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8/19/2019 31 Grelha Penal Prof 1Cham http://slidepdf.com/reader/full/31-grelha-penal-prof-1cham 1/5 CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS PROVA ESCRITA DE DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL VIA PROFISSIONAL 2014 - 1ª CHAMADA CRITÉRIOS DE CORREÇÃO I Relativamente ao acórdão a proferir 1. Relatório e saneamento -  0,5 valor  2. Descrição dos factos provados e não provados e fundamentação da decisão sobre a matéria de facto - 5 valores. 2.1. Seleção da matéria de facto provada e não provada. Seria possível considerar provados: Os pontos 1 a 16 da acusação; Sempre que lá iam, Carlos e Joaquina deixavam ficar leite para toda a semana, flocos de cereais, latas de conserva com peixe, com carne, feijoada, marmelada, bolachas de água e sal, biscoitos, massas, que depois o pai ia comendo ao longo da semana; O ponto 18; António decidiu falar com João, funcionário do Banco OPA, SA., colega de Carlos, dizendo-lhe que se conseguisse fazer com que o crédito lhe fosse concedido lhe daria uma percentagem do respetivo valor; O ponto 21; António decidiu deslocar-se a Odivelas, com a intenção de falar com o pai de Carlos; Os pontos 23 e 24;

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CENTRO DE ESTUDOS JUDICIÁRIOS

PROVA ESCRITA DE DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL

VIA PROFISSIONAL

2014 - 1ª CHAMADA

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

I

Relativamente ao acórdão a proferir

1. Relatório e saneamento - 0,5 valor  

2. Descrição dos factos provados e não provados e fundamentação da decisão sobre a

matéria de facto - 5 valores. 

2.1. Seleção da matéria de facto provada e não provada. 

Seria possível considerar provados:

Os pontos 1 a 16 da acusação;

Sempre que lá iam, Carlos e Joaquina deixavam ficar leite para toda a semana,

flocos de cereais, latas de conserva com peixe, com carne, feijoada, marmelada,

bolachas de água e sal, biscoitos, massas, que depois o pai ia comendo ao longo

da semana;

O ponto 18;

António decidiu falar com João, funcionário do Banco OPA, SA., colega de

Carlos, dizendo-lhe que se conseguisse fazer com que o crédito lhe fosse

concedido lhe daria uma percentagem do respetivo valor;

O ponto 21;

António decidiu deslocar-se a Odivelas, com a intenção de falar com o pai de

Carlos;

Os pontos 23 e 24;

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O arguido António bateu várias vezes à porta e o pai de Carlos não a abriu;

Preocupado, subiu a um bidão para ver pela janela se Fernando estava bem;

Através do vidro viu Fernando com um roupão vestido, deitado sobre a cama,

com um dos braços e uma das pernas pendentes para fora do colchão, sem se

mexer.

O arguido António bateu várias vezes no vidro da janela e Fernando não se

mexeu;

Por ter ficado convencido de que Fernando precisava de ajuda, partiu o vidro e

saltou através da janela para o interior do armazém;

O ponto 26;

O ponto 27;

O ponto 28, à exceção de “sobretudo nos cantos”;

O mesmo já tinha acontecido na semana anterior;

Revoltado com Carlos, António decidiu procurá-lo, vindo a encontrá-lo por volta

das 17h15m à porta de casa;

António interpelou Carlos e desferiu-lhe um murro no rosto;

O ponto 32;

O ponto 33;

O ponto 34;

A matéria constante dos certificados de registo criminal dos arguidos;

O teor dos relatórios sociais.

Seria possível considerar não provados:

A quantidade precisa de 6 litros de leite que Carlos e Joaquina alegadamentedeixariam a Fernando quando se deslocavam ao armazém;

O ponto 19;

Que Carlos tivesse dito a António, pela terceira vez, para não se preocupar, pois

a situação ficaria resolvida em breve;

Que quando António se deslocou a Odivelas tivesse a intenção de dizer ao pai

de Carlos que este não tinha cumprido com o prometido e que por causa disso

teria de abandonar o armazém;

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Que os vestígios de urina e fezes se verificassem sobretudo nos cantos do

armazém;

Que na semana anterior Fernando tivesse sido seriamente repreendido por

Carlos e Joaquina, pela sua falta de higiene e por dessa forma estar a danificar o

imóvel;

Que tivesse sido por volta das 16h30m que António encontrou Carlos à porta

de casa;

Que quando António encontrou Carlos à porta de casa tivesse dito que queria o

pai deste fora do armazém e este devolvido num estado impecável e que,

depois de dar o murro no rosto de Carlos, lhe haja dito: “isto é para não

andares a fazer pouco de mim”;

2.2. Seleção dos meios de prova relevantes para a demonstração da realidade dos

factos dados como provados e fundamentação da decisão relativa aos factos dados

como não provados, fazendo referência às declarações dos arguidos e aos termos em

que as mesmas poderiam ser valoradas, no cotejo com as declarações produzidas

pelas testemunhas e a devida ponderação das regras da experiência comum.

3. Enquadramento jurídico-penal – 8 valores. 

3.1. Prática pelo arguido Carlos de um crime de corrupção passiva no setor privado, na

forma consumada - art.º 8º, nºs 1 e 2, da Lei nº 20/2008, de 21 de abril.

3.2. Prática pelo mesmo arguido de um crime de tráfico de influência, na forma

consumada – art.º 335º, nº 1, al. a), do CP.

3.3. Prática pelo arguido António de um crime de tráfico de influência, na forma

consumada – art.º 335º, nºs 2 e 1, al. a), do CP.

3.3.1.Responsabilidade penal da sociedade Cantoneira, Lda., porquanto António atua

na sua qualidade de gerente, em nome e no interesse daquela sociedade – 11º, nºs 2,

al. a), 4 e 7 do CP;

3.4. Prática pelo mesmo arguido de um crime de corrupção ativa no setor privado, na

forma consumada – art.º 9, nºs 1 e 2 da Lei nº 20/2008, de 21 de abril.

3.4.1. Responsabilidade penal da sociedade Cantoneira, Lda., porquanto António atuou

na sua qualidade de gerente, em nome e no interesse daquela sociedade – art.º 4.º da

Lei nº 20/2008, de 21 de abril e art.º 11º, nºs 2, al. a), 4 e 7 do CP.

i) Possível valoração do enquadramento na prática pelo arguido Carlos de um crime de

burla, na forma consumada, p. e p., pelo disposto no artigo 217.º do CP, se essa

qualificação se revelar coerente com a factualidade considerada provada pelo

candidato e fundamentadamente discutida na respetiva motivação.

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3.5. Prática, em coautoria, por parte de Carlos e Joaquina de um crime de maus tratos

 – art.º 152º-A, nº 1, al. a) do CP.

ii) Possível valoração do enquadramento na prática, em coautoria, pelos arguidos

Carlos e Joaquina de um crime de violência doméstica, na forma consumada – 152º, nº

1, al. d) do CP, se essa qualificação jurídica se revelar fundamentada, em particular naanálise critica do conceito de típico de coabitação;

iii) Possível valoração do enquadramento na prática, em coautoria, pelos arguidos

Carlos e Joaquina de um crime de crime de exposição ou abandono, na forma

consumada – art.º 138º, nºs 1, al. b), e 2 do CP, se essa qualificação se revelar

 fundamentada, em particular na análise crítica da prova que permita a subsunção ao

 perigo concreto para a vida;

3.6. Prática por parte do arguido António de um crime de corrupção ativa no setor

privado, na forma consumada – art.º 9, nºs 1 e 2 da Lei nº 20/2008, de 21 de abril;

3.6.1. Responsabilidade penal da sociedade Cantoneira, Lda., porquanto António atuou

na sua qualidade de gerente, em nome e no interesse daquela sociedade – art.º 4.º da

Lei nº 20/2008, de 21 de abril e art.º 11º, nºs 2, al. a), 4 e 7 do CP;

3.7. Questionar a autoria por parte de António de um crime de invasão do domicílio,

na forma consumada - art.º 190º do CP, a qual ficaria afastada por exclusão do dolo,

com fundamento no erro sobre a factualidade típica constitutiva de uma causa de

 justificação, in casu o direito de necessidade, nos termos das disposições conjugadas

dos art.º 34º e 16º, nºs 2 e 1 do CP;

3.8. Prática por parte do arguido António de um crime de ofensa à integridade físicasimples – art.º 143º do CP.

Nota: A possível ponderação da valoração nos termos assinalados em i), ii) e iii) não

dispensa a prévia identificação (designadamente no relatório do acórdão) dos crimes

identificados em 3.1 a 3.4.1 e 3.5.

4. Escolha e medida das penas - 3 valores. 

4.1 Determinação sucinta de cada pena parcelar a aplicar a cada arguido por cada um

dos crimes cometidos e da pena única considerada adequada;

5. Dispositivo:

5.1. Observância dos requisitos formais - 1 valor . 

II

Relativamente à decisão a proferir em ata

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1. Questionamento da possibilidade de o assistente se recusar a depor, usando da

faculdade prevista no art.º 134º do CPP para as testemunhas, por remissão do art.º

145º, nº 3, do CPP. Subtraída a possibilidade de uma tal aplicação às situações de

manifesta inaplicabilidade ali previstas - 1,5 valores 

III

Ponderação global positiva da prova

Quando merecida e justa, face à concreta prestação do candidato (tendo em conta a

apreciação global da capacidade de exposição dos conhecimentos, do poder de

síntese, da argumentação e domínio da língua portuguesa) - 1 valor  

*

Na pontuação a atribuir a cada um dos itens acima referidos, serão considerados a

correção/plausibilidade das soluções encontradas, a qualidade e eficácia da

fundamentação desenvolvida, o poder de síntese, a correção do ponto de vista

técnico-jurídico e clareza e propriedade na utilização da língua portuguesa. Sendo

apenas exigível um grau de aprofundamento das questões compatível com a duração

da prova e a sua específica dificuldade.