323rio mata norte revisado em 21-11)

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1 DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO SOBRE AS NECESSIDADES RELACIONADAS À ÁREA DO CONHECIMENTO DAS EQUIPES QUE ATUAM NA IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL MATA NORTE RECIFE - 2008.

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DIAGNÓSTICO REGIONALIZADO

SOBRE AS NECESSIDADES RELACIONADAS À

ÁREA DO CONHECIMENTO DAS EQUIPES QUE

ATUAM NA IMPLEMENTAÇÃO DA

POLÍTICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

MATA NORTE

RECIFE - 2008.

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IDENTIFICAÇÃO

EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS

GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO

ROLDÃO JOAQUIM DOS SANTOS SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL

E DIREITOS HUMANOS

EDGARD TÁVORA DE SOUSA SECRETÁRIO EXECUTIVO DE COORDENAÇÃO E GESTÃO

ACÁCIO FERREIRA DE CARVALHO FILHO

SECRETÁRIO EXECUTIVO DE DESENVOLVIMENTO E ASSISTÊNCIA SOCIAL

MARIANA DE ANDRADE LIMA SUASSUNA

SUPERINTENDENTE DAS AÇÕES DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

JOÃO MAURÍCIO ROCHA

SUPERINTENDENTE DE APOIO À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

PAULA VANUSA DE SANTANA TAVARES OLIVEIRA GERENTE DE PLANEJAMENTO, PROJETOS E CAPACITAÇÃO

REGINA ALCOFORADO

GERENTE DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

JOSÉ RICARDO SAMICO ALVES BATISTA GERENTE DO FUNDO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - FEAS

MARGARIDA MARIA SOARES SILVA

GERENTE DO SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - SUAS

RIZETE SERAFIM COSTA GESTORA DAS AÇÕES DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA

JOELSON RODRIGUES REIS SILVA

GESTOR DAS AÇÕES DA PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL

KILMA LUNA DE CASTRO BARROS GESTORA DAS AÇÕES SOCIOASSISTENCIAIS

MARIA CRISTINA NEUENSCHWANDER

PRESIDENTE DO CONSELHO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL

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FICHA TÉCNICA

DIRETORIA DA PERSPECTIVAS

MARIA TERESA DOS SANTOS LOBO GOMES COORDENADORA GERAL

JOSÉ EVERALDO DE MELO PINHEIRO

COORDENADOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO

CRISTIANE LIBERATO DE NÓBREGA COORDENADORA TÉCNICA

EQUIPE DE EXECUÇÃO DO PROJETO

LIDIA DE OLIVEIRA LIRA

COORDENADORA GERAL

LAURISABEL GUIMARÃES PINHEIRO COORDENADORA TÉCNICA

AÉCIO LOPES

SEVERINO CATÃO RODRIGUES ESTATÍSTICOS

ELAYNE BARBOSA, ELAINE CRISTINA DE MORAES, ELAINE CRISTINA MELO,

EDILMA MEDEIROS, GEORGIANA MARQUES, GLÓRIA Mª DE MIRANDA, LUCIANA LISBOA, LUCIA LYRA, LUCIENE FREITAS, MARCELO KERME MENEZES,

SILEIDE DE OLIVEIRA. PESQUISADORES

NILVA LOPES

APOIO ADMINISTRATIVO

ADRIANA GOMES, RONALDO EPIFÁNIO DE SANTANA JOSÉ ROBERTO DE SOUZA, MARIA VIRGÍNIA SANTOS

DIGITADORES

CLEVERSON RAMOS PROGRAMADOR

CLEONILDA CORREIA DE QUEIROZ

SISTEMATIZADORA DE TÉCNICAS QUALIFICADAS

LIDIA DE OLIVEIRA LIRA, CLEONILDA CORREIA DE QUEIROZ, LAURISABEL GUIMARÃES PINHEIRO

ELABORADORAS DE RELATÓRIOS

DANIELLE DE OLIVEIRA SANTIAGO REVISORA DO TEXTO

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4

Uma determinada época histórica é constituída por determinados valores, com formas de ser ou de comportar-se que buscam plenitude.

Enquanto estas concepções se envolvem ou

são envolvidas pelos homens, que procuram a plenitude, a sociedade está em constante mudança. Se os fatores rompem o equilíbrio, os valores começam a decair; esgotam-se, não correspondem aos novos anseios da sociedade. Mas como esta não morre, os novos valores começam a buscar a plenitude. A este período, chamamos transição. Toda transição é mudança, mas não vice-versa - atualmente estamos numa época de transição.

Não há transição que não implique um ponto de partida, um processo e um ponto de chegada. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. De modo que o nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente. Temos de saber o que fomos e o que somos para saber o que seremos. Paulo Freire. Educação e Mudança – 1983.

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APRESENTAÇÃO

Este documento é o resultado da sistematização dos perfis municipais da Região da Mata Norte de Pernambuco no que se refere às informações coletadas sobre a capacidade técnica instalada para o desenvolvimento da Assistência Social na gestão Pública. A escolha dos atores sociais, objeto do Estudo, e o quantitativo das técnicas de pesquisa aplicadas na Região de Desenvolvimento - RD atenderam ao estabelecido pela Gestão Estadual quando da contratação da PERSPECTIVAS para realização deste trabalho.

Dessa forma, a aplicação dos questionários foi direcionada, prioritariamente, aos Coordenadores dos Centros de Referência da Assistência Social - CRAS, Técnicos da Proteção Social Especial e Conselheiros Municipais da Assistência Social Não-Governamentais. As entrevistas semi-estruturadas e os grupos focais foram realizados junto aos Gestores Municipais e Estaduais e/ou seus representantes; e Conselheiros Estaduais. Relevante destacar que, em virtude da especificidade do Distrito de Fernando de Noronha, as técnicas sofreram algumas alterações, neste sentido foram realizados 5 grupos focais junto aos Conselheiros Distritais, de Assistência Social e Tutelares, Atores Sociais e Jovens, e 3 entrevistas semi-estruturadas contemplando as Diretoras da Escola e da Creche, o Gerente Insular e a Assistente Social do Distrito.

As informações contidas neste documento contemplam os 19 municípios da RD1 - 100% do território, 19 gestores, 100% dos representantes da gestão da Assistência Social, 19 coordenadores - sendo 89% da Proteção Social Básica e 11% da Proteção Especial; e, 19 Técnicos – sendo 89% da Proteção Social Básica e 11% da Proteção Especial. A coleta de informações junto aos Conselhos Municipais de Assistência Social na RD contemplou 19 conselheiros, dos quais 11% foram representantes governamentais e 89% representantes não-governamentais.

O Estudo baseia-se na fundamentação dos profissionais e Conselheiros sobre a Assistência Social; a capacidade de planejar ações, diante da fundamentação e do olhar sobre a realidade local; a execução do planejamento frente às necessidades apresentadas pelas famílias em situação de vulnerabilidade social; e as demandas técnicas e decisões políticas frente à eleição de prioridades.

Assim, este Estudo é uma referência para o planejamento regionalizado das ações no campo de capacitação, monitoramento e avaliação sobre a implementação da Política de Assistência Social - PAS. As informações coletadas através dos questionários serão “enriquecidas” com a sistematização das opiniões dos gestores registradas nas entrevistas semi-estruturadas e grupo focal.

O texto trabalhado neste documento está fundamentado na pesquisa realizada

junto aos segmentos objetos do Estudo frente aos desafios na implantação e implementação do Sistema Único de Assistência Social - SUAS. A elaboração dos instrumentais, para aplicação das técnicas considerou o grau das necessidades e complexidades para atuação dos diversos atores na Assistência Social. Desta forma o Estudo considerou:

1 Aliança, Buenos Aires, Camutanga, Carpina, Chã de Alegria, Condado, Ferreiros, Glória do Goitá, Goioana, Itambé, Itaquitinga, Lagoa do Carro, Lagoa de Itaenga, Macaparana, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbaúba, Tracunhaém e Vicência.

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1. FUNDAMENTAÇÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL

� Marcos legais que regem a Política Nacional da Assistência Social - PNAS (concepção sobre Assistência Social, princípios e diretrizes da PNAS);

� Sistema Único de Assistência Social - SUAS: exigências para consolidar o modelo de proteção;

� Rede de atendimento (intersetorialidade/integralidade); � Controle Social (conceito, órgãos, papéis e competências).

2. PLANEJAMENTO SOBRE A ATUAÇÃO FRENTE ÀS NECESSIDADES

� Metodologia de trabalho coletivo – Intersetorialidade/Integralidade; � Captação de recursos; � Metodologia para o acompanhamento sobre as ações

• Diagnóstico social (definição de indicadores); • Avaliação de processo; • Avaliação sobre os resultados e impactos.

3. IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES: DEMANDAS X OFERTAS

� Descentralização

• Relação com as esferas de governo (estadual e federal); � Aplicação dos recursos; � Territorialidade

• Intersetorialidade; • Atuação em Rede; • Integralidade; • Articulação dos níveis de proteção; • Matricialidade sociofamiliar; • Protagonismo; • Acompanhamento.

4. QUESTÕES GERAIS QUE TRANSVERSALIZAM A IMPLEMENTAÇÃO DA

POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL / SUAS

� Modelo de gestão • Gerenciamento técnico administrativo; • Gerenciamento financeiro;

� Informática • Sistemas de informação;

� Sistematização • Capacidade de análise; • Elaboração de projetos.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BF – Bolsa Família

BPC – Benefício de Prestação Continuada

CEAS – Conselho Estadual de Assistência Social

CEDCA – Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente

CIB – Comissão Intergestora Bipartite da Assistência Social

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho

CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social

CRAS – Centro de Referência de Assistência Social

CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social

ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

FEAS – Fundo Estadual de Assistência Social

FMAS – Fundo Municipal de Assistência Social

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IGDBF – Índice de Gestão Descentralizada do Programa Bolsa Família

LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei Orçamentária Anual

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social

MDS – Ministério de Desenvolvimento Social

MP – Ministério Público

NOB – Norma Operacional Básica da Assistência Social

NOB /RH - Norma Operacional Básica sobre os Recursos Humanos da

Assistência Social

OG – Organização Governamental

ONG – Organização Não-Governamental

PAIF – Programa de Atenção Integral às Famílias

PAS – Política de Assistência Social

PBF – Programa Bolsa Família

PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil

PMAS – Plano Municipal de Assistência Social

PNAS – Política Nacional de Assistência Social

PPA – Plano Plurianual

RD – Região de Desenvolvimento

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RH – Recursos Humanos

SAS – Secretaria de Assistência Social

SEDAS – Secretaria Executiva de Desenvolvimento e Assistência Social

SEDSDH – Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos

SIGAS – Sistema de Informação e Gestão da Assistência Social

SMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social

SUAS – Sistema Único de Assistência Social

SUAS/WEB – Sistema de informática para o acompanhamento físico-financeiro

das ações do SUAS no âmbito municipal, estadual e federal

SUS – Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO - DIAGNÓSTICO SOCIAL: PESQUISA SOBRE A REALIDADE, ETAPA FUNDAMENTAL QUE REVELA A CAPACIDADE DE (RE) CONSTRUIR UMA POLÍTICA SOCIAL.

10

2. MATA NORTE: O QUE CARACTERIZA A ASSISTÊNCIA SOCIAL NA

REGIÃO?

12

3. O SUAS NA ZONA DA MATA PERNAMBUCANA: CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS SOBRE O MODELO DE PROTEÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.

14

4. ESTUDO REGIONALIZADO: ANÁLISE PROPOSITIVA NA PERSPECTIVA DO PLANO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CAMPO DA CAPACITAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO SOBRE AS AÇÕES E EQUIPES QUE ATUAM NA REGIÃO.

17

4.1. FUNDAMENTAÇÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL: MARCOS LEGAIS QUE REGEM A PNAS – CONCEPÇÃO SOBRE ASSISTÊNCIA SOCIAL, PRINCÍPIOS E DIRETRIZES

20

4.2. PLANO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – PMAS 24

4.3. CONTROLE SOCIAL: CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA

SOCIAL – CMAS

25

4.4. FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – FMAS 28

5. SUAS: EXIGÊNCIAS PARA CONSOLIDAR O MODELO DE PROTEÇÃO 31

5.1. MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIAR 36

5.2. TERRITORIALIZAÇÃO, INTERSETORIALIDADE, ATUAÇÃO EM REDE.

40

5.3. O DESAFIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR: PROTAGONISMO

44

5.4. A POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS 48

5.5. A INFORMAÇÃO, O MONITORAMENTO E A AVALIAÇÃO 54

5.6. CAPTAÇÃO DE RECURSOS 60

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 62

ANEXOS 68

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1 – INTRODUÇÃO - DIAGNÓSTICO SOCIAL: PESQUISA SOBRE A REALIDADE, ETAPA FUNDAMENTAL QUE REVELA A CAPACIDADE DE (RE) CONSTRUIR UMA

POLÍTICA SOCIAL. O desenvolvimento de reflexões e sistematizações sobre as realidades

transformadas em referências para as decisões políticas e atitudes técnicas, frente às reais necessidades, compõem um diagnóstico social; considerado como atividade sistemática e contínua de uma intervenção social.

Um diagnóstico, portanto, se caracteriza pela revisão permanente sobre a

realidade em evidência, atualizando a leitura sobre os “objetos da intervenção” nos diferentes contextos. Um olhar que busca o ideal frente às necessidades reais das pessoas envolvidas, direta e indiretamente, na intervenção, gerando assim, a transformação almejada e definida em objetivos. Neste sentido, é a peça fundamental para a avaliação de processo e revisão sobre o planejamento; e ainda, aponta os indicadores e os elementos para a análise.

O Projeto apresentado para o Estudo Regionalizado define como objetivo geral, a identificação das problemáticas e necessidades relacionadas à área de conhecimento das equipes que atuam na implementação da Política da Assistência Social visando ampliar a aplicabilidade dos investimentos em capacitações técnicas, qualificando assim os processos de trabalho das equipes e subsidiando, conseqüentemente, o monitoramento e avaliação sobre as ações. Reconhecendo o território estadual como uma composição de regiões e municípios, as estratégias definidas para a coleta de informações consideraram a leitura e opiniões individuais dos gestores, técnicos e conselheiros (as) de Assistência Social no seu contexto territorial e a leitura coletiva sobre as demandas comuns; numa visão mais ampla sobre o território. A fim de garantir a eficácia do Estudo, foram trabalhados cuidadosamente na elaboração dos instrumentais os elementos geradores de coerência, em relação, aos objetivos propostos, na relação dos objetivos com a metodologia (técnicas aplicadas), a relação dos indicadores com os objetivos e a flexibilidade frente ao acompanhamento sobre o desenvolvimento da proposta. As etapas do Estudo se voltaram para a possibilidade de construir, junto aos pesquisados2, a avaliação emancipatória, que se caracteriza por ser um processo de descrição, análise e crítica de uma dada realidade, visando transformá-la.

O interesse primordial dessa abordagem é emancipador, visando provocar a crítica que promove a libertação do sujeito de condicionamentos deterministas. O compromisso principal desta avaliação é fazer com que as pessoas envolvidas, direta ou indiretamente, numa ação, escrevam sua própria história e gerem suas próprias alternativas de mudança.

A avaliação emancipatória tem dois objetivos básicos: iluminar o caminho da

transformação e beneficiar a escuta coletiva em termos de torná-las autodeterminantes. O primeiro objetivo indica que essa avaliação está comprometida com o futuro, com o que se pretende transformar, a partir do autoconhecimento crítico, do concreto do real, que

2 O termo “Pesquisado” utilizado, neste documento refere-se aos coordenadores, técnicos e conselheiros que responderam aos questionários e o termo “Entrevistados” aos gestores ou seus representantes que participaram dos grupos focais e responderam as entrevistas semi-estruturadas.

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possibilita a clarificação de alternativas para a revisão desse real. O segundo objetivo “aposta” no valor emancipador dessa abordagem, para os agentes que integram determinada ação.

Os conceitos básicos envolvidos nessa proposta são: Emancipação, Decisão

Democrática, Transformação e Crítica Educativa.

A EMANCIPAÇÃO prevê que a consciência crítica produza alternativas de solução e que estas, constituam-se em elementos de luta transformadora para os diferentes participantes da avaliação.

A DECISÃO DEMOCRÁTICA é compartilhada pelos atores que participam de uma determinada ação, contemplando todo o processo - conhecimento, compromisso, avaliação - alcançando, assim, elementos para decisão consciente.

A TRANSFORMAÇÃO diz respeito às alterações substanciais de uma ação, geradas coletivamente pelos atores envolvidos na mesma, com base na análise crítica. As transformações estarão necessariamente, em consonância com os compromissos sociais e políticos assumidos pelos participantes.

A CRÍTICA propõe uma análise valorativa das ações por cada um dos participantes – avaliadores – que atuam na implementação da PNAS/SUAS na Região. Por outro lado esta função é educativa, formativa para quem dela participa e busca a reorientação das ações.

Três momentos caracterizam esta avaliação: o modelo de proteção previsto no

SUAS; a crítica sobre a realidade para a implantação e implementação do modelo de proteção, ou seja, capacidade técnica instalada e a criação coletiva - a formulação de alternativas diante da realidade identificada como adversa ao modelo de proteção/SUAS e as necessidades da Região. Tomando como referência os marcos legais, esses momentos assumem a conotação da Crítica Institucional e Criação Coletiva. Esses não são momentos estanques, por vezes se interpenetram se constituem, em etapas de um mesmo e articulado movimento.

Os procedimentos de avaliação previstos por este paradigma, que se localiza dentre aqueles de abordagem qualitativa, caracterizam-se por métodos dialógicos e participantes; predomina o uso de entrevistas livres, debates, análise de depoimentos, observação participante e apreciação documental. Não são desprezados os dados quantitativos, porém, ressalta-se que à ótica de análise é eminentemente qualitativa.

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2 – MATA NORTE: O QUE CARACTERIZA A ASSISTÊNCIA SOCIAL NA REGIÃO3 “A vulnerabilidade é causada pelo desemprego. O Programa Bolsa Família acabou com a miséria, mas a pobreza é causada pela falta de geração de renda, além da falta de compromisso da sociedade em relação ao conhecimento” 4.

O IDH da Região é 0,650, inferior ao de Pernambuco - 0,705. Entre os municípios,

os maiores índices são os de Carpina - 0,724 -, Nazaré da Mata - 0,703; e Goiana - 0,692. A Região de Desenvolvimento - RD concentra 6,8% da população do Estado. A população urbana é de 37.275 habitantes, predominando sobre a população rural, que é de 164.153 habitantes. Os municípios mais populosos são os de Goiana e Carpina, com 71.177 e 56.906 habitantes, respectivamente. A população situada na faixa etária de 15 a 24 anos corresponde a 22,2% do total da RD, com 120.205 pessoas, e a 7,38% da população desta faixa do Estado. Distribuindo a população por faixa etária, a Zona da Mata Norte apresenta os seguintes percentuais.5

A taxa de domicílios com abastecimento d’água inadequada da Região (18,5%) é superior à de Pernambuco (17,0%) colocando-a numa posição intermediária entre as RD’s. Chã de Alegria (44,3%) e Glória do Goitá (43,7%) detêm as taxas mais elevadas e Vicência (5,8%) e Carpina (5,7%) as mais baixas. Com relação à taxa de domicílios com esgotamento sanitário inadequado da Região (79,8%) é superior a do Estado (56,2%) e, junto com a RD do Araripe, é a pior entre as RD’s. À exceção de Ferreiros (55,9%), Macaparana (48,8%) e Nazaré da Mata (31,8%) todos os demais municípios apresentam taxas superiores a 56,0%. Itambé (99,0%), Itaquitinga (98,6%), Lagoa do Carro (97,2%), Carpina (96,5%), Tracunhaém (95,7%), Condado (95,7%) e Lagoa do Itaenga (94,6%) encontram-se entre os 30 municípios com as piores taxas do Estado.

A taxa de mortalidade infantil da RD (32,9 em 1.000 nascidos vivos) é superior à do Estado (29,8), colocando-a numa posição intermediária entre as RD’s. Doze dos dezenove municípios detêm taxas superiores a 35,1. Itaquitinga (56,7) encontra-se entre os municípios com as piores taxas do Estado e Paudalho (20,1) entre os municípios que detêm as taxas mais baixas da RD.

3 O texto reproduzido neste capítulo foi baseado nos dados do IBGE/2000. 4 Neste documento os trechos - sem referências bibliográficas, entre aspas e em negrito - trata-se de depoimentos registrados no GRUPO FOCAL. 5 Dados do site WWW.sigas.pe.gov.br

GRÁFICO 1 – FASES DA VIDA

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As maiores incidências de agravo na Região são dengue, tuberculose e tétano acidental. Em Condado, Lagoa do Carro e Itaquitinga registram-se as maiores incidências de dengue; em Chã de Alegria, Macaparana e Nazaré da Mata, as de tuberculose; e em Macaparana, Paudalho e Carpina, as de tétano acidental.

Em relação à Educação, a taxa de analfabetismo da Região (30,8%) é superior à do Estado (24,5%) e uma das mais baixas entre as RD’s. Na faixa etária de 15 a 24 anos essa taxa é 14,7%, superior à de Pernambuco. Itambé (21,2%) e Glória do Goitá (18,8%) detêm as taxas mais elevadas da Região. Carpina (9,9%) e Nazaré da Mata (9,1%) as mais baixas. A taxa de distorção idade-série no ensino fundamental é 51,8%, superior à de Pernambuco (50,1%). Chã de Alegria (61,8%) detém a taxa mais elevada e Vicência (43,5%) a mais baixa. Para o ensino médio, essa taxa é de 70,5%, também superior à do Estado (67,2%). Paudalho (83,7%) detém a pior taxa e Timbaúba (61,4%) a melhor. O percentual de chefes de domicílio com menos de 4 anos de estudo da RD (61,0%) é um dos mais baixos entre as RD’s e bem mais elevado que a de Pernambuco (48,0%).

A taxa de chefes de domicílios ganhando até um salário mínimo da Região (62,2%) é superior à de Pernambuco (51,7%), colocando-a numa posição intermediária entre as RD’s. Todos os municípios apresentam taxas superiores a 50%. Buenos Aires (79,0%) encontra-se entre os 30 municípios com as piores taxas do Estado. Segundo dados do IBGE/2000, estima-se que 59.349 famílias vivam em situação de extrema pobreza, o que representa 43,8% de pessoas pobres na RD.

A taxa de mortalidade por homicídio da Região (33,6 por 100.000 habitantes) é inferior à de Pernambuco (54,0), colocando-a numa posição intermediária entre as RD’s. Goiana (60,4) encontra-se entre os 30 municípios com as piores taxas do Estado e Lagoa de Itaenga (5,0) apresenta a mais baixa taxa da RD.

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3 – O SUAS NA ZONA DA MATA NORTE PERNAMBUCANO: CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS SOBRE O MODELO DE PROTEÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL.

A lógica do modelo de proteção social que busca promover a universalização dos

direitos, ou seja, atender os diferentes de forma especializada e fortalecer a família enquanto núcleo encontra na Região da Zona da Mata Norte dificuldades desafiadoras: otimizar recursos e desenvolver a intersetorialidade, sobretudo, na área de capacitação profissional e de geração de renda e ampliar o atendimento a partir da complementariedade das ações. As situações de vulnerabilidade social que atingem as famílias transversalizam os níveis de proteção e devem dinamizar, portanto, a atuação das equipes. No entanto, as decisões sobre o campo de atuação da Assistência Social e na metodologia de trabalho com as famílias precisam ser tomadas com consciência. Afinal de contas é missão, da Assistência Social, suprir todas as necessidades das famílias ou alçar as famílias para a universalização de direitos?

“(...) A dificuldade financeira impede a realização de algumas ações. Os recursos chegam muito direcionados. Isto complica a nossa atuação. A parte do assistencialismo - cestas básicas, etc. - tem que ser pago com os recursos do município”. 6

É preciso refletir sobre as posturas técnicas e políticas frente aos desafios de transformar caridade em Política pública e direito de cidadania, implantando um Sistema que interligue as ações em torno das famílias trabalhando, ao mesmo tempo, as possibilidades dessas construírem e assumirem seus projetos vida. O grande desafio para os gestores públicos é compreender a lógica da inclusão social, que harmoniza o conhecimento, a leitura a crítica, a capacidade propositiva e o exercício de cidadania. “(...) Precisamos ocupar a mente dos jovens. Há um problema grande: drogas. Pretendemos trabalhar com arte - música, teatro, etc.”.

Mente ocupada não significa tomada de consciência, portanto, se faz necessário uma atuação mais reflexiva, onde as mentes se voltem para o registro, para a análise sobre a realidade reconhecendo a capacidade de transformá-la e nela viver, compartilhando valores sociais que promovam a qualidade de vida no coletivo. Esses elementos, possivelmente, provocarão outro movimento: produção de estratégias para sobrevivência sem abrir mão da dignidade e cuidando da auto-estima. Vale à pena refletir:

As decisões políticas caminham em direção as transformações desejadas? As

posturas técnicas condizem com a inclusão social? O que está sendo feito para a promoção de tomada de consciência sobre a participação ativa nas decisões

políticas?

6 Neste documento os trechos iniciados (...) são depoimentos dos gestores e/ou representantes da gestão da Assistência Social, registrados nas entrevistas semi-estruturadas.

“Somos forçados a começar constatando que o primeiro pressuposto de toda existência humana e, portanto, de toda historia, é que os homens, devem estar em condições de viver para poder fazer história. Mas, para viver, é preciso antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas mais”. (Marx e Engels)

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A partir das respostas é possível alcançar o grau de competência, compromisso, envolvimento, responsabilidade, crença, desejo e ética. Essas constatações, num exercício de autocrítica, compondo processos de avaliação coletiva, possibilitarão a relação entre causas e conseqüências. Este é um movimento também de desconstrução sobre a lógica da benesse e da caridade. Mas onde está “cristalizada” essa lógica? Nas famílias? Nos técnicos e gestores? Todos estes compõem a sociedade, assim sendo, depende dos que pensam diferente a transformação social sobre os contextos de vulnerabilidades. Implantar um Sistema Único de Assistência Social - SUAS é um grande desafio para um país com dimensões continentais. Este desafio na zona da Mata Norte compreende tudo o que caracteriza a violação de direitos e estratégias de sobrevivências ameaçadoras da dignidade humana na Região. Neste contexto, espera-se das equipes um desempenho que promova a participação e contribua na desconstrução da lógica da “culpabilização” e/ou a lógica da tutela. A implantação e consolidação do SUAS depende de postura ética sobre as decisões e práticas que levem ao desenvolvimento humano, pois só esse pode garantir o desenvolvimento local sustentável. O SUAS apresenta no seu Modelo de Proteção social a possibilidade de alcançar os diferentes sem isolá-los. A Proteção Social Básica - PSB deve cuidadosamente enfrentar as diferentes problemáticas que afetam o núcleo familiar dificultando o exercício das funções e papéis sociais da família. A lógica sobre a vulnerabilidade precisa ser discutida e compreendida pelos membros das famílias em suas diferentes fases - o que interfere diretamente na abordagem. Esta atividade consiste em abrir exposição de valores direcionados à vida e ao que se possa considerar de qualidade, tomando como referência, a dignidade humana e tudo o que venha ameaçar essa condição. A Proteção Social Especial - PSE desencadeia a busca por estratégias regional sobre a oferta de serviços especializados. Uma demanda mais política que técnica: vencer barreiras partidárias e de competições intermunicipais, agregar forças contra problemas sem fronteiras - abandono humano, violência doméstica, exploração de mão-de-obra infanto-juvenil, abuso e exploração sexual, uso de substâncias psicoativas, entre outros.

Os Centros de Referência da Assistência Social - CRAS nos territórios precisam construir diagnósticos e projetar a atuação em Rede antes que as demandas lacem as equipes e essas não consigam alcançar as reais necessidades, Esse é um problema que mantém as equipes na superfície, distanciando-as das ações estruturadoras. “(...) A equipe tem até interesse, mas a demanda é muito grande, muitas questões ficam abertas: questões ligadas à higiene, “prostituição infantil”, drogas e etc.”.

Com fragilidades no campo técnico – insuficiência de instrumentalidade técnica - as equipes precisam estar mais articuladas, evitando o distanciamento dos objetivos da Assistência Social e dos CRAS nos territórios. Um Plano Regional voltado para o Modelo de proteção possibilitará, sem dúvida, a diminuição de índices que levam a família à Proteção Especial de média e alta complexidade.

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“Há dificuldade em articular as proteções. O CRAS precisa dar assistência aos programas. O PETI, por exemplo, está na zona rural e a equipe do CRAS não consegue chegar lá”.

A Política é construída por pessoas e são essas as mais importantes ferramentas para a sua consolidação. O SUAS aponta uma série de possibilidades organizacionais que poderão impulsionar um movimento mais contínuo e estruturador, que de fato transforme realidades e promova a justiça social. Tomar essa direção é uma decisão política de gestores e técnicos. De posse dessas constatações sobre fragilidades e “fracassos”, se faz necessário experimentar novos modelos de gestão e de metodologias que não venham de encontro as possibilidades apontadas pelo SUAS.

A composição da Equipe diante desse desafio tem como base a Norma Operacional Básica – NOB/SUAS/RH 2006, porém a caracterização desses profissionais faz parte do processo diagnóstico, onde não bastam a graduação e os títulos que esses possuem. O compromisso e a ética compõem o conhecimento e a fundamentação, e fazem à diferença. A verificação sobre esses elementos fundamentais acontece no processo e está relacionado com o modelo de gestão, o acompanhamento, monitoramento e avaliação contínua e sistemática. “(...) A equipe tem potencialidade para desenvolver o trabalho com melhor qualidade, falta capacitação para identificar a real atuação de cada técnico no CRAS”.

A avaliação sobre o serviço é, em conseqüência, uma avaliação sobre a equipe e

as propostas deflagradas. Esse é um processo coordenado pelo gestor que, também, é objeto da avaliação. O gestor que abre mão dessa prerrogativa assume responsabilidades sobre o “fracasso” de uma forma mais direta.

O investimento para garantir o acesso aos serviços deve estar diretamente relacionado às condições básicas para a qualidade desses serviços: infra-estrutura dos equipamentos sociais, articulação das ações já existentes nos territórios, socialização das propostas junto às famílias, pactuação de objetivos junto aos segmentos que compõem as famílias e os níveis de proteção, planejamento e capacitação intersetorial, monitoramento e avaliação contínua e sistemática. Nesse conjunto de elementos que possibilitam a viabilização dos serviços com qualidade, ênfase se dá a capacidade técnica; essa ultrapassa o grau de conhecimento para alcançar a postura ética e o compromisso com as transformações sociais.

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4 – ESTUDO REGIONALIZADO: ANÁLISE PROPOSITIVA NA PERSPECTIVA DO PLANO ESTADUAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CAMPO DA CAPACITAÇÃO,

MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO SOBRE AS AÇÕES E EQUIPES QUE ATUAM NA REGIÃO.

Na Zona da Mata Norte o Estudo - aplicação dos questionários - alcançou os seguintes percentuais sobre os segmentos que compuseram a amostra:

A equipe de pesquisados apresenta as seguintes características:

Com um percentual pequeno mais significativo, o universo masculino aparece no

cenário da Assistência Social. Vale salientar que esse universo, na sua maioria, representa educadores sociais, monitores, oficineiros do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil - PETI ou conselheiros de Assistência Social. Ainda é mínima a presença de homens como técnicos com formação superior em Serviço Social, Psicologia e Pedagogia.

Em se tratando da idade, os pesquisados estão, em sua maioria, acima dos

quarenta anos - 39%, ou seja, uma equipe que traz olhares de quatro décadas; ciclos de vida que receberam interferências dos momentos políticos, econômicos, sociais e culturais; que compõem a história do povo brasileiro.

SEGMENTO % Conselheiros Governamentais 11 Conselheiros Não-governamentais 89 Coordenadores Proteção Básica 89 Coordenadores Proteção Especial 11 Técnicos de Proteção Básica 11 Técnicos da Proteção Especial 89

GRÁFICO 3 – FAIXA ETÁRIA

GRÁFICO 2 – SEXO

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Na Assistência Social, 43% dos pesquisados relatam ter experiência de até três anos e a maioria - 47% têm, também, até três anos de atuação na gestão pública municipal.

O tempo de atuação no município revela que o número significativo de

pesquisados compôs a equipe a partir da atual Gestão. A falta de uma Política para recursos humanos torna a precarização do vínculo algo “comum”, a cada mudança da gestão municipal, há uma alteração na composição da equipe que interfere, diretamente, sobre a continuidade das ações, programas, projetos e serviços sociais, e ameaça fortemente a consolidação da Política.

A maioria dos pesquisados cursou o terceiro grau - 47%; desses, 12% são pós-

graduados; dos que concluíram o terceiro grau o curso de Serviço Social foi o mais contemplado no Estudo - 30%, seguido de Pedagogia - 22%. Outras graduações que não correspondem às orientações da NOB-RH/SUAS - 2006 para a composição da equipe alcançam um percentual de 14%.

No Estudo registra-se um baixo percentual de participação de psicólogos, apenas

7%. A introdução dos psicólogos na equipe multiprofissional, na área de Assistência Social, ainda é recente, assim sendo, faz-se necessário aprofundar o conhecimento sobre seu papel/função social nas rotinas dos Centros de Referência para que estes não sejam, inadequadamente, utilizados para realizarem atendimentos clínicos.

Questionados sobre experiência em outra área, 61% afirmam que não. Dos que

tiveram experiência em outra área 17% atuou na Educação e 14% na área de Saúde. Relacionando a experiência em outra área com a de formação acadêmica, identifica-se que o percentual de pesquisados com experiência na área de Educação é inferior a formação no campo da educação. Ou seja, alguns profissionais não vêem atuando na sua área de formação. Possivelmente para esses, o curso conferiu um título, mas o mercado

GRÁFICO 4 – TEMPO DE ATUAÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL

GRÁFICO 5 – TEMPO QUE ATUA NO MUNICÍPIO NA GESTÃO PÚBLICA

GRÁFICO 6 – ESCOLARIDADE GRÁFICO 7 – ÁREA DE FORMAÇÃO

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de trabalho e/ou a falta de desejo sobre o exercício da formação interferiu no exercício profissional. No entanto, os currículos dos cursos, em evidência, devem contemplar conteúdos fundamentais para a concretização da intersetorialidade e universalização de direitos. Outro dado que caracteriza fortemente a amostra sobre o universo que atua na Assistência Social - gestão pública municipal - é o tipo de vínculo que os profissionais têm com o poder público.

A maioria dos pesquisados - 53% são prestadores de serviço, contratados com

tempo definido pela lei trabalhista, seguidos de voluntário - 22% e cargos comissionados - 16%. O baixo percentual de concursados - 4% demonstram que o processo de consolidação da Política no que se refere aos recursos humanos, ainda, caminha em passos lentos. A realidade revela ainda, que será preciso um investimento maior dos gestores municipais em parceria com outros atores sociais – Legislativo, Ministério Público, por exemplo - para regulamentar a situação dos profissionais da Assistência Social minimizando, assim, a rotatividade entre as equipes, o que ameaça fortemente as ações continuadas.

O percentual de voluntários7 - 22% correspondem à função de conselheiro. O

entendimento dos conselheiros sobre o voluntariado está diretamente relacionado à falta de remuneração, o que contribui sobre a compreensão da importância desta função para a consolidação da democracia, para a implementação das políticas públicas e para o exercício de cidadania plena. O voluntariado entendido, na maioria das vezes, como ação sem “compromisso” formal, nos leva a refletir: É possível organizar o voluntariado evitando, assim o espontaneísmo e o improviso? Quais as atividades que podem ser realizadas por voluntários sem ter “quebra” de rotina?

7 Vale ressaltar que a condição de voluntário diz respeito à relação com a instituição a qual os conselheiros representam no conselho.

GRÁFICO 8 – VÍNCULO EMPREGATÍCIO

GRÁFICO 9 - CARGA HORÁRIA SEMANAL

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A disponibilidade oficial da carga horária de trabalho identificada é de 30 horas semanais para 19% dos pesquisados. Apenas 8% dos pesquisados cumprem uma carga horária de 40 horas semanais, para 47% a questão não se aplica e 14% dos pesquisados não se enquadram no conjunto de opções apresentadas. Um quadro preocupante tendo em vista a demanda da Região, com ênfase a grande zona rural, que por serem, geralmente, áreas distantes e de difícil acesso, exigem uma disponibilidade maior.

Quanto a participação em capacitações técnicas, 43% dos pesquisados

participaram de até 5 momentos. Possivelmente, as capacitações realizadas no período contemplaram os marcos legais e a PNAS/SUAS, porém foi possível observar, a partir das contribuições dos pesquisados, que alguns conteúdos precisam ser aprofundados e enriquecidos com exemplos práticos que compõem a vivência das equipes no cotidiano. No decorrer do Estudo serão trabalhadas as informações coletadas e análises sobre os conhecimentos dos pesquisados no campo da FUNDAMENTAÇÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL, DO PLANEJAMENTO SOBRE A ATUAÇÃO FRENTE ÀS NECESSIDADES, DA IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES: DEMANDAS X OFERTAS E SOBRE AS QUESTÕES GERAIS QUE TRANSVERSALIZAM A IMPLEMENTAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL / SUAS.

4.1. FUNDAMENTAÇÃO SOBRE A ASSISTÊNCIA SOCIAL: MARCOS LEGAIS QUE REGEM A PNAS - CONCEPÇÃO SOBRE ASSISTÊNCIA SOCIAL, PRINCÍPIOS E

DIRETRIZES

Nos quinze anos da Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS foram travadas batalhas para estruturar a Política Nacional de Assistência Social - PNAS. No conjunto de acontecimentos que marcam essa história, algumas vezes, a conjuntura levou o movimento ao refluxo. Apesar de próximos, alguns discursos se diferenciam na concepção de Assistência e, conseqüentemente, na forma de planejar e desenvolver ações estruturadoras e inclusivas.

No universo de pesquisados, 52% conceituam Assistência Social como ações para

o suprimento das necessidades básicas, e 26% conceituam como Política Pública que contribui para a inclusão social. Dos pesquisados, 36% reconhecem a LOAS como o marco legal que rege a PNAS. Comparando o percentual que reconhece a Assistência Social como Política em relação ao percentual que cita a LOAS, observa-se que alguns que citam a LOAS não reconhecem a Assistência como Política Pública; ou seja, nem sempre conhecer é saber. Provavelmente, há conhecimento, mas é preciso aprofundar a reflexão sobre o que de fato transforma ações sociais em Políticas Públicas.

O que torna de fato uma Política pública são os seus parâmetros de funcionamento, que contempla desde o financiamento a avaliação sobre as ações; os critérios para seleção dos usuários, por exemplo, está também regulamentado. Não considerar e/ou desconhecer a “legalidade” da PNAS abre brechas para a implementação sem critérios inclusivos. Reconhecer o suprimento das necessidades básicas como característica que dá identidade a Assistência Social abre uma margem de interpretações sobre as ações emergenciais x assistencialismo. O básico, na maioria das vezes, está relacionado ao suprimento da fome e a outras condições de sobrevivência fundamentais, mas que precisam estar acompanhadas de ações estruturadoras.

Dos princípios que regem a Política de Assistência Social, foi dado nesse estudo, ênfase ao princípio da universalização de direitos. A opção por esse destaque está

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relacionada ao campo estratégico desse princípio que provoca a intersetorialidade, revisão sobre necessidades, demandas e ofertas para a igualdade no acesso, respeito à dignidade provocando exigências concretas sobre a divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais.

Assim, reconhecem a universalização de direitos como princípio básico da Assistência Social 26% dos pesquisados, possivelmente, os mesmos que reconhecem a Assistência Social como Política Pública que contribui para a inclusão social. Por outro lado, o suprimento das necessidades básicas - conceito da Assistência Social na opinião de 53% dos pesquisados - sem a universalização dos direitos, provavelmente, reduz as ações de Assistência Social em ações emergenciais, sem impacto sobre a socialização e inclusão social. Dos pesquisados, 21% não sabe definir princípio da Assistência Social, esse percentual revela o universo de pesquisados que podem estar desenvolvendo ações sem relacioná-las a missão da Assistência Social.

Na Zona da Mata Norte, o percentual que cita a universalização de direitos como princípio básico, corresponde ao mesmo percentual, dos que não sabem definir e tem como princípio referências que fogem ao que está na PNAS.

“(...) A articulação envolve várias secretarias. O trabalho é planejado com saúde e educação. A ação social depende de outras políticas para desempenhar bem suas funções”. “(...) Existem parcerias com as outras secretarias, que interagem com facilidade para realizações das ações”. “(...) As secretarias não priorizam as atividades da ação social”. “(...) As condicionalidades facilitam a aproximação, levam a cobrança. Mas só acontece na hora que precisamos encaminhar as informações para não perder dinheiro”.

A universalização de direitos deve resultar, sobretudo, do exercício de cidadania, da compreensão dos usuários sobre a necessidade de se estabelecer com os serviços

VALE A PENA REFLETIR: Até que ponto o nosso campo de conhecimento contribui para a nossa capacidade de produção, de reflexões e saberes, que

conduzam as nossas práticas para o processo de inclusão social?

QUAL O ENTENDIMENTO QUE OS GESTORES DA ZONA DA MATA NORTE OU SEUS REPRESENTANTES, TÊM SOBRE A UNIVERSALIZAÇÃO DE DIREITOS?

GRÁFICO 10 – PRÍNCIPIO BÁSICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

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públicos uma relação de controle social, onde a reivindicação permanente pelo acesso aos direitos provocará maior empenho sobre a garantia desses. Por outro lado, a consciência de cidadania é um pré-requisito para todos que vivem em sociedade. Segmentar a cidadania diante das necessidades de classes sociais é não reconhecer a coletividade, onde todos recebem interferência das desigualdades sociais. Neste sentido, cabe aos profissionais enxergar o cidadão com fragilidades e potencialidades; e não simplesmente, deixar que o problema o caracterize. “(...) A atuação da secretaria de Assistência Social em território específico visa contemplar a comunidade carente do território”.

As dificuldades em tornar as Políticas sociais instrumentos de justiça social condiz com ausência de gestão pública que aproxime os movimentos em um só caminho: inclusão social. Esse não deve ser um movimento pela determinação, e sim, pelo compromisso e pela ética. As prioridades estabelecidas nos Planos de Governos e nos Planos Plurianuais – PPA precisam sair do papel e tornarem-se vivos nos planos de ação e na hierarquização de demandas. O compromisso sobre a intersetorialidade que pode gerar a universalização de direitos não deve representar casos isolados sem planejamento estratégico, acompanhamento e avaliação. Ações emergenciais voltadas para suprir necessidades permanentes devem se transformar em estratégias para ações mais estruturadoras.

A realização de ações sobrepostas põe em risco o orçamento já tão restrito. É preciso estudar os casos demandados que transversalizam outras áreas para: estabelecer uma interlocução entre as equipes, definir critérios para a dispensa de material e benefícios, manter o controle sobre os investimentos e, assim, evitar gastos desnecessários e a desarticulação entre as Políticas Públicas.

No conjunto de diretrizes para a organização da PNAS, destacam-se neste

Estudo a descentralização político-administrativa e a centralidade na família. É possível verificar a partir da fundamentação sobre essas duas diretrizes a compreensão de como a participação da população e a primazia de responsabilidade do Estado promovem a organização e consolidação da Política de Assistência Social. “(...) Com o SUAS a descentralização alterou a relação. Os repasses estão mais organizados. Os projetos estão com mais qualidade - exigência de elaboração”. “(...) Melhorou na prestação de contas via internet e desarticulou o sistema centralizado e com isso avança a cada ano”. “(...) A descentralização, a forma de aplicar os recursos e, conseqüentemente, a qualidade dos serviços. Ampliou a autonomia, mas ainda há muita centralização nos municípios”. “(...) A descentralização dos serviços antes era limitada”. 8

8 10,5% dos gestores assumiram não ter conhecimento sobre a descentralização política- administrativa da Assistência Social

QUAL O ENTENDIMENTO QUE OS GESTORES DA MATA NORTE OU SEUS REPRESENTANTES, TÊM SOBRE A DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-

ADMINISTRATIVA PARA A ASSISTÊNCIA SOCIAL?

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Os depoimentos revelam que na Zona da Mata Norte, as opiniões comuns sobre a descentralização estão relacionadas à ampliação da autonomia sobre a gestão dos recursos. “(...) A descentralização facilita a ação da secretaria”. “(...) A descentralização significa independência para as secretarias de ação social dos municípios, pois agora temos autonomia para executar as ações e atividades. Porém as secretarias de finanças e administração representam um entrave para o desenvolvimento das ações sociais”. “(...) Com a descentralização a política melhorou consideravelmente. Ela passou de assistencialista para social”. “(...) A descentralização trouxe mais autonomia e liberdade para trabalhar”.

Há na opinião dos gestores certa confusão sobre a descentralização político-administrativa, os depoimentos estão mais relacionados com o modelo de proteção do SUAS no que se refere à territorialização. “(...) A descentralização é um processo primordial, pois descentralizou o atendimento da secretaria e organizou o atendimento do CRAS. A comunidade foi beneficiada com cursos profissionalizantes e geração de renda”. “(...) Descentralização foi o ponto principal na implantação do SUAS, o que melhora a qualidade no atendimento”. “(...) A descentralização possibilitou a “centralização” dando enfoque à assistência”. “(...) O atendimento ficou maior e a inclusão social aumentou”. “(...) Melhorou muito por causa da descentralização das ações, pois aumentaram à assistência as famílias”.

É possível, também, observar que há certa confusão no entendimento sobre

papéis e competências das três esferas de governo sobre a implementação e consolidação da PNAS/SUAS. “(...) Com a descentralização o município consegue resolver só as coisas, conseguindo atender melhor às famílias”.

Os depoimentos apontam a descentralização como algo novo, a partir do SUAS, comparando a promulgação da LOAS a colonização do Brasil, de fato tudo é muito “novo”. Este é um processo “recente” do ponto de vista gerencial, mas também “antigo” nas reivindicações municipais.

A descentralização altera relações à medida que garante “autonomia”, mas exige, em contra partida, comprovação sobre capacidade gerencial: Plano Municipal de Assistência Social elaborado, Conselho e Fundo implantado e funcionando. Cada exigência revela as características do Município, a capacidade de organização de seu povo, o compromisso do gestor e dos órgãos de controle social sobre as políticas sociais.

É comum, o processo de descentralização ser interpretado como processo de co-

financiamento sobre a política local, isto fica evidente nos depoimentos dos gestores. É importante ampliar a visão sobre essa diretriz que tem como propósito, a organização da política onde os recursos são fundamentais. A cobrança maior para a descentralização é a construção de um Sistema - com base nos princípios, diretrizes e eixos estruturantes da

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PNAS - que de fato corresponda às realidades locais. O co-financiamento deve ser conseqüência dessa construção que tem vários protagonistas, alguns que ainda desconhecem o papel que devem assumir no cenário municipal, estadual e/ou federal.

Tomando como referência os requisitos para a descentralização, verificou-se nesse Estudo o conhecimento dos pesquisados sobre o Plano Municipal de Assistência Social, sobre o Conselho Municipal de Assistência Social e sobre o Fundo Municipal de Assistência Social.

4.2. PLANO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - PMAS

“(...) Existe no município um percentual previsto para a Assistência Social. O plano foi elaborado. O CMAS acompanha e delibera. A gestão do Fundo está sob responsabilidade do prefeito/ secretaria de finanças”. “(...) Os recursos são insuficientes. Ainda não atendemos os idosos. Estamos mantendo o grupo de idosos por compromisso da prefeitura, pois não vem recurso do Estado, nem do governo Federal para realização de ações voltadas para os idosos”.

Esta informação revela que a lógica está invertida. Afinal de contas, o Estado é uma composição de municípios, devendo, portanto se basear nas realidades municipais e não o inverso.

Os Planos Municipais de Assistência Social - PMAS compreendem a realidade dos municípios? Revelam as situações de vulnerabilidade e expõe os indicadores sociais? Os planos são documentos bem escritos e/ou bem elaborados? Os

PMAS’s são considerados no processo de planejamento e captação de recursos? Elaboramos? Deliberamos? Governamos ou somos governados? Simplesmente

exigimos? Ousamos propor? Assumimos a construção? De quem é a PNAS? Dos pesquisados apenas 8% citam o Plano Municipal de Assistência Social, como

documento que instrumentaliza e fundamenta os conselhos para deliberar sobre a PNAS a nível local. Dos gestores entrevistados, apenas um citou o PMAS. É preciso aprofundar essa discussão de uma forma prática que promova tomada de consciência e aplicabilidade.

O Plano continua sendo uma importante exigência para o processo de

descentralização. Com a possibilidade dos municípios apresentarem o Plano diretamente a Gestão federal, já não é comum encontrá-los na Comissão Intergestora Bipartite - CIB. Ou seja, o documento que deve revelar o diagnóstico social dos municípios; destacando nas problemáticas comuns as especificidades regionais não está presente / disponível no espaço de pactuação como subsídios para análises, sendo solicitado caso haja necessidade. Segundo pesquisados da gestão Estadual a pactuação, atualmente, direciona os recursos considerando o porte dos municípios e outras exigências formais. Mas, as estratégias pensadas pelas gestões municipais para a resolutividade das questões, não vêm sendo identificadas neste processo. Entende-se a partir daí que não

VALE À PENA REFLETIR:

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só os municípios estão atuando sem um estudo diagnóstico, mas também é um problema para a gestão estadual resolver.

A obrigatoriedade sobre a elaboração, muitas vezes, descaracteriza a realidade e

distancia a escrita do cotidiano. Dos pesquisados, apenas 12% relacionam o PMAS a fundamentação para a atuação dos órgãos de controle social. É preocupante o percentual de pesquisados que não sabem que há um documento que fundamenta as ações locais e organiza a Política de Assistência Social a nível municipal.

É possível reconhecer a formulação como avanço do processo de descentralização

político- administrativa? As exigências para a descentralização correspondem à capacidade técnica instalada? Qual o caminho a ser percorrido na tentativa de

erradicar as dificuldades? Quais os protagonistas nesse cenário?

O Plano Municipal de Assistência Social precisa nascer das necessidades, crescer com a tomada de consciência e se consolidar com decisões políticas, compromissos e responsabilidades de todos os envolvidos com a implementação das ações.

4.3. CONTROLE SOCIAL: CONSELHO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CMAS9

Provocados a conceituarem Controle Social, os gestores da Mata Norte deram as seguintes contribuições para o Estudo:

“(...) O conselho atua de forma regular. As comissões funcionam e agilizam algumas decisões que o conselho precisa tomar. Não conheço no município outro órgão de controle social”. “(...) É a participação da sociedade civil nas ações da Assistência Social evidenciando suas opiniões. O controle social é exercido pela sociedade civil, pelos conselheiros, pois são eles que dão parecer da qualidade social dessas ações”. “(...) O conselho é atuante para aprovar e deliberar o que se deve fazer com os recursos”. “(...) O conselho atua e define, mas a palavra final é do prefeito. Acho que quem deve decidir é o CMAS e a secretária, mas entendo que a preocupação do prefeito é porque no final é ele quem responde. Só há um órgão que desenvolve o controle social no município: O conselho”.

9 10,5% dos gestores desconhecem o termo controle social e 5,26% se referiu ao controle social como uma atividade dos agentes comunitários de saúde em relação ao controle de natalidade.

VALE À PENA REFLETIR:

“Participação da sociedade na formulação e revisão das regras que conduzem a negociação e arbitragem sobre os interesses em jogo, além do acompanhamento da implementação daquelas decisões segundo critérios pactuados”. RAQUEL RAICHELLIS, Serviço Social e Sociedade nº 56 -1998

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“(...) É feito a partir do conselho, pois eles são bem presentes e ativos em suas reuniões”.

A palavra Controle é interpretada por um dos gestores como controle de natalidade. Observe o depoimento:

“(...) O controle das famílias é feito pela secretaria e pelo CRAS, mas quem deveria fazer o controle social era a secretaria de saúde, com reuniões sobre planejamento familiar”.

Essa confusão de entendimento produz, por conseqüência, atitudes e encaminhamentos inadequados. Possivelmente o funcionamento da maioria dos conselhos na Mata Norte estejam fortemente ameaçados pelo desconhecimento sobre papéis e competência desses no campo da eleição de prioridades, deliberação, acompanhamento e fiscalização sobre as ações da PAS. Conselhos implantados nem sempre representa controle social implementado. Cabe ao conselho, recorrer ao PMAS, às deliberações da Conferência e ao planejamento técnico para elaborar seu plano de ação e sobre ele atuar. “(...) O controle social é feito pelos Conselhos juntamente com o poder legislativo”. “(...) O controle é feito pelos conselheiros que participam das reuniões e aprovam os projetos da secretaria”. “(...) Relata que o controle social está sendo realizado através dos atendimentos e encaminhamentos da assistência para a saúde”. “(...) O CMAS se reúne mensalmente e leva o trabalho muito a sério. O conselho atualmente cobra e fiscaliza muito mais”. “(...) Há participação no CMAS, mas ainda há muita falta de interesse do lado governamental. A militância do não-governamental facilita a participação e provoca questionamentos. Os outros órgãos de controle social são enfraquecidos. Atuam só quando há denúncia, por exemplo denúncias direcionadas aos idosos e as demandas do conselho tutelar”.

A paridade, que promove a relação de forças no campo da avaliação e dos argumentos sobre a gestão pública - governo e sociedade civil – existe de direito, porém não existe de fato. Na opinião de gestores, segundo o depoimento acima não corresponde à composição do pleno do CMAS. Os conselhos municipais são avaliados pela maioria dos gestores como atuantes. Há o entendimento também, que o controle está sob responsabilidade da Secretaria e dos CRAS, das famílias, dos técnicos e da sociedade nos espaços de discussão. Essa compreensão está politicamente correta a partir da lógica da democracia e do exercício de cidadania, no entanto, a deliberação, importante função do conselho, nesse formato de controle social ficará ameaçada.

A participação dos cidadãos é fundamental para dar vida ao controle social. Essa se dá no momento da eleição dos representantes no poder legislativo, no momento de provocação do Ministério Público e, no momento que participam diretamente ou através dos seus representantes nos fóruns de discussão e de deliberação - fóruns, conselhos e conferências. Mas é preciso compreender que esses espaços são ambientes da democracia representativa. Se os cidadãos não se organizam para ocupá-los através dos seus representantes, possivelmente, o campo da deliberação ficará enfraquecido e sem respaldo da sociedade. Portanto, o controle social não deve ser entendido apenas como

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responsabilidade única de órgãos, mas também, da sociedade consciente do espaço de governo conquistado.

Na Mata Norte 60% dos pesquisados não sabe definir controle social, desses 33%

citam o conselho como um órgão responsável pelo controle social e 24% acreditam que a função do conselho é, unicamente, fiscalizar as ações.

No conjunto de depoimentos apenas 10,5% dos gestores citam as funções para os

conselheiros. Dos pesquisados – conselheiros, técnicos e coordenadores - 24% citaram como principal função dos conselheiros a fiscalização, 1% citam a deliberação e nenhum dos pesquisados reconhecem que a aprovação da prestação de contas é uma atribuição do CMAS. Levando o Estudo para o segmento de conselheiros há uma alteração no conjunto de opiniões. “(...) O conselho de assistência é quem faz o controle, ele é atuante nas suas responsabilidades”. “(...) Tem o conselho que faz o controle social que é atuante cobra sempre”.

Esses depoimentos não condizem com a opinião de 61% dos conselheiros pesquisados, pois surpreendentemente, esses não sabem quais as funções e papéis que devem assumir enquanto conselheiros. Um dado preocupante que revela, segundo os pesquisados, que há uma atuação automática, sem respaldo técnico, haja vista que sem compreender suas funções e papéis os conselheiros, possivelmente, agem sem reflexão e consciência. Vale à pena refletir:

Qual o respaldo que o CMAS está garantindo aos gestores da Mata Norte no processo de descentralização político- administrativa? Existe autonomia sem

conhecimento? Existe transparência sem acesso à informação?

A grande expectativa dos pesquisados em relação ao conselho é que os seus membros consigam fiscalizar as ações e serviços. O baixo percentual sobre os pesquisados que identificam a deliberação como principal tarefa dos conselheiros está relacionada ao percentual que citam o PMAS como documento que fundamenta a atuação dos órgãos de controle social. O Plano não recebe o destaque merecido na implementação da Política, muito menos, no processo de descentralização político-administrativa. Sem fundamentação, a atuação dos conselheiros, apesar de muitas vezes intensa, é desconectada do propósito da PAS. Neste sentido, há coerência sobre a falta de entendimento que cabe ao CMAS deliberar sobre a PNAS a nível municipal.

GRÁFICO 11 – DEFINIÇÃO DE CONTROLE SOCIAL ASSISTÊNCIA SOCIAL

GRÁFICO 12 – RESPONSAVÉIS PELO CONTROLE SOCIAL

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O exercício do Conselho de Assistência Social ultrapassa a dimensão financeira, além de fiscalizar, o CMAS deve propor acompanhar, participar, conjuntamente, dos critérios de formulação das políticas públicas, das estratégias de viabilização dessas políticas, enfim, ter acesso a construção desse processo. Ressalta-se que os acentos nos conselhos não são das pessoas, mas sim, das instituições que essas representam e por elas levantam bandeiras de luta e travam embates políticos, considerando as diferentes concepções sobre as questões sociais. A escolha das instituições deve considerar a representatividade dessas junto à população prioritária da Política de Assistência Social, sendo essa uma condição indispensável.

4.4. FUNDO MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL- FMAS10

“(...) Os recursos vêm do Fundo Estadual, mas 50% já ficam comprometidos com recursos humanos”. “(...) A gente procura usar da melhor forma, mas ainda não há percentual definido para o fundo”.

Questionados sobre o processo de financiamento das ações da Assistência Social, a maioria dos pesquisados 80% citam as esferas de governo, mas não verbalizam o FUNDO. Assim, os pesquisadores foram orientados a assinalar a opção de fundo a fundo no questionário, por ser esta, a mais coerente na interpretação das respostas apresentadas, ou seja:

Neste sentido, não é prudente afirmar que há conhecimento sobre a existência do

Fundo, nem tampouco a consciência sobre a sua importância para a consolidação da Política Pública de uma forma democrática. Ainda há dúvidas sobre o tema, mas essas não são significativas nas falas e solicitações dos participantes do Estudo. Os gestores ao se referir ao co-financiamento não citam em seus depoimentos o Fundo.

“(...) O recurso é um problema! A prefeitura arca com a responsabilidade, mas é só o prefeito que aprova. Precisamos, por exemplo, comprar um birô, mas só se o prefeito aprovar. Não há previsão no orçamento municipal para a Assistência Social. A prestação de contas está sob controle e a relação com o Estado é boa. Os recursos não são do fundo, são dos programas e tem muita prestação de contas em atraso”. “(...) A nível municipal existe recurso que corresponde às necessidades, mas ainda não há uma política onde os recursos sejam alocados. Os governos colocam todos no mesmo saco, sem critérios que alcancem à regionalização. A política do idoso, por exemplo, não recebe recursos - não existe. Há muita rigidez e distanciamento das demandas”.

10 10,5% dos gestores municipais admitem não ter conhecimento sobre o tema.

“Os fundos são contas orçamentárias especiais criadas por lei, com o objetivo de promover o controle da entrada de recursos para determinada finalidade e a sua saída para determinado fim”. ORÇAMENTO PÚBLICO ENTENDENDO TUDO – P.22 - UNICEF

GOVERNO FEDERAL E/OU ESTADUAL PARA O MUNICÍPIO = FUNDO A FUNDO

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“(...) O CRAS era mantido por recursos próprio, mas agora o governo Federal e Estadual, passaram a co-financiar as ações”.

Nos depoimentos dos gestores ficou evidente o conhecimento sobre os recursos,

mas ainda existem dúvidas em relação a quem delibera sobre esses. Os pesquisados ao responderem os questionários também demonstraram desconhecimento sobre quem de fato tem a responsabilidade de deliberar sobre os recursos - apenas 1% citou o CMAS. “(...) O co-financiamento é importante, pois os municípios não têm recursos para gerenciar todos os programas e projetos que são oferecidos à população. Porém, muitas vezes os recursos destinados não respeitam as necessidades municipais”. “(...) São repasses financeiros – parcerias - que ocorrem do governo Federal para as ações dentro da Assistência Social no município”. “(...) O co-financiamento ajuda no desenvolvimento dos municípios, pois com os recursos oferecemos programas e projetos a toda à sociedade”. “(...) O gestor municipal usa como contrapartida a disponibilidade de profissionais da prefeitura para atuarem nas ações”. “(...) Os recursos não são suficientes, mas dá para fazer alguns projetos legais para a população”.

Alguns gestores interpretam a contrapartida como um co-financiamento; já outros argumentam por que o município assume algumas responsabilidades no financiamento. Porém identificam-se avanços no campo da compreensão sobre o Fundo e a alocação de recursos. Ressalta-se, no entanto, que essa não é uma situação comum a todos os gestores municipais da Mata Norte. “(...) Co-financiamento, IGDBF e recursos próprios são sempre acompanhados pelo CMAS”.

É preciso garantir a informação sobre o processo e as responsabilidades comuns e distintas das três esferas de governo. Por outro lado, deve ser reconhecida a importância do fundo e do seu modelo de gestão para a consolidação da Política de forma democrática e participativa sob a deliberação do CMAS que, por sua vez, deve antes de fiscalizar, eleger prioridades e deliberar sobre a Política de Assistência Social - Serviços, Ações, Programas e Projetos - de acordo com as necessidades locais, enfatizando, ao mesmo tempo, a transparência sobre a utilização dos recursos.

A fiscalização sobre a utilização dos recursos deve alcançar os resultados, conferir se as ações foram eficazes, se atingiram os objetivos e provocaram impactos sobre a realidade. Quando isso não é possível, aumenta a possibilidade de desperdício de recursos em ações superficiais que não alteram a realidade. Cabe às equipes a realização de acompanhamentos e sistematização, facilitando assim as análises sobre as ações em fase de implementação e/ou já desenvolvidas. “(...) O co-financiamento é suficiente para o que se propõe”.

É importante lembrar que, uma Política pública deve estar contemplada no orçamento, a ausência de previsão orçamentária a reduz a ações pontuais e descontínuas. Assim, para gerir recursos públicos se faz necessário conhecer as necessidades sociais, e para deliberar sobre eles é preciso avaliar a melhor estratégia para os encaminhamentos. Vale ressaltar que a intersetorialidade deve ser considerada

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também como uma “exigência” para que o processo de deliberação sobre os recursos disponibilizados no Fundo alcance a maior cobertura. Nesse sentido, não basta ter conhecimento apenas do orçamento previsto para a Assistência Social, é preciso ter como ferramenta de trabalho o Plano Plurianual - PPA e a Lei Orçamentária Anual - LOA. Dos pesquisados, apenas 1%, citaram como fundamentação para o controle social se estabelecer o PPA e a LOA.

A cobertura sobre as necessidades e demandas deve estar detalhadamente apresentada no PMAS. A área de abrangência, a hierarquização de demandas e outros pontos importantes do diagnóstico devem justificar os investimentos direcionados. Não havendo um estudo prévio, diagnóstico social, amplia-se os riscos sobre a pulverização de recursos e a atuação superficial. O fundo é decorrência do plano, e o controle social, por sua vez, delibera sobre os dois - plano e fundo.

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5. SUAS: EXIGÊNCIAS PARA CONSOLIDAR O MODELO DE PROTEÇÃO

“(...) Com os níveis de proteção fica mais fácil conhecer as diferentes realidades a fundo. Isto possibilita a busca de soluções com uma visão direcionada ao problema”.

As exigências para a implantação dos serviços estão no campo da infra-estrutura, da fundamentação e da capacidade organizacional. Esses requisitos são complementares e devem contemplar a realidade em evidência. Por outro lado, a composição e caracterização da equipe, o compromisso ético e as responsabilidades assumidas pelos atores sociais envolvidos na implantação e consolidação da PNAS são respostas concretas as exigências dos marcos legais.

Um importante elemento que faz a diferença, sem dúvida, é a formação técnica,

com ênfase na graduação acadêmica. Mas, acoplada a essa deve estar a disponibilidade de repassar os conhecimentos para uma prática construtiva, tornando possível, a partir das necessidades e demandas, a revisão sobre a teoria de forma que esta tenha aplicabilidade relativa e concreta. Ressalta-se nesse processo a importância do diagnóstico, do planejamento, do acompanhamento, da sistematização sobre a execução; etapas contínuas e complementares.

Na Mata Norte, a partir das características dos pesquisados avalia-se que há um terreno fértil para a sistematização, pois 52% deles afirmam sistematizar as ações desenvolvidas; desses 43% dizem enfrentam dificuldades em realizar a sistematização. A partir da sistematização ampliam-se as possibilidades de revisão sobre a fundamentação x adaptações para os processos de implementação.

Considerando os eixos estruturantes do SUAS que viabilizam a organização, implementação da Política e dos serviços socioassistenciais, e têm como referenciais a Vigilância Socioassistencial, a Defesa Social e Institucional e a Proteção Social, percebe-se a importância da sistematização para a “alimentação” dos processos e a consolidação do modelo, portanto a sistematização é fundamental devendo ser contemplada na rotina das equipes como atividade indispensável.

Esses eixos fundamentam e formalizam as exigências e demandam, por conseqüência, reposicionamento técnico e político sobre a identificação das necessidades e potencialidades, seleção de usuários mediante critério para inclusão, atendimento na ordem de prioridade estabelecida a partir da identificação das necessidades e o estabelecimento de objetivos e a avaliação sobre as ações neste sentido. Ou seja, é a metodologia sistematizada que permitirá a revisão sobre as orientações, adequando-as às realidades distintas.

QUAL O ENTENDIMENTO DOS PESQUISADOS SOBRE A LÓGICA DO MODELO DE PROTEÇÃO?

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Para 45% dos pesquisados, a novidade trazida pelo SUAS/PNAS são os centros de referência, seguida pelo trabalho com famílias para 38% e a participação da população para 33%. Os centros de referência na realidade são resultados do modelo de proteção que define os níveis e a territorialização para o desenvolvimento das ações in loco. Ter, também, nesse estudo o trabalho com família como uma novidade do Sistema provoca reflexões importantes sobre os processos que antecederam o SUAS e todo investimento no trabalho junto aos segmentos da família.

Como avaliar os marcos históricos da Assistência Social frente a sua missão em

contribuir para a inclusão social? Houve distanciamento das famílias e isolamento por todo esse tempo? Quais são as perdas e os ganhos nesse processo?

Fazendo um contraponto das informações sobre as mudanças advindas com o SUAS e o que caracteriza os níveis de proteção, com o conhecimento dos pesquisados sobre o princípio da universalização de direitos - 26%, avalia-se que a fundamentação dos pesquisados sobre os centros de referência não alcança a lógica da territorialização, do trabalho em rede e da universalização de direitos - pontos fundamentais para a eficácia dos CRAS junto às famílias. O reconhecimento do trabalho com a família como uma novidade do SUAS, revela um entendimento de família como mais um segmento “novo” da Assistência Social e não como uma metodologia de trabalho coletivo. É correto destacar que as ações receberam um novo modelo voltado para a proteção, porém, é importante recuperar nessa trajetória algumas ações que aconteciam em muitos municípios, a metodologia de trabalho, esta sim, fez e faz o diferencial no processo.

Dificuldades de infra-estrutura atrapalham a implantação dos serviços de proteção básica e especial. Ao mesmo tempo, registram-se estratégias para otimizar recursos humanos e garantir o atendimento especializado. “Com a implantação do CRAS, o relacionamento entre a gestão e a sociedade civil melhorou bastante. Os jovens participantes de um projeto realizaram um diagnóstico do município. A proteção social especial irá iniciar um trabalho com deficientes físicos e mentais”.

VALE À PENA REFLETIR:

GRÁFICO 13 – PRINCIPAL MUDANÇA COM O SUAS GRÁFICO 14 – DIFERENÇA ENTRE OS NÍVEIS

DE PROTEÇÃO

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Os CRAS são reconhecidos como o primeiro atendimento, a ”porta de entrada” para os serviços, programas e projetos da Assistência Social, devendo, portanto ter um aporte de recursos que amplie o acesso e permita atendimento mais direcionado e estruturador; e essa é uma das demandas da Zona da Mata Norte. “(...) O co-financiamento é pouco, mas tentam fazer o que pode e por causa disso só tem um CRAS”.

Os depoimentos dos gestores da Mata Norte demonstram que não basta apenas conhecer; é necessário saber, compreender para assim construir, alterando e adaptando as orientações oficiais sem se distanciar do modelo e descaracterizar a proposta. Um centro de referência deve emplacar a missão da PNAS, os objetivos, princípios e diretrizes dessa Política. “(...) Proteção social básica é o atendimento da Assistência Social para gerar oportunidades para que os cidadãos desenvolvam sua dignidade, no que diz respeito a sua cidadania”. “(...) O CRAS desenvolve cursos de geração de renda e emprego, atendimento de demandas emergenciais - cestas básicas”. “(...) As técnicas atendem as “pessoas carentes” e acompanham os casos encaminhados do conselho tutelar e Ministério Público”. “(...) Proteção social especial é o atendimento das situações que envolvem risco e vulnerabilidade social”. “(...) O CRAS fez o seu papel onde cabe a ele, que é atender, fazer visitas e informar a secretária”. “(...) O CRAS é situado em uma área de vulnerabilidade social, oferece cursos de capacitação profissional e é referência para a comunidade”. “(...) O CRAS é muito atuante. Há casos inclusive da Proteção Especial atendidos pelo Centro. Como L.A e as crianças/adolescentes do PETI. “(...) Os níveis de proteção se articulam, mas ainda não há um entendimento sobre o trabalho com a família”. “(...) Hoje o que mais caracteriza o CRAS é a expectativa da família: Casa de Petição. Mas, reconheço que o CRAS é uma casa de orientação, é uma ponte entre as famílias e os serviços. Promovemos no CRAS oficinas e cursos - corte costura e manicure. Considero o curso de manicure o mais importante, pois tem retorno imediato”. “(...) Foi difícil esclarecer junto às famílias o que é o CRAS. Hoje eles sabem diferenciar a Proteção Básica e a Proteção Especial. Iniciamos os esclarecimentos a partir das famílias do Programa Bolsa Família. Para facilitar a divulgação o CMAS propôs a apresentação de uma peça de teatro. Foi muito bom”.

As famílias lêem as situações segundo os códigos que essas disponibilizam. As equipes precisam esclarecer às propostas de forma clara e objetiva, com linguagem acessível e outros elementos que podem facilitar a comunicação e o entendimento, para que não fiquem dúvidas sobre o que de fato o CRAS se propõe. Segundo a PNAS é preciso relacionar as reuniões informativas com o objetivo de atividade socioeducativa. A informação, muitas vezes, considera a lógica de quem já detém o conhecimento, ou seja, os técnicos precisam fazer com freqüência o exercício de empatia, se colocar no lugar do usuário e tentar organizar as abordagens diante das possíveis dificuldades advindas da falta de oportunidade de reflexão e condições básicas de exercer a participação ativa.

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Dos pesquisados 29% reconhecem que a família não participa por falta de conhecimento, mas 63% indicam que há reuniões com as mães e essa é a atividade mais freqüente.

O que pensam os técnicos sobre o CRAS? O que pensam os gestores e a

sociedade? O que pensam as famílias? As atitudes reforçam pensamentos equivocados ou contribuem para novas reflexões? As abordagens estão relacionadas às fragilidades identificadas? O material utilizado e a nossa

linguagem facilitam o entendimento ou reforçam as dúvidas? A informação socializada está para a revisão de conceitos? Até quando justificar entendimentos

inadequados como sendo marcas permanentes da cultura? A caracterização sobre o atendimento pode facilitar a compreensão sobre o que

faz o Sistema ser Único apesar de ter dois níveis de proteção, ou seja, mais que reconhecer o modelo a partir da existência dos equipamentos sociais - Centro de Referência - é importante identificar a vulnerabilidade que transversaliza as famílias atendidas na proteção básica e construir a partir da Rede socioassistencial, um atendimento intersetorial, que supra as necessidades “especiais” com as ofertas especializadas de outras áreas sociais. Enxergar o CRAS como porta de entrada pode ser um facilitador para consolidá-lo como espaço de estudo permanente sobre as famílias, sobre a realidade do território e a partir das sistematizações produzir análises para a atuação das equipes na proteção especial.

A apropriação sobre a situação de vulnerabilidade social, não deve ser uma referência isolada. Dessa forma, não é possível alterar situações e, muitas vezes, “inconscientemente” esse conhecimento pode se transformar em justificativa para as “impossibilidades”, “cristalizando” assim problemas sociais.

Não há receita para o trabalho com as famílias. É preciso conhecer com quem trabalhar; seus medos, sonhos, atitudes, compreensão e disposição para alterar a realidade de vulnerabilidade social. O trabalho com as famílias exige uma busca permanente das equipes e das famílias sobre o mesmo objeto; do contrário os Centros não serão de referência para descobertas e construções coletivas. Ou seja, as equipes estarão mobilizadas, simplesmente, para dar respostas e cuidar da vida de outros, que por não compreender e participar do processo integralmente, possivelmente, também não valorizará os investimentos feitos.

Mesmo os temas reconhecidos como específicos para combater determinada situação “especial” enfrentada mais diretamente por algum membro da família, não deve ser trabalhado de forma isolada; porém numa abordagem transversal possibilitando, com ênfases diferentes para cada segmento, o acesso as informações e a reflexão no núcleo familiar.

Dos pesquisados, 71% reconhecem que os níveis de proteção se articulam e

desses, 31% citam que a articulação se dá através de ações complementares, mas apesar dos avanços em relação à integralidade, no cotidiano das equipes ainda pairam dúvidas sobre limites na implementação do modelo de proteção. Vale à pena refletir: O

VALE À PENA REFLETIR:

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que diferencia as demandas comuns das demandas específicas? Como promover a integralidade entre os níveis de proteção?

Confrontando os depoimentos dos gestores sobre o SUAS, a fundamentação sobre os princípios e diretrizes da Assistência Social com o entendimento das equipes, é possível encontrar na Zona da Mata Norte diferentes pensamentos expressos nas falas e nas ações. Mesmo encontrando 54% dos pesquisados que estabelece como diferença e fator de organização do atendimento a situação de vulnerabilidade das pessoas, apenas 26% citam a universalização dos direitos. Embora articulados, os níveis de proteção precisam ter intersetorialidade com outras áreas sociais e Políticas Setoriais; promovendo assim, a universalização de direitos. Segundo os gestores existe articulação entre as Políticas Setoriais, porém de forma muito frágil para cumprir determinações burocráticas. “(...) Só conseguimos articular com facilidade com a secretaria de Educação. Inclusive a equipe do PETI já está participando das capacitações da Educação, mas com outras secretarias articulamos por telefone o envio de informações sobre as condicionalidades”. “(...) A articulação com outras políticas não acontece. Existem dificuldades para desenvolver o trabalho de forma conjunta”. “(...) Existe boa articulação com Saúde e Educação para o cumprimento das condicionalidades do Bolsa Família”.

A maioria dos gestores faz uma leitura funcional dos Centros de Referência, mas não expressam nos seus depoimentos clareza sobre a lógica do modelo de proteção. A interpretação dos depoimentos está muito mais para implantar Centros, respondendo as exigências, do que o fortalecimento sobre a Rede socioassistencial e as famílias no seu território. Os pesquisados confirmam a integralidade, no entanto, confrontando com outras questões identifica-se impedimentos para transformar o pensado em vivido. “(...) Não vejo lógica na divisão das proteções porque divide também a família. É preciso entender que a lógica é considerar o canal de informação permanente sobre os serviços e as necessidades”.

Ao propor a centralidade na família a PNAS instiga a visão ampla e agregadora

sobre o conjunto de segmentos que compõe a família. As diferentes atividades ofertadas pela Assistência Social precisam ser objeto de questionamentos permanentes. “(...) Oferecemos as famílias cursos nos CRAS, atividades esportivas, arte etc. Atendemos as demandas do conselho tutelar. Atuamos também nas escolas com palestras socioeducativas”. “(...) As equipes estão sempre atuando com projetos de qualificação para gerar renda para a população”. “(...) A equipe atua junto das famílias fazendo visitas e atendimento social”. “(...) A equipe é bem atuante junto às famílias que procura por sua ajuda”.

Qual é a missão da Assistência Social junto às famílias em situação de vulnerabilidade? Qual a intercessão junto às outras Políticas Setoriais?

Até onde vai o nosso limite de atuação?

VALE À PENA REFLETIR:

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A integralidade promove a unidade no atendimento e, ao mesmo tempo, contempla as especificidades que cada caso traz. Resta saber se a unidade entre as equipes se reflete nas abordagens e no atendimento a família enquanto núcleo.

Durante o Estudo, verificou-se conhecimentos sobre os eixos estruturantes para a

implementação e consolidação da PNAS. Na coleta de informações foram provocadas reflexões sobre:

Matricialidade sociofamiliar; Territorialidade; O desafio da Participação Popular; A Política de Recursos Humanos; A Informação, o Monitoramento e a Avaliação;

A Descentralização, o Controle Social e o Financiamento já abordados nesse

estudo transversalizam a implementação de todas as ações.

5.1. MATRICIALIDADE SOCIOFAMILIAR

A concepção de família descrita por 50% dos pesquisados revela a revisão sobre o modelo parental onde, unicamente, os laços consangüíneos são considerados como critérios na composição do núcleo familiar. A matricialidade sociofamiliar provoca, no âmbito da equipe, algumas reflexões e discussões em relação às diferentes concepções que se revelam nas práticas dos profissionais, gestores e conselheiros; no acolhimento, na identificação sobre as vulnerabilidades, suas causas e conseqüências.

O trabalho com a família tem sido interpretado como mais uma demanda para as equipes. O olhar sobre a família como núcleo ainda é estreito. Desenvolver ações matriciais exige a deflagração de um processo de vigilância socioassistencial com a definição de indicadores, com a pactuação junto às famílias sobre o que é preciso alcançar em conjunto - traçar objetivos claros e pactuados -, um planejamento coerente

“A família independente do formato ou modelos que assume, é mediadora das relações entre os sujeitos e a coletividade, delimitando, continuamente os deslocamentos entre o público e o privado, bem como geradora de modalidades comunitárias de vida”. PNAS/2004.

GRÁFICO 15 – CONCEITO DE FAMÍLIA

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com a realidade e as transformações desejadas, seleção de temas que promovam a reflexão e o crescimento intelectual das famílias em relação a sua condição de protagonista, requer, sobretudo, a definição de metodologia que concretize a ação matricial, intersetorial pró-universalização de direitos.

É possível, a partir das respostas, reconhecer na opinião dos pesquisados, as

funções e papéis sociais da família. No entanto, apesar da PNAS propor uma leitura contemporânea, o processo de inclusão dessas em alguns programas de transferência de renda e benefícios, reconhece como membro da família quem comprova laços consangüíneos e/ou adoção na forma da lei.

Durante um período houve avanço no reconhecimento sobre os arranjos

familiares; quando foi considerado na Política para concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC um conceito de família que corresponde ao modelo contemporâneo. No decorrer do tempo, foram registradas irregularidades sobre a garantia de benefícios e, mais uma vez, a alternativa encontrada foi retomar ao modelo convencional: família parental caracterizada por laços consangüíneos. É importante lembrar que os avanços são acompanhados de desafios, no caso citado, o desafio é implementação de ações já previstas, como por exemplo, monitoramento e avaliação com base em indicadores. A concepção de família gera/compreende valores culturais; esses provocam em cadeia uma série de sentimentos, comportamentos que interferem nas decisões técnicas e políticas.

Dos pesquisados, 52% admite trabalhar com todos os segmentos da família, uma

coerência da prática com a concepção citada anteriormente. Levando a pesquisa para o trabalho especifico com segmentos, registrou-se um percentual significativo de pesquisados atuando diretamente com criança e adolescente - 29%. Apenas 1% dos pesquisados afirma trabalhar com pessoas deficientes, sendo essas, portanto, segundo eles as mais marginalizadas dos serviços de Assistência Social na Zona da Mata Norte. As atividades direcionadas às crianças estão estreitamente ligadas à educação formal; a arte e a cultura surgem como estratégias lúdicas para aproximar as crianças e adolescentes de seus deveres enquanto cidadãos. Possivelmente a articulação citada com a secretaria de educação abra espaço de reflexão coletiva sobre a educação pautada no lúdico e na criticidade; e os processos de avaliação classificatória que, muitas vezes, não contemplam o educador na revisão sobre metodologias e seleção de conteúdos.

Apesar de a população infanto-juvenil ser considerada pelos pesquisados o segmento mais contemplado, quando questionados sobre o tipo de atividade, as reuniões com as mães são citadas por 63%. Possivelmente os temas trabalhados nas reuniões com as mães estão diretamente relacionados aos filhos, contemplando-os indiretamente.

“O novo cenário tem remetido à discussão do que seja a família, uma vez que as três dimensões clássicas de sua definição (sexualidade, procriação e convivência) já não têm o mesmo grau de imbricamento que se acreditava outrora. Nesta perspectiva, podemos dizer que estamos diante de uma família quando encontramos um conjunto de pessoas que se acham unidas por laços consangüíneos, afetivos e/ou, de solidariedade. Como resultado das modificações acima mencionadas, superou-se a referência de tempo e de lugar para a compreensão do conceito de família”. PNAS/2004.

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As atividades socioeducativas aparecem como as mais desenvolvidas junto à família - 49% dos pesquisados. Mas o que de fato caracterizam essas atividades? O fato de realizar a atividade, não garante a essa identidade. A promoção de reflexão socioeducativa exige uma seleção de temas provocativos - desigualdades sociais, lutas de classe, conquistas sociais, direitos, deveres, co-responsabilidades, qualidade de vida, sistema de garantia de direitos, entre outros - e uma metodologia participativa que instigue a vivência e altere a realidade no campo individual e coletivo.

Conforme gráfico acima, as atividades socioeducativas citadas por 49% dos pesquisados podem ser reforçadas in loco durante as visitas domiciliares que foram citadas por 28% dos pesquisados e confirmadas nas falas dos gestores. “(...) A equipe realiza visitas domiciliares, acompanhamento psicossocial e oferece cursos de qualificação profissional, encaminha os usuários para as secretarias de Saúde e Educação”. “(...) Há um bom rendimento, apesar da equipe ser pequena estão com bom acompanhamento”. “(...) A equipe realiza visitas domiciliares, mas o trabalho da equipe técnica não é muito articulado”.

O direcionamento tem que marcar um ponto de encontro, onde as abordagens

específicas - núcleos específicos - se encontram no campo comum - o espaço coletivo onde os indivíduos vivem; a família e a comunidade.

As atividades com os segmentos contemplam a família? As abordagens específicas provocam desdobramentos dentro da família? Como

ampliar o atendimento a partir das abordagens? O que confirma se a ação de fato é socioeducativa?

Dos pesquisados, 61% enfrentam dificuldades em trabalhar com a família.

Questionados sobre a atuação da Assistência Social junto ao núcleo familiar, nenhum dos pesquisados citam a articulação com outras políticas sociais. Mas uma vez, se confirma na fala dos pesquisados o desconhecimento sobre a universalização dos direitos. São muitos os traços de avanços na caminhada rumo à consolidação da PNAS/SUAS, porém na zona da Mata Norte, percebe-se através dos depoimentos que há grandes desafios: compreensão sobre a lógica da descentralização político-administrativa, organização do

O QUE O GRÁFICO REVELA?

GRÁFICO 16 – QUAIS AS ATIVIDADES REALIZADAS COM AS FAMÍLIAS

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sistema de garantia de direitos - compreensão sobre papéis e competências dos atores sociais envolvidos no controle social, na promoção e na proteção sobre os direitos garantidos - e a compreensão sobre a importância da intersetorialidade para o atendimento integral, entre outros. “(...) Atuamos junto às famílias com palestras e os cursos que acontecem no CRAS, visitamos as famílias, mas não há uma continuidade, pois só temos uma Assistente Social e muita atividade para ela realizar. Nem sempre dá tempo de fazer o que queremos”.

Além de administrar um déficit social de séculos, a região enfrenta dificuldades na composição de equipes. Essa situação problema se amplia a partir da atuação isolada e fragmentada. O CRAS precisa ser de fato uma Referência para a agregação de movimentos, conhecimentos e saberes tendo como foco central a família. A Assistência Social, só, não vai dar conta de todas as problemáticas presentes nas situações de vulnerabilidades sociais. É preciso passar o bastão para outros que tem atuação especifica e estão próximos, mas por falta de articulação, permanecem distantes, desconhecidos.

“(...) Proteção social básica é o atendimento da Assistência Social para gerar oportunidades para que os cidadãos desenvolvam sua dignidade, no que diz respeito a sua cidadania”. “(...) A Proteção social especial é o atendimento das situações que envolvem risco e vulnerabilidade social. Ex. pessoas com deficiência”.

Uma atividade que promove a aproximação das equipes em relação às famílias

são as atividades in loco, com ênfase nas visitas domiciliares. Para que estas não se restrinjam, apenas à família, com um olhar singular, os registros precisam compor uma leitura ampla, onde o agrupamento de famílias com características comuns, possivelmente, facilitará a construção direcionada de indicadores sociais, o planejamento, a seleção de temas diante da situação comum, a metodologia mais participativa, o acompanhamento e a avaliação primando pela intersetorialidade, pois não só a Assistência Social realiza visita domiciliar, essa é uma rotina dos agentes comunitários de saúde e agentes de saúde ambiental. Neste sentido, dependendo do que vamos avaliar, o acompanhamento pode/deve ser processado pelos parceiros da saúde, com grandes possibilidades de ampliarmos a eficácia sobre as ações e atuarmos em Rede com atividades complementares para atingirmos juntos, o objetivo comum: fortalecer a família.

As iniciativas das equipes de Assistência Social na Zona da Mata Norte demonstram articulação superficial com outras áreas. É possível que, com a preocupação de garantir o fortalecimento integral das famílias, as equipes estejam promovendo cursos

VALE À PENA REFLETIR: Considerando que apenas 26% dos pesquisados reconhecem a Assistência

Social como Política Pública que promove a inclusão social; Que 36% citam a LOAS, e; Apenas 26% reconhecem o princípio da universalização de direitos.

QUAL A POSSIBILIDADE DE TRANSFORMAR AÇÕES EMERGENCIAIS EM AÇÕES ESTRUTURADORAS? O QUE DE FATO TIRA AS AÇÕES DA SUPERFICIALIDADE?

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e realizando abordagens de temas sob competência e responsabilidade de outras áreas - cursos profissionalizantes e atividades de geração de renda, por exemplo.

A complementaridade de ações, por várias equipes, enriquece e dinamiza o

processo ampliando também a co-responsabilidade institucional, porém esse não deve ser um movimento de ações espontâneas sob a responsabilidade de poucos, dos que se sentem provocados. O desenho sobre a Rede socioassistencial e as iniciativas para o seu fortalecimento está relacionado à compreensão dos atores sociais sobre a matricialidade sociofamiliar; e este é/deve ser um compromisso institucional.

5.2. TERRITORIALIZAÇÃO: INTERSETORIALIDADE, ATUAÇÃO EM REDE.11 “(...) O município de uma forma geral apresenta situação de vulnerabilidade social. Não foi difícil pensar no território um local que recebesse o CRAS. No entanto, a comunicação para informar a população foi complicada. Usamos carro de som para avisar as pessoas e oferecemos cursos para chamar a atenção da população sobre o CRAS”.

A territorialização está relacionada ao espaço geográfico onde a sobrevivência se estabelece com suas estratégias individuais e comunitárias. Nesses territórios, identificam-se as necessidades comuns das famílias e das equipes que se propõem a atuar junto às famílias no campo das necessidades identificadas. Esse encontro das necessidades e das demandas provoca a identificação sobre as potencialidades e fragilidades, aproximando as pessoas - equipes e famílias - numa grande rede de intervenção onde todos assumem responsabilidades complementares; uma ação intersetorial movida e alimentada pelo reconhecimento de que todas as respostas não estão em nós mesmos e que cada parte é fundamental para compor o todo.

“(...) A territorialização atingiu a meta do governo Federal. Com o SUAS as comunidades passaram a ser atendidas e com o recurso do PBF capacitamos várias comunidades. É um elo estabelecido entre União, Estado e município que redirecionou as ações”. “(...) O trabalho deve considerar as características de cada Região. Cada município tem uma realidade diferente e precisa ser respeitada”. “(...) A territorialização facilitou o desenvolvimento das ações e os resultados mais rápidos. As comunidades entenderam o porquê da escolha de determinada comunidade para a implantação do CRAS. Estamos a partir do trabalho no território articulando melhor o serviço”.

A territorialização na Zona da Mata Norte corresponde às orientações para implantação do SUAS. Identificou-se, por exemplo, a realização de estudo diagnóstico prévio e que a população teve acesso aos critérios que definiu a área onde o CRAS funciona. “(...) Houve um estudo de território e o CRAS foi implantado na área de vulnerabilidade”. “(...) A implantação do CRAS foi feita a partir do estudo para a territorialização”.

11 Na Região 11,5% dos gestores Dois gestores não compreendem a temática territorialidade dentro da PNAS

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“(...) A territorialização garante ou facilita o acesso. Priorizamos a área de maior vulnerabilidade. Houve uma aceitação da população concordando com a decisão da equipe – gestão - para implantação do CRAS”.

Outro ponto que diferenciou a territorialização na Mata Norte foi a contribuição dos atores que já atuavam no território: “(...) Escolhemos a comunidade mais vulnerável a partir das informações das pessoas que já atuam na área. Na área mais vulnerável foi difícil achar um local adequado para o desenvolvimento das ações do CRAS. Divulgamos o serviço através de carro de som e folder. Deu certo!”. “(...) A forma que foi implantada facilitou chegar mais perto da população que está em seu próprio território”.

Apesar de avanços registrados, a territorialização na Mata Norte ainda é frágil! Com extensas áreas rurais marginalizadas dos serviços públicos, não fica claro se os CRAS contemplam essa característica da RD. A zona rural foi citada por apenas três gestores durante as entrevistas semi-estruturadas e grupo focal. “O CRAS está localizado em um território específico, inclusive na zona rural”.

É importante ressaltar que não basta ter o diagnóstico elaborado é preciso transformá-lo em ferramenta para a vigilância socioassistencial. Essa é uma ação de Rede. O conhecimento sobre Rede socioassistencial abre uma série de possibilidades sobre a atuação em complementaridade, seja a nível micro entre profissionais e equipes da Secretaria de Assistência Social - SAS, seja a nível macro entre secretarias que implementam as Políticas setoriais públicas e ONG’s que atuam nos territórios.

Entretanto, como pode ser observado no gráfico acima, o que caracteriza a Rede

na opinião de 24% dos pesquisados é a atuação comum e simultânea; algo preocupante em relação às possibilidades de ações sobrepostas. “(...) Estamos sempre articulados, mas isso é espontâneo - na maioria das vezes. Trocamos conhecimentos no que é de nossa competência”.

Os pesquisados que definem como Rede um grupo de entidades e instituições que atuam de forma complementar para alcançar objetivos comuns - 21% apontam para o progresso nessa área. Porém, o universo de pesquisados que não sabem conceituar

GRÁFICO 17 – CONCEITO DE REDE SOCIOASSISTENCIAL

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Rede socioassistencial - 47% ultrapassam a soma dos dois percentuais citados. Um dado inquietante que, possivelmente, expõe a atuação coletiva às pontuais articulações denominadas ações em Rede.

Dos pesquisados, 87% afirmam a existência de articulação entre as Políticas Sociais, desses, 52% admitem enfrentar dificuldades no desenvolvimento da articulação e apenas 1% apontam como momentos de articulação o planejamento, monitoramento e a avaliação. Uma seqüência lógica que possibilita de fato a complementaridade característica da Rede socioassistencial para a maioria dos pesquisados. Sem essa seqüência lógica, as ações podem estar articuladas superficialmente. As ações isoladas, com ultrapassagem de etapas, transformam a Rede em repasse de responsabilidades sem reflexão coletiva, podendo gerar, conseqüentemente, processos de culpabilização. Portanto, o exercício coletivo não deve contemplar etapas isoladas e sim o processo: planejamento, monitoramento e avaliação; entrelaçando compromissos e responsabilidades e ao mesmo tempo combatendo ações sobrepostas tão comuns quando não se consegue compreender a importância da Rede na lógica do Modelo de proteção do SUAS.

Questionados sobre a existência de articulação entre os níveis de proteção 71% afirmam que sim. Verificando como esta articulação acontece, 31% dos pesquisados citam a complementaridade de ações. Por outro lado, o Estudo identificou nos depoimentos dos gestores, questões relacionadas a relacionamento interpessoal, valores pessoais, diferentes concepções dos profissionais que atuam na Assistência Social, o que vem distanciando pessoas – profissionais das equipes; e, conseqüentemente, ameaçando a articulação e complementariedade. Observe os depoimentos: “(...) A Assistente Social tem dificuldades para trabalhar com a psicóloga”. “(...) Existe planejamento, monitoramento e avaliação das ações, mas ainda está tendo conhecimento do funcionamento”. “(...) Os níveis de proteção se articulam, mas ainda não há um entendimento sobre o trabalho com a família”. “(...) A equipe realiza visitas domiciliares, mas o trabalho da equipe técnica não é muito articulado”.

Considerando o baixo percentual para o desenvolvimento do planejamento, monitoramento e avaliação como atividade coletiva, é preciso aprofundar a verificação sobre de que complementaridade os pesquisados estão falando quando se referem às equipes que atuam nos dois níveis de proteção. O questionamento direcionado aos técnicos de proteção especial apresenta um percentual de 50% que assume ter dificuldade em realizar articulação e esses, por sua vez, não citam a articulação no campo do planejamento, monitoramento e avaliação. A dificuldade de articular se amplia no segmento coordenador. Dos pesquisados, 64% assumem ter dificuldade de articular e semelhante aos técnicos, nenhum desses citam as etapas que permitem a implementação das ações: planejamento, monitoramento e avaliação. “(...) Ainda enfrentamos dificuldade em planejar. Ainda respondemos aos problemas que chegam - demandas extraordinárias”.

O depoimento não corresponde às opiniões dos pesquisados, pois 75% confirmam planejar com os colegas de equipe. No entanto há lacuna na seqüência de atividades que possibilitam a implantação e implementação dos serviços. Foi possível

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identificar, por exemplo, que a articulação entre os colegas de equipe da PAS não tem desdobramentos sobre as equipes não-governamentais que atuam nos territórios. Apenas, 5% dos pesquisados, citam que o momento de planejamento das equipes da Assistência Social contempla as Entidades.

É importante reafirmar que a articulação é um pré-requisito para o funcionamento da Rede, pois sem articulação as ações continuam próximas, mas sem conexão. Entende-se aqui por articulação o reconhecimento sobre a necessidade de atuar coletivamente nas atividades que geram produtos complementares para a implementação e consolidação da PAS - planejamento, monitoramento e avaliação - disponibilizando no coletivo, conhecimentos e habilidades específicas.

Dos pesquisados que assumem enfrentar dificuldades na realização da

articulação, 30% citam as implicações burocráticas/administrativas, ou seja, falta de decisão política e/ou entendimento de que a articulação é uma importante estratégia para inclusão social; o que reforça o entendimento sobre o percentual de pesquisados que admitem não planejar, monitorar e avaliar de forma articulada.

Na Região, um dos exemplos concretos sobre exigências de condicionalidades é o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI; este tem uma cobertura significativa nos municípios, pois corresponde à problemática que mais caracteriza a Região: exploração da mão-de-obra com ênfase no trabalho infantil e no abuso e exploração sexual, sendo esta reconhecida pela Organização Internacional do Trabalho - OIT como a forma mais perversa e desumana da exploração pela garantia de “sobrevivência”. Resta saber, se essas condicionalidades têm impulsionado movimentos de intersetorialidade e articulação e, se ocupam destaques nos indicadores sociais frente às vulnerabilidades que se prestam a atingir. Vale à pena refletir: Qual o impacto da articulação se esta não acontece de forma planejada, monitorada e avaliada? O que de fato caracteriza a territorialização da Assistência Social na Mata Norte de Pernambuco?

Por entender que uma boa articulação pode resultar numa ação em Rede, é

importante fazer a conexão entre a visão dos gestores12 sobre a Rede e as opiniões dos pesquisados que atuam nos territórios: “(...) Rede é toda uma estrutura socioassistencial que visa conceder a sociedade condições básica no campo social. Atender as necessidades sociais de habilitação, saúde, educação, etc.; objetivando minimizar as desigualdades sociais”. “(...) O município não tem experiência de trabalho com Redes”. “(...) A Rede esta se fortalecendo. Há entendimento, mas também há muita resistência sobre a atuação em Rede. Não há complementaridade de ações. Esta importância não é considerada”. “(...) A Rede socioassistencial é feita pelas ONG’s e pelos líderes comunitários que estão sempre presentes”.

Nos depoimentos dos gestores municipais que conseguem explorar o tema Rede socioassistencial, percebe-se uma preocupação em mapear a Rede e organizar as ações, mas a metodologia para garantir a complementaridade de ações, não fica explicita. A

12 42% dos gestores não conhecem a temática.

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identidade da Rede se constrói a partir das características das entidades que a compõem, com essa imagem real, se torna possível identificar as lacunas entre demandas e ofertas, ações sobrepostas e entidades que atuam sob concepções que diferem da PNAS, ameaçando assim o alcance dos objetivos. As condicionalidades exigidas junto às outras áreas sociais podem/devem provocar a aproximação a partir de exigências sobre a verificação de cumprimentos de responsabilidade das famílias. A sugestão de “obrigar” as famílias a comparecerem esperando no final a participação espontânea, amplia a responsabilidade das equipes sobre as abordagens.

Por outra via, as condicionalidades existentes e propostas, não se estabelecem

pela consciência de sua importância, neste sentido, tanto as equipes como as famílias cumprem determinações. Assim, possivelmente há uma Rede de serviços, mas a sua eficácia, no que se refere à complementaridade de ações, possivelmente seja frágil, quase inexistente. É imprescindível perceber-se parte integrante e assumir o que de fato é competência da área - núcleo específico -, contribuindo no campo comum com as atividades que favorecem a identificação sobre as situações que ameaçam a dignidade: notificação sobre vulnerabilidades – violência, abandono, etc., encaminhamentos “padronizados” com critérios relacionados aos núcleos específicos; acompanhamento coletivo e avaliação contínua. “(...) Existem 32 entidades, mas só 08 trabalham efetivamente com a gestão. Oito entidades são parceiras atuam na área de criança e adolescente. As ações de geração de renda são desenvolvidas de forma descentralizada nos distritos, pois são ações voltadas para agricultura”. “(...) Estamos em fase de mapeamento da Rede socioassistencial, as 18 entidades cadastradas no CMAS, todas desenvolvem trabalhos com crianças e adolescentes”.

No estudo diagnóstico sobre as ofertas, ou seja, composição e caracterização dos serviços, o Conselho de Assistência Social tem um importante papel, tais como: cadastrar as entidades e fiscalizar o desenvolvimento das ações. As informações atualizadas permitirão a construção de parcerias para a implementação da PAS, essa também é uma função do Conselho: deliberar sobre a PAS e, conseqüentemente, sobre os recursos disponibilizados nos Fundos municipais, para esse fim. Os percentuais apresentados abaixo ajudam a reflexão.

5.3. O DESAFIO DA PARTICIPAÇÃO POPULAR: PROTAGONISMO

“(...) Ainda há medo em participar, principalmente denunciando. É preciso dar espaço para crítica e denúncia. As críticas só estão direcionadas aos recursos”.

36% dos pesquisados não enfrentam dificuldades em articular as Políticas Setoriais e 40% se articulam durante o atendimento, mas 26% desconhecem os princípios que regem a Assistência Social;

40% planejam de forma coletiva - com outras equipes, com entidades e com conselho tutelar - mas 47% não sabem conceituar Rede socioassistencial, e;

61% dos pesquisados assumem enfrentar dificuldade para desenvolver o trabalho com a família.

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“(...) Os usuários participam, mas não conseguem ainda dar opiniões. Eles se envolvem mais com o desenvolvimento das atividades”. “(...) Os usuários participam principalmente no cadastro único no CRAS e CREAS, ainda existe resistência da população”.

A culpabilização em relação aos usuários no que se refere à ausência de participação destes no processo de implementação da Política, revela a desresponsabilização de gestores e técnicos sobre a condução dos processos frente às fragilidades identificadas. Sobre o modelo de participação pesa as atitudes passivas e de concordata. A crítica e a proposição não estão presentes na maioria dos argumentos sobre o prejuízo da não participação, essas não são tão desejadas como o comparecimento - mesmo silencioso; ou os elogios e as respostas às exigências: freqüência escolar, assiduidade nos cursos profissionalizante e de geração de renda, carteira de vacinação atualizada etc..

Um caminho certo para a participação ativa é a realização de atividades socioeducativas, citadas por 49% dos pesquisados. Essas precisam corresponder às expectativas: educar para viver em sociedade, assumindo de forma consciente responsabilidades que repercutam nas transformações necessárias para garantir a qualidade de vida nos espaços comunitários. Considerando a missão da Assistência Social enquanto Política Pública, é um conceito óbvio frente ao desafio de promover condições para o exercício do protagonismo. “(...) A população participa levando a problemática para os conselhos que debatem sobre o assunto”. “(...) Com a chegada do PBF os usuários passaram a participar das ações e com distribuição do sopão todas as comunidades são beneficiadas”. “(...) Os usuários participam das ações, mas eles só querem ajuda e não estão presentes quando é para fazer com suas próprias mãos”.

“A palavra “protagonismo” vem da junção de duas palavras gregas: protos que significa o principal, o primeiro, e agonistes que significa lutador, competidos. Quando falamos de protagonismo estamos falando objetivamente da ocupação de um papel central nos esforços por mudanças sociais. O modelo de estruturação das Políticas Públicas no Brasil, atualmente, principalmente na área social, é eminentemente participativo. A Constituição Federal logo no Artigo 1º - Parágrafo Único - afirma: “Todo poder emana do povo e será exercido por seus representantes eleitos ou diretamente nos termos desta Constituição”. Eduardo Amadeo - Juventude, Educação e Mudança - 2000

“O paradigma da universalização do direito à proteção social supõe a ruptura com idéias tutelares e de subalternidade que identificam o cidadão como carentes, necessitados, pobres, mendigos, discriminando-os do reconhecimento como sujeitos de direitos”. NOB/SUAS - 2005

MAS QUAL O SIGNIFICADO DA PALAVRA PROTAGONISMO?

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“(...) A participação dos usuários é grande, eles participam de todas as ações do CRAS e cobram seus direitos”. “(...) Os usuários são ativos em denunciar o que acontece no município por isso que a assistência investe em mais projetos”.

Os depoimentos dos gestores citam a população atendida como única responsável sobre a participação e se referem à participação como simples comparecimento ou posicionamento crítico. No entanto, apenas 17% dos pesquisados reconhecem os usuários no momento de planejamento das ações. “(...) É boa a participação dos usuários nos cursos profissionalizantes”. “(...) A participação dos usuários acontece através dos programas de Assistência Social e as políticas públicas que visam contemplá-los”.

No Brasil a participação ativa esteve sempre sob o olhar da repressão. Nesse movimento se constituiu o povo brasileiro, as famílias patriarcais, a religião e outros campos de repressão. Manda quem pode obedece quem tem juízo! Essa frase traz na sua essência a ameaça à democracia que permanece nos tempos atuais em práticas populistas e demagógicas. A participação ativa se estabelece a partir da apropriação de conhecimentos e de leitura crítica sobre a realidade que se apresenta. Para que isso aconteça, outro estágio foi vencido: a tomada de consciência sobre direitos, deveres e co-responsabilidades sobre a vida em sociedade. Um exercício proibido em grande parte da história do país que agora passa a ser cobrado, exigido; mas continua inspirando insegurança, portanto sendo pouco desejado. “(...) Há muita participação nas atividades. As críticas diminuíram a partir do entendimento. Elas achavam que a gente é que queria que elas fizessem os cursos por obrigação”.

É possível identificar, através dos depoimentos, que na Zona da Mata Norte a atuação das equipes precisa se voltar, prioritariamente, para o fortalecimento dos usuários, abrindo possibilidade de uma participação mais ativa, consciente e propositiva. Para isso se faz necessário contemplar, no conjunto de atividades, espaço de reflexão, leitura crítica sobre a realidade, socialização de informações sobre políticas públicas, elaboração de Projetos de vida e avaliação diagnóstica sobre a realidade. Esse não pode ser um movimento espontâneo e de improviso. Resistir a esse movimento é planejar o fracasso! “(...) A comunidade participa ativamente. Atualmente estamos oferecendo curso de corte e costura. Assim que posso faço reunião com as famílias - uma vez por mês - mas nem sempre tenho tempo. Precisamos agora dar atenção até as famílias do PRÓJOVEM”.

O gráfico a seguir abre polêmicas sobre:

Ofertas da Assistência Social x reais necessidades frente à inclusão social; Garantia de sobrevivência x exercício de cidadania; Oportunidade de participação x conhecimentos adquiridos nessa perspectiva; Autonomia x protagonismo.

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Duas ameaças citadas alimentam a terceira, dessas, apenas uma, está sob

exclusiva responsabilidade dos usuários, mas ao mesmo tempo, tem relação com outras questões subjetivas: o desinteresse. A falta de conhecimento e a falta de incentivo estão sob responsabilidade das equipes que atuam junto à população durante toda a sua história de vida - educação, saúde, segurança pública, assistência Social etc.. Sem conhecimento, sem incentivo e sem oportunidade de acompanhar e avaliar é “justificável” o desinteresse dos usuários sobre as ações, pois possivelmente estas podem não corresponder aos seus desejos e aos seus projetos de vida; mas os depoimentos dos gestores revelam que o desconhecimento está também nas equipes. “(...) Há pouco investimento em capacitação. As pessoas que participam nem sempre conseguem repassar. Um tema importante para a capacitação é o modelo de proteção e o Bolsa Família”.

Como já foi citada nesse documento, a identidade das ações socioeducativas está no conjunto de temas abordados e na metodologia - se essa garante de fato a formação para o exercício da participação ativa. Entrar no território sem se sentir parte dele, é realizar uma intervenção determinista, aonde os que chegam, definem para os que já estão padrões de qualidade de vida, quase sempre sob a ótica de quem vive sob outras circunstâncias em outra realidade. Vale à pena refletir: Qual o pensamento sobre a participação do usuário? O que está sendo abordado para “capacitá-los” à participação ativa? Como atuar frente ao desafio de vivenciar o protagonismo no cotidiano?

Os pesquisados reconhecem também, as fragilidades sobre a atuação quando

sinalizam nas solicitações os temas que precisam aprofundar para desenvolver ações mais protagônicas.

GRÁFICO 18 – O QUE COMPROMETE A PARTICIPAÇÃO DOS USUÁRIOS

GRÁFICO 19 – TEMAS PARA FORTALECER A ATUAÇÃO DAS EQUIPES

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Os pesquisados propõem que os conteúdos sejam trabalhados em oficinas, cursos ou seminários. É importante que as capacitações estimulem a vivência, ou seja, o desenvolvimento dessas metodologias no cotidiano das equipes junto às famílias.

OFICINAS - dinâmicas de trabalho coletivo - estudos e reflexões - e produtos que viabilizem a aplicabilidade das discussões.

CURSOS - abordagem de conteúdos seguida de avaliação sobre a aprendizagem e certificação de conhecimentos. Programação com carga horária ampliada.

SEMINÁRIOS - socialização de conhecimentos científicos através de técnica expositiva.

5.4. A POLÍTICA DE RECURSOS HUMANOS “(...) A equipe está em processo de adaptação”.

A defesa pela Política Pública é, sobretudo, a defesa por qualidade na garantia dos direitos de cidadania. Em se tratando de uma Política direcionada aos mais vulneráveis, essa qualidade recebe um olhar mais cauteloso, pois a discriminação e o preconceito em relação aos “marginalizados” socialmente marcam, significativamente, a crença sobre as mudanças sociais e o compromisso em viabilizar condições para que as transformações sejam estruturadoras.

Por outro lado, historicamente, as equipes envolvidas com a Assistência Social

distinguirem-se pelo compromisso de caridade cristã. Paralelo à luta pelo reconhecimento da Assistência Social, enquanto Política pública, se travou a batalha por “reconhecimento” sobre a importância de profissionalizar a atuação na Assistência Social. O compromisso de caridade cristã, substituído pela exigência de conhecimentos fundamentados em estudos científicos, na capacidade de analisar a conjuntura e atuar com compromisso e ética vem transformando as ações “compensatórias” em Política para a promoção da inclusão social. No entanto, há um longo caminho a ser percorrido, pois a formação acadêmica acompanhada garante a fundamentação sobre a área, porém não assegura a postura ética.

“(...) Na secretaria de Assistência Social tem uma equipe técnica com 04 assistentes sociais, 01 psicopedagoga e 03 psicólogas. A equipe técnica faz atendimento e acompanhamento das famílias em suas diversas situações - social e psicológica, entre outras”.

“A implantação da Política Nacional de Assistência Social - PNAS/2004 e do Sistema Único de Assistência Social – SUAS sob o paradigma da constituição do direito socioassistencial incide em questões fundamentais e substantivas para a área de gestão do trabalho. A assimilação por todos os atores envolvidos com a política Pública de Assistência Social (gestores, servidores públicos, trabalhadores das Entidades e Organizações sem fins lucrativos, conselheiros, entre outros) é ainda um desafio a enfrentar” NOB/RH/SUAS – 2006

O QUE PODE MARCAR A DIFERENÇA?

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“(...) As equipes estão sempre atuando com projetos de qualificação para gerar renda para a população”.

A ausência de profissionais x as demandas técnicas, justificam muitas vezes acordos pela garantia dos serviços que nem sempre se traduz em qualidade e não corresponde a necessidade das famílias nos territórios.

Não basta ser pontual no cumprimento de “obrigações” é preciso assumir as responsabilidades com conseqüência. Na zona da Mata Norte a equipe de pesquisados traz uma realidade distinta sobre o cumprimento de carga horária, situação já abordada nesse estudo. Possivelmente, considerando os depoimentos dos gestores, as equipes são compostas por profissionais que atuam, também, em outros municípios comprometendo o serviço em virtude da pouca disponibilidade de tempo, pois não residem no local onde atuam e assumem responsabilidades além das firmadas com a gestão municipal; implicando, conseqüentemente, no cumprimento das funções previstas junto às famílias.

Vale ressaltar que não há monitoramento sobre a composição das equipes, visto que os órgãos de controle social se restringem na sua maioria, à fiscalização sobre os recursos aplicados nas ações. É preciso reconhecer os profissionais que atuam na Política de Assistência Social para avaliar se estes correspondem às expectativas em relação aos princípios e diretrizes da Política e ao modelo de proteção do SUAS.

No que se refere à escolaridade e a formação profissional, 59% dos pesquisados na Zona da Mata Norte já cursaram o terceiro grau. Ressalta-se a importância da formação acadêmica, mas essa só pode ser exercida se houver disponibilidade, do contrário não terá tempo suficiente para a aplicação e revisão sobre os estudos científicos disponibilizados pelas faculdades e certificados por títulos que, muitas vezes, não são confirmados no exercício profissional. A rotatividade dos técnicos e a carga horária insuficiente são pontos ameaçadores do sucesso.

O baixo percentual de psicólogos pesquisados 7%, reflete a ausência desses profissionais nas equipes. A região apresenta problemática para a proteção especial, nesse sentido, há uma expectativa sobre a ampliação do número de psicólogos que tragam para a implementação das ações um conhecimento específico e contribua para o entendimento e fortalecimento sobre questões ligadas à psicologia numa abordagem social e não clínica.

A Política de Recursos Humanos deve contemplar também as condições de trabalho e os espaços de produção coletiva, capacitando assim os profissionais para exercerem suas funções com competência técnica atualizada.

“A Assistência Social deve ofertar seus serviços com conhecimento e compromisso ético e político de profissionais que operam técnicas e procedimentos impulsionadores das potencialidades e da emancipação dos seus usuários; os princípios éticos das respectivas profissões deverão ser considerados ao se elaborar, implantar e implementar padrões, rotinas e protocolos específicos, para normatizar e regulamentar a atuação profissional por tipo de serviço socioassistencial”. NOB/RH/SUAS – 2006.

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“(...) Muitas vezes a capacitação é para cumprir tabela. Não se contempla a necessidade real e as pessoas passam pelas capacitações, mas não mudam sua prática. A rotatividade dos técnicos também prejudica o acompanhamento sobre as capacitações feitas. É preciso ampliar a capacitação para os prefeitos e secretários. Os prefeitos precisam entender a PNAS para poder possibilitar o desenvolvimento das ações”.

As formações acadêmicas buscam aprofundar as concepções e teorias. A aplicabilidade dessas só poderá ser avaliada no cotidiano, na rotina das equipes; onde as atividades básicas impulsionam os processos de trabalho, seja dos gestores, seja dos técnicos. Essas atividades devem, em cadeia hierarquizada, serem acompanhadas pelos respectivos gerentes e gestores. A intuição não deve ser o elemento direcionador das práticas. As equipes precisam a partir dos diagnósticos elaborarem análises sobre a realidade que trará subsídios para o planejamento das ações. Estas são as pautas que devem reger os processos de capacitação intensivas e/ou em serviço. Como alçar as famílias para a universalização de direitos se as práticas não estão direcionadas aos objetivos propostos? A universalização de diretos é um objetivo técnico e/ou político? A quem cabe esse desafio? Essa é uma reflexão coletiva que deve envolver todos que influenciarão nos resultados - gestores, equipes, usuários, Rede socioassistencial. Mas, na hierarquia de responsabilidades, o acompanhamento e as “verificações” sobre os resultados correspondem à função de gerência técnica e política – prefeitos, gestores, diretores, coordenadores, etc.. Provocados a traçar um perfil de gerente/coordenador, os pesquisados selecionaram as seguintes características:

Observa-se que para os pesquisados é mais importante ter liderança, desenvolver

trabalho coletivo e ser democrático, do que ter conhecimento sobre a Assistência Social, essas opiniões podem estar relacionadas a dificuldades enfrentadas por eles em relação aos seus respectivos gerentes e coordenadores, pois as sugestões apontam na direção das relações e da metodologia de trabalho e para conteúdos técnicos sobre a PNAS/SUAS. Porém sem fundamentação sobre a área de atuação, e sobre os territórios os gerentes e coordenadores não conseguirão contribuir tecnicamente e se tornarem referências para os “subordinados”, o que com certeza abalará a liderança colocando-a no patamar de controle sobre o grupo e não de construção coletiva sob justificativas e fundamentações técnicas.

O trabalho coletivo, muito mais do que o agrupamento de pessoas no mesmo espaço deve ser um espaço de socialização de concepções, opiniões e propostas. Para ser facilitador desse processo o gerente e/ou o coordenador precisa ter um acúmulo de conhecimentos que possibilite a exploração dos argumentos trazidos pelas equipes

GRÁFICO 20 – CARACTERIZAÇÃO DA FUNÇÃO DO COORDENADOR

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assumindo assim o papel de facilitador do processo. A equipe multiprofissional deve ser, sobretudo, uma equipe interdisciplinar capaz de estabelecer a partilha de conhecimentos, desejos, crenças, concepções, medos, etc. A postura ética, o desenvolvimento de metodologia participativa que permita a vivência do protagonismo entre os técnicos, sem colocar essa responsabilidade só a encargo dos usuários, é algo fundamental.

Algumas exigências para o cumprimento das funções são contempladas na formação acadêmica. No entanto, a gestão do trabalho no âmbito do SUAS além de garantir a “desprecarização” do vínculo e o fim da terceirização, deve também e, sobretudo, garantir a educação permanente dos trabalhadores, realizar planejamento estratégico, garantir a gestão participativa e o controle social e integrar e alimentar os sistema de informação, reconhecendo-os como ferramenta que dinamiza a leitura sobre a realidade; ou seja, a responsabilidade sobre a equipe está para a responsabilidade sobre a qualidade dos serviços. É preciso construir uma Política de Recursos Humanos que contemple da seleção a avaliação técnica. Neste caminho existem alguns passos importantes, um deles é contemplar no orçamento processos de capacitação. O formato desses processos vai depender da avaliação dos serviços, se esses estão em direção aos objetivos da Política de Assistência Social e/ou se revelam fragilidades técnicas e de gestão, devendo estas serem supridas com ampliação de conhecimentos, e acompanhamento sobre a postura ética. “(...) Os recursos são insuficientes. Nunca participei de capacitação. A minha equipe nunca foi capacitada”. “(...) Precisa melhorar na capacitação das equipes, pois com isso eles irão ajudar de forma qualificada as pessoas que necessitam”. “(...) As capacitações são de grande importância, pois elas aprimoram a atuação dos técnicos da área de Assistência Social”.

O entendimento da maioria dos gestores é que não existem recursos para capacitações locais e que investir em capacitação é responsabilidade exclusiva das gestões Estadual e Federal. Estes entendimentos provocam reflexões sobre o processo de descentralização político-administrativa e a autonomia dos municípios na utilização de recursos a partir da descentralização das ações; uma prática que pode ser conferida na Região:

“(...) Os investimentos em capacitações são insuficientes e os locais de capacitação ficam distantes dos municípios”. “(...) As capacitações deveriam acontecer in loco”. “(...) Foi aprovado um plano de capacitações para todos os gestores e equipes do município”. “(...) Fazem capacitação interna com próprios recursos”. “(...) A capacitação só é feita quando o governo do Estado convoca”.

A capacitação está no conjunto de responsabilidades das três esferas públicas. Cabe ao gestor municipal, contemplar no seu Plano de Assistência Social as ações de capacitação; devendo ser essas sistemáticas e contínuas, sendo intercaladas pelo acompanhamento e avaliação. Toda a equipe que atua implementando a Política de Assistência Social na gestão pública deve ser contemplada com o processo de capacitação, numa abordagem lógica e coerente sobre o modelo de proteção.

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É possível verificar, a partir dos depoimentos de gestores ameaças ao processo. Os argumentos utilizados como justificativas para a falta de capacitação junto às equipes técnicas não condizem com a construção presente em todas as etapas da implementação do SUAS e consolidação da PNAS. “(...) Precisa melhorar a capacitação das equipes, pois com isso eles irão ajudar de forma qualificada as pessoas que necessitam”. “(...) Em cada projeto social existe capacitação dos seus monitores para melhor qualificá-los”. “(...) Há pouco investimento em capacitação. As vagas são poucas e muitas vezes não conseguimos repassar as informações. A equipe que atua no CRAS é muito esforçada, mas pequena para as necessidades. A assistente social mora na Paraíba; nós temos 02 assistentes sociais”.

O acompanhamento sobre a aplicabilidade das discussões torna possível a capacitação em serviço, pois todo investimento em capacitação precisa contemplar equipes e ter aplicabilidade sobre as situações de rotina com resultados sobre os serviços e impactos sobre as famílias e sociedade. A seleção de temas e conteúdos deve corresponder às fragilidades identificadas durante ações de acompanhamento e avaliações.

Dos pesquisados, 43% participaram de até cinco capacitações, 14% nunca participaram de capacitação e 54% avaliam como insuficientes os recursos disponibilizados para capacitação. Considerando os segmentos contemplados nesse estudo, 16% dos conselheiros pesquisados participaram de capacitação e apenas 7% dos coordenadores não tiveram ainda oportunidade de participar desse processo. Sobre os pesquisados que já participaram de até cinco capacitações o maior percentual é de coordenadores da proteção básica - 64%.

Questionados sobre dificuldades enfrentadas durante o processo de capacitação os pesquisados apontaram a participação, ou seja, entende-se que os mesmos a partir da constatação apontam, também, para o descompromisso com o processo. Essas podem estar relacionadas à divulgação e mobilização, ou ao interesse sobre as temáticas abordadas. É preciso cuidar do processo que antecede a realização da capacitação, um dos pontos que podem favorecer a participação é a oportunidade de escolha dos participantes, ou seja, as capacitações devem ser planejadas a partir de uma avaliação sobre a implementação das ações. Os profissionais devem reconhecer as suas fragilidades no coletivo, compreendendo que o que está em pauta corresponde às questões sob responsabilidades das equipes. Portanto, a seleção de conteúdos deve corresponder às expectativas dos profissionais no que se refere a sua atuação na equipe.

GRÁFICO 21 – QUAIS DIFICULDADES

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Dificuldades em mobilizar profissionais e garantir a presença desses no processo de capacitação devem provocar revisão sobre as etapas que antecedem a capacitação. A burocracia, que ainda impera nos processos de comunicação, promove atrasos significativos no tramite da informação; ofícios e outros documentos que deveriam divulgar programações de capacitação chegam sempre às equipes em cima da hora o que dificulta a seleção de profissionais mediante critérios e a organização da equipe para que a atividade “extra” não ponha em risco a rotina junto às famílias.

Quais os critérios utilizados para selecionar os participantes de processos de capacitação? Sob que justificativas separamos profissionais que atuam no

mesmo nível de proteção? As capacitações promovidas pela gestão municipal e estadual são planejadas coletivamente?

Questionados sobre conteúdos necessários numa capacitação os pesquisados

apresentaram as seguintes solicitações:

O trabalho com famílias solicitado como um dos conteúdos para o processo de

capacitação corresponde à dificuldade já identificada junto aos pesquisados e gestores. Transversaliza esse conteúdo concepções sobre família, valores sociais, gêneros, relação de poder, etc. Portanto, trabalhar com família não se limita em agregar as ações direcionadas aos seus membros; é preciso investir em temas relacionados às problemáticas que atingem as famílias de uma forma geral, inclusive as dos profissionais responsáveis pelas abordagens e disseminar experiências e metodologias que estão dando resultados satisfatórios.

A elaboração de projetos deve estar relacionada à referência sobre a Assistência Social local: Plano Municipal de Assistência Social. Sendo esse um dos conteúdos que perpassa, também, pela discussão sobre elaboração de projetos. Contido nesse conteúdo estão: diagnóstico social, produção de texto e outros elementos necessários para o formato do projeto social. Para não correr o risco do financeiro inviabilizar a proposta técnica programática, o orçamento deve ser cuidadosamente previsto.

VALE À PENA REFLETIR:

GRÁFICO 22 – CONTEÚDOS PARA CAPACITAÇÃO

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5.5. A INFORMAÇÃO, O MONITORAMENTO E A AVALIAÇÃO

Os diferentes entendimentos sobre informação, monitoramento e avaliação interferem nos procedimentos dessas ações. Implantar uma Política é também um processo educativo, onde os cidadãos se percebem coletivo, exercem conquistas traduzidas em direitos e cumprem deveres. A liberdade de expressão é uma das conquistas garantidas na lei magna, mas em se tratando de ações de Estado é fundamental a definição de conceitos oficiais, coerentes com o que trata a Constituição Brasileira.

A consolidação da Política Nacional de Assistência Social - PNAS, por exemplo, exige algumas providências: socializar concepções que geraram os textos oficiais; disseminar princípios e diretrizes, divulgar e popularizar a PNAS e o SUAS junto à sociedade, e ao mesmo tempo, verificar a aplicabilidade dos textos aproximando-os da realidade que é dinâmica.

A concretização dessas providências está para a realização de alguns procedimentos gerenciais e técnicos: cabe ao gestor providenciar condições estruturais e de recursos humanos e gerenciar a execução e o desenvolvimento das ações entre outros; cabe aos técnicos definir objetivos, propor atividades relacionadas às ações, construir material de apoio para a realização das atividades previstas, implementar a proposta.

Nesse Estudo, buscou-se identificar a compreensão e o desenvolvimento de algumas atividades que compõem o Monitoramento, a Avaliação e o Sistema de Informação. Foi priorizada, no conjunto de atividades, a verificação sobre o Acompanhamento, os Registros sobre os Processos e a Sistematização.

Os pesquisados da Zona da Mata Norte apresentaram uma importante adesão em

relação ao acompanhamento - 87% que é realizado in loco, com a participação de equipes e usuários, e através de relatórios. A participação dos usuários no acompanhamento é a grande surpresa desse Estudo, pois quando questionados sobre o conjunto de atividades em que o usuário participa de forma mais ativa, apenas 7% dos pesquisados reconhece o acompanhamento. Existe mais de um tipo de

ACOMPANHAMENTO

GRÁFICO 23 – REALIZA ACOMPANHAMENTO

GRÁFICO 24 – COMO ACONTECE O ACOMPANHAMENTO/AVALIAÇÃO

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acompanhamento? Apenas 1% indica a participação do usuário nas avaliações. Vale à pena refletir: É possível acompanhar sem avaliar?

Reconhecendo o diagnóstico social e o planejamento como fios condutores para o

acompanhamento, avaliação e análise, os pesquisados foram provocados sobre a realização do planejamento. Destes, 94% afirmam planejar e desses, 75% planejam com os colegas de equipe. Esse dado abre uma série de possibilidades para o acompanhamento. Há uma coerência sobre o que pode ser alterado no planejamento, devendo, portanto, ser acompanhado. Segundo 45% dos pesquisados é preciso acompanhar as metas, os objetivos, o tempo previsto para a realização e a metodologia a ser desenvolvida. Observe o gráfico:

Dos pesquisados, 8% não concordam que o planejamento deve sofrer alterações e 2% não se aplica, ou seja, 10% deles, possivelmente, não relacionam acompanhamento com planejamento.

“(...) Planejamos mensalmente, mas sempre há modificação, quase todas relacionadas à infra-estrutura - rotatividade nos espaços onde as atividades acontecem”. “(...) A equipe senta e faz um planejamento semestral, para fazer melhoramentos à população e vão monitorando a cada mês para ver se evoluíram e no final avaliam se alcançaram as metas”. “(...) É realizado de acordo com as demandas das famílias necessitadas, pois é voltado para o atendimento das comunidades carentes”. “(...) Realizam planejamento mensal das ações e monitoram todos os passos, para no fim avaliar se alcançaram as metas”. “(...) O planejamento é feito pelos técnicos e pelo corpo administrativo da secretaria de ação social”. “(...) A Rede é organizada. Existem reuniões onde eles também aprovam o que planejamos”. “(...) O planejamento é feito mensalmente junto com os conselhos e o monitoramento é feito através do dia-a-dia e no final se faz uma avaliação se foi atingido o que se planejou”. “(...) Primeiro se avalia o que o município está necessitando para depois se fazer um planejamento e com isso monitorar as ações feitas”.

O QUE SABEM OS GESTORES SOBRE PLANEJAMENTO

GRÁFICO 25 – O QUE PODE SER ALTERADO NO PLANEJAMENTO

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“(...) Em reuniões semanais se faz o planejamento das ações depois o monitoramento para saber o que está acontecendo e com isso é avaliado se a meta foi alcançada”. “(...) O planejamento é elaborado pela equipe. Esta equipe elabora, implanta as ações e depois “cobra” os resultados. A avaliação é feita a partir dos resultados e às vezes isto provoca mudança no planejamento”. “(...) A Assistência Social é o coração, tudo se volta para as ações da secretaria. A cobrança é grande. Os vereadores acham que tudo deve ser resolvido na Assistência Social”.

O planejamento é uma atividade que compõe, segundo os gestores, a rotina das equipes. Este, na opinião da maioria dos pesquisados é revisto a partir do monitoramento. Um planejamento corresponde ao que se identifica sobre a realidade, o que nela ameaça o desenvolvimento humano e coletivo, o que precisa ser alterado, o que pode ser alterar enquanto Política de Assistência Social, o que está sob gerência de outras Políticas Públicas, onde se quer chegar com essas transformações, a quem atingir diretamente e indiretamente e, como processar tudo isso nas atitudes e práticas profissionais. Outro destaque sobre o conhecimento dos gestores acerca do planejamento é que este acontece com base na avaliação, parece óbvio, mas esse não é um depoimento comum a cerca do processo de planejamento.

Registram-se avanços em alguns municípios, no que se refere à participação da Rede de entidades e do conselho, no processo de planejamento, mas, infelizmente, esses avanços não correspondem à maioria.

RECONHECIMENTOS E CRÍTICAS “(...) Não há monitoramento das ações”. “(...) O monitoramento é um processo complexo; os municípios não estão preparados para enfrentar este processo”. “(...) Não há pessoal disponível e também não há instrumental para os registros”. 13

METODOLOGIA “(...) Tudo o que passamos de informação tem a ver com o monitoramento realizado pela psicóloga”. “(...) O monitoramento é realizado através do CADÚNICO, onde existe a gestora e coordenação dos programas”. “(...) Os digitadores fazem acompanhamento das condicionalidades dos programas”.

PERIODICIDADE “(...) O monitoramento é constante”. “(...) O monitoramento é executado pelas técnicas mensalmente”. “(...) O monitoramento acontece na rotina”.

13 5,2% dos gestores assume não ter conhecimento sobre a temática

O QUE PENSAM OS GESTORES DA ZONA DA MATA NORTE SOBRE MONITORAMENTO?

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PARTICIPANTES “(...) Os digitadores”. “(...) A psicóloga”. ‘(...) Não há pessoal disponível”.

O monitoramento é competência das três esferas de governo, e está intrinsecamente ligado ao processo de descentralização político-administrativa. Mas cabe, sobretudo, a gestão municipal e a gestão estadual monitorar os resultados e impactos das ações desenvolvidas sobre a realidade, chegando até as equipes e assumindo junto a esses processos de fortalecimento para o cumprimento de suas funções.

As dificuldades não devem impedir o monitoramento, mas sim, serem desafiadoras para que as condições inexistentes sejam criadas, pois esperar momentos ideais é desperdiçar espaços de estudo, caracterizados pela conjuntura, e esses não voltam mais. É importante associar e harmonizar as etapas que transformam ações em processos; uma boa estratégia é a amostra sobre o universo total de ações realizadas e famílias atendidas. Outra sugestão é agrupar famílias e equipes; e, realizar técnicas que permitam verificar o desenvolvimento das ações e respectivos resultados.

Antecede o acompanhamento, o monitoramento e a avaliação, a leitura sobre o

planejamento, a seleção dos objetivos a serem verificados e a elaboração de instrumental para o registro das observações e resultados alcançados. Essas etapas em complementariedade fazem o movimento entrar na rotina sem causar novas demandas.

A necessidade de realizar monitoramento e avaliação; e organizar sistemas de informações para a área, também remontam para o planejamento institucional onde aparecem as alocações de recursos para a implementação das referidas ações. As informações coletadas no desenvolvimento das ações junto aos usuários e técnicos, é sem dúvida, matéria prima para alimentar sistemas de informações, que por sua vez, devem ofertar subsídios para a “regulação” do SUAS nos diferentes territórios. Os

DIAGNÓSTICO

AVALIAÇÃO

PLANEJAMENTO

ACOMPANHAMENTO

MONITORAMENTO

SISTEMATIZAÇÃO

É PRECISO ACOMPANHAR! O QUE? QUANDO? ONDE? PARA QUÊ?

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sistemas não devem se reduzir ao armazenamento de dados. Verificou-se o conhecimento dos pesquisados sobre sistemas informatizados utilizados na gestão da Assistência Social, como também, a familiaridade deles com os equipamentos de informática e a utilização do programas e Redes. Observe o resultado:

A partir dos gráficos é possível observar que entre os pesquisados há familiaridade

com equipamentos e programas de informática, porém ainda é significativo o percentual sobre os que não utilizam à informática - 17%. Segundo os pesquisados, o computador é utilizado na rotina das equipes, principalmente, na internet por 77% e na elaboração de documentos por 50%. Possivelmente, o acesso à internet está mais direcionado ao SUAS/WEB e ao BOLSA FAMÍLIA, que segundo os pesquisados são os dois sistemas mais conhecidos e que exigem das gestões municipais conexão permanente; por outro lado 21% não conhecem os sistemas informatizados. Dos 87% que afirmam conhecer os sistemas informatizados, 36% citam o SUAS/WEB, 40% citam o Bolsa Família e nenhum dos pesquisados citam o SIGAS.

A utilização dos dados armazenados nos sistemas está prioritariamente, segundo os pesquisados, para a organização de cadastros das famílias. Reconhecem que as informações armazenadas devem servir como subsídios para análise sobre o desenvolvimento da Política, seus resultados e impactos, contudo, apenas 17% dos pesquisados faz referência a esta finalidade. Vale à pena refletir: É possível ampliar a utilização dos sistemas informatizados? Como os sistemas informatizados podem contribuir para regulação do SUAS?

O sistema informatizado é um importante elemento para a construção do sistema de informação. Mas esse ainda não é o início nem o fim desse processo que acontece no desenvolvimento de etapas complementares: acompanhamento, registros sobre as realidades acompanhadas, armazenamento de informação no sistema, sistematização e análise. É possível reconhecer a importância do registro avaliando sob que circunstâncias foi produzido, como foi organizada a condição para o seu desenvolvimento. Sem registrar

GRÁFICO 28 – QUAL O OBJETIVO DOS SISTEMAS

GRÁFICO 26 – NA SUA PRÁTICA PROFISSIONAL UTILIZA A INFORMÁTICA GRÁFICO 27 – QUANDO UTILIZA

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o processo, perde-se o fio condutor para a avaliação e a autocrítica, mas o registro sem objetivo definido, não produz espaço de crescimento e tomada de consciência que torna a ação educativa transformadora.

Para facilitar o monitoramento e a avaliação é recomendável que sejam

elaborados instrumentais para registro sobre o acompanhamento - visitas, reuniões, observações participantes, etc.. Essas informações, sistematizadas e analisadas serão subsídios para a produção dos relatórios.

Os pesquisados, na sua maioria, afirmam registrar informações em instrumentais

específicos - 64% e 15% em relatórios. Dos registros à sistematização é um processo que exige capacidade de síntese e análise. Dos pesquisados, 52% afirmam sistematizar as ações desenvolvidas, desses, 43% admitem enfrentar dificuldades para sistematizar e essas se concentram na ausência de tempo e de metodologia.

A sistematização em função dos relatórios é citada por 39% dos pesquisados, com

base nessa informação avalia-se que os relatórios trazem o consolidado das questões que representam o universo atingido. Não foi possível identificar se os registros e a sistematização geram análise sobre o processo e resultados. A partir da dificuldade apresentada - desconhecimento sobre como fazer; metodologia – entende-se que possivelmente a sistematização não passe da organização dos registros sem, no entanto, produzir análise sobre os conteúdos. Mas, apesar dos esforços e investimentos para que a sistematização aconteça 24% dos pesquisados não conseguem identificar a importância da sistematização para a consolidação da PNAS.

GRÁFICO 29 – ONDE REGISTRA AS INFORMAÇÕES

GRÁFICO 30 – COMO E QUANDO ACONTECE A SISTEMATIZAÇÃO

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A sistematização também traz uma visão sobre a intersetorialidade, pois a partir

dos registros e das análises, se alcança as necessidades supridas e as demandas reprimidas, o nível de possibilidade e fragilidade e os desafios frente a universalização de direitos.

A AVALIAÇÃO por sua vez aparece na maioria dos depoimentos como ação que acompanha o planejamento presente na rotina da equipe, mas distante dos usuários14. “(...) A avaliação é muito boa para os municípios. Na ação social o que importa não é conhecimento e sim boa vontade. Os programas do governo precisam ser articulados entre municípios de pequeno e grande porte”. “(...) A avaliação é feita juntamente com o planejamento”. “(...) A avaliação é importante para saber se as atividades estão sendo desenvolvidas de forma correta”. “(...) As avaliações são mensais, realizadas com a própria equipe”. “(...) A avaliação é anual”.

Confrontando os depoimentos percebe-se que as avaliações, na opinião da maioria dos gestores, marcam a finalização de processos, não sendo, portanto uma ferramenta para o diagnóstico permanente. Além de ser reconhecida como uma atividade informal, ou seja, não há continuidade, e provavelmente, é mais uma ação espontaneísta que descaracteriza a Assistência Social enquanto Política pública; observam-se avanços, mas estes não estão presentes na participação da maioria dos pesquisados em diferentes municípios.

5.6. CAPTAÇÃO DE RECURSOS

As informações registradas e analisadas, anteriormente, rendem justificativas para

a captação de recursos. Nesse processo a produção de argumentos, objetivos e estratégias compõem a lógica sobre os investimentos no modelo de proteção - proteção

14 Uma gestora informa que não ainda não foi possível esse ano desenvolver nenhuma avaliação.

VALE À PENA REFLETIR: 52% dos pesquisados Sistematizam, mas 19% não registram informações; 31% dos pesquisados reconhecem que a Sistematização subsidia os

relatórios, mas 24% dos pesquisados reconhecem que a Sistematização subsidia a análise.

AFINAL DE CONTAS PARA QUE SERVEM OS DADOS ARMAZENADOS NOS SISTEMAS? PARA QUE PREENCHEMOS CADASTROS SOBRE AS FAMÍLIAS?

GRÁFICO 31 – QUAL IMPORTÂNCIA DA SISTEMATIZAÇÃO PARA PNAS

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básica x proteção especial. Portanto, o processo de captação é o resultado da verificação sobre a realidade - ação contínua; e da hierarquização de demandas sob o olhar estratégico para a “otimização” de recursos - combatendo ações sobrepostas, por exemplo.

Captar recursos pode ter uma interpretação mais abrangente considerando as justificativas técnicas sobre as necessidades no que se refere ao desenvolvimento das ações em direção aos resultados almejados. Neste sentido, a elaboração faz a diferença Para diminuir a margem de erros sobre a intervenção no que se refere à decisão sobre os investimentos financeiros, se faz necessário a elaboração de projetos sob a ótica da Política, do Plano Municipal de Assistência Social. Nem sempre textos “bem escritos” são “bem elaborados”.

Na Zona da Mata Norte, a responsabilidade sobre a elaboração dos projetos está

nas mãos dos secretários e técnicos. Observe o gráfico:

É importante lembrar, que já se identificou nesse Estudo uma defasagem de

conhecimento sobre o princípio da universalização de direitos - apenas 26% dos pesquisados citaram e 8% reconhecem o Plano Municipal como fonte de informação sobre a Política de Assistência Social. É a partir do Plano Municipal de Assistência Social, que se constrói o orçamento e se prevê recursos para respectivo fundo.

Os recursos que viabilizam as ações da Assistência social na sua maioria estão

atrelados aos Programas elaborados pelo governo Federal e para a implantação dos níveis de proteção. A otimização dos recursos depende de um planejamento estratégico e intersetorial, além do acompanhamento sobre os resultados.

VALE À PENA REFLETIR: 26% dos pesquisados reconhecem a Assistência Social como Política

Pública e cita a universalização de direitos como princípio básico da PNAS;

Apenas 31% reconhecem os níveis de proteção como a novidade trazida pelo SUAS e 28% não sabe diferenciar os níveis de proteção;

47% não sabem conceituar Rede socioassistencial e 52% têm dificuldade em trabalhar de forma articulada com as Políticas Sociais.

QUAL A REAL DIFICULDADE NO PROCESSO DE CAPTAÇÃO DE

RECURSOS?

GRÁFICO 32 – RESPONSÁVEL EM ELABORAR OS PROJETOS DA ASSISTÊNCIA NO MUNICÍPIO

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Respondendo aos objetivos traçados para esse Estudo, é possível contribuir com

as seguintes considerações: 1 – SOBRE A FUNDAMENTAÇÃO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ENQUANTO POLÍTICA PÚBLICA.

O conhecimento sobre os marcos legais que regem a PNAS/SUAS, socializados pelos pesquisados e entrevistados durante o Estudo, se limita à legalidade, visto que existe um desconhecimento sobre a lógica da Assistência Social que os direcionam transformando-os em instrumentos para a cidadania plena.

Há uma desconexão entre conhecer e compreender, provavelmente a constatação sobre as fragilidades no campo da apreensão - diferente do campo do conhecimento, venha instigar um novo olhar sobre o campo do conhecimento x sabedoria e promover novos movimentos em direção a apropriação x absorção de conteúdos “chaves” para a implantação e implementação da PNAS a nível municipal. Rever esse processo é muito mais do que repassar informações sobre os marcos legais e outros documentos que fundamentam a Assistência Social enquanto Política Pública. Capacitar profissionais nessa área significa recuperar marcos históricos e políticos que dão identidade à PNAS/SUAS.

A fundamentação sobre a Assistência Social deve abastecer coordenadores, técnicos, conselheiros e gestores partilhando com esses o conhecimento como ingrediente para a produção de novos saberes. O grande desafio é não enrijecer esse processo, mas torná-lo leve e prazeroso; uma construção sempre inacabada, onde a lei seja “saboreada” como fruto de muitas lutas representando assim uma conquista social e não simplesmente uma determinação legal que deve ser cumprida a risco.

O Estudo sobre a LOAS e sobre outros marcos legais deve partir da realidade onde a Política está sendo desenvolvida, permitindo a conexão entre o pensado e o vivido, uma relação viva da realidade reconhecendo-a, de dentro para fora e de fora para dentro, sob o ângulo da cidadania plena, das conquistas e dos desafios que se apresentam e são permanentes na evolução do ser, ou seja, um movimento que se depara com concepções e valores sociais que dão rumos diferentes ao cumprimento das leis. Temas transversais e exemplos de vivências podem servir como introdutórios às abordagens sobre a fundamentação da Assistência Social. Esse exercício facilitará a aplicabilidade das discussões tornando-as mais reais e presentes no cotidiano das equipes.

Para a ZONA DA MATA NORTE, apresentam-se as seguintes sugestões no

campo da fundamentação sobre a PNAS/SUAS:

Investir na apropriação sobre a lógica da PNAS/SUAS fundamentada a partir da Constituição e da LOAS, pois a disseminação possivelmente facilitará a compreensão dos profissionais que atuam implementando a Política de Assistência Social, transformando a leitura densa e absoluta da LOAS/PNAS em um processo relativo à conjuntura com bases legal;

Ampliar a compreensão sobre o modelo de proteção na perspectiva da integralidade;

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Aprofundar conhecimentos sobre o processo de descentralização político-administrativa, numa linguagem clara que possibilite o entendimento sobre as exigências em relação à implantação do Conselho, a elaboração do Plano e a instalação do Fundo;

Promover reflexão sobre democracia, na perspectiva de organização de fóruns onde sejam socializadas informações referentes à PNAS que promovam a participação da população e fortaleça o controle social;

Aprofundar a discussão sobre a família contemporânea e suas funções e papéis sociais;

Aprofundar conhecimentos sobre monitoramento, avaliação e sistematização; Mapeamento da Rede, identificando gargalos frente às necessidades

apresentadas pela população; Compreender o orçamento público e os marcos legais que o regem.

2- SOBRE O PLANEJAMENTO DA PNAS

As dificuldades registradas no campo do planejamento sobre a Política estão relacionadas, diretamente, às concepções, aos conhecimentos, e à capacidade gerencial. Entrelaçando esses elementos, estão a ética e o compromisso social. Assim, foi possível registrar a ausência de um ponto de partida - estudo diagnóstico sobre a realidade com indicadores sociais que permitam a análise sobre as necessidades e a hierarquização das demandas, pouca clareza sobre o ponto de chegada - objetivos precisos e possíveis de serem atingidos, passos desconectados em direção às “transformações” almejadas - metodologia distante dos objetivos socializados nos discursos.

A elaboração do planejamento compõe um conjunto de “compromissos” que nem sempre correspondem às necessidades das equipes. Estão relacionados às determinações, ao que é preciso ser feito, mas nem sempre há um reconhecimento sobre a importância, quase vital, daquela atividade para a consolidação da Política.

O ato de planejar é algo tão presente na vida do ser humano, que muitas vezes, naturalmente, sem perceber, estamos planejando. Portanto, não dá para viver sem planejar! Mas para desenvolver a Política de Assistência Social, essa atitude inerente ao ser, assume um importante destaque: ação preparatória que impulsionada pela realidade adversa, busca instrumentalizar equipes para alterar a qualidade de vida da população, seja de forma direta para pessoas mais vulneráveis, seja de forma indireta para coletivos organizados ou não. Neste sentido, há um conjunto de exigências que permitem nesse Estudo, a identificação dos pontos de estrangulamentos do planejamento para a implantação do SUAS e implementação da Política de Assistência Social. Destaca-se:

1. Desconhecimento sobre a PNAS/SUAS (modelo de proteção); 2. Desconhecimento sobre o território (possibilidades e ameaças); 3. Ausência de Indicadores; 4. Indefinição de processos de trabalho (papéis e competências); 5. Indefinição de metodologia na perspectiva da intersetorialidade (núcleos

específicos e campos comuns nas atuações das equipes e para a participação dos usuários);

6. Previsão de cronograma para ações complementares e transversais (acompanhamento, avaliação, análise, sistematização).

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Para a ZONA DA MATA NORTE apresentam-se as seguintes sugestões no campo do planejamento:

Investir na definição de metodologia para o planejamento intersetorial; Aprofundar discussão e entendimento sobre tipificação de planejamentos

considerando tempo de execução, conteúdo, formato, etc.; Realizar oficina de planejamento para a realização de Conferência Municipal de

Assistência Social; Construir Política de Comunicação junto ao Estado; Compreender e elaborar orçamentos públicos considerando os marcos legais.

3- SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES E ATIVIDADES QUE COMPÕEM O MODELO DE PROTEÇÃO DO SUAS

Em consonância às considerações sobre o planejamento, é possível identificar fragilidades na composição, caracterização e atuação das equipes frente às necessidades e demandas para a implementação da PNAS/SUAS. As fragilidades citadas compreendem os processos que antecedem a composição das equipes para a gestão e para o atendimento direto junto aos usuários. A seriedade exigida na seleção dos profissionais que irão compor as equipe precisa estar para as transformações desejadas, ou seja, uma decisão política de interesse público.

Os avanços nos marcos legais, com ênfase na NOB/RH-SUAS, ainda estão no papel, pois na prática a seleção dos profissionais está sob a responsabilidade de pessoas, que arbitram, muitas vezes, de forma desconectada: composição de equipe x objetivos a serem atingidos. Ou seja, equipes que não correspondem às necessidades, profissionais - competentes, mas sem disponibilidade e/ou profissionais sem competências, porém com disponibilidade. Esses são argumentos utilizados para justificar posturas autoritárias que marcam a seleção sem critérios e põe em risco uma “intervenção” social. Implícitas nessa discussão estão etapas que antecedem a certificação profissional: formação técnica/acadêmica, apropriação sobre os elementos que marcam a realidade, leitura crítica sobre os contextos sociais e as relações de forças existentes, autocrítica sobre grau de competência em relação às demandas apresentadas, entre outros.

Verificou-se nos resultados do Estudo que, na maioria das vezes, as ações e atividades estão sendo desenvolvidas sem fundamentação, pois a rotina de cada dia está isolada, e não tem conseqüência. Ações programáticas sem um fio condutor que provoque a equipe à intersetorialidade. A fundamentação está, sobretudo, no conhecimento interpessoal, elemento central para o trabalho coletivo. Na eleição de prioridades sobre o que precisa ser trabalhado junto à equipe para que esta tenha uma atuação mais eficaz, os marcos legais, a fundamentação técnica aparecem sempre como prioridade, no entanto, os grupos e equipes só conquistam identidade a partir do conhecimento individual sobre os seus membros. A identificação das diferentes formas de interpretar a realidade é um dos pontos chaves para abrir essa construção de relação de pertencimento e de confiança mútua da equipe. Assim, é preciso mapear potencialidades e fragilidades das equipes e a partir desse ponto desenhar a lógica da intersetorialidade, da parceria e da capacitação intensiva e em serviço. Portanto, a implementação da Política promove dinâmicas que transformam todos em usuários dos serviços provocadores e provocados sobre o crescimento integral dos indivíduos e dos coletivos.

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Na hierarquização de responsabilidades os gestores assumem importante e estratégico papel/função, mas não estão acima da lei e da ordem. As decisões sob prerrogativas dos gestores vêem sendo atingidas pelos fenômenos da “(des) responsabilização e culpabilização”. A falta de conhecimento técnico tem sido utilizada como justificativa para excessos e/ou omissões. Esforços de gestores em direção aos acertos são interrompidos pela burocracia e pela dinâmica frenética e ultrapassada das gestões públicas - estadual e federal - que arremessam para os municípios uma série de solicitações, muitas vezes, fora da realidade local. O cumprimento à risco do marco legal, sem reflexão e conexão sobre a prática desencadeia fracassos já esperados.

A descentralização político-administrativa, por exemplo, tem forçado práticas

irreais e escondido a essência dos problemas: Conselhos implantados - conselhos frágeis, processo de implantação distante da população e sem reflexão sobre a importância desses, desconhecimento sobre papéis e competências; Planos Municipais de Assistência Social - documento bem escrito e pouco elaborado, equipes sem capacidade de elaborar e/ou planos elaborados distantes da realidade local; Fundos instalados - sem previsão orçamentária, controle social frágil, conselho deliberando sem apropriação do orçamento para a Assistência Social, desconhecimento sobre os critérios para co-financiamento, ausência de acompanhamento sobre os investimentos feitos, desconhecimento sobre elementos da gestão financeira, atrasos e/ou falhas nas prestações de contas.

Na implementação da PNAS/SUAS em Pernambuco, registra-se muito mais preocupação e “zelo” no cumprimento das determinações do que na apropriação sobre a lógica que firma as determinações como legal. O protagonismo precisa estar vivo em todas as práticas. A análise sobre os processos deflagrados pelas esferas de governo permite a reflexão sobre como esses estão para a inclusão e/ou para a exclusão, ameaçando muitas vezes a formação do ser. São na sua maioria, processos elaborados por poucos, onde poucos sabem, entendem, conseguem se “empoderar” e poucos governam, portanto, poucos decidem em relação à história de muitos.

Possivelmente, o fio condutor que leva a esse desfecho está na prática dos técnicos junto às famílias, que independente da formação são educadores para a cidadania. Enxergar esse percurso traz mais responsabilidade sobre a composição das equipes e reforça compromissos sobre a intervenção, acompanhamento e avaliação dos resultados. Aos gestores cabe a responsabilidade pública de responder a aprovação da população a um projeto político. Identificaram-se durante o Estudo, gestores sem conhecimento da Assistência Social, com práticas de caridade e benesse. Utilizando os recursos públicos para atender de forma emergencial e pouco estruturadora. Práticas muitas vezes, apoiados por conselheiros e técnicos, que em nome da proteção fortalecem a exclusão, pulverizam e desperdiçam recursos públicos.

Em se tratando do modelo de proteção, ainda há uma crise de identidade sobre os Centros de Referências - CRAS e CREAS. Em alguns municípios situações de vulnerabilidades que exigem atendimento especial, não estão sendo assumidas por falta de estrutura, de equipamento social devidamente aparelhado com profissionais especializados nas questões problemas. Para suprir essa demanda ações de proteção especial estão sendo agrupadas as atividades dos CRAS, que por sua vez, na sua grande maioria, estão desenvolvendo prioritariamente atividades de geração de renda. O trabalho com a família aparece como a grande dificuldade das equipes. As fragilidades identificadas na implementação da PNAS/SUAS têm como nascedouro o

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desconhecimento, o autoritarismo, a ausência de procedimentos organizacionais, a ausência de avaliação e análise que provoque a construção contínua.

Para a ZONA DA MATA NORTE apresentam-se as seguintes sugestões no

campo da implementação:

Rever concepções de avaliação de processo - diagnóstico, monitoramento e seus respectivos instrumentais para registro;

Rever as atividades desenvolvidas na perspectiva de definir/construir a metodologia de trabalho com famílias;

Aprofundar estudo sobre núcleos específicos e campos comuns que marcam o modelo de proteção - básica e especial;

Realizar oficinas para produção de textos: instrumentais para organizar a rotina, a notificação sob os “casos”, os encaminhamentos, o acompanhamento, a sistematização;

Aprofundar conhecimentos sobre Rede socioassistencial; Promover oficina intersetorial junto aos representantes da Rede socioassistencial:

identificar ações sobrepostas e potencialidades para o desenvolvimento de novas ações;

Realizar oficina sobre produção de textos: registros sobre a prática, sistematização e relatórios - descritivos e analíticos;

Realizar abordagens de temas relacionados à cultura local; Capacitar gerentes e coordenadores para o desenvolvimento de gestão

democrática, prestar esclarecimentos às equipes sobre a PNAS/SUAS, desenvolver trabalhos coletivos e assumir liderança no grupo;

Aprofundar discussão sobre ações socioeducativas; Aprofundar discussão sobre ações emergências x ações estruturadores e o papel

do CRAS dentro do território; Realizar oficinas temáticas abordando: metodologia de trabalho com famílias,

ações socioeducativas, controle social, elaboração de projetos, cidadania, trabalho coletivo, liderança.

4- SOBRE AS QUESTÕES GERAIS QUE TRANSVERSALIZAM A IMPLEMENTAÇÃO DA PNAS/SUAS

Modelos de gestão, sistemas de informação, captação de recursos e elaboração de projetos, foram consideradas nesse Estudo como ações que transversalizam a implementação da PNAS/SUAS. Através das considerações sobre esses pontos, o presente Estudo busca reconhecer a importância das “atividades de retaguardas” conhecidas também como atividades meio, para a consolidação da PNAS/SUAS.

Percebe-se a partir das informações coletadas que não há uma conexão das atividades meios, com as atividades fins. O entendimento dos pesquisados e entrevistados, na sua maioria, revela paralelismo entre o que pensamos, falamos e fazemos. Defende-se o protagonismo e a participação popular, por exemplo, no entanto, os usuários e as famílias não têm acesso às informações sobre a gestão. Não é uma prática comum, por exemplo, disseminar junto aos usuários informações sobre a descentralização político-administrativa, o modelo de proteção do SUAS, os objetivos traçados para atingir determinada situação de vulnerabilidade social etc. A pesquisa junto às famílias sobre informações que tornem possível caracterizá-las é imprescindível, mas os sistemas informatizados continuam transformando-as em números e metas. As

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informações são armazenadas e pronto! Foi possível identificar sob justificativas “convincentes” que é muito complicado trabalhar as informações armazenadas. Os sistemas não facilitam a análise. Mas, quem produz os sistemas? Para que esses são produzidos? Essas questões não vêm sendo feitas e muito menos respondidas. Atitudes de apatia fazem com que sejam impostas demandas para as equipes que nem sempre são reconhecidas como necessárias, úteis, ao processo. Por outro lado, são elaborados instrumentais para registros desconectados da proposta do sistema informatizado. Mas de que propostas estão falando? A grande queixa é que o governo Federal e Estadual continua, apesar de todos os dados nos sistemas, impondo movimentos que não condiz com a realidade dos municípios e das Regiões.

A elaboração de projetos para captação de recursos responde às demandas apresentadas pelo co-financiador. As orientações para a elaboração dos projetos, na maioria das vezes, levam à generalização e ao agrupamento de situações parecidas, próximas, mas nunca iguais. Os municípios estão cada vez mais laçados pela lógica do co-financiador. Quem tem recurso tem poder, mas quem tem conhecimento tem capacidade de argumentar. Portanto, as passividades dos municípios os tornam co- responsáveis pela padronização dos investimentos e “co-financiamentos”.

Para a ZONA DA MATA NORTE apresentam-se as seguintes sugestões em

relação às questões gerais que transversalizam a implementação da Política:

Instrumentalizar as equipes sobre redes informatizadas; Aprofundar conhecimentos sobre sistemas informatizados x sistemas de informação; Realizar oficina para análise das informações armazenadas em sistemas/programas

- produção de roteiro para análise considerando a problemática regional; Aprofundar processo de captação de recursos e elaboração de projetos: estudo e

produção de texto na perspectiva de contemplar populações minoritárias - indígenas, quilombolas, populações rurais, etc.; e combater situações que alimentam a vulnerabilidade social - exploração do trabalho infantil, violência doméstica, abuso e exploração sexual;

Aprofundar processo de captação de recursos para fortalecimento da Rede socioassistencial;

Aprofundar a discussão sobre papéis e competências na composição da equipes de proteção básica e especial - com ênfase ao psicólogo.

O Estudo desenvolvido permitiu algumas constatações e o surgimento de novas

hipóteses. Foi possível identificar nos depoimentos da maioria dos pesquisados e entrevistados, o desejo de alterar a realidade adversa que exclui pessoas de todas as faixas etárias do exercício de cidadania. No entanto, a busca por justiça social requer novos modelos de intervenção, para isto se faz necessário estabelecer processos de trabalho e de gestão onde as práticas promovam a inclusão, sejam no acesso às informações sobre as Políticas Públicas, seja no acesso aos serviços.

As equipes espalhadas que atuam implementando a PNAS/SUAS no estado de Pernambuco, é uma parte desse todo. As responsabilidades distintas se compõem numa grande Rede de proteção social. É fundamental ter uma visão mais ampla e alcançar a dimensão do que se faz em cada cantinho desse Estado. O mundo se constrói a partir de cada decisão sobre a mudança. É preciso entender que mundo se quer construir, para saber se nossa caminhada segue o rumo certo.

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ANEXOS

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BIBLIOGRAFIA

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História, Recife – Gráfica Santa Marta – 2007. • CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa – UM MÉTODO PARA ANÁLISE E CO-

GESTÃO DE COLETIVOS: a constituição do sujeito, a produção de valor de uso e a democracia em instituições: o método da roda/ Gastão Wagner de Sousa Campos. – São Paulo: Hucitec, 2000.

• PLANO REGIONAL DE INCLUSÃO SOCIAL – GOVERNO NOS MUNICÍPIOS 2004 a 2007 – Governo do Estado de Pernambuco, Recife 2004.

• EDUCAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL: Interroguemos nossas práticas. Cruzamento de saberes e de práticas no contexto do pensamento de Paulo Freire, Recife, 2002.

• ALMANAQUE DE METODOLOGIA DA EDUCAÇÃO POPULAR – CENAP. • FREIRE, Paulo. PAULO FREIRE: ÉTICA, POLÍTICA E EDUCAÇÃO.

Programação do IV colóquio internacional. De 16 a 19 de setembro de 2003. • FREIRE, Paulo. EDUCAÇÃO E MUDANÇA. Paz e Terra, Rio de janeiro, 1983. • MONTESSORI, Maria. FORMAÇÃO DO HOMEM. ed. Portugália, Rio de Janeiro. • PREVENÇÃO DO TRABALHO INFANTIL: Abordagens Metodologias-Professores

e Alfabetizadores.MOC. • FREIRE, Paulo/Guimarães Sérgio. APRENDENDO COM A PRÓPRIA HISTÓRIA.

ed. Paz e Terra: São Paulo, 1987. • SAIR DO PAPEL: Cidadania em Construção, RAIO/ UNICEF, VILA VELHA,

POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - PNAS 2004. • CADERNO SUAS – Sumário Executivo do Financiamento da Assistência Social

no Brasil entre 2002 e 2004. nº. 01 Ano 01 – Dezembro de 2005 • THURLER, Ana (org.) – TEXTOS DO BRASIL nº. 08 – O BRASIL E OS

DESAFIOS DA INCLUSÃO SOCIAL – Ministério das Relações Exteriores, Brasília, 2001.

• CONSTRUINDO O PROTAGONISMO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. Cáritas Brasileira, Brasília, setembro de 2001.

• ESTATUTO DO IDOSO. Ministério da Saúde. Brasília – DF, 2004. (2 exemplares). • NORMA OPERACIONAL BÁSICA NOB/SUAS: Construindo as bases para a

implantação do Sistema único de Assistência Social. Brasília Julho de 2005. • NORMA OPERACIONAL BÁSICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE. NOB-SUS

01/96. Legislação Básica. • NOB – RH/SUAS – MDSDH – Brasília DF - 2006 • LEI 8069/90 – ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA,

CEDECA PE – 2004. • PLANO REGIONAL DE INCLUSÃO SOCIAL. Governo nos Municípios - 2004-

2007. CEPE. 2003.

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GLOSSÁRIO: CONHECENDO AS CONCEPÇÕES, CONCEITOS E SIGNIFICADOS DAS PALAVRAS.

Alienação de Bens – processo administrativo de venda de bens móveis e imóveis. Significa a transferência de domínio de bens públicos a terceiros. Está sujeita à prévia autorização legislativa quando se tratar da alienação de bens imóveis. Nas demais situações, os bens devem ser alienados obrigatoriamente através da modalidade de licitação leilão.

Análise de Conjuntura – estudo sobre a realidade socioeconômica onde as famílias estão inseridas.

Arrecadação de Tributos – é a atividade pela qual a União, Estados e Municípios cobra impostos, taxas e contribuições.

Articular – unir, juntar, promover movimento, integrar partes, compor um conjunto. Assistência Social – Política pública que, a partir de interfaces com outras

Políticas Sociais, fortalece indivíduos e as famílias em situação de vulnerabilidade promovendo assim condições para a inclusão social.

Atividade – conjunto de operações de natureza contínua, necessárias à manutenção da ação.

Autonomia – competência de se governar e contribuir na construção de um processo.

Avaliação Diagnóstica – informações sistematizadas com base na análise de conjuntura.

Campo Comum – no sentido de questões que transversalizam as áreas de intervenção/políticas sociais provocando atuação interdisciplinar.

Capacidade técnica instalada frente às demandas de Assistência Social – competência técnica dos profissionais para responder as necessidades da população de forma estruturadora condizente com os marcos legais.

Captação de Recursos – estratégias relacionadas à conquista de recursos financeiros para a realização das ações.

Co-financiamento – divisão de competências entre as esferas de governo para operar, em co-responsabilidade, a PAS.

Co-gestão de Coletivos – metodologia de trabalho coletivo onde a horizontalidade das relações e a hierarquização de responsabilidades estão em evidência; modelo de gestão que pressupõe a igualdade no acesso às informações, o respeito às divergências, a reflexão contínua e a harmonia nas relações de poder, espaço de vivência sobre a democracia, autonomia, protagonismo e respeito com o coletivo; espaço para formação crítica e exercício do poder; espaço de governo democrático.

Competências das esferas de governo (estadual e federal) ver NOB pág.108 a 111.

Contrapartida – percentual ou parcela de recursos próprios que o convenente aplica na execução do objeto do convênio.

Controle social – instrumentos de efetivação da participação popular no processo de gestão, com caráter democrático e descentralizado.

Convênios – acordo firmado por entidades públicas de qualquer espécie ou entre elas e entidades privadas para a realização de objetivos de interesse comum dos conveniados, podendo ter por objeto qualquer coisa, tal como obra, serviço, atividade, uso de um bem, etc. Sua celebração depende de prévia aprovação de plano de trabalho pelo interessado, contendo identificação do objeto, metas, etapas de execução, plano de aplicação de recursos, cronograma de desembolso,

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previsão de início e fim e comprovação de recursos próprios no caso da complementação de execução de obras (art.116, lei 8666/963).

Criatividade – capacidade criar; possibilidade de construir estratégias frente às dificuldades encontradas.

Descentralização – partilha de responsabilidades dos gestores sociais em seu âmbito de atuação respeitando os princípios e diretrizes estabelecidas na PNAS (coordenar, formular, co-financiamento, monitorar, avaliar, capacitar e sistematizar as informações).

Eficácia das ações de Assistência Social frente às situações de vulnerabilidade – respostas concretas das ações de Assistência Social frente aos objetivos propostos.

Empoderamento - ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos sociais. Possibilita tanto a aquisição da emancipação individual, quanto à consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política.

Expectativas sobre processo de capacitação técnica – desejos explícitos e necessidades implícitas dos gestores, respectivas equipes e conselheiros em relação à possibilidade de apoio técnico para a sua formação e desenvolvimento de suas funções.

Família – conjunto de pessoas que se acham unidas por laços consangüíneos, afetivos e/ou, de solidariedade (PNAS, 2004, pg. 35); conjunto de pessoas que se unem nas estratégias para garantir sobrevivência; espaço de poder sobre as relações humanas.

Financiamento da PAS – aporte de recursos financeiros da União, Estado, Distrito Federal e Municípios para executar os serviços, programas, projetos e benefícios da PAS alocados nos respectivos Fundos Públicos.

Formar – no sentido de Educar; aquisição de novos conhecimentos e ou aprofundar conhecimentos já existentes; disponibilizar espaço de produção de saberes.

Fundo – fundo previsto pela Lei Orgânica da Assistência Social, a ser instituído, através de lei específica, nos municípios, estados e Distrito Federal. Considerado como condição para o recebimento de recursos, conforme trata essa lei no seu art. 30. Está sujeito à orientação e controle dos respectivos Conselhos de Assistência Social. Deve possuir um plano de aplicação, em conformidade com o Plano de Assistência Social.

Informar – no sentido de comunicar, dar informações, notícias; etapa que promove a aquisição de conhecimentos e a produção de avaliação e análises.

Implementar – no sentido de executar, colocar para funcionar. Implantar – no sentido de introduzir, inserir. Integralidade – inter-relação de diferentes campos de atuação com objetivos

comuns. Integração de diferentes abordagens buscando atender as necessidades apresentadas.

Intersetorialidade – ação que articula os vários setores das políticas sociais em torno do objetivo comum.

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) – lei prevista pelo artigo 165, II, § 2º da Constituição Federal, chamada abreviadamente de LDO, que deve ser elaborada e enviada ao Legislativo pelos respectivos governos executivos de cada esfera governamental, até 15 de abril de cada ano ou conforme determinar cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal. Estabelecendo para o período de 01 (um) ano, as metas e prioridades da administração pública, as orientações para elaboração da lei orçamentária anual, as alterações na legislação tributária, a

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concessão de vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, a admissão de pessoal, a alteração de carreiras e a política de aplicação das agencias financeiras oficiais de fomento.

Lei Orçamentária Anual (LOA) – lei prevista pelo artigo 165 da Constituição Federal, III, que deve ser elaborada e enviada ao Legislativo pelos respectivos governos executivos de cada esfera governamental até 31 de agosto de cada ano ou conforme determinar cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, estabelecendo, para o período de 01 (um) ano, a discriminação da receita e despesas, de forma a evidenciar a política econômico-financeira e o programa de trabalho do governo.

Matricialidade Sociofamiliar – centralidade na família garantindo à medida que na Assistência Social com base em indicadores das necessidades familiares se desenvolva uma política universalista em Rede socioassistenciais, que atinjam o cotidiano e valore a convivência social e comunitária.

Modelo – no sentido de parâmetro que não deve se traduzir em condicionamento, mas em referência para avaliação e atualização na formulação diante da conjuntura.

Monitoramento – avaliação sistemática e contínua sobre os processos desenvolvidos dentro da Assistência Social.

Núcleo Específico – no sentido de questões que direcionam a abordagem exigindo conhecimento técnico especializado.

Operação de Créditos – recursos decorrentes de compromissos assumidos com credores situados no país (operações internas) ou no exterior (operações externas), envolvendo toda e qualquer obrigação decorrente de financiamentos ou empréstimos, inclusive arrendamento mercantil, a concessão de qualquer garantia, a emissão de debêntures ou assunção de obrigações, com as características definidas nos incisos I e II, por entidades controladas pelos estados, pelos Distrito Federal e pelos municípios que não exerçam atividade produtiva ou não possuam fonte própria de receitas, com o objetivo de financiar seus empreendimentos (art. 1º, Res. 78/98).

Participação – no sentido de Ter ou Tomar Parte em; contribuir com consciência e capacidade crítica.

Planejar – fazer um plano; projetar o futuro. Plano Plurianual (PPA) – lei prevista pelo artigo 165 da Constituição Federal

(CF), I, § 1º, que deve ser elaborada e enviada pelos respectivos governos executivos de cada esfera de governamental até 31 de agosto do primeiro ano do mandato ou conforme estabelecer cada Constituição Estadual ou Lei Orgânica Municipal, prevendo obrigatoriamente investimentos que ultrapassem um ano (art. 167,§ 1º, CF) e estabelecendo, pra o período de 04 (quatro) anos, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as relativas aos programas de duração continuada.

Protagonismo – ator principal na transformação social; autor de sua própria história; co-autor da história do coletivo onde este está inserido.

Proteção Social – conjunto de ações, cuidados, atenções, benefícios e auxílios ofertados pelo SUAS para redução e prevenção do impacto das vicissitudes sociais e naturais ao ciclo da vida, à dignidade humana e à família (NOBSUAS-2005).

Psique – no sentido referente à alma, o espírito, a mente.

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Rede socioassistencial - conjunto de entidades, conveniadas ou não, que atuam no território implementando as ações de Assistência Social em complementariedade.

Retaguarda – no sentido de ações que ampliam as possibilidades de sucesso nas intervenções nos diferentes níveis de proteção: controle social, capacitação, monitoramento, financeiro, segurança alimentar além dos profissionais que atuam nas gerencias de proteção básica e especial.

Sistematizar – processo de síntese e análise sobre conteúdo e resultados de um dado universo/objeto; organização de idéias que resulta em análise.

Sistema de Informação – conjunto de procedimentos que visam coletar, organizar, integrar e disseminar informações.

Sistema Informatizado – suporte tecnológico de hardware e software para o armazenamento e processamento de informações.

SUAS – Sistema Único de Assistência Social, implementado através do modelo de proteção social (básica e especial) e as diretrizes da política de Assistência Social.

Territorialização – organização das ações da Assistência Social em Rede considerando o contexto social em que as famílias estão inseridas. Ação que extravasa os recortes setoriais em que tradicionalmente se fragmentaram as políticas sociais.

Treinograma de Azoubel - instrumento que permite a visualização/aferição sobre o conhecimento, as potencialidades e fragilidades, determinando a importância e complexidade das áreas que necessitam de maior aporte técnico.

Vulnerabilidade social - situação que ameaça a condição humana põe em risco a dignidade individual e a convivência coletiva.

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Questionário

RD MUNICÍPIO PORTE DO MUNICÍPIO P M G NÍVEL DE GESTÃO SUAS I B P PESQUISADO (A)

FUNÇÃO

CONS. GOV

CONS. Ñ/GOV

COORD TEC.

PESQUISADOR (A) DATA / /

HORA INICIO:

IDENTIFICAÇÃO DO PESQUISADO

P1 - SEXO: 1.1( ) Feminino; 1.2 ( ) Masculino

P2 - FAIXA ETÁRIA: 2.1 ( ) 21 a 30 anos; 2.2 ( ) 31 a 40 anos; 2.3 ( ) Acima de 40 anos

P3- ESCOLARIDADE: 3.1 ( ) Fundamental; 3.2 ( ) Médio; 3.3 ( ) 3º Grau Incompleto; 3.4 ( ) 3º Grau Completo; 3.5 ( ) Pós – graduado

P4- ÁREA DE FORMAÇÃO: 4.1 ( ) Assistente Social; 4.2 ( ) Psicólogo; 4.3 ( ) Pedagogo; 4.4 ( ) Advogado; 4.5 ( ) Administrador; 4.6 ( ) Sociólogo; 4.7 ( ) Outros; 4.8 ( ) Não se aplica

P5- TEMPO DE ATUAÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL: 5.1 ( ) 1 a 3 anos; 5.2 ( ) 4 a 6 anos; 5.3 ( ) 7 a 10 anos; 5.4 ( ) Acima de 10 anos

P6 - HÁ QUANTO TEMPO ATUA NO MUNICÍPIO NA GESTÃO PÚBLICA NA ÁREA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? 6.1 ( ) Menos de 1 ano; 6.2 ( ) 1 a 3 anos; 6.3 ( ) 3 a 6 anos; 6.4 ( ) 7 a 10 anos; 6.5 ( ) Acima de 10 anos

P7 – SUA ATIVIDADE ESTÁ DIRECIONADA A QUE SEGMENTO DA FAMÍLIA? MÚLTIPLA ESCOLHA. 7.1 ( ) Crianças e adolescentes; 7.2 ( ) Jovens; 7.3 ( ) Idosos; 7.4 ( ) Pessoas com deficiência; 7.5 ( ) Mulheres; 7.6 ( ) Homens; 7.7 ( ) Não se aplica; 7.8 ( ) Todos os citados

P8 – JÁ DESENVOLVEU ATIVIDADE EM OUTRA ÁREA SOCIAL? 8.1 ( ) Não 8.2 ( ) Sim. Qual? 8.2.1 ( )Educação; 8.2.2 ( ) Saúde; 8.2.3( ) Turismo; 8.2.4 ( ) Habitação/Infra-estrutura; 8.2.5 ( )Outras; 8.2.6 ( ) Não se aplica.

CARACTERIZAÇÃO DO PROFISSIONAL NA EQUIPE DO MUNICÍPIO

P9- QUAL SUA CARGA HORÁRIA SEMANAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA SUA FUNÇÃO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 9.1 ( ) 8 horas; 9.2 ( ) 12horas; 9.3 ( ) 18 horas; 9.4 ( ) 20 horas; 9.5 ( ) 30 horas; 9.6 ( ) Não se aplica; 9.7 ( ) 40 horas; 9.8 ( ) Outros; 9.10 ( ) Não se aplica

P10 – QUAL SEU VÍNCULO EMPREGATÍCIO COM O MUNICÍPIO? 10.1 ( ) Cargo Comissionado; 10.2 ( ) Concursado; 10.3 ( ) Prestador de serviço/contratado; 10.4 ( ) Voluntário; 10.5 ( ) Não se aplica

P11 – VOCÊ DESEMPENHA OUTRA FUNÇÃO NA GESTÃO MUNICIPAL? 11.1 ( ) Sim; 11.2 ( ) Não

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P12 – NO SEU ENTENDIMENTO O QUE CARACTERIZA A FUNÇÃO DE GERENTE/COORDENADOR? MÚLTIPLA ESCOLHA. 12.1 ( ) Capacidade de expressão; 12.2 ( ) Conhecimento sobre a área de Assistência Social; 12.3 ( ) Conhecimento sobre o território em que vai atuar; 12.4 ( ) Saber ouvir; 12.5 ( ) Ser democrático; 12.6 ( ) Ter liderança; 12.7 ( ) Desenvolver trabalho coletivo; 12.8 ( ) Saber elaborar; 12.9 ( ) Ter capacidade de avaliação e síntese ; 12.10 ( ) Não sabe; 12.11 ( ) Não respondeu

CAPACIDADE TÉCNICA INSTALADA

P 13- O QUE PARA VOCÊ É ASSISTÊNCIA SOCIAL? 13.1 ( ) Política pública que promove a inclusão social; 13.2 ( ) Suprimento de necessidades básicas; 13.3 ( ) Ações de cidadania; 13.4 ( ) Não sabe; 13.5 ( ) Não respondeu

P14- ONDE ESTÁ DEFINIDO O QUE É REGULAR E O QUE É IRREGULAR NAS AÇÕES DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? 14.1 ( ) LOAS; 14.2 ( ) NOB/SUAS – 2005; 14.3 ( ) Estatuto do Idoso; 14.4 ( ) ECA; 14.5 ( ) PNAS; 14.6 ( )Outros; 14.7 ( ) Não sabe; 14.8 ( ) Não respondeu.

P15 – PARA O PROCESSO DE INCLUSÃO SOCIAL, QUAL É O PRINCÍPIO BÁSICO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 15.1 ( ) Universalização dos direitos; 15.2 ( ) Respeito à dignidade; 15.3 ( ) Igualdade no acesso; 15.4 ( ) Supremacia do atendimento: necessidade x rentabilidade econômica; 15.5 ( ) Divulgação ampla dos benefícios; 15.6 ( ) Não sabe; 15.7 ( )Não respondeu; 15.8 ( )Outros.

P16- O QUE MUDOU NO DESENVOLVIMENTO DA ASSISTÊNCIA SOCIAL A PARTIR DO SUAS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 16.1 ( ) Trabalho com família; 16.2 ( ) Centros de Referências; 16.3 ( ) Níveis de proteção; 16.4 ( ) Participação da população; 16.5 ( ) Implantação de conselhos; 16.6 ( ) Atendimento em Rede; 16.7 ( ) Articulação entre as equipes; 16.8 ( ) Programas de transferência de renda; 16.9 ( ) Não sabe; 16.10 ( ) Não respondeu

P17- O QUE MARCA A DIFERENÇA ENTRE A PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA E A PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL? 17.1 ( ) A situação de vulnerabilidade das pessoas; 17.2 ( ) As Linhas de financiamento; 17.3 ( ) O espaço físico onde as ações acontecem; 17.4 ( ) A forma de trabalhar; 17.5 ( ) Outros; 17.6 ( ) Não sabe; 17.7 ( ) Não respondeu.

P18- DEFINA CONTROLE SOCIAL. 18.1 ( ) A sociedade participando ativamente nas avaliações e nas decisões sobre as Políticas Públicas; 18.2 ( ) A sociedade controlando a atuação do gestor; 18.3 ( ) Não sabe; 18.4 ( ) Não respondeu; 18.5 ( ) Outros

P19- QUEM SE RESPONSABILIZA PELO CONTROLE SOCIAL? MÚLTIPLA ESCOLHA. 19.1 ( ) Conselho; 19.2 ( ) Conferências; 19.3 ( ) Ministério Público; 19.4 ( ) Rede de entidades; 19.5 ( ) Poder Legislativo; 19.6 ( ) Não sabe; 19.7 ( ) Não respondeu.

P20- QUAL A PRINCIPAL TAREFA DAS PESSOAS QUE COMPÕEM OS ÓRGÃOS DE CONTROLE SOCIAL? 20.1 ( ) Fiscalizar as ações/serviços; 20.2 ( ) Elaborar a Política; 20.3 ( ) Deliberar; 20.4 ( ) Aprovar a prestação de contas; 20.5 ( ) Acompanhar as ações; 20.6 ( )Não sabe; 20.7 ( ) Não respondeu

P21 – QUAL A PRINCIPAL FONTE DE INFORMAÇÃO PARA OS ÓRGÃOS DE CONTROLE SOCIAL ATUAR JUNTO Á POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? 21.1 ( ) PLANO DE ASSISTÊNCIA; 21.2 ( ) PPA; 21.3 ( ) LOA; 21.4 ( ) Não sabe; 21.5 ( ) Não respondeu

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P.22 – O QUE VOCÊ ENTENDE POR REDE DE ATENDIMENTO? 22.1 ( ) Entidades governamentais e não governamentais que atuam de forma complementar para o alcance de objetivos comuns; 22.2 ( ) Conjunto de entidades não-governamentais que atuam numa determinada localidade; 22.3 ( ) Entidades que atuam atendendo o mesmo segmento e as mesmas situações problemas; 22.4 ( ) Não sabe; 22.5 ( ) Não respondeu

P23 – EXISTE ARTICULAÇÃO ENTRE AS AÇÕES DE PROTEÇÃO BÁSICA E AS AÇÕES DE PROTEÇÃO ESPECIAL? 23.1 ( ) SIM; 23.2 ( ) NÃO; 23.3 ( ) NÃO SABE; 23.4 ( ) NÃO RESPONDEU

P24 – SE SIM, COMO A ARTICULAÇÃO ENTRE OS NÍVEIS DE PROTEÇÃO (BÁSICA/ESPECIAL) ACONTECE? 24.1 ( ) Através de ações complementares; 24.2 ( ) No repasse de responsabilidades; 24.3 ( ) Através de comunicação burocrática; 24.4 ( ) Nos estudos de caso; 24.5 ( ) Não acontece; 24.6 ( ) Não sabe; 24.7 ( ) Não respondeu.

P25 – EXISTE ARTICULAÇÃO ENTRE AS AÇÕES DAS POLÍTICAS SETORIAIS? 25.1 ( ) SIM; 25.2 ( ) NÃO; 25.3 ( ) NÃO SABE; 25.4 ( ) NÃO RESPONDEU

P26- SE SIM, COMO SE DÁ ESSA ARTICULAÇÃO? 26.1 ( ) No Planejamento das ações; 26.2 ( ) No Planejamento, Monitoramento e Avaliação; 26.3 ( ) No atendimento; 26.4 ( ) No encaminhamento; 26.5 ( ) Não sabe; 26.6 ( ) Não respondeu; 26.7 ( ) Não acontece articulação

P27- EXISTE DIFICULDADE EM ARTICULAR AS POLÍTICAS SETORIAIS? 27. 1 ( ) SIM; 27.2 ( ) NÃO; 27. 3 ( ) Não sabe; 27.4 ( ) Não respondeu

P28 – SE SIM, QUAIS AS DIFICULDADES ENFRENTADAS PARA REALIZAR A ARTICULAÇÃO JUNTO ÀS POLÍTICAS SETORIAIS? 28.1 ( ) Ausência de entendimento sobre a importância da articulação para a promoção da inclusão; 28.2 ( ) Não há priorização; 28.3 ( ) Falta de decisão política; 28.4 ( ) As implicações burocráticas/administrativas; 28.5 ( ) Disputa de poder; 28.6 ( ) Não sabe; 28.7 ( ) Não respondeu; 28.8( ) Não existe dificuldade

P29 – VOCÊ PLANEJA SUAS AÇÕES? 29.1 ( ) SIM; 29.2 ( ) NÃO; 29.3 ( ) Não respondeu

P30- COM QUEM VOCÊ COSTUMA PLANEJAR? MÚLTIPLA ESCOLHA. 30.1 ( ) Colegas da equipe; 30.2( ) Profissionais da Assistência Social e de outras Políticas setoriais que fazem interface com as ações da Assistência Social; 30. 3 ( ) Com o conselho tutelar; 30.4 ( ) Com os usuários; 30.5 ( ) Com as Entidades que atuam no território; 30.6 ( ) Não planeja; 30.7 ( ) Não respondeu; 30.8 ( ) Individualmente

P31 – DE QUANTO EM QUANTO TEMPO VOCÊ PLANEJA DE FORMA ELABORADA? 31.1 ( ) Diariamente; 31.2 ( ) Semanal; 31.3 ( ) Quinzenal; 31.4 ( ) Mensal; 31. 5 ( ) Trimestral; 31.6 ( ) Semestral; 31.7 ( ) Anual; 31.8 ( ) Não se aplica; 31.9 ( ) Outros.

P32- NO SEU PLANEJAMENTO O QUE PODE SER ALTERADO? MÚLTIPLA ESCOLHA. 32.1 ( ) Os objetivos; 32.2 ( ) A metodologia; 32.3 ( ) O orçamento; 32.4 ( ) As metas; 32.5 ( ) Os indicadores; 32.6 ( ) Um planejamento não deve sofrer alteração; 32.7( ) O tempo para realização; 32.8 ( ) Não se aplica; 32.9 ( ) Não sabe; 32.10 ( ) Não respondeu

P33– VOCÊ DESENVOLVE O ACOMPANHAMENTO SOBRE AS AÇÕES/ATIVIDADES? 33.1 ( ) SIM; 33.2 ( ) NÃO; 33.3 ( ) Não sabe; 33.4 ( ) Não respondeu

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P34- SE SIM, COMO ACONTECE O ACOMPANHAMENTO/AVALIAÇÃO DAS AÇÕES? MÚLTIPLA ESCOLHA. 34.1 ( ) Através de relatórios; 34.2 ( ) Visitas nas unidades de atendimento; 34.3 ( ) Através de reuniões com as equipes; 34.4 ( ) Em reunião com os usuários; 34.5 ( ) Não acompanha; 34.6 ( ) Não sabe/Não respondeu; 34.7 ( ) Outros.

P35 – DE QUANTO EM QUANTO TEMPO VOCÊ MONITORA E AVALIA AS AÇÕES/SERVIÇOS PRESTADOS A POPULAÇÃO? 35.1 ( ) Semanal; 35.2 ( ) Quinzenal; 35.3 ( ) Mensal; 35.4 ( ) Bimensal; 35.5 ( ) Trimestral; 35.6 ( ) Semestral; 35.7 ( ) Anual; 35.8 ( ) Não realiza; 35.9 ( ) Diariamente; 35.10 ( ) Não sabe; 35.11 ( ) Não respondeu

P36 – ONDE VOCÊ REGISTRA AS INFORMAÇÕES COLETADAS NO PROCESSO DE ACOMPANHAMENTO E O RESULTADO DA AVALIAÇÃO? 36.1 ( ) Instrumental; 36.2 ( ) Nos relatórios; 36.3 ( ) Não registra; 36.4 ( ) Não sabe; 36.5 ( ) Não respondeu

P37 – DE ONDE VEM OS RECURSOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES? MÚLTIPLA ESCOLHA. 37.1 ( ) Repasse fundo a fundo; 37.2 ( ) Parceria com ONG’s; 37.3 ( ) Campanhas municipais; 37.4 ( ) Doações; 37.5 ( ) Não sabe37.6 ( ) Não respondeu

P38 – NO MUNICÍPIO QUEM ELABORA OS PROJETOS DE ASSISTÊNCIA SOCIAL? 38.1 ( ) Assessor externo; 38.2 ( ) Técnico; 38.3 ( ) Assessor da prefeitura; 38.4 ( ) Secretário (a) de Assistência Social; 38.5 ( ) Outro; 38.6 ( ) Não Sabe; 38.7 ( ) Não respondeu

P39 - NO SEU MUNICÍPIO QUEM DECIDE/DELIBERA SOBRE A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS? 39.1 ( ) Conselheiros; 39.2 ( ) Secretário (a) de Finanças/Administração e Assistência Social; 39.3 ( ) Secretário (a) de Assistência Social; 39.4 ( ) Secretário(a) de Assistência Social e diretores; 39.5 ( ) Primeira dama; 39.6 ( ) Prefeito; 39.7 ( ) Não sabe; 39.8 ( ) Não respondeu

P40 – OS USUÁRIOS PARTICIPAM DO DESENVOLVIMENTO DAS AÇÕES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 40.1 ( ) Sim; 40.2 ( ) Não; 40.3 ( ) Não sabe; 40.4 ( ) Não respondeu

P41 – SE SIM, QUANDO A PARTICIPAÇÃO DO USUÁRIO É MAIS FORTE? 41.1 ( ) Planejamento; 41.2 ( ) Execução; 41.3 ( ) Acompanhamento; 41.4 ( ) Avaliação; 41.5 ( ) Não sabe; 41.6 ( ) Não respondeu; 41.7 ( ) Não se aplica

P42 – O QUE COMPROMETE A PARTICIPAÇÃO ATIVA DOS USUÁRIOS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 42.1 ( ) Falta de conhecimento; 42.2 ( ) Falta de oportunidade; 42.3 ( ) Autoritarismo; 42.4 ( ) Desinteresse; 42.5 ( ) Medo; 42.6 ( ) Falta de incentivo; 42.7 ( ) Não sabe; 42.8 ( ) Não respondeu; 42.9 ( ) Outro.

P43– QUAIS TEMAS PRECISAM SER DISPONIBILIZADOS/APROFUNDADOS PARA MELHORAR A ATUAÇÃO DAS EQUIPES JUNTO AOS USUÁRIOS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 43.1 ( ) Protagonismo; 43.2 ( ) Cidadania; 43.3 ( ) Democracia; 43.4 ( ) Relacionamento interpessoal; 43.5 ( ) Liderança; 43.6 ( ) Trabalho coletivo; 43.7 ( ) Respeito; 43.8 ( ) Disciplina; 43.9 ( ) Temas relacionados a faixa etária; 43.10 ( ) Gênero; 43.11 ( ) Não sabe; 43.12 ( ) Não respondeu; 43.13 ( ) Outros

P44 – PARA VOCÊ O QUE É FAMÍLIA NA SUA COMPOSIÇÃO? MÚLTIPLA ESCOLHA. 44.1 ( ) Grupo de pessoas ligadas por laços consangüíneos; 44.2 ( ) Grupo de pessoas ligadas por relações de afeto; 44.3 ( ) Grupo de pessoas ligadas por estratégias de sobrevivência;

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44.4( ) Grupo de pessoas que garante afeto, educação para a cidadania e a sobrevivência dos seus membros; 44.5 ( ) Não sabe; 44.6 ( ) Não respondeu.

P45 – COMO A ASSISTÊNCIA SOCIAL ATUA JUNTO AO NÚCLEO FAMILIAR? 45.1 ( ) Abordando temas de interesses dos segmentos que compõe a família; 45.2 ( ) Promovendo encontros informativos com representantes das famílias; 45.3 ( ) Garantindo transferência de renda; 45.4 ( ) Desenvolvendo ações articuladas com outras Políticas setoriais; 45.5 ( ) Não atua junto à família enquanto núcleo; 45.6 ( ) Garantindo qualificação profissional; 45.7 ( ) Visita domiciliar; 45.8 ( ) Outros; 45.9 ( ) Não sabe; 45.10 ( ) Não respondeu.

INVESTIMENTO EM FORMAÇÃO

P46 COMO VOCÊ AVALIA O QUANTITATIVO DE RECURSOS FINANCEIROS DISPONIBILIZADOS PARA A CAPACITAÇÃO DAS EQUIPES QUE ATUAM NA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 46.1 ( ) Suficiente; 46.2( ) Insuficiente; 46.3 ( ) Inexistente; 46.4 ( ) Não se aplica; 46.5 ( )Não sabe; 46.6 ( ) Não respondeu

P47- DURANTE O TEMPO EM QUE VOCÊ VEM ATUANDO NA ASSISTÊNCIA SOCIAL, QUANTOS MOMENTOS DE CAPACITAÇÃO VOCÊ PARTICIPOU? 47.1 ( ) 1 a 5; 47.2 ( ) 6 a 10; 47.3 ( ) Acima de 10; 47.4 ( ) Nunca participou; 47.5 ( ) Não sabe; 47.6 ( ) Não respondeu

P48 – NUMERE POR ORDEM DE IMPORTÂNCIA QUAIS AS MELHORES FORMAS DE REPASSAR CONHECIMENTOS? 48.1 ( ) Oficinas; 48.2 ( ) Seminários; 48.3 ( ) Cursos; 48.4 ( ) Conferências; 48.5 ( )Reuniões in loco; 48.6 ( ) Socialização de experiências / intercâmbios entre equipes; 48.7 ( ) Não respondeu; 48.8 ( ) Não sabe

P49 - QUAIS AS DIFICULDADES? MÚLTIPLA ESCOLHA. 49.1 ( ) Metodologia; 49.2 ( ) Mobilização; 49.3 ( ) Abordagem de temas polêmicos; 49.4 ( ) Participação; 49.5 ( ) Espaço físico; 49.6 ( ) Conhecimento sobre o tema; 49.7 ( ) Não tem dificuldade; 49.8 ( ) Não sabe; 49.9 ( ) Não respondeu; 49.10 ( ) Outro

P50 – EXISTE ALGUMA DIFICULDADE PARA REALIZAÇÃO DO TRABALHO COM FAMÍLIA? 50. 1 ( ) Sim; 50.2 ( ) Não; 50.3 ( ) Não sabe/Não respondeu; 50.4 ( ) Não se aplica

P51- QUAIS AS ATIVIDADES QUE VOCÊ DESENVOLVE COM AS FAMÍLIAS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 51.1 ( ) Reunião com as mães; 51.2 ( ) Grupos com idosos; 51.3 ( ) Grupos com crianças e adolescentes; 51.4 ( ) Grupo com jovens; 51.5 ( ) Festas em datas comemorativas; 51.6 ( ) Mutirões; 51.7 ( ) Atividades socioeducativas; 51.8 ( ) Visita domiciliar; 51.9 ( ) Geração de Renda; 51.10 ( ) Outros; 51.11 ( ) Não se aplica; 51.12 ( ) Não sabe; 51.13 ( ) Não respondeu

P52-INDIQUE ATÉ 3 CONTEÚDOS QUE VOCÊ PRECISA APROFUNDAR EM RELAÇÃO AS SEGUINTES TEMÁTICAS:

52.1 ( ) Diagnóstico Social; 52.2 ( ) Planejamento; 52.3 ( ) Ações Socioeducativas; 52.4 ( ) Monitoramento e Avaliação; 52.5 ( ) Gestão Financeira; 52.6 ( ) Gerenciamento de Equipes; 52.7 ( ) Controle Social; 52.8 ( ) Elaboração de Projetos; 52.9 ( ) Trabalho com família; 52.10 ( ) Não respondeu

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P53. VOCÊ SISTEMATIZA SUA ATUAÇÃO? 53.1 ( ) SIM; 53.2( ) NÃO; 53.3 ( ) Não sabe; 53.4 ( ) Não respondeu

P54 NA SUA PRÁTICA, COMO ACONTECE A SISTEMATIZAÇÃO? 54.1 ( ) Nos encontros ampliados; 54.2 ( ) No período de avaliação final; 54.3 ( ) No período de elaboração de relatórios; 54.4 ( ) Não acontece sistematização; 54.5 ( ) Outros; 54.6 ( ) Não sabe; 54.7 ( ) Não respondeu

P55 VOCÊ ENFRENTA DIFICULDADE EM SISTEMATIZAR SUAS EXPERIÊNCIAS NA ASSISTÊNCIA SOCIAL? 55.1 ( ) SIM; 55.2 ( ) NÃO; 55.3 ( ) Não sabe; 55.4 ( ) Não respondeu; 55.5 ( ) Não sistematiza; 55.6 ( ) Não se aplica

P56 O QUE DIFICULTA A SUA SISTEMATIZAÇÃO? 56.1 ( ) Ausência de registros; 56.2 ( ) Ausência de planejamento; 56.3 ( ) Ausência de acompanhamento; 56.4 ( ) Desconhecimento sobre metodologia/como fazer; 56.5 ( ) Disponibilidade de tempo; 56.6 ( ) Desarticulação entre as equipes; 56.7 ( ) Outros; 56.8 ( ) Não se aplica; 56.9 ( ) Não sabe; 56.10 ( ) Não respondeu.

P57 QUAL A IMPORTÂNCIA DA SISTEMATIZAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DA PNAS? MÚLTIPLA ESCOLHA. 57.1 ( ) Subsidia a análise sobre os resultados; 57.2 ( ) Possibilita a avaliação no processo de intervenção; 57.3 ( ) Não tem importância; 57.4 ( ) Garante argumentos para mobilizar/captar recursos; 57.5 ( ) Traz informações para os relatórios; 57.6 ( ) Facilita a prestação de contas sobre os recursos utilizados; 57.7 ( ) Não sabe; 57.8 ( ) Não respondeu

P58 – VOCÊ UTILIZA A INFORMÁTICA NA SUA ATUAÇÃO PROFISSIONAL? 58.1 – ( ) SIM 58.2 ( ) NÃO 58.3 ( ) Não respondeu

P59– QUANDO VOCÊ UTILIZA A INFORMÁTICA? MÚLTIPLA ESCOLHA. 59.1 ( ) Na elaboração de documentos; 59.2( ) Na construção de apresentações; 59.3( ) Na internet; 59.4 ( ) Na elaboração de planilha; 59.5 ( ) Não se aplica; 59.6 ( ) Não utiliza.

P60 – EXISTE. NA ASSISTÊNCIA SOCIAL, SISTEMAS INFORMATIZADOS PARA ORGANIZAR AS INFORMAÇÕES EM REDE? 60.1 ( ) SIM; 60.2( ) NÃO; 60.3 ( ) Não sabe; 60.4 ( ) Não respondeu

P61 – CITE UM SISTEMA INFORMATIZADO PARA A ASSISTÊNCIA SOCIAL. 61.1 ( ) SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO DA ASSISTENCIA SOCIAL – SIGAS; 61.2 ( ) BOLSA FAMILIA; 61.3 ( ) SUAS/WEB; 61.4 ( ) SIPIA; 61.5 ( ) Outros; 61.6 ( ) Não sabe; 61.7 ( ) Não respondeu

P62- EXISTE DIFICULDADE NA OPERACIONALIZAÇÃO DOS SISTEMAS? 62.1 ( ) Sim; 62.2 ( ) Não; Qual?_____________________________ 62.3 ( ) Não respondeu

P63 – QUAL O OBJETIVO PARA OS DADOS ARMAZENADOS NO SISTEMA? Múltipla Escolha 63.1 ( ) Produzir análises sobre a implementação das ações frente as necessidades das famílias; 63.2 ( ) Fiscalizar duplicidades no atendimento; 63.3 ( ) Excluir usuários que não cumprirem com as determinações dos programas; 63.4 ( ) Elaborar relatórios mais próximos da realidade; 63.5 ( ) Organizar cadastros das famílias atendidas pela Assistência Social; 63.6 ( ) Prestar contas ao gestor Estadual e Federal; 63.7 ( ) Prestar contas ao CMAS e Ministério Público; 63.8 ( ) Outros; 63.9 ( ) Não sabe; 63.10 ( ) Não respondeu

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P64 – QUAL A SUA SUGESTÃO DE CONTEÚDO(S) PARA UMA CAPACITAÇÃO NA ÁREA DE INFORMÁTICA – Múltipla Escolha 64.1 ( ) Windows (Excel, Power Point. Etc.); 64.2 ( ) Digitação; 64.3 ( ) Internet / redes; 64.4 ( ) Word; 64.5 ( ) Excel; 64.6 ( ) Power Point; 64.7 ( ) Corel Draw; 64.8 ( ) Não sabe; 64.9 ( ) Não respondeu; 64.10 ( ) sistemas.

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TÉCNICA - GRUPO FOCAL

ROTEIRO

I. SUBSÍDIOS PARA ANÁLISE OPINIÃO SOBRE:

1. A vulnerabilidade social no município;

2. A expectativa da população em relação à Assistência Social;

3. As respostas da Assistência Social em relação às necessidades e expectativas da

população;

4. A atuação das equipes (avanços e desafios);

A formação profissional x a aplicabilidade na implementação da Política de

Assistência Social;

5. A articulação com outras áreas (avanços e desafios);

6. O acompanhamento, a fiscalização e a deliberação sobre a política de Assistência

Social;

7. Dificuldades enfrentadas no atendimento;

8. Atividade mais complexa;

9. Tema desconhecido;

10. Segmento da família mais excluído das ações;

11. Alterações necessárias na gestão e atendimento da Assistência Social;

12. Apoio necessário para qualificar a atuação dos gestores e técnicos da assistência

social.

II - FOCO PARA ANÁLISE:

Conceito de vulnerabilidade social;

Concepção sobre a Assistência Social;

Avaliação sobre a eficácia das ações de Assistência Social frente às

situações de vulnerabilidade;

Compreensão sobre o SUAS;

Compreensão sobre as competências das esferas de governo (estadual e

federal) - Descentralização;

O controle social;

Capacidade técnica instalada frente às demandas; de Assistência Social;

Expectativas sobre processo de capacitação técnica;

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Protagonismo (co-gestão de coletivos);

Captação de recursos;

Gerenciamento (financeiro/administrativo);

Matricialidade Sociofamiliar.

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TÉCNICA – ENTREVISTAS SEMI-ESTRUTURADAS

QUESTÃO CHAVE QUAIS OS AVANÇOS E DESAFIOS DA ASSISTÊNCIA SOCIAL NO ESTADO E NOS MUNICÍPIOS? PONTOS A SEREM EXPLORADOS

O orçamento e financiamento;

Captação de recurso (elaboração de projetos)

A gestão (processo descentralizado x autonomia das esferas de governo x

fragilidades e potencialidades);

SUAS: níveis de proteção x integralidade x inclusão social;

Matricialidade Sociofamiliar;

Instrumentos de gestão: PPA, Relatório de Gestão, Plano de ação, SUAS/WEB;

A atuação das equipes (fragilidades e potencialidades x investimento em

capacitação);

A articulação com outras políticas (Intersetorialidade, universalização dos direitos);

A Rede socioassistencial (composição da gestão e financiamento frente às

demandas);

A participação dos usuários (Protagonismo);

A contribuição dos conselhos;

A importância das conferências;

As demandas reprimidas;

As sugestões para o suprimento das demandas;

Acompanhamento e avaliação (registro, sistematização e análise).