3 - separação de poderes

Upload: maria-danielly-chaves

Post on 04-Apr-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/31/2019 3 - Separao de Poderes

    1/8

    Prof.M Conceio Bezerra Morbach

    Separao de Poderes

    Separao de Poderes

    Um dos princpios fundamentais da democracia moderna o da separao de poderes. A idia da separao de poderes para evitar a concentrao absoluta de poder nasmo do soberano, comum no Estado antes das revolues burguesas. (Rev. Gloriosa-

    1688, Rev. Americana-1776 e Rev. Francesa-1789)

    Fundamenta-se com as teorias de John Locke e de Montesquieu. Criao de mecanismos de freios e contrapesos, para o controle mtuo entre os

    poderes legislativo, executivo e judicirio.

    Condio ideal:- os trs poderes independentes entre si;

    - no existindo a supremacia de um em relao ao outro.

    Condio real:- podes autnomos;

    - os poderes tem funes preponderantes, mas no exclusivas.

    J na Antigidade, o pensador Aristteles dividiu as funes estatais emdeliberativa,executiva e judicial.

    Maquiavel, no Sculo XVI, em "O Prncipe", tambm revelou uma Frana com trspoderes distintos: Legislativo(representado pelo Parlamento), Executivo (materializado

    na figura do Rei) e um Judicirio autnomo.

    No Sculo XVII, John Locke esboou a separao de funes no exerccio do poder, aopropor a classificao entre funes legislativa, executiva e federativa.

    Com Montesquieu se tem a Teoria da Separao de Poderes, trazendo a indicao dosmesmos como sendo o Legislativo, o Executivo e o Judicirio, bem como a idia de que

    estes poderes so harmnicos e independentes entre si.

    John Lockej observava que a tentao de ascender ao poder mais forte que afragilidade humana; logo, no convm que as mesmas pessoas que detm o poder de

  • 7/31/2019 3 - Separao de Poderes

    2/8

    legislar tenham tambm em suas mos o poder de executar as leis, pois elas poderiam

    se isentar da obedincia s leis que fizeram, e adequar a lei sua vontade.

    Montesquieu, j sob influncia do Liberalismo, props a limitao da atuao doEstado, como uma maneira de reduzir o poder deste. Neste sentido, esta foi a

    prescrio das Constituies que pregariam a no separao de poderes implicaria na

    ausncia de democracia.

    As bases da Teoria de Montesquieu

    A proposta da separao dos poderes, alm de buscar a proteo daliberdadeindividual, tinha por base tambm aumentar a eficincia do Estado, pois cada rgo do

    Governo tornar-se-ia especializado em determinada funo.

    O momento histrico que retrata a fundamentao para a separao dos poderes apassagem do Estado Absolutista para o Estado Liberal, o que vem influenciar vrios

    textos constitucionais.

    A Separao dos Poderes no Estado contemporneo

    No Estado moderno, a tripartio de poderes se tornou insuficiente para dar conta dasnecessidades de controle democrtico do exerccio do poder.

    Surgem rgos autnomos de fiscalizao essenciais a democracia: os Tribunais deContas e o Ministrio Pblico, no pertencendo a nenhum dos trs poderes, para

    guardar iseno.

    As Funes do Estado contemporneo

    a) funo legislativa (ordinria de elaborar as leis infraconstitucionais);b) funo jurisdicional;

    c) funo legislativa constitucional (de emendar e revisar ao Constituio);

    d) funo administrativa;

    e) funo de governo ( poder poltico e gesto tcnico administrativa);

    f) funo simblica (tpica dos sistemas parlamentares e pertencente ao chefe de

    Estado);

    g) funo de fiscalizao.

    A correlao entre os Poderes

    Ao Legislativo, incumbe criar as leis da ordem jurdica estatal; Ao Executivo, cabe administrar o Estado, executando as polticas definidas pelo

    Legislativo; e,

  • 7/31/2019 3 - Separao de Poderes

    3/8

    Ao Judicirio, compete dirimir conflitos entre pessoas, fundamentando-se para istonas leis emanadas pelo Poder Legislativo.

    A teoria dos Freios e Contrapesos

    A teoria dos Freios e Contrapesos (Checks and Ballances), se atem aos mecanismosque viabilizam o exerccio harmonioso do poder entre os diferentes titulares.

    Assim, no existe uma separao absoluta entre os poderes, pois todos eles legislam,administram e julgam.

    O Sistema de Freios e Contrapesos previsto na Carta Magna de 1988, o quesignifica dizer que a separao de poderes no rgida, havendo a possibilidade de

    interferncia recproca, ou seja, alm de cada poder exercer suas competncias

    (funes tpicas),estes fiscalizariam as competncias dos outros (exercendo funes

    atpicas, por exemplo.

    Funes tpicas e atpicas

    Poderes Funo Tpica Funo Atpica

    Legislativo legislar e

    exercer a fiscalizao

    contbil, financeira,

    oramentria e

    patrimonial do

    Executivo.

    A organizao administrao prpria provendo cargos,

    concedendo frias, licenas a servidores (natureza executiva);

    O julgamento dos crimes de responsabilidade pelo Senado Federal

    (natureza jurisdicional).

    Ex. impeachment do Presidente da Repblica.

    Executivo a prtica de atos de

    chefia

    de Estado, chefia de

    Governo e atos de

    administrao.

    Adoo de medida provisria com fora de lei pelo Presidente da

    Repblica (natureza legislativa); e

    o julgamento de defesas e recursos administra-tivos pelo Poder

    Executivo (natureza jurisdicional).

    Judicirio ao dizer o direito no

    caso concreto,

    dirimindo os conflitos

    que lhe so levados,

    ao aplicar as leis.

    Quando os Tribunais elaboram seus regimentos internos (natureza

    legislativa); e tambm quando

    os Tribunais concedem licenas e frias aos magistrados e

    serventurios (natureza executiva).

    A judicializao da poltica- quando as cortes judiciais deliberam e

    criam jurisprudncia.

  • 7/31/2019 3 - Separao de Poderes

    4/8

    A Judicializao da Poltica

    A judicializao da poltica ocorre porque os tribunais so chamados a se pronunciaronde o funcionamento do Legislativo e do Executivo se mostram falhos, insuficientes

    ou insatisfatrios. Sob tais condies, ocorre uma certa aproximao entre Direito e

    Poltica e, em vrios casos, torna-se mais difcil distinguir entre um "direito" e um

    "interesse poltico" (Castro, 1994), sendo possvel se caracterizar o desenvolvimento

    de uma "poltica de direitos" (Tate, 1995).

    Dimenso poltica da atuao das cortes judiciais procura avaliar especificamentecomo o processo judicial interage com o sistema poltico democrtico, especialmente

    os poderes executivo e legislativo, e quais os seus efeitos em termos de formulao e

    implementao de polticas pblicas (Stone, 1994; Tate, 1995).

    O termo "judicializao da poltica" (Valhnder, 1994) tem sido proposto para designaresse papel poltico dos juzes, sobretudo dos tribunais constitucionais.

    As Funes do Estado contemporneo

    O Ministrio Pblico, encarregado da fiscalizao do funcionamento dos poderes nademocracia, seria o quarto poder?

    Para exercer esta funo de maneira adequada o MP necessita de efetiva autonomia em

    relao aos outros poderes no pertencendo nem ao executivo, nem ao legislativo, nem ao

    judicirio.

    O mesmo se aplica aos Tribunais de Contas, que necessitam de nova forma de escolha de

    seus membros para que assumam este novo status, no podem pertencer a nenhum

    dos poderes tradicionais para exercer com eficincia sua funo fiscalizadora.

    Governo X AdministraoQual a diferena entre uma funo administrativa e uma funo de governo?

    Uma funo tcnica, no exclusivamente tcnica. Ao mesmo tempo se a definio de

    grandes linhas de polticas pblicas uma funo preponderantemente poltica, no pode serexclusivamente poltica, pois necessita de suportes tcnico-cientficos, que devem se subordinar

    sempre a deciso poltica.

    A Constituio

    Conceito:considerada sua lei fundamental, seria, ento, a organizao dos seus elementos

    essenciais: um sistema de normas jurdicas, escritas ou costumeiras, que regula aforma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisio e o exerccio do poder,

    o estabelecimento de seus rgos, os limites de sua ao, os direitos fundamentais do

  • 7/31/2019 3 - Separao de Poderes

    5/8

    homem e as respectivas garantias; em sntese: o conjunto de normas que organiza

    os elementos constitutivos do Estado.

    A constituio algo que tem como formaum complexo de normas; como contedo,a conduta humana motivada das relaes sociais; como fim, a realizao dos valores

    que apontam para o existir da comunidade; e, finalmente, como causa criadora e

    recriadora, o poder que emana do povo; no podendo ser compreendida e

    interpretada, seno tiver em mente essa estrutura, considerada como conexo de

    sentido, como tudo aquilo que integra um conjunto de valores democrticos.

    Classificao das Constituies:

    Quanto ao contedo: materiais e formas Quanto forma: escritas e no escritas; Quanto ao modo de elaborao: dogmticas e histricas; Quanto origem: populares (democrticas) ou outorgadas; Quanto estabilidade: rgidas, flexveis e semi-rgidas.

    Classificao das Constituies:

    constituio material: em sentido amplo, identifica-se com a organizao total doEstado, com regime poltico; em sentido estrito, designa as normas escritas ou

    costumeiras,inseridas ou no num documento escrito, que regulam a estrutura

    do Estado, o organizao de seus rgos e os direitos fundamentais.

    constituio formal: o peculiar modo de existir do Estado, reduzido, sob formaescrita, a um documento solenemente estabelecido pelo poder constituinte e somente

    modificvel por processos e formalidades especiais nela prpria estabelecidos.

    constituio escrita: considerada, quando codificada e sistematizada num textonico, elaborado por um rgo constituinte, encerrando todas as normas tidas como

    fundamentais sobre a estrutura do Estado, a organizao dos poderes constitudos,

    seu modo de exerccio e limites de atuao e os direitos fundamentais.

    constituio no escrita: a que cujas normas no constam de um documento nico esolene, baseando-se nos costumes, na jurisprudncia e em convenes e em textos

    constitucionais esparsos. Ex. constituio inglesa.

    Constituio dogmtica: a elaborada por um rgo constituinte, e sistematiza osdogmas ou ideias fundamentais da teoria poltica e do Direito dominantes no

    momento.

  • 7/31/2019 3 - Separao de Poderes

    6/8

    Histrica ou costumeira: a resultante de lenta formao histrica, do lentoevoluir das tradies, dos fatos scio-polticos, que se cristalizam como normas

    fundamentais da organizao de determinado Estado.

    So populares as que se originam de um rgo constituinte composto derepresentantes do povo, eleitos para o fim de elaborar e estabelecer a mesma. (Cfs de

    1891,1934, 1946 e 1988).

    Outorgadas so as elaboradas e estabelecidas sem a participao do povo, aquelasque o governante por si ou por interposta pessoa ou instituio, outorga, impe,

    concede ao povo. (Cfs 1824, 1937, 1967 e 1969).

    Rgida: a somente altervel mediante processos, solenidades e exigncias formaisespeciais, diferentes e mais difceis que os de formao das leis ordinrias ou

    complementares.

    Flexvel: a que pode ser livremente modificada pelo legislador segundo o mesmoprocesso de elaborao das leis ordinrias.

    Semi-rgida: a que contm uma parte rgida e uma flexvel.

    PODER E DIVISO DE PODERES

    A diviso de poderes um princpio fundamental da Constituio, consta no ser art. 2 :so

    poderes da Unio, independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o

    Judicirio; exprimem , a um tempo, as funes legislativa, executiva e jurisdicional e indicam os

    respectivos rgos, estabelecidos na organizao dos poderes

    0) Poder poltico:

    pode ser definido como uma energia capaz de coordenar e impor decises visando realizao

    de determinados fins; superior a todos os outros poderes sociais, os quais reconhece, rege e

    domina, visando a ordenar as relaes entre esses grupos de indivduos entre si

    e reciprocamente, de maneira a manter um mnimo de ordem e estimular o mximo de

    progresso vista do bem comum; possui 3 caracteristicas fundamentais; unidade,

    indivisibilidade e indelegabilidade.

    31) Governo e distino de funes do poder:

    Governo o conjunto de rgos mediante os quais a vontade do Estado formulada,expressada e realizada, ou , o conjunto de rgos supremos a quem incumbe o

    exerccio das funes do poder poltico; a distino das funes que so a legislativa, a

    executiva e a jurisdicional, fundamentalmente :- a

    legislativaconsiste na edio de regras gerais(leis), abstratas, impessoais einovadoras da ordem pblica;

  • 7/31/2019 3 - Separao de Poderes

    7/8

    a executivaresolve os problemas concretos e individualizados, de acordo com as leis; a

    jurisdicionaltem por objeto aplicar o direito ao casos concretos a fim de dirimir conflitos de interesse

    Governo e distino de funes do poder:

    Governo o conjunto de rgos mediante os quais a vontade do Estado formulada,expressada e realizada, ou , o conjunto de rgos supremos a quem incumbe o

    exerccio das funes do poder poltico.

    Distino das funes :a legislativa: consiste na edio de regras gerais(leis), abstratas, impessoais e

    inovadoras da ordem pblica;

    a executiva: resolve os problemas concretos e individualizados, de acordo com as leis; a

    jurisdicional:tem por objeto aplicar o direito ao casos concretos a fim de dirimir conflitos

    de interesse.

    BIBLIOGRAFIA

    MONTESQUIEU, Charles de Secondat, Baron de. O esprito das leis. ApresentaoRenato Janine Ribeiro, traduo Chistina Murachco. So Paulo: Martins Fontes, 1996.

    BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 4.ed. So Paulo: Malheiros, 1993. SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 27. ed. So

    Paulo:Malheiros, 2006.

  • 7/31/2019 3 - Separao de Poderes

    8/8