30 de setembro de 2014 aula teórica

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30 de Setembro de 2014 Aula Teórica Princípios Constitucionais da Organização Administrativa A CRP prevê estes princípios nos artigos 267º e 6º. O artigo 266º e seguintes são muito importantes no Direito Administrativo e na Organização Administrativa. No art.267º fala-se no princípio desburocratização, princípios da descencentralização e desconcentração administrativas, princípio da eficácia e o princípio unidade da administração falamos aqui em princípios. O artigo 6º tem como epigrafo “Estado Unitário” e prende-se com as formas de Estado, mostrando assim que o Estado Português é um Estado Unitário Regional, porque admite as Regiões Autónomas Açores e Madeira. Isto é muito importante, uma vez que, a Organização e o Direito Administrativos são muito diversos consoante a forma de Estado. A administração pública depende toda ela do governo em Portugal, no caso de um Estado Federal será diferente. Este artigo fala-nos também de um princípio de unidade, princípio da subsidiariedade O princípio da unidade decorre do sistema unitário do Estado Português e significa que é necessário manter essa unidade da Administração Pública. O princípio da subsidiariedade significa e é muito importante para Administração Pública, pois devem ser a entidades que estão mais próximas dos cidadãos devem ser estas a decidir sobre as matérias que interferem com a vida dos mesmos. Este princípio parte do pressuposto de que deve haver uma repartição de competências do Estado para as outras entidades mais próximas e, acaba por estar intimamente ligada com o princípio da descentralização. O princípio da desburocratização também tem a ver com a estrutura da Administração Pública, garantindo assim a eficiência, evitar certas formalidades desnecessárias facilitando mais ao próprio indivíduo evitando custos mais elevados. No fundo, este princípio 1

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30 de Setembro de 2014 Aula Teórica

Princípios Constitucionais da Organização Administrativa

A CRP prevê estes princípios nos artigos 267º e 6º. O artigo 266º e seguintes são muito importantes no Direito Administrativo e na Organização Administrativa. No art.267º fala-se no princípio desburocratização, princípios da descencentralização e desconcentração administrativas, princípio da eficácia e o princípio unidade da administração falamos aqui em princípios.

O artigo 6º tem como epigrafo “Estado Unitário” e prende-se com as formas de Estado, mostrando assim que o Estado Português é um Estado Unitário Regional, porque admite as Regiões Autónomas Açores e Madeira. Isto é muito importante, uma vez que, a Organização e o Direito Administrativos são muito diversos consoante a forma de Estado. A administração pública depende toda ela do governo em Portugal, no caso de um Estado Federal será diferente. Este artigo fala-nos também de um princípio de unidade, princípio da subsidiariedade

O princípio da unidade decorre do sistema unitário do Estado Português e significa que é necessário manter essa unidade da Administração Pública. O princípio da subsidiariedade significa e é muito importante para Administração Pública, pois devem ser a entidades que estão mais próximas dos cidadãos devem ser estas a decidir sobre as matérias que interferem com a vida dos mesmos. Este princípio parte do pressuposto de que deve haver uma repartição de competências do Estado para as outras entidades mais próximas e, acaba por estar intimamente ligada com o princípio da descentralização.

O princípio da desburocratização também tem a ver com a estrutura da Administração Pública, garantindo assim a eficiência, evitar certas formalidades desnecessárias facilitando mais ao próprio indivíduo evitando custos mais elevados. No fundo, este princípio visa alcançar uma maior simplicidade tornando as entidades mais leves em termos estruturais. Com esta simplicidade, alcança-se também uma maior rapidez na resolução de problemas dos particulares. Outros fenómenos ligados a uma Administração Burocrático faz-nos ver que existem mais custos, a Administração acaba por se tornar mais lenta, muitas vezes mais corrupta. Como tal, a desburocratização tem como objectivo tornar a Administração mais acessível, mais transparente evitando que determinados cidadãos se sintam enganados, fazendo com que estes saibam aquilo que se passa e consigam acompanhar todo o processo.

A aproximação dos serviços às populações, por exemplo os centros de saúde são claramente um caso de aproximação. Este princípio da aproximação dos serviços às populações tem sido muito falado devido à redução de centros de saúde e de escolas, por exemplo.

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Estes princípios constitucionais que vêm dos anos 70 têm de ser remodelar aos tempos modernos, tentando o máximo adaptar-se a estas novas mudanças estando preparada a satisfazer as necessidades das populações. No entanto, estes aspectos têm de ser lidos em conjunto com outros condicionalismos. Tem de se averiguar a situação equilibrada.

A participação dos interessados na gestão da administração, pode ser feita através do voto: o caso das autarquias locais, escolhendo assim os titulares das autarquias. O referendo é outro exemplo de participação, o orçamento participativo.

Os princípios da descentralização e desconcentração. A descentralização pressupõe outras pessoas colectivas, não apenas o Estado Administração; dizemos que é um fenómeno inter-subjectivo. A desconcentração, ou seja, é uma repartição decisória por todas as entidades. O facto de existirem vários órgãos e de cada um ter determinadas competências.

Esta estrutura da própria Administração Portuguesa, encontra-se inserida numa lógica de rede nas próprias estruturas da União Europeia.

Ver PRACE 2005 e PREMAC 2011 linhas para reforma. Ver também os sumários no moodle e estudar as páginas lá inseridas.

2 de Outubro de 14 Aula Prática

Administração Pública em sentido formal: modo de actuar próprio da Administração. Sistemas de Administração

Sistema de Administração Tradicional : vigorava na Europa até à Revolução Inglesa e Francesa, ou seja, até ao liberalismo. A mesma entidade, que era o Rei acumulava todos os poderes e, como tal não existia separação de poderes. Havia uma falta de controlo da administração pública e, portanto ou não existiam normas ou nem sequer tinham carácter jurídico. Por vezes existiam regras com carácter jurídico mas que eram com facilidade afastadas pelo Rei. Como tal, não havia uma garantia dos direitos dos particulares;

Sistema de Administração Pós-Revolução Francesa e Inglesa : houve uma separação de poderes, que pressupõe a diferenciação de funções e, entrega dessas funções a entidades distintas. Proclamam-se os direitos, liberdades e garantias. Nascem assim:- Sistema de Administração Judiciária (Sistema Britânico) : há separação

da função administrativa e jurisdicional. Esta separação implica que os próprios juízes sejam independentes do poder político. Existência de um verdadeiro Estado de Direito, além de se proclamarem direitos existe uma subordinação de todos, inclusivamente do Rei.

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Anteriormente o Rei era a própria lei e, num Estado de Direito todos e todas as entidades superiores estão subordinados ao Direito Consuetudinário (costume). Deu-se também a descentralização na Administração local (autarquias com muito poder) e a Administração central que pressupõe a separação de competências entre as várias pessoas colectivas. Sujeição da Administração aos Tribunais comuns, que julgam todos havendo uma igualdade, chamados Courts of Law. Neste sistema a Administração Pública não podia executar os actos coercivamente, tinha de recorrer aos Tribunais, e na sequência da sentença é que a Administração podia ou não prosseguir com as suas decisões;

- Sistema de Administração Executiva (Sistema Tipo Francês/Continental): em comum tinha também um Estado de Direito e separação de poderes. Neste sistema há uma centralização em oposto ao sistema britânico, isto quer dizer que, existe a necessidade de existir um aparelho forte, a Administração Central – o Estado – e, consequentemente, as autarquias locais existiam mas tinham muito pouco poder. Sujeição da Administração aos Tribunais Administrativos. Estes Tribunais não eram verdadeiros Tribunais, não eram compostos por verdadeiros juízes, contudo, hoje os Tribunais Administrativos são puros órgãos jurisdicionais, nos primórdios deste sistema é que não eram assim vistos. Surgimento de um Ramo de Direito Público que surge no sistema tipo francês, o chamado Direito Administrativo que atribui especiais poderes e direitos, mas também especiais deveres à Administração Pública. Existe o privilégio de execução prévia, sem necessidade de recorrer aos Tribunais para executar as suas decisões. Proclama-se um sistema de garantias, num entanto, de modo diferente do que encontrávamos no Sistema Britânico, porque os administrados não tinham poderes contra a Administração, mas com a reforma de 2002 tudo mudou.

Ambos os Sistemas têm-se vindo a aproximar cada vez mais. A nível de

organização administrativa, o Sistema Britânico tem tido uma tendência de centralização, enquanto que no Sistema Tipo Francês têm se descentralizado cada vez mais, por exemplo.

Organização Administrativa

Vai estudar o modo de estruturação concreto, logo vamos estudar as entidades, que são pessoas colectivas públicas. Uma pessoa colectiva é um organismo que é criado pela lei para prosseguir determinados fins. Uma pessoa colectiva pública é uma entidade criada por iniciativa pública, tendo direitos e

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deveres para a exercer exclusivamente e necessariamente de interesses públicos.

Podemos ter 3 tipos de pessoas colectivas públicas: Tipo Territorial; Tipo Institucional; Tipo

Princípios Constitucionais da Organização Administrativa

O Princípio da Separação de Poderes com sede legal no art.111º da CRP está na base de toda a Organização Administrativa.

Função Jurisdicional vs. Função Administrativa

Ver vantagens e desvantagens dos modelos de descentralização e desconcentração; ler a lei orgânica do Governo e do Ministério da Saúde

7 de Outubro de 14 Aula Teórica

A Constituição distingue três tipos de Administração: Administração Directa : estamos no Estado Administração; logo a pessoa

colectiva é o Estado. A pessoa colectiva principal é o Governo. O Governo em si mesmo exerce mais do que uma função, mas interessa-nos aqui o Governo como função administrativa e executiva. Chama-se a atenção para os artigos relativos à composição e constituição do Governo presentes na CRP onde daqui se subentende que o Governo é o órgão superior da Administração Pública. A lei orgânica do Governo, que é o diploma legal onde está prevista a estrutura organizacional.As pessoas colectivas não actuam sozinhas, actuam através dos seus órgãos, estes são centros de formação da vontade jurídica da pessoa colectiva. O Governo actua em nome do Estado, por exemplo. Podemos ter órgãos complexos, caso sejam constituídos por outros órgãos. Também temos órgãos colegiais no caso de serem formados por mais que um titular, e órgãos singulares no caso de ser formado por apenas um titular.O titular do órgão é o individuo que num determinado momento exerce aquele cargo. Este pode ser eleito ou nomeado1. Os serviços são conjuntos de bens materiais e meios humanos. Um Ministério é um conjunto de serviços, desdobra-se em inúmeros departamentos. Um exemplo de serviços do Ministério é por exemplo as Direcções Gerais, sendo que o titular é o Director Geral, que é um 1 A doutrina divide-se muito acerca desta matéria.

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membro do Estado, mas não são membros do Governo. Um Ministro é um órgão.

Administração Indirecta Administração Autónoma

A distinção entre a Administração Directa e Indirecta é muito pouco visível e portanto, sentiu-se necessidade de uma divisão um pouco diferente:

Administração Estadual : onde se insere a Administração Directa, levada a cabo pelo próprio Estado e Indirecta, levada a cabo por outras pessoas colectivas que não o Estado que visam prosseguir interesses públicos que poderiam ser administrados pelo Estado, no entanto opta por fazê-lo através de institutos públicos e empresas;

Administração Autónoma : para além de autonomia jurídica e, de ser constituída por outras pessoas colectivas.

16 de Outubro de 14 Aula Prática

Princípios Constitucionais

Estes princípios podem ser relativamente à organização e quanto à actuação da Administração 297º e 266º da CRP, respectivamente.Os princípios presentes no art.297º visam alcançar duas dimensões: uma dimensão objectiva (melhor persecução do interesse público) e uma dimensão subjectiva (pretende alcançar a tutela dos direitos dos particulares). Estes princípios, são princípios constitucionais que vinculam desde logo o legislador, isto não quer dizer que não vincule a Administração.Princípio da Separação de Poderes: distingue do aparelho administrativo dos restantes. O Governo é um órgão que tem uma função política e uma função administrativa, no entanto exerce cada actividade e cada função separadamente, sendo possível distinguir e, não havendo portanto uma violação à separação de poderes;

Princípio da Desburocratização: este princípio encontra-se consagrado no art.10º do CPA2 e no art.? da CRP. Manifesta mais a dimensãoo objectiva, mas também de alguma forma procura proteger e respeitar os direitos dos particulares. Este princípio procura evitar procedimentos administrativos longos, formalizados e acabam por comprometer as decisões. Evitam desdobramentos complexos, um distanciamento excessivo entre o particular e a entidade administrativa. Visa assim alcançar uma diminuição de estruturas complexas que acabam por ser desnecessárias. O art.57º do CPA, que diz respeito a uma tentativa de desburocratização.

2 O Processo diz respeito ao conjunto de regras que ocorrem nos Tribunais. O Procedimento conjunto de actos e formalidades que tem como objetivo o acto da Administração

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Princípio da Proximidade Administração às Populações: encontra-se no art.267º da CRP e art.10º do CPA.

Princípio da Descentralização: a descentralização administrativa, não é a mesma que a descentralização legislativa. Distribuição de atribuições às pessoas colectivas públicas para além do Estado e, é necessário que lhe sejam dadas condições materiais para que estas consigam levar a cabo as funções que lhe foram atribuídas. No entanto temos de concluir que tipo de entidades é que estamos a falar, saber se estas já existem ou ainda não, se são asseguradas pela CRP, como é o caso das autarquias locais, das regiões autónomas, das Universidades e Associações Públicas. Mas há outras pessoas colectivas públicas mas que a sua existência não estão asseguradas pela constituições e podem ser criadas ou extintas pelo próprio Estado. São sobretudo as entidades que se encontram na Administração Directa e Indirecta.

- Modalidades de Descentralização: a. Descentralização Territorial : é uma modalidade de

descentralização administrativa que pressupõe a transferência de atribuições do Estado para pessoas colectivas de base territorial;

b. Descentralização não Territorial : é a modalidade que pressupõe transferência de atribuições do Estado para pessoas colectivas de base institucional que não tem base territorial. Temos então uma divisão consoante o substracto

i. Institucional : substracto patrimonial;ii. Associativa : substracto pessoal

Graus de Descentralização:- Primeiro Grau: resulta da CRP;- Segundo Grau: resulta de actos da administração. Autarquias Locais:

Municípios (Assembleia municipal, Câmara Municipal, Presidente da Câmara Municipal) e as Freguesias (Junta de Freguesia, Assembleia de Freguesia).

Quanto ao ente descentralizado:- Fim Geral;- Fim Específico

Vantagens de Desvantagens da Descentralização:Vantagens: eficiência, especialização, participação dos interessados (particulares), celeridade, etc.;Desvantagens: dificuldade de coordenação dos centros de decisão, ineficiência financeira para a manutenção destas novas pessoas colectivas, qualificação destas novas pessoas colectivas para desempenhar os cargos para os quais foram eleitos, dificuldade de controlo do Estado.

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Ver a desconcentração, e imprimir os casos práticos.

21 de Outubro de 14 Aula Teórica

Na pessoa colectiva Estado, a relação típica é a hierárquica. O superior hierárquico tem o poder de disciplinar, poder de direcção, enquanto que o subalterno tem o dever de obediência. Contudo, este poder de direcção e dever de obediência levanta muitos problemas.

A CRP afirma que a Administração Directa tem o poder de direcção . A Administração Indirecta existe poder de superintendência e tutela, na Administração Autónoma apenas poderes de tutela.

O superior hierárquico para dar uma ordem a um subalterno, este tem de preencher os seguintes requisitos para dar a mesma:

Legítimo superior hierárquico; A ordem tem de ser em matéria de serviço; Quando o subalterno tem dúvidas sobre o conteúdo da ordem,

designadamente se esta é legal ou não:- Problema da validade da ordem: o subalterno tem o dever de

obediência, contudo existem limites a estes dever. O subalterno que não cumpre uma ordem por achar que esta é ilegal, o seu superior hierárquico pode aplicar-lhe uma sanção através do seu poder disciplinar. No entanto também pode acontecer que, o subalterno sabe que a ordem é ilegal e mesmo assim cumpre o seu dever de obediência. A CRP, procurou encontrar aqui um equilíbrio, para saber quais as consequências consoante o grau de ilegalidade e, responde através do art.271º a esta questão. Caso a ordem resulte na prática de um crime, cessa o dever de obediência. Na situação de ordem não se tratar de um crime, mas apenas uma mera ilegalidade, o subalterno através do Direito de Respeitosa Representação, poderá confirmar a legalidade da ordem com o seu superior hierárquico.

Quando passamos para a Administração Indirecta, dizemos que o Governo apenas pode orientar, fixar objectivos. Quem pertence à Administração Indirecta, são outras pessoas distintas do Estado, são nomeadamente, Institutos Públicos (não têm natureza empresarial), Fundações Públicas (têm substracto patrimonial) e Empresas Públicas, no entanto são pessoas colectivas criadas pelo Estado e, este não pode prosseguir todos os seus objectivos através dos seus órgãos e serviços. Na segunda metade do séc.XX, o Estado passou a ser um Estado Social/ Estado de Providência , estando atento as necessidades da sociedade. Contudo, o Estado sozinho não conseguia prestar estes bens e serviços às populações e, conseguiu fazê-lo através da criação destes institutos, fundações, empresas. Sendo estas pessoas colectivas que vão levar a cargo estas prestações de tarefas do Estado de Providência, é o caso das Universidades,

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Transportes, etc. Assim, podemos concluir que a Administração Indirecta cresceu muito com o Estado Social.

O Boom das Empresas Públicas em Portugal, deu-se claramente após o 25 de Abril, através das nacionalizações, por exemplo. Nos anos 90 um crescimento imenso dos Institutos Públicos. Ler a tese de mestrado da professora Maria João Estorninho – “A Fuga para o Direito Privado” – primeiro capítulo. O manual a estudar esta matéria será pelo Professor João Caupers.

Em 96 surgiu uma lei do Tribunal de Contas veio sujeitar essas Entidades Privadas(?) ao regime de Direito Público, de fiscalização de contas, etc. Em 99 surgiu a lei do Sector Empresarial do Estado. Para as Fundações Públicas só veio a surgir diploma em 2012. Em 2012 consagra-se que podem haver fundações públicas em forma de Direito Privado, mas também existe num art. proibiu o Estado e as Autarquias locais que se criassem mais Fundações Públicas naquele regime.

Categorias de Institutos Públicos. Devemos fazer uma distinção/classificação mediante a sua actividade que é que encontramos presente no livro do Professor João Caupers.

- Reguladores: existem entidades reguladoras que são Institutos Públicos, por exemplo a ANACOM. O Estado fá-lo através da acção directa, mas também através de Institutos Públicos.

- Fiscalizadores: temos o exemplo da ASAE, que é um Instituto Público que fiscaliza determinadas realidades

- De prestação: série de Institutos Públicos abertos às populações para a prestação de bens de serviços.

O hospitais públicos anteriores ao 25 de Abril, eram institutos públicos. Em meados de 2000 têm sofrido alterações, sendo que passaram a ser na sua maioria EPE’s (entidade pública empresarial), mas também existem hospitais SA’s.

Quando se estuda Administração Indirecta, muitas vezes encontramos dentro dos Institutos Públicos as seguintes categorias:

- Serviços personalizados do Estado;- Estabelecimentos Públicos: institutos abertos às populações

prestando bens e serviços;- Fundos Públicos: eram patrimónios afectos a fim de interesse

público.

No entanto, a Professora Mª João Estorninho não concorda com estas categorias.

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23 de Outubro de 14 Aula Prática

Princípio Subsidiariedade relacionado com o Princípio da Descentralização. Quando se vem consagrar este princípio da subsidiariedade não vai adquirir grande autonomia, uma vez que está relacionado com o princípio da descentralização. Há previsão do princípio da subsidiariedade no tocante da União Europeia como limite dos órgãos de intervenção da União Europeia em relação aos outros Estados.

Princípio da Desconcentração vs. Princípio da ConcentraçãoA concentração caracteriza-se por ser apenas um órgão a tomar as decisões. Enquanto que no Princípio da Desconcentração encontra-se consagrada na CRP no art.267º nº2. O Princípio da Desconcentração manifesta-se através da hierarquia administrativa e da manifestação poderes. De um modo geral, quando se referem a vários órgão, presume-se que há uma desconcentração da administração. A pessoa colectiva pública Estado (principal). A Desconcentração encontra limites na CRP; esta limitação manifesta-se por exemplo através do poder de avocação (chamar novamente os poderes a si). O Poder de direcção do superior hierárquico é no fundo um contrabalanço da concentração. Pode haver desconcentração com descentralização; pode existir concentração com centralização; assim como também pode acontecer centralização com desconcentração. Podem-se todos articular porque são realidade independentes.

Modalidade de Desconcentração: Quanto à forma: originária ou derivada; Horizontal (há uma coadjuvação ou de coordenação, exemplo dos

Ministros uma vez que têm competências próprias e competências delegadas, o caso do Ministro e Secretário de Estado – caso de coadjuvação – ver art.8º nº4 da Lei Orgânica do Governo) e Vertical (há um órgão que está em supremacia relativamente aos restantes) – este tema vai-nos levar à Administração

Vantagens. Especialização de funções por exemplo.Desvantagens. Diminuição da qualidade do serviço por exemplo.

As vantagens superam os inconvenientes e, como tal podemos superar os inconvenientes se reforçarmos os poderes do delegantes, os poderes de direcção do superior hierárquico, são alguns dos exemplos que permitem colmatar estas desvantagens.

O Princípio da Constituição da Unidade Administrativo. Encontra-se no art.6 da CRP, o art.267 nº2, referente à desconcentração reproduz a tensão. Este

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princípio evita que se perca a unidade do Estado com a descentralização e a desconcentração, evitando formas de actuação diferentes e uma desresponsabilização do Governo. Consegue-se alcançar esta unidade com os poderes de direcção, superintendência e tutela (ver art. 197º e 277º da CRP). Mas não só, também de poderes de fiscalização, supervisão, do superior hierárquico para com o subalterno. Ler art.6º, 8º e 10º da Lei Organica do Governo e a Lei Orgânica do MS

28 de Outubro de 14 Aula Teórica

Poderes que o Estado tem na Administração Indirecta: Superintendência; Tutela.

O poder de superintendência permite que o Estado exerça sobre o Instituto Púbico emitir directivas e recomendações. Esta directiva é genérica mas vinculativa; a directiva vincula quantos aos fins mas deixa liberdade quanto aos meios de actuação. O Governo também tem superintendência e tutela. Modalidades de Tutela ( a tutela não se presume, tem de estar prevista), sendo a lei a afirmar os tipos de tutela:

o Consoante o tipo de poderes: Tutela Inspectiva : realizar inspecções, significa no fundo que a entidade

tutelar vai inspecionar/fiscalizar a entidade tutelada. Fá-lo através de inquéritos, por exemplo;

Tutela Revogatória : esta modalidade permite à entidade tutelar revogar as decisões da entidade tutelada;

Tutela Sancionatória : já admite aplicar sanções administrativas, mas estas têm de estar previstas e estão consagradas na lei;

Tutela Integrativa : significa, podendo ter duas modalidades , uma entidade tutelada tem determinada competência mas precisa de uma autorização prévia da entidade tutelar, ou, pode implicar a necessidade de aprovação posterior;

o Consoante os fins, qualquer das modalidades de tutela que anteriormente foram mencionadas podem ser de:

Tutela de Legalidade: tutela inspectiva de legalidade. Tutela de Mérito: tutela inspectiva de mérito.

28 de Outubro de 14 Aula Prática (Substituição)

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Princípio do arquivo aberto/da administração aberta: são os direitos que têm natureza análoga. Princípio da Participação dos Interessados: mecanismos de intervençãoo participativa. Audiência dos interessados: princípio consagrado no CPA.

Teste inícios de Dezembro!!!!!

Hierarquia Administrativa. É um modelo de estruturação da Administração. A tradição no nosso sistema é de que seja um modelo de hierárquica vertical, em que se caracteriza por haver um poder de direcção do superior hierárquico e, consequentemente, um dever de obediência do subalterno. A hierarquia subdivide-se entre hierarquia interna e hierarquia externa.

1. Poderes do Superior Hierarquico:- poder de direcção;- poder de supervisão;- poder disciplinar.

2. Dever do Subalterno:- dever de obediência;- dever de respeito ao superior hierárquico;- dever de sigilo profissional;- dever de selo;- dever de urbanidade (dever de agir de forma cívica)

Ver para a próxima aula dos poderes do superior hierárquico e os deveres do subalterno

04 de Novembro de 14 Aula Teórica

Administração AutónomaAssociações Públicas – Ordens Profissionais (órgãos representativos – eleição) (ordem dos advogados, ordem dos arquitectos, ordem dos médicos, etc.). Há algumas ordens em Portugal que são muito antigas e outras que são mais recentes e, nos últimos anos houve um reconhecimento de inúmeras ordens profissionais que, outrora eram associações, serviços ou outras realidades. Uma ordem profissional, tem como principal intuito selar pelos interesses dos profissionais do respectivo ramo e, isso leva a crer que as ordens tinham interesse meramente privado. No entanto, as ordens profissionais nós temos um exemplo de entidades de natureza mista, visto que prosseguem interesses privados, mas também prosseguem certos fins de interesse público, justifica que tenham natureza pública, que se ligam ao modo de actuação dessas profissões.

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EX. a ordem dos médicos existe não só para prosseguir os interesses dos médicos, mas também dos próprios doentes. Por isso mesmo, só existem ordens profissionais em todas as profissões. Estas profissões têm em comum, o facto de existirem riscos especiais para direitos dos cidadãos. O Estado tem o dever de garantir que estes direitos sejam protegidos (direito à vida, integridade física, intimidade da vida privada, sigilo) e, como tal, apoia-se nestas ordens profissionais, para que no caso de existir uma violação destes direitos, haja a intervenção das mesmas, de modo a exercerem o seu poder disciplinar. São estas tarefas que justificam que as ordens profissionais façam parte da Administração Autónoma. Até ao final dos anos 80 se considerava que as ordens profissionais se encontrava na Administração Indirecta. No entanto, após um artigo escrito pelo Professor Jorge Miranda, é que de facto as estas passaram a fazer parte na Administração Autónoma. Uma ordem profissional, do ponto de vista da natureza jurídica é uma pessoas colectivas de base associativa de Direito Público. Os Sindicatos são da mesma forma, associações.

Diferenças e Semelhanças entre uma Ordem Profissional e um Sindicato:

S = semelhanças; D = diferenças.

Ordem Profissional SindicatoPrincípio de Inscrição Obrigatória (D)

Princípio da Liberdade de Associação (D)

Poder Disciplinar sobre os Associados (S) (pagamento de quotas). Pode estar proibido ao exercício da sua profissão caso haja algum problema (D)

Poder Sancionatório (S) (pagamento de quotas). Se tiver um problema pode ser expulso do Sindicato, mas nada o impede de exercer a sua profissão (D)

Defesa dos interesses dos Associados (S)

Defesa do interesse dos seus Associados (S)

Associações Públicas Associação de Direito PrivadoPraticam actos administrativos quando decidem. Podem ser estes actos impugnados em Tribunais Administrativos.

Podem ser impugnados nos Tribunais Comuns, uma vez que se trata de um litígio entre particulares.

Imprimir o diploma das associações públicas – ordens profissionais.

6 de Novembro de 14 Aula Prática

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Fazer os casos práticos de OA para a próxima aula sobre a Administração Indirecta.Teste no início de Dezembro

Lei nº 4/2004 de 15 de Janeiro vem a regular princípios que vão na linha dos princípios constitucionais mas também de desenvolvimento, a aplicar a Administração Directa do Estado e, vem estabelecer normas que são aplicáveis à organização e estrutura dos órgãos e serviços do Estado.

A Administração Indirecta do Estado pressupõe o fenómeno da descentralização, assim como na Autónoma. A descentralização pode ser de dois tipos:

Descentralização jurídica : pressupõe que a função administrativa está entregue a outras entidades que não só o Estado.

Descentralização político-administrativa : se os órgãos das autarquias são livremente eleitos pelas populações, se há uma estipulação de atribuições e competências próprias, não estão sujeitos a um controlo muito apertado de tutela, há uma maior descentralização. Se pelo contrário, temos uma centralização.

A descentralização pode ser de vários tipos, consoante as entidades que sejam criadas:

Descentralização Territorial: Descentralização Institucional: Descentralização Associativo:

O prof. Freitas do Amaral, reserva o nome de descentralização para a descentralização territorial, no tocante às descentralizações institucional e associativa denomina-as como devolução de poderes, pois são criadas para determinados fins, no entanto não nega que estejamos perante uma descentralização, prefere é o termo de devolução de poderes. Contudo, no nosso curso entendemos que esta designação não é correcta.

Tem de haver a atribuição de uma personalidade jurídica, o tradicional é que seja uma personalidade jurídica pública, no entanto nos dias de hoje, uma vez que existem entidades com personalidade jurídica privada e nada as impede de estarem inserida na actividade pública, designamos é que no caso de estarmos perante uma personalidade jurídica privada há uma descentralização derivada, no caso de haver personalidade jurídica pública há uma descentralização administrativa. Estas entidades tem de ter autonomia.

Há uma transferência de atribuições do Estado para pessoas colectivas de fins singulares. O fenómeno da devolução de poderes tem o seu inverso que é a integração, porque não a transferência de funções, atribuições do próprio Estado ou da Entidade que lhes deu origem.

Esta descentralização é sempre feita por lei orgânica do Governo. Estas entidades acabam por ser auxiliares ou instrumentais daqueles a que lhe deram atribuições. Quem determina a sua orientação é novamente feita através da entidade que lhes transferiu as atribuições através de directivas e

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recomendações. As directivas são orientações mas que define as linhas gerais, os fins, os meios e quanto às formas de actuação. As recomendações são conselhos que são emitidos sem qualquer contraponto de sanção, não sendo então vinculativa.

A mais forte é superintendência e a tutela a mais fraca, por isso é que a Administração Autónoma só existe poder de tutela (art.199º al. d)). Podemos definir a superintendência como sendo um poder mais amplo do que a tutela administrativa, que é o poder de controlo da actuação, tanto uma como outra não se presume, tendo de estar expressamente na lei, porque no caso contrário não existe.

Natureza jurídica da superintendência e a da tutela uma vez que é um tema bastante discutido na doutrina.

As autarquias locais estão consagradas na Constituição, não outra hipótese a não ser que de facto apenas existe uma tutela legal.

Tipos de tutela quanto ao conteúdo: Tutela inspectiva; Tutela revogatória; Tutela integrativa; Tutela sancionatória; Tutela substitutiva.

25 de Novembro de 14 Aula Teórica

O teste será com consulta, haverá um caso prático de estatutos e entidades. Não terá conceitos nem definições.

Delegação de Poderes. Em toda a Administração Pública, existem questões semelhantes quanto às competências dos órgãos. No CPA interessam apenas os primeiros 40 artigos. Interessam-nos os art.29º a 40º.

Art 29º - principio da legalidade da competência. A competência tem de estar prevista na lei. Diz-se que não pode haver renúncia das competências, nem se pode alienar as suas competências. Estas competências são poderes-deveres isto porque atribuem poderes aos órgãos, mas implicam também uma actuação ou uma não actuação, dependendo dos casos;

Art. 35º e ss . – delegação de poderes. O que aqui está em causa é de facto, uma determina previsão legal sobre o modo como em concreto certa competência poderá ser exercida, quer pelo respectivo órgão quer por outro órgão: Art.35º - os órgãos normalmente competentes para decidir uma

determinada matéria, podem, quando para isso estejam habilitados por lei (lei de habilitação – lei que permite que se faça a habilitação), possam permitir a outro órgão que pratique actos da mesma matéria. Assim existem dois órgãos, o delegante (o que faz a delegação) e o delegado (o órgão a quem é feita a delegação), pressupõe-se então um acto de delegação por parte do delegante. Existe assim uma relação jurídica entre ambos que perdura no tempo, pode ser de

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maior ou menor tempo. É um relação interorgânica (entre dois órgãos) e que sejam da mesma pessoa colectiva que é o habitual; no entanto é admitida hoje em dia que haja delegação de poderes em pessoas colectivas diferentes (ex. Ministro da Educação para um Reitor de uma Universidade Pública). A delegação de poderes não se confunde com a hierarquia, a delegação de poderes tem requisitos especiais, traduz-se também em poderes-deveres que se encontram nos art.35º e ss. Muitas vezes podemos confundir, pois existem aspectos muito idênticos. Muitas delegações de poderes coincidem com hierarquia administrativa; até se admite que haja delegação de poderes hierárquica, quando ambas coincidem e, delegação de poderes não hierárquica quando se dá o inverso. Existiam três teses:

- tese da alienação – encontra-se totalmente ultrapassada;- tese da transferência – a lei atribui a competência ao delegante,

ou seja, este é o titular e através da transferência da competência o delegado;

- tese da autorização – a lei atribui competência aos dois e que ambos são titulares da competência, e o acto de delegação é um acto de autorização. Esta tese é defendida pelo Prof. Maracello Caetano e pelo Prof. Paulo Otero. A Prof. Mª Joao Estorninho acha que esta tese está completamente ultrapassada.

Mesmo fazendo a delegação o delegante é sempre o titular da competência e portanto pode fiscalizar os actos do delegado ao abrigo da delegação de poderes; art. 36º - sub-delegação de poderes. O delegado pode delegar a

competência ao seu subalterno; art.37º - as delegações de poderes têm de ser publicitadas; art .39º - diz quais são os poderes do delegante:

- dar instruções e emitir directivas;- pode fiscalizar o exercício da competência pelo delegado e, esta

permite no nº2 que o delegante possa revogar os actos do delegado mas, a revogação é uma matéria com particularidades e portanto existem limites;

- avocação; ou seja, chamar a si a competência para decidir determinado caso, pois a delegação de poderes em si mantem-se ou seja, esta no se extingue;

art. 40º -a cessação faz-se através da:- revogação de poderes;- caducidade – opera automaticamente, ou seja cessa

automaticamente:o se havia prazo;o alteração dos titulares – implica uma relação de confiança

O delegante não pode delegar toda a sua competência até porque estaríamos numa situação muito semelhante à renuncia de uma competência. É importante delinear uma fronteira e para tal é necessário olharmos para lei que atribui essas competência e da mesma forma quais dessas podem ser delegadas; por fim analisar o acto de delegação em concreto.

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TPC – procurar lei de habilitação para a delegação de poderes.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 2011-2012: 1º semestre/ Turma A e Turma B

Profª Doutora Maria João Estorninho 10.2.2012 (recuperação)

Duração: 2 horas/ exame individual, com consulta livre

I (4x 2,5 valores)Leia atentamente o excerto do Decreto-Regulamentar n.º 17/2012, de 31 de Janeiro, que aprovou a Orgânica da Direcção-Geral de Política do Mar e responda às seguintes perguntas:

1. 1) Dê alguns exemplos de pessoas colectivas, órgãos e serviços a propósito da referida Direcção-Geral.

2. 2) Qualifique, do ponto de vista da sua natureza jurídico-administrativa e da sua inserção na A.P. portuguesa, as entidades referidas no Preâmbulo do diploma.

3. 3) Caracterize, do ponto de vista da sua natureza jurídico-administrativa, as relações existentes entre o Director-Geral de Política do Mar e as seguintes entidades: Secretário de Estado do Mar, Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos, IP, Instituto da Água IP, Águas de Portugal, SA. Pode haver delegação de poderes entre eles?

4. 4) Do ponto de vista da sua estrutura interna, a Direcção-Geral de Política do Mar organiza-se segundo o modelo matricial?

II (5 valores)Analise, desenvolvidamente, o Preâmbulo do diploma referido, à luz dos princípios constitucionais da Organização Administrativa.

III (5 valores)Atribuições e competências autárquicas em domínios relacionados com o âmbito de actuação da Direcção-Geral de Política do Mar.

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