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29/03/2015 35 ANOS da Geada de 75 que varreu o caf do Paran e determinou a nova agricultura Caf - Revista Cafeicultura

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17/07/2010 14:20

35 ANOS da Geada de 75 que varreu o caf do Paran e determinoua nova agricultura

Folha de Londrina

RURAL 17/07/2010

Widson SchwartzEspecial para a FOLHA DE LONDRINA Amanh, far 35 anos que a geada negra, sem precedentes, dizimou 100% dacafeicultura paranaense, zerando a produo e abrindo espao para uma novo produtode exportao, a soja

Jaime Canet sentiu na pele a Geada Negra, como governador e como produtor de caf

(Arquivo MIS/PR)

O branco do gelo tomou conta da paisagem contrastando com os cafezais torrados\'\'Pela ao fulminante no Norte do Paran, os pioneiros mudaram em 20 anos a

geografia do caf no Brasil e instalaram aqui as bases do mais denso celeiro alimentardo pas\'\', lembrou Omar Mazzei Guimares, pioneiro e presidente da Sociedade Rural

do Norte do Paran (SRNP) em 1967. Referia-se colonizao do Norte Novo deLondrina (1930-1950) que, embora sob o signo do caf, no era monocultora,

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predominando as pequenas propriedades diversificadas.

O discurso, escrito para a abertura da Exposio Agropecuria e Industrial de Londrinade 1967, fazia reparos ao programa de erradicao de cafezais na dcada de 1960,pressuposto de diversificao que Omar classificava de \'\'artificial, que nos est levando pior das monoculturas, a do capim\'\'(*). Mas, na dcada seguinte, uma outra aofulminante, a geada negra na noite de 17 para 18 de julho de 1975, \'\'varre\'\' todo o cafno Norte do Paran, determinando a consolidao de uma nova agricultura a partir darotao soja-trigo, com elevado nus social.

\'\'Na dcada de 70, o Paran deixou de olhar para si mesmo, de manter seu relativoequilbrio social, receptivo s migraes, para dar-se ao Pas como o produtor para aexportao\'\', define uma anlise da Secretaria de Planejamento do Estado. \'\'Voltou osolhos para o oceano, colocou as setas dirigidas ao Porto de Paranagu, encheu osceleiros de soja, esvaziou o campo de homens, colocou a mquina e encheram-se ascidades.\'\'

Amanh, far 35 anos que aquela \'\'onda polar extremamente severa\'\' e semprecedentes atingiu 75% da cafeicultura brasileira, 100% a do Paran, 45% a de SoPaulo e de 15 a 20% a do sul de Minas Gerais, conforme o registro de Wilson Baggio.\'\'Foi o tiro de misericrdia na cafeicultura\'\', cuja expanso atingira o limiteagroclimtico, em face de localizaes inadequadas, afirma hoje Florindo Dalberto. poca, designado pelo Instituto Brasileiro do Caf (IBC), participara da implantao doInstituto Agronmico do Paran (Iapar), do qual seria coordenador de Difuso deTecnologia e presidente.

No Paran, foram eliminados 200 milhes de cafeeiros e danificados os restantes 700milhes, que correspondiam, no total, a 32% de participao na produo brasileira,zerando a safra estadual de 1976. Atingidos no tronco, os remanescentes\'\'transformaram-se em lavouras em formao, atravs das brotaes\'\' juntamente complantios novos. E essas lavouras ainda seriam drasticamente prejudicadas em 1978 e1979, mais pela sensibilidade, por se encontrarem em fase de recuperao, do quepelas geadas, relativamente de pequena intensidade.

\'Tsunami\'

Para se traduzir o efeito daquela geada, pode-se equipar-la a um \'\'tsunami\'\' dessesque ocorrem na sia, segundo o ex-cafeicultor Nagib Abudi Filho. O declnio do caf noParan se tornou irreversvel e hoje ocupa menos de 100 mil hectares, tendo regredidode 1,8 milho em 1961.

Aos 85 anos, Wilson Baggio j no tem caf, embora mantenha a empresa ruraljuntamente com os filhos e ainda seja membro da Comisso Tcnica de Caf daFederao da Agricultura do Paran (Faep) e do Conselho Nacional do Caf. \'\'O ano de1975 foi o marco divisor, que fez o Paran perder a hegemonia para o norte de SoPaulo e Minas Gerais\'\', resume Baggio FOLHA.

Desde 1939 em Cornlio Procpio e com a experincia de quem tomou mais de umadezena de geadas, ele recorda \'\'o impacto terrvel\'\' em 1975, atingidos todo o caf emsuas fazendas, aproximadamente um milho de ps - \'\'no sobrou nada\'\' -, apastagem, encostas, mata virgem, capoeira, milho, frutferas e o trigo, tpica cultura deinverno. Nem a nebulizao artificial intensa, durante a noite, atenuou os efeitos.

A geada branca se caracteriza pelo pouco vento; a de 75 foi negra, com \'\'o vento geladosoprando do sul, vindo da Cordilheira dos Andes, enchendo os vales e transbordandopara lugares mais altos\'\', explica Baggio.

Chovera dois dias antes e na tarde de 17 comeou a nevar em Curitiba, recorda NagibAbudi Filho. Chegando em caminhonete fazenda, em Camb, s 6 horas da manhseguinte, encontrou gelo na estrada. \'\'Fui patinando em cima do gelo, nunca tinha vistocoisa igual. No abrigo, o termmetro registrava sete graus abaixo.\'\' Na propriedade de96 alqueires, comeara a plantar soja em 1973, substituindo o caf em um tero darea. No dia 19 de julho de 1975, todos os cafeeiros estavam \'\'queimados\'\' e comeoua arranc-los, usando cabo de ao e trator.

A colheita precedera a geada e, segundo Wilson Baggio, quem no tinha vendido\'\'aparentemente\'\' se beneficiou, porque os preos subiram 300% sobre o valor de US$50 por saca, chegando a US$ 300. J os que venderam antes da geada, perderam muitoe houve at mesmo aqueles que tiveram de vender a propriedade.

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