3678418 andre luiz missionarios da luz

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    Francisco Cndido Xavier

    Missionrios da Luz

    3o livro da ColeoA Vida no Mundo Espiritual

    Ditado pelo Esprito

    Andr Luiz

    FEDERAO ESPRITA BRASILEIRADEPARTAMENTO EDITORIAL

    Rua Souza Valente, 1720941-040 - Rio - RJ - Brasil

    http://www.febnet.org.br/

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    Francisco Cndido Xavier - Missionrios da Luz - pelo Esprito Andr Luiz 2

    ColeoA Vida no Mundo Espiritual

    01 - Nosso Lar02 - Os Mensageiros

    03 - Missionrios da Luz04 - Obreiros da Vida Eterna05 - No Mundo Maior06 - Libertao07 - Entre a Terra e o Cu08 - Nos Domnios da Mediunidade09 - Ao e Reao10 - Evoluo em Dois Mundos

    11 - Mecanismos da Mediunidade12 - Sexo e Destino13 - E a Vida Continua...

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    ndiceAnte os tempos novos .................................................................. 41 O psicgrafo............................................................................. 82 A epfise ................................................................................. 163 Desenvolvimento medinico.................................................. 234 Vampirismo............................................................................ 32

    5 Influenciao.......................................................................... 436 A orao ................................................................................. 577 Socorro espiritual ................................................................... 668 No plano dos sonhos .............................................................. 779 Mediunidade e fenmeno ....................................................... 9110 Materializao .................................................................... 10411 Intercesso.......................................................................... 120

    12 Preparao de experincias................................................. 15213 Reencarnao ..................................................................... 17814 Proteo.............................................................................. 23415 Fracasso.............................................................................. 24816 Incorporao....................................................................... 25917 Doutrinao........................................................................ 27718 Obsesso ............................................................................ 29419 Passes ................................................................................. 31720 Adeus ................................................................................. 334

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    Ante os tempos novosEnquanto a histria relaciona a interveno de fadas, referin-

    do-se aos gnios tutelares, aos palcios ocultos e s maravilhas dafloresta desconhecida, as crianas escutam atentas, estampandoalegria e interesse no semblante feliz. Todavia, quando o narradormodifica a palavra, fixando-a nas realidades educativas, retrai-se mente infantil, contrafeita, cansada... No compreende a promessa

    da vida futura, com os seus trabalhos e responsabilidades.Os coraes, ainda tenros, amam o sonho, aguardam heros-

    mo fcil, estimam o menor esforo, no entendem, de pronto, olabor divino da perfeio eterna e, por isso, afastam-se do ensi-namento real, admirados, espantadios. A vida, porm, espera-oscom as suas leis imutveis e revela-lhes a verdade, gradativamen-te, sem rudos espetaculares, com serenidade de me.

    As pginas de Andr Luiz recordam essa imagem.Enquanto os Espritos Sbios e Benevolentes trazem a viso

    celeste, alargando o campo das esperanas humanas, todos oscompanheiros encarnados nos ouvem, extticos, venturosos. aconsolao sublime, o conforto desejado. Congregam-se os cora-es para receber as mensagens do cu. Mas, se os emissrios doplano superior revelam alguns ngulos da vida espiritual, falando-

    lhes do trabalho, do esforo prprio, da responsabilidade pessoal,da luta edificante, do estudo necessrio, do auto-aperfeioamento,no ocultam a desagradvel impresso. Contrariamente s suposi-es da primeira hora, no enxergam o cu das facilidades, nem aregio dos favores, no divisam acontecimentos milagrosos nemobservam a beatitude repousante. Ao invs do paraso prximo,sente-se nas vizinhanas de uma oficina incansvel, onde o traba-lhador no se elevar pela mo beijada do protecionismo e sim custa de si mesmo, para que deva prpria conscincia a vitria

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    ou a derrota. Percebem a lei imperecvel que estabelece o controle

    da vida, em nome do Eterno, sem falsos julgamentos. Compreen-dem que as praias de beleza divina e os palcios encantados dapaz aguardam o Esprito noutros continentes vibratrios do Uni-verso, reconhecendo, no entanto, que lhes compete suar e lutar,esforar-se e aprimorar-se por alcan-los, bracejando no imensomar das experincias.

    A maioria espanta-se e tenta o recuo. Pretende um cu fcil,

    depois da morte do corpo, que seja conquistado por meras afirma-tivas doutrinais. Ningum, contudo, perturbar a lei divina; averdade vencer sempre e a vida eterna continuar ensinando,devagarzinho, com pacincia maternal.

    Ao Espiritismo cristo cabe, atualmente, no mundo, grandiosae sublime tarefa.

    No basta definir-lhe as caractersticas venerveis de Conso-

    lador da Humanidade, so preciso tambm lhe revelar a feio demovimento libertador de conscincias e coraes.

    A morte fsica no o fim. pura mudana de captulo no li-vro da evoluo e do aperfeioamento. Ao seu influxo, ningumdeve esperar solues finais e definitivas, quando sabemos quecem anos de atividade no mundo representa uma frao relativa-mente curta de tempo para qualquer edificao na vida eterna.

    Infinito campo de servio aguarda a dedicao dos trabalha-dores da verdade e do bem. Problemas gigantescos desafiam osEspritos valorosos, encarnados na poca presente, com a gloriosamisso de preparar a nova era, contribuindo na restaurao da fviva e na extenso do entendimento humano. Urge socorrer aReligio, sepultada nos arquivos teolgicos dos templos de pedra,e amparar a Cincia, transformada em gnio satnico da destrui-o. A espiritualidade vitoriosa percorre o mundo, regenerando-

    lhe as fontes morais, despertando a criatura no quadro realista desuas aquisies. H chamamentos novos para o homem descrente,

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    do sculo 20, indicando-lhe horizontes mais vastos, a demonstrar-

    lhe que o Esprito vive acima das civilizaes que a guerra trans-forma ou consome na sua voracidade de drago multimilenrio.

    Ante os tempos novos e considerando o esforo grandioso darenovao, requisita-se o concurso de todos os servidores fiis daverdade e do bem para que, antes de tudo, vivam a nova f, me-lhorando-se e elevando-se cada um, a caminho do mundo melhor,a fim de que a edificao do Cristo prevalea sobre as meras

    palavras das ideologias brilhantes.Na consecuo da tarefa superior, congregam-se encarnados e

    desencarnados de boa vontade, construindo a ponte de luz, atravsda qual a Humanidade transpor o abismo da ignorncia e damorte.

    por este motivo, leitor amigo, que Andr Luiz vem, umavez mais, ao teu encontro, para dizer-te algo do servio divino dos

    Missionrios da Luz, esclarecendo, ainda, que o homem umEsprito Eterno habitando temporariamente o templo vivo dacarne terrestre, que o perisprito no um corpo de vaga neblina esim organizao viva a que se amoldam s clulas materiais; quea alma, em qualquer parte, recebe segundo as suas criaes indi-viduais; que os laos do amor e do dio nos acompanham emqualquer crculo da vida; que outras atividades so desempenha-das pela conscincia encarnada, alm da luta vulgar de cada dia;

    que a reencarnao orientada por sublimes ascendentes espiritu-ais e que, alm do sepulcro, a alma continua lutando e aprenden-do, aperfeioando-se e servindo aos desgnios do Senhor, cres-cendo sempre para a glria imortal a que o Pai nos destinou.

    Se a leitura te assombra, se as afirmativas do Mensageiro teparecem revolucionrias, recorre orao e agradece ao Senhor oaprendizado, pedindo-lhe te esclarea e ilumine, para que a iluso

    no te retenha em suas malhas. Lembra-te de que a revelao daverdade progressiva e, rogando o socorro divino para o teu

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    corao, atende aos sagrados deveres que a Terra te designou para

    cada dia, consciente de que a morte do corpo no te conduzir estagnao e sim a novos campos de aperfeioamento e trabalho,de renovao e luta bendita, onde vivers muito mais, e maisintensamente.

    EMMANUEL

    Pedro Leopoldo, 13 de maio de 1945.

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    1O psicgrafo

    Encerrada a conversao, referente aos problemas de inter-cmbio com os habitantes da esfera carnal, o Instrutor Alexandre,que desempenha elevadas funes em nosso plano, dirigiu-me apalavra, gentilmente:

    Compreendo seu desejo. Se quiser, poder acompanhar-meao nosso ncleo, em momento oportuno.

    Sim respondi, encantado , a questo medinica fasci-nante.

    O interlocutor sorriu benevolentemente e concordou:

    De fato, para quem lhe examine os ascendentes morais.

    Marcou-se, mais tarde, a noite de minha visita e esperei osensinamentos prticos, alimentando indisfarvel interesse.

    Surgida oportunidade, vali-me da prestigiosa influncia pa-ra ingressar no espaoso e velho salo, onde Alexandre desempe-nha atribuies na chefia.

    Dentre as dezenas de cadeiras, dispostas em filas, somentedezoito permaneciam ocupadas por pessoas terrestres, autnticas.

    As demais atendiam massa invisvel aos olhos comuns do planofsico. Grande assemblia de almas sofredoras. Pblico extenso enecessitado.

    Reparei que fios luminosos dividiam os assistentes da regioespiritual em turmas diferentes. Cada grupo exibia caractersticasprprias. Em torno das zonas de acesso postavam-se corpos deguarda e compreendi, pelo vozerio do exterior, que tambm ali aentrada dos desencarnados obedecia a controle significativo. As

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    entidades necessitadas, admitidas ao interior, mantinham discrio

    e silncio.Entrei cauteloso, sem despertar ateno na assemblia que

    ouvia, emocionadamente, a palavra generosa e edificante de ope-roso instrutor da casa.

    Grandes nmeros de cooperadores velavam, atentos. E, en-quanto o devotado mentor falava com o corao nas palavras, osdezoito companheiros encarnados demoravam-se em rigorosa

    concentrao do pensamento, elevado a objetivos altos e puros.Era belo sentir-lhes a vibrao particular. Cada qual emitia raiosluminosos, muito diferentes entre si, na intensidade e na cor.Esses raios confundiam-se distncia aproximada de sessentacentmetros dos corpos fsicos e estabeleciam uma corrente defora, bastante diversa das energias de nossa esfera. Essa correnteno se limitava ao crculo movimentado. Em certo ponto, despe-java elementos vitais, maneira de fonte miraculosa, com origemnos coraes e nos crebros humanos que a se reuniam. As ener-gias dos encarnados casavam-se aos fluidos vigorosos dos traba-lhadores de nosso plano de ao, congregados em vasto nmero,formando precioso armazm de benefcios para os infelizes, ex-tremamente apegados ainda s sensaes fisiolgicas.

    Semelhantes foras mentais no so ilusrias, como pode pa-recer ao raciocnio terrestre, menos esclarecido quanto s reservas

    infinitas de possibilidades alm da matria mais grosseira.Detinha-me na observao dos valores novos de meu apren-

    dizado, quando o meu amigo, terminada a dissertao consolado-ra, me solicitou a presena nos servios medinicos. Demonstran-do-se interessado no aproveitamento integral do tempo, foi muitocomedido nas saudaes.

    No podemos perder os minutos informou.

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    E, designando reduzido grupo de seis entidades prximas, es-

    clareceu: Esperam, ali, os amigos autorizados.

    comunicao? indaguei.

    O instrutor fez um sinal afirmativo e acrescentou:

    Nem todos, porm, conseguem o intuito mesma hora. Al-guns so obrigados a esperar semanas, meses, anos...

    No supunha to difcil a tarefa aduzi, espantado. Ver falou Alexandre, gentil.

    E dirigindo-se para um rapaz que se mantinha em profundaconcentrao, cercado de auxiliares de nosso plano, explicou,atencioso:

    Temos seis comunicantes provveis, mas na presente reuni-o apenas compareceu um mdium em condies de atender.

    Desde j, portanto, somos obrigados a considerar que o grupo deaprendizes e obreiros terrestres somente receber o que se rela-cione com o interesse coletivo. No h possibilidade para qual-quer servio extraordinrio.

    Julguei que o mdium fosse a mquina, acima de tudo ponderei.

    A mquina tambm gasta observou o instrutor e esta-

    mos diante de maquinismo demasiadamente delicado.Fixando-me a expresso espantadia, Alexandre continuou:

    Preliminarmente, devemos reconhecer que, nos serviosmedinicos, preponderam os fatores morais. Neste momento, omdium, para ser fiel ao mandato superior, necessita clareza eserenidade, como o espelho cristalino dum lago. De outro modo,as ondas de inquietude perturbariam a projeo de nossa espiritua-

    lidade sobre a materialidade terrena, como as guas revoltas norefletem as imagens sublimes do cu e da Natureza ambiente.

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    Indicando o mdium, prosseguiu o orientador, com voz firme:

    Este irmo no um simples aparelho. um Esprito quedeve ser to livre quanto o nosso e que, a fim de se prestar aointercmbio desejado, precisa renunciar a si mesmo, com abnega-o e humildade, primeiros fatores na obteno de acesso per-muta com as regies mais elevadas. Necessita calar, para queoutros falem; dar de si prprio, para que outros recebam. Emsuma, deve servir de ponte, onde se encontrem interesses diferen-

    tes. Sem essa compreenso consciente do esprito de servio, nopoderia atender aos propsitos edificantes. Naturalmente, ele responsvel pela manuteno dos recursos interiores, tais como atolerncia, a humildade, a disposio fraterna, a pacincia e oamor cristo; todavia, precisamos cooperar no sentido de manter-lhe os estmulos de natureza exterior, porque se o companheirono tem po, nem paz relativa, se lhe falta assistncia nas aquisi-es mais simples, no poderemos exigir-lhe a colaborao, re-

    dundante em sacrifcio. Nossas responsabilidades, portanto, estoconjugadas nos mnimos detalhes da tarefa a cumprir.

    Raiando-me a idia de que o mdium deveria esperar, satis-feito, a compensao divina, Alexandre ponderou:

    Consideremos, contudo, meu amigo, que ainda nos encon-tramos em trabalho incompleto. A questo de salrio vir depois...

    Nesse ponto da conversao, convidou-me aproximao doaparelho medinico e, colocando-lhe a destra sobre a fronte,exclamou:

    Observe. Estamos diante do psicgrafo comum. Antes dotrabalho a que se submete, neste momento, nossos auxiliares jlhe prepararam as possibilidades para que no se lhe perturbe asade fsica. A transmisso da mensagem no ser simplesmentetomar a mo. H processos intrincados, complexos.

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    E, ante minha profunda curiosidade cientfica, o orientador

    ofereceu-me o auxlio magntico de sua personalidade vigorosa epassei a observar, no corpo do intermedirio, grande laboratriode foras vibrantes. Meu poder de apreenso visual superara osraios X, com caractersticas muito mais aperfeioadas. As glndu-las do rapaz transformaram-se em ncleos luminosos, guisa deperfeitas oficinas eltricas. Detive-me, porm, na contemplaodo crebro, em particular. Os condutores medulares formavamextenso pavio, sustentando a luz mental, como chama generosa deuma vela de enormes propores. Os centros metablicos infundi-am-me surpresas. O crebro mostrava fulguraes nos desenhoscaprichosos. Os lobos cerebrais lembravam correntes dinmicas.As clulas corticais e as fibras nervosas, com suas tnues ramifi-caes, constituam elementos delicadssimos de conduo dasenergias recnditas e imponderveis. Nesse concerto, sob a luzmental indefinvel, a epfise emitia raios azulados e intensos.

    Observao perfeita? indagou o instrutor, interrompendo-me o assombro. Transmitir mensagens de uma esfera para outra,no servio de edificao humana continuou , demanda esforo,boa vontade, cooperao e propsito consistente. natural que otreinamento e a colaborao espontnea do mdium facilitem otrabalho; entretanto, de qualquer modo, o servio no automti-co... Requer muita compreenso, oportunidade e conscincia.

    Estava admirado. Acredita que o intermedirio perguntou possa improvi-

    sar o estado receptivo? De nenhum modo. A sua preparao espi-ritual deve ser incessante. Qualquer incidente pode perturbar-lhe oaparelhamento sensvel, como a pedrada que interrompe o traba-lho da vlvula receptora. Alm disso, a nossa cooperao magn-tica fundamental para a execuo da tarefa. Examine atentamen-

    te. Estamos notando as singularidades do corpo perispiritual. Podereconhecer, agora, que todo centro glandular uma potncia

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    eltrica. No exerccio medinico de qualquer modalidade, a epfi-

    se desempenha o papel mais importante. Atravs de suas forasequilibradas, a mente humana intensifica o poder de emisso erecepo de raios peculiares nossa esfera. nela, na epfise, quereside o sentido novo dos homens; entretanto, na grande maioriadeles, a potncia divina dorme embrionria.

    Reconheci que, de fato, a glndula pineal do intermedirioexpedia luminosidade cada vez mais intensa.

    Deslocando, porm, a sua ateno do crebro para a mquinacorprea em geral, o orientador prosseguiu:

    A operao da mensagem no nada simples, embora ostrabalhadores encarnados no tenham conscincia de seu meca-nismo intrnseco, assim como as crianas, em se fartando noambiente domstico, no conhecem o custo da vida ao sacrifciodos pais. Muito antes da reunio que se efetua, o servidor j foi

    objeto de nossa ateno especial, para que os pensamentos gros-seiros no lhe pesem no campo ntimo. Foi convenientementeambientado e, ao sentar-se aqui, foi assistido por vrios operado-res de nosso plano. Antes de tudo, as clulas nervosas receberamnovo coeficiente magntico, para que no haja perdas lamentveisdo tigride (corpsculos de Nissel), necessrio aos processos dainteligncia. O sistema nervoso simptico, mormente o campoautnomo do corao, recebeu auxlios enrgicos e o sistema

    nervoso central foi convenientemente atendido, para que no secomprometa a sade do trabalhador de boa vontade. O vago foidefendido por nossa influenciao contra qualquer choque dasvsceras. As glndulas supra-renais receberam acrscimo de ener-gia, para que se verifique acelerada produo de adrenalina, deque precisamos para atender ao dispndio eventual das reservasnervosas.

    Nesse instante, vi que o mdium parecia quase desencarnado.Suas expresses grosseiras, de carne, haviam desaparecido ao

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    meu olhar, tamanha a intensidade da luz que o cercava, oriunda de

    seus centros perispirituais.Aps longo intervalo, Alexandre continuou:

    Sob nossa apreciao, no temos o arcabouo de cal, reves-tido de carboidratos e protenas, mas outra expresso mais signifi-cativa do homem imortal, filho do Deus Eterno. Repare, nestaanatomia nova, a glria de cada unidade minscula do corpo.Cada clula um motor eltrico que necessita de combustvel

    para funcionar, viver e servir. Despreocupado de meu assombro, oinstrutor mudou de atitude e considerou:

    Interrompamos as observaes. necessrio agir.

    Acenou para um dos seis comunicantes. O mensageiro apro-ximou-se contente.

    Calixto falou Alexandre, em tom grave , temos seis ami-gos para o intercmbio; todavia, as possibilidades so reduzidas.Escrever apenas voc. Tome seu lugar. Recorde sua missoconsoladora e nada de particularismos pessoais. A oportunidade limitadssima e devemos considerar o interesse de todos.

    Depois de cumprimentar-nos ligeiramente, Calixto postou-seao lado do mdium, que o recebeu com evidente sinal de alegria.Enlaou-o com o brao esquerdo e, alando a mo at ao crebrodo rapaz, tocava-lhe o centro da memria com a ponta dos dedos,

    como a recolher o material de lembranas do companheiro. Poucoa pouco, vi que a luz mental do comunicante se misturava sirradiaes do trabalhador encarnado. A zona motora do mdiumadquiriu outra cor e outra luminosidade. Alexandre aproximou-seda dupla em servio e colocou a destra sobre o lobo frontal docolaborador humano, como a controlar as fibras inibidoras, evi-tando, quanto possvel, as interferncias do aparelho medinico.

    Calixto mostrava enorme alegria no semblante feliz de servoque se regozija com as bnos do trabalho e, dando sinais de

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    profunda gratido ao Senhor, comeou a escrever, apossando-se

    do brao do companheiro e iniciando o servio com as belaspalavras:

    A paz de Jesus seja convosco!

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    2A epfise

    Enquanto o nosso companheiro se aproveitava da organizaomedinica, vali-me das foras magnticas que o instrutor mefornecera, para fixar a mxima ateno no mdium. Quanto maislhe notava as singularidades do crebro, mais admirava a luz

    crescente que a epfise deixava perceber. A glndula minsculatransformara-se em ncleo radiante e, em derredor, seus raiosformavam um ltus de ptalas sublimes.

    Examinei atentamente os demais encarnados. Em todos eles,a glndula apresentava notas de luminosidade, mas em nenhumbrilhava como no intermedirio em servio.

    Sobre o ncleo, semelhante agora a flor resplandecente, caa

    luzes suaves, de Mais Alto, reconhecendo eu que ali se encontra-vam em jogo vibraes delicadssimas, imperceptveis para mim.Estudara a funo da epfise nos meus apagados servios de m-dico terrestre. Segundo os orientadores clssicos, circunscreviam-se suas atribuies ao controle sexual no perodo infantil. Nopassava de velador dos instintos, at que as rodas da experinciasexual pudessem deslizar com regularidade, pelos caminhos davida humana. Depois, decrescia em fora, relaxava-se, quase

    desaparecia, para que as glndulas genitais a sucedessem no cam-po da energia plena.

    Minhas observaes, ali, entretanto, contrastavam com as de-finies dos crculos oficiais.

    Como o recurso de quem ignora esperar pelo conhecimentoalheio, aguardei Alexandre para elucidar-me, findo o servioativo.

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    Passados alguns minutos, o generoso mentor acercava-se de

    mim.No esperou que me explicasse.

    Conheo-lhe a perplexidade falou. Tambm passei pelamesma surpresa, noutro tempo. A epfise agora uma revelaopara voc.

    Sem dvida acrescentei.

    No se trata de rgo morto, segundo velhas suposies prosseguiu ele. a glndula da vida mental. Ela acorda noorganismo do homem, na puberdade, as foras criadoras e, emseguida, continua a funcionar, como o mais avanado laboratriode elementos psquicos da criatura terrestre. O neurologista co-mum no a conhece bem. O psiquiatra devassar-lhe-, mais tarde,os segredos. Os psiclogos vulgares ignoram-na. Freud interpre-tou-lhe o desvio, quando exagerou a influenciao da libido, no

    estudo da indisciplina congnita da Humanidade. Enquanto noperodo do desenvolvimento infantil, fase de reajustamento dessecentro importante do corpo perispiritual preexistente, a epfiseparece constituir o freio s manifestaes do sexo; entretanto, hque retificar observaes.

    Aos catorze anos, aproximadamente, de posio estacionria,quanto s suas atribuies essenciais, recomea a funcionar no

    homem reencarnado. O que representava controle fonte criadorae vlvula de escapamento. A glndula pineal reajusta-se ao con-certo orgnico e reabre seus mundos maravilhosos de sensaes eimpresses na esfera emocional. Entrega-se a criatura recapitu-lao da sexualidade, examina o inventrio de suas paixes vivi-das noutra poca, que reaparecem sob fortes impulsos.

    Achava-me profundamente surpreendido.

    Findo o intervalo que impusera exposio do ensinamento,Alexandre continuou:

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    Ela preside aos fenmenos nervosos da emotividade, como

    rgo de elevada expresso no corpo etreo. Desata, de certomodo, os laos divinos da Natureza, os quais ligam as existnciasumas s outras, na seqncia de lutas, pelo aprimoramento daalma, e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de quea criatura se acha investida.

    Deus meu! exclamei e as glndulas genitais, onde fi-cam?

    O instrutor sorriu e esclareceu: So demasiadamente mecnicas, para guardarem os princ-

    pios sutis e quase imponderveis da gerao. Acham-se absoluta-mente controladas pelo potencial magntico de que a epfise afonte fundamental. As glndulas genitais segregam os hormniosdo sexo, mas a glndula pineal, se me posso exprimir assim,segrega hormnios psquicos ou unidades-fora que vo

    atuar, de maneira positiva, nas energias geradoras. Os cromosso-mos da bolsa seminal no lhe escapam a influenciao absoluta edeterminada.

    Alexandre fez um gesto significativo e considerou:

    No entanto, no estamos examinando problemas de embrio-logia. Limitemo-nos ao assunto inicial e analisemos a epfise,como glndula da vida espiritual do homem.

    Dentro de meu espanto, guardei rigoroso silncio, faminto deinstrues novas.

    Segregando delicadas energias psquicas prosseguiu ele ,a glndula pineal conserva ascendncia em todo o sistema endo-crnico. Ligada mente, atravs de princpios eletromagnticos docampo vital, que a cincia comum ainda no pode identificar,comanda as foras subconscientes sob a determinao direta da

    vontade. As redes nervosas constituem-lhe os fios telegrficospara ordens imediatas a todos os departamentos celulares, e sob

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    sua direo efetuam-se os suprimentos de energias psquicas a

    todos os armazns autnomos dos rgos. Manancial criador dosmais importantes, suas atribuies so extensas e fundamentais.Na qualidade de controladora do mundo emotivo, sua posio naexperincia sexual bsica e absoluta. De modo geral, todos ns,agora ou no pretrito, viciamos esse foco sagrado de foras cria-doras, transformando-o num im relaxado, entre as sensaesinferiores de natureza animal. Quantas existncias temos despen-dido na canalizao de nossas possibilidades espirituais para oscampos mais baixos do prazer materialista? Lamentavelmentedivorciados da lei do uso, abraamos os desregramentos emocio-nais, e da, meu caro amigo, a nossa multimilenria viciao dasenergias geradoras, carregados de compromissos morais, comtodos aqueles a quem ferimos com os nossos desvarios e irrefle-xes. Do lastimvel menosprezo a esse potencial sagrado, decor-rem os dolorosos fenmenos da hereditariedade fisiolgica, que

    deveria constituir, invariavelmente, um quadro de aquisiesabenoadas e puras. A perverso do nosso plano mental conscien-te, em qualquer sentido da evoluo, determina a perverso denosso psiquismo inconsciente, encarregado da execuo dosdesejos e ordenaes mais ntimas, na esfera das operaes auto-mticas. A vontade desequilibrada desregula o foco de nossaspossibilidades criadoras. Da procede a necessidade de regrasmorais para quem, de fato, se interesse pelas aquisies eternas

    nos domnios do Esprito. Renncia, abnegao, continnciasexual e disciplina emotiva no representam meros preceitos defeio religiosa. So providncias de teor cientfico, para enrique-cimento efetivo da personalidade. Nunca fugiremos lei, cujosartigos e pargrafos do Supremo Legislador abrangem o Universo.Ningum enganar a Natureza. Centros vitais desequilibradosobrigaro a alma permanncia nas situaes de desequilbrio.

    No adianta alcanar a morte fsica, exibindo gestos e palavrasconvencionais, se o homem no cogitou do burilamento prprio.

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    A Justia que rege a Vida Eterna jamais se inclinou. certo que

    os sentimentos profundos do extremo instante do Esprito encar-nado cooperam decisivamente nas atividades de regenerao almdo tmulo, mas no representam a realizao precisa.

    O instrutor falava em tom sublime, pelo menos para mim,que, pela primeira vez, ouvia comentrios sobre conscincia,virtude e santificao, dentro de conceitos estritamente lgicos ecientficos no campo da razo.

    Agora, aclaravam-se-me os raciocnios, de modo franco. Re-ceber um corpo, nas concesses do reencarnacionismo, no ganhar um barco para nova aventura, ao acaso das circunstncias,mas significa responsabilidade definida nos servios de aprendi-zagem, elevao ou reparao, nos esforos evolutivos ou reden-tores.

    Compreende, agora, as funes da epfise no crescimento

    mental do homem e no enriquecimento dos valores da alma? indagou-me o orientador.

    Sim... respondi sob impresso forte.

    Segregando unidades-fora continuou , pode ser com-parada a poderosa usina, que deve ser aproveitada e controlada,no servio de iluminao, refinamento e benefcio da personalida-de e no relaxada em gasto excessivo do suprimento psquico, nas

    emoes de baixa classe. Refocilar-se no charco das sensaesinferiores, maneira dos sunos, ret-la nas correntes txicasdos desvarios de natureza animal e, na despesa excessiva de ener-gias sutis, muito dificilmente consegue o homem levantar-se domergulho terrvel nas sombras, mergulho que se prolonga, almda morte corporal. Em vista disso, indispensvel cuidar atenta-mente da economia de foras, em todo servio honesto de desen-volvimento das faculdades superiores. Os materialistas da razo

    pura, senhores de vastos patrimnios intelectuais, perceberam delonge semelhantes realidades e, no sentido de preservar a juventu-

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    de, a plstica e a eugenia, fomentaram a prtica do esporte, em

    todas as suas modalidades. Contra os perigos possveis, na exces-siva acumulao de foras nervosas, como so chamadas s secre-es eltricas da epfise, aconselharam aos moos de todos ospases o uso do remo, da bola, do salto, da barra, das corridas ap. Desse modo, preservavam-se os valores orgnicos, legtimos enormais, para as funes da hereditariedade. A medida, emborasatisfaa em parte, , contudo, incompleta e defeituosa. Incontes-tavelmente, a ginstica e o exerccio controlados so fatores vali-osos de sade; a competio esportiva honesta fundamentoprecioso de socializao; no entanto, podem circunscrever-se ameras providncias em benefcio dos ossos e, por vezes, degene-ra-se em elstico das paixes menos dignas. So muito rarosainda, na Terra, os que reconhecem a necessidade de preservaodas energias psquicas para engrandecimento do Esprito eterno.O homem vive esquecido de que Jesus ensinou a virtude como

    esporte da alma, e nem sempre se recorda de que, no problema doaprimoramento interior, no se trata de retificar a sombra dasubstncia e sim a substncia em si mesma.

    Ouvia-lhe as instrues, entre a emotividade e o assombro.

    Entende, agora, como importante renunciar? Percebe agrandeza da lei de elevao pelo sacrifcio? A sangria estimula aproduo de clulas vitais, na medula ssea; a poda oferece bele-

    za, novidade e abundncia nas rvores. O homem que praticaverdadeiramente o bem vive no seio de vibraes construtivas esantificantes da gratido, da felicidade, da alegria. No fazerteoria de esperana. princpio cientfico, sem cuja aplicao, naesfera comum, no se liberta a alma, descentralizada pela viciaonas zonas mais baixas da Natureza,

    E porque observasse que as instrues lhe tomavam demasia-

    do tempo, Alexandre concluiu:

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    De acordo com as nossas observaes, a funo da epfise

    na vida mental muito importante. Sim considerei , compreendo agora a substancialidade de

    sua influenciao no sexo e entendo igualmente a dolorosa elonga tragdia sexual da Humanidade. Percebo, nitidamente, oporqu dos dramas que se sucedem, ininterruptos, as aflies queparecem nunca chegar ao fim, as ansiedades que esbarram nocrime, o cipoal do sofrimento, envolvendo lares e coraes.

    E o homem sempre disposto a viciar os centros sagrados desua personalidade concluiu Alexandre, solenemente , sempreinclinado a contrair novos dbitos, mas dificilmente decidido aretificar ou pagar.

    Compreendo, compreendo...

    E, asilando certas dvidas, exclamei:

    No seria ento mais razovel...

    O orientador cortou-me a palavra e esclareceu: J sei o quedeseja indagar.

    E, sorrindo:

    Voc pergunta se no seria mais interessante encerrar todasas experincias do sexo, sepultar as possibilidades do renascimen-to carnal. Semelhante indagao, no entanto, improcedente.

    Ningum deve agir contra a lei. O uso respeitvel dos patrimniosda vida, a unio enobrecedora, a aproximao digna, constituem oprograma de elevao. , portanto, indispensvel distinguir entreharmonia e desequilbrio, evitando o estacionamento em desfila-deiros fatais.

    Ditas estas palavras, Alexandre calou-se, como orientador cri-terioso que deixa ao discpulo o tempo necessrio para digerir alio.

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    3Desenvolvimento medinico

    Os servios particulares no proporcionavam ensejo a excur-ses dilatadas e freqentes, em companhia de Alexandre; entre-tanto, valia-me de todas as folgas nos trabalhos comuns.

    Havia sempre o que aprender. E constitua enorme satisfao

    seguir o ativo missionrio das atividades de comunicao. Hoje, noite disse-me o devotado amigo , observar al-

    gumas demonstraes de desenvolvimento medinico.

    Aguardei as instrues com interesse.

    No instante indicado, compareci ao grupo. Antes do ingressodos companheiros encarnados, j era muito grande a movimenta-o. Nmero considervel de trabalhadores. Muito servio denatureza espiritual.

    Admirava as caractersticas dos socorros magnticos dispen-sados s entidades sofredoras, quando Alexandre acentuou:

    Por enquanto, nossos esforos so mais frutferos ao crculodos desencarnados infelizes. As atividades beneficentes da casaconcentram-se neles, em maior poro, porque os encarnados,mesmo aqueles que j se interessam pela prtica espiritista, muitoraramente se dispem, com sinceridade, ao aproveitamento realdos valores legtimos de nossa cooperao.

    E, depois de longa pausa, prosseguiu:

    muito lenta e difcil a transio entre a animalidade gros-seira e a espiritualidade superior. Nesse sentido, h sempre entreos homens um oceano de palavras e algumas gotas de ao.

    Nesse instante, os primeiros amigos do plano carnal deramentrada no recinto.

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    Veremos hoje exclamava um senhor de espessos bigodes

    se temos boa sorte. No tenho vindo com assiduidade s experincias comen-

    tou um rapaz , porque vivo desanimado... H quanto tempomantenho o lpis na mo, sem resultado algum?

    pena! respondia outro senhor A dificuldade desenco-raja, de fato.

    Parece-me que nada merecemos, no setor do estmulo, porparte dos benfeitores invisveis! acrescentava uma senhora deboa idade h quantos meses procuro em vo desenvolver-me?Em certos momentos, sinto vibraes espirituais intensas, junto demim, contudo no passo das manifestaes iniciais.

    A palestra continuou interessante e pitoresca. Decorridos al-guns minutos, com a presena de outros pequenos grupos deexperimentadores que chegavam, solcitos, foi iniciada a sesso

    de desenvolvimento.O diretor proferiu tocante prece, no que foi acompanhado por

    todos os presentes.

    Dezoito pessoas mantinham-se em expectativa.

    Alguns explicou Alexandre pretendem a psicografia,outros tentam a mediunidade de incorporao. Infelizmente, po-rm, quase todos confundem poderes psquicos com funesfisiolgicas. Acreditam no mecanismo absoluto da realizao eesperam o progresso eventual e problemtico, esquecidos de quetoda edificao da alma requer disciplina, educao, esforo eperseverana. Mediunidade construtiva a lngua de fogo doEsprito Santo, luz divina para a qual preciso conservar o paviodo amor cristo, o azeite da boa vontade pura. Sem a preparaonecessria, a excurso dos que provocam o ingresso no reino

    invisvel , quase sempre, uma viagem nos crculos de sombra.Alcanam grandes sensaes e esbarram nas perplexidades dolo-

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    rosas. Fazem descobertas surpreendentes e acabam nas ansiedades

    e dvidas sem fim. Ningum pode trair a lei impunemente e, parasubir, Esprito algum dispensar o esforo de si mesmo, no apri-moramento ntimo... Dirigindo-se, de maneira especial, para oscircunstantes, o instrutor recomendou:

    Observemos.

    Postara-se ao lado de um rapaz que esperava, de lpis em pu-nho, mergulhado em fundo silncio. Ofereceu-me Alexandre o

    seu vigoroso auxlio magntico e contemplei-o, com ateno. Osncleos glandulares emitiam plidas irradiaes. A epfise princi-palmente semelhava-se reduzida semente algo luminosa.

    Repare no aparelho genital aconselhou-me o instrutor,gravemente.

    Fiquei estupefato. As glndulas geradoras emitiam fraqussi-ma luminosidade, que parecia abafada por aluvies de corpscu-

    los negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade. Come-avam as movimentaes sob a bexiga urinria e vibravam aolongo de todo o cordo espermtico, formando colnias compac-tas, nas vesculas seminais, na prstata, nas massas mucosasuretrais, invadiam os canais seminferos e lutavam com as clulassexuais, aniquilando-as. As mais vigorosas daquelas feras micros-cpicas situavam-se no epiddimo, onde absorviam, famlicas, osembries delicados da vida orgnica. Estava assombrado. Quesignificava aquele acervo de pequeninos seres escuros? Pareciamimantados uns aos outros, na mesma faina de destruio. Seriamexpresses mal conhecidas da sfilis?

    Enunciando semelhante indagao ntima, explicou-me Ale-xandre, sem que eu lhe dirigisse a palavra falada:

    No, Andr. No temos sob os olhos o espiroqueta de S-chaudinn, nem qualquer nova forma suscetvel de anlise materialpor bacteriologistas humanos. So bacilos psquicos das torturas

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    sexuais, produzidos pela sede febril de prazeres inferiores. O

    dicionrio mdico do mundo no os conhece e, na ausncia determinologia adequada aos seus conhecimentos, chamemos-lheslarvas, simplesmente. Tm sido cultivados por este companheiro,no s pela incontinncia no domnio das emoes prprias,atravs de experincias sexuais variadas, seno tambm pelocontacto com entidades grosseiras, que se afinam com as predile-es dele, entidades que o visitam com freqncia, maneira deimperceptveis vampiros. O pobrezinho ainda no pde compre-ender que o corpo fsico apenas leve sombra do corpo perispiri-tual, no se capacitou de que a prudncia, em matria de sexo, equilbrio da vida e, recebendo as nossas advertncias sobre atemperana, acredita ouvir remotas lies de aspecto dogmtico,exclusivo, no exame da f religiosa. A pretexto de aceitar o imp-rio da razo pura, na esfera da lgica, admite que o sexo nada temque ver com a espiritualidade, como se esta no fosse a existncia

    em si. Esquece-se de que tudo esprito, manifestao divina eenergia eterna. O erro de nosso amigo o de todos os religiososque supem a alma absolutamente separada do corpo fsico,quando todas as manifestaes psicofsicas se derivam da influen-ciao espiritual.

    Novos mundos de pensamento raiavam-me no ser. Comeavaa sentir definies mais francas do que havia sido terrveis incg-

    nitas para mim, no captulo da patogenia em geral. No sara domeu intraduzvel espanto, quando o instrutor me chamou a aten-o para um cavalheiro maduro que tentava a psicografia.

    Observe este amigo disse-me, com autoridade , no senteum odor caracterstico? Efetivamente, em derredor daquele rostoplido, assinalava-se a existncia de atmosfera menos agradvel.Semelhava-se-lhe o corpo a um tonel de configurao caprichosa,de cujo interior escapavam certos vapores muito leves, mas inces-

    santes. Via-se-lhe a dificuldade para sustentar o pensamento com

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    relativa calma. No tive qualquer dvida. Deveria ele usar alco-

    licos em quantidade regular.Vali-me do ensejo para notar-lhe s singularidades orgnicas.

    O aparelho gastrintestinal parecia totalmente ensopado emaguardente, porquanto essa substncia invadia todos os escani-nhos do estmago e, comeando a fazer-se sentir nas paredes doesfago, manifestava a sua influncia at no bolo fecal. Espanta-va-me o fgado enorme. Pequeninas figuras horripilantes posta-

    vam-se, vorazes, ao longo da veia porta, lutando desesperadamen-te com os elementos sanguneos mais novos. Toda a estrutura dorgo se mantinha alterada. Terrvel ingurgitamento. Os lbuloscilndricos, modificados, abrigavam clulas doentes e empobreci-das. O bao apresentava anomalias estranhas.

    Os alcolicos esclareceu Alexandre, com grave entonao aniquilavam-no vagarosamente. Voc est examinando as a-

    normalidades menores. Este companheiro permanece completa-mente desviado em seus centros de equilbrio vital. Todo o siste-ma endocrnico foi atingido pela atuao txica. Inutilmentetrabalha a medula para melhorar os valores da circulao. Em vo,esforam-se os centros genitais para ordenar as funes que lhesso peculiares, porque o lcool excessivo determina modificaesdeprimentes sobre a prpria cromatina. Debalde trabalham os rinsna excreo dos elementos corrosivos, porque a ao perniciosa

    da substncia em estudo anula diariamente grande nmero denefrons. O pncreas, viciado, no atende com exatido ao serviode desintegrao dos alimentos. Larvas destruidoras exterminamas clulas hepticas. Profundas alteraes modificam-lhe as dis-posies do sistema nervoso vegetativo e, no fossem as glndu-las sudorparas, tornar-se-lhe-ia talvez impossvel a continuaoda vida fsica.

    No conseguia dissimular minha admirao. Alexandre indi-cava os pontos enfermios e esclarecia os assuntos com sabedoria

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    e simplicidade to grandes que no pude ocultar o assombro que

    se apoderara de mim.O instrutor colocou-me, em seguida, ao lado de uma dama

    simptica e idosa. Aps examin-la, atencioso, acrescentou:

    Repare nesta nossa irm. candidata ao desenvolvimentoda mediunidade de incorporao.

    Fraqussima luz emanava de sua organizao mental e, desdeo primeiro instante, notara-lhe as deformaes fsicas. O estma-go dilatara-se-lhe horrivelmente e os intestinos pareciam sofrerestranhas alteraes. O fgado, consideravelmente aumentado,demonstrava indefinvel agitao. Desde o duodeno ao sigmide,notavam-se anomalias de vulto. Guardava a idia de presenciar,no o trabalho de um aparelho digestivo usual, e sim de vastoalambique, cheio de pastas de carne e caldos gordurosos, cheiran-do a vinagre de condimentao ativa. Em grande zona do ventre

    superlotado de alimentao, viam-se muitos parasitos conhecidos,mas, alm deles, divisava outros corpsculos semelhantes a les-mas voracssimas, que se agrupavam em grandes colnias, desdeos msculos e as fibras do estmago at a vlvula ileocecal. Se-melhantes parasitos atacavam os sucos nutritivos, com assombro-so potencial de destruio.

    Observando-me a estranheza, o orientador falou em meu so-corro:

    Temos aqui uma pobre amiga desviada nos excessos de a-limentao. Todas as suas glndulas e centros nervosos trabalhampara atender as exigncias do sistema digestivo. Descuidada de simesma, caiu na glutonaria crassa, tornando-se presa de seres debaixa condio.

    E porque me conservasse em silncio, incapacitado de argu-mentar, ante ensinamentos to novos, o instrutor considerou:

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    Perante estes quadros, pode voc avaliar a extenso das ne-

    cessidades educativas na esfera da Crosta. A mente encarnadaengalanou-se com os valores intelectuais e fez o culto da razopura, esquecendo-se de que a razo humana precisa de luz divina.O homem comum percebe muito pouco e sente muito menos.Ante a ecloso de conhecimentos novos, em face da onda regene-radora do Espiritualismo que banha as naes mais cultas da Terraangustiadas por longos sofrimentos coletivos, necessitamos acio-nar as melhores possibilidades de colaborao, para que os com-panheiros terrestres valorizem as suas oportunidades benditas deservio e redeno.

    Compreendi que Alexandre se referia, veladamente, ao gran-de movimento espiritista, em virtude de nos encontrarmos nastarefas de uma casa doutrinria, e no me enganava, porque obondoso mentor continuou a dizer, gravemente:

    O Espiritismo cristo a revivescncia do Evangelho deNosso Senhor Jesus-Cristo e a mediunidade constitui um de seusfundamentos vivos. A mediunidade, porm, no exclusiva doschamados mdiuns. Todas as criaturas a possuem, porquantosignifica percepo espiritual, que deve ser incentivada em nsmesmos. No bastar, entretanto, perceber. imprescindvelsantificar essa faculdade, convertendo-a no ministrio ativo dobem. A maioria dos candidatos ao desenvolvimento dessa nature-

    za, contudo, no se dispe aos servios preliminares de limpezado vaso receptivo. Dividem, inexoravelmente, a matria e o esp-rito, localizando-os em campos opostos, quando ns, estudantesda Verdade, ainda no conseguimos identificar rigorosamente asfronteiras entre uma e outro, integrados na certeza de que toda aorganizao universal se baseia em vibraes puras. Inegavelmen-te, meu amigo e sorriu , no desejamos transformar o mundoem cemitrio de tristeza e desolao. Atender a santificada misso

    do sexo, no seu plano respeitvel, usar um aperitivo comum, fazer

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    a boa refeio, de modo algum significa desvios espirituais; no

    entanto, os excessos representam desperdcios lamentveis defora, os quais retm a alma nos crculos inferiores. Ora, para osque se trancafiam nos crceres de sombra, no fcil desenvolverpercepes avanadas. No se pode cogitar de mediunidade cons-trutiva sem o equilbrio construtivo dos aprendizes, na sublimecincia do bem-viver.

    Oh! exclamei e por que motivo no dizer tudo isto aos

    nossos irmos congregados aqui? Porque no adverti-los austera-mente?

    Alexandre sorriu, benvolo, e acentuou:

    No, Andr. Tenhamos calma. Estamos no servio de evo-luo e adestramento. Nossos amigos no so rebeldes ou maus,em sentido voluntrio. Esto espiritualmente desorientados eenfermos. No podem transformar-se, dum momento para outro.

    Compete-nos, portanto, ajud-los no caminho educativo.O orientador deixou de sorrir e acrescentou:

    verdade que sonham edificar maravilhosos castelos, sembase; alcanar imensas descobertas exteriores, sem estudarem a siprprios; mas, gradativamente, compreendero que mediunidadeelevada ou percepo edificante no constituem atividades mec-nicas da personalidade e sim conquistas do Esprito, para cuja

    consecuo no se pode prescindir das iniciaes dolorosas, dostrabalhos necessrios, com a auto-educao sistemtica e perseve-rante. Excetuando-se, porm, essas iluses infantis, so bonscompanheiros de luta, aos quais estimamos carinhosamente, nos como nossos irmos mais jovens, mas tambm por serem cre-dores de reconhecimento pela cooperao que nos prestam, muitasvezes inconscientemente. Os tenros embries vegetais de hojesero as rvores robustas de amanh. As tribos ignorantes de

    ontem constituem a Humanidade de agora. Por isso mesmo, todasas nossas reunies so proveitosas e, ainda que os seus passos

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    sejam vacilantes na senda, tudo faremos por defend-los contra as

    perigosas malhas do vampirismo.

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    4Vampirismo

    A sesso de desenvolvimento medinico, segundo deduzi dapalestra entre os amigos encarnados, fora muito escassa em reali-zaes para eles. Todavia, no se verificava o mesmo em nossoambiente, onde se podia ver enorme satisfao em todas as fisio-

    nomias, a comear de Alexandre, que se mostrava jubiloso.Os trabalhos haviam tomado mais de duas horas e, com efei-

    to, embora me conservasse retrado, ponderando os ensinamentosda noite, mincia a mincia, observei o esforo intenso despendi-do pelos servidores de nossa esfera. Muitos deles, em grandenmero, no somente assistiam os companheiros terrestres, senotambm atendiam a longas filas de entidades sofredoras de nossoplano.

    Alexandre, o instrutor devotado, movimentara-se de mil mo-dos. E tocando a tecla que mais me impressionara, no crculo deobservaes do nobre concerto de servios, acentuou, satisfeito,em se reaproximando de mim:

    Graas ao Senhor, tivemos uma noite feliz. Muito trabalhocontra o vampirismo.

    Oh! Era o vampirismo a tese que me preocupava. Vira osmais estranhos bacilos de natureza psquica, completamente des-conhecidos na microbiologia mais avanada. No guardavam aforma esfrica das cocceas, nem o tipo de bastonete das bacteri-ceas diversas. Entretanto, formavam tambm colnias densas eterrveis. Reconhecera-lhes o ataque aos elementos vitais do corpofsico, atuando com maior potencial destrutivo sobre as clulasmais delicadas.

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    Que significava aquele mundo novo? Que agentes seriam a-

    queles, caracterizados por indefinvel e pernicioso poder? Estari-am todos os homens sujeitos sua influenciao?

    No me contive. Expus ao orientador, francamente, minhasdvidas e temores.

    Alexandre sorriu e considerou:

    Muito bem! Muito bem! Voc veio observar trabalhos demediunidade e est procurando seu lugar de mdico. natural. Seestivesse especializado noutra profisso, teria identificado outrosaspectos do assunto em anlise.

    E a encorajar-me, fraternalmente, acrescentou:

    Voc demonstra boa preparao, diante da medicina espiri-tual que lhe aguarda os estudos.

    Depois de longa pausa, prosseguiu explicando:

    Sem nos referirmos aos morcegos sugadores, o vampiro,entre os homens, o fantasma dos mortos, que se retira do sepul-cro, alta noite, para alimentar-se do sangue dos vivos. No seiquem o autor de semelhante definio, mas, no fundo, no esterrada. Apenas cumpre considerar que, entre ns, vampiro todaentidade ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidadesalheias e, em se tratando de vampiros que visitam os encarnados, necessrio reconhecer que eles atendem aos sinistros propsitosa qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo de carnedos homens.

    Alexandre fez ligeiro intervalo na conversao, dando a en-tender que expusera a preliminar de mais srios esclarecimentos, econtinuou:

    Voc no ignora que, no crculo das enfermidades terres-tres, cada espcie de micrbio tem o seu ambiente preferido. O

    pneumococo aloja-se habitualmente nos pulmes; o bacilo de

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    Eberth localiza-se nos intestinos onde produz a febre tifide; o

    bacilo de Klebs-Lffler situa-se nas mucosas onde provoca adifteria. Em condies especiais do organismo, proliferam osbacilos de Hansen ou de Koch. Acredita voc que semelhantesformaes microscpicas se circunscrevem carne transitria?No sabe que o macrocosmo est repleto de surpresas em suasformas variadas? No campo infinitesimal, as revelaes obedecem mesma ordem surpreendente. Andr, meu amigo, as doenaspsquicas so muito mais deplorveis. A patognese da alma estdividida em quadros dolorosos. A clera, a intemperana, osdesvarios do sexo, as viciaes de vrios matizes, formam cria-es inferiores que afetam profundamente a vida ntima. Quasesempre o corpo doente assinala a mente enfermia. A organizaofisiolgica, segundo conhecemos no campo de cogitaes terres-tres, no vai alm do vaso de barro, dentro do molde preexistentedo corpo espiritual. Atingido o molde em sua estrutura pelos

    golpes das vibraes inferiores, o vaso refletir imediatamente.Compreendi onde o instrutor desejava chegar. Entretanto, as

    suas consideraes relativas s novas expresses microbianasdavam ensejo a certas indagaes. Como encarar o problema dasformaes iniciais? Enquadrava-se a afeco psquica no mesmoquadro sintomatolgico que conhecera, at ento, para as enfer-midades orgnicas em geral? Haveria contgio de molstias da

    alma? E seria razovel que assim fosse na esfera onde os fenme-nos patolgicos da carne no mais deveriam existir? AfirmaraVirchow que o corpo humano um pas celular, onde cada clula um cidado, constituindo a doena um atrito dos cidados,provocado pela invaso de elementos externos. De fato, a criatu-ra humana desde o bero deve lutar contra diversas flagelaesclimticas, entre venenos e bactrias de variadas origens. Comoexplicar, agora, o quadro novo que me defrontava os escassos

    conhecimentos?

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    No sopitei a curiosidade. Recorrendo admirvel experin-

    cia de Alexandre, perguntei: Oua, meu amigo. Como se verificam os processos mrbi-

    dos de ascendncia psquica? No resulta a afeco do assdio deforas exteriores? Em nosso domnio, como explicar a questo? a viciao da personalidade espiritual que produz as criaesvampirsticas ou estas que avassalam a alma, impondo-lhe certasenfermidades? Nesta ltima hiptese, poderamos considerar a

    possibilidade do contgio?O orientador ouviu-me, atencioso, e esclareceu:

    Primeiramente a semeadura, depois a colheita; e tanto assementes de trigo como de escalracho, encontrando terra propcia,produziro a seu modo e na mesma pauta de multiplicao. Nessaresposta da Natureza ao esforo do lavrador, temos simplesmentea lei. Voc est observando o setor das larvas com justificvel

    admirao. No tenha dvida. Nas molstias da alma, como nasenfermidades do corpo fsico, antes da afeco existe o ambiente.As aes produzem efeitos, os sentimentos geram criaes, ospensamentos do origem a formas e conseqncias de infinitasexpresses. E, em virtude de cada Esprito representar um univer-so por si, cada um de ns responsvel pela emisso das forasque lanamos em circulao nas correntes da vida. A clera, adesesperao, o dio e o vcio oferecem campo a perigosos ger-

    mens psquicos na esfera da alma. E, qual acontece no terreno dasenfermidades do corpo, o contgio aqui fato consumado, desdeque a imprevidncia ou a necessidade de luta estabelea ambientepropcio, entre companheiros do mesmo nvel. Naturalmente, nocampo da matria mais grosseira, essa lei funciona com violncia,enquanto, entre ns, se desenvolve com as modificaes naturais.Alis, no pode ser de outro modo, mesmo porque voc no igno-

    ra que muita gente cultiva a vocao para o abismo. Cada viciaoparticular da personalidade produz as formas sombrias que lhe so

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    conseqentes e estas, como as plantas inferiores que se alastram

    no solo, por relaxamento do responsvel, so extensivas s regi-es prximas, onde no prevalece o esprito de vigilncia e defe-sa.

    Evidenciando extrema prudncia no exame dos fatos e preve-nindo-me contra qualquer concepo menos digna, no crculo deapreciaes da Obra Divina, acrescentou:

    Sei que a sua perplexidade enorme; no entanto, voc no

    pode esquecer a nossa condio de velhos reincidentes no abusoda lei. Desde o primeiro dia de razo na mente humana, a idia deDeus criou princpios religiosos, sugerindo-nos as regras de bem-viver. Contudo, medida que se refinam conhecimentos intelec-tuais, parece que h menor respeito no homem para com as ddi-vas sagradas. Os pais terrestres, com rarssimas excees, so asprimeiras sentinelas viciadas, agindo em prejuzo dos filhinhos.Comumente, aos vinte anos, em virtude da inrcia dos vigias dolar, a mulher uma boneca e o homem um manequim de futilida-des doentias, muito mais interessados no servio dos alfaiates queno esclarecimento dos professores; alcanando o monte do casa-mento, muitas vezes so pessoas excessivamente ignorantes oudemasiadamente desviadas. Cumpre, ainda, reconhecer que nsmesmos, em todo o curso das experincias terrestres, na maioriadas ocasies fomos campees do endurecimento e da perversidade

    contra as nossas prprias foras vitais. Entre abusos do sexo e daalimentao, desde os anos mais tenros, nada mais fazamos quedesenvolver as tendncias inferiores, cristalizando hbitos malig-nos. Seria, pois, de admirar tantas molstias do corpo e degene-rescncias psquicas? O Plano Superior jamais nega recursos aosnecessitados de toda ordem e, valendo-se dos mnimos ensejos,auxilia os irmos de humanidade na restaurao de seus patrim-nios, seja cooperando com a Natureza ou inspirando a descoberta

    de novas fontes medicamentosas e reparadoras. Por nossa vez, em

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    nos despojando dos fluidos mais grosseiros, atravs da morte

    fsica, proporo que nos elevamos em compreenso e compe-tncia, transformamo-nos em auxiliares diretos das criaturas.Apesar disso, porm, o cipoal da ignorncia ainda muito espes-so. E o vampirismo mantm considervel expresso, porque, se oPai sumamente misericordioso, tambm infinitamente justo.Ningum lhe confundir os desgnios e a morte do corpo quasesempre surpreende a alma em terrvel condio parasitria. Dessemodo, a promiscuidade entre os encarnados indiferentes LeiDivina e os desencarnados que a ela tm sido indiferentes muitogrande na crosta da Terra. Absolutamente sem preparo e tendovivido muito mais de sensaes animalizadas que de sentimentose pensamentos puros, as criaturas humanas, alm do tmulo, emmuitssimos casos prosseguem imantadas aos ambientes domsti-cos que lhes alimentavam o campo emocional. Dolorosa ignorn-cia prende-lhes os coraes, repletos de particularismos, encarce-

    radas no magnetismo terrestre, enganando a si prprias e fortifi-cando suas antigas iluses. Aos infelizes que caram em seme-lhante condio de parasitismo, as larvas que voc observouservem de alimento habitual.

    Deus meu! exclamei sob forte espanto. Alexandre, porm,acrescentou:

    Semelhantes larvas so portadoras de vigoroso magnetismo

    animal.Observando talvez que muitas e torturantes indagaes se me

    entrechocavam no crebro, o instrutor considerou:

    Naturalmente que a fauna microbiana, em anlise, no serservida em pratos; bastar ao desencarnado agarrar-se aos compa-nheiros de ignorncia, ainda encarnados, qual erva daninha aosgalhos das rvores, e sugar-lhes a substncia vital.

    No conseguia dissimular o assombro que me dominava.

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    Porque tamanha estranheza? perguntou o cuidadoso orien-

    tador e ns outros, quando nas esferas da carne? Nossas mesasno se mantinham custa das vsceras dos touros e das aves? Apretexto de buscar recursos proticos, exterminvamos frangos ecarneiros, leites e cabritos incontveis. Sugvamos os tecidosmusculares, roamos os ossos. No contentes em matar os pobresseres que nos pediam roteiros de progresso e valores educativos,para melhor atenderem a Obra do Pai, dilatvamos os requintes daexplorao milenria e infligamos a muitos deles determinadasmolstias para que nos servissem ao paladar, com a mxima efici-ncia. O suno comum era localizado por ns, em regime de ceva,e o pobre animal, muita vez custa de resduos, devia criar paranosso uso certas reservas de gordura, at que se prostrasse, detodo, ao peso de banhas doentias e abundantes. Colocvamosgansos nas engordadeiras para que hipertrofiassem o fgado, demodo a obtermos pastas substanciosas destinadas a quitutes que

    ficaram famosos, despreocupados das faltas cometidas com asuposta vantagem de enriquecer os valores culinrios. Em nadanos doa o quadro comovente das vacas-mes, em direo aomatadouro, para que nossas panelas transpirassem agradavelmen-te. Encarecamos, com toda a responsabilidade da Cincia, anecessidade de protenas e gorduras diversas, mas esquecamos deque a nossa inteligncia, to frtil na descoberta de comodidade econforto, teria recursos de encontrar novos elementos e meios de

    incentivar os suprimentos proticos ao organismo, sem recorrer sindstrias da morte. Esquecamo-nos de que o aumento dos latic-nios, para enriquecimento da alimentao, constitui elevada tare-fa, porque tempos viro, para a Humanidade terrestre, em que oestbulo, como o lar, ser tambm sagrado.

    Contudo, meu amigo propus-me a considerar , a idia deque muita gente na Terra vive merc de vampiros invisveis

    francamente desagradvel e inquietante. E a proteo das esferas

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    mais altas? E o amparo das entidades anglicas, a amorosa defesa

    de nossos superiores? Andr, meu caro falou Alexandre, benevolente , deve-

    mos afirmar a verdade, embora contra ns mesmos. Em todos ossetores da Criao, Deus, nosso Pai, colocou os superiores e osinferiores para o trabalho de evoluo, atravs da colaborao edo amor, da administrao e da obedincia. Atrever-nos-amos adeclarar, porventura, que fomos bons para os seres que nos eram

    inferiores? No lhes devastvamos a vida, personificando diabli-cas figuras em seus caminhos? Claro que no desejamos criar umprincpio de falsa proteo aos irracionais, obrigados, como nsoutros, a cooperar com a melhor parte de suas foras e possibili-dades no engrandecimento e na harmonia da vida, nem sugerimosa perigosa conservao dos elementos reconhecidamente dani-nhos. Todavia, devemos esclarecer que, no captulo da indiferenapara com a sorte dos animais, da qual participamos no quadro das

    atividades humanas, nenhum de ns poderia, em s conscincia,atirar a primeira pedra. Os seres inferiores e necessitados doPlaneta no nos encaram como superiores generosos e inteligen-tes, mas como verdugos cruis. Confiam na tempestade furiosaque perturba as foras da Natureza, mas fogem, desesperados, aproximao do homem de qualquer condio, excetuando-se osanimais domsticos que, por confiar em nossas palavras e atitu-

    des, aceitam o cutelo no matadouro, quase sempre com lgrimasde aflio, incapazes de discernir com o raciocnio embrionrioonde comea a nossa perversidade e onde termina a nossa com-preenso. Se no protegemos nem educamos aqueles que o Painos confiou, como germens frgeis de racionalidade nos pesadosvasos do instinto; se abusarmos largamente de sua incapacidadede defesa e conservao, como exigir o amparo de superioresbenevolentes e sbios, cujas instrues mais simples so para ns

    difceis de suportar, pela nossa lastimvel condio de infratoresda lei de auxlios mtuos? Na qualidade de mdico, voc no

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    pode ignorar que o embriologista, contemplando o feto humano

    em seus primeiros dias, a distncia do veculo natural, no poderafirmar, com certeza, se tem sob os olhos o grmen dum homemou de um cavalo. O mdico legista encontra dificuldades paradeterminar se a mancha de sangue encontrada eventualmenteprovm de um homem, dum co ou dum macaco. O animal possuiigualmente o seu sistema endocrnico, suas reservas de horm-nios, seus processos particulares de reproduo em cada espcie e,por isso mesmo, tem sido auxiliar precioso e fiel da Cincia nadescoberta dos mais eficientes servios de cura das molstiashumanas, colaborando ativamente na defesa da Civilizao. Entre-tanto...

    Interrompera-se o instrutor e, considerando a gravidade doassunto, perguntei com emoo:

    Como solucionar to dolorosos problemas?

    Os problemas so nossos esclareceu o generoso amigo,tranqilamente , no nos cabe condenar a ningum. Abandonan-do as faixas de nosso primitivismo, devemos acordar a prpriaconscincia para a responsabilidade coletiva. A misso do superi-or a de amparar o inferior e educ-lo. E os nossos abusos paracom a Natureza esto cristalizados em todos os pases, h muitossculos. No podemos renovar os sistemas econmicos dos povos,dum momento para outro, nem substituir os hbitos arraigados e

    viciosos de alimentao imprpria, de maneira repentina. Refle-tem eles, igualmente, nossos erros multimilenares. Mas, na quali-dade de filhos endividados para com Deus e a Natureza, devemosprosseguir no trabalho educativo, acordando os companheirosencarnados, mais experientes e esclarecidos, para a nova era emque os homens cultivaro o solo da Terra por amor e utilizar-se-odos animais, com esprito de respeito, educao e entendimento.

    Depois de ligeiro intervalo, o instrutor observou:

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    Semelhante realizao de importncia essencial na vida

    humana, porque, sem amor para com os nossos inferiores, nopodemos aguardar a proteo dos superiores; sem respeito paracom os outros, no devemos esperar o respeito alheio. Se temossido vampiros insaciveis dos seres frgeis que nos cercam, entreas formas terrenas, abusando de nosso poder racional ante a fra-queza da inteligncia deles, no demais que, por fora da anima-lidade que conserva desveladamente, venha a cair a maioria dascriaturas em situaes enfermias pelo vampirismo das entidadesque lhes so afins, na esfera invisvel.

    Os esclarecimentos de Alexandre, ministrados sem presunoe sem crtica, penetravam-me fundo. Algo de novo despertava-meo ser. Era o esprito de venerao por todas as coisas, o reconhe-cimento efetivo do Paternal Poder do Senhor do Universo. Odelicado orientador interrompeu-me o transporte de ntima adora-o ao Pai, acentuando:

    Segundo observa, o legtimo desenvolvimento medinico problema de ascenso espiritual dos candidatos s percepessublimes. Entretanto, Andr, no importa que os nossos amigos,ansiosos pelos altos valores psquicos, tenham vindo at aqui sema devida preparao. Embora incipientes no assunto, lucrarammuitssimo, porque foram auxiliados contra o vampirismo vene-noso e destruidor. Surpreendeu-se voc com as larvas que lhes

    avassalam as energias espirituais; agora ver as entidades explo-radoras que permanecem fora do recinto, esperando-lhes o regres-so.

    L fora? perguntei, alarmado.

    Sim respondeu Alexandre , se os nossos irmos conse-guissem de fato estabelecer sobre si mesmos os desejveis golpesde disciplina, muito ganhariam em fora contra a influenciao

    dos infelizes que os seguem; lamentavelmente, no entanto, soraros os que mantm a necessria resoluo, no terreno da aplica-

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    o viva da luz que recebem. A maioria, rompido o nosso crculo

    magntico, organizado no curso de cada reunio, esquece as bn-os recebidas e volta-se, novamente, para as mesmas condiesdeplorveis de horas antes, subjugada pelos vampiros renitentes ecruis.

    Oh! Que lies! exclamei.

    Notando que os nossos amigos encarnados se dispunham asair, o instrutor convidou:

    Venha comigo via pblica e observe por si mesmo.

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    5Influenciao

    Notava, agora, a diferenciao do ambiente. Para ns outros,os desencarnados, a atmosfera interior impregnava-se de elemen-tos balsmicos, regeneradores. C fora, porm, o ar pesava. Acen-tuara-se-me, sobremaneira, a hipersensibilidade, diante das ema-

    naes grosseiras da rua. As lmpadas eltricas semelhavam-se aglobos pequeninos, de luz muito pobre, isolados em sombra es-pessa.

    Aspirando as novas correntes de ar, observava a diferena in-definvel. O oxignio parecia tocado de magnetismo menos agra-dvel.

    Compreendi, uma vez mais, a sublimidade da orao e do

    servio da Espiritualidade superior, na intimidade das criaturas.A prece, a meditao elevada, o pensamento edificante, re-

    fundem a atmosfera, purificando-a.

    O instrutor interrompeu-me as ntimas consideraes, excla-mando:

    A modificao, evidentemente, inexprimvel. Entre as vi-braes harmoniosas da paisagem interior, iluminada pela orao,

    e a via pblica, repleta de emanaes inferiores, h diferenassingulares. O pensamento elevado santifica a atmosfera em tornoe possui propriedades eltricas que o homem comum est longede imaginar. A rua, no entanto, avelhantado repositrio de vi-braes antagnicas, em meio de sombrios materiais psquicos eperigosas bactrias de variada procedncia, em vista de a maioriados transeuntes lanar em circulao, incessantemente, no s ascolnias imensas de micrbios diversos, mas tambm os mauspensamentos de toda ordem.

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    Enquanto ponderava o ensinamento ouvido, reparei que mui-

    tos agrupamentos de entidades infelizes e inquietas se postavamnas cercanias. Faziam-se ouvir, atravs das conversaes maisinteressantes e pitorescas; todavia, desarrazoadas e imprprias,nas menores expresses.

    Alexandre indicou-me pequeno grupo de desencarnados, queme pareceram em desequilbrio profundo, e falou:

    Aqueles amigos constituem a corte quase permanente dos

    nossos companheiros encarnados, que voltam agora ao ninhodomstico.

    Qu? indaguei involuntariamente.

    Sim acrescentou o orientador cuidadoso-, os infelizes notm permisso para ingressar aqui, em sesses especializadas,como a desta noite. Nas reunies dedicadas assistncia geral,podem comparecer. Hoje, entretanto, necessitvamos socorrer os

    amigos para que o vampirismo de que so vtimas seja atenuadoem suas conseqncias prejudiciais.

    Impressionou-me a excelncia de orientao. Tudo, naquelestrabalhos, obedecia ordem preestabelecida. Tudo estava calcula-do, programado, previsto.

    Agora prosseguiu Alexandre, bem humorado , repare nasada de nossos colaboradores terrestres. Observe a maneira pela

    qual voltam, instintivamente, aos braos das entidades ignorantesque os exploram.

    Fiquei atento. Dispunham-se todos a deixar o recinto, tranqi-lamente. porta, junto de ns, comearam as despedidas entreeles:

    Graas a Deus! exclamou uma senhora de maneiras deli-cadas fizemos nossas preces em paz, com imenso proveito.

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    Como me sinto melhor! comentou uma das amigas mais

    idosas a sesso foi um alvio. Trazia o esprito sobrecarregadode preocupaes, mas agora sinto-me reconfortada, feliz. Acreditoque me retiraram pesadas nuvens do corao. Ouvindo as oraese partilhando as tentativas de desenvolvimento para o servio aoprximo, grande o socorro que recebemos! Ah! Como Jesus generoso.

    Um cavalheiro de porte distinto adiantou-se, observando:

    O Espiritismo o nosso conforto. Os compromissos quetemos so muito grandes, diante da verdade. E no sem razoque o Senhor nos colocou nas mos a lmpada sublime da f. Emtorno de nossos passos, choram os sofredores, desviam-se osignorantes no extenso caminho do mal. Dos Cus chegam at nsferramentas de trabalho. necessrio servir, intensamente, trans-formando-nos em colaboradores fiis da Revelao Nova!

    Exatamente! concordou uma das interlocutoras, comovidacom a exortao temos grandes obrigaes, no devemos perdertempo. A doutrina confortadora dos Espritos o nosso tesouro deluz e consolao. Oh! Meus amigos, como necessitamos traba-lhar! Jesus chama-nos ao servio, imprescindvel atender.

    Reconhecendo os caractersticos de gratido e louvor da pa-lestra, expressei sincera admirao, exaltando a fidelidade doscooperadores da casa. Demonstravam-se fervorosos na f, confi-antes no futuro e interessados na extenso dos benefcios divinos,considerando as dores e necessidades dos semelhantes.

    Vendo-me as expresses encomisticas, Alexandre observou,sorrindo:

    No se impressione. O problema no de entusiasmo e simde esforo persistente. No podemos dispensar as solues vaga-rosas. Raros amigos conseguem guardar uniformidade de emooe idealismo nas edificaes espirituais. Vai para nove anos, com

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    algumas interrupes, que me encontro em concurso ativo nesta

    casa e, mensalmente, vejo desfilar aqui as promessas novas e osvotos de servio. Ao primeiro embate com as necessidades reaisdo trabalho, reduzido nmero de companheiros permanece fiel prpria conscincia. Nas horas calmas, grandes louvores. Nosmomentos difceis, disfaradas deseres, a pretexto de incom-preenso alheia. Sou forado a dizer que, na maioria dos casos,nossos irmos so prestativos e caridosos com o prximo, em setratando das necessidades materiais, mas quase sempre continuamsendo menos bons para si mesmos, por se esquecerem de aplica-o da luz evanglica vida prtica. Prometem excessivamentecom as palavras; todavia, operam pouco no campo dos sentimen-tos. Com excees, irritam-se ao primeiro contacto com a lutamais spera, aps reafirmarem os mais sadios propsitos de reno-vao e, comumente, voltando cada semana ao ncleo de preces,esto nas mesmas condies, requisitando conforto e auxlio

    exterior. No com facilidade que cumprem a promessa de coo-perao com o Cristo, em si prprios, base fundamental da verda-deira iluminao.

    Porque Alexandre silenciara, observei atenciosamente os cir-cunstantes. Ainda se achavam todos eles, os encarnados, irradian-do alegria e paz, colhidas na rpida convivncia com os benfeito-res invisveis. Da fronte de cada um, emanavam raios de espiritua-

    lidade surpreendente.Num gesto significativo, o instrutor esclareceu:

    Eles ainda se encontram sob as irradiaes do banho de luza que se submeteram, atravs do servio espiritual com a orao.Se conseguissem manter semelhante estado mental, pondo emprtica as regras de perfeio que aprendem, comentam e ensi-nam, fcil lhes seria atingir positivamente o nvel superior da

    vida; entretanto, Andr, como ns, que em outros tempos fomosinexperientes e frgeis, eles, agora, ainda o so tambm. Cada

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    hbito menos digno, adquirido pela alma no curso incessante dos

    sculos, funciona qual entidade viva, no universo de sentimentosde cada um de ns, compelindo-nos s regies perturbadas eoferecendo elementos de ligao com os infelizes que se encon-tram em nvel inferior. Examine os nossos amigos encarnados,com bastante ateno.

    Contemplei-os com interesse. Trocavam gentilmente as lti-mas saudaes da noite, demonstrando luminosa felicidade.

    Acompanhemos o grupo, onde se encontra o nosso irmomais fortemente atacado pelas inquietaes do sexo Exclamou oorientador, proporcionando-me valiosa experincia.

    O rapaz, em companhia de uma senhora idosa e de uma jo-vem, que logo percebi serem sua me e irm, punha-se de regres-so ao lar.

    Movimentamo-nos, seguindo-os de perto. Alguns metros, a-

    lm do recinto, onde se reuniam os companheiros de luta, o ambi-ente geral da via pblica tornava-se ainda mais pesado.

    Trs entidades de sombrio aspecto, absolutamente cegas paracom a nossa presena, em vista do baixo padro vibratrio de suaspercepes, acercaram-se do trio sob nossa observao.

    Encostou-se uma delas senhora idosa e, instantaneamente,reparei que a sua fronte se tornava opaca, estranhamente obscura.

    Seu semblante modificou-se. Desapareceu-lhe o jbilo irradiante,dando lugar aos sinais de preocupao forte. Transfigurara-se demaneira completa.

    Oh! Meus filhos exclamou a genitora, que parecia pacien-te e bondosa , por que motivo somos to diferentes no decursodo trabalho espiritual? Quisera possuir, ao retirar-me de nossasoraes coletivas, o mesmo bom nimo, a mesma paz ntima. Isso,

    porm, no acontece. Ao retomar o caminho da luta prtica, sintoque a essncia das prelees evanglicas persevera dentro de

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    mim, mas de modo vago, sem aquela nitidez dos primeiros minu-

    tos. Esforo-me sinceramente para manter a continuao do mes-mo estado dalma; entretanto, algo me falta, que no sei definircom preciso.

    Nesse momento, as duas outras entidades, que ainda se man-tinham distanciadas, agarraram-se comodamente aos braos dorapaz, que ofereceu aos meus olhos o mesmo fenmeno. Emba-ciou-se-lhe a claridade mental e duas rugas de aflio e desalento

    vincaram-lhe as faces, que perderam aquele halo de alegria lumi-nosa e confiante. Foi ento que ele respondeu, em voz pausada etriste:

    verdade, mame. Enormes so as nossas imperfeies.Creia que a minha situao pior. A senhora experimenta ansie-dade, amargura, melancolia... bem pouco para quem, como eu,se sente vtima dos maus pensamentos. Casei-me h menos deoito meses e, no obstante o devotamento de minha esposa, tenhoo corao, por vezes, repleto de tentaes descabidas. Pergunto amim mesmo a razo de tais idias estranhas e, francamente, noposso responder. A invencvel atrao para os ambientes malignosconfunde-me o esprito, que sinto inclinado ao bem e retido deproceder.

    Quem sabe, mano, est voc sob a influenciao de entida-des menos esclarecidas? considerou a jovem, com boas manei-

    ras. Sim suspirou o rapaz , por isso mesmo, venho tentando o

    desenvolvimento da mediunidade, a fim de localizar a causa desemelhante situao.

    Nesse instante, o orientador murmurou, desveladamente:

    Ajudemos a este amigo atravs da conversao.

    Sem perda de tempo, colocou a destra na fronte da menina,mantendo-a sob vigoroso influxo magntico e transmitindo-lhe

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    suas idias generosas. Reparei que aquela mo protetora, ao tocar

    os cabelos encaracolados da jovem, expedia luminosas chispas,somente perceptveis ao meu olhar. A menina, a seu turno, pare-ceu mais nobre e mais digna em sua expresso quase infantil erespondeu firmemente:

    Neste caso, concordo em que o desenvolvimento medinicodeve ser a ltima soluo, porque antes de enfrentar os inimigos,filhos da ignorncia, deveramos armar o corao com a luz do

    amor e da sabedoria. Se voc descobrisse perseguidores invis-veis, em torno de suas atividades, como benefici-los cristmente,sem a necessria preparao espiritual? A reao educativa contrao mal sempre um dever nosso, mas antes de cogitar dum desen-volvimento psquico, que seria talvez prematuro, deveremosprocurar a elevao de nossas idias e sentimentos. No podera-mos contar com uma boa mediunidade sem a consolidao dosnossos bons propsitos; e para sermos teis, nos reinos do Espri-

    to, cabe-nos aprender, em primeiro lugar, a viver espiritualmente,embora estejamos ainda na carne.

    A resposta, que constitura para mim valiosa surpresa, noprovocou maior interesse em ambos os interlocutores, quaseneutralizados pela atuao dos vampiros habituais.

    Me e filho deixavam perceber funda contrariedade, em facedas definies ouvidas. A palavra da menina, cheia de verdadeira

    luz, desconcertava-os. No tem voc bastante idade, minha filha exclamou, con-

    trafeita, a velha genitora , no pode, pois, opinar neste assunto.

    E como boa cultivadora de sofrimentos antigos, acentuou:

    Quando voc atravessar os caminhos que meus ps j cruza-ram, quando vierem as desiluses sem esperana, ento observarcomo difcil manter a paz e a luz no corao!

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    E se algum dia falou o rapaz, melanclico experimentar

    as lutas que j conheo, ver que tenho motivos de queixa contraa sorte e que no me sobram outros recursos seno permanecer nocrculo das indecises que me assaltam. Fao quanto posso pordesvencilhar-me das idias sombrias e vivo a combater inespera-das tentaes; no entanto, sinto-me longe da libertao espiritualnecessria. No me falta vontade, mas...

    Alexandre, que havia retirado a destra de sobre a fronte da

    jovem, informou, atendendo-me perplexidade: O amigo que se uniu nossa irm foi seu marido terrestre,

    homem que no desenvolveu as possibilidades espirituais e queviveu em tremendo egosmo domstico. Quanto aos dois infelizes,que se apegam to fortemente ao rapaz, so dois companheiros,ignorantes e perturbados, que ele adquiriu em contacto com omeretrcio.

    Diante do meu espanto, o instrutor prosseguiu, explicando: O ex-esposo no concebeu o matrimnio seno como unio

    corporal para atender convenincias vulgares da experinciahumana e, em vista de haver passado o tempo de aprendizadoterreno sem ideais enobrecedores, interessados em fruir todas asgratificaes dos sentidos, no se sente com bastante fora paraabandonar o crculo domstico, onde a companheira, por sua vez,somente agora, depois da desencarnao dele, comea a preocu-par-se com os problemas concernentes vida espiritual. Quantoao rapaz, de leviandade em leviandade, criou fortes laos comcertas entidades ainda atoladas no pntano de sensaes do mere-trcio, das quais se destacam, por mais perseverantes, as duascriaturas que ora se lhe agarram, quase que integralmente sintoni-zadas com o seu campo de magnetismo pessoal. O pobrezinho nose apercebeu dos perigos que o defrontavam e tornou-se a presa

    inconsciente de afeioados que lhe so invisveis, to fracos eviciados quanto ele prprio.

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    E no haver recurso para libert-los? Indaguei, emociona-

    do.O orientador sorriu paternalmente e considerou:

    Mas quem dever romper as algemas, seno eles mesmos?Nunca lhes faltou o auxlio exterior de nossa amizade permanen-te; no entanto, eles prprios alimentam-se uns aos outros, noterreno das sensaes sutis, absolutamente imponderveis para osque lhes no possam sondar o mecanismo ntimo. inegvel que

    procuram, agora, os elementos de libertao. Aproximam-se dafonte de esclarecimento elevado, sentem-se cansados da situaoe experimentam, efetivamente, o desejo de vida nova; contudo,esse desejo mais dos lbios que do corao, por constituir aspi-rao muito vaga, quase nula. Se, de fato, cultivassem a resoluopositiva, transformariam suas foras pessoais, tornando-as deter-minantes, no domnio da ao regeneradora. Esperam, porm, pormilagres inadmissveis e renunciam s energias prprias, nicasalavancas da realizao.

    Mas no poderamos provocar a retirada dos vampiros in-conscientes? perguntei.

    Os interessados explicou Alexandre, a sorrir forariam,por sua vez, a volta deles. J se fez a tentativa que voc lembrou,no propsito de benefici-los. De modo indireto, mas a nossa irmse declarou demasiadamente saudosa do companheiro e o nossoamigo afirmou, intimamente, sentir-se menos homem, levandohumildade conta de covardia e tomando o desapego aos impul-sos inferiores por tdio destruidor. Tanto expediram reclamaesmentais que as suas atividades interiores constituram verdadeirasinvocaes e, em vista do vigoroso magnetismo do desejo cons-tantemente alimentado, agregaram-se-lhes, de novo, os compa-nheiros infelizes.

    Mas vivem assim imantados uns aos outros, em todos os lu-gares? indaguei.

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    Quase sempre. Satisfazem-se, mutuamente, na permuta con-

    tnua das emoes e impresses mais ntimas.Preocupado em fazer algum bem, ponderei:

    Quem sabe poderamos conduzir estas entidades ao devidofortalecimento? No ser razovel doutrin-las, incentivando-asao equilbrio e ao respeito prprio?

    Semelhante recurso falou Alexandre, complacente nofoi esquecido. Essa providncia vem sendo efetuada com a perse-verana e o mtodo precisos. Todavia, tratando-se de um caso emque os encarnados se converteram em poderosos ms de atrao,a medida exige tempo e tolerncia fraternal. Temos grande nme-ro de trabalhadores, consagrados a esse mister, em nosso plano, eaguardamos que a semeadura de ensinamentos d seus frutos. Dequalquer modo, esteja convicto de que toda a assistncia tem sidoprestada aos amigos sob nossa observao. Se ainda no avana-

    ram, todos eles, no terreno da espiritualidade elevada, isto s severifica em razo da fraqueza e da ignorncia a que vivem volun-tariamente escravizados. Colhem o que semeiam.

    Nesse instante, fixamos novamente a ateno na palestra quese desdobrava:

    Fao o que posso repetia o rapaz, em desalento , entre-tanto, no consigo obter a tranqilidade interior.

    Ocorre comigo o mesmo fato observava a genitora, emtom triste. Minhas nicas melhoras se verificam por ocasio denossas preces coletivas. Em seguida, as piores emoes me assal-tam o esprito. Vivo sem paz, sem apoio. Oh! Meus filhos, cruelrolar assim, pelo mundo, como nufrago sem orientao!

    Compreendo-a, mame tornou o filho, como que satisfeitopor