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1 Mestrado Profissional em Agroecossistemas Universidade Federal de Santa Catarina Professor - Alceu Ravanello Ferraro, ufrgs Professor - Alceu Ravanello Ferraro, ufrgs O O paradigma positivista paradigma positivista Roteiro 02 Roteiro 02

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Mestrado Profissional em AgroecossistemasUniversidade Federal de Santa Catarina

Professor - Alceu Ravanello Ferraro, ufrgsProfessor - Alceu Ravanello Ferraro, ufrgs

O O paradigma positivistaparadigma positivista

Roteiro 02Roteiro 02

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Bibliografia• COMTE, A. Augusto Comte: Sociologia. Organização de

Evaristo de Moraes Filho. 3. ed. São Paulo: Ática, 1989.

• CONDORCET, Jean Antonio Nicolas de Caritat, Marquis. Esboço de um quadro histórico dos progressos do espírito humano. Campinas: UNICAMP, 1993. Décimo período, p.176-203.

• DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1967. OU: Petrópolis: Vozes, 2011.

• DURKHEIM, Émile. Educación y Pedagogía. Ensayos y Controversias. Buenos Aires: LOSADA, 1998.

• DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 6. ed. Tradução Maria Isaura Pereira de Queiroz. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971.

• LÖWY, Michael. Ideologias e ciência social. Elementos para uma análise marxista. São Paulo: Cortez, 1985.

• Popper, Karl. Lógica das ciências sociais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.

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1. O positivismo: idéias fundamentais e origem

1.1 As três idéias fundamentais do positivismo segundo Michael Löwy (1985, p.35-36) são estas:

A hipótese fundamental de que “... a sociedade humana é regulada por leis naturais...”, da qual se seguem duas conclusões:

a conclusão epistemológica que afirma que “... os métodos e procedimentos para conhecer a sociedade são exatamente os mesmos que são utilizados para conhecer a natureza...”

e a conclusão que, “... da mesma maneira que as ciências da natureza são ciências objetivas, neutras, livres de juízos de valor, de ideologias políticas, sociais e outras, as ciências sociais devem funcionar exatamente segundo esse modelo de objetividade científica”.

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1.2 Origem do positivismo (Löwy, 1985, p. 37-38):

O positivismo é “filho legítimo da filosofia das luzes”, do o enciclopedismo do século XVIII.

Como o enciclopedismo, também o positivismo teve, num primeiro momento, um caráter utópico enquanto “uma visão do mundo de dimensão utópica, crítica e, até certo ponto, revolucionária”.

O enciclopedista Condorcet foi, talvez, o primeiro a formulá-lo de maneira mais precisa;

Saint-Simon, discípulo de Condorcet, foi o primeiro a aplicar o termo “positivo” à ciência (ciência positiva).

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2. O Positivismo utópico- 2. O Positivismo utópico- revolucionáriorevolucionário

CONDORCET, Marquês de (Marie CONDORCET, Marquês de (Marie Jean Antoine de Caritat) Jean Antoine de Caritat)

(1743-1794)(1743-1794)

São destacados aqui alguns elementos sobre a concepção de ciência da sociedade em Condorcet e sobre o papel da educação na (nova) sociedade.

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2.1 Concepção de ciência da sociedade

“Se o homem pode predizer com uma

segurança quase integral os fenômenos dos

quais conhece as leis; se, mesmo quando estas

lhe são desconhecidas, ele pode, a partir da

experiência do passado, prever com uma

grande probabilidade os acontecimentos do

futuro; por que ver-se-ia como um

empreendimento quimérico aquele de traçar,

com alguma verossimilhança, o quadro dos

destinos futuros da espécie humana, a partir

dos resultados de sua história?” (Condorcet,

1993, p.176)

77

2.2 O futuro da espécie humanaPara Condorcet , os destinos futuros da

espécie humana se reduzem a três questões: “a destruição da desigualdade entre as

nações; os progressos da igualdade em um

mesmo povo; enfim, o aperfeiçoamento real do

homem.” (Condorcet, 1993, p. 176)

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2.3 A desigualdade e seus fatores“Percorrendo a história das sociedades, teremos tido a ocasião de mostrar que frequentemente existe um grande intervalo entre os direitos que a lei reconhece aos cidadãos e os direitos dos quais eles têm um desfrute real; entre a igualdade que é estabelecida pelas instituições políticas e aquela que existe entre os indivíduos [...].” (Condorcet, 1993 p.182)

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“Essas diferenças têm três causas principais: a desigualdade de riqueza, a desigualdade de estado entre aquele cujos meios de subsistência, assegurados para ele mesmo, se transmitem à sua família e aquele para quem estes meios são dependentes da duração de sua vida, ou antes, da parte de sua vida em que ele é capaz de trabalho; enfim, a desigualdade de instrução.” (Condorcet, 1993, p. 182)

1010

2.4 Condorcet antecipa de certa forma uma concepção de políticas sociais (Condorcet, 1993, p. 183), que só começariam a ser formuladas um século mais tarde (a partir do final do século XIX).

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2.5 A educação

“A igualdade de instrução que se pode esperar

alcançar [...] é aquela que exclui toda dependência, ou forçada ou voluntária. Nós mostraremos, no estágio atual dos conhecimentos humanos, os meios fáceis de chegar a esta meta, mesmo para aqueles que só podem dar ao estudo um pequeno número de seus primeiros anos e, no resto de sua vida, algumas horas de ócio.

Mostraremos que por uma escolha feliz, tanto dos próprios conhecimentos quanto dos métodos de ensiná-los, pode-se instruir a massa inteira de um povo com tudo aquilo que cada homem precisa saber para a economia doméstica, para a administração de seus negócios, para o livre desenvolvimento de sua indústria e de suas faculdade;

1212

para conhecer seus direitos e exercê-los; para ser

instruídos sobre seus deveres, para poder cumpri-los

bem; para julgar suas ações e aquelas dos outros

segundo suas próprias luzes. E não ser alheio a

nenhum dos sentimentos elevados ou delicados que

honram a natureza humana; para não depender

cegamente daqueles a quem é obrigado a confiar o

cuidado de seus negócios ou o exercício de seus

direitos, para estar em condição de escolhê-los e vigiá-

los, para não ser mais a vítima desses erros populares

que atormentam a vida com rumores supersticiosos e

esperanças quiméricas;

1313

para defender-se contra os prejuízos exclusivamente com

as forças da razão, para escapar dos prestígios do charlatanismo, que estenderia armadilhas à sua fortuna, à sua saúde, à liberdade de suas opiniões e de sua consciência, sob pretexto de enriquecê-lo, de curá-lo ou de salvá-lo.” (Condorcet, 1993, p. 184-185)

”Enfim, a instrução bem dirigida corrige a

desigualdade natural das faculdades, em lugar de

fortalecê-la, assim como as boas leis remedeiam a

desigualdade natural dos meios de subsistência ...”

(Condorcet, 1993, p. 186)

2.6 Condorcet vê grandes perspectivas na aplicação

do cálculo (matemática) na produção do conhecimento

científico. (Condorcet, 1993, p.192)

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2.7 Igualdade entre os sexos“Entre os progressos do espírito humano os mais importantes para a felicidade geral, devemos contar a destruição integral dos prejuízos que estabeleceram, entre os dois sexos, uma desigualdade de direitos funesta àquele mesmo que ela favorece. Em vão procurar-se-iam motivos para justificá-la pelas diferenças da organização física dos sexos, por aquela que se desejaria encontrar na força de sua inteligência, em sua sensibilidade moral. Essa desigualdade só teve por origem o abuso da força, e foi em vão que depois se tentou desculpá-la por sofismas.” (Condorcet, 1995, p. 195)

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3. A mudança de direção: O 3. A mudança de direção: O

positivismo consevador em positivismo consevador em

Augusto Comte (1798-1857)Augusto Comte (1798-1857)

3.1 A mudança de direçãoEssa transformação se dá através de Augusto

Comte, discípulo de Saint-Simon Comte considerava Condorcet e Saint-Simon

demasiadamente críticos, negativos

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Com Comte o próprio termo preconceito muda de significado:

“... Para o positivismo em sua fase utópica, o termo preconceito serve a uma função revolucionária e crítica – é sempre o preconceito das classes dominantes, preconceito clerical, absolutista, obscurantista, fanático, intolerante, dogmático; com Comte, esse sentido muda: é o preconceito revolucionário de Condorcet, que apoiou a Revolução Francesa, ou revolucionário socialista de Sant-Simon.” (Löwy, 1985, p.39)

1717

3.2 Conceito de sociologia3.2 Conceito de sociologia

Comte cria o termo SOCIOLOGIA, em substituição à expressão anterior FÍSICA SOCIAL, “a fim de poder significar por um nome único esta parte complementar da filosofia natural que se relaciona com o estudo positivo do conjunto das leis fundamentais apropriadas aos fenômenos sociais”. (Comte, 1989, p.61-62)

1818

3.3 O conceito de conhecimento 3.3 O conceito de conhecimento científicocientífico

“Fica doravante evidente, do ponto de vista verdadeiramente científico, que toda observação isolada, inteiramente empírica, é essencialmente nociva, e mesmo radicalmente incerta. A ciência somente poderia utilizar-se daquelas que se relacionam, pelo menos hipoteticamente, a uma lei qualquer, sendo esta vinculação o que constitui a principal diferença característica entre as observações dos cientistas e a do conhecimento vulgar, que, no entanto, abrangem os mesmos fatos com a única distinção dos pontos de vista.” (Comte, 1989, p.75-76)

1919

3.4 A observação como método 3.4 A observação como método das ciências humanasdas ciências humanas

Para Comte:• a observação dos fatos é a única base

sólida dos conhecimentos humanos (p.85)

• é a observação que nos permite comparar (método comparativo) (p.93-95)

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4 O positivismo conservador emÉmile Durkheim (1858-1917)

4.1 Do método (positivista) de investigaçãoA sociologia se ocupa dos fatos sociais:• “antes de indagar qual o método que convém ao

estudo dos fatos sociais, é necessário saber que fatos podem ser assim chamados.” [...]

• “É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter.”

• “A primeira regra e a mais fundamental consiste em considerar os fatos sociais como coisas.” (Durkheim, 1971, p. 1, 11 e 13).

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• “Nunca tomar por objeto de pesquisa senão um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhe são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos aqueles que correspondem a esta definição.” (Ibid., p.29-30)

• “... quando um sociólogo empreende a exploração de uma ordem qualquer de fatos sociais, deve se esforçar por considerá-los naquele aspecto em que se apresentam isolados de suas manifestações individuais.” (Ibid., p. 39)

• “Mas se consideramos os fatos sociais como coisas, consideramo-los como coisas sociais. Este é o terceiro traço característico de nosso método, que prima em ser exclusivamente sociológico.” (Ibid., p. 126).

4.2 Quantidade e qualidade na pesquisaNão confundir estudos quantitativos com positivismo. O positivismo pode estar presente também em estudos qualitativos.

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4.3 O fenômeno da educação em Durkheim

* Crítica a algumas definições de educaçãoDurkheim inicia com um exame crítico de algumas definições de educação (de Stuart Mill, Kant e James Mill), apontando nelas um ponto fraco comum, qual seja:

“Elas partem do postulado de que há uma educação ideal, perfeita, apropriada a todos os homens, indistintamente; é essa educação universal a única que o teorista se esforça por definir. Mas, se antes de o fazer, ele considerasse a história, não encontraria nada em que apoiasse tal hipótese. A educação tem variado infinitamente com o tempo e o espaço.” (Durkheim, 1967, p. 33-35)

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“Na verdade [...] cada sociedade considerada em momento determinado de seu desenvolvimento, possui um sistema de educação que se impõe aos indivíduos de modo geralmente irresistível [...] Há costumes com relação aos quais somos obrigados a nos conformar; se os desrespeitarmos, muito gravemente, eles se vingarão em nossos filhos.[...] Há, pois, a cada momento, um tipo regulador de educação, do qual não nos podemos separar sem vivas resistências, e que restringem as veleidades dos dissidentes.” (p.36-37)

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* O método comparativo Durkheim usa o método comparativo para a definição da educação (p.38)

A condição do processo educacional: uma geração de adultos frente a uma geração de jovens, crianças e adolescentes

A natureza específica da ação da geração adulta sobre a geração jovem: cada sistema de educação é ao mesmo tempo• MÚLTIPLO: tantas espécies de educação quantos

meios diversos existirem na sociedade (heterogeneidade dos sistemas de educação)

• UNO: esses sistemas têm todos uma base comum, que a educação deve inculcar em todas a crianças (homogeneidade, que a educação perpetua e reforça)

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* A definição de educação

“A educação é a ação exercida, pelas gerações adultas, sobre as gerações que não se encontrem ainda preparadas para a vida social; tem por objeto suscitar e desenvolver, na criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade política, no seu conjunto, e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine.” (p.41)

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* A função do Estado em matéria de educação Durkheim posiciona-se contra a concepção restritiva

da ação do Estado (de só intervir quando a família não está em condições de cumprir os seus deveres)

Entende que a educação tem uma função essencialmente social, e que, por isso, o Estado deve interessar-se por ela:

• Não para monopolizar o ensino

• Sim para fiscalizar, inclusive as escolas particulares:

“Não incumbe ao Estado, com efeito, impor uma comunhão de idéias e sentimentos sem a qual a sociedade não se organiza; esta comunhão é espontaneamente criada, e, ao Estado outra coisa não cabe senão consagrá-la, mantê-la, torná-la mais consciente aos indivíduos.” (p.49)

2828

“É função do Estado proteger esses

princípios essenciais, fazê-los ensinar em

suas escolas, velar por que não fiquem

ignorados pelas crianças de parte

alguma, zelar pelo respeito que lhes

devemos.” (p.49)

2929

* Poder da educação e meios de seu exercício (p.49-56)A educação precisa dar-se de modo paciente

e contínuo, não por golpes intermitentes.

A educação deve ser um trabalho de autoridade

“... a educação ter por objeto superpor, ao ser que somos ao nascer, individual e associal – um ser inteiramente novo. Ela deve conduzir-nos a ultrapassar a natureza individual: só sob essa condição, a criança tornar-se-á um homem.” (p.54)

3030

A autoridade “consiste tão-somente em

ascendência moral”

“Não é de fora que o mestre recebe a

autoridade: é de si mesmo. Ela não pode

provir senão de fé interior. É preciso que ele

creia não em si, sem dúvida, não nas

qualidades superiores de sua inteligência ou

de seu coração, mas na missão que lhe cabe

e na grandeza dessa missão.’ (p.55)

NOTA. O que segue é do capítulo 3 da obra de

Durkheim.

3131

* Ciência da educação e pedagogia

“Na verdade, a educação que se realize numa sociedade determinada, considerada em momento determinado de sua evolução, é um conjunto de práticas, de modos de fazer, de costumes, que constituem fatos perfeitamente definidos, com a mesma realidade da de outros fatos sociais. Não são, como por tanto tempo se acreditou, combinações mais ou menos arbitrárias e artificiais,cuja existência fosse devida á influência caprichosa de vontades sempre contingentes. Constituem, ao contrário, verdadeiras instituições sociais.

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“Não há ninguém que possa fazer com que uma sociedade tenha, num momento dado, outro sistema de educação senão aquele que está implicado em sua estrutura; da mesma forma que é impossível a um organismo vivo ter outros órgãos e outras funções senão os que estejam implicados em sua constituição.” (p.59-60)

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* Caráter social da educação (p.75-82)

• Durkheim volta a criticar o “ideal abstrato e único” de educação em Kant (p.75)

• Reafirma o caráter heterogêneo da educação: “A heterogeneidade que assim se produz não tem como causa injustas diferenças de classes, mas, nem por isso, é menor. Para encontrar uma educação absolutamente homogênea e igualitária, seria preciso remontar até às sociedades pré-históricas, no seio das quais não existe diferenciação – ao menos em teoria.” (p. 77)

3434

• Para Durkheim, o homem médio é eminentemente plástico, podendo ser utilizado, com idêntico proveito, nas mais variadas funções.

• É a sociedade que determina a divisão do trabalho:

“É a sociedade que, para poder manter-se, tem necessidade de dividir o trabalho, entre seus membros, e dividi-los de certo modo. Eis por que já prepara, por suas próprias mãos, por meio da educação, os trabalhadores especiais de que necessita. É, pois, por ela e para ela que a educação se diversifica.” (p.77-78)

3535

Todas as especialidades se apóiam numa base comum: “Não há povo, com efeito, em que não exista certo número de idéias, de sentimentos e de práticas que a educação deve inculcar a todas as crianças, indistintamente, qualquer que seja a categoria a que pertençam. É mesmo essa educação comum que passa geralmente por ser a verdadeira educação.“ (p. 78)

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• Os sistemas de educação estão de tal modo ligados a sistemas sociais determinados, que não se podem separar de sua estrutura (p.79), de sorte que “nosso ideal pedagógico se explica por nossa estrutura social” (p.81).

• A sociedade constrói cada tipo humano segundo as suas necessidades (p. 81):

“O homem que a educação dever realizar, em cada um de nós, não é o homem que a natureza fez, mas o homem que a sociedade quer que ele seja; e ela o quer conforme o reclame a sua economia interna, o seu equilíbrio.” (p. 81)

3737

*A educação como socialização*A educação como socialização

“A educação consiste, pois, sob qualquer de seus aspectos, numa socialização metódica de cada nova geração. [...] A sociedade se encontra, pois, em face de cada nova geração, como que em face de uma tabula rasa, sobre a qual será preciso construir quase tudo de novo. Será preciso que , pelos meios mais rápidos, ela acrescente ao ser egoísta e associal que acaba de nascer, uma natureza capaz de aceitar a vida moral e social. Eis a obra da educação ” (p.82)

3838

* Mudança social e mudança na educação* Mudança social e mudança na educação(por evolução)(por evolução)

“... à medida que caminhamos no tempo, a evolução social se torna mais rápida; uma época não se assemelha àquela que a precede; cada tempo tem suas características. Novas necessidades e novas idéias surgem sem cessar; para poder atender às transformações incessantes que sobrevêm, nas opiniões e nos costumes, faz-se necessário que a educação mude também, e que, por isso, permaneça num estado de maleabilidade que permita facilmente as transformações desejáveis.” (p.69)

3939

“As transformações profundas que as

sociedades modernas têm

experimentado, e estão para

experimentar, necessitam de

transformações correspondentes nos

planos de educação.” (p.90)

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* Do método de investigaçãoA sociologia se ocupa dos fatos sociais:

• “É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter.” (Durkheim, 1971, p.11).

• “A primeira regra e a mais fundamental consiste em considerar os fatos sociais como coisas.” (Ibid., p.13)

• “É preciso afastar sistematicamente todas as prenoções.” (Ibid., p. 27)

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• “Nunca tomar por objeto de pesquisa senão um grupo de fenômenos previamente definidos por certos caracteres exteriores que lhe são comuns, e compreender na mesma pesquisa todos aqueles que correspondem a esta definição.” (Ibid., p.29-30)

• “... quando um sociólogo empreende a exploração de uma ordem qualquer de fatos sociais, deve se esforçar por considerá-los naquele aspecto em que se apresentam isolados de suas manifestações individuais.” (Ibid., p. 39)

• “Mas se consideramos os fatos sociais como coisas, consideramo-los como coisas sociais. Este é o terceiro traço característico de nosso método, que prima em ser exclusivamente sociológico.” (Ibid., p. 126).

5. Karl Popper (versus Escola de Frankfurt)

POPPER critica o positivismoe defende-se a acusação de “positivista” feita por pesquisadores da escola de Frankfurt.

Seguem citações reveladoras do corte positivista em Popper

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“O que eu combati, principalmente, foi a crença de Mannheim de que existia uma diferença essencial, relativa à objetividade, entre o cientista social e o cientista natural, ou entre o estudo da sociedade e os estudo da natureza. [...] Os cientistas naturais não são mais objetivos do que os cientistas sociais. Nem mais críticos. Se há mais ‘objetividade’ nas ciências naturais , então é porque existe uma melhor tradição e padrões mais elevados de clareza e criticismo raciobnal.” (Popper, 1978, p.40) “Dirijo-me, agora, ao progresso da ciência. Estarei observando o progresso na ciência de um ponto de vista biológico e evolutivo. Estou longe de sugerir que este é o ponto de vista mais importante para o progresso na ciência. Porém a abordagem biológica oferece uma maneira conveniente de introduzir as duas ideias guias da primeira metade de minha alocução. São as ideias de instrução e de seleção.” (Popper, 1978, p.51. grifos do autor)

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Leitura recomendada: DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. 6. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971 (ou edição mais recente). Capítulos I e II, p. 1-40

Fim

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