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POSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO NOS CONTRATOS DE DOAÇÃO Anderson dos Santos 1 ; Deusval Trajano de Souza 2 ; Geogina Oliveira dos Santos 3 ; Hailton da Silva Souza 4 ; João José Miranda 5 ; Joelma Prado 6 ; Álvaro dos Santos Maciel (Orientador) 7 1 Discente de Direito Faculdade de Balsas/UNIBALSAS PIC/Unibalsas [email protected] 2 Discente de Direito Faculdade de Balsas/UNIBALSAS PIC/Unibalsas [email protected] 3 Discente de Direito Faculdade de Balsas/UNIBALSAS PIC/Unibalsas [email protected] 4 Discente de Direito Faculdade de Balsas/UNIBALSAS PIC/Unibalsas [email protected] 5 Discente de Direito Faculdade de Balsas/UNIBALSAS PIC/Unibalsas [email protected] 6 Discente de Direito Faculdade de Balsas/UNIBALSAS PIC/Unibalsas [email protected] 7 Docente de Direito Faculdade de Balsas/UNIBALSAS PIC/Unibalsas [email protected] RESUMO O presente trabalho visa apresentar a definição que o Código Civil Brasileiro traz para o instituto da doação e demonstra como tal definição dirimiu a controvérsia existente acerca de a doação ser ou não uma modalidade de contrato. Expõe as situações que a lei dispensa um tratamento formal à doação e a necessidade de consenso de ambas as partes, doador e donatário, para aperfeiçoar o contrato. Traz as causas em que o Código Civil Brasileiro possibilita a revogação do contrato de doação. Outrossim, elenca os motivos pelos quais o desfazimento é permitido. Também aduz a legitimidade de quem pode promover a ação judicial quando configuradas a hipóteses abstratas previstas no ordenamento, bem como o prazo estabelecido para levar a cabo o ajuizamento da ação. Com base nas informações pesquisadas, permite, esta pesquisa, demonstrar a preocupação do legislador em oferecer segurança aos contratos de doação, tanto ao doador quanto ao donatário, como também à sociedade. Palavras-chave adicionais: revogação; contratos de doação; Código Civil Brasileiro. INTRODUÇÃO O art. 538 do Código Civil Brasileiro (CCB) define doação como o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outrem. A legislação preservou, desta forma, o caráter contratualista da doação. Tal definição pôs fim à controvérsia existente entre esta modalidade pertencer ou não à categoria de contrato. Entretanto, como este ato cuida de disposição de bens, tratou o legislador de promover regramento que garanta segurança tanto para o doador, quanto para o donatário e sociedade. Prova disto é que em impõe a forma escrita e, caso se trate de imóveis cuja importância ultrapasse trinta vezes o salário mínimo vigente no país, determina o faça mediante escritura pública (CCB, art. 108), exceto se se tratar de bens móveis de pequeno valor, em que deve haver a imediata tradição. Ademais o aperfeiçoamento do contrato de doação só ocorre consentindo ambas as partes, consenso que o Código admite ser expresso, tácito, ou ainda, presumido, a teor dos arts. 539, 542 e 543, do Código Civilista. Já na modalidade da doação com encargo (modal), cuja característica é a imposição de um dever ao donatário, seu descumprimento é sancionado (Pereira, 2006, p. 265). A simples aceitação já obriga o donatário que, ao incorrer em mora e notificado judicialmente, fica sujeito à sanção. Vale salientar que, para Washington de Barros Monteiro, com base no julgado que cita ( RF, 118/484), somente o pronunciamento judicial é apto a revogar a doação (Rodrigues, 2004, p. 215). A outra forma de punição (Rodrigues, 2004, p. 215) prevista no Código Civil de 2002, em seu art. 557, trata da possibilidade de revogação diante do donatário que atente contra a integridade física e moral do doador (Pereira, 2006, p. 265). As condutas, numerus clausus, são as seguintes: “I – se o donatário atentou contra vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II se cometeu contra ele ofensa física; III se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV se, podendo ministrá-los, recusou ao doador os alimentos de que este necessitava”. Segundo Silvio Rodrigues (2004, p. 215), esta modalidade de revogação por ingratidão do donatário é peculiar à doação. Inspira-se no propósito não só de punir o beneficiário ingrato, como de dar satisfação moral ao doador, vítima da ingratidão.

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Page 1: 41   possibilidade de revogação nos contratos com identificacao (1)

POSSIBILIDADE DE REVOGAÇÃO NOS CONTRATOS DE DOAÇÃO

Anderson dos Santos1; Deusval Trajano de Souza

2; Geogina Oliveira dos Santos

3;

Hailton da Silva Souza4; João José Miranda

5; Joelma Prado

6;

Álvaro dos Santos Maciel (Orientador)7

1 Discente de Direito – Faculdade de Balsas/UNIBALSAS – PIC/Unibalsas – [email protected]

2 Discente de Direito – Faculdade de Balsas/UNIBALSAS – PIC/Unibalsas – [email protected] 3 Discente de Direito – Faculdade de Balsas/UNIBALSAS – PIC/Unibalsas – [email protected] 4 Discente de Direito – Faculdade de Balsas/UNIBALSAS – PIC/Unibalsas – [email protected]

5 Discente de Direito – Faculdade de Balsas/UNIBALSAS – PIC/Unibalsas – [email protected]

6 Discente de Direito – Faculdade de Balsas/UNIBALSAS – PIC/Unibalsas – [email protected] 7 Docente de Direito – Faculdade de Balsas/UNIBALSAS – PIC/Unibalsas – [email protected]

RESUMO

O presente trabalho visa apresentar a definição que o Código Civil Brasileiro traz para o instituto da doação e

demonstra como tal definição dirimiu a controvérsia existente acerca de a doação ser ou não uma modalidade

de contrato. Expõe as situações que a lei dispensa um tratamento formal à doação e a necessidade de

consenso de ambas as partes, doador e donatário, para aperfeiçoar o contrato. Traz as causas em que o

Código Civil Brasileiro possibilita a revogação do contrato de doação. Outrossim, elenca os motivos pelos

quais o desfazimento é permitido. Também aduz a legitimidade de quem pode promover a ação judicial

quando configuradas a hipóteses abstratas previstas no ordenamento, bem como o prazo estabelecido para

levar a cabo o ajuizamento da ação. Com base nas informações pesquisadas, permite, esta pesquisa,

demonstrar a preocupação do legislador em oferecer segurança aos contratos de doação, tanto ao doador

quanto ao donatário, como também à sociedade.

Palavras-chave adicionais: revogação; contratos de doação; Código Civil Brasileiro.

INTRODUÇÃO

O art. 538 do Código Civil Brasileiro (CCB) define doação como o contrato em que uma

pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outrem. A legislação

preservou, desta forma, o caráter contratualista da doação. Tal definição pôs fim à controvérsia existente

entre esta modalidade pertencer ou não à categoria de contrato.

Entretanto, como este ato cuida de disposição de bens, tratou o legislador de promover

regramento que garanta segurança tanto para o doador, quanto para o donatário e sociedade.

Prova disto é que em impõe a forma escrita e, caso se trate de imóveis cuja importância

ultrapasse trinta vezes o salário mínimo vigente no país, determina o faça mediante escritura pública (CCB,

art. 108), exceto se se tratar de bens móveis de pequeno valor, em que deve haver a imediata tradição.

Ademais o aperfeiçoamento do contrato de doação só ocorre consentindo ambas as partes, consenso que o

Código admite ser expresso, tácito, ou ainda, presumido, a teor dos arts. 539, 542 e 543, do Código Civilista.

Já na modalidade da doação com encargo (modal), cuja característica é a imposição de

um dever ao donatário, seu descumprimento é sancionado (Pereira, 2006, p. 265). A simples aceitação já

obriga o donatário que, ao incorrer em mora e notificado judicialmente, fica sujeito à sanção. Vale salientar

que, para Washington de Barros Monteiro, com base no julgado que cita (RF, 118/484), somente o

pronunciamento judicial é apto a revogar a doação (Rodrigues, 2004, p. 215).

A outra forma de punição (Rodrigues, 2004, p. 215) prevista no Código Civil de 2002, em

seu art. 557, trata da possibilidade de revogação diante do donatário que atente contra a integridade física e

moral do doador (Pereira, 2006, p. 265). As condutas, numerus clausus, são as seguintes: “I – se o donatário

atentou contra vida do doador ou cometeu crime de homicídio doloso contra ele; II – se cometeu contra ele

ofensa física; III – se o injuriou gravemente ou o caluniou; IV – se, podendo ministrá-los, recusou ao doador

os alimentos de que este necessitava”.

Segundo Silvio Rodrigues (2004, p. 215), esta modalidade de revogação por ingratidão do

donatário é peculiar à doação. Inspira-se no propósito não só de punir o beneficiário ingrato, como de dar

satisfação moral ao doador, vítima da ingratidão.

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Todavia, a lei não permite a qualquer, mesmo que tenha interesse imediato, promover a

revogação, senão ao próprio doador, haja vista que só este possui a legitimatio ad causam respectiva

(Pereira, 2006, p. 264).

Em quaisquer das causas que permitem a revogação da doação, o legislador, preocupado

com a segurança das relações, impôs o prazo decadencial de um ano para ajuizar a ação, contado da ciência

do fato e de sua autoria.

MATERIAL E MÉTODOS

Esta atividade foi elaborada com amparo na legislação pátria e em obras de doutrinadores

civilistas ao final discriminadas que levaram à conclusão do estudo.

O método de abordagem, utilizado na maior parte do texto, foi o indutivo. Eventualmente

utilizou-se o método dedutivo, por ser o mais adequado para o tratamento de alguns aspectos do tema central.

O método de procedimento é o monográfico.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Entende-se que a doação é um ato que o legislador quis prestigiar, sem, no entanto, criar

mecanismos para que fosse distorcida sua função. Destarte, tanto se precaveu para evitar manobras furtivas,

como também para evitar excesso de regras que obstaculizassem a prática deste contrato.

Assim é demonstrado nos casos em que um contrato de doação de bem imóvel que

ultrapasse trinta salários mínimos é necessária a realização de escritura pública. Tal disciplina, além de dar

publicidade ao ato, oferece segurança ao donatário quanto a possíveis inconstâncias do doador.

O terceiro de boa-fé, que adquire a propriedade proveniente de doação, também está

protegido pela resolução do contrato, caso venha a se configurar a revogação (CCB, art. 563).

Demais disso, há a preocupação com que o instituto não seja utilizado indevidamente

para lesar o erário, haja vista haver incidência do imposto de transmissão inter vivos sobre a doação de

imóvel, a teor da súmula 328, do Supremo Tribunal Federal.

A sociedade é tutelada também pelo Ministério Público, uma vez que havendo doação em

que o doador condiciona a transferência do bem à edificação de uma obra que beneficie a coletividade, e.g., a

construção de um hospital ou instituição de ensino, caso o doador faleça, é parte legítima o Parquet a instar a

feitura da obra pelo donatário, sob pena de revogar o contrato de doação.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, o tema restou abordado em seus pontos mais relevantes com o fulcro

de trazer o magistério de civilistas para auxiliar os demais operadores do Direito a sanar algumas

controvérsias que o assunto apresenta, e assim, colaborar com o aprimoramento da intelectualidade visando

uma sociedade mais justa e humanitária.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, volume III – Contratos. 12. Rio de Janeiro:

Forense, 2006.

RODRIGUES, Silvio. Direito civil, volume 3: dos contratos e das declarações unilaterais da vontade.30.

São Paulo: Saraiva, 2004.

BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Publicada no Diário Oficial da

União, de 11 de janeiro de 2002.