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DIREITO CONSTITUCIONAL –JOÃO PAULO LORDELO 1 TÍTULOS DE CRÉDITO SUMÁRIO: 1. Conceito 2. Legislação aplicável 3. Princípios dos títulos de crédito 3.1. Princípio da cartularidade 3.2. Princípio da literalidade 3.3. Princípio da autonomia 4. Classificação 4.1. Quanto à hipótese de emissão 4.2. Quanto ao modelo 4.3. Quanto à sua circulação 4.4. Quanto à estrutura 5. Títulos de crédito em espécie 5.1. LETRA DE CÂMBIO 5.1.1. Aceite 5.1.2. Endosso 5.1.3. Aval 5.1.4. Espécies de vencimento de uma letra de câmbio 5.1.5. Requisitos 5.1.6. Prazo de apresentação e pagamento da letra 5.2. NOTA PROMISSÓRIA 5.3. DUPLICATA (Lei 5.474/68) 5.4. CHEQUE (Lei 7.357/85) 5.5. Prazos prescricionais dos títulos de crédito 6. Abordagem jurisprudencial de títulos de crédito 1. Conceito (art. 887, CC) Dispõe o art. 887 do CC: “o título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. Este é o conceito dado pelo Código Civil, que adotou o conceito de Vivante. É comum que, em concursos, os examinadores perguntem o conceito histórico dado por VIVANTE, qual seja: título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado. A diferença entre o conceito do CC02 e o de VIVANTE reside apenas em uma palavra: contido” (CC), substituído por “mencionado” (VIVANTE). Este pequeno detalhe já foi cobrado em prova de concurso. Dica concursal: se o examinador, em prova oral, perguntar o conceito de Vivante, peça para usar o CC02, vá até o art. 887 e troque “nele contido” por “nele mencionado”. 2. Legislação aplicável Embora o conceito de título de crédito esteja previsto no CC/02, não é somente esse diploma que disciplina os títulos de crédito. Isso depende do título: ! Letra de câmbio e nota promissória " Aplicase o Decreto 57663/66 (LU – Lei Uniforme); ! Cheque " Lei 7.357/85; ! Duplicata " Lei 5.474/68. Atenção: a aplicação do Código Civil aos títulos de crédito é SUBSIDIÁRIA, por força do seu art. 903: “salvo disposição diversa em lei especial, regemse os títulos de crédito pelo disposto neste Código”. # Isso é muito cobrado em provas! 3. Princípios dos títulos de crédito

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ul8Ll1C CCnS1l1uClCnAL - !CC AuLC LC8uLLC 1 1I1ULCS DL CkLDI1C SUMkIC: 1. Conce|to2. Leg|s|ao ap||cve| 3. r|nc|p|os dos t|tu|os de crd|to 3.1. rlnclplo da carLularldade 3.2. rlnclplo da llLeralldade3.3. rlnclplo da auLonomla 4. C|ass|f|cao 4.1. CuanLo a hlpLese de emlsso4.2. CuanLo ao modelo4.3. CuanLo a sua clrculao4.4. CuanLo a esLruLuraS. 1|tu|os de crd|to em espc|e3.1. LL18A uL CM8lC3.1.1. AcelLe3.1.2. Lndosso3.1.3. Aval 3.1.4. Lspecles de venclmenLo de uma leLra de cmblo 3.1.3. 8equlslLos3.1.6. razo de apresenLao e pagamenLo da leLra3.2. nC1A 8CMlSSC8lA3.3. uuLlCA1A (Lel 3.474/68) 3.4. CPLCuL (Lel 7.337/83) 3.3. razos prescrlclonals dos LlLulos de credlLo 6. Abordagem [ur|sprudenc|a| de t|tu|os de crd|to 1. Conce|to (art. 887, CC)ulspeoarL.887doCC:oLlLulodecredlLo,documentonecessr|oaoexerc|c|odod|re|to ||tera| e autnomo !"#" %&!'()&, somenLe produz efelLo quando preencha os requlslLos da lel". LsLe e o concelLo dado pelo Cdlgo Clvll, que *)&'&+ & %&!%"('& )" ,(-*!'". 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Ateno: a ap||cao do Cd|go C|v|| aos t|tu|os de crd|to SU8SIDIkIA, por fora do seu arL. 903: salvo dlsposlo dlversa em lel especlal, regem-se os LlLulos de credlLo pelo dlsposLo nesLe Cdlgo". # lsso e mulLo cobrado em provas! 3. r|nc|p|os dos t|tu|os de crd|to ul8Ll1C CCnS1l1uClCnAL - !CC AuLC LC8uLLC 2 3.1. r|nc|p|o da cartu|ar|dade CarLularldade vem do laLlm charLula", que slgnlflca pequeno papel". oresLeprlnclplo,ocredlLodeveesLarmater|a||zado(represenLado)emumdocumento (t|tu|o). ara a Lransferncla do credlLo, e necessrla (lndlspensvel) a transfernc|a do t|tu|o. no h que se falar em ex|g|b|||dade do credlLo sem a apresenLao do documenLo. CuesLo (CLSL/ACu - 2010): ara Lransferlr o cheque e suflclenLe o endosso. !""#$%& #()* +, -.+,//,0 1 231+456, 21*7)* ) -8494+1& Lmals:seocredlLoesLrepresenLadonodocumenLo,logoaquelequeesLnasuapossee presum|do credor do LlLulo. C prlnclplo da carLularldade gera a 8LSunC uL C8Lul1C. umdosaLrlbuLosdosLlLulosdecredlLoeaexecuLorledade.Cuse[a,soLlLulosexecuLlvos exLra[udlclals(arL.383,l,CC),posslblllLandooa[ulzamenLodaaodeexecuo,quedeveser acompanhada do documento or|g|na|.no e posslvel a[ulzar ao de execuo com cpla auLenLlcada de LlLulo. A unlca LxCLC [ acelLapeloS1!deexecuocombaseemcplaauLenLlcadadeLlLulofolquandooLlLuloflzerparLe dos|nd|c|osdeprovaque|ntegramum|nqur|topo||c|a|(ex:ob[eLodechequesemfundoque lnLegra lnquerlLo pollclal). LmslnLese,oprlnclplodacarLularldadenospermlLeaflrmarqueodlrelLodecredlLo menclonado na crLula (rova ACu):!no exlsLe sem o documenLo,!no se LransmlLe sem a sua respecLlva Lransferncla e, !no pode ser exlgldo sem a sua apresenLao. Po[e,oprlnclplodacarLularldadeesLsendom|t|gado,emrazodaposslbllldadedeLlLulos decredlLoeleLrnlcos(LlLulosvlrLuals),aexemplodadupllcaLavlrLual.CprprloCC-02,emseuarL. 889, 3, admlLe os LlLulos eleLrnlcos. L o que a douLrlna denomlna de desmater|a||zao dos t|tu|os de crd|to. ArL. 889. ueve o LlLulo de credlLo conLer a daLa da emlsso, a lndlcao preclsa dos dlrelLos que confere, e a asslnaLura do emlLenLe. 1 L a vlsLa o LlLulo de credlLo que no conLenha lndlcao de venclmenLo. 2Consldera-selugardeemlssoedepagamenLo,quandonolndlcadonoLlLulo,odomlclllodo emlLenLe. 3Ct|tu|opoderserem|t|doapart|rdoscaracterescr|adosemcomputadoroume|otcn|co equ|va|enteequeconstemdaescr|turaodoem|tente,observadososrequ|s|tosm|n|mosprev|stos neste art|go. Lx.: as chamadas dupllcaLas vlrLuals, mulLo comuns na praxe mercanLll, podem ser execuLadas medlanLe a apresenLao, apenas, do lnsLrumenLo de proLesLo por lndlcaes e do comprovanLe de enLrega das mercadorlas (arL. 13, 2 da Lel 3.474/68). LkLCUC. DULICA1A VIk1UAL. 8CLL1C 8ANCkIC. kLsp 1.024.691-k As dupllcaLas vlrLuals - emlLldas por melo magneLlco ou de gerao eleLrnlca - podem ser proLesLadas por lndlcao (arL. 13 da Lel n. 3.474/1968),noseexlglndo,paraoa[ulzamenLodaexecuo[udlclal,aexlblodoLlLulo.Logo,seoboleLobancrloqueservlude lndlcaLlvo para o proLesLo reLraLar flelmenLe os elemenLos da dupllcaLa vlrLual, esLlver acompanhado do comprovanLe de enLrega das mercadorlas ou da presLao dos servlos e no Llver seu acelLe [usLlflcadamenLe recusado pelo sacado, poder suprlr a ausncla flslca do LlLulo camblrlo eleLrnlco e, em prlnclplo, consLlLulr LlLulo execuLlvo exLra[udlclal. 3.2. r|nc|p|o da ||tera||dade eloprlnclplodallLeralldade,sLemeflcclaparaodlrelLocamblrlooqueesL llLeralmenLe/maLerlalmenLe consLando (escrlLo) nos LlLulos de credlLo. C que no est no t|tu|o no ul8Ll1C CCnS1l1uClCnAL - !CC AuLC LC8uLLC 3 estnomundocamb|r|o.Asslm,odevedornoeobrlgadoamalsnemocredorpodeLerouLros dlrelLos seno aqueles declarados no LlLulo. AllLeralldadevlsaaassegurarcertezaquanLoaocontedoeamoda||dadedeprestao promeLlda ou ordenada. Lxemplodesuaapllcao:aqulLaodeveserdadanoLlLulodecredlLo,enoem documenLoseparado1.SenohouvermalsespaonoLlLulo,eledeveserprolongado(colarcom ouLro pedao, grampear eLc.). 3.3. r|nc|p|o da autonom|a Asrelaes[urldlcascamblalssoautnomase|ndependentesenLresl.Cvlcloemumadas relaesnocompromeLeasdemals.CleglLlmoporLadordoLlLulopodeexercerseudlrelLode credlLosemdependerdasdemalsrelaesqueoanLecederam,esLandocompleLamenLelmuneaos vlclos ou defelLos que evenLualmenLe as comeLera2. Asslm, :&9., o endosso ou aval dado por pessoa lncapaz no Llnge as demals obrlgaes assumldas no LlLulo de credlLo. ve[amosumexemplo:!oo(pessoalncapaz)emlLeumanoLapromlssrlaparaMarla,quea Lransfere,porendosso,para!ose.nesLecaso,!osepodercobrardeMarla,apesarde!ooser lncapaz. lsso porque, ao Lransferlr o LlLulo, ela se Lornou co-devedora. C prlnclplo da auLonomla Lraz alguns subpr|nc|p|os: !Inopon|b|||dadedeexceespessoa|saterce|rosdeboa-f"1ransmlLldooLlLuloaumLercelrode boa-fe,aqulloqueodevedorpoderlaargumenLarparaocredorprlmlLlvonopodersersusLenLado paraonovocredor.LssaeumagrandegaranLlaqueexlsLedesereceberLlLulodecredlLo, dlferenLemenLe do que Lraz o arL. 294 do CC (relaLlvo a cesso de credlLo): ArL.294.CdevedorpodeoporaocesslonrloasexceesquelhecompeLlrem,bemcomoasque,no momenLo em que velo a Ler conheclmenLo da cesso, Llnha conLra o cedenLe. !Abstrao"oresLesubprlnclplo,comaclrculao,oLlLulodecredlLosedesv|ncu|adonegc|o [ur|d|coque|hedeuor|gem.uesLemodo,oqueauLorlzaaaodeexecuoeexcluslvamenLeo LlLulo, e no a obrlgao que o gerou. Lm ouLras (e poucas palavras): o LlLulo se desprende da relao [urldlca que lhe deu causa. C seu LlLular Lem dlrelLo ao credlLo, e no a presLao que lhe deu causa. C8S:Causasub[acenteou%*+/*)"0"!)(eacausaquedeuorlgemaoLlLulo.Lx:acomprae venda de um celular pode dar orlgem a emlsso de uma noLa promlssrla. Ateno:ve[a-seque,enquanLoarelaocamblaleLravadaenLreosprprlossu[elLosque parLlclparam da relao que orlglnou o LlLulo, h uma vlnculao enLre esLa relao e o LlLulo orlglnrlo. 8esLa claro, porLanLo, que a c|rcu|ao do t|tu|o fundamenta| para que se opere asuaabstrao,ouse[a,paraquee|esedesv|ncu|ecomp|etamentedoseunegc|o or|g|nr|o" (SanLa Cruz). no cusLa lembrar que essa absLrao desaparecer com a prescrlo do LlLulo, o que gera a perda da sua camblarldade, cabendo ao credor, na cobrana do LlLulo prescrlLo, demonsLrar a orlgem da dlvlda. 1AquelequerecebequlLaoempapelaparLadopodesofrerexecuopeloporLadordoLlLulo,havendoapenasdlrelLoderegresso conLra quem deverla Ler dado a qulLao correLamenLe. 2 A pessoa que recebe um LlLulo de credlLo numa negoclao no preclsa se preocupar em lnvesLlgar a sua orlgem nem as relaes que evenLualmenLe o anLecederam. ul8Ll1C CCnS1l1uClCnAL - !CC AuLC LC8uLLC 4 Cbs:Negoc|ab|||dadeouexecut|v|dadenosoprlnclplosdosLlLulosdecredlLo,masslm aLrlbuLos (caracLerlsLlcas). 4. C|ass|f|cao 4.1. uanto h|ptese de em|sso a)Causa|"LoLlLuloquenecesslLadeumacausaespeclflcaparaseremlLldo.SomenLepodemser emlLldos nas hlpLeses (causas) auLorlzadas por lel. Lx: dup||cata.A dupllcaLa s pode ser emlLlda quando ocorre uma das segulnLes causas:!Compra e venda mercanLll, ou,!resLao de servlos. nosepode,:&9&,emlLlrdupllcaLaparapagamenLodealugueldeaparLamenLo.Aluguelnoecompraevenda ou presLao de servlos. b)No-causa|"Asuaemlssonodependedecausaespec|f|ca,razopelaqualservempara documenLar dlversos Llpos de negclo. Lx: cheque. 4.2. uanto ao mode|o a)V|ncu|ado"LaquelequeLempadron|zao]formataodef|n|daem|eg|s|ao.Lxemplos: dupllcaLa e cheque. uLCC8A8!!! b)L|vre"LaquelequenoLemumaformaobrlgaLrlaoupadronlzadadeflnldaemlel.Lx.:noLa promlssrla e leLra de cmblo. uLCC8A8!!! 4.3. uanto sua c|rcu|ao I. C|ass|f|cao trad|c|ona| quanto c|rcu|ao CuanLo a clrculao, o LlLulo pode ser: a)Ao portador " L aquele que no |dent|f|ca o benef|c|r|o. uesde a Lel 8.021/90, no se adm|te ma|s a emlsso de LlLulos ao porLador, -8;-2, /- ;,* 1;-421 ;,*,*4//B-/,>-*731.;,