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Revista de Imprensa

29-02-2012

1. (PT) - Primeiro de Janeiro, 29/02/2012, Autarquia preocupada com Urgência 1

2. (PT) - Jornal de Notícias, 29/02/2012, Câmara defende Urgência do Hospital Santos Silva 2

3. (PT) - i, 29/02/2012, Travão nas dívidas. Não haverá excepção nos hospitais 3

4. (PT) - Jornal de Notícias, 29/02/2012, 1500 milhões para dívidas da súde 4

5. (PT) - Diário de Notícias, 29/02/2012, Hospitais não pagam subsídio de refeição noturna a médicos 5

6. (PT) - Público, 29/02/2012, Ministério quer retirar exclusividade do transporte de doentes aos bombeiros e

taxistas

6

7. (PT) - i, 29/02/2012, As doenças raras e o SNS 8

8. (PT) - Público, 29/02/2012, No dia das doenças raras 10

9. (PT) - Público, 29/02/2012, Já ouviu falar em síndrome de Cornélia de Lange? A vida de Martim gira à

volta dele

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10. (PT) - Destak, 29/02/2012, Autoridades investigam mutação do vírus 14

11. (PT) - Diário de Notícias, 29/02/2012, Investiga-se possível mutação do vírus da gripe 15

12. (PT) - Jornal de Notícias, 29/02/2012, Doentes com VIH temem "retrocesso" nos tratamentos 16

13. (PT) - Diário de Notícias, 29/02/2012, Há menos gente a morrer de cancro na Europa 17

14. (PT) - Público, 29/02/2012, Ciberdrogas são perigo cada vez maior para jovens 18

15. (PT) - Público, 29/02/2012, Portugal sai do exame da troika com mais recessão e desemprego-recorde 19

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Tiragem: 20000

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 2

Cores: Preto e Branco

Área: 4,64 x 11,77 cm²

Corte: 1 de 1ID: 40460719 29-02-2012GAIA

Autarquia preocupada com Urgência A eventual despromoção da urgência do Centro Hospi-talar de Gaia tem a “total discordância” da câmara mas não preocupa, “no atual momento”, o conselho de administração do hospital, que acredita na sua qualidade. “O hospital de Gaia situa-se a um nível de cuidados mui-to bom e quando se atinge esse patamar temos de estar preocupados é com a quali-� cação adicional e não com qualquer desquali� cação”, disse ontem Álvaro Monteiro. Opinião diferente teve o vice-presidente da Câmara Mu-nicipal, Firmino Pereira, que admitiu estar “preocupado” com o eventual encerramento das urgências.

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Tiragem: 107589

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 21

Cores: Preto e Branco

Área: 4,85 x 16,43 cm²

Corte: 1 de 1ID: 40460186 29-02-2012

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Tiragem: 27259

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 6

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Área: 4,63 x 29,06 cm²

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Tiragem: 0

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 7

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Área: 13,23 x 30,94 cm²

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A5

Tiragem: 49755

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 14

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Corte: 1 de 1ID: 40459897 29-02-2012

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Tiragem: 41435

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Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 16

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Ministério quer retirar exclusividade do transporte de doentes aos bombeiros e taxistas

Alexandra Campos

a O Ministério da Saúde quer libera-lizar completamente o transporte não urgente de doentes para possibilitar a concorrência de preços neste sector, à semelhança do que é feito noutros países. O objectivo é que este tipo de transporte passe a ser feito também por viaturas ligeiras simples, para além das ambulâncias dos bombei-ros e dos táxis, como acontece actu-almente em Portugal.

A proposta de regulamentação do transporte não urgente de doentes em viaturas ligeiras — que hoje deve ser aprovada na última reunião do grupo de trabalho que há dois meses negoceia este dossier — prevê que os motoristas façam apenas uma rápida formação em suporte básico de vida e que as viaturas possuam um alvará conferido pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), apurou o PÚBLICO.

A proposta prevê, assim, que não haja exclusividade, mas sim concor-rência de preços, mas será sempre

obrigatório concurso público no âmbito da contratualização. Ao Mi-nistério da Saúde caberá a defi nição do preço máximo a pagar por qui-lómetro.

Outro objectivo é o da optimização dos percursos efectuados, aprovei-tando a lógica regional. Na prática, o que se pretende é evitar, sempre que possível, que uma viatura se des-loque, por exemplo, do Algarve a Lis-boa apenas com um doente. Para isso haverá uma centralização regional da gestão de transporte não urgente por todas as entidades do Serviço Na-cional de Saúde (SNS). Também está prevista a adopção de um sistema único de georeferenciação.

Protestos à vistaA negociação deste regulamento não tem sido fácil, tendo em conta as di-fi culdades orçamentais — no memo-rando de entendimento acordado com a troika está previsto um corte de um terço da factura com o trans-porte não urgente de doentes, que ascendeu, em 2010, a 168 milhões de euros.

Os bombeiros integram o grupo de trabalho donde resultou a pro-posta de regulamento, até pelo peso que representam neste sector (há, pelo menos, 463 corporações a fa-zer transporte de doentes em todo o país), mas o presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), Jai-

me Marta Soares, não tem poupado críticas a algumas das sugestões do ministério.

À saída da última reunião do grupo de trabalho, Jaime Soares disse mes-mo que as propostas da tutela para o transporte de doentes são “uma espé-cie de tudo ao molho e fé em deus”. O presidente da LBP defende que a introdução da nova tipologia de viatu-ras — “numa carrinha de nove lugares basta pôr um dístico a dizer transpor-te de doentes” — é inaceitável e avisa que os bombeiros arranjarão forma de protestar contra tal decisão, se for para a frente nestes moldes.

Mas outros dirigentes da LBP ad-mitiram aceitar este novo modelo, desde que sejam garantidos alguns pressupostos e desde que as próprias corporações possam ter viaturas a fa-zer transporte nestes moldes, mesmo que pago a preços inferiores à tabe-la que existe para as ambulâncias. E exigem que a tabela das ambulâncias seja fi nalmente revista (o preço pago por quilómetro é de 48 cêntimos e não é alterado há três anos).

Já o presidente da Associação Na-cional dos Transportadores em Auto-móveis Ligeiros (ANTRAL) discorda em absoluto do novo regime em estu-do. Florêncio Almeida sublinha que o transporte em táxi é mais barato (há zonas onde são pagos 38 cêntimos por quilómetro) e garante que haverá protestos.

Viaturas ligeiras serão

autorizadas a fazer

transporte não urgente

de doentes. Exigida apenas

rápida formação em suporte

básico de vida aos motoristas

Face às denúncias de que muitos doentes deixaram de fazer os tratamentos necessários por não terem dinheiro para custearem as deslocações, o Ministério da Saúde decidiu abrir uma excepção, pagando uma parte do transporte a pacientes que necessitem de cuidados de forma prolongada em três casos, independentemente da sua situação económica: doenças oncológicas, insuficiência renal crónica renais e reabilitação em fase aguda. Os doentes pagarão um máximo de 30 euros, em função do percurso. A partir desta taxa máxima, os custos serão suportados pelo SNS. A parte dos custos suportados pelos doentes será paga directamente ao transportador, proposta que é liminarmente rejeitada por Jaime Soares. “Os bombeiros não são cobradores de taxas”, diz. A.C.

Máximo de 30 euros

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Tiragem: 41435

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

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Corte: 2 de 2ID: 40460191 29-02-2012Saúde

Transporte de doentes vai ser liberalizadoa O Governo quer acabar com o ex-clusivo dos bombeiros e taxistas no transporte de doentes não urgentes. A ideia é que qualquer pessoa com uma viatura ligeira e com formação em su-porte básico de vida possa assegurar o transporte, para criar concorrência num sector que representa hoje uma parte muito signifi cativa das receitas dos bombeiros. c Portugal, 16

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Tiragem: 27259

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Tiragem: 27259

País: Portugal

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Âmbito: Informação Geral

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Tiragem: 41435

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Consoante muda

No dia das doenças raras

Rui Tavares

Em Portugal já toda a gente ouviu falar da doença dos pezinhos: uma doença rara, endémica em localidades costeiras do

Norte (Póvoa de+ Varzim, Vila do Conde, Caxinas), que se manifesta em geral por volta dos vinte anos, e cujos primeiros sintomas são as dores nas pernas. A doença dos pezinhos, ou paramiloidose, vai degradando as suas vítimas até atingir o coração e os rins. A doença, a menos de um transplante de fígado, é fatal.

Estas são as más notícias. A boa notícia é que há um medicamento que tem bons resultados na travagem da progressão da doença. A má notícia é que esse medicamento custa 135 mil euros por ano. A boa notícia é que os doentes se mobilizaram para convencer os partidos no Parlamento a aprovar, com caráter de urgência, a disponibilização imediata do medicamento no Serviço Nacional de Saúde. Problema resolvido? O Governo diz que isto signifi caria um gasto de 13 milhões de euros por ano, por uma duração indefi nida. Dinheiro bem gasto, certamente.

Pouca gente, em Portugal, ouviu falar da beta-talassemia. É uma

doença genética que provoca uma redução na sobrevivência dos glóbulos vermelhos. Se não for tratada, esta doença é fatal. O tratamento envolve frequentes transfusões de sangue, e desde a infância. Os doentes sobrevivem, mas com excesso de ferro no organismo, o que lhes pode causar lesões no coração, nos fígados e nos pulmões. Para compensar o excesso de ferro, os pacientes precisam de uma administração frequente de um medicamento por via subcutânea e em perfusão, o que os obriga a ir ao hospital várias vezes por semana, e submeter-se a tratamento várias horas de cada vez. Muitos destes pacientes são crianças.

A boa notícia é que existe um novo medicamento de administração oral, muito menos duro para os pacientes. A má notícia é que ambos os tratamentos — o antigo e o novo — são caros: cerca de dez mil euros por ano. Não parece muito. Se calculados ao longo de trinta anos de vida do paciente, dá 300 mil euros. Há cerca de trezentos doentes com beta-talassemia em Portugal.

Hoje é o dia internacional das doença raras. Deve haver poucas áreas em que a necessidade de subsídio do Estado é

mais clara. Ninguém pediu para ter paramiloidose, ou escolheu ser doente de beta-talassemia. Quando os tratamentos são dispendiosos, a necessidade de intervenção do Estado é, se possível, ainda mais clara. O Estado não pode admitir

que quem tiver uma doença rara e for pobre esteja condenado.

E, no entanto, em todo o mundo, os ministros da Saúde queixam-se de ter de fazer escolhas difíceis. Que fazer quando um medicamento com cinquenta por cento de hipóteses de sucesso custa ao estado milhões de euros por ano?

No entanto, esse dilema não tem de ser um dilema. A maior parte dos medicamentos não custa milhares de euros a produzir. O que custa é pagar os preços que as grandes farmacêuticas se permitem exigir, por deterem monopólios que os Estados lhes concederam. O preço real de um medicamento de 200 mil euros pode ser, na verdade, 200 euros. E aí o caso muda de fi gura.

As farmacêuticas dizem que precisam desses preços para fazer investigação. É duvidoso. Segundo a Comissão Europeia, as farmacêuticas gastam 23% do seu volume de negócios em comercialização e promoção de produtos. E em investigação de base? Não é erro: 1,5% (um e meio por cento).

Quem menos culpa tem desta situação são os nossos concidadãos com doença raras. Se se preocupam com eles, subsidiem-lhes os tratamentos. Se se preocupam com os orçamentos, exijam à UE que quebre os monopólios das grandes farmacêuticas. Historiador. Deputado independente ao Parlamento Europeu (http://twitter.com/ruitavares); a pedido do autor, este artigo respeita as normas do Acordo Ortográfi co

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Tiragem: 41435

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Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

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Corte: 2 de 2ID: 40460273 29-02-2012

Rui Tavares fala de doenças raras e diz que o que custa é pagar os preços que as grandes farmacêuticas se permitem exigir Opinião

iz quegrandes nião

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Tiragem: 41435

País: Portugal

Period.: Diária

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Saúde Hoje são revelados os primeiros dados sobre doenças raras em Portugal

Já ouviu falar em síndrome de Cornélia de Lange? A vida de Martim gira à volta deleAs doenças que se chamam raras afectam quase um milhão de portugueses. É o caso de Martim, cuaj doença quase o impede de falar. A mãe só quer que ele seja um menino “igual aos outros”

a Martim entra na sala a correr, sem-pre a sorrir. Não quer tirar a chupeta, mas rapidamente a mãe o convence a trocá-la por um chocolate. Fica muito atento a olhar para as sombras que se formam no chão, a tentar segui-las e a formar recortes novos. O Martim foi diagnosticado com síndrome de Cornélia de Lange e a confi rmação ge-nética da doença chegou há cerca de um ano. É uma das chamadas doenças raras que afectam quase um milhão de portugueses e caracteriza-se pelo atraso no crescimento e desenvolvi-mento psicomotor, cabeça pequena, baixa estatura e características faciais específi cas, como a união das sobran-celhas ou o lábio superior fi no. Pode provocar anomalias nos membros su-periores, alterações gástricas, como refl uxo, e problemas cardíacos.

“Ouvi pela primeira vez a expressão Cornélia de Lange quando o Martim tinha nove meses”, conta a mãe, que na altura vivia em Inglaterra, onde o bebé nasceu. Prematuro, nasceu de uma cesariana de emergência e seguiu para os cuidados intensivos. “Na altu-ra ninguém me falou de síndrome ne-nhum, disseram-me que era um bebé pequeno”, diz Ana Eça de Queiroz, 34 anos. “Não sei explicar isto, mas mal olhei para o meu fi lho senti que ele tinha alguma coisa.” Apesar de o “instinto de mãe” lhe dizer que algu-ma coisa não estava bem, não sabia o que era e os médicos não confi rma-vam os seus receios: “Dentro de mim guardava a esperança que fosse só a minha imaginação e os meus medos, que não fosse verdade”.

Mudar mentalidadesO Martim está longe de ser caso único. Estima-se que em Portugal haja entre 600 a 800 mil doentes raros, portado-res de uma doença com prevalência inferior a cinco em dez mil pessoas. Hoje serão divulgados os primeiros números — ainda que preliminares — do Registo Nacional das Doenças Ra-ras, que começou a ser feito há dois anos e pretende traçar o retrato nacio-nal destas patologias. A presidente da associação Raríssimas, Paula Brito e Costa, refere que “é muito importante saber qual a realidade” das doenças raras e fazer com que a sociedade pen-se no assunto.

Este é um dos maiores desejos de Ana Eça de Queiroz: “trabalhar as mentalidades”. Explica que é preciso “fazer trabalho de campo”, para que um dia o seu fi lho “possa sair, arranjar um emprego, ter amigos”. Como “os pais sozinhos não conseguem mudar nada”, Ana juntou-se à Pais em Rede,

uma associação que pretende ver a mudança na sociedade. Este movi-mento junta famílias de pessoas com defi ciência e, através das Ofi cinas de Pais, ajuda os “pais especiais” a desen-volver competências para ajudar os fi lhos e promover a sua inclusão.

A doença rara de Martim só foi descoberta porque um dos sintomas — refl uxo gastroesofágico — se mani-festou. Depois de “muitos meses de sofrimento” em que o bebé vomitava todo o leite que bebia, os médicos fi -zeram o diagnóstico clínico. Ana conta que foi “um choque muito grande” mas, agora com seis anos, a criança tem poucas manifestações físicas da doença. Quanto à saúde mental, “tem um atraso no desenvolvimento global, problemas graves de comunicação e da fala”. Para a família, o caminho tem sido difícil, mas não impossível. “Tem terapias [ocupacional e da fala] des-de os dois anos porque, mesmo sem diagnóstico, eu sabia que o meu fi lho precisava de ajuda”, diz a mãe.

Emigrada há dez anos e assistente social de profi ssão, Ana conta que

Rita AraújoMartim, seis anos: a confirmação da doença chegou há um ano

ENRIC VIVES-RUBIO

Criado há dois anos, o Registo Nacional de Doenças Raras surgiu da necessidade de desenvolver investigação nesta área e da urgência em saber qual o impacto do diagnóstico precoce e as respostas ao tratamento. Em Portugal, como no resto da Europa, não há registos organizados para estas doenças, que são difíceis de caracterizar em termos de incidência e prevalência.

A presidente da Raríssimas e da FEDRA (Federação de Doenças Raras de Portugal) considera que há um “desinvestimento” na investigação e que “as doenças raras devem ser um eixo prioritário de investimento na saúde”. Paula Brito e Costa,

que refere que os medicamentos órfãos (específicos para doentes raros) são considerados pela indústria farmacêutica um “nicho de mercado”, pensa ter encontrado “uma solução para o problema da comparticipação” e vai apresentá-la ao Governo. Alerta

para o incumprimento da lei na aprovação de fármacos pelo Infarmed e diz que “há

medicamentos em espera desde 2007”. O Infarmed não precisa quantos,

referindo apenas que durante a avaliação prévia obrigatória

os medicamentos são garantidos gratuitamente

aos doentes, através da chamada Autorização de Utilização Especial. R.A.

Registo nacional tem dois anosEm Portugal quase não há dados sobre doenças

quando voltou a Portugal, em 2009, se sentiu “no deserto”. “É o meu pa-ís, é a minha língua, mas continuava no meio do deserto e sem saber para onde me virar.” Depois de bater “a todas as capelinhas” e de receber in-formações contraditórias — naquilo que diz ser a “confusão total” —, foi ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Era lá que o fi lho tinha a consulta de desenvolvimento e julgou que seria acompanhado no hospital: “É um ser-viço público e o meu fi lho precisava de muito apoio”.

Não foi isso que aconteceu, tendo a médica dito que “no hospital é só para as crianças que têm hipótese de recu-perar”. “Revoltada” e “triste”, afi rma que foi o contacto com outros pais que já tinham passado pelo mesmo que a ajudou a lutar e a “canalizar” a “muita força” que tinha. Hoje, o Martim está “bem acompanhado” e a segurança social comparticipa as consultas de terapia da fala de que necessita. Anda na escola — no próximo ano entra na primária — e “faz tudo igual aos outros meninos”.

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Tiragem: 41435

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 40

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Área: 5,27 x 3,54 cm²

Corte: 2 de 2ID: 40460202 29-02-2012

PortugalDoenças raras afectam quaseum milhãoPág. 17

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A14

Tiragem: 135000

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 8

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Área: 18,78 x 10,87 cm²

Corte: 1 de 1ID: 40459347 29-02-2012

São vários os vírus que se encontram actual-

mente em circulação, refere ao Destak Isabel Marinho Falcão, da Unidade de Apoio às Emergências de Saúde Pública, da Direcção-Geral da Saúde, «que originam quadros respiratórios semelhantes ao da gripe e que também podem complicar-se e até originar óbito». Embora seja prematu-ro avançar que tanto estes vírus, como os da gripe, pos-sam ter sido responsáveis pelo aumento da mortalidade Francisco George fala numa possível mutação do vírus da gripe

SAÚDE

Autoridades investigam mutação do vírusocorrida na semana de 13 a 19 de Fevereiro (três mil óbitos), sabe-se, refere ainda a Isabel Falcão, que as mortes «ocor-reram ao mesmo tempo que o aumento da actividade gripal e ao mesmo tempo que o frio atingiu o País». Mas certezas só «depois de estudos aprofun-dados sobre as causas dos óbi-tos». No entanto, de acordo com as declarações do Direc-tor-Geral da Saúde à Renas-cença, as autoridades estão a investigar uma possível mutação do vírus da gripe.

SÉRGIO LEMOS/CM

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Tiragem: 49755

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 14

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Área: 15,77 x 8,35 cm²

Corte: 1 de 1ID: 40459888 29-02-2012

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A16

Tiragem: 0

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 7

Cores: Cor

Área: 12,31 x 16,26 cm²

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Tiragem: 49755

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 16

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País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 27

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Ciberdrogas são perigo cada vez maior para jovens

a As farmácias que vendem medica-mentos legais (que na sua maioria são contrafeitos) e drogas ilegais na Inter-net são uma ameaça cada vez maior, especialmente para os jovens, alertou ontem o Organismo Internacional de Controlo de Estupefacientes (OICE) no seu relatório de 2011.

As ciberfarmácias usam muitas ve-zes as redes sociais como o Facebook e sites como o YouTube para chegar aos mais jovens. Estes sites são usa-dos para levar os jovens a chats, onde depois quem gere as ciberfarmácias “usa uma série de maneiras para que, à primeira vista, não parecem estar a fazer publicidade a drogas. Mas que depois, claro, começam o bombarde-amento com todo o tipo de drogas”, disse o presidente do organismo, Ha-mid Ghodse, em declarações à agên-cia Reuters.

O organismo com sede em Viena fez um apelo aos Governos para que encerrem os sites de venda ilegal de medicamentos e drogas na Internet e ainda que se esforcem por apreen-der as substâncias contrabandeadas através dos correios — e que coope-rem mais a nível internacional. O OICE sublinhou ainda quais são os “aspectos-chave” para as activida-des das farmácias ilegais na Internet: “contrabandear os seus produtos, en-contrar espaço de alojamento para os seus sites e convencer os seus clientes de que são, de facto, legítimas.” Mas mesmo quando vendem medicamen-tos legais, cerca de metade destes são falsifi cados, segundo dados da Orga-nização Mundial de Saúde.

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Resgate Governo assegura nova tranche de 14,9 mil milhões de euros

NUNO FERREIRA SANTOS

Vítor Gaspar admite que é necessário manter “vigilância constante”

Portugal sai do exame da troika com mais recessão e desemprego-recordeGoverno diz que programa de ajuda evita “austeridade mais selvagem”, mas admite que vai vigiar de perto o risco de uma espiral recessiva. Troika lembra que está disposta a apoiar até o país voltar aos mercados

Ana Rita Faria

a Portugal passou ontem em mais um exame da troika, mas com pers-pectivas bem piores sobre o desem-penho da economia este ano. Além da uma recessão mais profunda, a taxa de desemprego vai atingir um recorde de 14,5%. Um cenário que aumenta o receio de que Portugal entre numa espiral recessiva como a da Grécia e que seja forçado a pedir um segundo resgate.

Embora o Governo continue a dizer que não é preciso mais tempo ou di-nheiro, a própria troika recorda que os países europeus estão disponíveis para apoiar o país até que este consi-ga regressar aos mercados. Mas isto não alivia o “fardo” de Portugal. O executivo quer o programa cumprido à risca e, para a equipa da Comissão Europeia (CE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Cen-tral Europeu (BCE) são mesmo preci-sos “esforços adicionais” no campo das reformas estruturais. Além disso, é preciso resolver o problema que do-minou esta revisão da troika: a falta de fi nanciamento da economia.

Depois de duas semanas a avaliar o programa de assistência fi nancei-ra, a equipa da CE, do BCE e do FMI deu ontem nota positiva ao Gover-no, dizendo que foram cumpridos os critérios quantitativos (défi ce, dívida pública e não-acumulação de dívidas em atraso). Falta apenas o aval de Wa-shington e de Bruxelas para Portugal receber o quarto desembolso do em-préstimo — 14,9 mil milhões de euros, 300 milhões a mais do que o previsto devido a efeitos cambiais.

No entanto, o país sai desta terceira revisão com perspectivas piores para os próximos tempos. Em linha com as estimativas recentemente divulgadas pela CE, a economia portuguesa vai contrair-se 3,3% este ano, em vez dos 3% inicialmente previstos. O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, realçou ontem, na conferência de imprensa onde apresentou os resultados da

3,3%Governo reviu em baixa previsões para a economia, antecipando queda de 3,3% e desemprego de 14,5% este ano

Carlos Moedas, secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro, afirmou ontem que as alterações aos contratos com produtores de electricidade terão de ser negociadas. As novas medidas “não serão tomadas de forma unilateral, mas apenas bilateral, em negociação com os players do mercado”, indicou durante a conferência de imprensa conjunta para anunciar os resultados da avaliação pela troika. Moedas lembrou também que estão em causa alterações aos contratos de co-geração e às garantias de potência, após Vítor Gaspar indicar que “serão negociadas alterações a contratos prevalecentes no sector com operadores relevantes.” Tanto os subsídios à co-geração como as garantias de potência estão entre os chamados custos de

interesse económico geral, que estão desligados do mercado de produção mas todos os anos se reflectem na factura de electricidade — ou, então, contribuem para o défice tarifário, que mais tarde ou mais cedo pesa também nos consumidores.

Tudo indica que esta é uma das prioridades para a troika e que o assunto tem sido alvo de discussões intensas com o Governo, até porque este sector tem sido apontado como um dos que estão tradicionalmente protegidos. Um dos objectivos da equipa será fazer sentir aos consumidores que também essas empresas contribuem para o esforço geral que está a ser feito. “Obstáculos de longa data à entrada de firmas no mercado e a existência de margens excessivas de

Co-geração e garantias de potênciaGoverno avisa que contratos da energia vão ser renegoc

avaliação da troika, que esta revisão resulta da deterioração das condições externas, já que Bruxelas antevê ago-ra uma queda de 0,3% para a zona euro este ano.

Com a recessão a acentuar-se, vai também aumentar o número de pes-soas sem emprego. O Governo espe-ra agora que a taxa de desemprego atinja os 14,5% em 2012 (acima dos 13,4% previstos) e que desça para pouco menos de 14% em 2013. O mi-nistro das Finanças admite que esta evolução terá impacto nas contas da Segurança Social, mas defende que nem isso nem o abrandamento das receitas fi scais põem em causa as me-tas do programa de ajuda.

Numa altura em que crescem os receios de que Portugal entre numa espiral recessiva semelhante à da Gré-cia, Vítor Gaspar continua a afastar essa ideia, dizendo que a austeridade

que o Governo está a implementar “é necessária para evitar precisamente uma austeridade mais descontrolada e selvagem”, que surgiria se o fi nan-ciamento a Portugal fi casse em causa, “com consequências muito gravosas, com especial incidência sobre os mais desfavorecidos.”

Para o ministro, “não há evidên-cia de uma dinâmica de ajustamen-to perverso”. No entanto, Vítor Gas-par admite que é necessário manter uma “vigilância constante” sobre a evolução económica, de modo a “evitar que essas dinâmicas perver-sas possam confi rmar-se”. Também o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, se mostrou ontem cautelo-so na resposta à pergunta sobre se serão precisas medidas adicionais de austeridade, dizendo que o Gover-no não está a contar com isso, mas

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País: Portugal

Period.: Diária

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ciados

Entrevista Paul Krugman, economista

Se daqui a um ano “a troika pedir mais medidas de austeridade, Portugal tem de dizer que não”

Sérgio Aníbal (texto)

e Miguel Manso (fotografia)

“É bastante óbvio”, diz o

Nobel da Economia Paul

Krugman, “que entrar

no euro foi um erro para

a Grécia. E eu diria que

também para Portugal”

a Em Portugal para receber um doutoramento honoris causa de três universidades, Paul Krugman reconhece que não há, no imediato, muitas saídas da crise para o país. “É uma prisão terrível, esta em que Portugal fi cou preso”, afi rma.Esteve em 1976 em Portugal para dar conselhos às autoridades portuguesas. Acha que agora, em 2012, seria mais difícil dar conselhos?Uma grande parte das questões que eram debatidas em 1976 estava relacionada com a desvalorização da moeda. Uma desvalorização moderada do escudo, na altura, fez uma enorme diferença para a economia. O problema agora é que, por causa do euro, Portugal tem muito poucas opções, muito pouco espaço de manobra. E sair do euro, nesta fase, é um passo extremo que não está em cima da mesa. Por isso, a situação actual é realmente muito complicada e, de diversas formas, mais difícil do que em 1976.Tem afi rmado que Portugal caiu numa armadilha e que, num espaço de alguns anos, a saída do euro pode ser a opção…O que eu digo é que, se nada mais funcionar, sair do euro torna-se numa opção real. Não acredito que, neste momento, nenhum Governo – seja em Portugal, Espanha ou Irlanda – possa de forma responsável dizer que o país vai sair do euro. Os custos de fazer isso são enormes e acho que não se irá por aí, a não ser que já se tenha tentado tudo o resto. A Grécia está muito rapidamente a chegar a esse ponto, mas Portugal não. Por isso, não estou preparado para dizer que sair do euro é a solução.Mas Portugal, como os outros países, já está “a tentar tudo o resto”. Vê alguns resultados?Olhando para alguns indicadores, pode-se ver que há um possível ajustamento gradual. Por exemplo, os salários na indústria estão na prática congelados, quando noutros países estão a subir. Isto signifi ca que se está a ganhar competitividade, não tão rápido como se gostaria, mais ainda assim a ganhar competitividade. As exportações estão a subir, apesar de não ser certo que o ritmo do ano passado possa ser mantido.

Não se deve olhar para a situação portuguesa e dizer que não houve qualquer progresso. Por isso, apesar de termos indicadores como o desemprego muito preocupantes, acho que o Governo pode esperar um pouco, dar algum tempo. Mas realmente, é uma prisão terrível, esta em que Portugal fi cou preso. Vão ter de viver com estas condições muito difíceis e tentar mitigar o sofrimento. Ou então, em alternativa, dar um passo mais radical.Quando é que se chega à conclusão de que está na hora de dar um passo radical?Suponhamos que, daqui a um ano, o crescimento da economia fi ca abaixo do que está previsto no memorando de ajustamento e o défi ce fi ca acima. Aí, se a troika pedir mais medidas de austeridade, Portugal tem de dizer que não, que não é viável. É que, de facto, não é viável, iria deprimir ainda mais a economia e teria mesmo efeitos negativos no orçamento. Os cortes no défi ce seriam curtos e com a economia a retrair-se, o rácio défi ce/PIB ainda poderia subir, em vez de descer. Portanto, uma coisa é dar algum tempo para que a actual estratégia funcione, outra é deixar que se entre numa espiral de cada vez maior austeridade. É nessa altura que se tem de dizer não. A Grécia parece ter começado a dizer não, mas a troika não aceitou…A Grécia está a chegar ao fi m do jogo. Não vejo como é que possa continuar no euro. A austeridade está a afundar a sociedade e não aguentam mais. Sair do euro não será fácil, mas ao menos dar-lhes-á

alguma esperança de recuperação. Tanto o Governo português como a troika têm dado uma grande importância ao efeito das reformas estruturais, dizendo que, ao contrário do que está a acontecer na Grécia, será isto que vai fazer Portugal voltar a crescer. Acredita?Podem esperar-se alguns resultados das reformas estruturais e acho que é de avançar com algumas coisas, mas eu não teria grande fé nelas. A história da realização de reformas estruturais mostra que, habitualmente, não produzem os resultados esperados. Não é que não seja necessário fazer reformas, mas a ideia de que podem ser a salvação está errada. E vale sempre a pena lembrar a Irlanda, que foi louvada por ter feito todas as reformas estruturais que se pudessem imaginar e está agora em crise, juntamente com vocês. As reformas estruturais não são a solução mágica.O Estado português está a privatizar empresas, vendendo a investidores estrangeiros, principalmente da China. Parece-lhe que é uma tendência inevitável face ao actual cenário?Acho que, mesmo com a crise, é melhor pensar muito bem em relação a estas decisões. Não se estará a fazer uma coisa agora, para ter um pouco mais de liquidez, de que se irão arrepender daqui a uns 20 anos? Mas eu realmente tenho difi culdade em dar conselhos ao Governo português. Aliás, detesto dizê-lo, mas não faria as coisas de forma muito diferente daquilo que está a ser feito agora. Teria conselhos muito mais claros

advertindo que não tem “nenhuma bola de cristal”. A resposta do líder do PS, António José Seguro, não se fez esperar: “[Eles] vão dizer que o memorando está a ser bem aplicado, mas o que eu disse à troika é que es-sa boa aplicação, nas palavras deles, signifi ca para mim menos emprego, mais recessão e destruição de parte do nosso aparelho produtivo.”

Apesar de continuar a insistir que o programa português é para cumprir — “nos limites, nos montantes, nos objectivos e nos prazos” — o Governo admite que há disponibilidade dos parceiros internacionais de continuar a ajudar Portugal. A própria troika, que, pela primeira vez, não fez ontem uma conferência de imprensa, dei-xando exclusivamente ao Governo a tarefa de porta-voz dos resultados da terceira avaliação, incluiu essa men-sagem no seu comunicado: “Desde que as autoridades continuem a apos-tar numa execução rigorosa do pro-grama, os Estados-membros da zona euro declararam que estão prontos a apoiar Portugal até que o país consiga regressar ao mercado”.

Ainda assim, a CE, o BCE e o FMI deixaram avisos ao Governo, ao di-zer que “subsistem alguns desafi os” e que “são necessários esforços adicio-nais para recuperar o atraso de Portu-gal em matéria de reforma estrutural dos sectores dos serviços de rede e serviços protegidos”, com destaque para a energia (ver caixa).

Além disso, o Governo tem de to-mar medidas para resolver aquele que foi o tema central desta avaliação da troika — o fi nanciamento à eco-nomia. Para isso, o Governo decidiu aliviar os balanços dos bancos com a compra de créditos de entidades públicas (ver texto na pág. 6) e está a estudar, juntamente com o Banco de Portugal, como pôr os bancos a emprestar às pequenas e médias em-presas (PME). Sem este problema re-solvido, a economia corre o risco de se afundar ainda mais na recessão e no desemprego.

retorno asfixiam o dinamismo económico. Os elevados preços dos bens não-transaccionáveis daí resultantes não só reduzem a competitividade externa, como também geram encargos socialmente injustos para consumidores e contribuintes”, indica a equipa agora liderada por Abebe Selassie, num comunicado ontem divulgado. A troika indica que “tanto o ritmo como o esforço de reforma” no mercado de electricidade (tal como nas telecomunicações) “devem ser intensificados”.

A análise dos sobrecustos na produção de energia eléctrica e a procura de soluções para diminuir estes encargos foi um dos compromissos assumidos nas negociações com a troika, lembraram ontem Vítor Gaspar e Carlos Moedas. I.S.

para a senhora Merkel e o senhor Draghi. São eles que têm espaço de manobra e que, mesmo assim, estão a tornar as coisas mais difíceis.Costuma dizer que a história mostra que a austeridade não funciona neste tipo de crises. Se isso é realmente tão óbvio, por que é que tantos líderes europeus estão a seguir este caminho?Há alguns motivos. Um deles é que há um claro aliciante superfi cial na noção de que “eles cometeram excessos e portanto têm de ser punidos”. A noção da economia como moral é sempre muito atractiva. Depois há as eleições. Supondo que a chanceler Merkel secretamente acredita que tudo aquilo que eu tenho escrito é verdade, poderia ela dizer isso e continuar a ser chanceler? Não é claro, dada a política partidária alemã, que isso pudesse acontecer. Falando com muitas pessoas desta elite europeia, sinto que é muito difícil quebrar esta barreira na sua forma de pensar.Acha que pode haver um interesse em acabar com o Estado social europeu?Há certamente pessoas que gostariam de fazer isso, mas não penso que seja essa a ideia geral. Os alemães não têm interesse em acabar com o seu Estado social. Eles valorizam-no. Não vejo Schäuble como um homem mau, o que acho é que ele vê todas as questões económicas como questões de moralidade e esse é que é o problema. De vez em quando, há conspirações no Mundo, mas na maior parte dos casos eu sigo uma regra: nunca atribuir a uma conspiração o que se pode atribuir à estupidez. Penso que é este o caso.Foi um erro, para a Grécia e também para Portugal, entrar no euro?Acho que é bastante óbvio que foi um erro para a Grécia. E eu diria que também para Portugal. Eu percebo que na altura era difícil dizer não, até porque estavam todos a fazê-lo, mas a verdade é que a vida seria muito mais fácil agora. Aliás, a vida teria sido mais fácil no caminho para a crise e agora. As pessoas teriam menos carros…Menos carros nas ruas, mas mais pessoas com trabalho. Há muitas pessoas que acham que o euro foi uma coisa maravilhosa porque durante uma década trouxe muita prosperidade ao Sul da Europa, com todo o dinheiro a entrar. O problema é que isso não era sustentável, não era verdade. E este ajustamento terrível que terá agora de se realizar é o sufi ciente para concluir que não se deveria ter adoptado o euro logo de início.

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País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 6

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Resgate Estado compra três mil milhões de créditos da banca

Dívidas do sector público vão absorver 75% dos fundos de pensões dos bancários

Ana Rita Faria

Estado vai comprar três

mil milhões de créditos da

banca a empresas públicas e

autarquias. A isso juntam-se

1,5 mil milhões de dívidas em

atraso dos hospitais

a Os fundos de pensões dos bancá-rios permitiram ao Governo fechar o ano passado com o défi ce dentro dos limites da troika e, este ano, vão ser quase todos gastos para tentar resol-ver os problemas... da própria banca. Seja através da compra de créditos de entidades públicas, seja através do pagamento de dívidas em atraso dos hospitais, o executivo vai usar 75% dos fundos de pensões para aliviar os balanços dos bancos e libertar fi nan-ciamento para a economia.

Na sequência da terceira avalia-ção do programa de ajuda externa, o Governo e a troika acordaram a utilização de um total de 4,5 mil mi-lhões de euros dos fundos de pen-sões dos bancários — avaliados em seis mil milhões. O grosso — três mil milhões — irá para ser usado para substituir créditos dos bancos a en-tidades públicas reclassifi cadas, no-meadamente empresas públicas, e à administração local.

Segundo o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, “a libertação destes montantes permite aumentar os fun-dos disponíveis para fi nanciamento da economia”, que tem sido uma das grandes preocupações da troika e que, admitiu ontem o governante, foi mesmo o tema central da terceira avaliação do programa de ajuda.

O recurso a estas receitas extraordi-

nárias para comprar créditos de enti-dades públicas já estava, aliás, implí-cito no acordo de transferência des-ses fundos para o Estado, pelo qual este se comprometeu a substituir-se às instituições fi nanceiras no fi nancia-mento a entidades públicas.

Além destes três mil milhões, o Go-verno irá utilizar 1,5 mil milhões dos fundos de pensões para pagar dívidas em atraso dos hospitais-empresa (ver texto em baixo). Esta utilização era já conhecida e, tal como a troika já tinha reconhecido na última avaliação, não irá ter impacto no défi ce e na dívida pública para efeitos do programa de assistência. Isto signifi ca que, dos 6

mil milhões de euros que o Estado encaixou com os fundos de pensões dos bancários, 75% será gasto este ano, para tentar resolver o problema de asfi xia das instituições fi nanceiras. Sobram apenas 1,5 mil milhões e, ao que o PÚBLICO apurou junto de fontes ligadas ao processo, o Governo e a troi-ka ainda não decidiram se vão aplicar ou onde vão aplicar esse valor.

Isto deixa o Governo com muito pouco dinheiro destes fundos para pagar as pensões dos antigos traba-lhadores da banca, que passaram a ser da responsabilidade da Segu-rança Social. Este ano, o custo com as reformas dos bancários deverá

ronda os 500 milhões de euros. Partindo do princípio que o valor se mantenha constante nos próximos anos, o Governo só poderia pagar três anos de pensões recorrendo às receitas geradas com a transferência dos fundos da banca.

Os números da execução orçamen-tal mostram que, em Janeiro, a Segu-rança Social gastou já 56,2 milhões de euros com os pensionistas que faziam parte dos fundos de pensões da banca, que foram transferidos para o Estado no fi nal do ano passado e terão permi-tido ao Governo fechar 2011 com um défi ce de 4%, abaixo do compromisso fi rmado com a troika (5,9%).

Estado vai usar 1,5 mil milhões para pagar dívidas dos hospitais EPENUNO FERREIRA SANTOS

Hospitais vão receber reforço de 200 milhões

Critérios para pagamento de dívidas na Saúde por definir

a O Serviço Nacional de Saúde (SNS) vai receber um reforço de 200 milhões de euros do Orçamento Rectifi cativo para este ano, que deverá ser aprova-do até ao fi nal de Março, e os hospitais vão começar a amortizar as suas dívi-das a partir de Abril. A confi rmação foi dada ontem pelo ministro das Fi-nanças, Vítor Gaspar, durante a con-ferência de imprensa de apresentação dos resultados da avaliação da troika.“O Governo irá apresentar até ao fi nal de Março um Orçamento Rectifi cativo, em particular para ter em conta, entre outras, as implicações da operação de fundos de pensões, o programa da Madeira, o reforço da verbas para a saúde e a contribuição portuguesa para o Mecanismo de Estabilização Europeu”, afi rmou Vitor Gaspar, ga-rantindo que “o aumento da despesa em certas rubricas será compensado

com poupanças noutras”. O reforço das verbas do SNS não terá impacto no défi ce, garantiu.

Tal como o Diário Económico tam-bém noticiou ontem, a troika já deu luz verde ao pagamento das dívidas da Saúde, através das verbas que re-sultam da transferência do fundo de pensões da banca para o Estado. O ministro das Finanças afi rmou que os pagamentos dos 1500 milhões de euros de dívidas dos hospitais “po-derão começar já em Abril, depois da verifi cação de conformidade dos compromissos e da operacionalida-de dos mecanismos de controlo da Inspecção-Geral de Finanças”.

“Este montante será incluído no Orçamento Rectifi cativo e será pre-parado um relatório para a troika no fi nal de Março, prevendo uma estra-tégia geral de controle e redução de

pagamentos em atraso”, acrescentou. Questionado pelo PÚBLICO sobre a razão pela qual os credores só vão começar a receber daqui a mais de um mês, o gabinete de imprensa do Ministério da Saúde explicou que “é o tempo para conseguir operacio-nalizar a transferência do fundo de pensões da banca”.

Tendo em conta que estes 1500 mi-lhões só dão para amortizar metade da dívida global do SNS, que ascende actualmente a cerca de três mil mi-lhões, quais serão os critérios para o pagamento das dívidas? “A antiguida-de [da factura] e o valor da dívida farão parte dos critérios mas essa questão ainda está a ser analisada”, respondeu a porta-voz do ministro Paulo Macedo, salientando que a solução para o res-tante das dívidas “é uma questão que depois vai ser tratada”. “Um problema

de cada vez”, acrescentou. O atraso no pagamento das dívidas já levou o laboratório Roche a suspender, tal co-mo já fez na Grécia, o fornecimento de medicamentos a crédito a 23 hos-pitais, que não pagam as suas facturas há mais de 500 dias. As dívidas só a esta multinacional ascendem já a 135 milhões de euros.

No total, o SNS já devia 1270,6 mi-lhões de euros só à indústria farma-cêutica no fi nal de Dezembro e o pra-zo médio de pagamento era de 476 dias. A Roche justifi cou esta decisão pelo facto de o Governo não ter cum-prido o compromisso de apresentar um plano de pagamento da dívida até ao fi nal de Janeiro. O Ministério lamentou a decisão e garantiu que “não há nem haverá qualquer inter-rupção de tratamentos actuais e fu-turos”. João d’Espiney

Os autarcas com assento no Conselho Directivo (CD) da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) não aceitam ser os “bodes expiatórios” da situação em que o país se encontra e consideram “inaceitável” a atitude do ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, de escrever aos presidentes de câmara a exigir que declarem as dívidas à Inspecção-Geral das Finanças até 15 de Março.

A carta, subscrita também pelo ministro das Finanças, apanhou de surpresa os 17 autarcas que integram o CD e que ontem à entrada para a reunião desconheciam a sua existência. “Trata-se de uma atitude desnecessária, porque os municípios são obrigados por lei a fornecer os dados mensalmente à DGAL [Direcção-Geral das Autarquias Locais]”, declarou ao PÚBLICO o presidente da Câmara de Benavente, José António Ganhão, que integra a direcção da ANMP. O autarca sublinha que os problemas do país não se resolvem se esta medida for aplicada apenas aos municípios. “Nada de mais falso, nada de mais errado.” E lamenta que o Governo tenha passado para a opinião pública a ideia de que há municípios que têm dívidas debaixo de tapete. “O Governo decidiu fazer uma operação mediática para sacudir a água do capote”, diz, notando que “a verdadeira culpa da situação não é das câmaras, mas de quem governou e manteve muitos milhões de euros escondidos”.

Já o presidente da Câmara de Ílhavo e vice-presidente da ANMP, Ribau Esteves, insurgiu-se, em declarações à TSF, contra “o circo mediático” sobre o assunto, afirmando que “o circo mediático só pode ter sido provocado por quem mandou a carta para a comunicação social (...) Olhe, não fui eu, porque eu nem sequer a recebi”. António Costa mostra surpresa com a carta, porque também lembrou que todos os meses as câmaras apresentam contas à DGAL. “Não sei o que o Governo vem pedir a mais do que aquilo que já tem”, disse o autarca de Lisboa, que ontem esteve na apresentação do Anuário Financeiro dos Municípios 2010 (ver Local). Numa nota ao PÚBLICO, a Câmara do Porto mostra-se “muitíssimo preocupada com a dívida brutal da administração central, com o gigantesco passivo das empresas públicas e com os pesadíssimos encargos decorrentes das ruinosas PPPs que foram feitas ao longo dos anos”. Margarida Gomes

Dívidas das câmarasAutarcas indignados com Miguel Relvas

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Três mil milhões saem dos fundos de pensões

Absorção de créditos das empresas públicas não resolve asfixia da banca

a Em linha com a estratégia seguida no fi nal de 2011, o Governo vai voltar a aliviar os bancos nacionais, absorven-do parte dos empréstimos que estes concederam às empresas públicas. Em meados deste ano, haverá uma cessão de créditos num montante de três mil milhões de euros, através dos fundos de pensões. A medida não chegará, porém, para resolver um problema ao qual a troika tem estado atenta, exi-gindo medidas que reabram a torneira do crédito à economia.

A banca acumulava, no fi nal de 2011, mais de 46 mil milhões de euros em empréstimos a empresas do Estado, de acordo com o boletim publicado recentemente pelo Banco de Portu-gal. Desse montante, 22,8 mil milhões eram devidos por empresas reclassi-fi cadas, que entram no perímetro de consolidação do défi ce público, como a Estradas de Portugal ou a RTP.

Mesmo que os três mil milhões fossem utilizados, na íntegra, para transferir créditos destas entidades, representariam apenas 6,5% do to-tal de fi nanciamento prestado pelas

instituições fi nanceiras. Além disso, parte desse dinheiro também será usado para absorver empréstimos das autarquias.

A secretária de Estado do Tesouro e Finanças, Maria Luís Albuquerque, explicou ontem que os créditos a ab-sorver pelo Estado vão circunscrever-se às empresas reclassifi cadas e aos municípios. Trata-se de um acordo feito com os bancos no âmbito do pro-cesso de transferência dos fundos de pensões para a Segurança Social, que manterá “as obrigações contratuais dos devedores inalteradas”, assegurou o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, acrescentando que a operação “au-mentará os fundos disponíveis para a economia”.

Um Estado fi nanciadorEsta tem sido, aliás, uma das preo-cupações da troika, que, na segunda avaliação do Memorando de Enten-dimento, alertavam para os efeitos nefastos da dívida do Sector Empre-sarial do Estado (SEE) junto da ban-ca. “O aumento desproporcionado

do endividamento poderá secar o crédito concedido ao sector privado, especialmente às pequenas e médias empresas”, afi rmava a Comissão Eu-ropeia. Os dados do Banco de Portugal mostram que, no espaço de um ano,

os empréstimos às empresas públicas aumentaram 6,6%. Já o crédito conce-dido ao sector privado e a particulares caiu em Dezembro de 2011 face ao pe-ríodo homólogo.

A operação agora anunciada não é inédita. Já no fi nal do ano passado o Estado se substituiu à banca para fi -nanciar as suas empresas, trocando empréstimos bancários por créditos do Tesouro. No total, foram absorvi-dos 8,2 mil milhões de euros, dos quais cinco mil milhões relativos a entidades reclassifi cadas. Foram também con-cedidos cerca de três mil milhões de créditos da Caixa Geral de Depósitos às sociedades veículo do BPN – a Pa-rups e a Parvalorem.

Esta estratégia fez com que os em-préstimos do Tesouro disparassem no quarto trimestre de 2011 para um acumulado anual de 5,7 mil milhões – uma subida de 7387% face ao ano an-terior. Esta escalada foi protagonizada por quatro empresas que entram no perímetro de consolidação do défi ce: Refer, Estradas de Portugal, Metro do Porto e Metro de Lisboa. Na altura, o

Dívida do SEE preocupa troika

Governo admitiu ao PÚBLICO que da-ria continuidade a estas operações.

O argumento das rescisõesOntem, a secretária de Estado do Tesouro e Finanças assumiu que o SEE não respeitou as imposições de redução de custos operacionais em 15%, tal como o PÚBLICO avançou. E justifi cou a derrapagem com os gas-tos incorridos com o pagamento de indemnizações aos trabalhadores que saíram voluntariamente das empresas públicas, na sequência do processo de emagrecimento do SEE.

No entanto, as contas mostram que não foi o aumento das despesas com pessoal que levou ao incumprimento da medida, até porque esta rubrica sofreu uma redução de 7,7% em 2011, passando de 1,2 para 1,1 mil milhões de euros. A explicação reside, sim, no acréscimo dos custos com mercado-rias vendidas e das matérias consumi-das, que disparou 26%, para 1,5 mil milhões. Também os gastos com for-necimentos externos sofreram apenas um corte de 10,5%. R.A.C.

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Governo revê previsões em baixa com queda de 3,3% na economia e desemprego de 14,5% em 2012

a Portugal passou ontem em mais um exame da troika, mas com pers-pectivas bem piores sobre o desem-penho da economia este ano. Além da uma recessão mais profunda, a taxa de desemprego vai atingir 14,5%. Um cenário que aumenta o receio de que Portugal entre numa espiral recessiva

como a da Grécia e que seja forçado a pedir um segundo resgate. Embora o Governo continue a dizer que não é preciso mais tempo ou dinheiro, a própria troika recorda que os países europeus estão disponíveis a apoiar o país até que este consiga regressar aos mercados. Mas isto não alivia o

Portugal sai “aprovado” do exame da troika com mais recessão e desemprego-recorde

“fardo” para Portugal. O Executivo quer o programa cumprido à risca e, para a equipa da Comissão Europeia, do Fundo Monetário Internacional e do Banco Central Europeu são mes-mo precisos “esforços adicionais” no campo das reformas estruturais.

Paul Krugman em entrevista Se daqui a um ano “a troika pedir mais medidas de austeridade, Portugal tem de dizer que não”

PaSepeau d

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