarmentetemsidooPastorAlemo, pormoutrasraasdemenorporteouolfatomaisapuradotmsidoutilizadasemmisses especficas,taiscomooPastorBelgaMalinois(MOTT,2003).OExrcitoBrasileiro emprega, alm destas raas, o Rottweiler, Dobermann e Labrador (BRASIL, 2005). Todos os ces de guerra, aps treinamento, so conduzidos por um indivduo nico chamado treinador, condutorouhandler(manipuladornalnguainglesa).Emboraumhandlernopermanea comummesmocodurantetodasuacarreira,estespermanecemjuntosporpelomenosum ano, mas, em alguns casos, este perodo pode se prolongar bastante (MILES, 2010). 2.1.6Garantia da Lei e da Ordem Os ces exercem importante funo no auxlio da manuteno da lei e da ordem pelo exrcito,emespecialpelaPolciadoExrcito(PE).Suasfunescompreendemdesde perseguiodesuspeitos,guarda,defesadocondutoreatmesmointimidaoeauxliono controle de distrbios pblicos (MOTT, 2003). 2.1.7Deteco de Drogas e Armamento Oscesmilitarespodemsertreinadosparaidentificarpraticamentequalquertipode substnciapsicoativailcita(Figura3),mesmoqueapresenteapenastraosdestasdrogasou atmesmoquandoestaseencontraseladaemrecipientes.Essesanimaisgeralmenteso utilizados em aeroportos, portos e postos fronteirios (DO VALLE, 2009).Oscesmilitarestambmpodemsertreinadosparaidentificarexplosivos(Figura4), sendoextremamenteteisempostosfronteirios,patrulhaseminstalaes,estradasde instalaesmilitaresougovernamentais.Essescespodematingirumataxadesucessode mais de 98% na identificao de bombas (MOTT, 2003). 21 Figura 3: Co militar inspecionando malas em aeroporto em busca de drogas e/ou outras substncias perigosas. Disponvel em Acesso em 10 abril 2010. Figura4:CodoexrcitoAmericanoprocurandoporexplosivoearmasemescombrosduranteoperaoem Bagd, Iraque. Disponvel em Acesso em 10 abril 2010. 2.1.8Intimidao Ousodecescomafinalidadedeintimidaroinimigo(Figura5)bastante controverso.Defensoresdestetipodeusoreforamqueaintimidaocausadanos prisioneirospodecontribuirnaextraodeinformaeseminterrogatrios,gerando informaes de contra-inteligncia importantes, significando ganhos estratgicos e at mesmo economia de vidas das tropas amigas (WHITE, 2010).22 Figura 5: Prisioneiro sendo ameaado por um soldado Americano e um co de guerra. Disponvel em Acesso em 10 abril 2010. 2.2 ORGANIZAO DO EFETIVO CANINO NO EXRCITO BRASILEIRO OExrcitoBrasileiroclassificaoscespresentesemsuasfileirasdeacordocomas Normas para o Controle de Caninos na Fora Terrestre (NORCCAN) em trs categorias: Ces homologados(oucarregados),aguardandohomologaoenohomologados.Dessas categorias,a Seo de Remonta e Veterinria(SRV) apenas mantm controle do nmero das duas primeiras (BRASIL, 2005). OExrcitoBrasileirodefiniunaNORCCANasatividadesondeoscesdeguerra podemserempregados,entreelasguardapessoaleinstalaes,farejodesubstncias entorpecentes e explosivos, operaes de garantia da lei e da ordem (GLO) e patrulhamento. Estedocumentoestabelecetambmtodasasraaspermitidas,comorealizadaa identificao destes animais, do controle reprodutivo, alm de normatizar o registro destes na SRV, atravs da sua incluso em carga, excluso de carga e homologao. 23 3 REFERENCIAL METODOLGICO Paraodesenvolvimentodotrabalho,foirealizadaumapesquisaaplicada,com caractersticasdescritivasdocumentaiselevantamentodedados.Estafoibaseadaemdados (boletinsinternoseaditamentos)obtidosnaSeodeRemontaeVeterinria(SRV), vinculadaDiretoriadeAbastecimentodocomandoLogsticodoExrcitoBrasileiro,em consultaaregulamentosenormasqueenvolvamasForasArmadas,sobretudonoqueest relacionado ao uso do efetivo canino na Fora Terrestre. Umquestionrio(ApndiceA)aplicadoviacorrespondnciaeletrnicaaosmilitares responsveis pelas sees de ces de guerra de cada uma das organizaes militares (OM) que possuamcesdeguerrafoiutilizado,constandodeinformaestaiscomoonmerorealde cespresentesemcadaumadelas,distribuioracial,idadeetiposdeempregodestes animais, visando-se obter um panorama atual da situao do efetivo de ces de guerra na fora terrestreesugerirmedidasquefavoreamaotimizaodesuautilizao,buscando operacionalidade e eficcia em seu uso.A anlise dos dados foi classificada como qualitativa, pois se trata de uma comparao dosdadosexistentesnaSRVeosobtidospelosquestionrios.SegundoAlves-Mazzottie Gewandsnajder(2002),aspesquisasqualitativaspodemutilizarvriosprocedimentose instrumentosdecoletadedados.Apesardaobtenodedadosnumricos,optou-seporeste tipo de abordagem descritiva ao invs de anlise estatstica quantitativa devido ao curto tempo disponvel e por esta ser mais simples.A anlise estatsticadestes dados pode ser o foco de estudos posteriores.Osresultadosapresentadosnocaptuloaseguirsopreliminares,umavezqueparte dasOMcontactadasaindanoretornaramosquestionriospreenchidoseaindasefaz necessrio o contato com algumas unidades. 24 4RESULTADOS E DISCUSSO Apartirdosprocedimentosdescritosnotpicoanterior,foramobtidososresultados expostos a seguir. OEBpossua,emDezembrode2009,segundooaditamenton25daDiretoriade Abastecimento,aoboletiminternon241doComandoLogstico,umefetivocanino totalizando 223 ces distribudos pelos Comandos Militares, como demonstrado no Grfico 1. Grfico1:DistribuiodoefetivocaninopelosComandosMilitaresdereas.CMOComandoMilitardo Oeste; CMSE Comando Militar do Sudeste; CMA Comando Militar da Amznia; CMNE Comando Militar do Nordeste; CMPComando Militar do Planalto; CMSComando Militar do Sul; CMLComando Militar do Leste.Fonte: BRASIL, 2010. Este efetivo de caninos poderia ser ainda maiorconsiderando queestoprevistas 297 vagasparacesdistribudospelasOrganizaesMilitares(OM)brasileiras,configurando assimexistnciade74claros.ComopodeserobservadonoGrfico2,apenas31%dasOM onde prevista a utilizao de ces se encontram com o plantel completo, corroborando para a constatao de uma subestimao do emprego destes animais na fora terrestre por parte de seus comandantes. 25 Grfico 2: Grfico demonstrando a relao existente entre OM com o quadro de ces completos e incompletos. Fonte: BRASIL, 2010. Os ces que pertencem ao EB podem se enquadrar em duas categorias, homologados e aguardando homologao. Os ces homologados so aqueles que j foram includos em carga na OM em que esto atravs da publicao em Aditamento de Suprimento ao Boletim Interno doComandoLogstico,conformeprevistopeloNORCANN(BRASIL,2005).Osno homologadossoaquelescujadocumentaoaindaestemanliseparaverificara necessidadedestesanimaisnasOMaquesedestinameapurarvciosdocumentais.O NORCANNdefineaindaqueoscespodemserincorporadossOMportransfernciade outraOM,poraquisioporcompra,poraceitaopordoao,pornascimentonosCentros deReproduodeCaninos(CRC)epordistribuiodoCRC.Adistribuiodoefetivode cespelosComandosMilitaresdereas,segundoestaclassificao,estdemonstradano Grfico 3. 26 Grfico 3: Distribuio dos ces nos Comandos Militares de reas segundo sua situao. Fonte: BRASIL, 2010. AtravsdaanlisedoquestionriodoAnexoA,foipossvelfazerumlevantamento qualitativo comparando o nmero real de ces existentes no Exrcito Brasileiro (EB), perfil de idade destes animais, perfil racial e principais usos deste efetivo. 4.1ANLISEDOQUANTITATIVODOEFETIVOCANINONASREGIES MILITARES E EM TODO O BRASIL Nosgrficosabaixo(Grficos4,5,6,7,8,9,10,11,12e13),obtidosatravsda tabulaodosdadosobtidosnosrelatriosenviadosaosmilitaresresponsveispelasSees deCesdeGuerra(SCG)dasOrganizaesMilitares(OM)comcesprevistosemcarga, pode-seobservarumadistribuiosemelhantedoscaninosnasdiversasRegiesMilitares (RM) brasileiras, estabelecendo-se, desta forma, uma mdia padro para o territrio nacional (Grfico 14). 27 Grfico 4:Distribuio dos ces na1 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Leste(CML) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria Grfico5:Distribuiodoscesna2RegioMilitar(RM)doComandoMilitardoSudeste(CMSE)segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria 28 Grfico6:Distribuiodoscesna3RegioMilitar(RM)doComandoMilitardoSul(CMS)segundosua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria Grfico7:Distribuiodoscesna5RegioMilitar(RM)doComandoMilitardoSul(CMS)segundosua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria 29 Grfico 8: Distribuio dos ces na 6 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Nordeste (CMNE) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria Grfico 9: Distribuio dos ces na 7 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Nordeste (CMNE) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria 30 Grfico 10: Distribuio dos ces na 8 Regio Militar (RM) do Comando Militar da Amaznia (CMA) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria Grfico 11: Distribuio dos ces na 9 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Oeste (CMO) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria 31 Grfico 12: Distribuio dos ces na 11 Regio Militar (RM) do Comando Militar do Planalto (CMP) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria Grfico13:Distribuiodoscesna12RegioMilitar(RM)doComandoMilitardaAmaznia(CMA) segundo sua situao. SRV Seo de Remonta Veterinria 32 Grfico14:DistribuiodoscesdaForaTerrestrenoterritriobrasileiro.SRVSeodeRemonta Veterinria ConsiderandooGrfico14,comparando-oaosgrficosreferentesdistribuiodo efetivo canino nas regies militares, podemos observar uma distribuio bastante semelhante. Diversasconsideraespodemserextrapoladasapartirdaanlisedosvaloresabsolutos descritos.Aprimeiraetalvezmaisimportanteconsideraopodeserobtidanacomparaodo efetivoreal(214)edoefetivodecesexistentescadastradospelaSeodeRemontae Veterinria(115),demonstrandoqueonmerodeanimaisexistentesnaForaTerrestre aproximadamente186%maiordoqueoreconhecidopeloExrcito.SegundoChiavenato (2000),baseadonospilaresbsicosdaadministrao,spossveladministrarbemquando setemcompletoconhecimentosobreosrecursosgeridos.Semcontrole,rumosindesejados nosocorrigidos,osobjetivosfundamentaisficamcolocadosemsegundoplano,h desperdcio e inadequao no uso de recursos. Alm disso, no caso da ocorrncia de acidentes envolvendoestesanimais,torna-seimpossveljustific-los,umavezqueestesanimaisno deveriam sequer estar presentes nas fileiras do exrcito. Acomparaoentreonmerodecesdevidamenteregistradoseonmerodeces previstostambmpermiteaextrapolaodealgumasidias.Ainclusodecesemcarga exige manobras administrativas que demandam a aprovao de diversos escales na linha de comando,taiscomocomandantedeunidade,comandantedarespectivaregiomilitare, finalmente, diretor da Diretoria de Abastecimento. A morosidade e burocracia envolvida neste processo de carregamento talvez explique porque apenas 73,7% das vagas previstas para ces 33 deguerraestejamoficialmenteocupadas,mesmocomaexistnciadeumnmerorealde animais bastante superior aos valores previstos. Outra questo o nmero de ces que os militares responsveis pelas Sees de Ces de Guerra julgam necessrio para cumprir com eficincia mxima suas misses. Este nmero supera o nmero de vagas previstas em aproximadamente 156%. Essa demanda justificada pela necessidade de servio, necessidade de folgas nas escalas de servio destes animais, alm de uma margem de segurana para o caso de afastamentos inesperados (dispensas). A diferena entre o nmero realexistente e o nmero de animais previstos difere um pouco menos, na ordemde 113%,sugerindo queas organizaes militares tentam adequar o seu efetivo de acordo com suas necessidades. Avaliando-sepontualmentealgumasOMdemesmovalor(ex.companhiacom companhia,batalhocombatalho),notou-setambmdiferenasnasdemandasdeefetivo canino, justificadas muitas vezes pelas diferenas na localizao (reas mais crticas sob ponto de vista de segurana), dimenses (rea a ser monitorada) e quantidade de misses internas ou externas a serem cumpridas.A partir desta ltima observao, percebe-se a necessidade da realizao de um estudo maisaprofundadosobreaviabilidadedeseestabeleceralotaodecesdasorganizaes militaresdeformaindividualizada,comafinalidadedesuprirasdemandasparticularesde cadaumadelas,enodetermin-lacomofeitoatualmente,deacordocomovalorda unidade. 4.2ANLISEDADISTRIBUIOETRIADOEFETIVODECESDEGUERRANO BRASIL Apartirdaobservaodosquestionriosretornados,foipossvelverificara distribuioetriadoscesdeguerradoEB(Grfico15).Nota-seummaiornmerode animais bastante jovens, de 1 e 2 anos, fase esta quando os ces esto sendo preparados para o servio,ecomidadede4a6anos,idadequandooscesestomaduroseemseupicede utilizao,aliandoexperinciaeaptidofsica.Observa-seumnmeropequenodecesa partir de 7 anos de idade, fato que pode significar descarga prematura destes animais. Em estudos de Evans et al (2007), avaliando a idade de descarga dos ces do exrcito norte americano, foi descrita uma idade mdia de 10 anos, e em alguns casos havia animais de at14anosematividade.Opequenonmerodeanimaiscomidadessuperioresa9anos 34 sugerequeoscesdoEBestosendodescartadosprecocemente.Paramelhorinterpretao destegrfico,seriamnecessriosestudosmaisaprofundados,analisandoosdocumentosque descrevemascausasdedescargadoscesnoEB,procurandoestabelecerascausasmais freqentes e verificando a possibilidade de se implantar medidas para aumentar a longevidade deste efetivo em servio. Grfico 15: Distribuio etria dos ces de guerra do Exrcito Brasileiro. 4.3ANLISEDADISTRIBUIODASFUNESEXECUTADASPELOSDECES DE GUERRA DO EXRCITO Outrainformaoobtidadaanlisedosquestionriosfoiolevantamentodasfunes executadas pelos ces de guerra nas OM, dentre as estabelecidas pela NORCCAN. Durante a interpretao deste quesito, importante frisar que a maior parte dos animais do EB est apta para a execuo de mais de uma funo. O Grfico 16 demonstra a distribuio percentual de aptido do efetivo canino no territrio brasileiro.35 Grfico 16: Distribuio percentual de aptido do efetivo canino do EB no territrio brasileiro. Aotabularestesdadosfoipercebidaumagrandediferenanadistribuiodestas aptides nos animais de tropas operacionais e unidades logsticas da Fora. Para destacar esta discrepncia,foramconfeccionadosdoisgrficos(Grficos17e18),mostrandoquea distribuio de funes no plantel das unidades mais operacionais possuidoras de ces, as da PolciadoExrcito(PE)ocorredeformamaishomognea,enquantoqueemunidades logsticas, a funo da maioria dos animais concentrada na guarda de pessoal e instalaes. 36 Grfico 17: Distribuio percentual de aptido do efetivo canino em unidades da Polcia do Exrcito. Grfico 18: Distribuio percentual de aptido do efetivo canino em unidades logsticas 4.4ANLISEDADISTRIBUIODASRAASDOSCESDEGUERRADO EXRCITO Outrotpicoabordadofoiadistribuioracialdestesanimais.Emumpanorama nacional,asraasmaisprevalentesnaforaforamoPastorBelgaMalinoiseoRottweiller, correspondendocadaumadelasaaproximadamenteumterodetodososces.OPastor 37 alemo a terceira raa em expresso, correspondendo a 21% do plantel, conforme observado na Grfico 19. Grfico 19: Distribuio percentual das raas do efetivo canino no territrio brasileiro. Mais uma vez foi percebida uma grande diferena ao se comparar a distribuio racial emunidadesoperacionaiselogsticas,conformeobservadonosGrficos20e21.Onmero decesdaraaPastorBelgaMalinoismaioremunidadesoperacionais,provavelmente devidoasuamaioradestrabilidadeeaptidoparaaexecuodemaisdeumafuno.Em unidades logsticas, onde a principal atividade executada a guarda,conforme observado no Grfico21,apresenadaraaRottweillermarcante.Estefatopodeserjustificadopela grandecapacidadedestaraaemexecutarestafunocomeficincia,associadagrande intimidao que estes ces causam, inibindo a ao de meliantes. 38 Grfico 20: Distribuio percentual das raas do efetivo canino em unidades da Polcia do Exrcito Brasileiro. Grfico 21: Distribuio percentual das raas do efetivo canino em unidades logsticas do Exrcito Brasileiro. 39 5CONCLUSES Com base na anlise dos dados obtidos, foi possvel chegar s seguintes concluses: O real nmero de animais presentes nas Organizaes Militares (OM) difere dos dados disponibilizadospelaSeodeRemontaeVeterinria(SRV)doComandoLogstico (COLOG),sendoemtornode186%maiordoqueoreconhecidopeloExrcito Brasileiro. Apenas73,7%dasvagasprevistasparacesdeguerraestooficialmenteocupadas (homologadas),mesmocomaexistnciadeumnmerorealdeanimaissuperiorao quadro de ces previstos.OnmerodecesqueosmilitaresresponsveispelasSeesdeCesdeGuerra (SCG)julgamnecessrioemsuasOMsuperaonmerodevagasprevistasem aproximadamente 156%. OnmerodecesqueosmilitaresresponsveispelasSeesdeCesdeGuerra (SCG)julgamnecessrioemsuasOMsoaproximadosdonmerorealdecesnas OM ,sendo apenas 13% maior. necessrioavaliarindividualmenteanecessidadedecadaOM,afimdesereduzir discrepncias entre o nmero de ces previstos e o nmero real de caninos. A maior parte dos ces da Fora so bastante jovens, de 1 e 2 anos, idade quando estes esto sendo preparados para o servio, e com idade de 4 a 6 anos, quando os ces esto maduros e em seu pice de utilizao, aliando experincia e aptido fsica.O pequeno nmero de ces com idade superior a 9anos sugere que os ces de guerra da Fora Terrestre esto sendo descartados precocemente. AsraasmaisprevalentesnaforaforamoPastorBelgaMalinoiseoRottweiller, correspondendocadaumadelasaaproximadamenteumterodetodososces.O Pastor alemo a terceira raa em expresso, correspondendo a 21% do plantel. O nmero de ces da raa Pastor Belga Malinois, em unidades operacionais, maior, provavelmente devido sua maior adestrabilidade eaptido paraa execuo de mais de uma funo.O nmero de ces da raa Rottweiller em unidades logsticas maior, onde a principal atividadeexecutadaaguarda,funoestaexecutadacommuitaeficinciaporesta raa. 40 A distribuio das funes executadas pelos ces de guerra em unidades operacionais, taiscomoasdaPolciadoExrcitobastanteuniforme,demonstrandoumamaior versatilidade do efetivo canino destas OM. Aprincipalfunoexecutadapeloscesdeguerraemunidadeslogsticasaguarda depessoaleinstalaes(73%),demonstrandoumamaiorespecializaodoefetivo destas OM . NoexisteliteraturasobreosdadosreferentesaoefetivocaninodoExrcito Brasileiro. So necessrias pesquisas a respeito da importncia deste efetivo, de como ele pode ser empregado, dos custos operacionais da manuteno de Sees de Ces de Guerra e, finalmente, dos benefcios da sua utilizao em defesa da vida dos militares. 41 REFERNCIAS ALVES-MAZZOTTI, A. 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