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HUMANIVERSIDADE HOLÍSTICA Mantra e Musicoterapia .

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HUMANIVERSIDADE HOLÍSTICA Mantra e Musicoterapia

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Humaniversidade Holística 1

Mantra - Sons de poder Origem e definição

“O sussurro que não

repete o nome de Deus é sussurro perdido.”

Kabir

“En’archên en no lógus — No princípio era o verbo,

e o verbo estava com Deus, e o verbo era Deus.”

João 1:1

A palavra mantra é de origem sânscrita, pertence ao gênero masculino e significa controle da mente, aquietamento ou instrumento para silenciar o pensamento (man = mente; tra = instrumento, trava). Seu plural é “mantram”, mas no Ocidente tornou-se comum falar “mantras”.

Segundo historiadores e antropólogos, os mantram originam-se em povos de culturas arcaicas e sociedades primitivas ou tribos cujos curadores recebiam o nome genérico de xamã.

A palavra xamã é adotada pela antropologia como saman, que significa “inspirado pelos seres invisíveis”. São os xamãs genericamente chamados de medicine man, magos, curandeiros ou feiticeiros que usam técnicas diversas para seus povos e para eles mesmos com o intuito de obter mais felicidade e saúde.

Segundo o xamã Léo Artése, em seu livro O Vôo da Águia, “o xamanismo é encontrado, historicamente, em todas as partes do mundo: Sibéria, América do Norte, América do Sul, Austrália, Oceania, África, China, Índia, Tibete etc. Vindos da Sibéria, os xamãs teriam emigrado durante as grandes glaciações, seguindo rebanhos de renas, passando pelo estreito de Bering e espalhando-se pelos continentes”.

Considerando-se que o homem tem o sistema fonético evoluído há mais de 60 mil anos e as primeiras palavras eram usadas para transmitir cultura e entrar em contato com fogo, terra, ar, água, trovão, sol, lua etc. por meio de sons do sagrado, sons da eternidade, sons de poder, sinto que desses sons surgiram os mantram, através dos quais os xamãs se comunicavam com os espíritos da natureza ao fazer seus rituais. Segundo R.J.L:

A MÃE DE TODAS AS LÍNGUAS Por décadas, os cientistas consideraram a especulação sobre qual teria sido a primeira língua humana

absoluta perda de tempo. As formas clássicas de análise não iam além dos 10 mil anos em termos de profundidade temporal, enquanto os seres humanos provavelmente usam linguagem falada há dez vezes mais tempo. Mesmo assim, indícios lingüísticos e genéticos sugerem que, se alguma vez houve uma "Eva" das línguas da Terra, ela provavelmente era cheia de cliques.

A proposta é de Alec Knight e Joanna Mountain, biólogos da Universidade Stanford, na Califórnia. Os dois desenvolveram a teoria ao estudar os chamados povos khoisan, os habitantes primitivos de grandes áreas da África do Sul, de Botsuana e da Namíbia. Os idiomas das muitas tribos desse grupo, tornado conhecido pelo filme Os Deuses Devem Estar Loucos, têm consoantes pronunciadas com um estalo da língua, como quem imita o trote de um cavalo (daí o nome "dique").

Análises de ONA já haviam indicado que os khoisan estão entre os povos mais antigos da África, com base na quantidade de mutações acumuladas ao longo dos milênios em seu material genético. 0 mesmo ocorria com um povo da Tanzânia, o hadzabe, que também fala uma língua de cliques e vive a cerca de 2 mil km dos khoisan.

Supunha-se que os hadzabe teriam imigrado há relativamente pouco tempo para o norte. Mas novos estudos genéticos mostraram que eles têm parentesco apenas distante com os khoisan, tendo se separado deles há cerca de ?0 mil anos. A data coincide com a primeira grande expansão dos seres humanos modernos para fora da África, o que sugeriria que os ancestrais dos hadzabe seriam esses pioneiros e teriam levado consigo seu idioma cheio de estalos.

O xamanismo espalhou-se pelo mundo e com ele as práticas mântricas. Sua utilização é hoje mais conhecida na Índia, esse país místico a partir do qual iniciamos nossa viagem à metafísica do som.

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Humaniversidade Holística 2

A origem dos mantram na Índia nos leva também a um passado de alguns milhares de anos, quando os yoguins que viviam em profunda meditação ou auto-investigação, chamados sadhus, criaram e praticaram sons com os mais variados objetivos, sendo o principal deles o reconhecimento de quem é você, o aquietamento, o mental, atrás da concentração e o Samadhi – Iluminação (aceitação de tudo na existência). Após várias gerações da prática mântrica, os sadhus empiricamente determinaram a língua sânscrita como ideal para a vocalização dos sons, que eram repetidos à exaustão e, se funcionassem, incorporados à tradição. Porém, do contrário, se não surtissem resultados, eram simplesmente abandonados.

As mais antigas referências escritas sobre os mantram encontram-se nos vedas, textos sagrados do Oriente, surgidos entre 2000 e 6000 a.C. A palavra veda deriva da raiz vid, que significa compreensão ou sabedoria. Esses textos foram escritos em sânscrito arcaico e se dividem em quatro partes: Rig, Sama, Atarva e Yajur. Os mantram do Rig Veda estão divididos em dez cantos, chamados mandala. Quem pronuncia ou escuta os sons desses poemas sacros é imediatamente tocado por um profundo sentimento de reverência. Afinal, trata-se de um dos antigos livros do planeta, contendo em suas centenas de páginas caminhos que levam à iluminação.

Desde o princípio dos tempos, os mantram são considerados a grande chave para a consciência e iluminação. Além disso, muitos deles têm o poder de proporcionar satisfações puramente materiais, tais como realização no amor, prosperidade, boa saúde, popularidade. Há também os que atuam contra o estresse, os que acalmam, aumentam ou reduzem batimentos cardíacos e até mesmo os que ajudam a afastar agressores. Os mantram trabalham diretamente com todos os aspectos mentais, ele direciona e concentra todo seu poder numa meta ou objetivo.

Reconheci em muitas peregrinações que os hindus são os que conhecem o maior número de mantram e os utilizam em seus sádhanas (práticas). Consideram o mantra um “protetor da mente” e por isso sempre mantêm-se mentalizando alguns. Assim, acreditam que podem afastar as influências astrais “negativas” e se libertar dos apegos, das preocupações e das limitações impostas pelo cotidiano.

Dentro do hinduísmo existem também aqueles que se dedicam ao mantra-yoga, uma das mais antigas ramificações da yoga. Esses praticantes se baseiam na vocalização dos sons e ultra-sons ensinados pelos mestres, que conheciam as freqüências sonoras e seus poderes de atuação sobre o corpo, a mente e o despertar da energia kundalini — energia da vida (orgone para Reich, libido para Freud e chi para os chineses).

Com o decorrer dos anos, a prática passou a utilizar línguas de outros povos, mas os hindus e várias escolas de mistérios por todo o mundo empregam o sânscrito ou línguas mortas como latim, aramaico e hebraico arcaico, que por ser inalteradas preservam a força do mantra.

Ao longo dos séculos os mantram foram ganhando força pelo inconsciente coletivo ou egrégora (força da repetição). O hino mântrico (richa) tem como finalidade principal proteger a quem nele se concentra.

A principal finalidade do mantra é aquietar ou cessar a atividade mental e estabilizar os pensamentos, acionando assim outras percepções e nos colocando em contato com a nossa essência. A prática mântrica conduz a um estado introspectivo, silencioso, que possibilita um diálogo interior com o que existe de mais essencial em nosso ser, o mano-bindu, ou seja, com o nosso centro real, onde opera o purusha (consciência).

À medida que nos aprofundamos nas práticas mântricas, atingimos um elevado grau de autoconhecimento e desenvolvemos a intuição. Tornamo-nos mais sensíveis, receptivos e menos racionais passando a agir pelo 6º sentido.

Os efeitos dos mantram também são percebidos após muita prática por causa da chamada ressonância ou “simpatia” do som (estudo da física acústica), que libera vibrações poderosas no organismo.

A ciência que pratica os mantram e sua metafísica é chamada, na Índia, de sphotavada pam. Nessa ciência o mantra é um único fonema ou série de fonemas combinados de acordo com esquemas esotéricos transmitidos em rituais de iniciação pelos mestres da antiguidade a seus discípulos.

Para o músico sufi Hazrat I. Khan, “aquele que conhece o segredo dos sons conhece o mistério de todo o universo, pois o som divino é a causa de toda criação”.

Ouvir um mantra é agradável, cantá-lo faz bem à alma e ao coração. “Quem canta seus males espanta.” O conhecimento dos mantram, porém, exige certo cuidado seletivo por parte dos praticantes, pois,

como comenta John Woodroffe, um estudioso das tradições mântricas, “esse é um assunto altamente complexo. Não é fácil de ser compreendido, especialmente porque o puro conhecimento confundiu-se com grande quantidade de práticas indesejáveis e de charlatanismo”.

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Infelizmente, tanto na Europa como na América, as pessoas que desejam conhecer e praticar os mantram nem sempre dispõem de bibliografia confiável à disposição. Diante disso, acabam caindo numa literatura superficial, que se perde em devaneios teóricos.

Na obra Gayatri, o mestre indiano I. K. Taimni comenta:“Com o passar do tempo, as coisas mudam. Os que conheciam diretamente são substituídos pelos conhecedores de segunda mão, ou então por meros eruditos, para os quais a verdade se torna apenas uma questão de conhecimento e debate intelectual”.Algo importante que devemos ter sempre em mente é que genericamente todas as palavras são mantram, porque aquilo que falamos ou pensamos é dotado, por si só, de força. Assim, quando ofendemos alguém, criamos uma força energética negativa contra essa pessoa e contra o ambiente onde estamos inseridos. Fazer um insulto ou uma fofoca faz mal a quem fala, a quem ouve e àquele de quem se fala, mas os mestres do passado esclarecem que quem ouve a fofoca é o maior prejudicado por ser o programador da “má língua”.

Os objetivos dos mantram são os mais variados possíveis. Podemos até generalizar dizendo que para todas as finalidades existe um mantra.

Os objetivos principais são:

– poder de remover ignorância (avidya); – poder de revelar verdades (oharma); – poder de purificação interna (kriya); – poder de realizar a libertação (moksa);

O mantra pode ser compreendido como uma “forma física” poderosa, constituída de sílabas com vibrações psicofísicas dotadas de propriedades energéticas.

Aquele que se dedica à prática dos mantram na Índia sabe que é mero passageiro deste mundo e que sua jornada aqui durará apenas um breve período. E essa consciência faz com que deseje acelerar seu processo de iluminação, hiperconsciência.

Os mestres experimentavam em si mesmos as técnicas que elaboravam. Se dessem certo, passavam a ensiná-las e incorporá-las a liturgias. Por isso a vocalização de sons poderosos não é um procedimento restrito às tradições hindus, como se costuma pensar. Os muçulmanos entoam orações bastante ritmadas, acompanhadas por um tasbeeh (espécie de terço). Os católicos romanos também possuem mantram em latim e suas preces costumam ser contadas num rosário. Os monges beneditinos são um exemplo claro da força dos mantram, pois seus cantos gregorianos se utilizam do poder das palavras. Ouvir os salmos ou mesmo uma missa em latim pode se transformar numa experiência muito agradável e meditativa. Neste livro há ainda mantram egípcios, xamânicos, celtas, cabalistas e rúnicos, todos dotados de enorme poder invocativo, gerador e transformador de energia mental.

O mestre Osho ensina: “Se você tiver um ouvido musical, se tiver um coração que possa entender a música — não só entender, mas sentir —, então o mantra será útil, pois nesse caso você se unificará com o som interior, poderá mover-se com esses sons para níveis cada vez mais sutis. Chegará então um momento no qual todos os sons pararão e apenas o som universal permanecerá. Esse som é o Om”

O mantra é algo místico, e há na raiz das palavras “místico”, “misticismo” e “mistério” o “mi”, que se origina da palavra grega myein, que significa fechar.

Mantra é uma experiência milenar dos praticantes que aprenderam a “fechar” a comunicação com o exterior e a amplificar o silêncio interior. É em hebraico “ta’amu”, “ure’u ki tov Adonai”, “Sintam”, “experimentem”, “o gosto”, “o paladar” de Deus/Deusa. É a cognitio dei experimentalis de Tomás de Aquino, isto é, a cognição do divino através de uma experiência empírica.

A palavra mantra tem, além disso, outras acepções: linguagem, especialmente a sagrada; sentença, texto, hino védico; oração, reza; encantamento; feitiço, conjuração; verso ou fórmula mística de encantamento etc.

Prática de mantram hinduistas (dicas antes de seguir em frente) Para sentir-se intergrado durante a prática mântrica, é importante observar algumas condições, como:

Local: de preferância silencioso e tranqüilo. Se possível mantenha a face voltada para o leste (devido à tradição que nos faz “voltar para o Oriente”. É preciso se “orientar” na vida). Os locais ideais são próximos à natureza. A fim de não dispersar energia, o praticante senta-se sobre uma esteira de palha

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ou, ainda, folhas secas, tronco de madeira, banco budista para meditação etc. Todos são maus condutores de eletricidade. No xamanismo, a escolha do local da meditação é chamado de “lugar de poder”.Postura: o ideal é manter a coluna absolutamente ereta e, preferencialmente, os olhos fechados. No xamanismo, a sua postura ideal é chamada de “postura do guerreiro”. E na pratica de Tai-Chi é o sentar-se na Paz.

“Tudo é uma questão de manter A mente quieta

A espinha ereta e o Coração tranqüilo.”

Walter Franco

Horário: o melhor é às 4 da manhã (brahmamuhurta), quando a atmosfera está carregada de prana (energia que está no ar), a noite (trevas) funde-se com o dia (luz) e o silêncio é absoluto, principalmente longe das grandes cidades. Consideram-se horários mágicos 6, 12, 18 e 21 horas, conhecidos também como hora do poder, assim chamados no xamanismo. Mas o que importa é praticar. Melhor não respeitar nenhuma regra do que fugir da prática.Alimentação: deve ser a mais leve possível antes da prática.

Ambiente: acenda um incenso suave. Os de sândalo, rosa e violeta são os mais indicados.

Divisão dos mantram Atitudes Ao entoar um mantra é preciso ter consciência de algumas atitudes que nos ajudam a entrar em contato

com sua energia. São elas: Kriyá: repetição. Quanto mais utilizamos os mantram, mais força eles adquirem. Na Índia existem os

ashram — escolas de mestres —, onde os mantram são vocalizados sem interrupção, dia e noite, durante anos, criando uma egrégora meditativa.

Bháva: sentimento, vontade de praticar, estar presente na prática, fazer com boa vontade.

Bhúta suddhi: preparação do local da prática no Japão o local de alguma pratica é chamado de Dojo e o respeito pelo mesmo é inegável.

Tipos de Mantram Bija mantra (semente do som) É a prática que tem como objetivo o estímulo dos chakras (centros de energia que serão estudados

posteriormente). Como os bijas são sons poderosos, os iniciantes em práticas mantricas devem ser orientados por algum

praticante experiente. As vocalizações, quando começam, normalmente são feitas em equilíbrio, ou seja, trabalhando-se com os chakras inferiores e superiores.

Algumas “escolas” ocidentais ensinam somente a trabalhar com os chakras superiores, a fim de que o discípulo não desperte uma sexualidade prazerosa. São as “escolas” de linha repressora, contrárias à sexualidade.

O bija dos sete chakras (Centro de Poder), de baixo para cima, são Lam, Vam, Ram, Yam, Ham, Om e Sham.

O trabalho com essas sementes sonoras exige conhecimento, pois, se pronunciado ou mentalizado errado, o som pode não causar a estimulação dos chakras.

Uma conhecida escola esotérica ocidental, por ignorar o sânscrito, trocou a tradução do mantra Yam por Pam. Apesar da semelhança na grafia sânscrita (dêvanâgari), o som não tem o efeito desejado.

Kirtan mantra (cântico)

São os mantram cantados, com melodias, letras e notas musicais, os quais, salvo poucas exceções, possuem tradução. Sua prática produz atuação psicológica tanto na introversão como principalmente na extroversão. Um exemplo de kirtan é o famoso mantra:

Hare Krishna (2x) Krishna Krishna

Hare Hare Hare Hama (2x)

Rama Rama Hare Hare

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É a repetição de um mantra normalmente curto, apesar de haver exceções, com uma só nota musical, sem tradução e com ritmo repetitivo. Lembre-se: quanto mais repetimos (japa) um mantra, maior sua força. Dentro do hinduísmo o número ideal de repetições é 108 vezes.

Formas de Utilização

Manas mantra - manasika mantra (mental) É o mantra interno feito com a mente (manas) sem som audível, portanto, com efeitos internos, pois

sua vibração é interior. Outra vantagem é que com a mente treinada podemos utilizar uma velocidade na repetição que seria impossível se ele fosse pronunciado. Com essa forma mantrica há muita concentração, pois não podemos pensar em duas coisas ao mesmo tempo. Assim, a prática mentalizada é com certeza melhor do que vocalizada devido ao fato que podemos pensar em algo e falar sobre outra coisa. Vaikharí mantra (vocal) Consiste na prática do mantra vocalizado ou audível, em voz alta, média ou baixa. Durante sua prática,

é fundamental a concentração, pois ao contrário dos manas mantram, sua vibração é para fora. Upámshu mantra (murmúrio) É o mantra sussurrado ou murmurado e requer muito treinamento. Likhita mantra (escrito) É a grafia do mantra em caracteres sânscritos. É chamada também de devanagari: deva = divina; gari =

escrita, ou seja, “escrita Divina”. Tipos de Semântica

Saguna mantra (atributo) São os mantram que têm tradução e designam divindades. Nirguna (sem atributo) Não possuem tradução. Ex: os sons dos chakras: lam, vam, ram, yam, ham, om, sham.

Quanto ao gênero

Os mantram finalizados com:

• voushat ou swáhá são na maioria femininos; • vashat ou fat são na maioria masculinos; • namah são neutros.

Porém existem exceções a essas regras. Embora os mantram sejam holísticos, totais, em geral os masculinos (pouco usados) trazem maior paz e harmonia, os femininos servem para contemplação, resolução de problemas, e os neutros para proteção, magia e poder. Mas esta é uma regra geral que pode mudar conforme alguns mantram de divindades escolhidas.

Quanto aos sons para divindades

Mantra Divindades hindus Hrím Klím Shrim Krim ou Hrím Glaum ou Gam Sham Dam Yam Lam Ram Haum Aim Dum Raam

Shiva Shakti Lakshmi e Ganesha Kali Ganesha Shankará (destruidor do mal) Vishnu Fogo Terra Água Shiva Krishna Durga Rama

Os atributos e os mitos das divindades serão estudados adiante.

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Divisão da Sílaba Mântrica O bija mantra representa as entidades e os deuses do panteão hindu, mas cada letra tem um significado

e uma forma de poder. No cristianismo e no judaísmo essa forma também é muito usada, como na palavra amém, que significa, segundo alguns cabalistas: a = um, m = rei, e = fiel, m = em todos os lugares. Ou seja, amém = um só Deus/Deusa que reina sobre todos os lugares. No hinduísmo, temos como exemplo:

Outras classificações de mantram

Mantra festivo Utilizado na festa de uma divindade. Mantra específico Utilizado para alcançar um objetivo. Mantra de agradecimento Muito utilizado no cristianismo, serve para cumprir uma promessa. Mantra contínuo Feito durante todo o dia a fim de aquietar a mente. Quando alguém muito inconveniente vier conversar assuntos que não lhe dizem respeito, escolha um mantra e repita-o mentalmente. Mantra-abelha É murmurado como o zumbido da abelha.

Texto Koan para sua Reflexão:

É importante observar que muitas vezes mesmo com a magia dos mantram as coisas não são como você deseja, o mantra não muda o inevitavel. O mitólogo J. Campbel ensina:

Lembro-me de uma maravilhosa conversa que tive com Alan Watts, um homem extraordinário. Um de meus problemas é que Jean sempre se atrasava. Marcava um encontro com ela aqui ou ali, e esperava sentado meia hora. Descobri que é normal os homens esperarem as mulheres. Elas têm tanta coisa para fazer antes de saírem de casa que trinta minutos, ou mais, passam depressa.

Bem, é básico em Nova York o fato de que leva meia hora para se chegar a qualquer lugar, mas Jean sempre achava que o horário em que ela deveria estar em certo lugar era o horário em que deveria sair. Passei pelo problema da longa espera e disse a Alan: "O que faço com ela? Fico irritado e, quando ela chega, fico rabugento."

Alan respondeu: "O seu problema é que você quer que ela esteja lá, mas você deseja uma situação que não é aquela em que está. Basta perceber que você está arruinando a experiência que poderia estar vivenciando ao pensar que ela deveria ser diferente."

Então, a espera por Jean tornou-se um exercício espiritual. Disse para mim mesmo: "Você não deve pensar que Jean deveria estar aqui. Olhe a sua volta e veja o que está acontecendo." Sabe de uma coisa? O lugar onde eu estava ficou tão interessante que não me entediei nem um pouco. Às vezes, eu até desejava que Jean me fizesse esperar. Isso não teria sido possível se Alan não tivesse sugerido que eu isolasse qualquer pensamento de que minha situação deveria ser diferente.

Esse é um exemplo do que o medo e o desejo podem fazer. Desejei que a situação fosse a que planejáramos, e esse desejo impediu minha experiência imediata: "É isso! Isso é a vida! Olhe para isso! Não está fervilhando?" Mas agora que eu podia adorar a situação em que estava, a espera não era mais maçante. A transformação psicológica seria que o que antes era suportado, agora era conhecido, amado e servido.

Shrim - Sh = Lakshmi Ra = Riqueza I = Satisfação M = Felicidade, doação Hrom - Hr = Shiva O = Abençoar M = Felicidade, doação Dum - D = Durga Ú = Proteger M = Doação / Felicidade

Klím - Ka = Desejo sensuais La = deusa Indra Í = Satisfação M = Felicidade, doação Glom - Ga = Ganesha La = Amplitude O = Brilho M = Felicidade, doação

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Humaniversidade Holística 7

Chakra

Qualidades que o Chakra se destina

Instru-mento

Músicas que energizam

Compo- nentes da musica

Perversões

Estilos musicais pervertores

Sahashara

Sabedoria Divina

Onisciência, iluminação, contemplação

Cordas

Sinfonias

Harmonia

Lógica, loucura, bruxaria, bitolagem, incompreensão

Jazz

Ajña Ciência Divina

Verdade, cura, visão divina, abundancia

Piano

Conserto para piano

Harmonia

Superstição, erros, inatividade, doença

Música de computador

Vishnudha Vontade ou poder

Onipotência, purificação, fé

Metais

Marchas sinfônicas

Harmonia

Falta de energia, vontade humana, dúvida

Folk-rock e rock cantado

Anahata Amor Divino Onipresença, compaixão, criatividade, caridade

Harpas

Concertos para harpas e valsas

Melodia

Amor humano, desunião, egoísmo, sensualidade

Fox e Tango

Manipura

Paz Divina Cooperação, inocência, ausência desejo, prestimosidade

Órgão Brajans, M.sacras e devocional

Melodia Turbulência emocional, egocentrismo, amor livre, gangs

Blues

Swadhistana Liberdade Ritual

Ritualística, misericórdia, transmutação, justiça

Sopro Ragas, New Age

Ritmo Servidão, memória, injustiça, dogma

Soul

Muladhara

Pureza Divina

Inteireza, moralidade, autodisciplina

Percur-são

Músicas folclóricas e populares

Ritmo

Impureza, falta de autocontrole, luxuria, solidão

Ritmos africanos, rock

Mantram Kirtans e Japas

Sequência dos Kirtans do Cd

1. GAYATRI OM, GAYATRI OM, GAYATRI

(Mantra para abrir e iniciar práticas de mantra, yoga e principalmente a pratica do Gayatri que é o Mantra a seguir.)

2. OM BHUR BHUVAH SWAHA

(OM) TAT SAVITURA VARENYAM BHAGÔ DEVA SWA DHYMAHI

DHIÔ YÔ NAH PRACHÔDAYATÔ O mais completo mantra do amálgama hindu. Iluminação e consciência do si-mesmo

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Humaniversidade Holística 8

3. JAYA GURU SHIVA, GURU HARÊ, GURU RAM JAGAT GURU, PARAM GURU, SAT GURU SHAM

OM ADY GURU, ADVAITA GURU,ANANDA GURU OM CHIT GURU, CHITGANA GURU, CHINMAYA

GURU OM (Som que evoca todos os seres místicos e deuses do hinduísmo tântrico)

4. BAJO NITAY

GURA HARÊ SHAM JAPA HARÊ

KRISHNA HARÊ RAM (Mantra para relaxamento e Paz)

5. SAMBHA SADA SHIVÁ

SAMBHA SHIVA OM HARA OM MATA OM MATA

OM SRI MATA JAGADAMBHA UMA PARAMESHWARI SRI BHUVANESHWARI

ADY PARA SHAKTI DEVI MAHESHAORI

(Celebração da vida, reconhecimento de gratidão e felicidde)

6. JAYA GANESHA (2X) JAYA GANESHA PAHIMAN

SRI GANESHA (2X) SRI GANESHA RAKSHAMAM

(Poder pessoal)

7. OM NAMAH SHIVAYA (Alegria e poder. Saudação a Shiva e a sua egrégora)

8. SHIVA (4X)

SHIVAYA NAMAH OM HARA (4X)

NAMAH SHIVAYA OM NAMAH SHIVAYA (4X)

(Poder e proteção)

9. OM NAMAH SHIVAYA SHIVA, SHIVA, SHIVA, OM

(Mantra de Shiva que atua na felicidade)

10. HARÊ SHIVA SHANKARA SHA SHANKA SHEKARA

HARA BAM HARA BAM BAM BAM BOLÔ BHAVA BAYANCA

KIRIDARA SHANKARA DIMI DIMI TAKANÁ TANAKELO

(Alegria)

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Humaniversidade Holística 9

11. OM SHIVA PRENAM SHAKTI OM SHIVA OM SHIVA

(União dos aspectos masculinos e femininos)

12. OM NAMO BHAGAVATÊ VASUDÊVAYA

(Estudo e consciência)

13. PATANJALI OM NAMAH GURUJI

(Conhecimento, estudo de Si)

14. JAY GURU JAY GURU OM KARA JAYA JAYA

SAT GURU OM KARÁ-OM BRAMAH VISHNU SADA SHIVA

HARA HARA HARA MAHA DEVA

(Para compreensão dos mistérios do universo)

15. JAYA KRISHNAYA JAYA RAMA KRISHNAYA

RAMA KRISHNAYA JAYA KRISHNAYA JAYA (Desperta a criança interior)

16. HARÊ KRISHNA HARÊ KRISHNA KRISHNA KRISHNA HARÊ HARÊ

HARÊ RAMA HARÊ RAMA RAMA RAMA HARÊ HARÊ

(Felicidade sem nenhum apego a realidade externa).

17. GOVINDA JAYA JAYA GOPALA JAYA JAYA

RADHARAMANA HARÊ GOVINDA JAYA JAYA (Alegria e cura emocional)

18. OM SHANTI

(Paz)

19. OM TAT SAT (Encontro com sua real natureza)

20. HARÊ HARÊ SHANKARA CHARYA

(Saudação ao Eterno)

21. ISHWARA (3X) HARÊ

(Usando antes de estudar)

22. GOPALA (2X) DEVA KINANDA NA GOPALA

(Contato com os elementos da natureza)

23. GOVINDA KRISHNA JEY GOPALA KRISHNA JEY

GOPALA BALA RADRA KRISHNA JEY KRISHNA JEY KRISHNA (4X) KRISHNA JEY

(Mantram usado por Satya Sai Baba, com quem tive contato na Índia, a fim de nos dar maturidade, paz e meditação)

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24. OM GANESHA OM GANESHA OM GANESHA OM

(Limpeza energética, prosperidade, despertar do pensamento positivo)

25. BOLO BOLO SAMIR BOLO OM NAMAH SHIVAYA OM NAMAH SHIVAYA (despertar o lado criança)

26. AYO JAVA SI RAM RAM RAM (2X) DACHARATANANDA ANA RAM (2X)

PATITA PAVA ANA JANA KIJIVA (2X) ANA SITA MOHA NARAM (2X)

(Relaxamento e bom sono)

27. OM AGNAYÊ NAMAHÁ (Mantra elemento fogo)

28. OM PRITIVAYÊ NAMAHÁ

(Mantra elemento terra)

29. OM VAYUAYÊ NAMAHÁ (Mantra elemento ar (Metal)

30. OM APIAYÊ NAMAHÁ

(Mantra elemento água)

31. OM AKASHAYÊ NAMAHÁ (Mantra elemento éter (madeira)

32. OM SRI GAM

(Poderosíssimo mantram de Ganesha para concretização de qualquer fim)

33. OM SRI GANESHA NAMAH (Prosperidade)

34. OM SRI BRAHMAYA NAMAH

(Longevidade e autoconhecimento)

35. OM KLIM KROM (Alquimiza a sexualidade em poder)

36. OM KRIM KROM NAMAH

(auto-estima e amor)

37. OM KLIM BRAHMAYA NAMAH (Longevidade com auto-estima)

38. OM ADITYAYA NAMAH

(Vigor, saúde, energia e longevidade)

39. OM SRI DURGAYA NAMAH (Proteção das mulheres contra qualquer mal)

40. OM SRI RAMAYA NAMAHÁ

(Equilíbrio e felicidade consigo mesmo, auto-estima)

41. OM SRI SARASWATI NAMAHÁ (Ótimo para escritores)

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42. OM SRI GOVINDAYA NAMAHÁ

(Paz e prosperidade)

43. OM SRI LAKSHIMIAYA NAMAH (Riqueza)

44. OM PAVAM PUTRAYA NAMAHÁ (Sucesso no amor para atração de mulheres)

45. EM STRIM OM

ou HUM STRIM OM

(Ambos mantram para relacionamentos afetivos)

46. OM KLIM KRISHNAYA NAMAHÁ (Realização de milagres)

47. OM HRIM SHRIM KLIM KRISHNAYA

GOVINDAYA GOPIJAN VALLABHAYA SWAHÁ

(Dom da cura)

48. OM JUM SAH VASATA (prolongar a vida e evitar acidentes)

49. OM AIN RIM CHAKCENA BADHANAMI

SWAHÁ (Evitar tragédias)

50. STRIM HUM PHAT

(Combate sentimento de culpa)

51. OM HRIM VAM VAGISAYE NAMAH (Aumenta capacidade intelectual)

52. OM HRIM GAURYAI NAMAH

(Para desenvolvimento da beleza)

53. OM SRIM KRIM KLIMSRIYAI NAMAH (riqueza)

54. OM EM KLIM CAMUNDA VICAI

NAMAH (Fortuna)

55. OM NAMAH KALI KAPALINI SWAHÁ

(de kali, proteção)

56. OM SRI SURYAYA NAMAH (mantra do sol)

57. OM SRI CHANDRAYA NAMAH

(mantra da lua)

58. OM SRI ANGARA KAYA NAMAHÁ (mantra do planeta marte)

59. OM SRI BUDDHAYA NAMAHÁ

(mantra do planeta mercúrio)

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Humaniversidade Holística 12

60. OM SRI GURAVE NAMAH (mantra do planeta júpiter)

61. OM SRI SHUKRAYA

NAMAH (mantra do planeta vênus)

62. OM SRI SHANAISHWARAYA SWAHÁ NAMAH (mantra do planeta saturno)

63. OM SAHA – TATHAGATA – PÃDA

VANDANAMKAROMI (saudações a todos os Budas)

64. OM MAITREYA MAIM SWAHÁ (Maitreya é o Buda da era de aquário.

Mantram para contato com essa egrégora)

65. OM AIM SARASVATYAI NAMAH AIM NAMAH BHAGAVATYAI

VADA VADA VAGDEVI SWAHÁ (Mantram de Sarasvati para situações de criatividade)

66. OM SHRI BHAGAVAD – GITÃYA NAMAH SWAHÁ

(Para adquirir a sabedoria do livro Bhagavad Gitã)

67. DRAM DATATREYA NAMAH (Mantram para contato com Datrateya um dos maiores mestres do Tantra)

68. OM DUM DURGAYA NAMAH

(Proteção das mulheres)

69. OM NARAYANAYA DHIMAHE VASUDEVAYA DHÍ MAHI

TANNO VISHNU PRACHODAYATO (Força em todos os sentidos)

Dentro das tradições tântrica e hindu há 10 divindades relacionadas com Durga, manifestação da Deusa que confere atributos variados. Seus dez mantram de sabedoria (Dasha-Mahavidyas) são:

Bhunvaneshuari – Sustenta a vida – é a Deusa Criadora

OM Bhuvaneshuari Namah.

Matangi – Poder de dominar – é a Deusa Energizadora OM Matangi Namah.

Kali – Poder sobre o tempo – é a Deusa Controladora

OM Kali Namah.

Bagala – Destrói o negativo – é a Deusa Protetora OM Bagala Namah.

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Humaniversidade Holística 13

Chinnamasta – Distribui energia da vida – é a Deusa Iniciadora OM Chinnamasta Namah.

Dhumavati – Domínio da Natureza – é a Deusa Desafiadora

OM Dhumavati Namah.

Tara – Recriação da Vida – é a Deusa Libertadora OM Tara Namah.

Bhairavi – modificações na Vida – é a Deusa Tecelã

OM Bhairavi Namah.

Sodashi – Aperfeiçoa – é a Deusa Preservadora OM Sodashi Namah.

Kamala – Restaura – é a Deusa dos Poderes

OM Kamala Namah.

Utilize esses mantram 108 vezes ou em múltiplos de 8.

Auto - Iniciação e Mantram de Cura “Visto que os Mantram não têm sentido conceitual, não evocam respostas predeterminadas. Quando entoamos um Mantra, ficamos livres para transcender os reflexos habituais. O som do Mantra pode tranqüilizar a mente e os sentidos, relaxar o corpo e ligar-nos com uma energia natural e curativa.”

Tarthang Tulku, A mente oculta da liberdade. Para dedicar-se a pratica de Mantram de maneira mais integral e plena, você pode realizar também

essa uma cerimônia iniciática bastante simples. Essa liturgia, depois de ter sido feita pela primeira vez, pode ser repetida se você desejar com certa freqüência, como você preferir, a cada mês, a cada trimestre, a cada semestre etc.

Pegue uma vasilha de barro e encha-a com água pura e limpa, de preferência mineral, (nas grandes cidades o que é chamado de água é na verdade flúor, cloro, urina tratada, etc.). Molhe os dedos nessa água (que deverá permanecer no local enquanto durar a prática) e toque cada parte do corpo, enquanto entoa o Mantra específico de cada uma delas você poderá entoar 1,8 ou 108 vezes. Entoe da melhor maneira que puder, mas lembre-se que o importante nesse ritual é a intenção. Esse ritual irá tocar cada pequeno chakra de seu corpo e ainda, você poderá tocar partes do corpo de outras pessoas com suas mãos e entoar ou mentalizar o Mantra específico. Você terá, com certeza, ótimos resultados. No Tibete e no Nepal existem hospitais que curam somente com a força dos Mantram e isso vem funcionando há muito tempo.

1. OM Am Namah Kesantesu (Cabelos)

2. OM Am Namah Mukhe (Fronte) 3. OM Im Namah Dakshin (Olho direito)

4. OMIm Namah Vam Netre (Olho esquerdo) 5. OM Um Namah Dakshin (Orelha direita)

6. OM Um Namah Vam Karne (Orelha esquerda) 7. OM Rim Namah Dakshin Nasa Pute (Narina direita) 8. OM Rim Namah Vam Nasa Pute (Narina esquerda)

9. OM Irim Namah Dakshin Kapole (Face Direita, sob o olho) 10. OM Irim Namah Vam Kapole (Face Esquerda, sob o olho)

11. OM Em Namah Urdhvoshte (Lábio superior) 12. OM Aim Namah Adharoshte (Lábio inferior)

13. OM Am Namah Urdhva Dant Panktau (Dentes superiores) 14. OM Aum Namah Adho Dant Panktau (Dentes inferiores)

15. OM Am Namah Murdhni (Queixo) 16. OM Ah Namah Mukhvrite (Mandíbula)

17. OM Kam Namah Dakshin Bahumule (Ombro direito) 18. OM Kham Namah Dakshin Kurpare (Axila direita)

19. OM Gam Namah Dakshin Manibadhe (Pulso direito) 20. OM Gham Namah Dakshin Hastangulimule (Nós dos dedos da mão direita)

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Humaniversidade Holística 14

21. OM Anam Namah Dakshin Hastangulyagre (Ponta dos dedos da mão direita) 22. OM Cam Namah Vam Bahumule (Ombro esquerdo) 23. OM Cham Namah Vam Kurpare (Axila esquerda)

24. OM Jam Namah Vam Manibandhe (Pulso esquerdo) 25. OM Jham Namah Vam Hastangulimule (Nós dos Dedos da mão esquerda) 26. OM Nam Namah Vam Hastangulyagre (Ponta dos dedos da mão esquerda)

27. OM Tam Namah Dakshin Padmule (Joelho direito) 28. OM Tham Namah Dakshin Januni (Músculo da coxa direita)

29. OM Dam Namah Dakshin Gulphe (Tornozelo direito) 30. OM Dham Namah Dakshin Padangulimule (Nós dos dedos do pé direito) 31. OM Nam Namah Dakshin Padangulyagre(Ponta dos dedos do pé direito)

32. OM Tam Namah Vam Padmule (Joelho esquerdo) 33. OM Tham Namah Vam Januni (Músculo da coxa esquerda)

34. OM Dam Namah Vam Gulphe (Tornozelo esquerdo) 35. OM Dham Namah Vam Padangulimule (Nós dos dedos do pé esquerdo) 36. OM Nam Namah Vam Padangulyagre (Pontas dos dedos do pé esquerdo)

37. OM Pam Namah Dakshin Parswe (Espádua direita) 38. OM Pham Namah Vam Parswe (Espádua esquerda)

39. OM Bam Namah Pristhe (Ambas espáduas) 40. OM Bham Namah Nabhau (Umbigo) 41. OM Mam Namah Udarai (Estômago)

42. OM Yam Twagatmanai Namah Hridi (Coração) 43. OM Ram Asrigatmane Dakshanse (Lado direito das costas) 44. OM Lam Mansatmane Namah Kakudi (Ambos os ombros)

45. OM Vam Medatmane Namah Vamanse (Lado esquerdo das costas) 46. OM Sam Asthyatmane Namah Hridayadi Daksh Hastantam (Ossos da costela)

47. OM Sam Majjatmane Namah Hridayadi Vam Hastantam (Pele da parte externa do abdômen) 48. OM Sam Sukratmane Namah Hridayadi Daksh Padantam (Planta do pé direito)

59. OM Ham Atmane Namah Hridayadi Vam Padantam (Planta do pé esquerdo) 50. OM Lam Paramatmane Namah Jadhare (Centro do abdômen, na altura do estômago)

51. OM Ksham Parantmane Namah Mukhe (Rosto)

Repita os Mantram 8 ou 108 vezes, ou ainda qualquer número que seja múltiplos de 8 ou 108. Uma vez determinada a quantidade de Mantram que irá entoar, não mude de idéia, ou estará rompendo com o propósito da prática. No caso de não saber ao certo quantas vezes entoar os Mantram, faça-os quantas vezes for possível. Essa liturgia atuará beneficamente sobre todo o seu corpo, protegendo-o e proporcionando-lhe uma boa saúde. Nos Himalaias, os monges recitam os Mantram de cada parte do corpo com a finalidade de transmitir vibrações de saúde e cura chamando Mantrapuntura que também é a utilização dos sons em partes do corpo onde se contêm os tsubos ou pontos dos meridianos utilizados na acupuntura e no Shiatsu dentre outros.

Se não houver um mantra específico para a região que você deseja fazer o mantrapuntura, se utilize do mantra mais próximo ao local. Ex: Mantra da língua – não há. Utilize o mantra do lábio inferior: Om Em Namah Urdhvoshte.

Mircéa Éliade:

“Um mantra é um “símbolo” no sentido arcaico do termo: é ao mesmo tempo a “realidade” simbolizada e o “signo” que simboliza. Existe uma correspondência oculta entre, por uma parte, as letras e as sílabas (...) e os órgãos sutis do corpo humano, e, por outra, entre esses órgãos e as forças latentes ou manifestas no cosmos”.

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Humaniversidade Holística 15

Mantram de Poder

“Primeiro, Deus como ser... Do ser surge à mente...

Da mente surge o desejo... Do desejo surge à vontade...

Da vontade surge a palavra... Da palavra surge o resto...”

Tradição Védica

Kalu Rinpoche, em seu livro “The Dharma” diz “Recitamos e meditamos sobre o Mantra, que é o som iluminado, a fala da divindade, a união do som com a vacuidade. (...)Ele não possui uma realidade intrínseca, é simplesmente a manifestação do som puro, experienciado simultaneamente com sua vacuidade. Através do Mantra, não nos apegamos mais à realidade da fala e do som encontrados no cotidiano, mas os experiênciamos como sendo vazios. Então, a confusão do aspecto da fala de nosso ser é transformada na consciência iluminada.”

Mantram para modificar Estados Interiores

Estados Interiores Mantram Vaidade exagerada Shante Prashante Sarva Ahankara Upasha Mani Swaha Desejo obsessivo Shante Prashante Sarva Kama Upasha Mani Swaha Orgulho exagerado Shante Prashante Sarva Mada Upasha Mani Swaha Inveja Shante Prashante Sarva Matsarya Upasha Mani Swaha Ciúme Shante Prashante Sarva Irsha Upasha Mani Swaha Pânico Shante Prashante Sarva Bhaya Upasha Mani Swaha Tristeza Shante Prashante Sarva Vishada Upasha Mani Swaha Falsidade Shante Prashante Sarva Katapa-Ta Upasha Mani Swaha Mágoas Shante Prashante Sarva Shola Upasha Mani Swaha Falta de Energia Shante Prashante Sarva Shu-Shupti Upasha Mani Swaha Desconfiança Shante Prashante Sarva Avish-Vasa Upasha Mani Swaha Timidez Shante Prashante Sarva Sarva Laja Upasha Mani Swaha Avareza Shante Prashante Sarva Lobha Upasha Mani Swaha Ódio Shante Prashante Sarva Krodha Upasha Mani Swaha Inconstância Shante Prashante Sarva Pishu-Nata Upasha Mani Swaha Ódio entre pessoas Shante Prashante Sarva Mah-Na Upasha Mani Swaha Aversão Shante Prashante Sarva Ghrina Upasha Mani Swaha Egocentrismo Shante Prashante Sarva Dambha Upasha Mani Swaha Depressão Shante Prashante Sarva Kheda Upasha Mani Swaha Ser tua natureza So Ham (Eu Sou)

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Mantra de Tara: Om Tare Tutare Soha

Mantra de Iluminação: Om Mani Padme Hum

Mantra de Todos os Budas: Gate Gate Paragate Parasan Gate Bodhi Swahá

Eu me refugio no Sangha (a comunidade dos que procuram a iluminação) Om, Sangam Saranam Gacchani.

Mantra do Sakyamouni

Om Muni Muni Maha Muni Shakyamini Soha

É uma invocação a Buda como o grande sábio silencioso. Om Muni Maha Sakyamouni Svâhâ.

Om: Eternidade. Muni: Sábio silencioso.

Maha: Grande. Sakya mouni: sábio dos sáquias (nome da tribo de Buda).

Svâhâ: Saudação.

Mantra que purifica, cria equilíbrio e é também, junto com um respiratório budista, a prática do vaso (recipiente), dá longa vida.

Mantra: Om Ah Hum Prática: Om – (inspirando)

Ah – (retendo o ar nos pulmões) Hum – (expirando)

Mantra dedicado a paz no planeta terra

Om Bishwa Shanti Hum

Mantra do coração de compaixão Om Vrajrasattva Hum

Mantra de homenagem a Kuan-Yin (Karuna)

Namu Maha – Karuna Avalokitesvara Bodhisattva

Mantra para se utilizar enquanto se lava as mãos e o rosto num sentido de purificação: Om Argham Ah Hum

Mantra utilizado enquanto nos banhamos. É um som de purificação: Om Padyam Ah Hum

Mantra para se consagrar flores:

Om Pushpê Ah Hum

Mantra para se consagrar incenso: Om Dhupê Ah Hum

Mantra para se consagrar velas:

Om Alokê Ah Hum

Mantra para se consagrar água perfumada: Om Gandhê Ah Hum

Mantra para se abençoar ao Buda que existe dentro de cada ser vivo:

Bhagavan Sarva Tathagatha

Mantra para se consagrar alimentos vivos (frutas, legumes e raízes): Om Naividhê Ah Hum

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Musicoterapia Básica (Aplique aos seus Atendimentos)

Para muitas culturas, o som é a força divina que se manifesta através das vibrações rítmicas.

Uma das técnicas ligadas ao uso das leis naturais, a musicoterapia tem suas raízes na sabedoria cujas origens se perdem no tempo.

O homem antigo desconhecia métodos organizados de “terapia dos sons”, mas, na verdade, nem precisava deles, pois conhecia e vivenciava espontaneamente a influência dos sons sobre.

São muitas as referências e numerosos os escritos relacionados à aplicação da música e dos sons na medicina. Na região próxima a Kahum, no Egito, foi descoberto em 1889 um papiro de aproximadamente 4500 anos que revelava a aplicação de um sistema de sons e de músicas, instrumentais ou vocais, para o tratamento de problemas emocionais e espirituais. Esse sistema incluía até mesmo, indicações para algumas doenças físicas.

A mitologia grega também é rica em informações sobre técnicas terapêuticas de caráter musical. Asclépio, ou Esculápio para os romanos, filho de Apolo e deus da medicina – do qual, acreditavam os gregos descendia o próprio Hipócrates – tratava seus doentes fazendo-os ouvir cânticos considerados mágicos.

Homero, por sua vez, famoso historiador que precedeu Platão, afirmava que a música foi uma

dádiva divina para o homem: com ela, poderia alegrar a alma e assim apaziguar as perturbações de sua mente e de seu corpo.

A Música e o Temperamento

Os gregos antigos chegaram a desenvolver um sistema bem organizado de musicoterapia, baseado na

influência de certos sons, ritmos e melodias sobre o psiquismo e o somatismo do ser humano. Esse poder que se atribuía ao som, ou à música, denominava-se ethos e dividia-se em quatro tipos baseados nas quatro formas de temperamento humano. São eles:

Etho frígio – que excita, gera coragem e mesmo furor; Etho cólio – que gera sentimentos profundos e amor; Etho lídio – que produz sentimentos de contrição, de arrependimento, de compaixão e de tristeza; Etho dórico – que gera estados mais profundos, de recolhimento e concentração.

O terror provocado pelos trovões, a tranqüilidade gerada pelo ruído de uma chuva fina, o enlevo produzido pelo canto de um pássaro, o êxtase a que se é conduzido pelo som de uma flauta: todos esses sentimentos são frutos de efeitos inexplicáveis, mas que sempre atraíram e exerceram forte influência sobre o ser humano.

Em todas as culturas antigas, sejam ela egípcia, persa, grega, indiana, chinesa, japonesa ou qualquer outra, existem importantes referências sobre terapia musical ou sobre a conexão entre músicas e transformações do estado de espírito. Entre os gregos, ainda, a flauta do semideus Pã ficou famosa não só por encantar as pessoas como também por que eliminava os maus sentimentos acumulados no organismo.

O Remédio da Alma

Platão revelou especial admiração pelo estudo dos efeitos da música sobre os seres humanos e, em particular, por seus efeitos terapêuticos . Afirmava que “a música é o remédio da alma” e que chega ao

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Humaniversidade Holística 18

corpo por intermédio dela. Ainda segundo o filósofo, a alma pode ser condicionada pela música assim como o corpo pela ginástica.

Demócrito, outro filósofo grego, afirmava com convicção que o som melodioso da flauta doce conseguia combater os efeitos da picada de serpentes venenosas. Esse poder da flauta, cuja melodia encanta as próprias serpentes na Índia desde os tempos mais remotos, ganhou fama na Europa durante a Idade Média: acreditava-se, então, que o som da flauta doce era capaz de curar crises de dor ciática, estendeu seu uso a manifestações agudas de outras doenças nevrálgicas.

Música, Alimento do Amor

Esse interesse pelos efeitos terapêuticos da música não se limita aos filósofos e aos médicos. O escritor e pensador alemão Goethe costumava passar horas e horas ouvindo sinfonias que considerava inspiradoras e que, segundo suas palavras, “representavam a fonte do pensamento e do sentimento puro”. Antes dele, na abertura da peça Noite de Reis, Shakespeare já havia colocado na voz do Duque de Orsino um pedido aos instrumentistas: “Se a música é alimento do amor, continuem tocando”.

São infinitas as citações em que a música aparece ligada a sentimentos, emoções, pensamentos, e essa relação são mais intensas e está mais enraizada nas culturas do que se imagina. Ainda na Índia, por exemplo, o velho hábito de se pendurar sinos nas vacas – animais sagrados para os indianos – tem por objetivo afugentar os maus espíritos, causadores de doenças; já os japoneses mantêm o habito milenar de pendurar, nas portas e janelas, instrumentos que produzem sons à passagem do vento. Desse modo “purificam-se” as vibrações dos ambientes, criando-se uma atmosfera de calma, de paz, propícia à concentração, à interiorização e mesmo ao convívio harmonioso. Não há como negar a influência dos sons na natureza anímica e mental do ser humano; esses recursos, aliás, têm sido cada vez mais aproveitados pela moderna musicoterapia.

Gandharva Veda: a Influência dos Sons Puros

Os médicos da antiga Índia talvez tenham sido os maiores conhecedores das técnicas musicais

curativas. A medicina ayurvédica dispõe até hoje de sons instrumentais, de cântigos e de mantras (sons vocalizados ou interiorizados) capazes de ativar e de equilibrar os centros de força psíquica do homem, promovendo a recuperação do organismo mesmo no caso de graves disfunções.

Um dos ramos da literatura védica, o Gandaharva Veda, ou “conhecimento dos tons musicais”, reúne técnicas de musicoterapia baseadas em regras, ou melodias improvisadas, capazes de produzir resultados surpreendentes. Segundo as teorias a seu respeito, a música Gandharva agrupa as vibrações fundamentais que pulsam na natureza a cada momento. Desse modo, há ragas específicas que devem ser ouvidas em determinadas horas, pois exercem influência não só sobre quem as ouve, como em todo o ambiente.

Música, doce música

Um recurso terapêutico que utiliza a magia dos sons para harmonizar e curar o corpo e a alma. Bastante freqüentes na Arte Medieval e Renascentista, as figuras de Anjos tocando instrumentos, sugerem a

relação da música com os poderes celestiais. Modernamente a musicoterapia é largamente empregada no tratamento de diferentes anomalias

psicofísicas como a esquizofrenia e em problemas tipicamente neurológicos, como a afasia (perda total ou parcial da fala). Também exerce excelente influência no tratamento de neuroses e no autismo infantil. Recentemente, clínicos norte-americanos divulgaram os efeitos benéficos de certas músicas no tratamento da crise asmática e da colite nervosa. Mesmo as neuroses de guerra têm sido tratadas com música, e existem relatos comoventes de crises de choro intenso, provocadas pela audição de sinfonias de Beethoven, nos alojamentos dos soldados no Vietnã.

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Humaniversidade Holística 19

De modo mais genérico, muitos profissionais ligados à psicoterapia vêm utilizando os sons para estimular a autoconfiança em seus pacientes, desenvolver a concentração e aliviar tensões, através da música ambiental instalada em consultórios ou ambulatórios. O mesmo vem acontecendo em muitos hospitais, onde uma suave música ambiente gera tranqüilidade e confiança, tanto nos pacientes como nos funcionários. Clínicas e hospitais especializados em musicoterapia, porém, aplicam suas técnicas como auxiliares no tratamento de doenças específicas. O Horton Hospital de Epson, Inglaterra, por exemplo, obteve bons resultados ao incluir concertos musicais no tratamento de doentes mentais com profundas tensões nervosas, em casos de neuroses, depressão, choque provocado pela perda de parentes queridos, estupro e traumatismo por acidentes.

Efeito Anestésico

Na Universidade de Michigan (EUA), médicos pesquisadores descobriram que o som da harpa alivia os pacientes portadores de sintomas histéricos e que os sólos de violino podem eliminar dores de cabeça e diminuir a enxaqueca. Utilizando apenas a musicoterapia, um dentista de Cambridge, Massachusets, realizou centenas de obturações e outro tanto de extrações sem precisar recorrer a anestésicos. Existem ainda referências - cirurgias - inclusive do coração - e partos, cujo único anestésico foi a musicoterapia. Um dos pioneiros no estudo da capacidade analgésica e anestésica da música, o Dr. E. Gall, localizou no cérebro humano, áreas capazes de gerar bloqueios aos estímulos dolorosos provenientes das vias nervosas aferentes.

Aumento da Sensibilidade

É incontestável a enorme influência da música e dos sons sobre os seres humanos, os animais e as plantas. A pessoa que aprende a tocar um instrumento em geral desenvolve maior sensibilidade e introspecção. O escritor português Eça de Queiroz não deixou de ter razão ao afirmar que “São os hinos que fazem as revoluções; referindo-se ao imenso poder da música sobre a alma humana”.

Muito mais que um amontoado de recursos aparentemente mágicos, a musicoterapia contemporânea representa a sistematização das influências da música e sua utilização terapêutica e preventiva.

Os Instrumentos Musicais e seus Efeitos

Baseado nos estudos da musicoterapia clássica, o psiquiatra inglês Robert Schauffer observou os seguintes efeitos dos instrumentos sobre o organismo:

Piano: combate a depressão e a melancolia;

Violino: combate a depressão e a insegurança;

Flauta Doce: combate o nervosismo e a ansiedade;

Violoncelo: incentiva a introspecção, a sobriedade;

Metais de sopro: inspiram coragem e impulsividade.

O Poder da Música

Segundo sua qualidade, os estímulos sonoros produzem efeitos positivos ou negativos no ser humano. Sons agressivos, ouvidos em volume excessivamente alto, podem sobrecarregar o Sistema Nervoso e

provocar tensão. As ondas sonoras são captadas pelo pavilhão auricular e chegam ao conduto auditivo e ao tímpano,

cujas vibrações atingem o ouvido médio, onde são convertidas em impulsos nervosos. Esses impulsos viajam até o cérebro pelo nervo ótico e ali são interpretados por células nervosas altamente diferenciadas, que "entendem" tais estímulos como som. O deslocamento das vibrações sonoras no líquido cerebrospinal e nas cavidades de ressonância do cérebro determina um tipo de massagem sônica que, segundo a

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qualidade harmônica do som, produz efeitos positivos ou negativos, benéficos ou não ao sistema psicobioenergético. As fibras nervosas convertem o som captado em estímulo nervoso propriamente dito.

O encadeamento de estímulos produz, então, efeitos específicos no organismo. No caso da dor, a música melodiosa, terna e serena, determina efeito analgésico ou anestésico. Através de complexos mecanismos, os neurônios atingem um estado de harmonia, que se traduz como repouso da célula; o efeito oposto ocorre com sons estridentes, muito fortes, desarmônicos, que determinam hiper-estimulação das células nervosas e stress neuronal.

Ritmos Perturbadores

Músicas de ritmo muito marcado, como o samba, ou dissonantes, como o rock, embora funcionem

como estimulantes, exercem efeito dispersivo sobre o sistema nervoso, impedindo a concentração e o relaxamento. Assim, conforme sua qualidade, intensidade e quantidade, o som pode beneficiar ou agredir o organismo. O ouvido humano está preparado para resistir a ruídos de alta intensidade apenas durante curtos períodos.

Após pouco mais de uma hora de exposição a sons intensos, de aproximadamente 100 decibéis, o sistema nervoso necessita de cerca de 40 horas para se recuperar completamente dessa espécie de “trauma”:

Diante disso, é fácil imaginar os danos provocados pela vida numa cidade grande ou em locais com freqüentes ruídos fortes, constantes e desagradáveis. A musicoterapia se torna cada vez mais necessária, já que é uma das técnicas capazes de restabelecer a paz e a harmonia interior do ser humano, hoje tão prejudicado pelo barulho, pelos sons agressivos, pela música dissonante ouvida em volume excessivamente alto.

Estudos realizados pela Academia Francesa de Medicina apontam o ruído forte como responsável por grande parte das depressões nervosas e de muitas enfermidades orgânicas. Segundo essas pesquisas, em 1982, o ruído das fábricas foi responsável por 11% dos acidentes de trabalho; o excesso de barulho foi a causa de um terço dos casos de depressão nervosa entre trabalhadores franceses e uma em cinco internações psiquiátricas deveu-se a esse mesmo motivo.

Os benefícios da música

Segundo os especialistas, a música harmônica pode provocar, nos seres humanos, oito tipos de efeito:

1. Antineurótico. 2. Antidistônico. 3. Anti-stress. 4. Sonífero e tranqüilizante.

5. Regulador psicossomático. 6. Analgésico e/ou anestésico. 7. Equilibrador do sistema cárdio-circulatório. 8. Equilibrador do metabolismo profundo.

Para os estudiosos, a influência da música atinge diversos órgãos e sistemas do corpo humano: o

cérebro, com suas estruturas especializadas, como o hipotálamo, a hipófise, o cerebelo; o córtex cerebral, o tálamo, o plexo solar, os pulmões, todo o aparelho gastrintestinal, o sangue e o sistema circulatório (com ação vasoconstritora e vasodilatadora, agindo, portanto, na pressão sanguínea), a pele e as mucosas, os músculos e o sistema imunológico.

O médico polonês Andrzes Janicki, especialista em musicoterapia, após realizar muitas experiências

nesse campo, concluiu também positivamente a respeito da influência da música no sistema nervoso central, no sistema endócrino, no sistema nervoso autônomo (simpático e parassimpático), nas funções de numerosos órgãos internos, na função psíquica e na memória. Tais influências se revelam diretamente nos seguintes aspectos:

ritmo cardíaco · pressão arterial · secreção do suco gástrico · tonicidade muscular · equilíbrio térmico

metabolismo geral · volume do sangue · redução do impacto dos estímulos sensoriais · funcionamento das glândulas sudoríparas · redução da sugestionabilidade e do medo.

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Segundo o neuropsiquiatra francês Jacques Baoudoresque, o excesso e a freqüência de ruídos podem provocar desordens psico-orgânicas como:

· úlceras e distúrbios gerais do estômago:

· elevação da pressão arterial; · agravamento de doenças cardíacas;

· redução do campo e da acuidade visual; · redução do tempo normal;

· dificuldade de percepção das cores; · aumento de sudorese;

· redução da capacidade de concentração; · redução da capacidade intelectual;

· tendência a cãibras, vertigens e espasmos ou cólicas; · aumento do consumo de oxigênio;

· maior tendência a neuroses; · perturbações circulatórias do feto na gravidez;

· desequilíbrios nas reações neuro-psíquicas e orgânicas. · perda temporária ou redução da capacidade auditiva (quando acima de 65

Decibéis);

Técnicas Terapêuticas de Aplicação da Música

As experiências do centro de pesquisas e aplicações psico-musicais, fizeram da França um dos países pioneiros no emprego da musicoterapia.

A música pode ser usada de diversas formas como tratamento: desde a simples música ambiental constante, passando pela audição individual ou grupal, ou então no ambiente dos centros de terapia, associada a tratamentos clínicos ou a outras técnicas como a cromoterapia, a aromaterapia, a bioe-nergética, a reflexologia, o yoga, a meditação, a alimentação natural, a ginástica e a dança.

Atualmente, a musicoterapia também tem sido associada a várias formas oficiais de tratamento, em particular à psiquiatria, à fisioterapia e à medicina psicossomática.

Na França, um dos países pioneiros nos estudos de musicoterapia, foi criado um Centro de Pesquisas e Aplicações Psico-musicais, cujos terapeutas sistematizaram a terapia musical em dois grandes grupos:

* a musicoterapia passiva, em que o paciente apenas ouve a música específica para seu tratamento; * a musicoterapia ativa, em que o paciente passa a tocar um instrumento, em grupo ou isoladamente,

segundo suas necessidades terapêuticas. Em ambos os casos, a música ou o conjunto de peças musicais utilizadas no tratamento, são escolhidas

após entrevistas que definem os diagnósticos e as técnicas mais adequadas. Com base na experiência do Centro de Pesquisas e Aplicações Psico-musicais, o efeito de

determinadas músicas sobre pacientes com doenças nervosas foi dividido em quatro grandes grupos:

Efeito relaxante Hino ao Sol, de Rimskyskorsakov Sonho de Amor, de Liszt O Lago dos Cisnes, de Tchaikovsky Fantasia e Fuga em Sol Menor, de Bach Serenata, de Schubert Largo, do Xerxes, de Haendel. Efeito tonificante Abertura da Aída, de Verdi Sinfonia N.° 5, de Dvorák A Grande Marcha, do Tannhauser, de Wagner Judeus, da ópera Fausto, de Gounod.

Efeito de tranqüilidade profunda Ave Maria, de Schubert Rêverie, de Schumann Canção da Índia, de Rimskykorsakov Suíte em Ré Maior, de Bach. Efeito de exaltação e estimulação Serenata, de Toselli Adagio, de Albinoni Daphnis et Chloé, de Ravel As Criaturas de Prometeu, de Beethoven

Réquiem, Opus 48 de Fauré (parte final).

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Humaniversidade Holística 22

Musicoterapia: Como utilizar

As obras de compositores clássicos vêm sendo estudadas e aplicadas há longo tempo pelos musicoterapeutas, com resultados comprovados. Siga atentamente as instruções e deixe a música fazer o resto.

Para combater a ansiedade: - Barcarola (dos Contos Musicais), de Offenbach; - Dança Polovetsiana, de Borodin; - Canção Sem Palavras, Andante cantabile, - Primeiro Quarteto Para Cordas em Ré, de

- Tchaikovisky - Sonho de uma Noite de verão, de Mendelssohn; - Ária para a Quarta Corda, de Bach. - Os 4 Improvisos, de Chopin;

Inicialmente, ouça as peças – uma a cada dia - e identifique aquela que produz maior impacto no plano dos sentimentos. Escute-a então diariamente, durante meia hora, em ambiente silencioso. É recomendável usar fones de ouvido.

Para estimular a energia vital: Marcha Eslava, de Tchaikovsky; - Marcha da Festa, do Tannhauser, de Wagner;

- Marcha Fúnebre para Marionete, de Gounod; - Marcha Rakruzky, de Berlioz; - Marcha Triunfal, da ópera Aída, de Verdi.

As peças acima são particularmente recomendadas no tratamento de doenças crônicas, debilitantes, nas

quais ocorre profunda redução da vitalidade. Em casos de fraqueza profunda, anemias e depressões com acometimento físico pronunciado e em casos terminais de câncer, essas músicas devem ser continuamente tocadas no quarto do paciente, sempre em volume suave.

Para produzir harmonia, equilíbrio emocional e mental:

- Consolação N.° 3, de Liszt; - Noturno, de Rimskykorsakov - Sonata ao Luar, de Beethoven;

Canção Noturna, de Schumann; - Trio em Dó Menor, segundo movimento,

de Chopin.

Recomendadas àqueles que perderam pessoas queridas e nos estados de inconformismo, as peças

musicais acima têm sido aplicadas com bons resultados em certos tipos de esquizofrenia e no

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retardamento mental. Devem ser ouvidas com freqüência, no mínimo durante uma hora todos os dias, em ambiente tranqüilo, ou então continuadamente na residência, no local de trabalho, no carro.

Para combater a depressão e medo excessivo:

Sonho de Amor, de Liszt - Serenata, de Schubert;

Tell (Abertura), de Rossini; - Noturno, Opus 48, de Chopin - Chacona, de Bach. - Guilherme

O ideal é uma sessão diária de meia hora pela manhã, ao levantar; se necessário, repita no decorrer do dia.

Para combater a insônia, tensão e nervosismo:

Canção da Primavera, de Mendelssohn; - Sonata ao Luar, de Beethoven (primeiros movimentos);

Valsa N.° 15, em Lá Bemol, de Brahms; - Sonho de Amor, de Liszt; - Movimentos Musicais N.° 3, Schubert.

Depois de ouvir todas as peças indicadas, escolha a que deu melhores resultados e escute-a

diariamente, antes de dormir. No início, os efeitos são leves: é preciso um pouco de paciência e persistência para notar progressos. Em casos mais acentuados, o efeito terapêutico pode diminuir com o tempo. Se isso acontecer, escolha outra música do grupo.

Para favorecer a interiorização e a meditação:

- Concerto N.° 2 para piano, de Rachmaninov (último movimento); - Concerto em Lá Menor, para piano, de Grieg (primeiro movimento); - Concerto N.° 1 para piano, de Tchaikovsky (primeiro movimento);

Prepare-se bem para a prática de meditação, ouvindo qualquer uma das peças durante cerca de 10

minutos.

Para pessoas de caráter pessimista:

- Abertura do Guilherme Tell, Carmen, de Bizet (parte final); - Abertura 1822, de Tchaikovsky;

- Mestres Cantores, de Wagner (abertura);

- Valquírias, de Wagner (abertura); - Dança Húngara N.° 5, de Brahms;

- Bacanal, de Sansão e Dalila, de Strauss; - Dança dos Comediantes de A Noiva Vendida, de Smetana; - Bolero, de Ravel; - Lohengrin, de Wagner (Prelúdio do terceiro ato); - Dança de Anitre, da Suite Peer Gynt, de Grieg.

Estas peças devem ser ouvidas freqüentemente pelas pessoas que tendem à negatividade e ao

pessimismo. Conforme sua sensibilidade, a própria pessoa vai descobrir qual delas é a mais indicada. Para casos de debilidade muscular, apatia, sensação de fraqueza, obesidade com

prostração, desequilíbrios nervosos e doenças debilitantes dos músculos em geral:

- Danças Eslavas, de Dvorák; - Dança Húngara N.° 5, de Brahms; - Valsa da ópera Eugène Onéguine, de Tchaikovsky;

- Marcha da ópera Aída, de Verdi; - Dança dos Marinheiros Russos, de Glière.

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Recomenda-se ouvir as peças continuamente, como música de fundo, durante todo o dia e também à noite, mesmo dormindo.

Durante a gravidez e para facilitar o parto:

- Concerto para Violino, Opus 87 B, de Sibelius; - Sonata Opus 56, de Haydn; - Concerto Tríplice, de Beethoven;

- As Quatro Estações, de Vivaldi; - Concerto para Violino, de Brahms; - Concerto para Violino, de Tchaikovsky.

Ouvidas alternadamente, por períodos, durante a gravidez e nos dias que precedem o parto, estas peças musicais geram bem-estar e contribuem para o nascimento de crianças mais tranqüilas.

Para obter efeito analgésico e anestésico em cirurgias, segundo a experiência da Dra. Sara K. Makler:

- Estrela Noturna e Murmúrio no Bosque, de Wagner; - Clair de Lune, de Debussy; - Sonata ao Luar, de Beethoven (primeiros movimentos). Devem ser ouvidas algumas horas antes e durante a cirurgia.

Para melhorar e estimular a memória:

- Concerto em Dó Maior para Bandolim, Corda e Clavicórdio de Vivaldi; - Largo do Concerto em Dó Maior para Clavicórdio, BMW 976, de Bach;

Spectrum Suite, Confort Zone e Starborn Suite, de Stephen Halpern. - Largo do Concerto em BMW 988, de Bach;

Faça sessões de uma hora, de preferência pela manhã, ao acordar. Escute uma peça por dia.

Para acalmar ambientes tumultuados:

- Sonho, de Debussy; - Tema de Amor da Abertura de Romeu e Julieta, de Tchaikovsky; - Pavana para uma Infanta Defunta, de Ravel; - Morte do Amor de Tristão e Isolda, de Wagner;

- Dia de Esponsales en Troldhausen (Noturno), de Grieg; - Noturno para Cordas, de Borodin; - Variação N.° 18 sobre um tema de Paganini, de Rachmaninov.

Como música de fundo, estas peças podem ser tocadas seguidamente em escritórios, lares tumultuados, hospitais, fábricas, salas de espera, bancos, etc. Os resultados têm se revelado notáveis. Também já se comprovou que, aplicadas em casas comerciais de grande porte, além de criarem uma atmosfera harmoniosa entre os funcionários, levam os clientes a realizarem suas compras com maior tranqüilidade.

Para combater o stress e doenças correlatas:

- Traumergi, de Schumann; - Clair de Lune, de Debussy; - Melancolia Matinal, da Suite Peer Gynt, de Grieg;

- Canção da Estrela da Tarde do Tannhauser, de Wagner; - Estudo Opus 10, N.° 3, de Chopin.

São muito eficazes contra o stress, os cansaços por excesso de trabalho ou de preocupações, a tensão nervosa, a impulsividade, a preocupação exagerada com pequenas coisas, as explosões de irascibilidade em crianças rebeldes e mimadas. Também produzem resultados satisfatórios nos casos de doenças orgânicas psicossomáticas decorrentes do stress, desde que associadas a tratamentos médicos, como nos casos de úlceras gástricas e duodenais, colites, soluços e outros distúrbios de origem nervosa.

Música, o melhor medicamento

A música na cura das doenças mentais: uma experiência que deu certo.

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O psiquiatra inglês Robert Schauffer aplicou técnicas de musicoterapia em manicômios para doentes mentais graves, com excelentes resultados. Ao perceber que os doentes reagiam de diversas maneiras às músicas habitualmente tocadas em seu consultório, Schauffer começou a estabelecer variações musicais, observando e acompanhando os efeitos dessas mudanças nos pacientes. Notou, por exemplo, que a música desarmônica e dissonante produzia agitação e despertava sentimentos negativos como medo e ódio. Observou também que os tons graves provocavam depressão e que músicas de ritmo bem marcado, como o samba ou o jazz, geravam em certos pacientes um estado de agitação ou de dispersão mental. Já a música leve, suave e melodiosa criava um ambiente de serenidade, favorecendo a digestão, regulando a circulação sanguínea e equilibrando o metabolismo. O Dr. Schauffer começou, então, a utilizar sistematicamente uma série de peças de música erudita, e acabou por desenvolver urna bem sucedida técnica de musicoterapia. Utilizando apenas a música e evitando as drogas psiquiátricas, obteve resultados excelentes, inclusive a cura de vários casos considerados difíceis. As indicações abaixo se baseiam nas observações e conclusões desse trabalho.

· Esgotamento físico: O Rio Moldava, de Smetana; peças de Grieg. · Esgotamento nervoso: Prelúdio do Carnaval, de Dvorák. · Depressão com manias: A Cavalgada das Valquírias, de Wagner. · Insônia: obras de Chopin. · Tristeza: concertos de Dvorák; obras de Beethoven. · No combate à inveja: Prelúdio dos Mestres Cantores, de Wagner. · No combate à preguiça: valsas, polcas e mazurcas. · No tratamento da loucura com fúria: Coro dos Peregrinos, do Tannhauser, de Wagner. · No combate ao alcoolismo: Obras de Bach.

Como Fazer uma Sessão Individual

Escolha um lugar calmo, de preferência sem ruídos, isolado, onde você pode se garantir de que não será perturbado nem interrompido. Deixe-o na penumbra.

Deite-se confortavelmente e, ainda sem música, faça um pequeno exercício de relaxamento: estique-se e tencione todos os músculos; depois, solte-os. Faça isso algumas vezes, enquanto respira suave e profundamente, em ritmo lento, inspirando e exalando sempre pelo nariz. Procure manter sua mente livre de tensão. Para isso, basta não dar nenhuma atenção aos pensamentos que tiver: deixe que eles venham, mas não se ocupe deles. Mantendo essa disposição mental, coloque a música que escolheu, em volume moderado.

Continue deitado, feche os olhos e deixe que a melodia o envolva. Imagine que ela o invade,

inundando seu cérebro e todas as suas células, percorrendo a medula espinhal e espalhando-se pelo peito, como se fosse uma luz. Imagine ainda que, suavemente, ela penetra no tórax, chega aos pulmões e depois ao coração, cujas pulsações distribuem essa “luz sonora" por todo o organismo. Continue respirando suavemente, sempre pelo nariz.

Imagine, então, que a música inunda todo o seu corpo, integrando-se a ele, produzindo harmonia e equilíbrio, o que se refletirá em profunda sensação de bem-estar.

Estabeleça, um tempo mínimo de 20 minutos para essas sessões diárias de musicoterapia.

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A Obra Sublime de Beethoven

Quase dois séculos depois de ter sido criada, a música imortal desde grande artista alemão continua chegando até nós com a mesma força que arrebatou seus contemporâneos.

Um dos maiores mestres da música de todos os tempos, Beethoven é também considerado o mais pro-fundo, o mais misterioso, pois viveu em estreita conexão com aquele plano mais insondável da vida, incompreensível para alguns, inatingível para muitos. E foi através de sua obra que ele procurou transmitir um pouco desse mistério incomensurável a que seu espírito extremamente sensível teve acesso: esse sutil mundo superior, tão distante das consciências menos refinadas, voltadas apenas para os aspectos superficiais da vida e condicionadas pela cultura massificante, presas sobretudo à simbologia limitada dos valores materiais.

A música é uma forma direta de comunicação: ela fala de coração para coração. Ao mesmo tempo, porém, sua linguagem pode alcançar a dimensão mais profunda, sublime, abrangente e essencial daquilo que é superior, tangenciando a natureza ilimitada da universalidade cósmica. E Beethoven, como poucos, conseguiu plasmar em sua criação cintilações desse plano, desse mundo mágico, pleno de êxtase, cujos atributos são inacessíveis à razão.

Assim, para penetrar o universo beethoveniano, é necessário cultivar outros sentidos, como o discerni-mento, a percepção superior, a intuição ou qualquer outro nome que se queira dar aos elementos da sensibilidade humana que ultrapassam a mente discriminativa, analítica, racional e o âmbito dos sentimentos inferiores, como a paixão egoísta. Porque a música desse grande mestre só pode ser alcançada quando se transcende o universo conceitual ou intelectual a que o homem comum está preso, quando se ultrapassa aquilo que equivocadamente foi estabelecido como o limite dos sentidos do ser humano.

As Sinfonias de Beethoven

A música dos grandes mestres sempre foi um importante instrumento utilizado nas escolas iniciáticas para elevar a capacidade de percepção. Em musicoterapia não é diferente, e a música de Beethoven, em particular, tem o dom de gerar profundas mudanças na vida de seus ouvintes, através de um diálogo sutil que constantemente se renova.

A seguir, uma síntese dos efeitos das principais sinfonias de Beethoven.

· Primeira Sinfonia estimula a motivação e a autoconfiança; · Segunda Sinfonia: gera grande força de vontade, poder de decisão; pode promover profundas

transformações em mentes passivas; · Terceira Sinfonia: contribui para equilibrar o sistema nervoso; combate a tensão, o pessimismo, a

incerteza e o desânimo, · Quarta Sinfonia: transmite forte carga de sentimentos altruístas; ajuda a eliminar sentimentos

negativos como o ódio, o egoísmo, o ciúme, a inveja, o desejo de vingança e a luxúria;

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· Quinta Sinfonia: estimula a reflexão existencial, levando o ouvinte a pensar em seu processo dialético e na própria vida,

· Sexta Sinfonia: desperta a criatividade, particularmente no plano artístico, estimula a esperança, a autoconfiança e a busca de novos caminhos;

· Sétima Sinfonia: propicia a auto-análise e, conseqüentemente, amplia o autoconhecimento; permite maior aprofundamento no inconsciente e encoraja o caminho da espiritualidade;

· Oitava Sinfonia: eleva o discernimento, abrindo os campos da consciência a formas superiores de ser e de perceber;

· Nona Sinfonia: induz à devoção mística e permite o contato com estados mais refinados de consciência.

A “Décima Sinfonia” acredita-se, nos meios esotéricos, que Beethoven teria composto mais uma sinfonia que nunca publicou. Tal decisão seria devida ao caráter insólito e aos efeitos excessivamente intensos e profundos que sua audição poderia provocar, gerando reações inusitadas e sentimentos estranhos em pessoas menos preparadas para o contato com as esferas mais sutis da realidade. Assim, a Décima Sinfonia teria sido reservada apenas para alguns discípulos especiais das escolas iniciáticas.

Em contato com a essência universal Quando alguém ouve uma peça de Beethoven e se

identifica com ela, sentindo-se tomado por sentimentos intensos, porém sutis, quase indefiníveis, pode-se inferir que

nessa pessoa há um aspecto cultivado da alma, que ultrapassa os limites comuns do plano mais grosseiro da vida. Este é o poder da música clássica, particularmente a de Beethoven: promover o contato com a essência universal.

Quando existe essa identificação, amplia-se o contato com a universalidade, que transforma o ouvinte, tornando-o mais sensível e perceptivo; se, no entanto, não ocorre de imediato nenhuma identificação, o simples ato de ouvir e a atenção interessada podem produzir um efeito próximo da magia: abre-se o campo da percepção à medida que o contato se torna mais freqüente.

Se as doenças, tensões e neuroses são basicamente causadas pelas pressões da vida superficial, pela busca ansiosa promovida pelo egoísmo, pelos descaminhos marcados por desejos equivocados, enfim, pelos condicionamentos aos falsos valores ditados por uma sociedade massificante, a solução está em transcender, em superar a identificação com esses valores que nos aprisionam, que tolhem nossa verdadeira liberdade de ser.

E a música de Beethoven é capaz disso. Ao nos despertar para a sutileza de um mundo sem palavras, mas repleto de significados eternos, ela nos permite o mergulho no absoluto. Não é sem razão que muitos, por temer o desconhecido, preferem o contato aparentemente seguro com a superficialidade, que na verdade perpetua a dor e o sofrimento, retardando a evolução individual e mesmo coletiva.

Os Sons da Natureza

A música do futuro não é música: desde os anos 70 vêm sendo produzidas nos Estados Unidos, fitas cassetes com sons ambientais, destinadas a uma importante e bem específica utilização psicológica.

Segundo a psicoacústica – Ciência que investiga de que maneira o ser humano processa o som em sua mente – muita gente sofre uma carência de sons da Natureza. Básicos para o equilíbrio do homem desde que o mundo é mundo, os sons naturais não são mais ouvidos por quem vive nas cidades. E isso gera uma necessidade, uma "saudade" subconsciente.

As fitas podem ser ouvidas como um “fundo ambiental”; mas também são úteis para mascarar ruídos perturbadores ou para estimular a interação e a conversa.

Devem ser escolhidas de acordo com as condições psicológicas: uma fita com cantos de pássaros, por exemplo, é ideal para acordar de manhã, mas não funciona à noite.

O executivo que chega em casa tenso e esgotado já pode pegar no sono ao embalo do suave marulhar das ondas numa praia deserta...

Entre outros best-sellers do som natural destacam-se o vento nas árvores, uma noite no campo, um riacho correndo sobre as pedras, uma tempestade de neve nas montanhas, a chuva leve numa floresta de pinheiros.

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Texto do Mestre Maurício Bontempo (leia os livros de autor)