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Movimento Modernista - Maga.zine - Estadao.com.br Apresentação O MOVIMENTO MODERNISTA No vigésimo aniversário da Semana de Arte Moderna - a semana de 13 a 17 de fevereiro de 1922, em que o modernismo foi apresentado como uma ruptura com os padrões estéticos em voga - Mário de Andrade escreveu uma série de quatro artigos para O Estado de S. Paulo sobre o movimento. Ele não enfocou apenas a semana, que se iniciou na Segunda- feira, 13 de fevereiro, no Teatro Municipal, com uma exposição de artes plásticas do saguão do teatro, que o diplomata Graça Aranha reconhecia que seria, para muitos, uma "exposição dos horrores" - quadros de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Zina Aita, J.F. de Almeida Prado, Vicente do Rego Monteiro, esculturas de Victor Brecheret. Seguiram-se números http://www.estadao.com.br/magazine/especial/modernismo/apresentacao.htm (1 of 2)8/5/2005 02:13:25

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    Apresentao

    O MOVIMENTO MODERNISTA

    No vigsimo aniversrio da Semana de Arte Moderna - a semana de 13 a 17 de fevereiro de 1922, em que o modernismo foi apresentado como uma ruptura com os padres estticos em voga - Mrio de Andrade escreveu uma srie de quatro artigos para O Estado de S. Paulo sobre o movimento.

    Ele no enfocou apenas a semana, que se iniciou na Segunda-feira, 13 de fevereiro, no Teatro Municipal, com uma exposio de artes plsticas do saguo do teatro, que o diplomata Graa Aranha reconhecia que seria, para muitos, uma "exposio dos horrores" - quadros de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, John Graz, Zina Aita, J.F. de Almeida Prado, Vicente do Rego Monteiro, esculturas de Victor Brecheret.

    Seguiram-se nmeros

    http://www.estadao.com.br/magazine/especial/modernismo/apresentacao.htm (1 of 2)8/5/2005 02:13:25

    http://www.estadao.com.br/http://www.estadao.com.br/http://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://www.estado.estadao.com.br/http://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://www.jt.estadao.com.br/http://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://www.radioeldorado.com.br/http://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://www.listasoesp.com.br/javascript:void(0)http://www.estadao.com.br/webmail/http://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://www.estado.estadao.com.br/suplementos/sup_portal.htmlhttp://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://www.estadinho.com.br/http://www.estadao.com.br/autos/http://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://estado.infotempo.com.br/http://www.estadao.com.br/turismo/http://www.estadao.com.br/divirtase/http://www.estadao.com.br/esportes/http://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://www.classificados.estadao.com.br/http://www.estadao.com.br/shopping/http://www.estadao.com.br/cgi-ptl/call.pl?http://www.casaescritorio.com.br/http://www.estadao.com.br/eleicoes/governolula/index.htmhttp://www.estadao.com.br/educando/http://www.estadao.com.br/magazine/http://www.estadao.com.br/agestado/imagenshttp://www.estadao.com.br/ciencia/http://www.estadao.com.br/tecnologia/http://www.estadao.com.br/financas/http://www.estadao.com.br/economia/http://www.estadao.com.br/agestado/http://www.estadao.com.br/

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    O Teatro Municipal, 1922. Arquivo-Light-SP

    musicais de autores modernos, interpretados por Ernani Braga, ilustrando a conferncia de Graa Aranha. Ronald de Carvalho, Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida declamaram seus poemas. Sergio Milliet Os declamou em francs. Yvonne Daumerie danou e Guiomar Novaes tocou piano. A segunda parte foi dedicada msica. Trs peas de Villa-Lobos foram executadas em meio a vaias. O autor, de casaca e chinelo, provocara ainda mais as iras do pblico. A violinista Paulina d'Ambrsio chorou no palco. Um escndalo completo.

    Mrio de Andrade traou um amplo panorama das tendncias que se agruparam e os sentimentos que impulsionava uma dezena de jovens escritores e artistas paulistas levando exploso da Semana de Arte Moderna.

    Mulata. Di Cavalcanti O Farol. Anita Malfatti

    Verso para impresso

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    Captulo I Parte I Parte II Parte III Faz vinte anos, este ms de fevereiro, que se realizou no Teatro Municipal, a Semana de Arte Moderna. todo um passado longnquo de que sorrio sem medo, mas que me assombra um pouco tambm. Foi gostoso, ficou bonito, mas como tive coragem para participar daquilo! certo que com minhas experincias artsticas muito venho escandalizando essa minoria que a intelectualidade do meu pas, mas, na realidade, feitas em artigos e livros, minhas experincias como que no se executam in anima nobile. No estou de corpo presente e isso desencaminha o choque da estupidez.

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    Programa doTeatro Municipal, segundo Festival da Semana de Arte Moderna, 1922

    Mas como tive coragem para dizer versos ante uma assuada to singular, que eu no escutava do palco o que Paulo Prado me gritava da primeira fila das poltronas?... Como pude fazer uma hrrida conferncia na escadaria do teatro, cercado de annimos que me caoavam e ofendiam a valer?...

    Anita Malfatti

    O meu mrito de participante mrito alheio: fui encorajado, fui enceguecido pelo entusiasmo dos outros. Apesar da confiana, absolutamente firme que tinha na esttica renovadora, eu no teria foras para arrostar aquela tempestade de achincalhes. E se agentei o tranco foi porque estava delirando. O entusiasmo dos outros me embebedava, no o meu. Por mim teria cedido. Digo que teria cedido, mas apenas nessa parte espetacular do movimento modernista. Com ou sem a Semana, minha vida intelectual seria o que tem sido.

    A Semana marca uma data, isso inegvel. uma data que envaidece recordar.

    Mas o certo que a preconcincia primeiro, e em seguida a convico de uma arte nova, de um esprito novo, desde pelo menos seis anos viera se definindo no... sentimento de um grupinho de intelectuais, aqui. Do

    primeiro, foi um fenmeno estritamente sentimental, uma intuio divinatria, um... estado de poesia. Com efeito: educados na plstica "histrica", sabendo quando muito da existncia dos primeiros impressionistas, ignorando Czanne, o que nos levou a aderir incondicionalmente exposio de Anita Malfatti, em plena guerra europia, mostrando quadros expressionistas e cubistas? Parece absurdo, mas aqueles quadros foram para mim a revelao. E delirvamos diante do Homem Amarelo, a Estudanta Russa, a Mulher dos Cabelos Verdes. E ao Homem Amarelo eu dedicava um soneto parnasianssimo... ramos assim.

    Pouco depois, Menotti del Picchia e Osvaldo de Andrade, descobriram Brecheret no seu exlio do Palcio das Indstrias. E fazamos verdadeiras "rveries" simbolistizantes em frente da simblica exasperada e das estilizaes decorativas do "gnio". Porque Brecheret era para ns no

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    Menotti del Pichia, 1917

    mnimo um gnio. Este era o mnimo com que podamos nos contentar, tais os entusiasmos a que ele nos sacudia. E Brecheret ia ser em breve o gatilho que faria Paulicia Desvairada estourar.

    Eu passara esse ano de 1920 sem fazer mais poesia. Tinha cadernos e cadernos de cousas parnasianas e algumas simbolistas, mas tudo acabara por me desagradar. Na minha cultura desarvorada, j conhecia at Marinetti, mas repudiava a maioria dos princpios futuristas, como j escrevera no Jornal dos Debates, de Pinheiro da Cunha. S ento que descobri Verhaeren, desculpem, e foi o deslumbramento. Concebi fazer um livro de poesias modernas em verso livre, sobre a minha cidade. Tentei, no veio nada que me interessasse. Tentei mais e nada. Os meses passavam numa angstia, numa insuficincia feroz. Ser que a poesia tinha se acabado em mim?... E eu me acordava insofrido.

    A isso se ajuntavam dificuldades morais e vitais de toda espcie, foi ano de sofrimento muito. J ganhava para viver folgado, mas o ganho fugia em livros e eu me estrepava em arranjos financeiros temveis. Estava criando fama de professor bom e fazia esforos para que meus alunos de Conservatrio passassem com notas altas. Em casa o clima era torvo. Se me e irmos no me amolavam com as minhas "loucuras", o resto da famlia me retalhava sem piedade. Tinha discusses brutas em que os desaforos mtuos no raro chegavam quele ponto de arrebentao que... por que ser que a arte os provoca!... A briga era brava e, se no me abatia nada, me deixava em dio, mesmo dio.

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    Captulo I Parte I Parte II Parte III

    Foi quando Brecheret me concedeu passar em bronze um gesto dele que eu adorava, uma cabea de Cristo. Mas "com que roupa"? eu devia os olhos da cara! No hesitei, fiz mais conchavos financeiros e afinal pude desembrulhar em casa a minha Cabea de Cristo. A notcia corre