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4 Resultados e Discussão
4.1. Síntese das soluções sólidas de In2-xFexMo3O12
As amostras foram preparadas de acordo com o procedimento geral descrito
na secção 3.1. Nitratos do metal In e Fe e molibdato de amônio foram utilizados
em todas as preparações das amostras como fontes. O etanol foi usado como
solvente para as sais que continham os cátions, e o PVA foi mantido a uma
proporção molar de 1/8 com respeito aos reagentes. A proporção dos metais In/Fe
foi variada de 1,5/0,5; 1/1 e 0,5/1,5 como é mostrada na Tabela 4.1, impurezas de
MoO3, e resíduos orgânicos foram notadas depois do tratamento térmico a 700°C
por 2 hr. Estas impurezas foram removidos adicionando um tratamento térmico a
700°C por 24hr até que um pó cristalino foi obtido. Pós de diferentes cores foram
obtidos dependendo do teor de Fe como é mostrado abaixo.
Tabela 4.1- Resultados de síntese e cristalização do In2-xFexMo3O12
4.2. Análise da solução sólida de In1.5Fe0.5Mo3O12
4.2.1.Análise térmica.
O pó seco de In1,5Fe0,5Mo3O12 foi submetido a análise térmica, com os
parâmetros descritos na seção 3.3, a massa inicial usada foi 12,472 mg, e os dados
foram recolhidos ao longo de um intervalo de temperatura entre 40-1000°C
(Figura 4.1). Na análise de TGA (curva de cor verde), observa-se uma perda de
Amostra Razão In:Fe
Composto cristalino Cor
700°Cx2hr 700°Cx24hr 700°Cx24hr
AM-1 1,5/0,5 In1,5Fe0,5Mo3O12, MoO3 In1,5Fe0,5Mo3O12
AM-2 1/1 InFeMo3O12 , InFeMo3O12
AM-3 0,5/1,5 In0,5Fe1,5Mo3O12, ,MoO3 In0,5Fe1,5Mo3O12
69
massa menor de 0.7%, com uma perda mais acentuada a 350°C o qual é
evidenciada pelos dois picos presentes na curva da taxa de variação de massa
(curva azul), o qual pode ser descrito como uma perda de água cristalizada ou
perda de nitratos na rede. Além disso, nas curvas de DTA e DSC, observam-se
picos endotérmicos em 350 e 500°C que podem representar a transformação de
fase da substância sólida, o qual será analisado com mais detalhe na seção 4.2.3.
Também é observado pico exotérmico a 850°C que pode representada uma
possível cristalização do composto. No entanto, há uma perda de massa crescente
em torno de 780°C, que pode ser explicada pela estabilidade térmica dos
molibdatos que se descompõe a 800°C e pela sublimação do MoO3 [14]. Este fato
foi verificado quando se pretendia sinterizar as amostras no inicio das
experiências.
Figura 4.1- Curvas de análise térmica TG, DTA, DSC e DTA da solução sólida
In1,5Fe0,5Mo3O12.
4.2.2.Caracterização Estrutural por Difração de Raios-X
4.2.2.1. Determinação dos parâmetros de rede na estrutura monoclínica
A substância sólida de In1.5Fe0.5Mo3O12 foi submetida a análise por DR-X a
temperatura ambiente no difratômetro Bruker AXS, modelo D8-Discover com as
70
condições descritos na seção 3.4.1. Os dados coletados durante a DR-X foram
refinados pelo método de Le Bail [83] utilizando o software Topas versão 4.2
[84]. Durante o processo de refinamento os dados de difração foram ajustados
considerando como modelo de partida um sistema monoclínico cristalino de grupo
espacial P21/a, esse grupo espacial foi escolhido baseado nos compostos extremos
de In2Mo3O12 e Fe2Mo3O12. O difratograma com os planos cristalográficos é
mostrado na Figura 4.2. A curva cinza na parte inferior do gráfico é a diferença
entre o padrão observado (Yobs.) e o calculado (Ycalc).
Figura 4.2- Difratograma da solução sólida In1.5Fe0.5Mo3O12 a temperatura ambiente
ajustados pelo método de Le Bail
Os indicadores estatísticos do refinamento à temperaturade 23°C foram:
Gof=2,11; Rwp=6,64; e Rp=4,85 o qual indicam um bom ajuste. O tamanho
médio de cristalitos foi 56,8nm. Este método permitiu a extração dos parâmetros
de rede a, b, c, assim como o volume da estrutura monoclínica, os valores obtidos
são mostrados na Tabela 4.2 com seus respetivos desvios padrões estimados.
Na tabela 4.2 também é mostrado os parâmetros de rede as temperaturas de
200 e 400°C, inicialmente estas temperaturas foram considerados como estruturas
monoclínicas da substância sólida In1.5Fe0.5Mo3O12, mas o comportamento dos
parâmetros de rede a 400°C tornou-se instável (Figura 4.3) e as estatísticas eram
menos aceitáveis (RBragg=91,571, Gof=4,76), sugerindo que a estrutura
monoclínica não era apropriada para essa temperatura. Stacy [15] propõe que a
10 20 30 40 50 60
0
1000
2000
3000
4000
5000
In1.5
Fe0.5
Mo3O
12
8-2-
3
9-1-
3
233
132
421 7-
2-5
1-1-
6
112
40-2
2-2-
4
200
40-6
5-1-
6
212
2-1-
43-
1-1
024
330
400
4-1-
1202
012
020
3-2-
2
220
Inte
nsid
ade
2Theta (graus) In
1.5Fe
0.5Mo
3O
12
Ycalc
Diff
71
instabilidade no refinamento e mau ajuste indicam que essa temperatura pode ser
o inicio da transição de fase.
Tabela 4.2- Diferença dos parâmetros de rede cristalina para a solução sólida
In1.5Fe0.5Mo3O12 considerando como estrutura monoclínica P21/a.
T(°C) a (Å) σestimado b (Å) σestimado c (Å) σestimado V (Å3) σestimado β(graus) σestimado
23 16.1026 0.0060 9.5039 0.0053 18.732 0.0032 2342,0 0.14 125.23 0.0043
200 16.2673 0.0045 9.5212 0.0034 18.934 0.0021 2500,2 0.11 125.31 0.0031
400 16.3983 0.0076 9.4508 0.0038 18.895 0.0032 2496,3 0.18 125.84 0.0023
Figura 4.3- Variação dos eixos a, b e c para a solução sólida In1.5Fe0.5Mo3O12 a 400°C
4.2.3.Determinação da temperatura de transição de fase e entalpia de transição
A transição de fase da estrutura monoclínica (P21/a) para ortorrômbica
(Pnca) da solução sólida In1.5Fe0.5Mo3O12 foi determinada através dos resultados
da calorimetria diferencial de varredura (DSC), a análise foi feita com uma taxa
de aquecimento de 20°C/min. A curva de DSC mostrada na Figura 4.1 foi
ampliada na faixa de temperatura de 610-690K, onde pode observar-se mais
claramente o pico endotérmico correspondente à transição de fase (Figura 4.4). O
cálculo da temperatura de transição foi obtido da interseção da linha de base (linha
vermelha) e uma linha tangente à curva (linha azul). A temperatura de transição,
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
16.0
16.5
17.0
17.5
18.0
18.5
19.0In
1.5Mo
0.5Fe
3O
12
eixo b
eixo a
eixo c
Temperatura (°C)
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
str
on
s)
9.45
9.46
9.47
9.48
9.49
9.50
9.51
9.52
9.53
Fase monoclínica
Pa
ram
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
72
calculada é de 626,62K o que é igual a 353,47°C com uma variação de entalpia de
reação de 1,14KJ/mol.
Figura 4.4- Calculo da temperatura de transição de fase de In1.5Fe0.5Mo3O12,a partir da
curva de DSC.
4.2.4.Determinação dos parâmetros de rede na estrutura ortorrômbica
Além dos estudos por DR-X a temperatura ambiente, a solução sólida
In1.5Fe0.5Mo3O12 foi analisada por difração de raios-x a temperaturas elevadas, este
análise foi feito com o equipamento D8-Adavance DAVINCI com os parâmetros
descritos na seção 3.4.1, a amostra foi analisada entre as temperaturas de 23-
800°C e os difratogramas obtidos são mostrados na Figura 4.5, observando-se na
faixa de 2θ de 19-35 os difratogramas têm um comportamento uniforme sem
perdas de picos ou deslocamentos bruscos. Os dados coletados por DR-X foram
refinados pelo método de Le Bail [83], utilizando o software Topas versão 4.2
[84]. O refinamento empregou o sistema cristalino ortorrômbico, no grupo
espacial Pnca. Esse grupo espacial também foi escolhido baseado aos compostos
extremos de In2Mo3O12 e Fe2Mo3O12.
610 620 630 640 650 660 670 680 690
-1.51
-1.50
-1.49
-1.48
-1.47
-1.46
A=0.5557 W°C/g
Temperatura de transição de fase
626.620K=353.47
0C
619.9K=346.75°C
674.13K=400.98°C
Flu
xo d
e c
alo
r (W
/g)
Temperatura 0K
In1.5
Fe0.5
Mo3O
12
73
Figura 4.5- Difratogramas do In1.5Fe0.5Mo3O12 obtidos por difração de raios-X a
temperaturas elevadas.
Os parâmetros de rede a, b, c assim como o volume estão registrados na
Tabela 4.3, as variações dos parâmetros de rede e do volume em função da
temperatura são apresentadas na Figura 4.6 e 4.7 respectivamente. Dos resultados
obtidos observa-se que entre 400-500°C a contração nos eixos cristalográficos a, b
e c é muito abrupta resultando uma contração volumétrica isotrópica muito
grande. Caso que a temperatura 500°C não seja considerada pode-se observar uma
possível expansão nos eixos “a” e “c” e uma contração ao longo do eixo “b”,
resultando uma contração térmica volumétrica anisotrópica. É interessante notar
que de acordo com as análises de DSC, se observaram duas reações endotérmicas,
a primeira foi considera como a transição de fase do composto e a segunda não foi
considerada, o que se sugere que poderia existir uma possível segunda transição
aproximadamente a 500°C.
Tabela 4.3- Parâmetros de rede (estrutura ortorrômbica Pnca) da solução sólida
In1.5Fe0.5Mo3O12.
T (°C) a (Å) σestimado b (Å) σestimado c (Å) σestimado V (Å3) σestimado
400 9.5598 0.0011 13.2516 0.0012 9.4581 0.0013 1198.18 0.12
500 9.5037 0.0014 13.1812 0.0022 9.3929 0.0019 1176.65 0.18
600 9.5784 0.0020 13.2418 0.0028 9.4898 0.0022 1203.65 0.16
700 9.5867 0.0012 13.2169 0.0018 9.4943 0.0012 1202.99 0.14
800 9.5751 0.0015 13.1751 0.0021 9.4738 0.0014 1195.16 0.16
74
Figura 4.6- Variação dos parâmetros de rede cristalina para a solução sólida
In1.5Fe0.5Mo3O12 com estrutura ortorrômbica Pnca.
Figura 4.7- Variação do volume da célula unitária para a solução sólida In1.5Fe0.5Mo3O12
com estrutura ortorrômbica Pnca.
4.2.5.Determinação do coeficiente de expansão térmica
O CET linear e volumétrica da solução sólida In1.5Fe0.5Mo3O12 foram
calculados a partir dos dados obtidos na seção 4.2.4. Para a determinação do
coeficiente de expansão térmica linear (αa, αb, αc) aplicou-se a equação (1) e para o
coeficiente de expansão volumétrica (αv), a equação (5), estas equações foram
400 500 600 700 800
9.38
9.40
9.42
9.44
9.46
9.48
9.50
9.52
9.54
9.56
9.58
9.60In
1.5Fe
0.5Mo
3O
12
Fase ortorrômbica
Temperatura (°C)
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
13.17
13.18
13.19
13.20
13.21
13.22
13.23
13.24
13.25
13.26
eixo b
eixo c
eixo a
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
400 500 600 700 800
1175
1180
1185
1190
1195
1200
1205
In1.5
Fe0.5
Mo3O
12
Fase ortorrômbica
vo
lum
e (
An
gstr
on
s3)
Temperatura (°C)
75
aplicados para todas as substâncias. A determinação dos coeficientes para este
caso foi feito sem considerar os dados à temperatura de 500°C, já que para essa
temperatura a contração foi muito abrupta, logo os dados foram definidos por uma
função linear o qual se considerou o melhor ajuste, um exemplo de calculo esta
apresentada na Figura 4.8 que apresentam a determinação do coeficiente de
expansão térmica do eixo cristalográfico “b”, os resultados obtidos estão
registrados na Tabela 4.4.
Figura 4.8- Determinação do coeficiente de expansão térmica do eixo cristalográfico “a”
(estrutura ortorrômbica Pnca) da solução sólida In1.5Fe0.5Mo3O12.
Tabela 4.4- Valores do coeficiente de expansão térmica linear (αa, αb, αc) e volumétrica
(αv) da solução sólida In1.5Fe0.5Mo3O12.
Estrutura
α [ ]
Ortorrômbico 5.05429 -13.6143 5.63714 -2.90286 -0.96762
4.2.6.Análise por MEV e EDS
A substância sólida In1.5Fe0.5Mo3O12 foi caracterizada morfologicamente
por MEV e EDS com os parâmetros descritos na seção 3.2. Micrografias da
𝑳𝒏𝒂 𝜶𝒂𝑻 𝑪
𝜶𝒂 𝟏𝟑 𝟔𝟏𝟓𝟑 ∗ 𝟏𝟎 𝟔
400 500 600 700 800
13.17
13.18
13.19
13.20
13.21
13.22
13.23
13.24
13.25
13.26
Temperatura (°C)
eix
o b
(A
ng
str
on
s)
2.578
2.579
2.580
2.581
2.582
2.583
2.584
2.585In
1.5Fe
0.5Mo
3O
12
Fase ortorrômbica
Y = A + B * X
Parameter Value Error
------------------------------------------------------------
A 2.59034 0.00299
B -1.36153E-5 4.65024E-6
------------------------------------------------------------
R SD N P
------------------------------------------------------------
-0.90046 0.00138 4 0.09954
Ln
b
76
amostra antes do tratamento térmico de 700°Cx 24hr são mostradas na Figura 4.9,
onde mostrou claramente a evidencia de duas formas distintas de partículas na
maioria da amostra. Foram observadas partículas em forma de plaquetas lisas de
cerca de 5-10μm e pequenas partículas alongadas em forma de agulhas finas de
0.5-1.0μm. Análises de EDS foram realizadas para determinar a composição
elementar das duas formas de partículas observadas. Verificou-se que a plaqueta
lisa continha In, Fe e Mo, enquanto que as partículas em forma de agulhas finas,
apenas revelaram a presença de Mo, o que sugere que as plaquetas consistiam de
In1.5Fe0.5Mo3O12 e as agulhas de MoO3.
Figura 4.9- Microscopia eletrônica de varredura da substância sólida de In1.5Fe0.5Mo3O12
antes do tratamento térmico.
Depois do tratamento térmico a 700°C x 24hr as agulhas de MoO3 foram
removidas, e a análise de difração de raios-x indicou uma substância sólida
monofásica. Foram obtidas imagens através de espectroscopia por energia
dispersiva de raios x, o qual revelou uma distribuição de todos os elementos em
toda a amostra como pode ser observada na Figura 4.10.
(a) (b)
77
Figura 4.10- Mapeamento da substância sólida In1.5Fe0.5Mo3O12.
4.3. Análise da solução sólida de InFeMo3O12
4.3.1.Análise térmica.
O pó seco de InFeMo3O12 foi submetido a análise térmica, com os
parâmetros descritos na seção 3.3, a massa inicial usada foi 12,525 mg, os dados
foram recolhidos ao longo de um intervalo de temperatura entre 40-1000°C
(Figura 4.13). Na análise por TGA (curva de cor verde), observa-se uma perda de
massa menor de 0,6%, com uma perda mais acentuada a 375°C que ocorre
simultaneamente com uma reação exotérmica, evidenciada pelo pico presente na
curva da taxa de variação de massa (curva azul), o qual pode ser descrito como
78
uma perda água cristalizada ou perda de nitratos na rede. Além disso, nas curvas
de DTA e DSC, observam-se um pico a 380°C que pode representar a
transformação de fase da substância sólida, o qual será analisado com mais
detalhe na seção 4.3.3. Também é observado um pico exotérmico a 850°C que
pode resultar da possível cristalização do composto. No entanto, há uma perda de
massa crescente em torno de 780°C, associada a estabilidade térmica dos
molibdatos que se descompõe perto de 800°C e a sublimação do MoO3 [14]. Este
fato foi verificado quando se pretendia sinterizar as amostras no inicio das
experiências.
Figura 4.11- Curvas de análise térmica TG, DTA, DSC e DTA da solução sólida
InFeMo3O12.
4.3.2.Caracterização Estrutural por Difração de raios-X
4.3.2.1. Determinação dos parâmetros de rede na estrutura monoclínica
A substância sólida de InFeMo3O12 foi submetido a análise por DR-X a
temperatura ambiente no difratômetro Bruker AXS, modelo D8-Discover com as
condições descritos na seção 3.4.1. Os dados de difração foram refinados pelo
método de Le Bail [83], utilizando o software Topas versão 4.2 [84]. Durante o
79
processo de refinamento os dados de difração foram ajustados considerando como
modelo de partida um sistema monoclínico cristalino do grupo espacial P21/a. O
difratograma e seus planos cristalográficos é mostrado na Figura 4.12 A curva
verde na parte inferior do gráfico é a diferença entre o padrão observado (Yobs.) e
o calculado (Ycalc).
Figura 4.12- Difratograma da solução sólida InFeMo3O12 a temperatura ambiente
ajustados pelo método de Le Bail.
Os indicadores estatísticos do ajuste são Gof=1,78; Rwp=5,10; e Rp=3,95 o
que indicam um bom ajuste. O tamanho médio dos cristalitos é 117,3nm. Os
parâmetros de rede e o volume da estrutura monoclínica são mostrados na Tabela
4.5 com seus respetivos desvios padrões.
Tabela 4.5- Parâmetros de rede cristalina para a solução sólida InFeMo3O12 com a
estrutura monoclínica P21/a.
4.3.3.Determinação da temperatura de transição de fase e da entalpia de transição
A transição de fase da estrutura monoclínica (P21/a) para ortorrômbica
(Pnca) da solução sólida InFeMo3O12 foi determinada através dos resultados da
10 20 30 40 50 60
0
1000
2000
3000
4000
5000
9-1-
3
8-2-
3
7-2-
5
233
421
330
5-1-
6
132
1-1-
6
024
40-640
02-
2-4
4-1-
13-
2-2
212
220
40-2
202
2-1-
4InFeMo
3O
12
112
012
3-1-
1
020
200
Inte
nsid
ade
2Theta (graus) InFeMo
3O
12
Ycalc
Diff
T(°C) a (Å) σestimado b (Å) σestimado c (Å) σestimado V (Å3) σestimado β(graus) σestimado
23 15.962 0.0065 9.4046 0.0028 18.549 0.0046 2273,4 0.14 125.22 0.0031
80
calorimetria diferencial de varredura (DSC), a análise foi feita com uma taxa de
aquecimento de 20°C/min. Na curva de DSC da Figura 4.11 nota-se claramente
um único pico endotérmico correspondente à transição de fase, o qual foi
ampliada na faixa de 640-690K para determinar a temperatura de transição
(Figura 4.13). A temperatura de transição foi de 655.613K igual a 382,46°C com
uma variação de entalpia de 1,38KJ/mol.
Figura 4.13- Calculo da temperatura de transição de fase de InFeMo3O12,a partir da
curva de DSC.
4.3.4.Determinação dos parâmetros de rede na estrutura ortorrômbica
Além dos estudos por DR-X a temperatura ambiente, a solução sólida
InFeMo3O12 foi analisada por difração de raios-x a temperaturas elevadas de 23-
800°C e os difratogramas obtidos são mostrados na Figura 4.14, em o qual
observa-se que na faixa de 2θ de 29-31 os picos dos difratogramas de 700 e 800°C
sofrem deslocações e deformação de picos é notado o que indicaria o inicio de
uma possível decomposição do material a elevadas temperaturas como indicou
Stancy [15] na obtenção do Fe2Mo3O12.
Todas as difrações foram analisadas pelo método de Le Bail [83],
utilizando o software Topas versão 4.2 [84]. O grupo espacial Pnca, sistema
ortorrômbico, foi empregado nesta faixa de temperatura.
640 650 660 670 680 690
-1.10
-1.08
-1.06
-1.04
-1.02
-1.00
-0.98
-0.96
A=0.707 W°C/g
Temperatura de transição de fase
InFeMo3O
12
649,90k=376.85°C
689.79k=416.64°C
655.613K=382.460C
Flu
xo d
e C
alor
(W
/g)
Temperatura (K)
81
Figura 4.14- Difratogramas do InFeMo3O12 obtidos por difração de raios-X a altas
temperaturas.
Os parâmetros de rede e o volume estão registrados na Tabela 4.6 e as
variações dos parâmetros de rede e do volume em função da temperatura são
apresentadas na Figura 4.15 e 4.16 respectivamente.
Os resultados mostram que a solução sólida InFeMo3O12 apresenta expansão
térmica positiva ao longo dos eixos cristalográficos “a”,“b” e “c”. Observa-se
também na temperatura de 700°C, os parâmetros de rede apresentam uma abrupta
expansão, indicando novamente uma possível transformação de fase,
provavelmente associada com a possível decomposição do material
Tabela 4.6- Parâmetros de rede para a solução sólida InFeMo3O12 com a estrutura
ortorrômbica Pnca.
T(°C) a (Å) σestimado b (Å) σestimado c (Å) σestimado V (Å3) σestimado
400 9.43223 0.0012 13.07485 0.0054 9.32085 0.0014 1149.49 0.13
500 9.44685 0.0021 13.08100 0.0065 9.34068 0.0012 1155.59 0.17
600 9.45568 0.0020 13.09267 0.0078 9.35062 0.0056 1157.61 0.12
700 9.50520 0.0023 13.10667 0.0089 9.41443 0.0065 1172.87 0.19
800 9.53401 0.0018 13.15372 0.0045 9.43159 0.0087 1182.79 0.11
29 30 31 32
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
700°C
800°C
23°C
Y Axis
Title
X Axis Title
82
Figura 4.15- Variação dos parâmetros de rede cristalina para a solução sólida
InFeMo3O12 com estrutura ortorrômbica Pnca.
Figura 4.16- Variação do volume da célula unitária para a solução sólida InFeMo3O12 com
estrutura ortorrômbica Pnca.
4.3.5.Determinação do coeficiente de expansão térmica
Os CET linear e volumétrica da solução sólida InFeMo3O12 foram
calculados a partir dos dados obtidos na seção 4.3.4. Para a determinação do
coeficiente de expansão térmica linear (αa, αb, αc) aplicou-se a equação (1) e para o
coeficiente de expansão volumétrica (αv), a equação (5). A determinação dos
coeficientes no inclui as temperaturas de 700 e 800°C, já que para estas
400 500 600 700 800
9.32
9.34
9.36
9.38
9.40
9.42
9.44
9.46
9.48
9.50
9.52
9.54
InFeMo3O
12
Fase ortorrômbica
eixo b
eixo a
eixo c
Temperatura (°C)
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
13.06
13.08
13.10
13.12
13.14
13.16
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
400 500 600 700 800
1145
1150
1155
1160
1165
1170
1175
1180
1185
InFeMo3O
12
Fase monoclínico
volu
me
(A
ng
stro
ns3
)
Temperatura (°C)
83
temperatura poderia existir a decomposição do material. A variação linear
apresentou o melhor ajuste. Os resultados obtidos estão registrados na Tabela 4.7.
Tabela 4.7- Valores do coeficiente de expansão térmica linear (αa, αb, αc) e volumétrica
(αv) da solução sólida InFeMo3O12.
Estrutura
α [ ]
Ortorrômbico 12,415 6,810 15,945 35,170 11,986
4.3.6.Análise por MEV e EDS
A caraterização morfológica da substância sólida InFeMo3O12 foi realizada
por MEV e EDS. A Figura 4.17 mostra micrografias da substância sólida depois
de que os residuais orgânicos foram removidos por meio do tratamento térmico a
700°Cx24horas. As imagens revelam partículas multifacetadas mostrando uma
variedade de tamanhos de partículas (Figura 4.17-a). Enquanto a Figura 4.17-b
mostra partículas aglomeradas formando peças maiores de cerca de 10-15μm com
bordas arredondadas. Além disso, existem pequenas partículas aderidas às
maiores. Por isso, o pó apresenta uma superfície aparecer áspero. Os pequenos
pedaços tiveram formas e arestas distintas.
Figura 4.17- Micrografias da substância sólida InFeMo3O12 depois do tratamento térmico.
Os dados quantitativos das análises fornecidas pelo EDS para a substância
sólida depois do tratamento térmico é amostrada na Figura 4.18. No ponto 1 da
(a) (b)
84
imagem por exemplo, observa-se que os valores percentuais de massa teórico
calculados e os valores experimentais obtidos da análise para os elementos que
formam InFeMo3O12 são razoavelmente comparáveis, sugerindo que o óxido
quaternário de composição variável foi formado e também indicam um produto
monofásico sem fases de impurezas presentes.
Elemento % mass
Teórico EDS
In 25,04 25,18
Fe 12,17 12,64
Mo 62,78 62,18
Figura 4.18- Análise de EDS da substância sólida InFeMo3O12 depois do tratamento
térmico.
4.4. Análise da solução sólida de In0,5Fe1,5Mo3O12
4.4.1.Análise térmica
O pó seco de In0,5Fe1,5Mo3O12 com uma massa inicial de 11.156 mg foi submetido
a análise térmica no intervalo de temperatura entre 40-1000°C (Figura 4.19). A
análise por TGA (curva de cor verde) apresenta uma perda de massa menor de
1,1%, as perdas maiores são observadas entre 350 e 450°C e evidenciada pelos
picos presentes na curva da taxa de variação de massa (curva azul), o qual pode
ser descrito como uma perda de água cristalizada ou perda de nitratos na rede.
85
Além disso, nas curvas de DTA e DSC tênues picos endotérmicos, difíceis de
observar, são apresentados na faixa de temperaturas de 350 a 500°C e pode
representar uma possível temperatura de transformação de fase da substância
sólida, que será analisado com mais detalhe na seção 4.4.3.
Também é observado um pico exotérmico a 850°C, que pode ser a
cristalização do composto. No entanto, há uma perda de massa crescente em torno
de 780°C, associada a pequena estabilidade térmica do molibdato, que se
descompõe perto de 800°C e pela sublimação do MoO3 [14], este fato foi
verificado quando se pretendia sinterizar ao inicio das experiências.
Figura 4.19- Curva de analise térmica TG, DTA, DSC e DTA da solução solida
In0.5Fe1.5Mo3O12.
4.4.2.Caracterização Estrutural por Difração de Raios-X
4.4.2.1. Determinação dos parâmetros de rede na estrutura monoclínica
A substância sólida de In0.5Fe1.5Mo3O12 foi submetida a análise por DR-X a
temperatura ambiente no difratômetro Bruker AXS, modelo D8-Discover com as
condições descritos na seção 3.4.1. O difratograma foi refinado pelo método de Le
Bail [83], utilizando o software Topas versão 4.2 [84]. O melhor ajuste foi como
um sistema monoclínico com grupo espacial P21/a. O difratograma é mostrado na
86
Figura 4.20 A curva verde na parte inferior do gráfico é a diferença entre o padrão
observado (Yobs.) e o calculado (Ycalc).
Figura 4.20- Difratograma da solução sólida In0.5Fe1.5Mo3O12 a temperatura ambiente
ajustados pelo método de Le Bail.
Os indicadores estatísticos do ajuste forneceram os valores de Gof=2,03;
Rwp=6,73; e Rp=4,93 que indicam um bom ajuste. O tamanho médio dos
cristalitos 52,0nm. Os parâmetros de rede cristalina e o volume da estrutura
monoclínica são mostrados na Tabela 4.8 com seus respetivos desvios padrões.
Tabela 4.8- Parâmetros de rede (estrutura monoclínica P21/a) para a solução sólida
In0,5Fe1,5Mo3O12.
T(°C) a (Å) σestimado b (Å) σestimado c (Å) σestimado V (Å3) σestimado β(graus) σestimado
23 15.8028 0.0060 9.3032 0.0053 18.365 0.0032 2206.0 0.14 125.21 0.0043
4.4.3.Determinação da temperatura de transição de fase e da entalpia de transição
A transição de fase da estrutura monoclínica (P21/a) para ortorrômbica
(Pnca) da solução sólida In0,5Fe1,5Mo3O12 foi determinada através dos resultados
da calorimetria diferencial de varredura (DSC) com uma taxa de aquecimento de
20°C/min. A curva de DSC apresentada na Figura 4.19 não parece conter nenhum
pico endotérmico ou exotérmico, devido a forte variação da linha de base. Este
10 20 30 40 50 60
0
1000
2000
3000
4000
112 3-
1-1
2-1-
4
012
200
40-2
220
212
3-2-
2 2-2-
4
40-6
024
1-1-
6
330
421 23
3
7-2-
5 8-2-
3
9-1-
3
In0.5
Fe1.5
Mo3O
12
Inte
nsid
ade
2Theta(graus) In
0.5Fe
1.5Mo
3O
12
Ycalc
Diff
87
problema foi resolvido subtraendo da curva experimental uma línea reta ajustada
por mínimos quadrados para todos os pontos experimenteis. Este procedimento
realçou as pequenas variações e tornou observável um pico endotérmico (Figura
4.21). A temperatura de transição estimada foi de 720,18K que equivale 455,59°C
com uma variação de entalpia de 1,56KJ/mol.
Figura 4.21- Calculo da temperatura de transição de fase de In0,5Fe1,5Mo3O12,a partir
da curva de DSC.
4.4.4.Determinação dos parâmetros de rede na estrutura ortorrômbica
Além dos estudos por difração a temperatura ambiente, a solução sólida
In0.5Fe1.5Mo3O12 foi analisada a temperaturas elevadas.
A Figura 4.22 mostra os difratogramas para as temperaturas de 23-800°C,
na qual se observa que os picos de difração de 700 e 800°C estão deslocados mais
claramente que para a amostra de InFeMo3O12. O desaparecimento dos picos na
faixa de 2θ de 27-28° indica que com o aumento da quantidade de Fe a
decomposição do material nessas temperaturas foi mais intensa. Este efeito
também foi notado por Stacy [15] na obtenção do Fe2Mo3O12.
Os difratogramas foram refinados pelo método de Le Bail [83], utilizando
o software Topas versão 4.2 [84] empregando uma estrutura ortorrômbica , grupo
espacial Pnca, entre 400-800°C.
675 700 725 750 775 800
0.11
0.12
0.13
0.14
0.15
0.16
0.17
0.18
0.19
0.20
A= 0.837 W°C/g
In0.5
Fe1.5
Mo3O
12
752.92K=479.77°C
715.71K=442.56°C
720.18K = 447.03°C
Temperatura de transição de fase
Flu
xo d
e c
alo
r (W
/g)
Temperatura (K)
88
O refinamento do difratograma obtido a 400°C com uma estrutura
monoclínica apresentou indicadores estatísticos não aceitáveis. Mudar para um
sistema ortorrômbico resultou em melhor ajuste e as estatísticas mais aceitáveis
obtendo valores de Gof=1,78; Rwp=4,03; e Rp=2,75.
Figura 4.22- Difratogramas do InFeMo3O12 obtidos por difração de raios-X a altas
temperaturas.
Os parâmetros de rede cristalina assim como o volume estão registrados na
Tabela 4.9 e as variações dos parâmetros de rede e do volume em função da
temperatura são apresentadas nas Figuras 4.23 e 4.24, respectivamente.
Os resultados obtidos mostram que a solução sólida In0.5Fe1.5Mo3O12
apresenta expansão térmica positiva ao longo dos três eixos cristalográficos.
Observa-se também que a partir de 700°C os parâmetros de rede apresentam
variações significativas, indicando uma possível transformação de fase, associada
talvez a decomposição do material.
Tabela 4.9- Parâmetros de rede para a solução sólida In0,5Fe1,5Mo3O12com a estrutura
ortorrômbica.
T (°C) a (Å) σestimado b (Å) σestimado c (Å) σestimado V (Å3) σestimado
400 9.33811 0,0014 12.97502 0,0034 9.21700 0,0015 1116.75 0,11
500 9.35284 0,0034 12.98348 0,0054 9.23841 0,0032 1120.97 0,10
600 9.37028 0,0029 13.00189 0,0067 9.24828 0,0022 1126.73 0,17
700 9.45552 0,0065 13.09787 0,0019 9.33706 0,0031 1156.36 0,18
800 9.45261 0.0054 13.03392 0.0045 9.35752 0.0023 1152.88 0.16
23 24 25 26 27 28
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
4500
5000
5500
6000
6500
23°C
800°C
700°C
Y Axis
Title
X Axis Title
89
Figura 4.23- Variação dos parâmetros de rede cristalina para a solução sólida
In0,5Fe1,5Mo3O12 com estrutura ortorrômbica Pnca.
Figura 4.24- Variação do volume da célula unitária para a solução sólida In0,5Fe1,5Mo3O12
com estrutura ortorrômbica Pnca.
4.4.5.Determinação do coeficiente de expansão térmica
Os CET linear e volumétrico da solução sólida In0.5Fe1.5Mo3O12 foram
calculados a partir dos dados obtidos na seção 4.4.4. Para a determinação do
coeficiente de expansão térmica linear (αa, αb, αc) aplicou-se a equação (1) e para o
coeficiente de expansão volumétrica (αv), a equação (5). A determinação desses
coeficientes não considerou os dados obtidos a 700 e 800°C, já que para essas
400 500 600 700 800
9.20
9.24
9.28
9.32
9.36
9.40
9.44
Fase ortorrômbica
In1.5
Fe0.5
Mo3O
12
eixo b
eixo a
eixo c
Temperatura (°C)
Pa
râm
etr
os
de
re
de
(A
ng
stro
ns)
12.96
12.98
13.00
13.02
13.04
13.06
13.08
13.10
Pa
râm
etr
os
de
re
de
(A
ng
stro
ns)
400 500 600 700 800
1110
1120
1130
1140
1150
1160In
0.5Fe
1.5Mo
3O
12
Fase ortorrômbica
Vo
lum
e (
An
gst
ron
s3)
Temperatura (°C)
90
temperatura poderia existir a decomposição do material. Uam função linear
apresentou o melhor ajuste. Os resultados obtidos estão registrados na Tabela
4.10.
Tabela 4.10- Valores do coeficiente de expansão térmica linear (αa, αb, αc) e volumétrica
(αv) da solução sólida In0.5Fe1.5Mo3O12.
Estrutura
α [ ]
Ortorrômbico 17.1950 10.3400 16.9350 44.4750 14.8250
4.4.6.Análise por MEV e EDS
A substância sólida de In0.5Fe1.5Mo3O12 foi caracterizada morfologicamente
por MEV e EDS com os parâmetros descritos na seção 3.2. As micrografias
obtidas são mostradas na Figura 4.25. A forma de partículas obtidas nesta solução
foi diferente as soluções anteriores, já que apresentou partículas lisas mais
definidas em forma de cubo (bordas retas) de cerca de 5-10 μm, mas mostrou
claramente a evidência de duas formas distintas de partículas em quase toda a
amostra. Foram observadas pequenas partículas alongadas em forma de agulhas
finas de 1-2μm aderido às partículas maiores (Figura 4.25-a). Análise de EDS
revelou que as agulhas apresentam Mo. O tratamento térmico a 700°C resultou no
desaparecimento das agulhas como pode ser observado na Figura 4.25-b. A
presença de partículas pequenas aderidas às partículas maiores e a variação dos
tamanhos fez com que a superfície do pó tivesse uma aparência áspera.
Figura 4.25- Micrografias da substância sólida In0.5Fe1.5Mo3O12 antes(a) e depois(b) do
tratamento térmico com mesmo aumento.
(a) (b)
91
4.5. Análise dos parâmetros de rede na estrutura monoclínica da solução sólida In2-xFexMo3O12
Os difratogramas obtidos a temperatura ambiente para a solução sólida In2-
xFexMo3O12 são mostrados na Figura 4.26, Observa-se qualitativamente que as
linhas de difração são deslocadas à dereita (2θ maior) com o aumento do conteúdo
de Fe, indicando que o molibdato de ferro possui células unitárias menor que o
molibdato de índio, Este resultado é esperado considerando que na posição
octaédrica o raio iônico do In+3
é 0,810 Å e do Fe+3
é 0,645 Å. Este
comportamento também é notado para a substância sólida Er2-xFexMo3O12, o qual
se observa uma mudança nos picos de difração [63].
Figura 4.26- Difratograma da solução sólida In2-xFexMo3O12 a temperatura ambiente.
Stacy [15] sintetizou pelo método sol-gel não hidrolítico e caracterizou por
difração de raios x os parâmetros de rede dos materiais In2Mo3O12 e Fe2Mo3O12 a
temperatura ambiente, os quais são considerados neste trabalho como materiais
extremos, esses valores e os valores obtidos para o sistema In2-xFexMo3O12 estão
registradas na Tabela 4.11, onde pode-se observar que quanto aumenta a fração
Sistema Temperatura Ambiente
2 Theta58565452504846444240383634323028262422201816141210
Inte
nsid
ade A
rbitra
ria
24,000
22,000
20,000
18,000
16,000
14,000
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0
In2-xFexMo3O12
In1.5Fe0.5Mo3O12
InFeMo3O12
In0.5Fe1.5Mo3O12
92
molar de Indio no sistema In2-xFexMo3O12 aumenta os valores dos parâmetros de
rede “a”, “b” e “c”, encontrando-se entre a faixa dos valores dos materiais
extremos obtidos por Stacy [15].
Tabela 4.11- Parâmetros de rede da substância sólida In2-xFexMo3O12 a temperatura
ambiente
Fração (x) Fe
Composto Raio
iônico a (Å) b (Å) c (Å) V (Å3) β(graus)
0,00 In2Mo3O12 0,810 16,26500 9,58500 18,91200 2407,500 125,26
0,25 In1,5Fe0,5Mo3O12 0,770 16,1026 9,5039 18,7326 2342,00 125,23
0,50 InFe Mo3O12 0,730 15,9620 9,4046 18,5491 2273,40 125,22
0,75 In0,5Fe1,5Mo3O12 0,670 15,8028 9,3032 18,3653 2206,00 125,21
1,00 Fe2Mo3O12 0,645 15,6913 9,2330 18,2130 2155,57 125,20
Também foi observado que os parâmetros de rede apresentam um
comportamento linear com um aumento do tamanho do raio iônico de acordo com
lei de Vegard, Figura 4.27 e 4.28, onde as barras de erro apresentam os desvios
padrões estimadas. O ângulo β também aumenta conforme aumenta o raio iônico
(Figura 4.29). A lei de Vegard se aplica para soluções sólidas substituicionais
formadas pela distribuição aleatória de íons, assumindo que a variação nos
parâmetros de rede da célula unitária com a composição é governada somente
pelos tamanhos dos íons. Esta lei estabelece que a variação do tamanho da célula
unitária obedece a uma relação linear com o aumento do raio iônico.
Ari [14] realizou um estudo para as soluções sólidas Cr2xFe2-2xMo3O12,
Al2xCr2-2xMo3O12 e Al2xFe2-2xMo3O12, com raios iônicos para o Al3+
=0,535Å,
Cr3+
=0,615Å e Fe3+
=0,645Å onde reporto o mesmo comportamento linear, os
parâmetros de rede e o volume aumentam gradualmente conforme aumenta o raio
iônico.
93
Figura 4.27- Variação dos parâmetros de rede “a”, ”b” e ”c” a 23°C (estrutura monoclínica
P21/a) da solução sólida In2-xFexMo3O12 em função da fração molar.
Figura 4.28- Variação do volume a 23°C (estrutura monoclínica) da solução sólida In2-
xFexMo3O12 em função da fração molar.
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
Monoclínico
Variação dos eixos
eixo "c"
eixo "a"
eixo "b"
Fe2Mo
3O
12In
2Mo
3O
12 Fração (x)
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
18.00
18.15
18.30
18.45
18.60
18.75
18.90
19.05
19.20In
2-xFe
xMo
3O
12
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
2150
2200
2250
2300
2350
2400
2450
Fase monoclínica
In2-x
FexMo
3O
12
R=0,996
In2Mo
3O
12Fe
2Mo
3O
12Fração (x)
vo
lum
e (
An
gstr
on
s3)
94
Figura 4.29- Variação do ângulo beta a 23°C (estrutura monoclínica) da solução sólida
In2-xFexMo3O12 em função da fração molar.
4.6. Análise dos parâmetros de rede a temperatura de 500°C da solução sólida In2-xFexMo3O12
A solução sólida de In2-xFexMo3O12 a temperatura de 500°C é considerada
como uma estrutura ortorrômbica de grupo espacial Pnca. Stacy [15] também
determinou os parâmetros de rede dos materiais extremos In2Mo3O12 e Fe2Mo3O12
a 500°C, esses valores e os valores obtidos para os sistemas intermediários no
presente estudo estão registrados na Tabela 4.12.
Tabela 4.12- Parâmetros de rede da substância sólida In2-xFexMo3O12 a 500°C
Fração molar Fe (x)
Composto a (Å) b (Å) c (Å) V (Å3)
0,00 In2Mo3O12 9.663 13.322 9.563 1231
0,25 In1,5Fe0,5Mo3O12 9.50370 13.1812 9.3929 1176.65
0,50 InFe Mo3O12 9.44685 13.0960 9.3407 1155.59
0,75 In0,5Fe1,5Mo3O12 9.35284 12.9730 9.2384 1120.99
1,00 Fe2Mo3O12 9.328 12.869 9.223 1109.7
As Figuras 4.30 e 4.31 mostram que os parâmetros de rede “a”, “b” e “c” e o
volume também aumentam linearmente com um aumento do tamanho do raio
iônico. Assim sendo, eles se comportam de acordo com lei de Vegard. As barras
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
125.20
125.21
125.22
125.23
125.24
125.25
125.26
Fase monoclínica
In2-x
FexMo
3O
12
Fe2Mo
3O
12In
2Mo
3O
12 Fração (x)
Be
ta (
gra
us)
95
de erro nessas Figuras apresentam o desvio padrão. Portanto, o comportamento
quase linear das dimensiones da célula unitária com a concentração de Fe nos
compostos do In2-xFexMo3O12 é observado tanto na fase ortorrômbica como
monoclínica.
Figura 4.30- Variação dos parâmetros de rede “a”, ”b” e ”c” a 500°C da solução sólida In2-
xFexMo3O12 em função da fração molar. Nesta temperatura os compostos apresentam
uma estrutura ortorrômbica, grupo espacial Pnca.
Figura 4.31- Variação do volume a 500°C (estrutura ortorrômbica) da solução sólida In2-
xFexMo3O12 em função da fração de ferro.
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
9.0
9.5
10.0
10.5
11.0
11.5
12.0
12.5
13.0
13.5
Ortorrômbica
Variação dos eixos
eixo "a"
eixo "b"
eixo "c"
In2-x
FexMo
3O
12
Fe2Mo
3O
12In
2Mo
3O
12 Fração (x)
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
8.8
9.0
9.2
9.4
9.6
9.8
Pa
râm
etr
os d
e r
ed
e (
An
gstr
on
s)
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
1100
1120
1140
1160
1180
1200
1220
1240
In2-x
FexMo
3O
12
Fase ortorrômbica
vo
lum
e (
An
gstr
on
s3)
Fe2Mo
3O
12In
2Mo
3O
12 Fração (x)
96
4.7. Comportamento da temperatura de transição de fase e entalpia de transição da solucao sólida In2-xFexMo3O12
A transição de fase da estrutura monoclínica para ortorrômbica da solução
sólida In2-xFexMo3O12 é reversível. Tamas [10] realizou um estudo termoquímico
dos materiais da família A2M3O12, na qual registra os valores de entalpia e
temperaturas de transição dos materiais extremos In2Mo3O12 e Fe2Mo3O12, esses
valores e os valores obtidos do sistema In2-xFexMo3O12 estão registrados na
Tabela 4.13. Observa-se que a temperatura de transição de fase e a entalpia de
transição para o Fe2Mo3O12 é maior do que o In2Mo3O12.
Tabela 4.13- Temperatura de transição de fase da solução sólida In2-xFexMo3O12 obtidos
por DSC.
Composto Fração molar
de In (x) Eletronegatividade
Temp. Transição de Fase (°C)
∆HT (kJ/mol)
Fe2Mo3O12 0,00 1,83 513,00 1,67
In0,5Fe1,5Mo3O12 0,25 1,82 447,03 1,56
InFeMo3O12 0,50 1,80 382,46 1,38
In1,5Fe0,5Mo3O12 0,75 1,79 353,47 1,14
In2Mo3O12 1,00 1,78 335,00 0,89
Considerando os valores extremos do sitema In2-xFexMo3O12, as
temperaturas e entalpias de transição obtidas para as substância sólidas
In1.5Fe0.5Mo3O12, InFeMo3O12 e In0.5Fe1.5Mo3O12 encontram-se dentro da faixa dos
valores encontrados por Tamas [10]. A literatura mostra que a formação de
compostos mistos (A2-xA’xM3O12) pode reduzir a temperatura de transição de fase
para alguns destes compostos, efetivamente esse caso é notado na formação do
sistema misto In2-xFexMo3O12. A medida que aumenta a fração molar de In+3
, a
temperatura de transição e a entalpia de transição do Fe+3
diminuem quase
linearmente, como pode ser observado na Figura 4.32. Este fato é, pois à
eletronegatividade do cátion In+3
(1,78) o qual é menor que a eletronegatividade
do Fe+3
(1,83) [59]. O fator dominante que impulsiona a transição de fase na
família A2M3O12 é a força de repulsão oxigênio-oxigênio, que pode ser
correlacionada com a eletronegatividade do cátion. Com um cátion menos
eletronegativo, o oxigênio terá uma carga parcial negativa maior, o que contribui
97
para as repulsões fortes de oxigênio-oxigênio, e quando os compostos são
aquecidos, as vibrações são induzidas e as estruturas monoclínicas são mais
facilmente convertidas nas formas ortorrômbicas menos densas. Isto resulta em
tornar-se o factor decisivo a temperaturas mais baixas [14] [15].
Figura 4.32- Temperatura de transição de fase ( ) e entalpia de transição ( ) da
solução sólida In2-xFexMo3O12
4.8. Análise do coeficiente de expansão térmica do In2-xFexMo3O12
Na literatura existem valores diferentes do coeficiente de expansão do
Fe2Mo3O12 obtidos por difração de raios x, Quinqin Liu [61] reportou que o
coeficiente de expansão térmica volumétrica do Fe2Mo3O12 foi de -21,77. 10-6°
C-1
na faixa de temperaturas de 500-800°C, Ari [14] reportou um CET linear de 1,72
10-6°
C-1
na faixa de temperatura de 550-750°C e Stacy [15] reportou um valor de
CET linear de 3,58 10-6°
C-1
na faixa de 500-650°C Esta variação pode ser o
resultado da presença de concentrações distintas de defeitos intrínsecos do método
de preparação.
O coeficiente de expansão térmica segundo a regra das misturas para a
solução solida de In2-xFexMo3O12 é apresentada na Tabela 4.14, estes valores
foram obtidos considerando os valores do coeficiente de expansão das substâncias
sólidas extremos In2Mo3O12 [16] e Fe2Mo3O12 [14].
0.00 0.25 0.50 0.75 1.00
320
340
360
380
400
420
440
460
480
500
520
335°C
353,47°C
382,46°C
447,03°C
513°C
Fração (x)
In2-x
FexMo
3O
12
In2Mo
3O
12In
1.5Fe
0.5Mo
3O
12InFeMo
3O
12In
0.5Fe
1.5Mo
3O
12Fe
2Mo
3O
12
Te
m.
de
tra
nsi
ção
de
fa
se (
°C)
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
En
talp
ia d
e t
ran
siçã
o (
kJ/m
ol)
98
Tabela 4.14- Coeficientes de expansão térmica pela regra de misturas para a substância
sólida In2-xFexMo3O12
Fração Molar(x) Fe Composto [ ]
0.25 In1.5Fe0,5Mo3O12 -0.9575
0.5 InFeMo3O12 -0,065
0,75 In0,5Fe1,5Mo3O12 0,8275
O coeficiente de expansão térmica linear (αa, αb, αc) e volumétrica (αV) dos
materiais extremos e da solução sólida In2-xFexMo3O12 estão registrados na Tabela
4.15. Observa-se que In2Mo3O12 apresenta um coeficiente de expansão térmica
negativa (-1,85), e a sustância sólida de Fe2Mo3O12 considerando os valores
obtidos por Ari [14] apresenta um coeficiente de expansão térmica positiva (1,72),
e por tanto ao substituir os cátions de In+3
por Fe+3
nota-se que o comportamento
dos coeficientes de expansão térmica do sistema In2-xFexMo3O12 torna-se cada vez
mais positivo e elevada com um conteúdo maior de Fe+3
como pode ser observado
na Figura 4.33. Também é notado que os coeficientes lineares (αa, αb, e αc) da
substância sólida In2Mo3O12 apresenta um valor negativo em “a” e “c” enquanto
In1.5Fe0.5Mo3O12 apresenta um valor muito negativo somente em “c” o que
indicaria que Fe+3
afeita as posições atômicas do composto e em pequenas
quantidades afeita o coeficiente de expansão.
Tabela 4.15- Valores dos coeficientes de expansão térmica linear e volumétrica (αa, αb,
αc, αV,) da solução sólida In2-xFexMo3O12
Fração
In (x) Composto
Faixa de
Temperatura
(°C)
α [ ]
0,00 In2Mo3O12 [16] 370-760 -6,410 5,460 -4,430 -5,550 -1,850
0.25 In1.5Fe0,5Mo3O12 400-800 5,054 -13,61 5,637 -2.903 -0,968
0.5 InFeMo3O12 400-600 12,415 6,810 15,945 35,170 11,986
0,75 In0,5Fe1,5Mo3O12 400-600 17,195 10,340 16,935 44,475 14,825
1,00 Fe2Mo3O12 [15] 500-650 -0.205 1,400 0,507 10,700 3,580
1,00 Fe2Mo3O12 [14] 550-750 -2,25 7,360 -0,140 5,160 1,720
1,00 Fe2Mo3O12 [61] 500-800 -10,72 10,320 -18,36 -21,77 -7,260
99
Fazendo uma comparação das Tabelas 4.14 e 4.15 observa-se que o
coeficientes de expansão térmica da solução sólida de In2-xFexMo3O12 previsto
pela regra das misturas cumpriu-se somente para a substancia sólida de
In1.5Fe0,5Mo3O12, isto pode indicar que o Fe+3
em fração estequiométricas maiores
(x≥1) pode apresentar decomposição com formação de um outro material, ou
perda parcial dos elementos presentes no composto com uma mudança dos
parâmetros da rede cristalina no composto, aumentando assim abruptamente o
coeficiente de expansão.
Segundo os resultados apresentados na Figura 4.33 possivelmente pode-se
obter a sustância sólida de In1.4Fe0,6Mo3O12 com expansão térmica
extremadamente pequena (zero) na faixa de temperatura de 400 a 600°C
Figura 4.33- Coeficientes de expansão térmica (αa, αb, αc, αl) das soluções
In1.5Fe0,5Mo3O12, InFeMo3O12, In0.5Fe1,5Mo3O12, nas faixas de temperaturas de (400-
800°C), (400-600°C) e (400-600°C) respectivamente.
0.25 0.50 0.75
-16
-14
-12
-10
-8
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
CET zero
InFeMo3O
12In
0.5Fe
1.5Mo
3O
12In
1.5Fe
0.5Mo
3O
12
In2-x
FexMo
3O
12
Co
efic
ien
tes
de
exp
an
são
té
rmic
a [1
0-6]
Fração (x)
a
b
c
l