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2ª Turma Recursal JUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO Nro. Boletim 2014.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061 11/07/2014 Expediente do dia FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIA NOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS 91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL 1 - 0000425-26.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000425-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x JULIO RIBEIRO FILHO (ADVOGADO: ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA.). Processo nº: 0000425-26.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000425-6/01) Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS Recorrido: JULIO RIBEIRO FILHO Juízo de Origem: 1º Juizado Especial - ES Relator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO VOTO EMENTA RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE. PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA. 1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral de renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de Previdência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego das contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente; e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentou contrarrazões. 2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nos artigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado. 3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que a parte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção, com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça: PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DA LEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA PACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE. (STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3) 4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada e contribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado por ocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior à jubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa. 5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedade de o segurado devolver o que recebeu a título de proventos. 6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se de ato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual se pretenda renunciar. Observe-se: PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO. 1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimento de necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins de

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2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Nro. Boletim 2014.000066 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

11/07/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000425-26.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000425-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x JULIO RIBEIRO FILHO(ADVOGADO: ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA.).Processo nº: 0000425-26.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000425-6/01)Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: JULIO RIBEIRO FILHOJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.PEDIDO PROCEDENTE. SENTENÇA CONFIRMADA.1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico perfeito não pode ser alterado unilateralmente;e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. O recorrido não apresentou contrarrazões.

2. Ressalto, inicialmente, que apenas os recursos extraordinários e especiais estão sujeitos à suspensão determinada nosartigos 543-B e 543-C do CPC, não havendo óbice ao julgamento do presente recurso inominado.

3. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 não se aplica aos casos de desaposentação, uma vez que aparte autora não busca a revisão do ato concessório, mas sim a renúncia e cancelamento do benefício em manutenção,com o objetivo de obter novo benefício. Nesse sentido já se manifestou o Superior Tribunal de Justiça:

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. DECADÊNCIA. ART. 103 DA LEI 8.213/1991 (COM A REDAÇÃO DALEI 10.839/2004). PEDIDO DE RENÚNCIA DE BENEFÍCIO (DESAPOSENTAÇÃO). NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIAPACIFICADA PELA SEÇÃO COMPETENTE. PREJUDICIAL AFASTADA. JULGAMENTO DA MATÉRIA REMANESCENTE.(STJ, EDcl no AgRg no REsp Nº 1.305.914 – SC, rel. Min. Herman Benjamin - 2012/0011629-3)

4. A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

5. Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

6. Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se deato com eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins de

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obtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

7. Outro foi o entendimento adotado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de ProcessoCivil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposiçãode devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

8. A jurisprudência firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) prepondera sobre a firmada na Turma Nacionalde Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU). Com efeito, além de o STJ ser o tribunal responsável pelauniformização da interpretação da legislação federal (artigo 105, III, c, da Constituição da República), a Lei nº 10.259/01 éclara ao viabilizar a interposição de incidente na TNU quando esta adotar orientação contrária a uma súmula oujurisprudência dominante no STJ (§ 4º do artigo 14).

9. A respeito dos juros de mora e correção monetária, é possível observar que a decisão ora recorrida, encontra-se emconformidade com a jurisprudência mais recente do STJ, ao aplicar o INPC como índice de correção monetária e osparâmetros do art. 1º-F, da Lei nº 9.494/97, em relação aos juros de mora. Observe-se:

EMEN: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSO CIVIL. ARTIGO 5º DA LEI 11.960/2009. NATUREZA PROCESSUAL.APLICAÇÃO IMEDIATA AO PROCESSO EM CURSO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE INCONSTITUCIONALIDADE.REPRISTINAÇÃO DA NORMA ANTERIOR. ÍNDICE DE CORREÇÃO MONETÁRIA PARA REAJUSTE DE BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS E PARCELAS PAGAS EM ATRASO. APLICAÇÃO DO INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91.SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. 1. A Corte Especial, ao apreciar o REsp 1.205.946/SP, pelo ritoprevisto no artigo 543-C do Código de Processo Civil, assentou a compreensão de que as alterações do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, introduzidas pela Lei 11.960/2009 têm aplicação imediata aos processos em curso, incidindo o princípio dotempus regit actum. 2. O Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 4.357/DF, Rel. Min. Ayres Brito, declarou ainconstitucionalidade parcial por arrastamento do art. 5º da Lei 11.960/2009. 3. Na esteira desse precedente, a PrimeiraSeção desta Corte, ao julgar o REsp 1.270.439/PR, sob a relatoria do Ministro Castro Meira, DJe de 2/8/2012, firmou oentendimento de que a referida declaração parcial de inconstitucionalidade diz respeito ao critério de correção monetáriaprevisto no artigo 5º da Lei 11.960/2009, mantida a eficácia do dispositivo relativamente ao cálculo dos juros de mora, àexceção das dívidas de natureza tributária. 4. Assim, ficou estabelecido que na atualização das dívidas fazendárias devemser utilizados critérios que expressem a real desvalorização da moeda, afastada a aplicação dos índices de remuneraçãobásica da caderneta de poupança. 5. Em relação a parcelas inerentes a benefício previdenciário, a controvérsia já foi alvode discussão pela Primeira Turma deste Tribunal que, ao julgar o REsp 1.272.239/PR, da relatoria do Ministro AriPargendler, DJe 1º/10/2013, concluiu que, com a declaração parcial de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009,o INPC volta a ser o indexador aplicável para fins de correção monetária, por força do que dispõe o art. 41-A da Lei8.213/91. 6. A pendência de publicação do acórdão proferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo,afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei 11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito.Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 7. Agravo regimental a que se nega provimento.(Processo AGRESP 201101544260 AGRESP - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL – 1263644 Relator(a)SÉRGIO KUKINA Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJE DATA:18/10/2013)

10. Por essas razões, curvo-me à orientação firmada no STJ.

11. Recurso a que se nega provimento. Sentença confirmada.

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12. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelorecorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

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2 - 0000653-94.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000653-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DAS GRAÇAS DOSREIS (ADVOGADO: ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0000653-94.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000653-9/01)RECORRENTE: MARIA DAS GRAÇAS DOS REISRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que o condenou a revisar o benefícioprevidenciário da parte autora a pagar as parcelas vencidas, corrigidas monetariamente desde que devidas e acrescidas dejuros de mora de 1% ao mês a partir da citação. Alega o embargante a inobservância da decisão proferida pelo STF nasADI 4357 e 4425. Alega, ainda, contradição em relação à condenação em honorários advocatícios.A Segunda Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, considera aplicáveis àscondenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997(exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária e de juros demora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E comocritério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a questões do regime geral deprevidência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC paraas condenações referentes questões tributárias.Diferentemente do alegado pelo embargante não houve condenação em honorários advocatícios.Embargos de Declaração conhecidos e desprovidos.

(assinado eletronicamente)ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 3ª Relatora da 2ª Turma Recursal

3 - 0004794-73.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.004794-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x OSIRIS COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA ME (ADVOGADO: ES006118 - JOAOBATISTA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0004794-73.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.004794-2/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: OSIRIS COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA MERELATORA: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJO

V O T O / E M E N T A

ADMINISTRATIVO. CONVITE. MATERIAL COM DEFEITO. DEVOLUÇÃO. DEMORA. RESPONSABILIDADE EMPRESACONTRATANTE. SENTENÇA REFORMADA. PEDIDO IMPROCEDENTE,1. Trata-se de recurso inominado interposto pela União em face da sentença de fls. 205/209, que julgou procedente opedido, condenando a União a pagar à autora o valor de R$ 3.598,80, atualizado, referente a cartuchos de impressão,objeto de Convite 29/05 realizado pelo TRT da 17ª Região e rejeitados pelo órgão. Sustenta a recorrente que foi a parteautora quem deu causa à demora na devolução dos cartuchos rejeitados. Sustenta a legalidade dos seus atos, invocandoos artigos 70 da Lei nº 8.666/93 e 18, caput e §1º, II da CDC. Pugna, em atenção ao principio da eventualidade, pela

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aplicação de juros, com base no artigo 1º F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Contrarrazões (fls.225/230).

2. A empresa autora recebeu penalidade de multa, suspensão temporária de participação em licitação e impedimento decontratar com a Administração pelo prazo de dois anos, por não ter substituído no prazo determinado os cartuchos deimpressão que apresentaram defeitos. Ficou estabelecido, ainda, para fins de devolução dos cartuchos defeituosos, o deverde ressarcimento do valor pago pelo TRT. Tais penalidades não são objeto da presente demanda.

3. O objeto desta ação é a devolução do material defeituoso ou o pagamento do seu valor, atualizado, sob o fundamento deque o órgão licitante estaria condicionando a entrega ao ressarcimento do valor pago, embora, segundo narra a inicial, talprocedimento já tivesse ocorrido. Observe-se que, em cumprimento ao despacho de fl. 189, a autora informa que o pedidode entrega do material encontra-se prejudicado, em razão do tempo decorrido, tendo o produto perdido a validade (fls.191/192).

4. No entanto, compulsando os documentos anexados pela União, verifica-se que a União não exigiu o pagamento integraldo débito para fins de devolução dos cartuchos e grande parte da demora na solução do caso foi ocasionada pela própriaempresa autora.

5. Em agosto de 2005, os doze cartuchos foram entregues ao órgão (fl. 39). Devido aos defeitos apresentados e por não tera empresa realizado a substituição devida, em maio de 2006 a Administração aplicou à empresa autora, além de outraspenalidades, a penalidade de multa (fls. 98/99). Estabeleceu, ainda, que a empresa deveria restituir a quantia paga pelosinsumos defeituosos, bem como retirá-los do almoxarifado do órgão (fl. 100). Em setembro de 2006 a decisão foi mantidaem sede de recurso administrativo (fls. 118/121). Em outubro de 2006 a empresa foi cientificada acerca da manutenção dadecisão, do prazo para interposição de novo recurso e do prazo para recolhimento do valor devido (fls. 122/124).Transcorrido o prazo sem interposição de recurso (fl. 126), a empresa foi notificada para pagar o débito, em novembro de2006 (fls. 127/129). Não tendo a empresa recolhido o valor devido, foi expedida a certidão de fl. 132 para fins de inscriçãona Dívida Ativa da União, em dezembro de 2006. Ou seja, desde novembro de 2006 os cartuchos estavam disponíveis pararetirada, cabendo à empresa o ônus de pagar o valor definido.

6. Em que pese estar parcelando o débito desde abril de 2007 (fls. 149/164), somente decorridos dez meses da decisãofinal, em setembro de 2007, a empresa solicitou a devolução dos cartuchos, informando o ressarcimento, sem, no entanto,comprovar a alegação. Deixou de informar que estava parcelando o débito (fl. 140) e, mais, conforme já dito, afirmou quehavia realizado o ressarcimento, o que gerou a busca administrativa de fls. 141/144.

7. É ônus da parte interessada o dever de comprovar o pagamento, porém somente em maio de 2008 a empresa anexouos comprovantes de parcelamento do débito (146/164). Em junho de 2008 foi determinada expedição de ofício para aProcuradoria da Fazenda Nacional solicitando informações acerca do débito inscrito em dívida ativa nº 72607000001-64 (fl.174). Em julho de 2008 foi determinada a liberação dos cartuchos, em razão do parcelamento do débito (fls. 178/183). Aempresa foi notificada acerca da liberação e, em agosto de 2008 reafirmou-se a disponibilidade dos cartuchos (fls.184/185).

8. Em suma, desde novembro de 2006, quando restou estabelecido o dever de ressarcimento, até a efetiva comprovaçãodo parcelamento do débito, em julho de 2008, a empresa autora quedou-se inerte por aproximadamente 1 ano e seismeses, já que somente cumpriu o dever de comprovar o parcelamento do débito em maio de 2008. Sem contar o períodoque antecedeu o início do procedimento administrativo de aplicação de penalidade, em razão de descumprimento dasnormas do Convite 29/05 que, certamente, não pode ser atribuído à Administração. Sendo assim, não tendo sido aAdministração responsável pela demora na entrega dos cartuchos, não deve ser responsabilizada pela perda de suavalidade. Desta forma, o pedido de pagamento do valor atualizado dos cartuchos não merece prosperar.

9. Quanto ao pedido de devolução dos cartuchos, insta ressaltar que a própria autora afirmou estar prejudicado o pleito.Ocorre que por se estar julgando improcedente o pedido alternativo de pagamento do valor atualizado dos cartuchos, cabereconhecer de ofício a falta de interesse processual, não com base na fundamentação autoral, mas porque os cartuchosestavam disponíveis para retirada desde novembro de 2006, antes, portanto, do ajuizamento da presente ação. Bastava,para a sua retirada, que a empresa autora comprovasse o pagamento ou parcelamento do débito a que se sujeitou, emrazão do descumprimento do contrato. Foi a empresa autora que não se desincumbiu do tal dever. Sendo assim, quanto aopedido de devolução dos cartuchos, julgo extinto o processo sem julgamento do mérito, com fulcro no artigo 267, VI doCPC.10. Recurso conhecido e provido para, reformar a sentença, julgando extinto o pedido de devolução dos cartuchos e,improcedente o pedido de pagamento do valor atualizado dos cartuchos. Custas ex lege. Honorários advocatícios devidospela autora no valor de R$ 250,00, com base no artigo 20, § 4º do CPC.(assinado eletronicamente)ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 3º Relatora da 2ª Turma Recursal

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4 - 0005607-61.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005607-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x LUCIANA CECIM DE CASTRO FRECHIANI.RECURSO Nº 0005607-61.2012.4.02.5050/01RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO(A): LUCIANA CECIM DE CASTRO FRECHIANIRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

TRIBUTÁRIO. TERÇO ADICIONAL DE FÉRIAS GOZADAS. CARACTERIZA ACRESCIMO PATRIMONIAL. NATUREZAREMUNERATÓRIA E NÃO INDENIZATÓRIA. ACRESCIMO PATRIMONIAL NA FORMA DO 43, DO CTN. INCIDÊNCIA DEIMPOSTO DE RENDA.1. A União Federal interpôs recurso inominado contra a sentença que julgou parcialmente procedente o pedido da parteautora de não incidência de IRPF sobre o adicional de férias gozadas. Aduz, em síntese, que a verba possui naturezaremuneratória. Sem contrarrazões, devendo a peça de fls. 64/75 ser excluída, haja vista o disposto no art. 41, § 2º, da Lei9.099/1995.2. O artigo 43, do Código Tributário Nacional estabelece que o fato gerador do imposto de renda é a aquisição dadisponibilidade econômica ou jurídica tanto da renda, quanto dos proventos de qualquer natureza, onde se incluem osacréscimos patrimoniais não afetos à renda.3. No caso, as verbas recebidas como acréscimo constitucional de um terço sobre férias, conforme previsto no artigo 7º,inciso XVII, da Constituição Federal e no artigo 148, da CLT, têm natureza salarial e, portanto, caracteriza verbaremuneratória, enquadrando-se no conceito de renda previsto no artigo 43, do CTN. Assim sendo, os valores recebidos atítulo de adicional de um terço sobre férias gozadas, constituem acréscimo patrimonial a ensejar a incidência do imposto derenda, conforme previsão da legislação tributária.4. A jurisprudência é tranqüila sobre a matéria no seguinte sentido: O terço de férias gozadas (arts. 7º, XVII, e 39, § 3º, daCRFB/1988) tem natureza remuneratória, reconhecida pelo STJ (RESP 1.010.509), pela TNU (PEDILEF0504449-56.2012.4.05.8500) e pelo STF (RE 210.211). Por não estar incluído no elenco do art. 6º da Lei 7.713/1988,sujeita-se à incidência do Imposto de Renda, conforme orientação do STJ (RESP 1.010.509) e da TNU (PEDILEF0504449-56.2012.4.05.8500).5. Recurso da União conhecido e provido para reformar a sentença e julgar improcedente o pedido. Sem condenação emcustas. Sem condenação em honorários advocatícios (art. 55, “caput”, da Lei 9.099/1995). Exclua-se a peça de fls. 64/75,haja vista o disposto no art. 41, § 2º, da Lei 9.099/1995.É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

5 - 0007373-86.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007373-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x DINORAH LYRA DE OLIVEIRA (ADVOGADO:ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO, ES012201 - JOCIANIPEREIRA NEVES, ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO, ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES, ES008598 - MAURARUBERTH GOBBI, ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA,ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT.).RECURSO Nº 0007373-86.2011.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO(A): DINORAH LYRA DE OLIVEIRARELATOR: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. ART. 20, § 3º, DA LEI 8.742/1993.APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 10.741/2003. RECONHECIMENTO PELO STF DAINCONSTITUCIONALIDADE, POR PROTEÇÃO INSUFICIENTE DOS NECESSITADOS, DAS REGRAS EM QUESTÃO(RE 567.985 e RE 580.963). JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO IMPROVIDO.

1. O INSS recorreu da sentença que o condenou a conceder benefício assistencial de prestação continuada. O recurso, emsíntese, reafirma, no contexto dos arts. 195, § 5º, e 203, V, da CRFB/1988, a plena constitucionalidade do critério objetivo erígido de aferição da miserabilidade do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993, bem como a conseqüente impossibilidade deinterpretação extensiva do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003.

2. A jurisprudência amplamente majoritária das Turmas Recursais considerava que o critério do art. 20, § 3º, da Lei8.742/1993 não era absoluto para a aferição da miserabilidade da família, assim como conferia interpretação extensiva aoparágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso (Enunciado 46 das Turmas Recursais do Espírito Santo). Esta orientaçãofoi consolidada pelo próprio STF, que reconheceu incidentalmente a inconstitucionalidade das regras em questão, por

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proteção insuficiente aos idosos e aos portadores de deficiências (RE 567.985 e RE 580.963), permitindo,conseqüentemente, a aferição de miserabilidade pelo juiz com outros parâmetros, por livre apreciação fundamentada daprova.

3. No caso dos autos, a autora reside com o esposo que recebe o valor de um salário mínimo a título de aposentadoria,valor esse que não deve ser considerado para o cálculo da renda mensal familiar, conforme os termos do art. 34, § único,do Estatuto do Idoso, destarte, fazendo jus à concessão do benefício assistencial.

4. Quanto ao pedido de aplicação da TR, o recurso também não merece prosperar. Com efeito, acerca da matéria dosconsectários, rendo-me à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, para considerar aplicáveis às condenaçõesda Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nascondenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária e de juros de mora) e (ii)por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, a manutenção do INPC paraas condenações referentes a questões previdenciárias e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.

5. Por estes fundamentos, nego provimento ao recurso e mantenho a sentença de procedência do pedido. Réu isento decustas (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre ovalor da condenação, nos termos do art. 20, §3º do CPC.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuiz Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

6 - 0001814-17.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001814-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCELO VINCENTINI(ADVOGADO: ES011827 - KEMPER MACHADO LAZARO.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO:ES009141 - UDNO ZANDONADE, ES018685 - SUELLEM RIBEIRO BOTON, ES010059 - GUSTAVO CANI GAMA.).Processo nº: 0001814-17.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001814-3/01)Recorrente: MARCELO VINCENTINIRecorrido: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALJuízo de Origem: 1º Juizado Especial - ESRelator: JUIZ FEDERAL GUSTAVO ARRUDA MACEDO

VOTO EMENTA (VENCEDOR)

RESPONSABILIDADE CIVIL. SAQUE INDEVIDO. DANO MORAL CONFIGURADO. VALOR ARBITRADO NA SENTENÇA.MAJORAÇÃO. CABIMENTO. RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em razão da sentença que condenou a CEF ao pagamento deindenização por danos morais no valor de R$2.000,00, em razão de saque indevido na conta em que a parte percebiabenefício previdenciário.

2. No caso em análise, afigura-se necessário dar provimento ao recurso da parte autora, haja vista o fato de se tratar desaque ocorrido em conta na qual a parte percebe benefício junto ao INSS, bem como por ter o saque fraudulento sidorealizado sobre a totalidade da quantia devida, qual seja, R$3.237,00. Trata-se, portanto, de saque realizado sobre valoresnecessários ao sustento da pessoa.

3. No caso em análise também se afigura necessário pontuar que o recorrente é portador de câncer e informou tal condiçãoao gerente da agência da CEF. Trata-se de doença cujo diagnóstico fragiliza psicologicamente qualquer pessoa, sem falardo penoso tratamento a que o paciente se submete.

4. Registre-se ainda a negativa da CEF em fornecer ao consumidor, naquela ocasião, os documentos que embasaram osaque, bem como por ter exigido o cumprimento de tormentosa rotina burocrática, como por exemplo a ida a outrasagências, a realização do registro da ocorrência em delegacia policial, bem como a demora na restituição do valor devido.

5. Não é demais observar, conforme bem colocado pelo MM Juiz sentenciante, que a CEF sequer trouxe aos autosqualquer prova da alegada fraude que teria sido a causa do saque indevido.

6. Por tais razões, afigura-se razoável a fixação da indenização em valor correspondente ao dobro do valor sacadoindevidamente (fl. 16).

7. Recurso conhecido e provido. Indenização majorada para o valor de R$6.474,00, mantidos os demais termos da

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sentença. Custas ex lege. Honorários devidos pela CEF e fixados em 10% sobre o valor da condenação (CPC, art. 20,caput e § 3º).

ACÓRDÃO

Decide a 2ª Turma Recursal do Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a eledar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

GUSTAVO ARRUDA MACEDOJuiz Federal 1º RelatorAssinado eletronicamente

7 - 0100233-45.2014.4.02.5004/01 (2014.50.04.100233-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORGE LUIZ DIAS(ADVOGADO: ES019587 - MADEGNO DE RIZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0100233-45.2014.4.02.5004/01RECORRENTE: JORGE LUIZ DIASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.

1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Prequestionamento dos artigos 1º, III e 5º, XXXVI, ambos da CRFB/1988. Contrarrazões às fls. 85/98.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa e

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benéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença no sentido de reconhecer ao segurado o direito de renunciar àaposentadoria da qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data dorequerimento administrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sema necessidade de devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, sehouver), respeitada a compensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculosda Justiça Federal, assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem emhonorários, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

8 - 0001188-23.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001188-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE PEREIRA (ADVOGADO:ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0001188-23.2011.4.02.5053/01RECORRENTE: JOSE PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Prequestionamento dos artigos 98, I, § 1º e 109, todos da CRFB/1988. Contrarrazões às fls. 171/188.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,

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conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença e reconhecer ao segurado o direito de renunciar à aposentadoriada qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data do requerimentoadministrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sem a necessidadede devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver), respeitada acompensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça Federal,assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, na forma doEnunciado 97 do FONAJEF.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

9 - 0001064-74.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001064-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCOS GRATZ RIBEIRO(ADVOGADO: ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0001064-74.2010.4.02.5053/01RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL– INSS E OUTRORECORRIDOS: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS E OUTRORELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DACAUSA AFASTADA. VALOR DA CAUSA CORRESPONDE AO BENEFÍCIO PATRIMONIAL PRETENDIDO PELA PARTEAUTORA. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE. RECURSO DO INSS IMPROVIDO. RECURSO DAPARTE AUTORA PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou parcialmente procedente o seu pedido derenúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão denovo benefício mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS, condicionando o seu cumprimento, à restituição dos valores recebidos pela mesmarelativamente ao benefício NB 1299348340. Alega, em síntese, que em recente decisão, o STJ entendeu que tais verbassão irrepetíveis, ante a sua natureza alimentar. O INSS também recorreu da sentença, sustentando, preliminarmente, aincompetência em razão do valor da causa e, no mérito: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal aoemprego das contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a umaespécie que apenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o seguradofez uma opção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº8.213/1991, arts. 5º, II, XXXVI, 40, 194, 195 e 201. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que seja julgadoimprocedente o pedido ou, por derradeiro, caso se decida pela sua manutenção, que a autora devolva os proventosrecebidos relativamente ao benefício anterior NB 1299348340 com juros de mora. Contrarrazões do INSS às fls. 100/105 eda parte autora às fls. 109/124.

2. O INSS aduz, em sede de preliminar de mérito, a incompetência em razão do valor da causa uma vez que,multiplicando-se a renda mensal pelo período a ser devolvido (aproximadamente 12 anos), obter-se-á quantia próxima a R$

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265.000.00 (duzentos e sessenta mil reais) e, já que o juiz condicionou a procedência do pleito autoral à restituição de taisverbas. Ora, é sabido que o valor da causa deve corresponder ao benefício patrimonial pretendido pela parte, ou seja, avantagem econômica que se quer obter com o processo, e deve constar sempre do pedido inicial (arts. 258 e 259, ambosdo CPC). No caso, a parte autora pretende a concessão de novo benefício de aposentadoria por tempo de contribuição coma RMI a ser fixada em 17.12.2010 (data da distribuição do processo) mediante a sua desaposentação, ou seja, requer arenúncia do seu benefício previdenciário em prol de um outro que lhe seja mais vantajoso financeiramente, em razão de terpermanecido trabalhando mesmo após ter se aposentado. Deste modo, a vantagem econômica que pretende auferir com oajuizamento desta demanda é o valor do novo benefício a partir do ajuizamento da ação em 17.12.2010 ou quanto muito adiferença entre estas duas rendas (a que recebe com a que pretende vir a receber com a nova aposentadoria), o quecertamente, à luz do disposto no art. 260 do CPC, não excederá o valor de alçada dos juizados especiais federais (art. 3º,da Lei 10.259/2001). A determinação de devolução do montante recebido pela parte autora relativo à aposentadoria anteriornão caracteriza o benefício patrimonial pretendido pela parte autora, mas apenas a condição imposta pelo juiz, porquanto ,conforme os termos da sentença, somente após a restituição dos valores ficará obrigado ao comando sentencial, assimsendo não tem o condão de modificar o valor da causa, se o próprio Juízo assim não o fez de ofício ou em sede deimpugnação e, ainda sim, após a constatação de que o valor atribuído não condissesse com o real proveito econômicopretendido pelo demandante (STJ, Pet 8816 / DF,Terceira Seção, Relator Ministro Março Aurélio Bellizze, DJe 08/02/2012).

3. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

4. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

5. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

6. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

7. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

8. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

9. Recurso do INSS conhecido e improvido. Recurso da parte autora conhecido e provido para excluir da condenação doautor a restituir os valores relativos ao benefício anterior. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996.Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, caput, da Lei n9.099/1995).

É como voto.

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MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

10 - 0107474-57.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.107474-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDINAOR JOSE LOPES(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDARAUPP.).RECURSO Nº 0107474-57.2013.4.02.5052/01RECORRENTE: CLAUDINAOR JOSE LOPESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Contrarrazões às fls. 84/85.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, por

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fim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença e reconhecer ao segurado o direito de renunciar à aposentadoriada qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data do requerimentoadministrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sem a necessidadede devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver), respeitada acompensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça Federal,assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, na forma doart. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

11 - 0100725-46.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.100725-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x RAILDA SILVA VALE(ADVOGADO: ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, ES013654 - DANIEL DIAS DE SOUZA, ES010117 -JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO Nº 0100725-46.2014.4.02.5001/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRID(O) A: RAILDA SILVA VALERELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 E CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC (REsp1.270.439).

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de PrevidênciaSocial – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991; e) aplicação daLei 11.960/2009 no que diz respeito aos juros e correção monetária. Prequestionamento dos art. 1º F da Lei 9.494/1997 eos artigos 100, § 12; 102, inciso I, alínea 1 e § 2º, todos da CRFB/1988. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim deque seja julgado improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 105/115.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

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6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Os critérios de juros e correção monetária fixados na sentença encontram-se corretos e em consonância com aorientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, a qual me rendo, considerando aplicáveis às condenações da FazendaPública referentes a questões do regime geral de previdência, desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art.1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e, por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o INPC para as condenações referentes a questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais), índices adotados, inclusive, no manual decálculos da Justiça Federal.

9. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatíciosde 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, caput, da Lei n 9.099/1995).

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

12 - 0102758-43.2013.4.02.5001/02 (2013.50.01.102758-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO BUBACH(ADVOGADO: ES007828 - RONI FURTADO BORGO, ES006071 - VITOR HENRIQUE PIOVESAN, ES011477 - LUCIANOBRANDÃO CAMATTA, ES005939 - TARCIZIO PESSALI, ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, ES005830 -LUIZ CARLOS BISSOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).

RECURSO Nº 0102758-43.2013.4.02.5001/02RECORRENTE: PAULO BUBACHRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Contrarrazões às fls. 136/154.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

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3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença e reconhecer ao segurado o direito de renunciar à aposentadoriada qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data do requerimentoadministrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sem a necessidadede devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver), respeitada acompensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça Federal,assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, na forma doart. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

13 - 0100732-38.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.100732-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA CONCEICAOBATISTA (ADVOGADO: ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, ES013654 - DANIEL DIAS DE SOUZA,ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0100732-38.2014.4.02.5001/01RECORRENTE: MARIA DA CONCEIÇÃO BATISTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral de

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Previdência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Contrarrazões às fls. 68/70.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença e reconhecer ao segurado o direito de renunciar à aposentadoriada qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data do requerimentoadministrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sem a necessidadede devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver), respeitada acompensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça Federal,assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, na forma doart. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

14 - 0007759-98.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.007759-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x PEDRO CELESTINO NOGUEIRA (ADVOGADO:ES015004 - JOYCE DA SILVA PASSOS, ES013392 - VANESSA SOARES JABUR.).RECURSO Nº 0007759-98.2013.4.02.5001/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RECORRID(O) A: PEDRO CELESTINO NOGUEIRARELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC (REsp 1.270.439).

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de PrevidênciaSocial – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991; e) aplicação daLei 11.960/2009 no que diz respeito à correção monetária. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 171/186.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. O critério de correção monetária fixado na sentença encontra-se correto e em consonância com a orientação assentadapelo STJ no REsp 1.270.439, a qual me rendo, considerando aplicáveis às condenações da Fazenda Pública referentes aquestões do regime geral de previdência, desde 30/06/2009, o INPC, índice adotado, inclusive, no manual de cálculos daJustiça Federal.

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9. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatíciosde 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, caput, da Lei n 9.099/1995). Excluam-se as peças de fls. 190/263,por incompatibilidade com o rito dos juizados especiais federais.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

15 - 0102499-61.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.102499-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x PAULO MANOEL DACONCEIÇÃO DOS SANTOS (ADVOGADO: ES019221 - AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0102499-61.2014.4.02.5050/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRID(O) A: PAULO MANOEL DA CONCEIÇÃO DOS SANTOSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 E CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC (REsp1.270.439).

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de PrevidênciaSocial – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991; e) aplicação daLei 11.960/2009 no que diz respeito aos juros e correção monetária. Prequestionamento dos art. 1º F da Lei 9.494/1997 eos artigos 100, § 12; 102, inciso I, alínea 1 e § 2º, todos da CRFB/1988. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim deque seja julgado improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 203/222.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tão

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só um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Os critérios de juros e correção monetária fixados na sentença encontram-se corretos e em consonância com aorientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, a qual me rendo, considerando aplicáveis às condenações da FazendaPública referentes a questões do regime geral de previdência, desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art.1º-F da Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e, por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o INPC para as condenações referentes a questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais), índices adotados, inclusive, no manual decálculos da Justiça Federal.

9. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatíciosde 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, caput, da Lei n 9.099/1995).

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

16 - 0101659-04.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.101659-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x JUBER LOUZADA ZIPPINOTTI (ADVOGADO:ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, ES013654 - DANIEL DIAS DE SOUZA, ES010117 - JOAO FELIPE DEMELO CALMON HOLLIDAY.).RECURSO Nº 0101659-04.2014.4.02.5001/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRID(O) A: JUBER LOUZADA ZIPPINOTTIRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC (REsp 1.270.439).

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de PrevidênciaSocial – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991; e) aplicação daLei 11.960/2009 no que diz respeito à correção monetária. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 94/104.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

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4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. O critério de correção monetária fixado na sentença encontra-se correto e em consonância com a orientação assentadapelo STJ no REsp 1.270.439, a qual me rendo, considerando aplicáveis às condenações da Fazenda Pública referentes aquestões do regime geral de previdência, desde 30/06/2009, o INPC, índice adotado, inclusive, no manual de cálculos daJustiça Federal.

9. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatíciosde 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, caput, da Lei n 9.099/1995).

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

17 - 0103852-26.2013.4.02.5001/02 (2013.50.01.103852-6/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDEIR PIGATTI(ADVOGADO: ES007828 - RONI FURTADO BORGO, ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0103852-26.2013.4.02.5001/02RECORRENTE: VALDEIR PIGATTIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.

1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Contrarrazões às fls. 106/120.

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2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença no sentido de reconhecer ao segurado o direito de renunciar àaposentadoria da qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data dorequerimento administrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sema necessidade de devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver),respeitada a compensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da JustiçaFederal, assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, naforma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

18 - 0100504-97.2013.4.02.5001/02 (2013.50.01.100504-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO LAERTE FRANCISCODE ASSIS (ADVOGADO: ES006351 - JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0100504-97.2013.4.02.5001/02RECORRENTE: PAULO LAERTE FRANCISCO DE ASSISRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

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RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Contrarrazões às fls. 163/177.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença no sentido de reconhecer ao segurado o direito de renunciar àaposentadoria da qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data dorequerimento administrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sema necessidade de devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver),respeitada a compensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da JustiçaFederal, assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, naforma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

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Juíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

19 - 0003106-03.2013.4.02.5050/02 (2013.50.50.003106-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) DULCIMAR MONTEXIMENES DALBEM (ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DEALBUQUERQUE FILHO, ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRABORGES, ES019902 - GABRIEL SHMIDT DA SILVA, ES014169 - CLARISSE JORGE PAES BARRETO, RJ138284 -ALESSANDRA NAVARRO ABREU, ES012179 - DANIELLE GOBBI, ES017721 - Miguel Vargas da Fonseca.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0003106-03.2013.4.02.5050/02RECORRENTE: DULCIMAR MONTE XIMENES DALBEMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Contrarrazões às fls. 250/268.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, por

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fim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença no sentido de reconhecer ao segurado o direito de renunciar àaposentadoria da qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data dorequerimento administrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sema necessidade de devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver),respeitada a compensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da JustiçaFederal, assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, naforma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

20 - 0002516-26.2013.4.02.5050/02 (2013.50.50.002516-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO LAURO FERNANDESDO VALE (ADVOGADO: ES018218 - ELLEN DE CASTRO ALVARENGA, ES009070 - RODOLPHO RANDOW DEFREITAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0002516-26.2013.4.02.5050/02RECORRENTE: JOÃO LAURO FERNANDES DO VALERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Sem contrarrazões.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,

Page 24: 2ª Turma Recursal JUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO … · repristinaÇÃo da norma anterior. Índice de correÇÃo monetÁria para reajuste de benefÍcios previdenciÁrios e parcelas

desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença e reconhecer ao segurado o direito de renunciar à aposentadoriada qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data do requerimentoadministrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sem a necessidadede devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver), respeitada acompensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça Federal,assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, na forma doart. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

21 - 0102756-73.2013.4.02.5001/02 (2013.50.01.102756-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROGERIO RIBEIRO ALMEIDA(ADVOGADO: ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, ES007828 - RONI FURTADO BORGO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0102756-73.2013.4.02.5001/02RECORRENTE: ROGERIO RIBEIRO ALMEIDARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Prequestionamento dos artigos 5º, XXXVI, 7º, XXIV, 84, IV e 201, inciso I e § 11 da CRFB/1988.Contrarrazões às fls. 109/111.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

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5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença no sentido de reconhecer ao segurado o direito de renunciar àaposentadoria da qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data dorequerimento administrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sema necessidade de devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver),respeitada a compensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da JustiçaFederal, assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, naforma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

22 - 0102820-83.2013.4.02.5001/02 (2013.50.01.102820-0/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOÃO BOSCO ANÍCIO(ADVOGADO: ES007367 - CHRISTOVAM RAMOS PINTO NETO, ES013654 - DANIEL DIAS DE SOUZA, ES010117 -JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0102820-83.2013.4.02.5001/02RECORRENTE: JOÃO BOSCO ANÍCIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Prequestionamento dos artigos 5º, XXXVI, 7º, XXIV, 84, IV e 201, inciso I e § 11 da CRFB/1988.Contrarrazões às fls. 112/114.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

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3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença e reconhecer ao segurado o direito de renunciar à aposentadoriada qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data do requerimentoadministrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sem a necessidadede devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver), respeitada acompensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça Federal,assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, na forma doart. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

23 - 0000133-35.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000133-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO MARCIANO(ADVOGADO: ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO, ES020937 - CARLOS MAGNO ALHAKIMFIGUEIREDO, ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000133-35.2014.4.02.5052/01RECORRENTE: ANTONIO MARCIANORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefício

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mais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Contrarrazões às fls. 43/46.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença no sentido de reconhecer ao segurado o direito de renunciar àaposentadoria da qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data dorequerimento administrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sema necessidade de devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, sehouver), respeitada a compensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculosda Justiça Federal, assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem emhonorários, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

24 - 0001968-98.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001968-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIZETE CAMPODALL'ORTO (ADVOGADO: ES011742 - MÁRCIO LUIZ LAGE VIEIRA, ES011349 - RODRIGO MARIANO TRARBACH.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0001968-98.2013.4.02.5050/01

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RECORRENTE: MARIZETE CAMPO DALL’ORTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. POSSIBILIDADE. RENÚNCIA À APOSENTADORIA.CONCESSÃO DE NOVO BENEFICIO MAIS VANTAJOSO. DESNECESSIDADE DE DEVOLUÇÃO DOS VALORESPERCEBIDOS. RECURSO PROVIDO.

1. A parte autora interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou improcedente o seu pedido de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado no mercado de trabalho e contribuindo para o Regime Geral dePrevidência Social – RGPS. Sustenta, em síntese, inexistir vedação legal a sua pretensão; que a renúncia à aposentadorianão implica em renúncia ao tempo de contribuição; a desnecessidade de devolução dos proventos recebidos daaposentadoria anterior, conforme entendimento esposado pela jurisprudência majoritária e, por fim; inexistência dedesequilíbrio atuarial. Prequestionamento dos artigos 5º, XXXVI, 7º, XXIV, 84, IV e 201, inciso I e § 11 da CRFB/1988.Contrarrazões às fls. 111/128.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos adesaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença no sentido de reconhecer ao segurado o direito de renunciar àaposentadoria da qual é titular, para a obtenção de novo benefício, a contar do ajuizamento da ação ou da data dorequerimento administrativo (se houver), observados os requisitos legais para tanto, conforme apurado em execução, sema necessidade de devolução dos valores pretéritos recebidos até o ajuizamento (ou requerimento administrativo, se houver),

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respeitada a compensação devida. As parcelas em atraso serão corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da JustiçaFederal, assim como os juros de mora, a incidir a partir da citação. Sem condenação em custas, nem em honorários, naforma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal

25 - 0108241-89.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.108241-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x LINDINALVA FELIPPE (ADVOGADO: ES009962- CRISTIANO ROSSI CASSARO, ES018662 - GILVERTON LODI GUIMARÃES.).RECURSO Nº 0108241-89.2013.4.02.5054/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRID(O) A: LINDINALVA FELIPPERELATORA: JUÍZA FEDERAL MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.CORREÇÃO MONETÁRIA PELO INPC (REsp 1.270.439).

1. O INSS interpôs recurso inominado em face da sentença que julgou procedente a pretensão autoral de renúncia aobenefício previdenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefíciomais vantajoso, em razão de o segurado ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de PrevidênciaSocial – RGPS. Sustenta o recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego dascontribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenascontribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção poruma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991; e) aplicação daLei 11.960/2009 no que diz respeito à correção monetária. Pugna, assim, pela reforma da sentença, a fim de que sejajulgado improcedente o pedido. Contrarrazões às fls. 93/103.

2. A questão cinge-se em aferir a possibilidade de o segurado que permaneceu ou retornou ao mercado de trabalho e, porconseqüência, continuou contribuindo para o RGPS renunciar ao benefício previdenciário até então percebido, e,aproveitando-se do tempo de contribuição anterior somado ao de atividade laborativa posterior e respectivas contribuições,obter nova aposentadoria que lhe seja mais favorável, no mesmo ou em outro regime previdenciário. Discute-se, a partirdaí, se tal renúncia implicará ou não na devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado enquanto perdurou aaposentadoria renunciada.

3. A jurisprudência admitia a renúncia à aposentadoria já obtida, com o aproveitamento do tempo de contribuição para obternova aposentadoria, desde que tal renúncia produzisse efeitos ex tunc (impondo a devolução integral das prestaçõespercebidas do INSS, para evitar enriquecimento ilícito do beneficiário) (TNU, PEDILEF 200872580041869; Enunciado 70das Turmas Recursais do Rio de Janeiro; Primeira Seção do TRF da 2ª Região, EIAC 201050010042326).

4. Não obstante, a Primeira Seção do STJ assentou que “Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveise, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento”. Conferiu interpretaçãoao art. 18, § 2º, da Lei 8.213/1991 no sentido de que este não impede o segurado de retornar à atividade laboral e renunciarà aposentadoria de que está em gozo, nem de, em seguida, requerer novo benefício (reaposentação) que utilize osperíodos contributivos do primeiro somado aos períodos posteriores ao retorno à atividade laboral (RESP 1.334.488).

5. Entendo que a jurisprudência firmada no âmbito do STJ merece preponderar. Isso porque a irrenunciabilidade e airreversibilidade da aposentadoria caracterizam garantias favoráveis ao segurado frente à pretensão do Estado (concessor)de eventual cessação do benefício, não podendo, deste modo, ser utilizado como argumento desfavorável àquele,conquanto único interessado em se “desaposentar” com a finalidade de obter melhor benefício. Note-se que o aposentadoabre mão dos proventos, mas não da contagem do tempo de contribuição já averbado. Nessa égide, enquanto a renúnciafor exercida em benefício do próprio segurado, deverá ser permitida.

6. Quanto à devolução dos proventos recebidos pelo segurado aposentado ao tempo em que perdurou a aposentadoriarenunciada, vale lembrar que o STJ já se pronunciou a respeito, de forma favorável ao segurado afirmando que a restituiçãoé desnecessária, em razão de ser o salário-de-benefício efetivamente devido desde a sua concessão até o ato da suarenúncia, tendo em vista o seu caráter alimentar.Sobre o tema, impende consignar, também, que o salário-de-benefício foi concedido de forma regular sendo, portanto,desnecessária a sua devolução. Registre-se que o instituto da desaposentação não causará acúmulo de benefício, mas tãosó um acréscimo na renda mensal do segurado, por força da substituição de uma aposentadoria por outra mais vantajosa ebenéfica. Há que se levar em conta que, na hipótese, o segurado, mesmo aposentado, continua no exercício de atividaderemunerada e, por isso, retendo contribuições previdenciárias aos cofres do INSS. Com efeito, nestes casos a

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desaposentação sem a devolução dos proventos até então percebidos, seguida da percepção de outro benefício de valormaior, torna equitativa a relação entre segurado e Previdência Social, na medida em que estará havendo o pagamento daprestação (benefício) condizente com a contraprestação (contribuição previdenciária).

7. Sob o aspecto social, tem-se que a “desaposentação” consolida o princípio da dignidade da pessoa humana, na medidaem que o segurado obterá mais renda de cunho alimentar, possibilitando usufruir de uma vida digna; o princípio daisonomia (o valor do benefício terá a necessária correspondência com as contribuições previdenciárias efetuadas) e, porfim, o direito fundamental à Previdência Social, porquanto, estará obtendo o proveito máximo e condizente do trabalhodesempenhado durante longos anos – aposentadoria - um dos objetivos maiores da Previdência Social.

8. O critério de correção monetária fixado na sentença encontra-se correto e em consonância com a orientação assentadapelo STJ no REsp 1.270.439, a qual me rendo, considerando aplicáveis às condenações da Fazenda Pública referentes aquestões do regime geral de previdência, desde 30/06/2009, o INPC, índice adotado, inclusive, no manual de cálculos daJustiça Federal.

9. Recurso conhecido e desprovido. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatíciosde 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (55, caput, da Lei n 9.099/1995).

É como voto.

MARCELI MARIA CARVALHO SIQUEIRAJuíza Federal – 2ª Relatora da 2ª Turma Recursal