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    PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DE SO PAULOTRIBUNAL DE JUSTIA DE SO PAULO

    ACRDO/DECISO MONOCRATICAREGISTRADO(A) SOB NA C R D O i u m u m u n i m i l m il u m u m m u n u n u*02884641*Vistos, relatados e discutidos estes autos de

    Apelao n 990.09.212478-1, da Comarca de Dracena,em que apelante NATALINA DE OLIVEIRA FONSECA sendoapelado MINISTRIO PBLICO DO ESTADO DE SO PAULO.

    ACORDAM, em 1* Cmara de Direito Criminal doTribunal de Justia de So Paulo, proferir a seguintedeciso: "DERAM PROVIMENTO AO APELO, A FIM DEABSOLVER A RECORRENTE POR ATIPICIDADE DE CONDUTA.V.U.", de conformidade com o voto do Relator, queintegra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dosDesembargadores MRCIO BRTOLI (Presidente sem voto),FIGUEIREDO GONALVES E MRIO DEVIENNE FERRAZ.

    So Paulo, 15 de maro de 2010.

    MARCO NAHUMRELATOR

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    ! a^ i - PODER JUDICIRIOTRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    Apelao Criminal n 990.09.212478-1 - DracenaApelante: Natalina de Oliveira FonsecaApelado: Ministrio PblicoVoto n 16.391 - Relator MARCO NAHUM

    "Apelao. Artigo 229, "caput". do CP. Ausncia deexplorao de menores ou adolescentes n o local.Adequao social da conduta. Absolvio, nos termos doartigo 386, inciso III, do CPP. Recurso provido."

    Natalina de Oliveira Fonseca foi condenada pena de 02 anos derecluso, e 10 dias-multa, piso, substituda a carcerria por restritivas dedireitos consistentes em prestao de servios comunidade e prestaopecuniria de dois salrios mnimos em favor de entidade social, por infraoao artigo 229, "caput", do Cdigo Penal.

    Apelou, a fim de que seja absolvida nos termos do artigo 386,inciso III, do Cdigo de Processo P enal.

    Houve contrarrazes (fls. 439/445).A Procuradoria de Justia pelo desprovimento do recurso (fls.

    449/451) . o relatrio.1. A apelante foi proces

    os meses de agosto e dezembro de 200^denncia, entre

    Dracena, porm

    Apela o Crim inal n 990.09.212478-1 - Voto n 16.391 1

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    conta prpria e com intuito de lucro, manteve local destinado a encontrossexuais.Diz a inicial que a acusada mantinha, com habitualidade,

    mulheres que exerciam o meretrcio, e cobrava alugueres dos quartos ondeeram realizados os encontros sexuais. Desse modo, alimentava a prostituio,e ainda incentivava o consumo de bebidas alcolicas.

    2. H exame do local e fotos s fls. 317/322.Aparelhos de telefonia celular foram interceptados (fls. 73/81;

    95/103 e 168/221), e tambm periciados s fls. 331/334.A prova robusta sobre os fatos alegados na denncia, embora a

    acusada, em seus interrogatrios (fls. 348 e 397) negasse a acusao.As vrias testemunhas ouvidas no contraditrio informam que aacusada mantinha o imvel para encontros sexuais.Graziele (fls. 393) afirmou que freqentava o local mantido e

    gerenciado pela recorrente. Ao preo de R$15,00 (quinze reais) os quartoseram alugados pelo perodo de trinta minutos. Graziele ainda declarou terrecebido valores que variavam entre R$30,00 (trinta reais) e R$50,00(cinqenta reais) por encontro, pagos pelos usurios do local.

    Silvio Csar (fls. 394) admitiu ter freqentado a casa por vriasvezes. Era um prostbulo. Chegou a manter relao sexualno local, e pagou.

    Artur Natalino tambn/informou que o lu^ar era um prostbulo

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    Sueli Ribeiro Ragazoli trabalhou no local, e fez programassexuais. A acusada alugava os quartos (fls. 396).Assim, a prova slida sobre os fatos.3. Porm, ainda que o legislador da dcada de 1940 tenha

    proibido penalmente a "casa de prostituio" (e at hoje a conduta continue aser tipificada), a doutrina atual entende que, em casos como o presente, pode-se admitir a "adequao social", demonstrado inequivocamente que menoresno freqentem o local.

    Esta interpretao evita que a sociedade, de maneira cnica,continue a tratar esta mazela social como crime, ao mesmo tempo em quedeixa de punir apenas pessoas desprovidas de maiores recursos, enquantonas grandes metrpoles a mesma atividade desenvolvida "por todos oscantos " e "a olhos vistos".

    Os tempos atuais, especificamente em nosso pas, no permitemmais esse tipo de hipocrisia. Neste sentido entende-se que a conduta darecorrente h que ser admitida como adequada socialmente, uma vez que,insiste-se, no h provas de que menores tenham sido exploradas.

    Registre-se exausto, no se est a pregar a derrogao danorma, mas sim a se adotar um critrio restritivo da norma penal em razo docaso concreto, e por conta da extenso excessiva da descrio tpica, adotadana dcada de 1940.

    Por isso, Francisco Munz Conde e Mercedes Garcia Arn, aodefinir a teoria da adequao social, explioam que "... Cie/iamente, Io que esadecuado socialmente, es decir, los com portamiento h abftuales en Ia sociedad

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    aceptados y practicados por Ia mayo ra, no d eberan ser generalmen te tpicos,es decir, penalmen te relevantes. P ero sucede muchas veces que existe undesfase entre Io que Ias normas penales prohben y Io que socialmente seconsidera adecuado. Este desfase puede llevar inclusive a Ia derogacin dehecho de Ia norma jurdica ya a proponer su derogacin formal... Lo que Iaadecuacin social puede ser es u n critrio que permita, en algunos casos, unainterpretacin restrictiva de los tipos penales que, redactados con excesivaamplitud, extienden en demasia ei mbito de prohibicin. Pero esta es unaconsideracin fctica que no pu ede p retender validez general..."1 (grifei).

    Tambm neste sentido a opinio de vrios doutrinadoresbrasileiros: "Ao comentar a questo Guilherme de Souza Nucci diz no serpossvel 'fechar os olhos para a realidade, p ois a prostituio, queiramos ouno, est presente e atuante, alm de existirem lugares apropriados para o seudesenvolvimento'... os tribunais no tm condenado os proprietrios ouman tenedores d e locais que - tenham o nome de 'motel, casa de massag em,bares ou cafs de encontros, saunas mistas, dentre outros'- condizem com oslugares mencionados no tipo penal. Acresce Nucci que no se crit ica ajurisprudnc ia, 'ao contrrio, deve-se cens urar a lei, persistindo e m imping ir umcompo rtamento m oralmente elevado - ou eleito como tal coletividade atravsde sanes penais' e, aps fundamentado arrazoado, postula adescriminalizao do delito de casa de prostituio (Cdigo Penal Comentado.7. Ed. So Paulo- RT, 2007, p. 853-854). Pierangeli caminha no mesmosentido. .Tambm postulando a revogao do art. 229,ytT\Julio Fabbrin

    1 Derecho penal Parte general 2a edicin 7996 Tirant lo Blanch Va lencia p 272

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    Mirabete; Rena to N. Fab brini, ob. cit. p. 46 3; Paulo Jos da Costa Jnior ob. cit.p. 745; Anosvaldo Cam pos Pires. Casa de Prostituio. RT 703/406-407 )2.Insiste-se, no caso presente, no se pretende a revogao da

    norma penal do artigo 229 do Cdigo Penal. Ao contrrio, adota-se umainterpretao que torna a norma jurdica atual, em especial pela excessivaamplitude da sua descrio tpica.

    Portanto, no demonstrada a explorao de menores ouadolescentes no local, absolve-se a apelante nos termos do artigo 386, incisoIII, do Cdigo Penal.

    Pelo exposto, deram provimento ao apelo, a fim de absolver arecorrente por atipicidade de conduta.

    2 Alberto Silva Franco e outros Cdigo Penal e sua Interpretao Doutrina e Jurisprudncia. 8aEd So Paulo RT Editora Revista dos Tribunais p 1132-1133

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