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1 [email protected] FACULDADE DEFÁTIMA DO SUL – FAFS CURSO DE GRADUAÇAO DE EDUCAÇÃO FÍSICA 7º SEMESTRE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO IVAN CLAUDINO HERRMANN JÔSEVEL BENITES DA LUZ FÁTIMA DO SUL 2009 IVAN CLAUDINO HERRMANN Nº 24 JÔSEVEL BENITES DA LUZ Nº 29

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FACULDADE DEFÁTIMA DO SUL – FAFS

CURSO DE GRADUAÇAO DE EDUCAÇÃO FÍSICA 7º SEMESTRE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

IVAN CLAUDINO HERRMANN

JÔSEVEL BENITES DA LUZ

FÁTIMA DO SUL

2009

IVAN CLAUDINO HERRMANN Nº 24

JÔSEVEL BENITES DA LUZ Nº 29

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A COSTRUÇAO DA IMAGEM CORPORAL: os aspectos fisiológicos, libidinais e

sociológicos na perspectiva de Paul Schilder

Trabalho apresentado à disciplina de

TCC para obtenção parcial da nota

do 2º bimestre do 7º semestre do

curso de graduação de educação

física, sob orientação do prof. Rafael

FAFS, Fátima do Sul junho de 2009

Fátima do sul

Junho de 2009

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Introdução

O corpo é o cartão de apresentação de qualquer pessoa, primeiro plano de

visibilidade. Assuntos acerca da beleza geralmente fazem parte do tema principal do

círculo de conversas entre os jovens, e também entre adultos, e isso não é algo particular

dos tempos atuais vêm de longa data. As olimpíadas na antiga Grécia eram realizadas

com os atletas competindo nus, uma demonstração de perícias nos movimentos, mas

sem dúvida uma exibição de físicos perfeitos, corpos invejáveis, esbeltos. No entanto, o

modelo de ''corpo ideal'' está em constante mutação, basta acompanhar os pôsteres de

mis Brasil, e mis universo. A décadas atrás, o modelo de corpo ideal era bem 'diferente'

do modelo proposto hoje. Desta forma, se construiu um enorme comércio estruturado

exatamente sobre a ânsia da aceitação social, da manipulação do ego das pessoas.

Foram inventados remédios para emagrecer, criar massa muscular, diversos tipos de

cirurgia e aparelhos capazes de esculpir as formas corporais desejáveis. Não que isso

seja errado, mas deve ser tomado o devido cuidado para não haver um esquecimento

dos cuidados com a saúde na busca desenfreada pelo corpo esbelto, perfeito. Para isso

foi estudado a imagem corporal. Assim, abordaremos os principais fatores e

acontecimentos que instituem a formação da imagem corporal.

Em um primeiro momento, falaremos sobre os fatores que formam a imagem

corporal. Os fatores fisiológicos: “todo toque provoca uma imagem do ponto tocado”

(SCHILDER, 1999). A Libido também tem parte que beneficia a formação do modelo

postural: “libido pertence ao nosso próprio corpo”, (Sigmund Freud); a importância das

vestimentas na imagem. E finalizando a primeira parte do estudo, as características

sociológicas formadoras da imagem corporal. A comunicação do movimento, o sorriso

e a ‘beleza’.

Num segundo momento, abordaremos os distúrbios que ocorrem na imagem

corpora: anorexia, bulimia e vigorexia; e caracterizando-os separadamente, de forma

impessoal. Neste momento, tomamos cuidado para que não ficassem desnudos os

possíveis agentes semeadores e causadores destes distúrbios na sociedade. De forma

alguma foi do interesse desta pesquisa, achar os ‘causadores’ e sim contextualizar o

tema ‘Imagem Corporal’. Porém não deixaríamos de comentar sobre os agentes

semeadores dos modelos corporais, o papel da mídia nos distúrbios; a escola e o

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professor de educação física. Este sim e o objetivo deste documento, usar a Educação

Física como aliada na cura das mazelas comportamentais, e deixar claro que o professor

é incumbido dos cuidados acerca da conscientização na busca de um físico agradável e

que nunca se deve trocar saúde por estética.

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1. IMAGEM CORPORAL

Imagem corporal é a constituição da figura do corpo que o indivíduo tem de si

mesmo, ou seja, como ele concebe e percebe seu próprio corpo. Uma estrutura formada

através das sensações (energias) provida de diversas formas e que chegam à consciência

mental. Das energias e sensações providas dos músculos, nervos receptores da pele e

ainda há uma unidade que percebemos correlação ao corpo que chamamos de esquema

corporal, (Schilder 1999). Para CAPISANO, “a imagem corporal não é apenas uma

mera sensação ou imaginação. É a figuração do corpo na nossa mente”. Daí a

importância do conhecimento do corpo. Do modelo postural do corpo.

Entretanto, apesar dessas energias serem formadas e terem chegado à

consciência através dos sentidos não é apenas uma mera percepção ou representação

figurativa. Essas informações (sensações passadas) são armazenadas no córtex

sensorial. Ali é formado o que chamamos de ‘esquemas’. Estes esquemas reestruturam

as impressões que chega à consciência como algo que aconteceu. A alteração brusca de

tais esquemas põe em risco ou, até mesmo, perca total das localizações dos pontos

estimulados (lesão cerebelar). Lembrando que toda mudança ou estímulo já entra na

consciência com a localização da sensação, com a medida exata do ponto estimulado e

isso vai se aperfeiçoando na medida em que se repete e varia os pontos de sensações.

Assim é a relação com a palavra ‘esquema corporal’ e a formação da mesma. E como se

fosse um mapeamento do próprio corpo.

Através dos diferentes pontos de sensações estaremos montando (construindo)

o esquema corporal. “Por meio de perpetuas alterações de posição estamos sempre

construindo um modelo postural de nós mesmos que se modifica o tempo todo”

SCHILDER (1999). De acordo com o autor, cada nova postura uma nova construção é

iniciada e somando ao esquema anterior. Deste modo podemos localizar um ponto que

foi tocado em nosso corpo e apontá-la em outra pessoa. Schilder descreve que quando

um membro é amputado o indivíduo ainda sente a presença dele (membro fantasma), e

isso se deve ao fato da construção do esquema do corpo que ainda existe.

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“[...] não existem impressões que não sejam direcionais e não encontrem, ao

mesmo tempo, uma expressão. Não há percepção sem ações. Toda impressão

carrega consigo impulsos eferentes”. (SCHILDER P 7, 11)

Ele ainda afirma que o indivíduo que tiver os músculos oculares internos e

externos sem funcionamento e praticar o ‘observar’, ele ainda sim enxergaria, através

dos outros sentidos que possuímos, mas aquele que tiver ao mesmo tempo, todos os

músculos do corpo imobilizados não enxergaria por completo. Schilder deixa claro

neste depoimento que movimento é, de forma excepcional, a principal maneira que

temos de adquirir os conhecimentos do próprio corpo. As impressões serão formadas a

partir da motilidade.

“quando os olhos estão imóveis a cabeça se move e, se ambos estiverem

paralisados, o corpo se move. No caso de uma paralisia total, ainda haveria

impulsos de movimentos enquanto houvesse vida. As percepções só são

formadas tendo como base a motilidade e seus impulsos.” SCHILDER (1999)

P 9.

Quando referimo-nos a pesquisa acerca da Imagem Corporal, não poderíamos

concluir-la se não abordássemos questões psicológicas centrais com relação com as

impressões de nossos sentidos, movimentos e motilidade. Quando imaginamos, vemos

ou sentimos a percepção de um objeto, existirá sempre uma personalidade¹ que

experimenta esta percepção, que poderá ser seguida ou não de não uma ação. Isso se

deve pelo motivo de sermos seres emocionais, ‘personalidades’. A figuração do modelo

postural é uma base dessas emoções e sentimentos com relação ao corpo. Nossos

estudos para o entendimento destes fenômenos será dividido em três aspectos com

relação à imagem do corpo: fisiológicos, libidinais e sociológicos. Para que possamos

entender como se dá a formação da imagem corporal em diferentes aspectos humanos.

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1 Personalidade: é um conjunto de ações e tendências para uma ação sempre esperando motivações fortes referente

ao nosso corpo. Freud S.

1.1. Abordagem Fisiológica da imagem corporal

“Cada sensação dada ao corpo compõe o mapa

corporal. “Todo toque provoca uma imagem do ponto

tocado” (SCHILDER, 1950 p 15,20)

Na abordagem fisiológica as energias que serão fornecidas à formação desta

figuração da imagem, derivam-se das atividades musculares que ocorrem

constantemente. Cada toque (sensação) oferecido ajuda nesta construção da imagem

corporal. Como por exemplo, um taxímetro que dá os valores a serem pagos

determinados pela distância percorrida. Estas sensações são transformadas em

impressões que, a consciência, vai identificar e localizar onde ocorreu o estímulo

seguido ou não de uma ação. As partes não estimuladas vão se beneficiar indiretamente.

O lado esquerdo não precisa ser tocado para que haja construção em sua imagem.

VOLKMAN apud SCHILDER provou que “quando exercita um lado do corpo suas

partes contralaterais apresentam suas capacidades de localização aumentada”. Quando

um indivíduo tem dificuldade nestas localizações, pode-se dizer que há uma patologia

física ou mental interferindo nas localizações ou na formação da imagem.

Schilder afirma que, quando se toca em um ponto em especial no corpo, não

poderemos obter a mesma sensação quando tocado em outro ponto. Isso determina o

local exato que foi dado o estímulo.

“[...], todos os toques de um ponto devem ter sua própria individualidade

compartilhada pelas sensações dolorosas e térmicas deste mesmo ponto. Mas

mesmo quando o toque em um ponto provoca uma sensação diferente de todas

as outras e parecida com todos os contatos anteriores com o mesmo ponto, a

localização correta deste ponto na superfície do corpo não é garantida. [...]. este

fato pode ser chamado de posição, (BROWN & STEWART apud Schilder P

20)

Em seus experimentos, percebe que uma paciente apresentava problemas para

localizar os pontos em locais que ela não tinha percepção visual, mas quando o estímulo

era em seus mamilos tinha facilidade em localizar o ponto. Eis algumas conclusões de

Schilder:

“1 sensibilidade postural desempenha um papel na construção do

conhecimento de nosso corpo; 2 em conexão com a capacidade de localização

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há a possibilidade de construir o conhecimento da relação entre as diferentes

partes da superfície; 3 há uma imagem visual do corpo, a qual é independente

das imagens táteis já; 4 a partes simétricas do corpo se conectam

fisiologicamente e psicologicamente; 5 a percepção visual e a imaginação

enfatizam a similaridade tátil dos pontos simétricos; 6 as imagens visuais

conscientes e as percepções são apenas uma pequena parte daquilo que ocorre

na esfera visual; 7 as localização e imagens táteis é um processo independente

da simples percepção do toque. (Schilder, P. Imagem do Corpo, as energias

construtivas da psique. P 19)

A visão está diretamente relacionada à localização desses pontos sensitivos. A

localização não se dá com a percepção como tal. É necessário que exista uma percepção

visual de suas relações espaciais. Goldsten & Gelb citados pelo autor, descreveram a

cegueira mental perceptiva onde, um paciente não conseguia reconhecer uma linha reta,

não tinha capacidade de perceber um movimento. Relatam que neste caso não era

somente perda das sensações visuais. Neste caso é difícil dizer que houve uma distorção

pelo fato de uma cegueira mental (agnosia), pois segundo Schilder, “as representações

de pessoas sem essas patologias caracteriza-se semelhantemente às do agnótico visual.

“[...], não precisamos de mais do que partes, que podem ate ser distorcidas a

fim de dar significado a um objeto através da representação. Além disso, não

há dúvidas de que a maioria das imagens visuais de pessoas normais nunca

chega a plena luz da consciência.” (SCHILDER, Paul.P 22)

Mesmo assim Schilder não acredita que possa ocorrer uma perda total das

imagens visuais. Há pessoas que atuam melhor em determinados movimentos ou

localização tátil quando estão de olhos abertos ou localizam visualmente o membro a

ser movido ou que esta sendo tocada. Outras conseguem o mesmo desempenho sem

percepção visual. O toque não provoca uma resposta imediata à esfera visual. Os cegos

localizam pontos de seu corpo e de outras pessoas da mesma maneira apenas com o tato,

e percebem os movimentos da mesma forma, e com um o tempo ele adquire percepções

sinestésicas.

“É ao menos provável que, para a maioria das pessoas normais, as imagens

visuais acompanhem imediatamente a percepção tátil, [...]. Mas é possível que

o organismo tenha diversas maneira de chegar à localização de uma impressão

tátil.” (SCHILDER, Paul.P 22)

A impressão tátil forma a imagem visual e em outros casos tende a ter

necessidade das impressões sinestésicas para esta função. Desta maneira podemos

terminar que, mesmo quando o indivíduo escolhe e movimenta um membro, a perfeição

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dos movimentos só é possível se a esfera visual não estiver danificada. Determina-se

também que, a imagem corporal e componentes visuais são, responsavelmente,

necessários para iniciar um movimento. Porém, embora as experiências sinestésicas

auxiliem e substituem questões visuais, existe definitivamente, a influência visual na

postura corporal.

1.1.1. Construção do Conhecimento corporal: os elementos principais no

aspecto fisiológico.

Dois fatores têm participação especial na formação da imagem corporal, e os

controles dos membros motores estão diretamente relacionados a essa função. Schilder

ressalta o papel especial da dor na formação da imagem corporal. Ele enfatiza que a dor

pertence a nós, pertence ao ser humano de modo especial e nos ajuda de forma direta

nesta figuração corporal. O fato da intenção atuar sobre o corpo de forma mais rápida

sobre a inquisição de que toda sensação contribui para a construção da imagem

corporal. O ‘eu corporal’ estrutura-se, segundo as necessidades da personalidade e a dor

é sujeito indispensável nesta estruturação.

Existe aqui, o que Freud determina como o fator central - o ego - (intenções,

lutas e desejos) esse fator utiliza sensações e percepções através de sentimentos (dor). A

dor ajuda a decidir o que devemos manter perto (o centro do ego), ou afastado de nossa

personalidade, do ego. Estas decisões estão relacionadas às atividades motoras. Cabe

lembra que o que se encaixa à dor encaixa-se às sensações diferentes, e estão

intimamente ligadas à atividades motoras.

“A sensação traz em si própria uma resposta motora. Assim, a atividade

contínua esta na base de nosso eu corporal. Escolhemos e rejeitamos através da

ação” (SCHILDER, Paul. Imagem Corporal, as energias construtivas da

psique)

A dor esta relativamente relacionada às atitudes e reações referente às decisões

que tomamos correlação a nossa personalidade de cada um.

As experiências sexuais também têm papel extremamente importante na

formação da imagem corporal.

“Sob as influências de impulsos internos, só artificialmente se pode separar as

experiências sensoriais das atividades internas e das batalhas Libidinais, que

manam de uma personalidade central.” (SCHILDER, Paul. Imagem Corporal,

as energias construtivas da psique. P 116, 117).

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O esquema corporal desenvolve paralelamente com o sistema sensório-motor.

Piaget refere-se às noções de esquerdo-direita que, entre 5 e 8 anos as noções se

ampliam somente ao seu próprio corpo, entre 8 e 11 anos a criança tem noções para

demonstrar em outros. Piaget distinguiu três estágios: 1 egocentrismo, 2 socialização e 3

objetividade completa. Ao pedir para uma criança desenhar uma imagem humana num

papel, puderam-se notar noções de esquerda direita e isso é sem dúvida um

desenvolvimento de imagem corporal. Porém, a criança entende seu corpo como partes

desconexas, ao contrário para um adulto que nota as sensações íntimas das ‘partes’ do

corpo.

As figurações visuais podem determinar a sensação tátil, o modelo tátil do

corpo. Daí surge a explicação: quando olhamos a agulha entrar em nossa pele a

sensação de “dor” parece ser maior. Sem dúvida a impressões visuais influenciam

muito a formação do esquema corporal.

Ao mesmo tempo em que se desenvolve o esquema corporal a orientação

visual é renovada, reconhecendo o novo modelo postural. Esse conhecimento é

continuamente estruturado e influenciado pelas antigas impressões visuais. Schilder

deixa claro que “a imagem corporal pode ser perturbada por uma mudança [...] na visão

[...]” O autor quer dizer que, se houver mudanças negativas na esfera visual, a ação

motora será prejudicada instantaneamente. Também ressalta que, a percepção de nosso

próprio corpo não é tão diferente de quaisquer outros objetos externos que estamos em

contato. Temos pouco conhecimento sobre nosso corpo, não sabemos nos observar de

uma certa distância, observar de uma outra posição os nossos movimentos. Como

estamos postulando quando estamos parados, só através do movimento e de relações

externas que possamos aprendê-lo. Entretanto, não podemos esquecer que todos os

sentidos (tato, visão, audição, olfato e paladar) têm sua relação e contribuição com o

esquema corporal e a formação da imagem do corpo.

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1.2. ABORDAGEM LIBIDINAL

‘Libido’ pertence ao nosso próprio corpo.

(Sigmund Freud)

Para textualizar a abordagem libidinal Schilder recorre às teorias Freudianas. A

princípio, FREUD apud SCHILDER trata a libido como “algo do corpo, dado ao corpo

como um todo. Libido pertence ao nosso próprio corpo”.

Podemos dizer que uma criança aparentemente só interessa por si só. Ela não

tem preocupações pelo mundo externo (o desconhecido). Schilder trata esse

comportamento como natural nesta fase e o chama de comportamento narcisista,

(narcisismo²). Esta fase no recém-nascido é conhecida como ‘narcisismo primário’,

caracterizado pelos gestos denominados auto-erótica³. Ao terceiro ano de vida ela

começa a perceber o mundo externo e despertará a curiosidade caracterizando o auto-

erotismo com tendências anais e homossexuais pelo objeto externo. E finalmente

desenvolverá o complexo de Édipo. Momento que a criança desenvolve um amor sexual

pelo progenitor do sexo oposto e o desejo de morte do progenitor do mesmo sexo,

FREUD, Sigmund. Apud SCHILDER, 1999. Desta forma Schilder relata segundo ponto

de vista freudiana:

“A conquista do mundo externo já começo, os genitais adquirem novas

significações e se tornam a principal zona libidinal do corpo. Nesta fase do

desenvolvimento, [...], surge uma compreensão total de seu próprio corpo,

como sendo algo oposto ao mundo externo; a figuração do corpo é

reestruturada e temos, à nossa frente, o quadro do narcisismo secundário”. (P.

134)

Esta é a teoria que os autores ainda seguem com respeito ao desenvolvimento

libidinal. O narcisismo empresta conceitos e conteúdos para os objetos externo. Desta

forma, o objeto não é mais desejado para si, mas sim para destruí-lo. Com o

desenvolvimento do Édipo, criam-se sentimentos reais pelo objeto e não deseja mais a

sua destruição e prima o bem estar do objeto de amor. O sadismo agora é uma arma de

dominação, para manter os rivais afastados. Segundo Freud, o indivíduo tem

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2 Narcisismo: descreve a característica de personalidade de paixão por si mesmo.A palavra é derivada da Mitologia Grega. Narciso era um jovem e belo rapaz que rejeitou a ninfa Eco, que desesperadamente o desejava. Como punição, foi amaldiçoado de forma a apaixonar-se incontrolavelmente por sua própria imagem refletida na água. Incapaz de levar a termos sua paixão, Narciso suicidou-se por afogamento3 Auto-erótica: sensações provenientes da boca na fase recém-nascido (chupar o dedo, chupeta, os seios da mãe).tendências à autodestruição, que consiste, segundo ele, no masoquismo primário. Esses

fenômenos são extremamente importantes para a preservação do corpo. Mas: o que isso

tem a ver com a formação da imagem corporal?

Sabemos segundo Schilder, que qualquer libido ou energia do ego só aparecem

com a presença de objetos externos.

“Estamos num mundo, e os objetos fazem parte dele. Quando vivemos,

estamos voltados para esse mundo. Há sempre uma pessoa e as atitudes dessa

pessoa. Uma atitude é uma atitude para algo. Uma energia da atitude não pode

existir isoladamente”. (FREUD, Sigmund. Apud SCHILDER 1956 P 137)

Para a libido narcisista a imagem corporal está como estas energias de desejos

que Fred se refere. O próprio corpo está como se fosse um objeto externo.

As zonas erógenas têm um papel muito importante na formação e estruturação

do esquema corporal na infância. Assim como as atividades musculares, as zonas

erógenas estarão somando à imagem corporal. Na fase oral, por exemplo; agarrar,

segurar, morder com o intuito de destruir o objeto de desejo, etc., contribuirá de maneira

direta no conhecimento do mundo externo. A princípio a atitude que a criança tem, com

relação aos objetos, é semelhante ao que ela tem de seu próprio corpo. A criança se

percebe ao agarrar um objeto, o gestos de suas mãos, sente o peso, toca-se durante o

banho, observa os seus pés, usa parte de seu corpo como se fossem brinquedos, morde

os dedos, braços e pés até sentir dor na razão de escolher entre o bom e mau. Ela se

conhece experimentando.

Isso vai até aos dois anos de idade onde, ela tende a diminuir gradativamente

essas atitudes como se já estivesse conhecendo-se. Preyer & Berfeld afirmam que “a

criança praticamente não tem conhecimento algum à respeito de seu corpo e, tende a

descriminá-lo dos outros objetos através dos dados motores sinestésicos e visuais”.

Berfeld frisa que a criança tem essa atitude no intuito de coordenar as experiências

táteis, visuais..., com o ego motor corporal. O autor ressalta a importância da ‘dor’

nestas experiências e na construção da imagem corporal posteriormente. Pouco se sabe

sobre a dor nos animais, porém considera-se a dor como necessidade biológica no ser

humano. Um sinal para evitar a automutilação.

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“Em relação à imagem corporal, temos que supor a existência de um fator de

maturação, responsável pela configuração primária do modelo postural do

corpo. Más o modo pela qual esta configuração se desenvolve, o ritmo do

desenvolvimento, dependerão em grande parte da experiência e da atividade, e

podemos supor que os traços mais específicos da imagem corporal serão ainda

mais dependentes das experiências vitais, do treinamento das atitudes

emocionais” (SCHILDER 1999, P 217).

Sempre estaremos lidando com uma estrutura incompleta do modelo postural,

afirma Schilder.

É importante deixar claro que, o modelo postural e a imagem corporal não

poderão se basear somente na percepção visual, pois se for formada desta forma a

impressão de um membro, por exemplo, não será sentida, isto é, a parte só será

percebida visualmente. Certamente, deixaremos de criar conotações e percepções dos

objetos externos.

“A evolução da imagem corporal se dá, de forma, paralelamente ao

desenvolvimento das percepções, do pensamento e das relações objetais. Assim

a imagem não desenvolvida tem características especiais. Apresenta maior

tendência às transformações; as partes isoladas são menos coerente entre si; é

mais fácil expedi-las e incorporar outras partes. Mas mesmo esta imagem

corporal incompleta e incoerente tem utilizações diversas, que dependem dos

vários aspectos da situação” (Schilder, Paul. P 222).

A imagem corporal não será sempre a mesma, essa mudança dependerá do uso

que deixaremos a ela, ou seja, poderemos torná-la um objeto diferente a todo momento.

O pensamento da consciência construirá uma imagem da maneira que coadune à

maioria das situações.

1.2.1. Labilidade da imagem corporal: Os objetos externos

A imagem corporal é constantemente mudada. Estamos sempre sofrendo

sensações que fazem mudar, escolher, expandir ou doar partes do mundo externo e até

mesmo incorporar estas. Quando tocamos um objeto com a extremidade de uma vara, a

sensação é percebida na ponta da vareta. Esta se torna, realmente, parte da imagem

corporal. Para obtermos a sensação global na ponta da vareta, esta tem que estar mais ou

menos rigidamente ligada ao corpo. Assim, passa a fazer parte do sistema ósseo, e

podemos supor que a rigidez de tal sistema parte importante da imagem corporal.

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Esse fenômeno é chamado de labilidade da imagem corporal. É o fato de outros

objetos estarem em contato com o corpo e se tornarem parte do corpo, (bengala, cadeira

de roda, muleta, braços e pernas mecânicas), serem uma extensão aderida ao corpo.

Também se pode mudar a imagem corporal através das pinturas (tatuagem, pintura

labiais, tintura e descoloração de cabelos e penteados) isso sem esquecer-se dos atos de

limpeza e higiene pessoal. Temos que atentar a essas modificações, pois nem sempre

elas são convenientes. Schilder afirma ter significações simbólicas. “quando deseja

alterar o modelo postural não é necessário mudar a aparência real do corpo” descreve o

autor. As roupas têm essa função, são revestidas de libido narcisista e têm o poder de

mudar o modelo postural:

“mesmo ao cobrirmos os caracteres sexuais primeiros e secundários,

modificamos o modelo postural. Ao mudarmos as roupas mudamos nossa

atitude. Ao retirarmos as roupas à noite, modificamos nosso conjunto de

atitudes, em parte devido à maior proximidade entre a imagem corporal em si e

nossas tendências e pulsões Libidinais”, (SCHILDER, P. 1999, P 223)

Assim, da mesma maneira que as roupas podem fazer parte do esquema

corporal elas também podem receber significações e são carregadas de libido.

“É preciso levar em conta as inter-relações entre os diversos esquemas

corporais. Ficamos iguais a ele. Ao imitar as roupas, modificamos nossa

imagem postural, incorporando a imagem dos outros. Assim, as roupas podem

se tornar um meio de mudar inteiramente nossa imagem corporal.”

(SCHILDER, Paul. P 225)

Quando as pessoas se fantasiam no carnaval, modificam suas imagens

corporais. Uns dos deleites das festas carnavalescas são realmente de mudar a imagem

corporal da pessoa fantasiada aumentando o tamanho, ser outra pessoa, um personagem,

um animal, etc. A imagem corporal se modifica continuamente, e desfrutamos sobre as

limitações do corpo agregando máscaras e roupas.

1.3. ABORDAGEM SOCIAL DA IMAGEM CORPORAL

A imagem corporal evidentemente ultrapassa os limites do corpo. Quanto mais

rígido e constante a ligação entre objeto externo com o corpo mais estará fazendo parte

da imagem corporal. Os objetos externos doam e recebem partes relacionadas à imagem

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corporal e tornam-se peças na construção da imagem corporal. Segundo Schilder, “a

imagem corporal incorpora objetos ou se propaga no espaço”. Ele também afirma

quando uma pessoa tem na sua imagem corporal alterações relacionadas às diferenças

espaciais, pode ocorrer uma grande absorção de imagens corporais de outrem. Uma

mágica imitativa passiva5.

“O espaço especifico que circunda a imagem corporal pode tanto aproximar os

objetos do corpo quanto o corpo do objeto. A configuração emocional

determina a distância entre os objetos e o corpo”. (SCHILDER, Paul. P. 239)

Os conhecimentos que temos visualmente são responsáveis pela construção da

própria imagem corporal e, ao mesmo tempo, constrói a imagem corporal das outras

pessoas. Este mesmo fenômeno ocorre com as experiências táteis. Temos tendências de

nos observar e olhar para a mesma parte nos corpos dos outros. Consideram-se

tendências a curiosidades sexuais e as inclinações do corpo alheio. Apesar de ter

aspectos visuais, existem procedimentos táteis. “geralmente quando sentimos

curiosidade à respeito do corpo de outra pessoa os aspectos visuais precedem o tátil”,

SCHILDER (1999). O mesmo desejo de se conhecer, de se ver é o mesmo desejo inato

com relação ao outro. A imagem corporal é um fenômeno social e está sempre

relacionada com movimento e ação do corpo.

Quando olhamos o corpo de outra pessoa podemos compreender a ação

expressão em seus movimentos e observar a íntima relação entre outros corpos. Quando

uma criança tem interesse por parte de seu corpo também desenvolve o interesse pelas

partes correspondentes nos corpos das outras pessoas. Não devemos esquecer que a

imagem postural do corpo, apesar de ser basicamente uma experiência dos sentidos,

provoca atitudes de tipo emocional, e que tais atitudes não podem ser separadas da

experiência sensoriais.

Descobrimos nossa imagem corporal através das imagens corporais

Libidinalmente percebida no corpo alheio, o que vemos em nós podemos encontrar nas

outras pessoas.

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5 mágica imitativa passiva: a ação mágica é uma ação que influencia a imagem corporal, independente

da distância espacial real

1.3.1. As relações entre as imagens corporais

As impressões visuais que temos sobre o nosso corpo não são muito diferentes

das que temos dos corpos alheios, isso já foi discutido anteriormente. Entretanto, isso

não quer dizer que formamos nossa imagem corporal introjetando imagens corporais de

outras pessoas, porém não podemos afirmar também que não possa acontecer.

“A imagem corporal não é um produto da apropriação dos corpos alheios,

apesar de podermos incorporar partes de imagens corporais de outra pessoa a

nosso modelo postural. A imagem corporal também não é obtida através da

identificação com as imagens corporais alheias, apesar de podermos enriquecer

nossa percepção da imagem corporal com tais identificações, SCHILDER

(1996)”.

Com relação à distância espacial, podemos dizer que formamos nossa imagem

corporal adicionando e doando partes de imagens corporais. Assim as pessoas que nos

relacionamos emocionalmente fazem parte de nossa imagem corporal ou tem partes em

nossa imagem corporal. Os olhares dos indivíduos tornam-se, assim, um instrumento do

intercurso das imagens corporais. “os olhos fornecem a possibilidade de estabelecer

relações sociais com outra pessoa”, (SCHILDER 1999).

“Toda modificação da expressão, seja por alterações vasomotoras ou por

mudança de atitude, também se torna, imediatamente, uma modificação de

nossas relações sociais. Toda expressão ou mudança de expressão é sempre

dirigida para pessoas que nos cercam e tem a função de aproximá-la”.

Pode-se dizer que a parte mais expressiva no nosso corpo é o rosto porque é

uma parte que pode ser vista por todos. A boca tem um aspecto psicológico por

localizar-se na face e desempenha o papel de aproximar as pessoas. O sorriso (ereção)

tem um significado social. Portanto a distância que os corpos alheios se relacionam com

o nosso está, relativamente, ligado as emoções, não importando se são de ódio ou amor.

Os movimentos expressivos são comunicação. Logo podemos refletir que, geralmente é

comunicação que dirigimos as pessoas quando sorrimos ou estamos tristes.

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Há inúmeras teorias acerca da distância social. As relações que as imagens

corporais exercem sobre as aproximações e os comportamentos corporais, expressivos e

emocionais diante de outras pessoas. Muitos sociólogos se referem aos preconceitos

raciais e outros tipos como motivos da distância social. “é obvio que a distância social

se relaciona em parte com o quão próximo de nós desejamos que esteja o corpo de outra

pessoa” TAVARES (2002).

A imitação exerce grande influência na construção da estrutura social. TARDE

baseia suas leis das psicologias sociais nas leis da imitação. A imitação pode agir de

modo competitivo. “as qualidades de todo grupo social se baseia na imitação mutua”.

As linguagens, convicções religiosas, morais e políticas são formadas da mesma forma

que os hábitos de alimentação, vestuário, moradia e recreação e muitas outras rotinas

que constituem a vida social. Tarde considera a imitação agente do progresso. TARDE

apud SCHILDER:

“A imitação de convicções é anterior à imitação de movimentos expressivos, a

imitação de objetivos é anterior a imitação de métodos para alcançá-los [...] a

crença precede o culto. Uma pessoa que imita o modo de se vestir e de divertir

de alguém assumiu, anteriormente, seus sentimentos e desejos”.

Podemos imitar os movimentos de outra pessoa, pois existe uma apresentação

visual dos movimentos e expressões e devido o fato de evocarmos as representações

motoras, conseguimos os movimentos similares em nosso corpo. Mac-dougall apud

Schilder, “Quando alguém atrai a atenção de uma criança, esta fica absorvida em

observar e logo imita os movimentos. Este tipo de movimento pode ser parte

voluntária...” Segundo BÜHLER, a criança imita aquilo que ouve, ela se torna um eco

da linguagem e dos ruídos naturais que escuta. As risadas, choros e as emoções

provocam reações similares nos outros, isso se torna óbvio quando focamos o ato do

bocejo por exemplo.

“[...] se concentrarmos detidamente nossa atenção no movimento de outra

pessoa, somos aptos a fazer, ao menos de modo imparcial e incipiente, todos os

movimentos que observarmos. [...] os movimentos imitativos parecem devido

ao fato de que a apresentação visual dos movimentos do outro é capaz de

evocar as representações de movimento similar do corpo do observador, que,

com todas as representações motoras, tende a se expressar imediatamente num

movimento”. (MAC-DOUGALL apud SCHILDER 1999. PP. 100-130)

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Os fatores visuais e sinestésicos são de fundamental importância, não apenas

para estruturação do modelo postural do corpo do indivíduo, como também no modelo

postural do corpo dos outros. As ações de outra pessoa têm íntima relação com minha

ação.

1.3.2. A beleza e a imagem corporal

Talvez, chegamos ao ponto mais difícil do trabalho, falar sobre a relação que a

beleza tem com a imagem corporal. – Quais seriam as interferências que essa relação

exerce na formação da imagem corporal ou no próprio modelo postural?

Schilder relata um caso que um paciente pretendia fazer uma cirurgia no nariz,

pois não se achava atraente e tinha dificuldades de relacionar-se sexualmente. Neste

caso, explica o autor que, a adoração da beleza coíbe a ação. A atitude do paciente em

relação à beleza dos outros se relacionava intimamente com sua atitude em relação à

própria imagem corporal e o culto ao outro corpo relacionava-se com a depreciação de

seu próprio modelo postural. Isso se deve ao fato de diversas ocorrências na vida

daquele paciente em especial, quer dizer, que desgostar de parte de nosso corpo não é

uma aberração. “[...] a alteração real de sua aparência, através da cirurgia de um nariz,

não modificou muito sua atitude e o sucesso que alcançava”. O corpo é uma imagem

que construímos com atitudes instintivas, afirma Schilder, desta forma, uma

modificação real da aparência só poderá ter efeitos restringidos. Isso também implica

muitas outras situações como, por exemplo, o Complexo e Édipo.

Como já comentado, uma mudança física no corpo pode mudar, não só o corpo

como também, a imagem corporal do indivíduo. Num simples olhar no espelho e

projetar nossa imagem que vemos em nossa imagem corporal, podemos observar e

estudar as mudanças de atitudes dos outros e transferir-la para nossa imagem corporal

(aceitação). Mas Freud afirma que esses fatores não terão papel decisivo quando não

forem capazes de alterar a atitude psíquica do indivíduo.

Não devemos subestimar a importância que a feiúra e a beleza têm na vida

humana. A nossa beleza ou feiúra responsável não apenas pela a imagem que temos de

nós mesmo, mas também para imagem que os outros constroem a nosso respeito, pois

isso será responsável pelas atitudes dos outros e a partir daí, formamos a nossa imagem

corporal, quando tomamos de volta as reações das outras pessoas.

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“Certamente, a beleza e a feiúra não são fenômenos do indivíduo isolado, mas

fenômenos sociais da maior importância. Regulam as atividades sexuais nas

relações humanas, e não apenas as atividades heterossexuais manifestas, como

também as homossexuais, que são tão importantes para a estrutura social. [...]

Quando ultrapassamos as fronteiras de nossa cultura, é muito difícil estabelecer

padrões de beleza. Às vezes é impossível apreciar o padrão de beleza de povos

primitivos, mas, mesmo quando comparamos nosso padrão com os padrões dos

amarelos, mulatos ou negros, a integração numa lei geral não é uma tarefa

simples. É difícil compreendermos que, para os chineses, a diminuição do pé

aumente a beleza. Não precisamos procurar exemplos tão longe. É difícil

compreendermos que uma figura feminina apertada por corpetes justos pudesse

se adequar à idéia geral de beleza. A tatuagem, as práticas de deformação labial

e diversas outras desfigurações supostamente decorativas das sociedades

primitivas são outros exemplos”, (SCHILDER 1999 P 296).

Se formos estudar os padrões de beleza em diferentes sociedades, poderíamos

compreender as alterações que elas promovem no corpo. É aceitável, pois o padrão de

beleza e o ‘ideal’ sempre será a expressão da situação libidinal da sociedade. Como já

comentamos no início desse trabalho, a imagem corporal nunca será uma entidade

rígida, pronta. Estaremos sempre construindo e reconstruindo nossa própria imagem

corporal, “nestes processos perpétuos, intercambiamos parte de nossas imagens com

imagens de outros ou, em outras palavras, há uma socialização contínua de imagens

corporais”, Schilder, (1999). Nosso corpo não é mais conhecido que os corpos das

outras pessoas. O interesse que temos por espelho é a confirmação da insuficiência dos

dados sobre o nosso modelo postural, da necessidade de estruturar a imagem de nosso

corpo num esforço contínuo.

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2. DISTORÇÃO DA IMAGEM CORPORAL

2.1. O culto do corpo ‘ideal’: um achaque na sociedade

“Especialistas alertam que as preocupações com o corpo em proporções

exageradas ou muito precoces devem ser observadas e merecem atenção especial da

família” (JORNAL DO BRASIL 2009). Essa notícia foi publicada este ano pela revista

eletrônica Jornal do Brasil causando mais ostentação no contexto da insatisfação

corporal que hoje não somente atinge os adolescentes como também migra para a fase

da pré-adolescência atingindo crianças com idade inferior a dez anos de idade. De

acordo com a pediatra Maria Cristina Duarte, integrante da Sociedade Brasileira de

Pediatra, a criança ao passar para a fase da adolescência, tende a ter uma preocupação

exagerada com o corpo. Nesta fase a preocupação com a aparência e com a aceitação do

seu corpo no âmbito social pode ser o início de conflitos com a imagem corporal, pois

ainda que o sujeito esteja crescendo e passando para uma idade que antecede a fase

adulta ele ainda tem uma mentalidade infantil. Isso dificulta certos entendimentos sobre

determinados assuntos (distinguir o certo do errado). Entender as atitudes

indispensáveis para a convivência em um determinado grupo, mas principalmente as

atitudes que deveram ser tomadas para a satisfação própria, fazendo com que isso

interfira positivamente e de maneira significativa em sua qualidade de vida.

Infelizmente o padrão de beleza estereotipado na cultura mundial, rege a vida,

a cabeça e o alimentar de muitos adolescentes. Pela adoração a este modelo corporal,

muitas pessoas se esforçam excessivamente até comprometer a saúde e a imagem física

para alcançar este mito e poder encaixar-se nesse padrão. A mídia como a maior

semeadora de opinião, tem o papel importante neste fenômeno. Com corpos expostos

em televisões e revistas, cada vez mais magros e com roupas que induzem para este

estilo de vida, desvirtuando os adolescentes a se tornarem enquadrados a este modelo

corporal.

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Não somente o corpo e as roupas se tornaram moda, o estilo de se alimentar foi

adequado de maneira alienado para a promoção desse padrão corporal. Com isso os

distúrbios alimentares e psíquicos são crescentes e cada vez mais presentes nos grupos

sociais que fazemos parte. De acordo com ADAMS apud TAVARES, percebe-se que o

mundo social, claramente, discrimina os indivíduos não atraentes, numa série de

situações cotidianas importantes. Pessoas julgadas pelos padrões vigentes como

atraentes parecem receber mais suporte e encorajamento no desenvolvimento de

repertórios cognitivos socialmente seguros e competentes, assim, indivíduos tidos como

não atraentes, estão mais sujeitos a encontrar ambientes sociais que variam do não-

responsivo ao rejeitador e que desencorajam o desenvolvimento de habilidades sociais e

de um auto-conceito favorável. Segundo Tavares, sociólogos têm proposto dois

processos que promovem atitudes e comportamentos: reforço social e a modelagem. O

reforço social refere-se ao processo por meio do qual, pessoas internalizam atitudes e

comportam-se mediante aprovação dos outros. Como exemplo, um adolescente pode

querer seguir uma dieta caso perceba que a mídia glorifica o corpo esbelto e magro e

critica as pessoas com excesso de peso.

2.2. A Ditadura do 'Corpo Perfeito'

Atualmente ser bonito e jovem se transformou em exame admissional para a

vida social. Alas abrangidas pela psiquiatria sempre se preocuparam com as influências

culturais sobre a saúde mental. Em relevância os costumes, hábitos e valores sociais

influem na aparição de patologias mentais? Em épocas passadas, os sintomas que hoje

tratamos como distúrbios emocionais ou psicológicos eram diagnosticados como

bruxarias, teatralidade humana ou influencias demoníacas.

Em épocas já mais próximas de nós, a angústia era traduzida em grandes

conversões pseudo-neurológicas, inúmeras paralisias (pré ressonância magnética)

alimentaram os cultos milagreiros. A fé era o santo remédio, misturar manga com leite

matava de congestão, assim como, olhar no espelho ou tomar banho depois de comer

podia entortar bocas ou no mínimo causar câimbras terríveis.

Recentemente aconteceu uma ampliação e maior divulgação dos

conhecimentos envolvendo a mente e conseqüentemente os métodos de diagnóstico

ajudam a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Como exemplos populares temos a

síndrome do pânico, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo, bulimia, anorexia

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entre outros. Ate mesmo a ansiedade era tida com exemplo de 'fraqueza mental', falta de

pensamento positivo, falta de ter o que fazer e coisas do gênero.

Hoje, já se sabe que o estresse e a ansiedade podem levar qualquer pessoa a

mudanças comportamentais, sem que esta seja considerada doida ou mentalmente fraca.

A síndrome do pânico e os transtornos fóbicos representam aspectos do psiquismo

humano que acabaram culturalmente sendo aceitos. Apesar desses quadros fóbico-

ansiosos continuarem sendo os principais responsáveis pelos tratamentos psíquicos é

crescente a procura devido aos problemas decorrentes da obsessão pelo corpo perfeito.

Algumas meninas já acham impossível encontrarem a felicidade, pelo simples

fato de mostrarem uma dobra na barriga quando sentam. Já os rapazes sacrificam horas

obsessivas e intermináveis “puxando ferro” nas academias de musculação. Isso sem

contar com a comodidade que algumas pessoas gozam por poderem atribuir a um

pequeno excesso de gordura, a um nariz mais profuso ou a um seio menos farto, toda a

responsabilidade pelos fracassos em conquistar o sexo oposto, estas 'deformidades'

corpóreas recebe a culpa pela infelicidade das pessoas.

Cada dia mais, a cirurgia plástica e a lipoaspiração vêm se tornando sonho de

inúmeras pessoas, até já existe um nome específico (lipo-escultura). Algumas pessoas

dizem que “se pudessem fariam uma plástica geral, trocariam tudo, modificariam tudo”.

Quer dizer, são pessoas infelizes com o próprio corpo.

O problema não mereceria tanta ênfase se não fosse capaz de escravizar, de

fazer algumas pessoas viverem em torno disso, sacrificarem sua própria felicidade em

busca de um objetivo geralmente nunca encontrado, uma utupia corpórea. Pode-se

alegar que a culpa é da cultura, que aprisiona em calças cada vez mais apertadas, mas de

fato quem faz a cultura? Se não as próprias pessoas que fazem o uso-fruto dela.

Reflexos nítidos da submissão da felicidade humana ao 'corpo perfeito' tem

sido a anorexia, vigorexia e a bulimia. Mas também reflexos psíquicos não tão

patológicos, como o não contato social, submissão a marcas e preços, complexos de

inferioridade, consumo de medicamentos com severos efeitos colaterais, etc.

Atualmente o Brasil se encontra entre os primeiros países no ranking da

cirurgia plástica rejuvenescedora e consumidor de medicamentos para emagrecer.

Uma pesquisa regida pelo psicólogo David Weeks Feita em 1995 na

Universidade de Edinburgh na Inglaterra. Pesquisou por década pessoas que viviam fora

dos ‘padrões’, tanto de comportamento quanto estéticos. Foram 789 americanos, 130

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britânicos, 25 alemães e 25 neozelandeses. Ao fim, concluiu que pessoas fora dos

padrões eram mais seguros, menos estressados, mais felizes e, por isso, tendiam a viver

mais. Essa, posteriormente transformada no livro e comentada na revista Época.

3. DISTORÇÃO NA IMAGEM CORPORAL E TRANSTORNOS

ALIMENTARES NA ADOLESCÊNCIA

Nossa experiência do corpo é baseada em impressões visuais e táteis, assim o

modelo postural do corpo pode sofrer alterações causadas por lesões que destruam ou

prejudiquem as sensações visuais e táteis, por exemplo lesões no cerebelo como já

mencionado neste documento. Mas, pode haver perturbações sem que haja lesão física,

os distúrbios na imagem corporal e modelo postural. São três as patologias de maior

destaque provenientes da distorção na imagem corporal: anorexia, bulimia e vigorexia.

A anorexia nervosa e bulimia nervosa são transtornos alimentares que se

caracterizam por um padrão alimentar gravemente perturbado, há um controle do peso

corporal de forma doentia, decorrente dos distúrbios na percepção corporal, existe um

inexplicável medo em ganhar peso ou de torna-se obeso, mesmo estando abaixo do peso

ideal.

Já na vigorexia, em inglês é conhecida como over training, acontece o oposto.

É uma compulsão pela prática de exercícios físicos. O vigorético sofre a dismorfia

corporal (assim como acontece na anorexia e bulimia), uma distorção da imagem

corporal caracterizada pela preocupação obsessiva com defeitos corporais geralmente

nem existentes.

Os sintomas abaixo são encontrados nas três patologias acima citadas:

a) Preocupação exagerada com o próprio corpo

b) Distorção da imagem corporal

c) Baixa-estima

d) Personalidade introvertida

e) Fatores sócio-culturais comuns

f) Tendência a automedicação

g) Idade de aparecimento igual (adolescência)

h) Modificações da dieta

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Geralmente bulêmicos ou anoréticos, muito antes da doença se fazer concreta

já apresentam apresentavam alguma crítica constante a alguma parte do corpo,

insatisfação com o peso, etc. Ocorrendo em conseqüência uma diminuição das suas

atividades sociais. “Apresentavam hábito de fazer dieta mesmo quando o peso estava

proporcional à estatura e, mesmo ao perderem peso, continuavam com a dieta”

(FISHER, 1995).

O conceito ideal atual a ser seguido, freqüentemente é o ator ou atriz que a

mídia reproduz. Passando a questão estética de harmônica à mera imposição. “A

investigação nos transtornos da conduta alimentar tem constituído um foco de atenção

em psicologia e psiquiatria nessas três últimas décadas” (Toro, 2000).

3.1. Anorexia

O termo Anorexia significa ao pé da letra a perca do apetite, pode não estar

totalmente correta, pois não existe uma real falta de apetite e sim uma recusa em se

alimentar. “A Anorexia Nervosa é um tipo de Transtorno Alimentar que envolve

severas perturbações no comportamento alimentar do indivíduo, sendo sua principal

característica o medo mórbido de engordar” (Hayden, 1994).

“Mais alarmante que a má nutrição em si na anorexia é a sua associação com a

distorção da imagem corporal que, entre outros fatores, apresenta-se como uma

ausência de preocupação com a magreza, mesmo quando esta já está em

estágio bem avançado”. BRUCH (1962)

A sua incidência têm aumentado nas últimas décadas, especialmente entre as

mulheres jovens dos países ocidentais:

“O início da anorexia nervosa geralmente ocorre na adolescência devido às

preocupações com a nova forma e o novo peso do corpo, exigindo uma

readaptação à imagem corporal. Cerca de 90% dos indivíduos atingidos são do

sexo feminino. Assim, supõem-se, que a pressão social, pautada no ideal de

beleza feminina regido pela magreza”. Herscovici, C.R. & Bay, L. Anorexia

nervosa e bulimia: ameaças à autonomia. Porto Alegre: ArtMed.

A pessoa anorética geralmente mantém seu peso corporal abaixo dos padrões

mínimos do seu IMC geralmente menor que 18,5. Podendo haver fracasso no

desenvolvimento corpóreo dos afetados. Segundo Bruch (1962) a melhora dos sintomas

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da anorexia pode ser temporária se não houver uma mudança corretiva na imagem

corporal. “A adolescente com anorexia não consegue perceber o quanto já emagreceu,

nunca fica satisfeita com seu corpo e continua perdendo peso ate chegar a inanição”.

(CORDÁS, 1998).

De acordo com CORDÁS 1998, os anoréxicos excluem de sua alimentação

alimentos que consideram altamente calóricos, em casos avançados deixando sua dieta

restrita a apenas alguns tipos de alimentos. Nos casos mais graves, ainda acontece a

adoção me meios extras de perca de peso, como o uso de laxantes, diuréticos e indução

a vômitos, podendo dessa forma haver uma progressão à bulimia.

O peso e forma corporal são distorcidos nessas pessoas, alguns acreditam estar

com excesso de peso global (não importando o que diz a balança) outros já percebem

que estão magros, mas preocupam-se com algumas partes isoladas do corpo, geralmente

abdômen, nádegas e coxas.

3.1.1. Histórico da anorexia

A palavra anorexia tem derivação grega ''an-orexis'' que significa falta de

apetite. A denominação mais específica que conhecemos hoje, anorexia nervosa, foi

sugerida por Willian Gull em 1873, referindo-se a forma extrema com que acontecia o

emagrecimento principalmente de mulheres jovens, decorrente de um estado mórbido e

não apenas de complicações gástricas.

Na idade média, a prática de alongados “jejuns'' eram entendidos como

milagres divinos ou possessões demoníacas (dependendo de quem jejuasse). Bell,

(1985) relata em seu livro ''Holy Anorexia'' o comportamento anoréxico de 260 santas

italianas entre os anos de 1200 e 1600, tal fato ficou conhecido como ''anorexia santa''.

Outro caso bastante conhecido é o de Santa Catarina que havia feito um voto

de castidade quando ainda era criança, e fora prometida a casamento. A inanição lhe

gerou um estado psicológico de constante vigília e experiências místicas, vindo a falecer

de desnutrição aos 32 anos.

Em outubro de 1873, Gull apresenta à "Clinical Society of London", o tema

"anorexia nervosa", este fora publicado em 1874. O médico descreve três casos se

referindo ao quadro ocorrido em mulheres entre os 16 e 23 anos. Relata sintomas como

tais como a caquexia, a perda de apetite, a amenorréia, a constipação e a diminuição dos

sinais vitais, em virtude da falta de inanição.

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A partir de 1960, o número crescente de pacientes com anorexia nervosa e as

tentativas de distinguir diferentes tipos de pacientes com o quadro, contribuiu para o

reconhecimento da doença como síndrome psiquiátrica específica, com aspectos

característicos que a distinguem de outros transtornos.

BRUCH (1962) propôs que a psicopatologia da anorexia nervosa são

deficiências do ego e da personalidade, consistindo em três áreas de perturbação do

funcionamento: transtornos da imagem corporal; transtornos na percepção ou

interpretação de estímulos corporais (como reconhecimento da fome) e uma sensação de

ineficiência que invade todo o pensamento.

Na década de 1970 surgiram os padronizados para o diagnóstico da anorexia

nervosa com base nos distúrbios psicobiológicos e psicopatológicos, para oferecerem

norte para as necessidades clínicas, bem como as de pesquisa.

3.1.2. Causas da anorexia

As causas da anorexia nervosa ainda são desconhecidas. Praticamente todos os

estudos apontam para uma interação sociocultural mal adaptada, fatores biológicos,

mecanismos psicológicos, e especial vulnerabilidade de personalidade.

Os aspectos biológicos decorem das alterações hormonais acorridas durante a

puberdade e as disfunções de neurotransmissores cerebrais, tais como a dopamina, a

serotonina, a noradrenalina e dos peptídeos opióides, sabidamente ligados à regulação

normal do comportamento alimentar e manutenção do peso, além dos aspectos

genéticos.

Os fatores sociais se devem a famílias fragmentadas, minimização dos

conflitos, pais ausentes entre outros aspectos que regem a cultura capitalista.

3.1.3. Características da Cultura, da Idade e do Sexo (dados da OMS)

A Anorexia Nervosa parece prevalecer mais em sociedades industrializadas,

nas quais existe abundância de alimentos e onde ser atraente está ligado à magreza. O

transtorno é mais comum em países como nos Austrália, USA, Japão, Canadá e África

do Sul. Cerca de 1% da população mundial é afligida e, deste, cerca de 90% dos casos

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são em mulheres. A doença se encontra mais freqüentemente classes sociais mais

elevadas.

A anorexia surge em 45% dos casos após dieta de emagrecimento, em 40% por

causa de uma situação competitiva. Algumas profissões como bailarinas e modelos

mostram ter um risco muito alto para o desenvolvimento de transtornos alimentares.

A idade média para o início da Anorexia Nervosa é de 17 anos, podendo haver

picos aos 14 e aos 18 anos. O início do transtorno raramente ocorre em mulheres com

mais de 40 anos. O aparecimento da Anorexia geralmente está associado com um

acontecimento estressante, como rompimento conjugal, estudos fora de casa,...

A evolução e curso da doença são altamente variáveis. Existem pacientes se

recuperam completamente após um episódio isolado, outros porem, tem recaídas

freqüentes, flutuando quanto a gravidade do problema. Em pacientes internados em

hospitais a mortandade é de cerca de 10 %, devido principalmente à inanição e suicídio.

Existe um risco aumentado de Anorexia Nervosa e depressão entre os parentes

biológicos em primeiro grau de pacientes com o transtorno.

3.2. Vigorexia ou Síndrome de Adônis

Em artigo intitulado como - Pelo Menos Essa Não Me Pega - publicado no

jornal O Estado de São Paulo de 19 de setembro de 1999, João Ubaldo Ribeiro

destacamos o seguinte trecho:

“Desafortunado vigoréxico nunca está satisfeito com seu corpo e se comporta

como qualquer viciado em drogas, até deixando o trabalho ser afetado, somente

para poder malhar mais. Se acha que não está 100%, não sai de casa para não

ser visto em estado para ele deplorável, come obsessivamente o que considera

indispensável para seu desenvolvimento muscular, se entope de complementos

vitamínicos e até anabolizantes e hormônios, a ponto de muitos morrerem

vendendo saúde e robustez ou se suicidarem, pois a taxa de suicídio entre

vigoréxicos (nos Estados Unidos estimados em um milhão) é mais alta que no

resto da população.”

O termo vigorexia, também chamada de Síndrome de Adônis, foi

primeiramente assim denominado pelo psiquiatra norte-americano Harrisom G. Pope,

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da Faculdade de Medicina de Harvard, Massachusetts. Os estudos de Pope foram

publicados na revista Psychosomatic Medicine informando que cerca de um milhão de

norte-americanos entre os nove milhões adeptos à musculação estão com os sintomas e

podem estar acometidos pela patologia emocional. Segundo Pope as duas rexias

Anorexia e Vigorexia são doenças ligadas à perda de controle de impulsos narcisistas

(paixão por si mesmo).

A dependência ao exercício, chamada de Vigorexia ou Overtraining, em inglês,

é um transtorno no qual as pessoas realizam práticas esportivas (apenas com fins

estético) de forma fanática, ao ponto de não importar-se com conseqüências e/ou contra-

indicações.

Outra patologia solidamente associada à Vigorexia e já presente nas

classificações internacionais é o transtorno dismórfico corporal. A Vigorexia, presente

praticamente apenas em públicos masculinos se caracteriza por uma preocupação

incessante em ficar forte a qualquer custo. Mesmo os vigoréticos tendo uma

musculatura muito avantajada, passam horas em academia malhando e ainda assim se

consideram fracos, magros e até esqueléticos. Porém isso não descarta a possibilidade

de ser encontrado em públicos femininos.

Uma das observações psicológicas desses pacientes é que têm vergonha do

próprio corpo, recorrendo assim aos exercícios excessivos, e freqüentemente à

esteróides anabolizantes.

“A imagem corporal inconstante nos adolescentes e a falta de tempo para

treinamento adequado nos jovens adultos, aliada à impaciência em atingir os

resultados esperados e ao desejo de aparentar o seu melhor, tornam os jovens

propensos a consumir qualquer coisa que se apresente como atalho para atingir

o padrão de beleza imposto, já que a estética é um dos principais motivos da

prática esportiva nessa faixa etária”.(Stephens MB, Olsen C. 2001)

Existe um grande número de pessoas preocupadas com sua aparência (o que é

absolutamente normal e saudável), para ser diagnosticado dismorfia, deve haver

sofrimento significativo e uma obsessão com algum ''defeito'' em alguma parte do corpo

que impeça uma vida normal. Quando se fixa exclusivamente na questão muscular, o

transtorno é denominado vigorexia ou transtorno dismórfico muscular.

As duas doenças promovem a distorção da imagem que os pacientes têm sobre

si mesmos: os anoréxicos nunca se acham suficientemente magros, os vigoréxicos

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nunca se acham suficientemente musculosos. Ambas podem ser consideradas como

"patologias do narcisismo".

De acordo com Pope (2000), não quer dizer quem goste de fazer exercícios

físicos seja vigorético ou venha a ser. Os exercícios físicos orientados, recreativos e/ou

de condicionamento só trazem benefícios, tanto físicos ou mentais. No entanto, as

pessoas que treinam exaustivamente, somente a fim de ficarem estupendos e perfeitos,

são sérios candidatos ao diagnóstico de Vigorexia. De acordo com a revista eletrônica

psiqweb.med, Choi PY, Pope HG Jr, Olivardia R. afirmam em um artigo que,

geralmente essas pessoas estão dispostas a manter uma dieta rigorosa, a tomar drogas e

a treinar incessantemente para alcançarem o seu objetivo, perdem a noção de sua

corporeidade e nunca ficam satisfeitos.

“[...] fazem continuadas comparações com outros companheiros de academia.

A doença vai derivando num quadro obsessivo-compulsivo, de tal forma que

eles se sentem fracassados, abandonam suas atividades e se isolam em

academias dia e noite [...] podem chegar a ingerir mais de 4.500 calorias diárias

(o normal para uma pessoa é 2.500), e sempre acompanhado por numerosos e

perigosos complementos vitamínicos, hormonais e anabolizantes. Tudo isso é

feito com o propósito de aumentar a massa muscular, mesmo tendo sido

alertados quanto aos graves efeitos colaterais desse estilo de vida”. (Ballone GJ

http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2005.)

3.2.1. Personalidade da Vigorexia

Encontra-se nos portadores de Vigorexia, pessoas que só buscam a figura

perfeita, tendo por influência modelos ou esportistas, exigindo insensatamente de seu

organismo até sua meta ser alcançada.

“São geralmente pessoas portadoras de personalidade introvertida, cuja timidez

ou retraimento social favorecem uma busca do corpo perfeito como

compensação aos sentimentos de inferioridade […] costumam ter baixa auto-

estima e muitas dificuldades para integrar-se socialmente [...], (CHOI PY,

POPE HG JR, OLIVARDIA R. 2002)

Segundo Ballone GJ, num artigo publicado na revista eletrônica - Vigorexia -

Síndrome de Adônis, o fisiculturismo é um dos esporte que mais caracteriza a doença.

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“O fisiculturismo é o esportes que mais comumente se relaciona com este tipo

de transtorno, mas isso não significa que todos os fisiculturistas tenham

Vigorexia. Os vigoréxicos praticam seus esportes e ginásticas sem levar em

conta ou sem se importarem com as condições climáticas, condições físicas

limitadoras ou mesmo inadequações circunstanciais do dia-a-dia, chegando a

sentirem-se incomodados ou culpados quando não podem realizar essas

atividades”. (BALLONE 2003).

3.2.2. Conseqüências da Vigorexia

As conseqüências da vigorexia ou over training são reações semelhantes ao

estresse tais como: insônia falta de apetite, irritabilidade, desinteresse sexual, fraqueza,

cansaço constante, dificuldade de concentração entre outras.

Além da obsessão com o corpo perfeito, a Vigorexia também produz uma

importante mudança nos hábitos e atitudes dos pacientes, notadamente na questão

alimentar. A vida do anoréxico gira em torno dos cuidados com seu corpo, sua dieta é

minuciosamente regulada, eliminando-se totalmente as gorduras e consumindo-se

excessivamente as proteínas. Esse desequilíbrio alimentar acaba por sobrecarregar o

fígado.

A Vigorexia leva a problemas ósseos e articulares devido ao peso excessivo,

falta de agilidade e encurtamento de músculos e tendões. A situação se agrava quando

surge o consumo de esteróides e anabolizantes com o fim de conseguir melhores

resultados. O consumo destas sustâncias aumenta o risco de doenças cardiovasculares,

lesões hepáticas, disfunções sexuais, diminuição do tamanho dos testículos e maior

propensão ao câncer da próstata.

Segundo estudos de Pope, a Vigorexia pode ter como conseqüência um quadro

de transtorno obsessivo/compulsivo, fazendo com que os pacientes se sintam

fracassados e abandonem suas atividades sociais, inclusive de trabalho, com o propósito

de treinar e exercitar-se sem descanso.

Nos vigoréticos, uma inclinação para o que se considera o protótipo do homem

moderno, supostamente (e erroneamente, segundo pesquisa de Pope) desejável pelas

mulheres. Há uma obsessão em se tornar o modelo de homem, com um corpo fibroso,

definido, musculoso e, devidamente, glorificado pela mídia. A Vigorexia representa

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bem a sociedade onde "uma imagem vale mais que mil palavras", tornando os homens

obcecados por seus corpos perfeitos.

3.3. Bulimia nervosa

Segundo Russel (2002), a bulimia se reproduz em uma vontade irresistível de

comer demais, levando à comportamentos como: induzir vômitos, uso de diuréticos e

exercícios físicos exacerbados a fim de sanar um medo mórbido de tornar-se obeso.

“Assim como a anorexia a bulimia apresenta causas complexas e fatores

fisiológicos, psicológicos e sócio-culturais relacionados. No entanto a

adolescente com este transtorno faz uma indução ao próprio vômito após uma

refeição, mas nem sempre a bulímica chega a ficar com o peso abaixo do ideal

para sua altura”. (CORDÁS, 1998).

Desde a primeira descrição da bulimia nervosa por RUSSELL (1979), o

conhecimento deste quadro tem avançado rapidamente, graças a grupos de pesquisa em

vários países, superando em número de publicações, o interesse pela sua "irmã mais

velha", a anorexia nervosa.

Essa patologia caracteriza-se pela ingestão compulsiva e rápida de grande

quantidade de alimento, com pouco ou nenhum prazer, alternada com comportamento

dirigido para evitar o ganho de peso (como vomitar, abusar de laxantes e diuréticos ou

períodos de restrição alimentar severa) e medo mórbido de engordar. O vômito auto-

induzido é extremamente comum, sendo encontrado em até 95% dos pacientes,

provavelmente pelo seu efeito de redução imediata da ansiedade.

É interessante lembrar que o comportamento de forçar o vômito é muito antigo

e pode ser encontrado precocemente na história de diferentes povos da Antiguidade.

Segundo Heródoto, os egípcios vomitavam e usavam purgativos todo mês, por três dias

consecutivos, julgando que "todas as doenças dos homens são oriundas da comida". Na

medicina grega é sabido que Hipócrates também recomendava a indução de vômitos por

dois dias consecutivos todo mês como um método de prevenir diferentes doenças.

“Os romanos criaram o vomitório, que lhes permitia alimentar-se em excesso

durante os banquetes, e posteriormente vomitar em local reservado para esta

finalidade, às vezes usando uma pena de ave para estimular o reflexo do

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vômito na garganta”. (CASPER RC. 1983; 2:3-16. em:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-446200200070)

Segundo PARRY-JONES B, Parry-Jones wl. Bulimia:

“[...] deriva do grego "bous" (boi) e "limos" (fome), designando assim um

apetite tão grande que seria possível a um homem comer um boi, ou quase.

Entre os séculos XV e XVIII, diferentes variantes do termo, como os derivados

do latim "bulimus" e "bolismos" ou do francês "bolisme", com o mesmo

significado anterior, foram empregados na literatura médica na Inglaterra,

França, Alemanha e Polônia”. (PARRY-JONES B, Parry-Jones WL. Bulimia.

Na archival review of its history in psychossomatic medicine. Int J Eat Disord

1991;10:129-43. Em www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-

446200200070)

Inicialmente descrito entre pacientes com anorexia nervosa e posteriormente

entre obesos (anos 50), em meados da década de 70, pesquisadores identificaram

sintomas bulímicos entre mulheres jovens de peso normal.

RUSSELL (1979) após ter analisado 30 caso nesse mesmo ano, sugeriu que o

quadro seria uma evolução da anorexia nervosa de um subgrupo denominado com

subgrupo dos anoréxicos bulímicos. Segundo o autor essas pacientes tinham um

"impulso irresistível para comer excessivamente", ocasionando vômitos como forma de

purgação, tendo um medo mórbido de engordar. Estudos posteriores do autor

demonstraram, no entanto, que apenas 20% a 30% dos pacientes bulímicos já

apresentavam em sua história um episódio de anorexia nervosa, geralmente de curta

duração.

3.3.1.Histórico da bulimia

A bulimia começou a ser mais estudada a partir de 1940, quando foi descrita

junto com a anorexia. Russel teve importância marcante nessa época, desenvolveu um

trabalho que se tornou extremamente importante na caracterização da bulimia nervosa e

na história dos transtornos alimentares em geral. A partir dos anos 60 começou a crescer

o interesse pelos transtornos alimentares no campo da pesquisa e no público de maneira

geral; com o aumento de divulgação da mídia, a ocorrência em pessoas famosas e a

maior valorização da forma física.

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A bulimia foi incluída na década de 80 no manual diagnóstico e estatístico de

transtornos mentais (DSM).

3.3.2. Conceituação e Características Clínicas da bulimia

Segundo o DSM, a bulimia nervosa é caracterizada pela ingestão compulsiva

de grandes quantidades de alimentos, fato que ocorre pelo menos duas vezes por semana

nos últimos três meses. Acompanhado ainda por um sentimento de culpa e de falta de

controle. Apresentando comportamentos compensatórios recorrentes, tais como:

vômitos auto-induzidos, uso de laxantes ou diuréticos, regimes rígidos e exercícios

vigorosos para evitar ganho de peso, existindo uma preocupação incomum com a forma

física.

Os alimentos utilizados durante estes ataques têm geralmente alto teor de

carboidratos e gordura. São ingeridos secretos e rapidamente, às vezes sequer são

mastigados e degustados.

3.3.3. Fatores que favorecem a bulimia

O contexto social em que o indivíduo está inserido influencia seu auto-

conceito, temos como exemplo a mídia, que veicula a imagem de que para ser bonita e

feliz é necessário estar com um corpo magro, criando assim uma pressão para que as

pessoas tentem se adequar a este padrão. Geralmente os atingidos pertencem a uma

família que em geral dá extrema importância à aparência. Ao menos um dos pais é

muito exigente e crítico com relação aos filhos, são aqueles pais que comparam seus

filhos entre si, e o indivíduo que posteriormente vem a desenvolver Bulimia é,

normalmente, o mais desvalorizado.

Os indivíduos com tendência a desenvolver bulimia, são autocríticos,

perfeccionistas e sensíveis a críticas, o que os deixam vulneráveis às pressões sociais.

Usualmente esses indivíduos têm baixa auto-estima e têm algum quadro de ansiedade.

Pacientes com bulimia apresentam dificuldades em controlar seus impulsos, o que pode

levar a dependência em substâncias, como por exemplo, o álcool, além de comer

compulsivamente e induzir a purgação; sendo que as duas últimas são características

marcantes desse transtorno alimentar.

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4. O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA

4.1. Atividades físicas como instrumento de controle e prevenção das

disfunções psicológicas.

Freqüentes e incessantes pesquisas demonstram que as práticas de exercícios

físicos, em um modo geral, se tornam excelentes inibidores e ou controladores da

ansiedade, estresse e os males desses decorrentes. Principalmente na última década, a

prática de exercícios e esportes tem sido foco de pesquisadores de variadas áreas, isso

devesse principalmente a crescente aparição de casos de doenças decorrentes do

sedentarismo e estresse.

“Transtornos de ansiedade estão diretamente ligados a transtornos alimentares

conseqüências da ansiedade patológica, existe uma alteração na produção de

serotonina, fazendo com que o cérebro aumente o desejo de ingerir

carboidratos, na tentativa de regular o quadro afetivo, podendo causar ingestão

alimentar excessiva e até obesidade. Exercícios físicos regulares liberam

substâncias como a endorfina, que aumentam a disposição geral, trazem

sensação de bem estar, reduzem o estresse diário e ajudam a diminuir a tensão

e a ansiedade.” (FERNANDES, Flávia Leão Psicóloga - CRP 06/68043

http://www.guiaolimpia.com/noticias=olimpia=ler.php?id_editoria=4&id=334)

COSTA, et al. (2007) destacam três hipóteses que tentam explicar a ação dos

exercícios sobre a ansiedade e depressão. A mais aceita é a hipótese das endorfinas.

Exercícios físicos regulares liberam substâncias como as endorfinas, que aumentam a

disposição geral, trazem sensação de bem estar, reduzem o estresse diário e ajudam a

diminuir a tensão e a ansiedade. A teoria da endorfina sugere que a atividade física

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desencadearia uma secreção de endorfinas capaz de provocar um estado de euforia

natural, por isso, aliviando os sintomas da depressão.

Entretanto, não existe unanimidade de consenso entre os pesquisadores. Alguns

deles preferem acreditar que o exercício físico regularia a neurotransmissão da

noradrenalina e da serotonina, igualmente aliviando os sintomas da depressão.

Outra hipótese seria a cognitiva. De natureza eminentemente psicológica, a

hipótese cognitiva se fundamenta na melhoria da auto-estima mediante a prática do

exercício, sustentando que os exercícios em longos prazos ou os exercícios intensivos

melhorariam a imagem de si mesmo e, conseqüentemente, a auto-estima. Segundo

BALLONE (2005), mesmo não sendo possível confirmar ainda alguma relação causal

explícita e direta entre a atividade física e a redução da ansiedade e/ou da depressão,

algumas considerações podem ser adotadas que faz o National Institute of Mental

Health (órgão estatal norte-americano que avalia a saúde mental) sobre a atividade física

e sua relação com o estresse e depressão. São elas:

a) Condição física se encontra positivamente ligada à saúde mental e ao bem

estar;

b) A atividade física se acha associada à redução das emoções relativas ao

estresse;

c) A atividade física está ligada a uma visível redução do nível moderado de

depressão e ansiedade;

d) A atividade física, em logo prazo pode ser acompanhada por uma redução dos

sintomas neuróticos da ansiedade;

e) As depressões dos tipos moderada-grave ou grave e severa podem exigir um

tratamento profissional que pode incluir a prescrição de medicamentos, a

eletroconvulsoterapia ou a psicoterapia. Para esses casos a atividade física

serviria de complemento;

f) Uma atividade física adequada se acompanha da redução de alguns indicadores

de estresse, como por exemplo, a tensão neuromuscular, a freqüência cardíaca

em repouso e alguns hormônios relacionados ao estresse (corisol,

adrenalina...);

g) No plano clínico, é opinião atual que a atividade física produz efeitos emotivos

benéficos em quaisquer idades e sexos;

h) As pessoas com um bom estado físico que necessitam um medicamento

psicotrópico podem praticar com total segurança uma atividade física sob

vigilância de um profissional.

WEIMBERG (1997):

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[...] “redução da ansiedade, relacionando-a à intensidade e tipo dos exercícios,

o tipo de exercício físico mais intenso (aeróbico, em especial a corrida a pé, a

natação e, principalmente a própria dança aeróbica, conhecida no Brasil

atualmente como Fitness) parece influir positivamente para redução do estado

de ansiedade entre 2 e 24 horas depois do exercício. Este efeito pode se

extender até 15 semanas depois dessa prática aeróbica e parece ser maior

quando a prática do exercício estimula uma freqüência cardíaca até 70 % da

freqüência máxima do esportista em questão, enquanto as sessões de

intensidade mais baixa ou moderada não parecem contribuir na redução da

ansiedade”.

Weimberg refere-se que a atividade física praticada diariamente, poderia

reduzir a ansiedade e também prevenir o desenvolvimento da ansiedade crônica.

Segundo o autor, os esportes são vinculados ao bem estar psicológico, sugerindo que o

esporte diminuiria a ansiedade, a depressão, a tensão, a ira, as fobias, trazendo inclusive

melhoras na autoconfiança e a estabilidade emocional. O exercício tem um efeito

positivo sobre o humor, assim como NORTH (1990) que defende a atividade esportiva

um forte fator de alívio para a depressão.

“Para o controle da ansiedade no esporte, a literatura tem apontado diversas

estratégias, como por exemplo, relaxamento, visualização no caso do excesso e

exercícios de ativação de metas, no caso de baixa ansiedade. Porém, não basta

um treinador saber as estratégias de preparo físico e técnico de seus atletas. Ele

deve possuir também capacidades de ensinar-lhes a lidar com seus estímulos de

estresse. Existem competências psicológicas que o atleta deve aprender a

dominar, para responder efetivamente às exigências da competição” (VIANA,

1989).

Em um artigo encontrado no site ijovem.com destaca-se um trecho:

“Nos adolescentes o exercício físico regular proporciona um melhor

desenvolvimento da massa óssea, músculos e articulações, do controle do peso,

do bom funcionamento do coração e pulmões, do desenvolvimento e

coordenação dos movimentos e contribui também para o controle da ansiedade

e depressão”. .(http://ijovem.com.br/exercicios-fisicos-para-jovens)

Essa afirmativa somente reforça a importância que a atividade física moderada,

somente traz benefícios com relação ao controle da ansiedade. A superação através da

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modalidade esportiva também tem finalidades positivas com respeito à ansiedade.

DAMÁZIO, (1997):

“Outra forma de controle da ansiedade se dá através de jogos, pois, se o "Ego"

é a expressão do princípio da realidade que se desenvolve a partir do "real", o

jogo seria um meio de descarregar impulsos agressivos, pouco aceitáveis pela

sociedade. A visão psicanalítica freudiana enfoca o jogo como uma forma de

mecanismo de defesa do Ego contra a ansiedade frente às situações da vida

cotidiana. Tal mecanismo de defesa pode vir através de fantasias, cujo aspecto

simbólico carrega a tentativa de lidar com a angústia associada aos aspectos

racionais”.

A depressão é caracterizada por tristeza, baixa da auto-estima, pessimismo,

pensamentos negativos recorrentes, desesperança e desespero. Seus sintomas são a

fadiga, irritabilidade, retraimento e ideação suicida. Geralmente aparecer como uma

resposta a situações reais, fatos desagradáveis, frustrações e perdas. Trata-se, de uma

resposta a conflitos íntimos e determinados por fatores vivenciais, está associada a uma

alta incapacidade e perda social. Segundo a OMS pessoas fisicamente ativas, em

qualquer idade, apresentarem uma melhor saúde mental do que sedentários.

A condição física se encontra positivamente ligada à saúde mental e ao bem

estar; as depressões dos tipos moderado-grave ou grave e severa, podem exigir um

tratamento profissional que pode incluir a prescrição de medicamentos, a

eletroconvulsoterapia ou a psicoterapia, nesses casos a atividade física serviria de

complemento; no plano clínico, é opinião atual que a atividade física produz efeitos

emotivos benéficos em quaisquer idades e sexos; as pessoas com um bom estado físico

que necessitam um medicamento psicotrópico podem praticar com total segurança uma

atividade física sob vigilância médica.

O tratamento padrão para depressão – psicoterapia e prescrição medicamentosa

– é extremamente efetivo, porém a prática de atividade física é uma terapia adjuvante

altamente benéfica. As pesquisas demonstram que a prática de exercícios

regulares, além dos benefícios fisiológicos, acarreta benefícios psicológicos, tais como:

melhor sensação de bem estar, humor e auto-estima, assim como, redução da ansiedade,

tensão e depressão.

Segundo Adriana de Araujo o meio mais eficiente de controle da ansiedade é a

prática de exercícios físicos,

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''ajuda a lidar com estados de ansiedade porque eleva a produção de serotonina,

substância que aumenta a sensação de prazer. Essa alternativa costuma

funcionar dependendo da disposição da pessoa, uma vez que nem todo mundo

gosta de praticar exercícios''. (ARAÚJO, ADRIANA de. é psicóloga clínica e

hipnoterapeuta ericksoniana. disponíveis em: www.curadalma.com.br e

www.osegredoparaemagrecer.zip.net)

Desta forma percebe-se a dimensão que as atividades físicas e os exercícios

físicos ganham sobre o controle das doenças psicológicas. O transtorno na imagem

corporal pode ocorrer em diferentes faixas etárias, porém é na juventude onde se

encontra maiores ocorrências. A prática de esporte nesta fase da vida será um aliado

para que essas doenças não se manifestem posteriormente. Cabe lembrar a importância

que o profissional de educação física tem neste aspecto, ele deverá ser o semeador da

saúde na sociedade, transmitir o quão benéfico é a vida não sedentária, e, na escola

contaminar os alunos com a prática de qualquer modalidade esportiva, seja ela amadora

ou profissional no futuro. Quando se pratica uma modalidade esportiva é mais fácil,

para que uma pessoa, conseguir realizar-se pessoalmente, e praticando um esporte

estará apto à vida saudável.

Assim, seguindo o pensamento que João Paulo Medina faz à Educação Física,

‘esse é o momento que ela passa por uma crise, e a sociedade espera por uma área

profissional da saúde, soluções concretas e realistas para melhorias à saúde, com intuito

de modificar a realidade que estamos vivendo e fazer com que a educação física tenha

essa responsabilidade é dever de cada profissional.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

No estudo a cerca da imagem corporal é evidente a relação existente com a

terminologia Esquema Corporal. A imagem corporal é a figuração que um indivíduo

tem de si mesmo. Um conjunto de sensações sinestésicas construídas e reconstruídas

pelos sentidos – audição, visão, tato, paladar e olfato – vindo de experiências vividas

pelo indivíduo com seu corpo para seu corpo ou para o outro. Foi possível compreender

com o estudo todas as dimensões que forma a imagem corporal.

Fisiologicamente o corpo humano é uma caixa de sensações e experiências

táteis. Podemos localizar um ponto que fora tocado em nosso corpo pelo fato de

possuirmos esse ponto construído em nossa imagem corporal. Pelas experiências

ocorridas na vida do indivíduo essa localização é cada vez mais aprimorada. A cada

nova postura se reconstrói o esquema anterior. “Cada sensação dada ao corpo compõe

o mapa corporal. Todo toque provoca uma imagem do ponto tocado”. A cada estímulo

dado ao corpo nossos neurônios sensitivos captam as informações, e essas formam um

mapa que dá a localização do ponto tocado.

Ainda há o mundo externo que influencia diretamente o modelo postura e,

conseqüentemente, a imagem corporal. Os objetos que estão ligados ao corpo vão fazer

parte da imagem corporal somando com os movimentos já adquiridos pelo indivíduo,

por exemplo, as próteses. Um braço mecânico é incluído na imagem corporal por estar

em um rígido contato com o corpo. Assim seria também uma cadeira de roda, uma

dentadura, uma peruca ou um taco de sinuca. Este último é dado pela freqüente

repetição de experiência que um jogador tem. Quanto mais ele praticar mais estará

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incorporando o objeto à sua imagem corporal, mas, não devemos afirmar que essa

resposta se dará a todos os indivíduos. Quanto mais rígido for o contato com o corpo

maior será a incorporação (SCHILDER, 1999). Entretanto, esse fenômeno de

incorporação de objetos é conhecido como labilidade da imagem corporal, quando se

induz a mudança do esquema corporal, isto é, através de pinturas, gravuras, pinturas

labiais e outros conseguiram algo semelhante com relação à labilidade. As roupas

transformam o modelo postural. Um dos encantos do carnaval é brincar com a imagem

corporal incorporando outras imagens – ser outra pessoa, um personagem, um animal

– a imagem se modifica continuamente e desfrutamos dessas limitações.

Porém não só objetos influenciam na construção da imagem corporal. Essa

construção ultrapassa os limites do corpo. Se uma pessoa tem dificuldades em seu

modelo postural ou alterações nas diferenças espaciais, pode ocorrer uma grande

absorção das imagens corporais de outras pessoas, isto é, podemos incorporar gestos e

posturas com experiências visuais. Isso é muito utilizado na dança para assimilação de

coreografias e equilíbrio corporal. Quando olhamos o corpo de outra pessoa podemos

compreender a ação expressão em seus movimentos e observar a íntima relação entre

outros corpos. Quando uma criança tem interesse por parte de seu corpo também

desenvolve o interesse pelas partes correspondentes no corpo das outras pessoas e isso

ajuda na sua formação e construção de sua própria imagem corporal.

Adicionamos e doamos parte de nossa imagem corporal ao nos relacionarmos

socialmente. Passamos a usar as mesmas roupas, os mesmos andado, os mesmos

palavreados (gírias) quando estamos dentro de um grupo. Isso acontece também com

nosso modelo postural, com nosso comportamento perante o mundo. Uma criança que

nasce e se desenvolve dentro de uma sociedade circense terá maiores facilidades de

adquirir movimentos mais complexos de corpo do que uma nascida em sociedade isenta

dessas experiências. E isso se deve não pelo fato de estar em contato físico com a

cultura do movimento, mas sim, por estar em contato visual com movimentos de outros

corpos. Desta mesma maneira se daria a explicação da leitura labial e o aprendizado da

fala no período inicial da vida humana.

No entanto, vale lembrar que não formamos nossa imagem corporal

introjetando partes de outras pessoas, apesar de incorporarmos partes à nossa imagem.

Neste sentido as pessoas que vazem parte de nossa vida cotidiana fazem parte de nossa

imagem corporal e fazemos parte das imagens delas. Toto movimento é de fato

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comunicação (um sorriso, um mau-olhado...) e tem como competência aproximar ou

distanciar as pessoas. Os fatores visuais e sinestésicos são de fundamental importância

não apenas para estruturação do modelo postural do corpo do indivíduo, como também

no modelo postural do corpo dos outros. A “beleza” é vista aqui como uma agente

aproximador das relações sociais, assim como um sorriso. Porém, na pesquisa foi

observado que a adoração pela beleza circunscreve a ação. A atitude que temos com

relação à beleza alheia relaciona-se com as atitudes que temos à nossa própria imagem e

essa adoração ao outro corpo irá relacionar-se com uma depreciação de nosso próprio

modelo postural. A “beleza” alheia sempre colocará em cheque nossa “beleza” ou ao

menos uma parte de nosso corpo. Quando uma pessoa tem em mente uma cirurgia de

nariz ela já tem em mente uma referencial de nariz que gostaria de ter, e isso não foi

formado sem que ela tenha um modelo já existente em seu cotidiano.

Isso não quer dizer que mudando fisicamente o corpo estaremos mudando a

nossa imagem corporal, isto é, neste caso deve-se existir uma percepção da mudança,

em um olhar no espelho ou na observação das atitudes das outras pessoas a aceitação

existente e transfixá-las à nossa imagem corporal. Segundo Sigmund Freud, esses

fatores não terão papel decisivo quando não forem capazes de alterar as atitudes

psíquicas do indivíduo, sempre haverá um conflito do real e a imagem psíquica.

Essas modificações não são ocorridas somente com procedimentos cirúrgicos.

Um indivíduo com o tipo corpóreo relativamente pequeno ao passar por um treinamento

para ganho de massa corporal terá seu modelo postural modificado e se não houver

alterações na estrutura da imagem psíquica do sujeito, se caracteriza como distúrbio na

imagem corporal. O sujeito não aceita que seu corpo é maior e mais forte.

Outro caso contrário do citado acima é a diminuição do corpo, isto é, a perda

na massa corporal. O indivíduo ainda acha seu corpo grande embora já esteja diferente.

Nas ciências que tratam desses assuntos esses comportamentos são conhecidos,

respectivamente, como Vigorexia e Anorexia. Na vigorexia o sujeito busca

incessantemente o ganho de massa muscular, abusando de treinamentos e hormônios

para “alcançar” o objetivo, pios não percebe as mudanças que já ocorreram em seu

corpo. Na anorexia seria o contrário, há uma dieta rigorosa para a diminuição do corpo,

o sujeito se acha gordo e grande e prolonga dietas que comprometem a saúde do corpo.

Tavares coloca que sempre que houver um modelo idealizado aquele que não

se enquadrar irá sofrer buscando de formas alternativas o corpo perfeito. Tanto no

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homem quanto na mulher, as atitudes em relação aos corpos, terão um sentido de

atender as pressões culturais da sociedade na qual estão inseridos. Há uma exclusão

meio que encoberta das pessoas que não se enquadram nos padrões estéticos

contemporâneos, “o homem é forte e a mulher e magra”. Esses estereótipos

hierarquizam a sociedade de maneira escravocrata, não é à-toa que a indústria do fitness

cresce de forma assustadora, produtos que prometem “saúde”, emagrecimento ou ganho

de massa muscular em poucas semanas. A mídia impondo estereótipos de vida e a

sociedade, alienada aos modelos, compra.

“No plano pessoal, da vida cotidiana do cidadão, abre-se um espaço que

favorece os modismos, o consumismo exacerbado ou a impossibilidade

de acesso, a anorexia entre adolescentes, a exclusão calcada em

estereótipos e padrões corporais, no comércio clandestino de

anabolizantes, entre outros. [...] Nesse sentido, para além do suporte de

informações de caráter científico e cultural, é responsabilidade da

Educação Física escolar diversificar, desmistificar, contextualizar, e,

principalmente, relativizar valores e conceitos da cultura corporal de

movimento”. (PCNs da EDUCAÇÃO FÍSICA: terceiro e quarto ciclo

do ensino fundamental, p.37.1998)

Sabemos o papel da educação física neste conceito. Ter um corpo dentro dos

níveis de gordura não é estar se enquadrando em um “modelo”, pois este nível é

responsável por proporcionar uma vida longe de doenças cardiovasculares e outras,

decorrente da obesidade ou do excesso de peso, e esse deva ser o trabalho do

profissional de educação física. Há uma preocupação com o corpo dos jovens, mas

principalmente com o comportamento deles. O jovem é facilmente induzido pelo

modismo. Neste campo há muita gente querendo ganhar dinheiro comercializando

corpos e produtos que prometem saúde. O professor de educação física tem a

responsabilidade de nortear os alunos para que construam uma consciência autocrítica, e

possam saber identificar quais atitudes deveram tomar para uma vida saudável e fora

das doenças ‘sociais’.

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