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01-02-2017

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Revista de Imprensa01-02-2017

1. (PT) - Diário de Notícias, 01/02/2017, Apoiantes da eutanásia avisam que debate não pode ser só "umtruque"

1

2. (PT) - Público, 01/02/2017, A missão de Ana Paula é lutar pelo direito que o pai não teve 4

3. (PT) - Público, 01/02/2017, A nova Lei da Saúde Pública "deixa tudo na mesma" 11

4. (PT) - Correio da Manhã, 01/02/2017, Discurso Direto 12

5. (PT) - Jornal de Notícias, 01/02/2017, PSD e CDS pedem fiscalização da PMA 13

6. (PT) - Destak, 01/02/2017, Clérigos doa EUR10.500 à Liga do Santo António 14

7. (PT) - Jornal de Notícias, 01/02/2017, Corruptores confessam crime mas evitam acusação com dádiva dedois mil euros

15

8. (PT) - i, 01/02/2017, Segurança Social fechou 179 lares em dois anoa 17

9. (PT) - i, 01/02/2017, Detetado caso de gripe das aves no Algarve 19

10. (PT) - Jornal de Notícias, 01/02/2017, Suicídio tem causas familiares 20

11. (PT) - Diário de Notícias, 01/02/2017, Comer bem, com receitas originais e muita ciência 21

12. (PT) - Negócios, 01/02/2017, Refrigerantes aumentam a partir de hoje 22

13. (PT) - Negócios, 01/02/2017, Bial vende negócio de vacinas a alemães 25

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Âmbito: Informação Geral

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Apoiantes da eutanásia avisam que debate não pode ser só "um truque"

Parlamento. João Semedo, promotor da petição que hoje estará em discussão, diz que tem de haver uma votação o mais tardar em 2018

JOÃO PEDRO HENRIQUES

Os promotores da petição em defe-sa da despenalização da eutanásia que hoje será discutida - mas não votada-no plenário do Parlamen-to admitem que um debate políti-co e na sociedade, como pediu on-tem o Presidente da República, se pode fazer "sem qualquer pressa ou sem qualquer aceleração artifi-cial", mas recusam a ideia de que tudo se fique por aí - um debate sem consequência legislativa.

Falando ontem ao DN, um dos principais promotores da iniciati-va, o médico (e ex-deputado e diri-gente do BE) João Semedo, definiu um calendário claro: "Não vejo ne-nhuma razão para que não seja nesta sessão legislativa. Mas se for na próxima também não acho que isso constitua nenhum problema." Dito de outra forma: que o Parla-mento delibere o mais tardar até meados de 2018 (fim da próxima sessão legislativa).

Para Semedo, o que se vai passar hoje no plenário parlamentar é "muito importante" porque "trans-porta a sociedade para o Parlamen-to". "Desejo um processo de discus-são intenso mas com um prazo

POSIÇÕES NA DISCUSSÃO

para terminar. Não estou disponí-vel para que, em nome do debate, nunca se considere a problemática da eutanásia suficientemente dis-cutida. É um truque que contesto e rejeito. Esta discussão é para iniciar e conduir com a votação dos proje-tos de lei, como é evidente", avisa.

No texto que deu pretexto para o debate, intitulado "Direito a mor-rer com dignidade", os peticioná-rios defendem que "um Estado laico deve libertar a lei de normas alicerçadas em fundamentos con-fessionais" e deve, "em contrapar-tida, promover direitos que não obrigam ninguém" mas que "per-mitem escolhas pessoais razoá - veis". "A Constituição da República Portuguesa - lê-se ainda - define a vida como direito inviolável, mas não como dever irrenunciável." Ou seja: "A criminalização da morte as-sistida no Código Penal !que pode dar até cinco anos de prisão! fere os direitos fundamentais relativos às liberdades."

O debate sobre a eutanásia tem múltiplos ângulos de abordagem e um deles é, precisamente, o cons-titucional, caso um dia haja um projeto de lei aprovado. Para o constitucionalista Jorge Miranda, não há dúvidas: é impossível des-

penalizar a prática da morte assis-tida, à luz da Constituição da Repú-blica em vigor "É inconstitucional. O artigo da Constituição sobre o di-reito à vida !artigo 24..1 é taxativo: A vida humana é inviolável.-

Dentro da classe médica, o as-sunto também é tudo menos pací-fico. Ana Jorge, médica e ex-minis-tra da Saúde, afirma-se de acordo com a despenalização -"e isso si-gnifica que quem ajuda não pode ser incriminado por isso". "Todas as pessoas têm direito a morrer de for-ma digna e devem ser ajudados. Deve ser falado com os doentes an-tes da situação, para poder haver um acompanhamento, urna deci-são e um apoio. Clinicamente, te-mos obrigação de tratar e cuidar dos doentes, retirando-lhes o maior sofrimento possível."

Opinião oposta tem outra ex-"-ministra socialista do PS, Maria de Belém: "É algo muito contra a cul-tura médica estabelecida. Num pais com uma fraca literacia como o nosso, isto é muito complexo se não for muito bem explicado." En-fim: "Não se pode aproveitar uma oportunidade de uma petição para legislar imediatamente sobre isso." "Gostaria que os partidos puses-sem o que pensam nos seus pro-

gramas eleitorais, o que permitiria o debate na altura em que se fazem as escolhas políticas. Portanto, va-mos com calma."

Também Miguel Oliveira e Silva, obstetra e ex-presidente Consellio Nacional de Ética para as Ciências daVida, salienta que o Parlamento não tem mandato para legislar, pelo que qualquer decisão só após um referendo. Com um recado direta-mente visando Belém, afirma: "Os partidos não têm o direito de votar algo que não consta do seu progra-ma eleitoral nem foi discutido na

campanha eleitoral. Não têm direi-to a impor uma lei destas. Não me passa pela cabeça que o Presidente da República avance com ela se for aprovada." "Esta - acrescenta - é uma questão importantíssima e devíamos aprender com a expe-riência da Bélgica e da Holanda, e aí há muita coisa a dizer: abusos e subnotificação. Não estou a dizer que no referendo vote contra. A mi-nha posição depende da discussão, do debate, das opiniões que ouvir." Além do mais, o artigo 28 da Con-venção de Oviedo diz que "as ques-

"Estou de acordo com a despenalização da morte assistida. Isso significa que quem ajuda não pode ser incriminado por isso"

"Acho que não se pode despenali7ar, é inconstitucional. O artigo da Constituição sobre o direito à vida é taxativo: a vida humana é inviolável"

"Gostaria que os partidos pusessem o que pensam nos seus programas eleitorais, o que permitiria o debate na altura em que se fazem escolhas" MARIA DE EEIÉ/4 ROSEIRA

) mi , .).Autif

"Pode haver determinados casos em que a própria liberdade de consciência devia ser atendida e respeitada, sem generalizarmos" ~GMO Tonem. ARA [USRItMÉ RI"

"A despenalização não vai obrigar ninguém, vai permitir que quem queira fazê-lo possa desde que seja de forma informada" MARIA DO ROSAM GAMA E,-PROFESSORA

ANA JORGE Lx MINISTRA

SÀuciE

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I.. Paliativos precisam de 66 a 101 equipas domiciliárias "Atualmente existem 20 equipas que acompanham os doentes em casas ou lares. A coordenadora nacional explica que uma das maiores apostas é a formação

Iões éticas importantes devem ser alvo de grande debate e consulta popular", e essa convenção "é lei em Portugal".

Quem já se está a mobilizar con-tra a ideia de despenalizar a morte assistida é a Igreja Católica (setores católicos já entregaram na AR uma petição de sinal contrário à que hoje será discutida). Mas isso não significa que todos pensem neces-sariamente o mesmo. O assunto não é fácil e disso dá conta o bispo emérito Januário Torgal Ferreira. "Custa-me, numa perspetiva ra-

"Sou a favor do referendo depois do debate alargado-Os partidos não têm o &reit° de votar algo que não consta do seu programa eleitoral" ~AL OUVERA FUMA mFoco

João Senbedo defende que a eutanásia pode ser aprovada nesta legislatura, "mas se for na próxima também não acho que isso constitua nenhum problema", acrescenta o antigo dirigente do Bloco

cional e também de fé, quebrar o elo devida. Para mim é assustador", disse ao DN. Mas "pode haver de-terminados casos em que a própria liberdade de consciência devia ser atendida e respeitada".

Quem não tem dúvidas é a ativis-ta dos direitos dos idosos (e mili-tante do PS) Maria do Rosário Gama: "A despenalização não vai obrigar ninguém que não queira, vai permitir que quem queira fazê-lo possa desde que seja de forma in-formada e por decisão própria"

Politicamente, os dois maiores partidos, PSD e PS, apresentar-se--ão sem nenhuma posição fechada e tendo já determinado liberdade de voto para os seus deputados, quando houver iniciativas legislati-vas em cima da mesa (ainda não es-tão). O PSD, que hoje fará avançar para o debate Carlos Abreu Amo-rim, está, como o próprio disse ao DN, em processo de "formação de opinião" e promoverá no dia 9 um colóquio. No PS, podendo não ha-ver posição, a verdade é que hoje deslocará para o púlpito uma de-putada subscritora da petição pró--eutanásia, Isabel Moreira. Tam-bém o PCP assume ao DN, através do deputado António Filipe, que "não tem uma posição fechada". Garantidamente, então, só se co-nhecem as posições do BE e do PAN (a favor e com intenção de legislar) e do CDS (contra).

Portugal tem apenas 20 equipas domiciliárias de cuidados palia-tivos, um número muito abaixo do que o país precisa para dar cuidados em tempo útil aos doentes. Deveriam ser entre 66 e 101 equipas, mas esse será um número difícil de conseguir a curto prazo sobretudo pela falta de profissionais com formação prática nesta área. As últimas es-timativas apontam para a exis-tência de 80 mil pessoas a precisar de cuidados paliativos, mas cerca de 90% não têm acesso a eles.

"Temos 20 equipas domiciliá-rias, precisamos de entm 66e101. Vai ser impossível chegar a este número em 2018. Estamos a pedir que exista uma em cada agrupa-mento de centros de saúde (52). Mesmo este é um objetivo muito ambicioso. Estamos a trabalhar para reforçar as equipas que já existem pata poder alargara área porque não temos profissionais. Não há muitas pessoas com for-mação prática em cuidados palia-tivos", diz ao DN Edna Gonçalves, plesidentedaComissão Nacional de Cuidados Paliativos.

Um dos eixos estratégicos do plano nacional 2017-2018 é a for-mação de profissionais. lá existe um grupo de trabalho que está a trabalhar numa proposta para apresentar às escolas de enferma-gem e já falámos com todas as es-colas médicas. Duas já têm for-

20 > equipas domiciliárias no país São precisas entre 66 e 101. Até 2018 as equipas devem ter 60 horas de trabalho médico, 70 de en-fermagem, 18 de apoio psicológico.

90% > dos doentes que precisam de cuidados paliati-vos não têm acesso aos mesmos por falta de capacidade de respos-ta da rede de cuidados paliativos.

mação obrigatória de cuidados paliativos e as restantes abordam as áreas essenciais. Estamos a tra-balhar com a Ordem dos Médicos para a medicina paliativa ser con-siderada especialidade. Senão será difícil criar um corpo médico a médio prazo e ter centros de re-ferência para formação prática"

Portugal tem, dentro e fora da Rede Nacional de Cuidados Con-tinuados Integrados (RNCCI), 362 camas para cuidados paliativos. O plano prevê a necessidade de 450 a funcionar em hospitais, nas unidades de internamento, que devem ter entre dez e 20 camas cada uma. O objetivo é que os grandes centros hospitalares do país tenham estes serviços a fun-cionar. "A nossa proposta é que não se abram mais camas fora dos hospitais, masque as equipas vão a todas as camas onde estão doentes, que pode ser em lares, residências, numa unidade de cuidados continuados (cerca de oito mil na RNCCI). Os cuidados paliativos não se fazem de camas, mas de profissionais formados. Só uma pequena minoria precisa de unidades especializadas", diz.

Sobre o debate da despenaliza-ção da morte assistida, "esta é uma discussão de valores de so-ciedade, mais do que médico. Acho precoce discutir o tema ago-ra sem haver cuidados paliativos para todos. O acesso aos paliati-vos não evita todos os pedidos de eutanásia, mas tenho a certeza de que vão reduzir muitos pedidos".

Para Luis Capela, daAssociação Portuguesa de Cuidados Paliati-vos, "a discussão não está a ser tão ampla como devia". "A primeira preocupação deverá ser garantir cuidados paliativos de qualidade." "Não é esquerda contra direita ou paliativos contra eutanásia É uma questão de consciência de nós en-quanto sociedade." Sobre a oferta de cuidados paliativos fala de um "sistema muito abaixo das neces-sidades" e lamenta que "os indica-dores que estão a introduzir são todos de produção e não estão centrados nas necessidades dos doentes. Outro aspeto critico são os diferentes níveis de competên-cias e diferenciação exigidos", diz. ANAMAIA

Marcelo tem opinião mas quer debate sem crispação

APELO Presidente pediu ontem uma discussão "ampla e profunda" sobre o assunto, sem revelar qual a sua orientação na matéria

O Presidente da República, Mar-celo Rebelo de Sousa, afirmou on-tem que tem "uma opinião" sobre a questão da eutanásia, mas vol-tou a reservá-la para mais tarde, para "não crispar" um debate que quer"amplo e profundo".

No final de uma visita às ur-gências do Hospital São Francis-co Xavier, em Lisboa, onde serviu refeições como "voluntário ho-norário", o Chefe do Estado lem-brou que a sua experiência de vo-luntariado em hospitais foi na área dos cuidados paliativos, onde contactou com muitos doentes terminais. "É uma maté-ria que eu conheço razoavelmen-te bem, que acompanhei, sobre a qual tenho opinião, mas relativa-mente à qual a minha posição tem sido firmemente a mesma: é importante que haja um debate amplo e profundo na sociedade portuguesa", disse, repetindo um apelo já lançado de manhã.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente "não deve estar a pronunciar-se" sobre a morte medicamente assistida, num momento em que há "duas posi-ções contraditórias" e em que haverá diferentes projetos legis-lativos. "Na devida altura, quan-do tiver de intervir, não deixará de intervir", assegurou. Questio-nado sobre se assinaria alguma das duas petições já entregues no Parlamento-uma a favor e outra contra -caso não fosse Presiden-te da República, Marcelo respon-deu apenas: "Se não fosse Presi-dente (...) não era Presidente, mas como sou Presidente, sou Presidente."

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MORTE ASSISTIDA

Apoiantes da eutanásia avisam que debate não pode ser só "um truque" PÁG5.8E O

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Corte: 1 de 7ID: 68022613 01-02-2017

EUTANÁSIA

“Declaro por minha honra,

de cidadão e de militar,

aos senhores médicos

e familiares, que é da

minha inteira vontade

que me provoquem uma

morte sem dor ou sofrimento, sendo

este o meu desejo, a minha alegria e

a alegria dos vossos corações seguido

de uma salva de palmas.”

A carta foi escrita em Outubro de

2007 pelo sargento-mor da Marinha

Joaquim Guedes Figueiredo. Tinha

cancro nos ossos, e dores insuportá-

veis. Não só físicas — mas essas eram

muitas. Tinha “dores de alma, dor

de ver a família” ter enfrentar tudo

com ele, é muita dor junta que “não

se consegue perceber”, conta hoje

a fi lha.

O pai pediu aos médicos ajuda

para morrer, mas o apelo não foi

cumprido. Não podia, por lei. Sem

essa ajuda, o militar cumpriu o que

disse sozinho, a 12 de Agosto de 2014,

com um tiro à porta de uma esqua-

dra e diante das câmaras de video-

vigilância.

A história tem sido contada pela

fi lha. Ana Paula Figueiredo, de 47

anos, tornou-se uma activista da

causa, a favor da despenalização da

morte assistida. Não tem sido uma

Maria João Lopes

“Quero ter o direito a partir”A eutanásia e o suicídio assistido vão hoje a debate no Parlamento. É apenas o início de uma discussão que divide a sociedade. Ana Paula Figueiredo é a favor da despenalização. A morte do pai e a carta que deixou fi zeram-na abraçar a causa

luta fácil, há muita gente que não a

entende e o tema, tão sensível, divi-

de as opiniões. Mas ela já não tem

dúvidas e, para que não as haja mes-

mo, diz esta frase, com uma voz cal-

ma e com uns olhos castanhos mui-

to abertos: “Não estou a defender a

morte, eu adoro viver. Vivo a vida

com muita intensidade. Mas entendi

e aceitei o que meu pai fez.”

Filha única, católica, professora

de Matemática e com dois fi lhos, é

uma das subscritoras da petição Di-

reito a morrer com dignidade que vai

estar hoje em debate na Assembleia

da República e que pede a despena-

lização da morte assistida. Aliás, não

é só subscritora, fez mesmo parte da

coordenação da iniciativa, teve reu-

niões com os partidos. Foi só depois

de o pai morrer, de recordar algumas

frases enigmáticas que ouviu e de ter

recebido um envelope com cartas,

que percebeu que tinha uma missão

para abraçar.

Uma das cartas, que não torna

pública, é um “mapa” para a vida

que o pai lhe deixou. São palavras

de força, de orientação. Agarrou-se

àquilo, andava com a carta na pasta,

sempre que tinha um bocadinho li-

vre, lia-a. O pai tinha-lhe dito que ia

precisar da ajuda dela. Não queria

que ela metesse baixa nos anos em

que ele esteve doente, que interrom-

pesse o trabalho de professora que

tanto o orgulhava. Dizia-lhe que ia

precisar da ajuda dela, mas noutra

altura. Quando, ela acabaria por

perceber. E Ana Paula Figueiredo

percebeu.

Estava na praia com os fi lhos quan-

do soube da morte do pai. Ninguém

está preparado para ir reconhecer o

corpo de um pai, para sair a correr

e pôr os fi lhos no carro, sem saber o

que lhes dizer, eles tinham na altu-

ra 14 e seis anos. Ninguém está pre-

parado, nem ela que já tinha visto o

pai tirar um revólver numa consulta.

Viu-o pedir ajuda, para lhe aliviarem

o sofrimento — os tratamentos e me-

dicamentos não o estavam a conse-

guir —, ouviu-o também dizer que,

caso não o ajudassem, ele mesmo o

faria sozinho. E fez. Tinha 72 anos.

Ana Paula Figueiredo recorda

o pai como alguém determinado,

convicto, que lutou até ao fi m, com

esperança, que nunca falhou um tra-

tamento, positivo, bem-humorado.

Mas que chegou a uma altura e to-

mou uma decisão. “A pessoa está

viva, mas não está a viver. Eu quero

ter o direito a partir”, resume hoje

a fi lha.

A discussão de um tema tão de-

licado não é, claro, pacífi ca. Hoje,

às 12h30, e diante da escadaria da

Assembleia da República, estará a

manifestar-se um outro movimento

cívico que se chama Stop Eutanásia.

Já recolheu 14 mil assinaturas para

a petição Toda a Vida tem Dignida-

de (também virá a ser discutida no

Parlamento).

As contas na AssembleiaPara já, neste primeiro momento,

o Parlamento debate a petição pelo

Direito a morrer com dignidade. Tem

8690 assinaturas, entre as quais as

dos deputados bloquistas José Ma-

nuel Pureza e Mariana Mortágua, da

ex-ministra da Justiça Paula Teixeira

da Cruz (PSD), de Pacheco Pereira,

da deputada socialista Isabel Morei-

ra, do escritor Miguel Esteves Car-

doso, dos músicos Sérgio Godinho

e Jorge Palma, entre muitos outros.

Pedem a despenalização da morte

assistida, que consideram poder re-

vestir-se de duas modalidades — ser o

doente a auto-administrar o fármaco

letal (suicídio medicamente assisti-

do) ou ser administrado por outrem

(eutanásia).

A discussão será curta — não ul-

trapassará os três minutos por inter-

venção — e servirá para preparar o

caminho para mais tarde se discu-

tirem os projectos já anunciados

pelo Bloco de Esquerda e pelo PAN

(Pessoas-Animais-Natureza) de des-

penalização da eutanásia e do suicí-

dio assistido.

Tanto o BE como o PAN prevêem

que o pedido de morte assistida seja

Ana Paula Figueiredo tem esperança que o debate permita mudar a lei: “Quero dizer aos meus filhos: vocês conhecem a posição da mãe. Se esse direito já existir, peço que ajudem a mãe a ter uma partida serena e cheia de carinho e amor”

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Não há como não ler as pala-

vras de Marcelo Rebelo de

Sousa a propósito da despe-

nalização da morte assisti-

da sem pensar no sketch dos

Gato Fedorento, emitido há

uma década, sobre o referendo ao

aborto. “O aborto é proibido, mas

pode-se fazer. Mas é proibido. Mas

pode-se fazer. Só que é proibido. O

que é que acontece a quem o faz?

Nada. É proibido. Mas pode-se fazer.

Só que é proibido.”

Ricardo Araújo Pereira fazia de

professor Marcelo, na altura comen-

tador televisivo, e copiava-lhe os ges-

tos e as respostas que, na verdade,

não davam resposta nenhuma. Tal

como não dava o candidato Marcelo,

há pouco mais de um ano, quando

questionado sobre a eutanásia. “Eu

teria de olhar para a lei e ver se no

quadro daquilo que eu entendo que

é a conjugação da minha convicção,

das minhas convicções, com a ava-

liação objectiva da realidade que ali

me é apresentada se se justifi cava

tomar uma posição positiva ou ne-

gativa”, dizia em entrevista à Rádio

Renascença.

Ontem, porém, o chefe de Estado

foi um pouco mais claro, não na sua

posição sobre a despenalização da

morte assistida, mas em relação ao

debate que a sociedade tem de fazer

para lá chegar. “O Presidente da Re-

pública quer é que haja um debate

amplo, o mais participado possível,

com iniciativas populares, como pe-

tições, com a iniciativa de partidos

e de cidadãos e de grupos de cida-

dãos, portanto isto signifi ca que não

irá intervir tão depressa sobre esta

matéria”, disse Marcelo.

O Presidente, cuja família políti-

ca de origem é a facção humanista e

cristã do PSD, considerou “prema-

turo” assumir uma posição sobre o

tema neste momento, frisando que

hoje será discutida uma petição no

Parlamento e que “se fala de vários

projectos de lei, de várias origens”.

“Será um processo necessariamente

Presidente da República quer debate amplo e participado

longo com um debate profundo, não

faz sentido que o Presidente da Repú-

blica se apresse a intervir sobre a ma-

téria, dando a sensação de que quer

condicionar o debate”, defendeu.

Interrogado sobre a sugestão do

novo bastonário da Ordem dos Mé-

dicos, Miguel Guimarães, para que

seja convocado um referendo sobre

o assunto, Marcelo também não quis

pronunciar-se, alegando que “nes-

te momento não faz sentido o Pre-

sidente da República avançar nada

sobre matéria nem sobre o conteúdo

nem sobre a forma”. “Debater se há

referendo ou não é debater a forma

de auscultação da vontade dos por-

tugueses e, por outro lado, de de-

cisão política. Eu não irei intervir

nesta fase do processo nem sobre

o conteúdo.”

Sem esconder o desconforto com

questões fracturantes, como esta,

Marcelo acrescentou que “está ad-

quirida na sociedade portuguesa” a

necessidade de um debate sobre o

tema: “Houve um debate numa esta-

ção pública de televisão. Há-de haver

na televisão, na rádio, certamente

serão ouvidos os órgãos competentes

como é o caso do Conselho Nacional

de Ética para as Ciências da Vida, as

ordens.” com Lusa

Sónia Sapage

PERGUNTAS E RESPOSTASO que é a eutanásia?Acto através do qual uma pessoa, geralmente um profissional de saúde, põe termo à vida de outra pessoa em benefício do doente e a pedido do mesmo. Pode ser praticada administrando, por exemplo, uma injecção letal ou retirando o tratamento que suporta a vida. Em que consiste o suicídio assistido?No suicídio assistido há a colaboração de uma pessoa que ajuda o doente a pôr termo à vida, mas com uma participação indirecta, já que o último gesto de tomar os fármacos letais tem de ser concretizado pelo próprio doente.O que está em cima da mesa na discussão em Portugal?A petição que é discutida hoje prevê a morte assistida, ou seja, o conceito abrange a eutanásia e o suicídio assistido. O pedido deve ser feito pelo doente, num acto informado, consciente e reiterado, perante uma doença que cause grande sofrimento e sem esperança de cura. Os projectos de lei apresentados por BE e PAN também falam em morte assistida para pessoas com doenças incuráveis e que causem grande sofrimento. Os dois partidos prevêem que a morte possa acontecer em espaço hospitalar ou em casa e excluem os menores e as pessoas com incapacidades psíquicas. Ambos os partidos prevêem a existência de médicos objectores de consciência.No Código Penal, o que está previsto actualmente?A legislação não utiliza o termo eutanásia. Porém, consoante a conduta, pode ser considerada homicídio privilegiado, homicídio em geral, incitamento ou ajuda ao suicídio ou ainda homicídio a pedido da vítima. As penas de prisão podem ir de um a cinco anos.

Marcelo não assumiu posição

[email protected]@publico.pt

DANIEL ROCHAAna Paula Figueiredo, de 47 anos, tornou-se uma activista pela despenalização da morte assistida

apresentado a um clínico escolhido

pela pessoa e exigem também o pa-

recer positivo de um médico espe-

cialista na área clínica da doença de

que a pessoa é portadora. No caso

do PAN exige-se ainda o parecer de

um psiquiatra. Para o BE, o parecer

deste especialista só é necessário se

houver dúvidas sobre a liberdade e

consciência do pedido.

Os dois projectos prevêem que

“a morte assistida” de pessoas com

doenças incuráveis e fatais — não

abrange menores, nem pessoas com

anomalia psíquica — possa ser em

casa do doente ou num estabeleci-

mento de saúde, consoante a esco-

lha do paciente.

Quanto ao PS, não deverá apresen-

tar qualquer proposta e os deputa-

dos terão liberdade para votar como

bem entenderem. “Ainda não há ma-

turidade sufi ciente dentro do nosso

partido. Ainda não chegou a altura.

Estamos a fazer o nosso caminho”,

lembrou Maria Antónia Almeida San-

tos, uma das deputadas e deputados

que apresentaram uma moção sobre

a despenalização ao seu partido que

ainda não foi votada.

Também no PSD, que vai organizar

a 9 de Fevereiro um colóquio intitula-

do Eutanásia/Suicídio assistido: dúvi-

das éticas, médicas e jurídicas, haverá

liberdade de voto. Já o CDS é contra a

despenalização. Mas, ontem, a líder

centrista não excluiu a hipótese de

um referendo: “Essa é uma matéria

que, também ela, merece um debate

na sociedade portuguesa, mas eu não

excluiria à partida essa hipótese.” A

ideia não deverá ter, porém, pernas

para andar — o Bloco, por exemplo,

é assumidamente contra, argumen-

tando que “direitos individuais não

se referendam”. E mesmo do lado do

Governo e do PS a ideia não merece-

rá concordância.

Quanto ao PCP, ainda não defi niu

a sua posição: não está previsto, por

agora, que apresente qualquer pro-

posta e recusa dizer se os deputados

terão liberdade de voto nos diplomas

do BE ou do PAN.

Hoje, Ana Paula Figueiredo vai

estar nas galerias da Assembleia da

República para assistir ao debate. In-

siste que defende o “direito a morrer

de forma calma, com tranquilidade”,

“no seio da família”. Que quer alar-

gar os direitos das pessoas, a sua li-

berdade de escolher o momento de

morrer.

Tem esperança em que o de-

bate permita mudar a lei: “Quero

dizer aos meus filhos: vocês co-

nhecem a posição da mãe. Se es-

se direito já existir, peço que aju-

dem a mãe a ter uma partida se-

rena e cheia de carinho e amor.”

Não faz sentido que o Presidente se apresse a intervir sobre a matéria, dando a sensação de que quer condicionar o debateMarcelo Rebelo de SousaPresidente da República

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EUTANÁSIA

Convencido de que

um referendo sobre a

eutanásia resultaria num

“sim”, Rui Nunes alerta

para os riscos de uma

legislação precipitada

sobre a matéria, nomeadamente o

de, mudada a correlação de forças

no Parlamento, o poder legislativo

voltar a proibir tal prática. Diz que

a criação de uma lista pública de

médicos objectores de consciência

seria “um retrocesso civilizacional”

e sugere que a eutanásia poderia,

como na Suíça, ser praticada por

voluntários credenciados.

Estão criadas as condições para se legislar sobre a eutanásia em Portugal?Não. O debate da eutanásia é um

debate muito sério, complexo

e disruptivo. E, tratando-se

de um tema de elevadíssima

complexidade, estou convencido

que a maioria dos portugueses não

sabe distinguir o que é a eutanásia,

por exemplo, no modelo holandês,

e a morte medicamente assistida.

E também que não consegue

distinguir entre eutanásia e

testamento vital ou sedação

paliativa terminal ou mesmo

entre eutanásia e uma ordem de

não-reanimar. Estou convencido

que estes temas necessitam de

discussão técnica profunda e séria.

Por outro lado, é absolutamente

“O referendo seria uma ferramenta fantástica”

Rui Nunes Presidente da Associação de Bioética diz que só um referendo garante lei sufi cientemente robusta para travar eventuais retrocessos nesta matéria

EntrevistaNatália Faria

fundamental que este debate seja

feito com seriedade e sem nenhum

tipo de emoções exageradas

que possam distorcer o nosso

pensamento e a nossa decisão.

Depois, entendo que uma decisão

tão fracturante como esta não pode

fi car apenas sob responsabilidade

de um conjunto de deputados

que, tendo legitimidade formal,

não dispõem da necessária

legitimidade democrática. Como

existe esta falta de legitimidade

democrática, quando, daqui a

meia dúzia de anos, tivermos uma

maioria diferente na Assembleia

da República, uma lei que regula

um aspecto tão dramático das

nossas vidas arrisca-se a andar

para trás, a retroceder, aliás, como

se tem assistido por esse mundo

fora, desde logo quando não há

consistência legislativa.

Qual deveria ser o caminho a seguir?É de louvar a iniciativa da

Assembleia da República? Claro

que sim. Mas esse debate só será

levado ao seu limite, da mesma

forma que aconteceu com o

aborto, se houver um referendo

que permita que os diferentes

pontos de vista sejam propostos

para debate e que os portugueses

se possam pronunciar. Aí terão

know-how para poderem deliberar

e, aí sim, teremos uma lei robusta

e moderna e não andaremos com

avanços e recuos nesta matéria.

Por outro lado, creio que esta

precipitação legislativa não está a

COLÔMBIA

EUA

CANADÁ

BÉLGICALUX.

HOLANDA

FRANÇASUÍÇA

URUGUAIUruguaiFoi o primeiro país a manter na legislação penal a eutanásia como crime, mas prevendo em termos judiciais que haja um perdão sobre a responsabilidade criminal de quem ajudou alguém a morrer, desde que o pedido do doente tenha sido reiterado e a doença causasse um sofrimento irreversível.

ColômbiaÀ semelhança do Uruguai, a legislação penal colombiana previa dois a seis anos de prisão para o chamado “homicídio piedoso”, mas o entendimento judicial era o de dar um perdão sempre que o acusado tivesse dado resposta a um pedido reiterado da vítima. Em 2015 o país decidiu estabelecer critérios para o acesso à morte com dignidade.

CanadáDesde Junho de 2016 que é permitido tanto o suicídio assistido como a eutanásia activa, desde que praticada por um médico e a pedido de alguém mentalmente competente com uma doença grave ou incurável e num estado avançado e irreversível. As regras obrigam a que o pedido seja feito por escrito, corroborado por duas testemunhas e avaliado por dois médicos ou enfermeiros certificados. É obrigatório esperar 15 dias para concretizar a decisão.

FrançaA eutanásia e o suicídio assistido são proibidos. Ainda assim, em 2005 foi aprovada a “Lei Léonetti” que permite que a equipa médica “limite ou suspenda qualquer tratamento que seja inútil, seja desproporcionado ou não tenha qualquer outra finalidade que não seja prolongar artificialmente a vida”.

EUAO acto médico de abreviar a vida é proibido, mas há regulamentação estadual sobre o suicídio assistido, que é permitido em cinco estados: Oregon, Vermont, Califórnia, Washington e Montana.

ter em conta outro factor: é que, de

momento, a ética e a deontologia

médicas não permitem a prática

da eutanásia. E era mais do que

recomendável que também

houvesse um debate paralelo na

classe médica.

O projecto de lei do PAN prevê a criação de uma lista pública de médicos objectores de consciência...Uma coisa é a legislação, as

normas jurídicas e a organização

do sistema de saúde; quando se

entra na consciência das pessoas,

não gosto de ver o poder político

intrometer-se. Acho que a última

coisa que deve acontecer é criar-se

uma lista pública de objectores.

Isso seria um retrocesso

civilizacional. E, de resto, não há

nenhum imperativo que obrigue

a que sejam os médicos a praticar

a eutanásia. Por que não os

enfermeiros? A eutanásia não é

um acto médico, quando muito

será um acto de saúde e pode ser

praticado por outro profi ssional.

Mas também admito que os

enfermeiros tenham reticências.

Na Suíça, como disse, a eutanásia

é praticada por voluntários que

não são profi ssionais de saúde.

Legitimou-se o direito à morte

assistida, mas, no fi m da linha,

entendeu-se que o profi ssional

de saúde tem outra missão, a de

tratar, curar e de salvar, e há

outras pessoas que estão

credenciadas para aplicar a

eutanásia. É dos tais a priori

que não estão a ser discutidos.

Eu não tenho nada a certeza

que a sociedade queira

que sejam os médicos

a fazê-lo.

Não há nenhum imperativo que obrigue a que sejam os médicos a praticar a eutanásia

de saúde tem o

tratar, cura

outras pes

credencia

eueueueueeuuuuutanásia

quue eeee nãnãnão o oo

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que

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HolandaFoi o primeiro país europeu a permitir a eutanásia e o suicídio assistido, com uma lei de 2002. Os actos são permitidos a menores de 12 anos, desde que com o consentimento dos pais. Depois dos 18 anos desaparecem asexigências de autorização e aconselhamento dos progenitores. Em qualquer dos casos, o doente deve expressar a vontade de forma convicta, reiterada e quando o estado de sofrimento é insuportável e sem perspectivas de melhoria. A avaliação tem de ser corroborada por dois médicos.

BélgicaEm 2002, pouco depois da Holanda, o país descriminalizou todas as modalidades de eutanásia. O direito foi estendido a menores de idade em 2014. O doente tem de estar consciente no momento em que faz o pedido, que deve ser feito de forma reiterada. O sofrimento físico ou psíquico tem de ser insuportável e sem hipóteses de reversão. Aos médicos é exigidoque recordem aos doentes as possibilidades de tratamento e de cuidadospaliativos. Está prevista a objecção de consciência para os médicos.

LuxemburgoFoi o terceiro país a despenalizar a eutanásia e o suicídio assistido, em 2009. O doente tem de estar consciente no momento do pedido e deve ter uma doença que provoque um estado físico ou psicológico insuportável e parao qual não haja uma possibilidade de melhoria. Os médicos têm de se reunir várias vezes com os doentes e apresentar sempre possibilidades de tratamento ou de cuidados paliativos.

SuíçaO Código Penal pune o homicídio a pedido da vítima. No entanto, o tema tem sido olhado na óptica do suicídio assistido, cujo entendimento judicial tem sido de descriminalizar. É este entendimento que legitima a acção de clínicas como a Dignitas, procurada por doentes de todo o mundo.

Está convencido que num referendo sobre a matéria a eutanásia poderia passar?Estou convencido que a maioria

da população pode estar receptiva

a esta evolução legislativa, mas

é uma simples impressão, e não

se pode avançar desta forma tão

drástica no plano civilizacional

com base em opiniões dispersas.

Aqui o referendo seria uma

ferramenta fantástica, até

porque era uma arma de cultura

democrática e de educação para

a saúde, e não tenho dúvidas

de que o povo português fi cou

melhor depois do referendo sobre

o aborto, cuja discussão fez com

que as pessoas evoluíssem em

termos de cidadania responsável.

Se marcássemos este referendo

para o Verão ou para o início de

2018, dava tempo de fazermos

um amplo debate e depois as

pessoas escolheriam sem nenhum

sentimento de que há aqui uma

pressão no sentido de uma

determinada mudança. Mas se o

Parlamento decidir agora...

... Há o risco de estar a votar uma lei pouco robustecida e a abrir a possibilidade de, mudado o puzzle político, o país voltar atrás?Se a lei for aprovada pelos

deputados agora, nada impede

que, com outra constituição da

Assembleia da República, este

diploma possa ser revertido. Mas,

se tiver a chancela de um acto

referendário, será muito difícil a

qualquer Parlamento no futuro

andar para trás sem ser também

através de referendo.

[email protected]

Mar AdentroO caso que mais rapidamente se associa ao problema da eutanásia é o do espanhol Ramón Sampedro, cuja história inspirou o filme Mar Adentro, de Alexandro Amenábar. Tetraplégico desde os 25 anos na sequência de um mergulho que correu mal, o espanhol viveu 29 anos preso a uma cama porque os sucessivos pedidos para ser ajudado a morrer foram sempre negados. A 12 de Janeiro de 1998, com 55 anos de idade, conseguiu que uma amiga lhe desse a beber uma dose letal de cianeto de potássio. A amiga chegou a ser presa e indiciada por homicídio, mas o tribunal nunca conseguiu provar o seu auxílio à morte de Ramón. A portuguesa que foi à SuíçaMaria não é o nome verdadeiro da mulher que, aos 67 anos, foi a primeira portuguesa a recorrer ao suicídio assistido, na Suíça. Em 2009, fora-lhe diagnosticado um cancro terminal. Sem filhos, a viver sozinha, foi a primeira portuguesa a conseguir que na Dignitas, uma organização onde é possível pagar para ter acesso a um suicídio assistido, a ajudassem a morrer antes que a doença tornasse o seu sofrimento insuportável. Os primeiros casos de eutanásia por depressãoUma mulher belga de 24 anos viu reconhecido o seu pedido a ser assistida na morte alegando sofrer de uma depressão profunda há vários anos. Sem nenhuma enfermidade física, a mulher vinha sendo tratada há anos em vários hospitais psiquiátricos e tinha pensamentos suicidas desde os seis anos de idade. A autorização para ser ajudada a morrer foi-lhe concedida no Verão de 2015. Mas este não foi o primeiro caso de eutanásia por depressão. Em Fevereiro de 2012, outra mulher belga com depressão profunda pediu para lhe aplicarem a injecção letal.

Casos controversos

20Portugueses que até ao início de 2016 pediram à associação suíça Dignitas que os ajudasse a morrer

5561Mortes por eutanásia em 2015 na Holanda, um dos países onde a prática é legal. Cinco anos antes tinham sido 3695

A bancada parlamentar do

CDS vai anunciar hoje um

projecto de lei que visa

reforçar os direitos dos

doentes em fim de vida,

manter a sua dignidade

e minimizar o seu sofrimento. A

deputada Isabel Galriça Neto não

quer apresentar a iniciativa como

uma alternativa à eutanásia, mas

assume que é contra essa prática:

“O problema do sofrimento trata-se

cuidando e não matando”.

A iniciativa legislativa, que será

apresentada durante uma declara-

ção política da deputada, dirige-se

às pessoas em fi m de vida, um con-

ceito que abrange uma estimativa

de sobrevivência de 12 meses. São

pessoas com doenças graves, incu-

ráveis e progressivas. Entre os princí-

pios que o CDS quer ver consagrados

na lei está o direito à recusa de tra-

tamentos que “prolongam o sofri-

mento”. Consta também o direito

à informação sobre a natureza dos

tratamentos para evitar a obstinação

terapêutica. A deputada lembra que

nem todos os doentes fazem o testa-

mento vital e que mesmo esses têm

direito a saber a natureza dos trata-

mentos a que vão ser sujeitos.

O CDS pretende ainda que a se-

dação nos cuidados paliativos fi que

clarifi cada na lei. “Há más práticas

sobre sedação em fi m de vida que

não respeitam os pressupostos da

sedação paliativa”, denuncia a de-

putada que é também responsável

do serviço de cuidados paliativos de

um hospital privado.

Isabel Galriça Neto revela tam-

bém que há práticas incorrectas

em doentes com quadro de agita-

ção psicomotora (inquietação). “As

medidas de primeira linha não pas-

sam habitualmente por imobilizar

fi sicamente os doentes, mas antes

por praticar contenção química,

ou seja, a correcta utilização de fár-

macos para esse fi m”, diz. E alerta:

“Queremos chamar a atenção para

doentes amarrados nos hospitais”

CDS propõe reforço de direitos para pessoas em fim de vida

como opção incorrecta. Como depu-

tada de um grupo parlamentar que

é contra a eutanásia, defende que

“o problema do sofrimento não se

resolve eliminando o sujeito do pro-

blema”. E diz que a eutanásia como

“pseudodireito” não foi adoptada

em lado nenhum.

Recusando que esta iniciativa é

uma alternativa aos projectos do BE

e do PAN que despenalizam a euta-

násia, a deputada diz que a questão

não se coloca na alternativa entre a

dignidade em fi m de vida e a euta-

násia. “Esta é a nossa proposta cons-

trutiva ao problema. Respeitamos a

inviolabilidade da vida humana e a

Constituição.” O CDS tem colocado a

discussão da morte assistida noutro

plano, propondo já por várias vezes

um reforço de meios nos cuidados

paliativos.

Como considera que esta “não é

uma matéria de esquerda ou de di-

reita”, espera que outras bancadas

votem favoravelmente a proposta do

CDS. E deseja que houvesse muito

mais debate sobre estas questões.

Esse foi também o desejo formulado

por Assunção Cristas, que não ex-

cluiu a possibilidade de um referen-

do sobre a matéria. Se desse entrada

no Parlamento uma proposta nesse

sentido, o processo legislativo sobre

a eutanásia fi caria em banho-maria

até que houvesse uma decisão sobre

a realização da consulta popular. Foi

o que aconteceu com o referendo

sobre a adopção por casais do mes-

mo sexo que foi proposto pelo PSD

em 2014 (e aprovado na AR) mas que

foi chumbado pelo Tribunal Consti-

tucional. Esse processo, que durou

meses, fez parar todo o andamento

legislativo no Parlamento.

Sofia Rodrigues

Isabel Galriça Neto diz que a iniciativa do CDS não é uma alternativa aos projectos do BEe do PAN

[email protected]

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EUTANÁSIA

1.Em criança, fui vendo

que se abatiam animais

quando não tinham

préstimo. Era assim. Se

um cavalo partia uma

perna, era abatido. Se um

cão era gravemente atropelado,

era abatido. Se outro estava velho

e doente, abatido era. Suponho

que com gatos fosse igual. E outros

animais de companhia ou de

trabalho também. Fui menino de

cidade — o que fui sabendo foi de

ler, de ouvir contar, de ver fi lmes.

Nos westerns, às vezes, acontecia: o

cowboy matava o cavalo ferido com

um tiro de misericórdia. Era o que

chegava à escola da cidade. Se eu

fosse do campo, teria crescido com

esse dia-a-dia.

A realidade não mudou no

essencial. Continua a ser assim.

Mudou, porém, o nome. Hoje,

quase nunca se diz — ou já não se

diz mesmo — abater o animal. Diz-

se eutanasiar. Há uma diferença

— que não é pequena: a morte do

animal é provocada sem dor e

procurando evitar sofrimento. O

cowboy, suponho, já não matará a

frio o seu cavalo, a tiro de revólver

ou carabina, mas com uma

injecção ou outro procedimento

veterinário. Porém, a realidade

substancial é a mesma: sem dor,

o animal sem préstimo é abatido,

executado.

As clínicas veterinárias de

hoje oferecem este tipo de

serviços, como sabemos. E a

Internet proporciona vasta

oferta de informação, às vezes

particularmente criativa, como a

página que anuncia: “Eutanásia:

saiba qual é a hora certa de optar

pela eutanásia, como ela é feita e a

opinião dos espíritas.”

Para os animais domésticos,

isto pode ter representado um

progresso na forma da eliminação.

Mas o progresso estimulou

o alargamento do mercado.

Contava-o a TSF, a 4 de Dezembro

de 2013: “Existem cada vez mais

donos que não têm dinheiro para

fazer tratamentos aos seus cães

ou gatos e que acabam por pedir

ao veterinário para eutanasiar o

animal.” Isto é, passaram a abater-

se, melhor dizendo, a eutanasiar-

se, não só os animais sem

préstimo, mas também os animais

que se tornam dispendiosos.

Cultura urbana, cultura de cidade,

sem dúvida. No campo, duvido que

se faça isso.

2. A eutanásia em nós, pessoas,

suscita múltiplos e variados

problemas. O problema não é

a compaixão e a solidariedade

— estão certas e são devidas

enquanto compreendidas no

dever de socorro e de assistência,

incluindo o alívio e supressão da

dor e o acompanhamento clínico

na morte assistida. O problema

está no poder legalmente atribuído

a alguém para matar outrem —

A fronteira da vida

Opinião José Ribeiro e Castro

quebra terrível de uma fronteira

moral, social, cultural e jurídica.

É isto que não pode ser, porque,

além da violência em si, far-nos-ia

atravessar a fronteira fundamental,

conduzindo a uma progressiva

degradação da cultura social,

à decadência médica e a um

ambiente de ameaça pendente.

Recuemos à TSF, em 2013. A

pouco e pouco, o que se relatou

dos animais expandir-se-ia para

as pessoas: seriam eutanasiados

os doentes, os velhos e os

dispendiosos. Outros ainda.

3. Ao contrário da opinião

corrente, o direito à vida, princípio

fundamental de qualquer ordem

jurídica moderna e civilizada, é

uma formulação relativamente

recente e rara. A Declaração

dos Direitos do Homem e do

Cidadão, de 1789, não lhe dedica

uma palavra — o que ajuda a

compreender como a Revolução

Francesa abusou do Terror e

da guilhotina. Para esse texto

fundamental, os “direitos naturais

e imprescritíveis” eram apenas

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

estes quatro: “a liberdade, a

propriedade, a segurança e a

resistência à opressão”. A vida não

era importante.

A Constituição norte-americana,

só quase um século depois de

adoptada, tratou do direito à

vida, na 14.ª emenda, entre os

direitos de cidadania e de modo

limitado: “nenhum Estado privará

qualquer pessoa da vida, liberdade

ou propriedade, sem o devido

processo legal”.

Dos textos fundamentais

que conheço, a Constituição

Portuguesa é aquela que, de longe,

contém a melhor e mais nítida,

a mais vigorosa e mais clara das

formulações do direito à vida. A

mais bonita também.

A Declaração Universal dos

Direitos Humanos, adoptada pelas

Nações Unidas em 1947, proclama:

“Todo o indivíduo tem direito à

vida.” A Convenção Europeia,

de 1950, é mais fraquinha: “O

direito de qualquer pessoa à

vida é protegido pela lei.” As

Constituições francesa e italiana

nada dizem. A Constituição alemã

declara que “toda a pessoa tem

direito à vida”, mas inclui esse

direito no conjunto daqueles

que “só podem ser afectados nos

termos de uma lei”. A Constituição

espanhola afi rma que “todos têm

direito à vida”, fórmula próxima

da que viria a ser adoptada pela

Carta Europeia dos Direitos

Fundamentais: “Todas as pessoas

têm direito à vida.”

Em Portugal, a Constituição não

se pôs com rodeios, nem curvas e

contracurvas jurídicas. Foi directa

ao assunto: “A vida humana é

inviolável.” Esteve à altura do

mais fundamental direito para as

pessoas comuns. Escreveu terra-

a-terra, para toda a gente, não

apenas para juízes e advogados,

juristas e mestres, deputados e

ministros.

Aqui, somos os mais avançados

do mundo. Foi um dia inspirado

da Assembleia Constituinte. Vou

repetir a proclamação: “A vida

humana é inviolável.” Fantástico!

Absolutamente formidável.

4. Como é possível querer que

a Assembleia da República vote

leis que tornem a vida humana

violável? Para não transformar

a Constituição num trapo, não

fazer do Direito uma anedota,

não reduzir o processo legislativo

a uma palhaçada e a política a

uma farsa, isso não será possível.

Quem queira permitir a eutanásia

por lei deve promover a revisão

da Constituição e, mudando por

inteiro o paradigma, dizer: “A vida

humana é violável.” Se é nisso que

acreditam e é isso que querem.

Advogado, ex-dirigente do CDS-PP

Como é possível querer que a Assembleia da República vote leis que tornem a vida humana violável?

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O meu maior momento

de pura felicidade foi o

nascimento da minha

fi lha, ela a chegar à

vida. Relembro essa

alegria porque os

outros momentos que mais me

marcaram foram feitos da mais

profunda tristeza: a morte do

meu pai, a morte de amigos

que me eram esteio, alicerce.

Essas mortes foram brutais,

pelo absolutamente inesperado

— mas qualquer morte é, em

princípio, brutal: o avesso de

aqui estarmos, em “terrena

companhia”, como uma vez

escreveu uma grande poeta.

Mas de entre esses outros

momentos, houve um em

que a tristeza se cruzou com

um sentimento que não sei

nomear; e hesito entre revolta

e incompreensão. Foi quando

vi e senti pela primeira vez o

que signifi cava uma palavra que

eu conhecia só teoricamente

— pelos livros, por títulos de

quadros, pela sua indevida

inclusão em expressões usadas

no quotidiano. Essa palavra era

agonia. Na sua etimologia (agon),

agonia signifi ca luta; defi nida

no dicionário como o estado

que precede a morte, agonia

signifi ca luta contra a morte. Mas

a defi nição di-la também como

podendo ser tranquila.

Porém, isto é no dicionário,

que lhe prevê essa dimensão

possível de tranquilidade. Até

então, talvez por nunca o ter

sentido a partir da minha própria

vida, eu nunca pensara em algo

óbvio: que “agonia” e “agoniado”

são palavras tangentes. E que

ambos os estados são, mesmo

nas indizíveis distâncias que os

separam, de afl ição. O que de

pacífi co nada tem.

Vi essa incomensurável

afl ição, a agonia atormentada,

numa noite de Abril de 1996,

em alguém que era para mim

como uma mãe e agora morria

numa cama de hospital. Morria,

desfazendo-se, porque nada

mais havia a fazer: o cancro

invadira tudo e o que restava ali

era um corpo num estado para

lá do sofrimento puro, cheio de

morfi na — mas semiconsciente.

Este era o corpo de alguém

agoniado da vida, arrancando

tubos, pedindo-me para partir.

Suplicando-me que a deixassem

partir. A mim, que a amava. As

enfermeiras disseram-me: “Não

passa desta noite.” O médico,

a quem eu transmiti o pedido,

fazendo minhas as palavras

pedidas por quem morria à

minha frente, respondeu-me:

“Minha senhora, a nossa função é

a de prolongar a vida.” É honrada

essa frase, é bela e digna — e

escrevo isto sem a mais pequena

réstia de ironia. Mas esse estado

chamado vida arrastar-se-ia por

mais 12 horas. Não passou, pois,

da manhã do dia seguinte o ser

humano que eu amava e que

me havia sempre amado. Mas as

horas que demorou até morrer,

OpiniãoAna Luísa Amaral

Tal como o direito a uma vida de paz e digna, não deve haver também direitos para quem deseja, em paz, pôr termo a uma vida que deixou de ter dignidade de vida vivida?

até se desligar da vida biológica,

foram carregadas de uma agonia

sem sentido. Pois que sentido

pode haver em prolongar em

vácuo o sofrimento?

O que eu via ali era um rosto

de olhos fechados cheios de uma

afl ição sem limites, um rosto

amado e pertencente a um corpo

que já não respondia a nada e

que antes fora tão capaz. Ainda

hoje não compreendo por que

razão não foi possível tornar

aquela morte mais honrada. E

ainda hoje me revolto, porque

se havia palavra para defi nir a

vida biográfi ca, a vida de viver

da pessoa que ali estava, essa

palavra era dignidade. Uma

dignidade que lhe fora negada.

A discussão em torno da

eutanásia e da morte assistida

não é uma discussão fácil.

Porque o tema gira em torno das

duas linhas que nos demarcam

no tempo e que de mais crítico,

mais delicado, mais vulnerável e

poderoso temos e partilhamos:

a vida e, a seu lado, a morte.

É este, pois, um tema de uma

imensa complexidade.

Não sou médica, não sou

jurista, sou somente cidadã.

Como cidadã, reconheço o

cuidado e a sensibilidade que

este assunto merece. Mas

também como cidadã, recuso-

me a juntar a minha voz à voz

daqueles que liminarmente

condenam o desejo de alguém

querer morrer condignamente,

quando o sofrimento é extremo

e o fi m irreversível, ou a sua

escolha de não prolongar

artifi cialmente a vida biológica.

Tal como o direito a uma vida de

paz e digna, vida de viver, deveria

ser um direito a todos comum,

não deve haver também direitos

para quem deseja, em paz, pôr

termo a uma vida que deixou de

ter dignidade de vida vivida? Não

serão esses direitos parte daquilo

a que chamamos liberdade?

Poeta, subscritora da petição pública “Direito a morrer com dignidade”

Inquérito PÚBLICOÉ a favor da despenalização da morte assistida?

Carlos César,líder parlamentar do PS

Como não há posição

oficial do grupo parlamentar do PS,

só devo mostrar a minha opinião na votação que tiver lugar.

Miguel Santos, deputado do PSD

Depende da proposta que

vier a ser votada. Por princípio não me repele.

Simão Ribeiro,deputado do PSD e líder da JSD

Estou em processo

de consolidação de opinião.

Tendencialmente sou favorável.

Catarina Martins, coordenadora do BE

Sou a favor da

despenalização da morte assistida. É

um tema que levanta questões dificílimas. E, por isso, devemos garantir o direito de cada pessoa decidir por si se tiver a infelicidade de ser confrontada com sofrimento intolerável no quadro de doença incurável ou lesão definitiva. E se, nesse caso, escolher conscientemente a morte assistida, como a forma que considera digna para o fim da sua vida, a lei não deve impedir nem punir essa escolha.

Jorge Falcato, deputado do BE

Completa-mente de

acordo com a despenalização da morte assistida.

Não percebo que se possa estar contra uma decisão individual e consciente, tomada por quem opta por não prolongar o seu sofrimento. Mesmo que tivesse razões pessoais de ordem moral ou religiosa contrárias à prática da eutanásia, continuaria a ser favorável à sua despenalização. Os meus valores e convicções, ou os de qualquer outra pessoa, não podem sobrepor-se a uma decisão que é pessoal, obrigando alguém a passar por um sofrimento a que quer pôr termo.

Ana Rita Bessa, deputada do CDS

Contra. Empática

e sensível que sou aos casos pessoais, no papel

de legisladora acho que este é um passo civilizacional que não devemos dar. Há muito feito e a fazer nos cuidados paliativos. É por aí que devemos ir agora.

Assunção Cristas, presidente do CDS

Obviamente contra.

Nuno Magalhães, líder da bancada do CDS

Contra.

[O PCP] tem debatido o assunto, que é complexo, mas não tem ainda uma posição fechada sobre ele António Filipe Deputado do PCP

Perguntámos a deputados das várias bancadas como votariam. Debate chega hoje à AR

e

A vida de viver e o viver sem vida

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Tiragem: 35048

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 21,28 x 13,84 cm²

Corte: 7 de 7ID: 68022613 01-02-2017

Eutanásia A missão de Ana Paula é lutar pelo direito que o pai não teve

Assembleia abre discussão. PS não quer referendop2 a 7

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Tiragem: 35048

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 15

Cores: Cor

Área: 5,24 x 6,39 cm²

Corte: 1 de 1ID: 68022696 01-02-2017Jornalismo Médicos Justiça Crime

A nova Lei da Saúde Pública “deixa tudo na mesma”A Federação Nacional dos Médicos diz que a proposta de nova Lei da Saúde Pública “deixa tudo na mesma”, quando o sector precisa de mudanças. O diploma é discutido no Parlamento amanhã e, por isso, a estrutura presidida por Mário Jorge Neves decidiu pedir uma audiência aos vários grupos parlamentares.

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Tiragem: 137943

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 47

Cores: Cor

Área: 10,22 x 13,74 cm²

Corte: 1 de 1ID: 68023299 01-02-2017

DISCURSO DIRETO

João Rodrigues. pres. Ass. Nac. Unidades de Saúde Familiares, sobre anúncios a remédios

"É NECESSÁRIA FORMAÇÃO DE COMO USAR REMÉDIOS" e CM - O Infarmed averigua os anún-cios do medicamen-to Ben-u-ron e de outros remédios. A publicidade não cria o risco do aumento de vendas e consumo de me-dicamentos? João Rodrigues - Quando há uma componente de publi-cidade, existe sempre o risco do aumento de vendas de medicamentos. É necessário dar formação ao cidadão para o uso correto do medi-camento. Não faz sentido ir a correr para o médico quando se trata de situação simples. - Como é que essa formação seria feita?

É necessária formação de

como usar os medi-camentos e essa for-mação deveria ser feita nas escolas, tal como se devia ensi-nar os primeiros so-corros ou as mano-

bras de suporte básico de vida. Os centros de saúde e as farmácias também de-viam participar na formação do cidadão e essa tarefa de-via ser feita em rede. - Maior consumo de medi-camentos pode prejudicar? - Qualquer medicamento pode provocar efeitos se-cundários e o paracetamol, como outros remédios, pode causar problemas hepáticos, renais ou outro tipo de pro-blemas. •C.S.

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Tiragem: 72675

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Pág: 9

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Área: 10,51 x 14,44 cm²

Corte: 1 de 1ID: 68022987 01-02-2017

PSD e CDS pedem fiscalização da PMA PARLAMENTO O PSD e o CDS vão entregar no Tribunal Constitucio-nal, hoje, um pedido de fiscaliza-ção sucessiva do diploma que re-gulamenta a nova lei da procria-ção medicamente assistida (PMA). Os dois partidos estão contra a forma como o Parlamento foi afastado do proces-so pelo Governo e cri-ticam o alegado po-der que passam a ter os centros pri-vados. que aplicam a reprodução assis-tida. A verificação da constitucionali-dade das normas pode vir a provocar um impas-se na aplicação da legislação.

A regulamentação da lei da PMA foi aprovada em Conselho de Ministros a 17 de novembro de 2016, estabelecendo as regras de acesso às técnicas e como devem ser aplicadas nos centros públi-cos e privados. A legislação em vigor foi aprovada pelos partidos da Esquerda, com a abstenção so-

cial-democrata e o voto contra centrista.

O texto da lei, sugerido pelo grupo de trabalho liderado por Al-berto Barros, diretor do Serviço e Laboratório de Genética da Facul-dade de Medicina do Porto, esta-

belece - entre várias re-gras - que casais de

pessoas do mesmo ou mulheres soltei- ras não podem ser discriminados em detrimento de um casal de sexo dife- rente ou que os

centros de PMA te-nham o poder de eli-

minar embriões, células reprodutivas e espermatozoi-

des congelados antes de 2006. O motivo para o pedido de fis-

calização sucessiva - que permite aferir a constitucionalidade de urna norma que já em vigor - será explicado, a meio da manhã, pe-los deputados do PSD Fernando Negrão (na fotol e do CDS Vánia Dias da Silva. km R.

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Tiragem: 70000

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Âmbito: Informação Geral

Pág: 5

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Área: 4,51 x 5,65 cm²

Corte: 1 de 1ID: 68022645 01-02-2017SOLIDARIEDADE

Clérigos doa€10.500 à Liga doSanto AntónioATorredosClérigosvaientregar€10.500àLigadosAmigosdoHospitaldeSantoAntónio,depoisde,noúltimofimdesemana, terrealizadoaprimeira iniciativasoli-dáriade2017.Averbaangariadaresultadovalortotal resultantedabilheteiradeacessoaomonu-mento,de27a29de janeiro.

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Tiragem: 72675

País: Portugal

Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 13

Cores: Cor

Área: 25,50 x 30,00 cm²

Corte: 1 de 2ID: 68023078 01-02-2017

Engenheiro tinha sociedade em ~lhe

Justiça

Corrupção em obras na saúde

Administração pode pedir indemnização

A Administração Regional de Saúde do Norte foi notificada da conclusão da investigação por parte do Ministério Público e da Judiciária do Porto. Agora, pode pedir uma indemnização pelos danos sofridos, em ver-bas pagas a mais por obras.

Corruptor acusado preferiu silêncio

Além do engenheiro João Roseiro, da Administração de Saúde do Norte, foi acusado um empresário por corrupção ativa. Ao contrário dos outros corruptores, este indi-víduo resolveu remeter-se ao si-lêncio e não beneficiou de sus-

. pensão provisória do processo.

ARS Norte Empresários confessaram entrega de 460 mil euros a engenheiro para ganhar concursos. Acabaram com processo suspenso

Corruptos pagam 2000€ para não serem acusados Muno Miguel Mala [email protected]

► Os três principais corruptores do engenheiro da Administração Re-gional de Saúde do Norte (ARS Nor-te) que recebeu cerca de um milhão de euros de luvas livraram-se de ser acusados pelo Ministério Público mediante o pagamento de uma ver-ba de entre os 2000 e os 2400 euros a instituições de solidariedade e o compromisso de prestarem depbi-mentos incriminatórios contra o principal acusado. Ao corrompido. pagaram mais de 460 mil euros du-rante pelo menos oito anos.

Os três empresários, donos de empresas de construção, foram constituídos arguidos mas pediram a "suspensão provisória do proces-so" e o Departamento de Investiga-ção e Ação Penal do Ministério Pú-blico (MP) do Porto e o juiz de ins-trução criminal concordaram, com fundamento numa lei de 1994.

O período de suspensão será de oito meses, sendo este o prazo para os suspeitos entregarem 2000 e 2400 euros (um dos arguidos) às instituições. Após estes pagamen-tos e depois de prestarem depoi-mentos no julgamento, os respeti-vos processos serão arquivados.

O acordo com o MP aconteceu

por altura do Natal, depois de aque-les três indivíduos terem confessa-do o pagamento de "luvas", há vá-rios anos, a João Roseiro, engenhei-ro e técnico superior da ARS Norte atualmente colocado em prisão do-miciliária com pulseira eletrónica e agora acusado de crimes de corrup-ção e falsificação de documentos.

A colaboração dos corruptores com a investigação da Policia ludi-

etária do Porto e MP chegou ao ponto de, por um deles, ser envia-da uma lista com os exatos mon-tantes entregues entre 2008 e 2015 ao engenheiro da ARS Norte: 31 mil (2008). 78 mil (2009). 102 mil (2010), 73 mil (2011), 55 mil (2012). 50 mil (2013), 54 mil (2014) e 18 mil euros (2015). Foi Manuel Guima-rães. dono de várias empresas de construção, quem entregou a lista

das luvas pagas ao engenheiro em contrapartida pela entrega de obras em centros de saúde.

Logo a seguir aos depoimentos incriminatórios dos empresários, foi o principal arguido. João Rosei-ro, quem resolveu confessar tudo. Conforme o IN ontem noticiou, o engenheiro disse que exigia di-nheiro aos empreiteiros há mais de 20 anos. •

pennenores .*;

Corrupção há 20 anos • O processo revela que João Ro-seiro, de 63 anos, contou às au-toridades que a exigéncia de lu-vas aos empreiteiros era prática que vinha do passado. Ou seja, anterior a 1996, no departamento da ARS em que estava integrado.

Entregas em envelopes • O engenheiro confessou a per-centagem de 10% que cobrava aos empresários sobre obras com valor contratual acima de cinco mil euros. O dinheiro era normal-mente entregue em envelopes nas instalações da ARS (Rua de Latino Coelho, Porto), nas pró-prias empresas beneficiárias ou nos carros dos corruptores.

Obras que não existiram • O arguido confirmou ainda que o estratagema fraudulento pas-sava por inflacionar os valores das empreitadas. Em alguns ca-sos, nem existiam obras. O enge-nheiro fazia tudo para as obras serem atribuídas por ajuste direto e não por concurso público. Para tal, o valor não ultrapassava 150 mil euros.

Engenheiro da ARS Norte admite que ha

mais de 20 anos

exigia dinheiro a empreiteiros

Investiu fortuna das luvas em casas no Brasil CARTA ROGATÓRIA O engenheiro da Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) investiu par-te da fortuna que recebeu em luvas num negócio de construção de moradias no Brasil. A descoberta da investigação da Polícia Judiciária do Porto levou o Departamento de Investigação e Ação Penal do Mi-nistério Público do Porto a emitir uma carta rogató-ria. a fim de requerer o apoio das autoridades brasi-leiras.

Concretamente, nos anos 2010 e 2011, o funcioná-

rio público constituiu naquele país uma sociedade denominada Bigga Engenharia, na qual era sócio de três dos seus corruptores em Portugal. O objeto da empresa era a construção de moradias na zona de Pendbe, em Santos, no Brasil.

Em fevereiro do ano passado, numa busca à casa do engenheiro João Roseiro. a PI do Porto descobriu do-cumentos relativos a este negócio e ainda a transfe-rências para duas contas bancárias no Brasil. Em no-tas, tinha 168 mil euros, além de relógios e ouro. •

Engenheiro acusado de corrupção guardara em casa 168 mil euros em notas

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Tiragem: 72675

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Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 1

Cores: Cor

Área: 10,58 x 3,21 cm²

Corte: 2 de 2ID: 68023078 01-02-2017

• Luvas em concursos na ARS Norte P13

Corruptores confessam crime mas evitam acusação com dádiva de dois mil euros

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Tiragem: 16000

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Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 10

Cores: Cor

Área: 22,60 x 31,50 cm²

Corte: 1 de 2ID: 68022991 01-02-2017

Suspeitas sobre lar em Tomar já se ouviam há muito. Sem licença, a proprietária mudou os idosos para uma garagem

Depois de uma ordem de encerramento por

falta de alvará, a proprietária de um lar

de idosos em São Pedro de Tomar

mudou os utentes para uma garagem. Em 2016, fecharam

88 lares e as questões legais estão no topo

das razões que levam à intervenção da

Segurança Social

MARTA CERQUEIRA [email protected]

Em São Pedro de Tomar já há muito se desconfiava das con-dições oferecidas pelo lar da Rua Principal. Francisco Antunes, proprietário do restaurante A Lúria, que divide terrenos de estacionamento com o lar, con-ta ao i que era comum ouvir dos problemas nas conversas de bal-cão. "Mais tarde ou mais cedo aquilo ia encerrar. Era como uma bolha prestes a rebentar", admite.

No entanto, estando à frente de um negócio, Antunes sem-pre respondeu com meias pala-vras quando pessoas interessa-das em colocar lá familiares lhe perguntavam por opinião.

`Temos que manter as boas rela-ções, não é?".

A pergunta é retórica e a pre-monição de Francisco quanto à inevitabilidade do fecho do lar concretizou-se este mês. As ordens de encerramento tinham sido já dadas em Abril do ano passado quando, durante uma ação de fiscalização, o Instituto de Segurança Social (ISS) dete-tou que o espaço funcionava de forma ilegal. Ao i, o ISS garante que "à data da ação de fiscRliza-ção não foram observadas situa-ções de perigosidade para os utentes" e que as razões para o encerramento estavam relacio-nadas com o facto de o equipa-mento não estar licenciado.

No entanto, a proprietária con-tinuou com o negócio e inter-

pôs um recurso em tribunal quando confrontada com a noti-ficação de encerramento e paga-mento de coima. O tribunal con-firmou a decisão da Segurança Social e no dia 12 de Janeiro o lar encerrou atividade, tendo a proprietária passado os dez uten-tes para uma garagem sem con-dições para funcionar como lar.

O caso foi esta semana torna-do público quando o sobrinho de uma utente visitou o local e contou ao "Correio da Manhã" que no local encontrou "camas ao molho", sem "o mínimo de condições".

LARES ENCERRADOS São as ques-tões relacionadas como o alva-rá e as respetivas licenças que mais levam ao encerramento de lares de idosos no país. A par destes motivos, segundo infor-mação divulgada pelo ISS ao estãó as condições das instala-ções e os certificados de condi-ções de segurança. Independen-temente do motivo, a Seguran-ça Social garante que todas as denúncias são analisadas e alvo de intervenção.

No ano passado, foram feitas 586 ações de fiscalização a lares de idosos que resultaram no encerramento de 88 espaços, 15 dos quais com caráter de urgën-

RAQUEL \VISE

cia, situação que ocorre apenas quando se verifica "um perigo iminente para a saúde e integri-dade dos utentes". Já em 2015, foram realizadas 680 ações, ten-do sido ordenado o fecho de 91 lares, 13 com urgência.

Outros casos Alijo • Uma ex-funcionária

denunciou este ano comportamentos negligentes no lar de Alijo. A coordenadora social do espaço está suspensa preventivamente

Valongo • Em maio de 2016, as

autoridades encerraram um lar que funcionava de forma ilegal numa habitação em Valongo. O espaço acolhia 14 idosos.

Porto • Já em junho do ano

passado, a falta de condições levou ao encerramento de um lar com 21 idosos no Porto. Foram encaminhados para a casa de familiares e para outros lares da cidade.

Ilegal. Segurança Social fechou 179 lares em dois anos

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Âmbito: Informação Geral

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Área: 5,44 x 1,87 cm²

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Segurança Social fechou 179 lares em dois anos

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Tiragem: 16000

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Period.: Diária

Âmbito: Informação Geral

Pág: 11

Cores: Cor

Área: 9,93 x 13,91 cm²

Corte: 1 de 1ID: 68023032 01-02-2017

Detetado caso de gripe das aves no Algarve DGS garante que deteção do vírus numa garça-real não aumenta o grau de alerta no país

Foi ontem confirmado um caso de gripe das aves numa garça-real. A deteção do vírus influen-za A do subtipo H5N8 - altamen-te agressivo - levou a Direção Geral de Agricultura a aumen-tar o nível de alerta e foram já reforçadas as medidas de pro-teção e vigilância na região. O caso já foi reportado à Comis-são Europeia e à Organização Mundial de Saúde Animal.

Graça Freitas, subdiretora geral da saúde, garantiu no entanto ao i que a deteção do vírus numa garça real, uma ave silvestre, não aumenta o grau de alerta de saúde pública em Portugal. "Estamos num nível de alerta muito baixo, para não dizer nulo", reforça a especialista.

Freitas explica que presença de vírus da gripe em aves silves-tres é expectável, sendo que o mais problemático é quando são

detetados em aves domésticas, por exemplo galinhas. "A trans-missão do vírus de aves silves-tres para a população humana é um evento raríssimo. Trans-mitem a aves domésticas e é a partir destas que há casos de contágio com humanos."

Como medida de precaução, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária garante que foi já proibido o comércio de aves em mercados rurais, largadas de pombos e caça com negaças vivas. A DGAV mantém ainda um dispositivo de vigilância sobre as aves de capoeira domésticas na região do Algarve.

O caso isolado de gripe aviá-ria vai merecer, também, a aten-ção das autoridades de saúde, uma vez que nas últimas sema-nas foi reforçado o alerta inter-nacional de mais casos entre aves domésticas. M.0 e M.F.R.

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Tiragem: 72675

País: Portugal

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Pág: 14

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Corte: 1 de 1ID: 68023110 01-02-2017

PrePostas:

Estudo Polícias têm dificuldade em admitir problemas psicológicos. Especialista propõe que se tire arma a quem tem tendências suicidas

Suicídio tem causas familiares Carlos Varela [email protected]

► Os casos de suicídios na PSP e na GNR estão mais associados a questões familiares, como os di-vórcios ou dívidas e penhoras. se-gundo a súmula de um estudo on-tem apresentado no Ministério da Administração Interna (MAI). No ano passado houve quatro suicí-dios - dois na GNR e outros tantos na PSP, tal como o IN já noticiou.

O estudo "Prevenção do suicí-dio e comportamentos autolesi-vos nas forças de segurança" tinha sido pedido pelo MAI a uma equi-pa de psiquiatras, chefiada pelo professor Jorge Costa Santos. Ti-nha como objetivo traçar as razões dos suicídios nas forças de segu-rança, para encontrar soluções para os anular.

Apresentado num ato presidi-do pela secretária de Estado Isa-bel Oneto, o estudo abrangeu o período entre 2007 e 2015, du-rante o qual se suicidaram 89

elementos da PSP e da GNR. Jor-ge Costa Santos explicou que du-rante a realização do estudo foram realizadas entrevistas a elementos policiais próximos das vítimas e a familiares, no sentido de encon-trar pontos comuns.

Embora a atividade profissional com muito stresse. horários irre-gulares, sujeição a rígida discipli-na e hierarquia não possa ser dis-sociada do estado de espírito do elemento policial, segundo os da-dos apresentados, são sobretudo razões associadas a questões fa-miliares que estão na base dos desequilíbrios, segundo o estudo apresentado, especificando casos de "divorciados", "processos le-gais (disciplinares e judiciais)", "dividas e penhoras (judiciais e fiscais)".

Mas, associado a estes fatores, há dois elementos que contri: buem para o agravar do problema. segundo o estudo que teve um custo de 11685 euros. Por um lado, os "elementos das forças de segu-

Mais técnicos envolvidos e Uma das propostas de preven-ção passa pelo "reforço de meios técnicos próprios [GNR e PSP] vi-sando ampliar o apoio psicológico e psiquiátrico de proximidade Mas o MAI ainda não sabe quando vai envolver mais meios.

Triagem na saúde • Uma das questões está associa-da à falta de triagens de saúde na PSP e na GNR, ao contrário do que acontece nos privados. A PSP já apresentou uma proposta e agurda resposta do MAI e a GNR está a dar os primeiros passos.

rança têm maior dificuldade em admitir problemas psicológicos e desenvolvem competências para mascarar os sinais e sintomas de perturbação (o estigma da doença mental)". A outra questão está as-sociada ao facto de os elementos policiais terem acesso a armas, devido à sua profissão.

Mais controlo do álcool Jorge Costa Santos entende que, para contrariar as tendências sui-cidas, uma maneira de prevenir passa pela "revisão das medidas cautelares de desarmamento", ou seja, uma vez que a acessibilida-de a armas de fogo é total e uma vez que a quase totalidade dos suicídios ocorre com a arma de serviço, há uma necessidade de retirar ao agente a arma logo que sejam detetados indícios de per-turbação.

A equipa de psiquiatras propõe ainda um maior controlo aleatório do consumo de álcool e da sua ce-dência aos serviços de saúde. •

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Tiragem: 24814

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Pág: 17

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Área: 11,36 x 30,00 cm²

Corte: 1 de 1ID: 68022966 01-02-2017

A investigadora Amélia Pilar Rauter lidera o projeto

Comer bem, com receitas originais e muita ciência

Nutrição. Investigadores da Universidade de Lisboa criam site sobre alimentação saudável

FILOMENA NAVES

Caril de gambas e puré de manga com ervas frescas, salmão cozido em chá verde dos Açores com bata-tas novas salteadas com ale-crim,dourada sobre lentilhas e es-pinafres salteados ou ainda lombi-nho de porco em vinho tinto com sonhos de legumes em polme de cerveja. Parece tudo apetitoso, não é? Mas não se trata só disso: estes são também pratos equilibrados, ricos em ingredientes benéficos e, portanto, saudáveis.

Aquelas são apenas algumas das receitas do novo siteNutriageing—há lá outras, e o rol ainda há de ser acrescentado—, um projeto do de-partamento de Química e Bioquí-mica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), que pretende juntar a nutrição sau-dável e a boa culinária, com muita ciência e diversão à mistura. (terem h ttp://nutriageing.ciencias. ulis-botz.pUptfindex.html).

A ideia do projeto, liderado pela professora e investigadora Amélia Pilar Rauter, do Centro de Quími-ca e Bioquímica da FCUL, "é tra-zer a ciência para junto da popu-lação" e fazê-lo de uma forma si-multaneamente "divertida", com vários jogos e questionários para testar os conhecimentos adquiri-dos sobre nutrição e sobre os ali-mentos, mas sobretudo útil, do ponto de vista de urna alimenta-ção equilibrada.

Daí, aliás, o nome do site, Nu-triageing, que remete para o obje-tivo de base: disponibilizar todo o tipo de informação, das receitas às características dos alimentos e dos condimentos, que permita fazer uma alimentação para um enve-lhecimento em forma.

Exemplos? É fácil. Se cozinhar robalo, ou outro peixe, marinado em sumo de lima e limão com um fio de azeite, está a dar uma grande ajuda ao seu sistema imunitário. E se utili7ar vinho nas suas receitas de carne também pode estar a pro-mover o bom funcionamento do seu sistema cardiovascular.

Todas as receitas do site foram criadas pelo chefliélio Loureiro, em colaboração com os investigadores da FCULque participam no projeto, e estão disponíveis sob duas formas: por escrito e em vídeo. Nas receitas filmadas, o chefHélio prepara o pra-to e vai conversando com três inves-tigadores, que podem ser especia-listas em nutrição ou que estudaram as propriedades bioquímicas dos alimentos e dos ingredientes em causa e que vão explicando o seu va-lor para alimentação humana.

Uma coisa é certa, sublinha Amélia Pilar Rauter, "todas as recei-tas são saudáveis" e "tudo é cienti-ficamente baseado", pelo que, acre-dita a líder do projeto, este "é um si-tecomo não existe mais nenhum". Ali não faltam sequer conselhos práticos para quem quer cultivar ervas aromáticas ou fazer a sua própria horta.

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Segundo as Finanças, cada lata de bebida não alcoólica açucarada paga entre 2,7 e

"Consumidor não se vai aperceber da medida"

ISABEL AVEIRO

[email protected]

ntra em vigor esta quarta-feira, 1 de Fevereiro, o novo imposto sobre bebi-das não alcoólicas

que tenham adição de açúcar ou edulcorantes. A medida, que no fun-do soma mais uma categoria de pro-dutos aos Impostos Especiais do Consumo (IEC) - que passa a taxar também bebidas como sidra e ver-mutes - tem corno meta a diminui-ção de consumo de açúcar, garante o Executivo. Mas aprodução nacio-nal, que faz 85%das marcas de fabri-cante comercializadas no país, con-testa a sua eficácia. E espera que a nova tributação "seja já em 2017 ob-jecto de análise atenta do Governo".

"Para a Probeb [Associação Portuguesa das Bebidas Refrescan-tes Não Alcoólicas] a introdução deste imposto, injusto, discrimina-tório e negativo para a indústria, é uma ameaça para a sua sustentabi-lidade." Em Portugal, segundo os dados da associação, existem "22 empresas dedicadas à produção e comercialização de bebidas refres-cantes não alcoólicas", que fazem mais de quatro quintos das marcas

de fabricantes. "Apenas 25% das marcas de distribuição são forne-cidas pela indústria portuguesa", garante Francisco Mendonça, se-cretário-geral da Probeb. O sector, que em 2014 realizou um volume de negócios de 530,3 milhões de euros, assegura 10.000 postos de trabalho directos e indirectos, ga-rante a associação.

"Não compreendemos este im-posto, a sua limitação aos refrigeran-tes e a inclusão de bebidas sem açú-car", defende Francisco Mendonça, em resposta escrita ao Negócios, rei-terando que "a medida é discrimi-natória, irrelevante, duvidosa do ponto de vista de saúde pública e que terá impactos negativos no sector".

"Esta medida", argumenta, por seu turno, o Ministério da Finanças - que estimou no Orçamento arre-cadar 80 milhões de euros com este imposto - , "acompanha a tendên-cia recente de diversos países euro-peus" evai ao encontro "das mais re-centes recomendações da Organi-zação Mundial da Saúde", "bem como da Direcção-Geral da Saúde".

A tutela de Mário Centeno afirma que "no caso das bebidas que tenham menos de 80 gramas de açúcar [por litro], a taxa [a co-brar a partir de hoje] será de 2,7 cêntimos [de euro] por lata [de 33 cl]. Taxa que se eleva para 5,5 cên-timos por lata quando é de mais de 80 gramas de açúcar.

Quem paga? "Como qualquer Imposto Es-

pecial de Consumo", a nova carga fiscal sobre bebidas com açúcar vai ser repercutido junto dos consumi-dores, garante a Central de Cerve-jas - que vê a Luso Gás Limão, a Radler 0,0% e os refrigerantes à pressão (Royal Club) serem afecta-dos. A SCC contesta a nova medida, nomeadamente a sua "aplicabilida-de" - "produtos com as mesmas ca-racterísticas não se encontram abrangidos da mesma forma", diz.

A Sumol+Compal, que vê os seus refrigerantes taxados mas os seus sumos e néctares isentos, já em Novembro avisara o mercado que o novo imposto "resultará inevitavelmente em aumentos si-gnificativos dos preços das bebi-das refrescantes", da qual é hoje o maior produtor com sede e capi-tal nacional. A categoria dos seus produtos que sofrerá um "impac-to negativo" com o novo IEC re-presenta "cerca de 40%" do volu-me de negócios [da S+C] no mer-cado português.

Repercutir ou não o encargo no preço final ao consumidor é uma decisão que "cabe às empre-sas", defende a Probeb. Mas, "no espírito do regime dos Impostos Especiais sobre o Consumo, o va-lor do imposto deve ser passado para o consumidor", conclui Fran-cisco Mendonça. ■

BEBIDAS

Taxa sobre refrigerantes em vigor. Quem compravas notar?

O Governo decidiu criar um novo imposto sobre algum açúcar, existente em algumas bebidas. A indústria - que está contra a medida - garante que vai repercutir o novo custo aos consumidores.

Restaurantes, cafés e todos os estabelecimentos que vendam refrigerantes têm até 15 de Abril para fazerem a inventariação dos stocks.

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cêntimos de novo imposto. Há isenção para sumos, néctares de frutos e bebidas dietéticas.

Gula GottRens/Bloomberg

"Não vai acontecer", acredita José Manuel Esteves. Os consumido-res, nacionais e estrangeiros, que compram refrigerantes em Por-tugal não vão deixar de comprar esse tipo de bebidas por causa do novo imposto, que entra hoje, I de Fevereiro de 2017, em vigor.

A junção de algumas bebidas com açúcar ao código do Impos-tos Especiais de Consumo (IEC), para onerar a sua aquisição na tentativa de refrear• a adição de ca-lorias à dieta diária, é "uma falsa questão" para o director-geral da Associação da Hotelaria, Restau-ração e Similares de Portugal (Ahresp).

Aargumentação do director--geral da associação que controla o canal Horeca (hotéis, restauran-tes e cafés) em Portugal é que se-rão estes comerciantes a supor-taro novo imposto, "como a subi-da do IVA", no passado, e a pre-sente taxa de selo sobre pagamen-tos com cartão. "O consumidor

não se vai aperceber" que urna lata de refrigerante passa a pagar um imposto de 2,7 a 5,5 cêntimos de euro, porque a restauração "como sempre", defende, é que vai suportar o custo - "não vamos repercutir nos consumidores".

Na informação que envia esta quarta-feira aos seus associados,

A medida vai ser esquecida, é simbólica. Não é por aqui se vai lá.

JOSÉ MANUEL ESTEVES Director-geral da Associação de Hotelaria, Restauração e

Similares de Portugal (Ahresp)

a Ahresp explica que "este impos-to é devido pelos produtores des-te tipo de bebidas, e não pelas em-presas que efectuam a venda dos mesmos ao consumidor final", mesmo quando preparadas no estabelecimento, como concen-trados ou xaropes. Com a entra-da em vigor do imposto, a restau-ração tem até 15 de Abril para co-nitinicar às Finanças os stocks de bebidas que acumulou até 1 de • Fevereiro, sem imposto.

Mas, destaca o dirigente da Ahresp, "todos os custos de con-texto", como este, "são mal-vin-dos" -"tem que haver mais parci-mónia" na aplicação destas taxas.

Quanto à questão da saúde, "não é por aqui que se vai lá", mas pela educação e informação, díz. E pela auto-regulação, que já re-tirou, por exemplo, "30% a 50%"

do açúcar de uni pastel de nata das pastelarias e cafés portugue-ses, garante. ■

ISABEL AVEIRO

CALENDÁRIO

Quais as datas a reter?

A decisão de taxar algumas be-

bidas que têm adição de açúcar

ou adoçantes foi incluída no Or-

çamento do Estado de 2017.

01.02.2017 ENTRADA EM VIGOR Entra em vigor esta quarta-feira,

1 de Feve.reiro, o imposto sobre o

açúcar utilizado em algumas be-

bidas não alcoólicas e nas bebidas

com teor alcoólico entre 0,5% e

1,2%.

31.03.2017 DATA FINAL PARA STOCK As bebidas que os comerciantes

já tenham nos seus estabeleci-

mentos - fornecidas antes de 1

de Fevereiro - são comercializa-

das sem a taxa adicional até à

data-limite de 31 de Março. O im-

posto passa a ser exigido a todas

as bebidas abrangidas a partir

de 1 de Abril.

15.04.2017 DATA-LIMITE DA INVENTARIAÇÃO "É obrigatório", explica a Ahresp

na carta enviada aos seus asso-

ciados, "contabilizar e comunicar

à Autoridade Tributária [até 15 de

Abril] as respectivas quantida-

des" dos produtos abrangidos

pelo novo imposto e fornecidos

aos comerciantes até 1 de Feve-

reiro, ou seja, antes da entrada

em vigor do novo imposto.

CONSUMO NACIONAL Em Portugal, cada

habitante consome

70 litros de "bebidas

refrescantes não alcoólicas" ao ano.

Nos EUA são 160

litros per capita.

TOME NOTA

IEC tem mais uma categoria de produtos

A nova tributação cria uma nova

lasse de produtos, onde já estão o

tabaco, as cervejas e as bebidas es-

pirituosas. O SNS é o beneficiário.

QUE IMPOSTO É ESTE? Oque entra em vigor esta quarta-fei-

ra é um aditamento ao Código dos Im-

postos Especiais de Consumo (IEC),

sobre "bebidas destinadas ao consu-

mo humano, adicionadas de açúcar

ou de outros edulcorantes"; bebidas

"com um teor alcoólico superior a

0,5% e inferior ou igual a 1,2%"; e

"concentrados" em "xarope ou pó",

que se destinem à preparação nos es-tabelecimentos comerciais.

COMO É CALCULADO? As taxas são de "8,22 euros, por hec-

tolitro" (100 litros) nas bebidas "cujo

teor de açúcar seja inferior a 80 gra-

mas por litro"; de "16,46 euros por

hectolitro", nas bebidas "cujo teor de

açúcar seja igual ou superior a 80 gra-

mas por litro". No caso dos concen-

trados, a tuge de aplicação é o produ-

to final após diluição.

A QUEM É COBRADO? "Este imposto é devido pelos produ-

tores deste tipo de bebidas, e não pe-

las empresas que efectuem a venda

dos mesmos ao consumidor final",

mesmo quando são preparadas no lo-

cal de consumo, frisa a Ahresp na

mensagem enviada esta quarta-feira

aos seus associados. "As empresas

que exerçam a actividade de produ-

ção e armazenagem de bebidas não

alcoólicas abrangidas pelo imposto

terão de apresentar junto da instân-

cia aduaneira competente o pedido

de aquisição do respectivo estatuto

fiscal", acrescenta a Probeb, em res-

posta ao Negócios.

A RECEITA É DE QUEM? A "receita obtida com o novo impos-

to" é "consignada à sustentabilidade

do SNS [Serviço Nacional de Saúde] e

dos Serviços Regionais de Saúde" da

Madeira e dos Açores, declara o OE de

2017. E "a sua receita será consigna-

da à promoção de estilos de vida sau-

dável", garante o Ministério das Fi-

nanças, em resposta por e-mail.

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Refrigerantes aumentam a partir de hoje

I MPRESAS

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"A Bial vai concentrar-se na I&D de novos medkamentos", afirma António Portela.

INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

Bial vende negócio de vacinas antialérgicas à alemã Roxall A Bial vendeu à alemã Roxall o seu negócio de imunoterapia alérgica, incluindo a unidade industrial e de I&D de Bilbau, que gerava uma facturação de 16 milhões de euros.

A farmacêutica Bial, que detém os dois únicos medicamentos desen-volvidos em Portugal e que estio em comercialização em dezenas de países, decidiu alienara areadas vacinas antialérgicas para apostar "todas as fichas" na investigação de novas soluções de tratamento nas áreas das neurociências e car-diovascular. "Vendemos à empre-sa alemã Roxall a unidade de negó-cio de imunoterapia alérgica", re-velou António Portela, CEO da Bial, em entrevista ao Negócios.

A operação inclui as áreas co-merciais dedicadas à alergologia em Espanha, Portugal e Itália, as-sim como a unidade de produção e de I&D (investigação e desenvol-vimento) de Bilbau, em Espanha, envolvendo cerca de uma centena de trabalhadores. "Há dois anos que a Roxall vinha insistindo na compra deste negócio, até que co-locou uma oferta em cima da mesa. Depois de alguma discussão, che-gámos a acordo", confidenciou o filho do "chairman" Luís Portela, sem adiantar o valor da transacção.

"Existe apenas uma dúzia de empresas de alergologia na Euro-pa, onde há muito tempo que se fala da necessidade de haver algu-ma consolidação", sendo que a far-macêutica da Trofa via "com algu-ma dificuldade" a possibilidade de "continuar a fazer grandes inves-timentos nesta área".

Já a Roxall, que "está 100% fo-cada nesta área", com operações

comerciais em vários países, "mas que subcontratam tudo", passa a deter "uma unidade industrial e de I &D, a de Bilbau".

A venda deste negócio, enfati-zou o mesmo gestor, surge tam-bém como "uma oportunidade para a Bial concentrara sua activi-dade na investigação e desenvolvi-mento de novos medicamentos para o sistema nervoso central e cardiovascular, e na sua expansão internacional". Com a alienação do pólo produtivo e de I&D em Bil-bau, toda a actividade de investi-gação e industrial da Bial passa a estar concentrada em Portugal.

Apesar desta operação, "o mer-cado espanhol continuaráaser prio-ritário no programa de internacio-nalização da Bial". É intenção da maior farmacêutica portuguesa manter a unidade de negócio de me-

Paulo Duarte

dicamentos em Espanha - que ge-rou uma facturação de 60 milhões de euros em 2016 -, "com uma gama de produtos centrada na neurologia, medicina interna, cardiologia e saú-de da mulhei" e um quadro efectivo de cerca de 170 pessoas.

Aentrada da Bial no negócio da imunoterapia alérgica remonta a 1998, quando adquiriu em Espa-nha a empresa Aristegui, tendo em Julho de 2010 entrado no merca-do italiano com a compra da SARM. A 29 de Maio de 2012, inau-gurou em Bilbau uma unidade de produção e I&D na área das vaci-nas antialérgicas e meios de dia-gnóstico, num investimento de 12 milhões de euros. O negócio ven-dido à Roxall representou 7% (16 milhões) da facturação de 230 mi-lhões de euros da Bial em 2016. •

RUI NEVES

16 FACTURAÇÃO O negócio vendido à Roxall representou 16 dos 230 milhões de euros de facturação da Bial no ano passado.

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S4.1

Bial vende negócio de vacinas a alemães F.MPPES.A5 te?

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