2.5 continuidade
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Percebemos na Seção 2.3 que o limite de uma função quando x tende a a pode muitas vezes serencontrado simplesmente calculando o valor da função em a. Funções com essa propriedadesão chamadas de contínuas em a. Veremos que a definição matemática de continuidade tem cor-respondência bem próxima ao significado da palavra continuidade no uso comum. (Um pro-cesso contínuo é aquele que ocorre gradualmente, sem interrupções ou mudanças abruptas.)
Definição Uma função f é contínua em um número a se
Observe que a Definição 1 implicitamente requer três coisas para a continuidade de f em a:
1. está definida (isto é, a está no domínio de f )
2. existe
3.
A definição diz que é contínua em se tende a quando x tende a a. Assim, umafunção contínua tem a propriedade de que uma pequena mudança em x produz somenteuma pequena alteração em . De fato, a alteração em pode ser mantida tão pequenaquanto desejarmos, mantendo-se a variação em x suficientemente pequena.
Se f está definida próximo de a (em outras palavras, f está definida em um intervalo abertocontendo a, exceto possivelmente em a), dizemos que f é descontínua em a (ou que f tem umadescontinuidade em a) se f não é contínua em a.
Os fenômenos físicos são geralmente contínuos. Por exemplo, o deslocamento ou a velo-cidade de um veículo variam continuamente com o tempo, como a altura das pessoas. Mas des-continuidades ocorrem em situações tais como a corrente elétrica. [Veja o Exemplo 6 da Seção2.2, onde a função de Heaviside é descontínua em 0, pois não existe.]
Geometricamente, você pode pensar em uma função contínua em todo número de um in-tervalo como uma função cujo gráfico não se quebra. O gráfico pode ser desenhado sem re-mover sua caneta do papel.
A Figura 2 mostra o gráfico da função f. Em quais números f é descontínua?Por quê?
SOLUÇÃO Parece haver uma descontinuidade quando a � 1, pois aí o gráfico tem um buraco.A razão oficial para f ser descontínua em 1 é que não está definida.
O gráfico também tem uma quebra em , mas a razão para a descontinuidade é dife-rente. Aqui, está definida, mas não existe (pois o limites esquerdo e direitosão diferentes). Logo f é descontínua em 3.
E ? Aqui, está definida e existe (pois o limite esquerdo e o direitosão iguais). Mas
Logo, f é descontínua em 5.
limx l 5
f �x� � f �5�
lim x l5 f �x�f �5�a � 5
lim x l3 f �x�f �3�a � 3
f �1�
EXEMPLO 1
lim t l 0 H�t�
f �x� f �x�f
f �a�f �x�af
limx la
f �x� � f �a�
limx la
f �x�
f �a�
limx la
f �x� � f �a�
1
LIMITES E DERIVADAS 109
43. Demonstre que .
44. Suponha que e , onde c é umnúmero real. Demonstre cada afirmação
(a)
(b) se
(c) se
limx l 0 �
ln x � ��
lim x l a f �x� � � limx l a t�x� � c c � 0limxl a
� f �x�t�x� � ��
c � 0limx l a
� f �x�t�x� � �
limx l a
� f �x� � t�x� � �
2.5 Continuidade
Como ilustrado na Figura 1, se é con-tínua, então os pontos sobre ográfico de tendem ao ponto dográfico. Então, não há quebras na curva.
�a, f �a��f�x, f �x��
f
f (a)
x0
y
a
y � ƒ(x)
ƒ(x)tende a
f(a).
Quando x tende a a
FIGURA 1
FIGURA 2
y
0 x1 2 3 4 5
Calculo02:calculo7 5/10/13 2:58 PM Page 109
Agora vamos ver como detectar descontinuidades quando uma função estiver definida poruma fórmula.
Onde cada uma das seguintes funções é descontínua?
(a) (b)
(c) (d)
SOLUÇÃO(a) Observe que f (2) não está definida; logo, f é descontínua em 2. Mais à frente veremos porque f é contínua em todos os demais números.
(b) Aqui está definida, mas
não existe. (Veja o Exemplo 8 na Seção 2.2.) Então f é descontínua em 0.
(c) Aqui está definida e
existe. Mas
logo, f não é contínua em 2.
(d) A função maior inteiro tem descontinuidades em todos os inteiros, poisnão existe se n for um inteiro. (Veja o Exemplo 10 e o Exercício 51 da Seção 2.3.)
A Figura 3 mostra os gráficos das funções no Exemplo 2. Em cada caso o gráfico nãopode ser feito sem levantar a caneta do papel, pois um buraco, uma quebra ou salto ocorremno gráfico. As descontinuidades ilustradas nas partes (a) e (c) são chamadas removíveis, poispodemos removê-las redefinindo f somente no número 2. [A função é contí-nua.] A descontinuidade da parte (b) é denominada descontinuidade infinita. As desconti-nuidades da parte (d) são ditas descontinuidades em saltos, porque a função “salta” de umvalor para outro.
t�x� � x � 1
lim x ln �x�f �x� � �x�
limx l2
f �x� � f �2�
limx l2
f �x� � limx l2
x 2 � x � 2
x � 2� lim
x l2
�x � 2��x � 1�x � 2
� limx l2
�x � 1� � 3
f �2� � 1
limx l 0
f �x� � limx l 0
1
x 2
f �0� � 1
f �x� � �x�f �x� � � x 2 � x � 2
x � 2se x � 2
1 se x � 2
f �x� � � 1
x 2 se x � 0
1 se x � 0
f �x� �x 2 � x � 2
x � 2
EXEMPLO 2
110 CÁLCULO
1 2 3
1
x
y
0
(d) ƒ(x) � �x�
1 2
1
x
y
0
(c) ƒ(x)�se x � 2
1 se x � 2
x2 � x � 2x � 2(b) ƒ(x)�
se x � 0
1 se
1
x � 0
1
x
y
01 2 x
y
0
1
(a) ƒ(x)�x2 � x � 2
x � 2
FIGURA 3Gráficos das funções do Exemplo 2
x2
Calculo02:calculo7 5/10/13 2:58 PM Page 110
Definição Uma função f é contínua à direita em um número a se
e f é contínua à esquerda em a se
Em cada inteiro n, a função [veja a Figura 3(d)] é contínua à di-reita, mas descontínua à esquerda, pois
mas
Definição Uma função f é contínua em um intervalo se for contínua em todosos números do intervalo. (Se f for definida somente de um lado da extremidade dointervalo, entendemos continuidade na extremidade como continuidade à direita ouà esquerda.)
Mostre que a função é contínua no intervalo
SOLUÇÃO Se , então, usando as Propriedades dos Limites, temos
(pelas Propriedades 2 e 7)
(pela Propriedade 11)
(pelas Propriedades 2, 7 e 9)
Assim, pela Definição 1, f é contínua em a se . Cálculos análogos mostramque
e
logo, f é contínua à direita em �1 e contínua à esquerda em 1. Consequentemente, de acordocom a Definição 3, f é contínua em .
O gráfico de f está esboçado na Figura 4. É a metade inferior do círculo
Ao invés de sempre usar as Definições 1, 2 e 3 para verificar a continuidade de uma fun-ção como no Exemplo 4, muitas vezes é conveniente usar o próximo teorema, que mostracomo construir as funções contínuas complicadas a partir de simples.
Teorema Se f e t forem contínuas em a e se c for uma constante, então as seguin-tes funções também são contínuas em a:
1. 2. 3.
4. 5. se t�a� � 0ft
ft
cff � tf � t
4
x 2 � �y � 1�2 � 1
��1, 1
limx l1�
f �x� � 1 � f �1�limx l�1�
f �x� � 1 � f ��1�
�1 � a � 1
� f �a�
� 1 � s1 � a 2
� 1 � slimx l a
�1 � x 2 �
� 1 � limx l a
s1 � x 2
limx l a
f �x� � limx l a
(1 � s1 � x 2 )
�1 � a � 1
��1, 1 .f �x� � 1 � s1 � x 2EXEMPLO 4
3
limx ln�
f �x� � limx ln�
�x� � n � 1 � f �n�
limx ln�
f �x� � limx ln�
�x� � n � f �n�
f �x� � �x�EXÉMPLO 3
limx la�
f �x� � f �a�
limx la�
f �x� � f �a�
2
LIMITES E DERIVADAS 111
1�1
1
x
y
0
ƒ(x) � 1 � v1� x2
FIGURA 4
Calculo02:calculo7 5/10/13 2:59 PM Page 111
DEMONSTRAÇÃO Cada uma das cinco partes desse teorema segue da correspondente Propriedadedos Limites da Seção 2.3. Por exemplo, vejamos a demonstração da parte 1. Uma vez que f et são contínuas em a, temos
e
Logo
(pela Propriedade 1)
Isso mostra que é contínua em a.
Segue do Teorema 4 e da Definição 3 que se f e t forem contínuas em um intervalo, então, e (se t nunca for 0) também o são. O seguinte teorema foi enunciado
na Seção 2.3 como a Propriedade da Substituição Direta.
Teorema
(a) Qualquer polinômio é contínuo em toda a parte; ou seja, é contínuo em.
(b) Qualquer função racional é contínua sempre que estiver definida; ou seja, é contí-nua em seu domínio.
DEMONSTRAÇÃO(a) Um polinômio é uma função da forma
onde são constantes. Sabemos que
(pela Propriedade 7)
e (pela Propriedade 9)
Essa equação é precisamente a informação de que a função é uma função contínua.Assim, pela parte 3 do Teorema 4, a função é contínua. Uma vez que P é a somadas funções desta forma e uma função constante, segue da parte 1 do Teorema 4 que P é con-tínua.
(b) Uma função racional é uma função da forma
onde P e Q são polinômios. O domínio de f é . Sabemos, da parte(a), que P e Q são contínuas em toda a parte. Assim, pela parte 5 do Teorema 4, f é contínuaem todo número de D.
Como uma ilustração do Teorema 5, observe que o volume de uma esfera varia continua-mente com seu raio, pois a fórmula mostra que V é uma função polinomial de r. Damesma forma, se uma bola for atirada verticalmente no ar com uma velocidade de , entãoa altura da bola em metros, t segundos mais tarde, é dada pela fórmula . Nova-mente, essa é uma função polinomial, portanto a altura é uma função contínua do tempo de-corrido.
h � 20t � 4,9t 220 ms
V�r� � 43�r 3
D � �x � � � Q�x� � 0
f �x� �P�x�Q�x�
t�x� � cxmf �x� � xm
m � 1, 2, . . . , nlimx l a
xm � am
limx l a
c0 � c0
c0, c1, . . . , cn
P�x� � cnxn � cn�1xn�1 � � c1x � c0
� � ���, ��
5
ftf � t, f � t, cf, ft
f � t
� � f � t��a�
� f �a� � t�a�
� limx l a
f �x� � limx l a
t�x�
limx l a
� f � t��x� � limx l a
� f �x� � t�x�
limx l a
t�x� � t�a�limx l a
f �x� � f �a�
112 CÁLCULO
Calculo02:calculo7 5/10/13 3:00 PM Page 112
O conhecimento de quais funções são contínuas nos permite calcular muito rapidamentealguns limites, como no exemplo a seguir. Compare-o com o Exemplo 2(b) da Seção 2.3.
Encontre .
SOLUÇÃO A função
é racional; assim, pelo Teorema 5, é contínua em seu domínio, que é .Logo
Resulta que as funções familiares são contínuas em todos os números de seus domínios.Por exemplo, a Propriedade dos Limites 10 é exatamente a afirmação que as funções raízessão contínuas.
Pela forma dos gráficos das funções seno e cosseno (Figura 18 da Seção 1.2) iríamos cer-tamente conjecturar que elas são contínuas. Sabemos das definições de e que ascoordenadas do ponto P na Figura 5 são . À medida que , vemos que Ptende ao ponto e, portanto, e . Assim,
Uma vez que e , as equações em asseguram que as funções seno e cos-seno são contínuas em 0. As fórmulas de adição para seno e cosseno podem, então, ser usa-das para deduzir que essas funções são contínuas em toda a parte (veja os Exercícios 60 e 61).
Segue da parte 5 do Teorema 4 que
é contínua, exceto onde . Isso acontece quando x é um múltiplo inteiro ímpar de, portanto tem descontinuidades infinitas quando e
assim por diante (veja a Figura 6).A função inversa de qualquer função contínua é também contínua. (Esse fato é provado no
Apêndice F, mas nossa intuição geométrica faz com que seja plausível: o gráfico de é ob-tido refletindo o gráfico de f sobre a reta . Então, se o gráfico de f não possui quebras, ográfico de tampouco possui.) Assim, as funções trigonométricas inversas são contínuas.
Na Seção 1.5 definimos a função exponencial de forma a preencher os buracos nográfico de , onde x é racional. Em outras palavras, a própria definição de torna--a uma função contínua em �. Portanto, sua função inversa é contínua em .
Teorema Os seguintes tipos de funções são contínuas para todo o número deseus domínios:
polinômios funções racionais funções raízes
funções trigonométricas funções trigonométricas inversas
funções exponenciais funções logarítmicas
Onde a função é contínua?
SOLUÇÃO Sabemos do Teorema 7 que a função é contínua para e queé contínua em �. Assim, pela parte 1 do Teorema 4, é contínua em .O denominador é um polinômio, portanto é contínuo em toda parte. Assim, pela
limul0
cos u � 1 limul0
sen u � 0
sen � l 0
y � x 2 � 1�0, ��y � ln x � tg�1x
y � tg�1xx � 0y � ln x
f �x� �ln x � tg�1x
x 2 � 1EXEMPLO 6
7
�0, ��y � ax
y � loga xy � ax
y � axf �1
y � xf �1
x � �2, 3�2, 5�2,y � tg x�2cos x � 0
tg x �sen xcos x
6sen 0 � 0cos 0 � 1
6
cos � l 1�1, 0�� l 0�cos u, sen u�
cos �sen u
���2�3 � 2��2�2 � 1
5 � 3��2�� �
1
11
limx l�2
x 3 � 2x 2 � 1
5 � 3x� lim
x l�2f �x� � f ��2�
{x � x � 53}
f �x� �x 3 � 2x 2 � 1
5 � 3x
limx l�2
x 3 � 2x 2 � 1
5 � 3xEXEMPLO 5
LIMITES E DERIVADAS 113
u
1
x0
y
(1, 0)
P(cos u, sen u)
FIGURA 5
Outra forma de estabelecer os limites emé fazer uso do Teorema do Confronto
com a desigualdade (para), que está demonstrada na
Seção 3.3.
6
� � 0sen u � u
��x
y
p0�p
1
p
23p 2
p
23p 2
FIGURA 6 y � tg x
As funções trigonométricas inversas foramrevistas na Seção 1.6.
Calculo02:calculo7 5/10/13 3:00 PM Page 113
parte 5 do Teorema 4, f é contínua em todos os números positivos x, exceto onde. Logo, f é contínua nos intervalos abertos e .
Calcule .
SOLUÇÃO O Teorema 7 nos diz que a função é contínua. A função no denominador,, é a soma de duas funções contínuas e, portanto, é contínua. Observe que esta
função nunca é 0, pois para todo x e assim em toda parte. Logo,a razão
é sempre contínua. Portanto, pela definição de função contínua,
Outra forma de combinar as funções contínuas f e t para obter novas funções contínuas éformar a função composta . Esse fato é uma consequência do seguinte teorema.
Teorema Seja f contínua em b e então Em outras palavras,
.
Intuitivamente, o Teorema 8 é razoável, pois se x está próximo de a, então está pró-ximo de b, e como f é contínua em b, se está próxima de b, então está próxima de
. Uma prova do Teorema 8 é dada no Apêndice F.
Calcule .
SOLUÇÃO Uma vez que arcsen é uma função contínua, podemos aplicar o Teorema 8:
Vamos aplicar agora o Teorema 8 no caso especial em que , onde n é um inteiropositivo. Então
e
Se colocarmos essas expressões no Teorema 8, obteremos
e, assim, a Propriedade dos Limites 11 foi demonstrada. (Pressupomos que a raiz exista.)
t�x�
limx l�
sen x2 � cos x
� limx l�
f �x� � f ��� �sen �
2 � cos ��
0
2 � 1� 0
x 2 � 1 � 0 �0, 1� �1, ��
limx l a
sn
t�x� � sn lim
x l at�x�
f (limx l a
t�x�) � sn lim
x l at�x�
f (t�x�) � sn
t�x�
f �x� � sn x
� arcsen1
2�p
6
� arcsen�limx l1
1
1 � sx �� arcsen�lim
x l1
1 � sx(1 � sx ) (1 � sx )�
limx l1
arcsen� 1 � sx1 � x � � arcsen� lim
xl1
1 � sx1 � x �
limx l1
arcsen� 1 � sx1 � x �EXEMPLO 8
f �b�f (t�x�)t�x�
limx l a
f (t�x�) � f (limx l a
t�x�)
limx la
f (t�x�) � f �b�.limx la
t�x� � b,
f � t
8
f �x� �sen x
2 � cos x
2 � cos x � 0cos x � �1y � 2 � cos x
y � sen x
limx lp
sen x2 � cos x
EXEMPLO 7
114 CÁLCULO
Esse teorema afirma que um símbolo delimite pode ser movido através um símbolode função se a função for contínua e se olimite existir. Em outras palavras, a ordemdesses dois símbolos pode ser trocada.
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Teorema Se t for contínua em a e f for contínua em , então a função com-posta dada por é contínua em a.
Esse teorema é, com frequência, expresso informalmente dizendo que “uma função con-tínua de uma função contínua é uma função contínua”.
DEMONSTRAÇÃO Uma vez que t é contínua em a, temos
Uma vez que f é contínua em , podemos aplicar o Teorema 8 para obter
que é precisamente a afirmação de que a função é contínua em a; isto é,é contínua em a.
Onde as seguintes funções são contínuas?
(a) (b)
SOLUÇÃO(a) Temos , onde
e
Agora, t é contínua em , pois é um polinômio, e f também é contínua em toda parte. Logo,é contínua em pelo Teorema 9.
(b) Sabemos do Teorema 7 que é contínua e é contínua (poisambas, e , são contínuas). Portanto, pelo Teorema 9, é contínuasempre que estiver definida. Agora, está definida quando . Dessaforma, não está definida quando , e isso acontece quando Logo,F tem descontinuidades quando x é um múltiplo ímpar de p e é contínua nos intervalos entreesses valores (veja a Figura 7).
Uma propriedade importante das funções contínuas está expressa pelo teorema a seguir,cuja demonstração é encontrada em textos mais avançados de cálculo.
Teorema do Valor Intermediário Suponha que f seja contínua em um intervalofechado e seja N um número qualquer entre e , em que .Então existe um número c em tal que .
O Teorema do Valor Intermediário afirma que uma função contínua assume todos os valo-res intermediários entre os valores da função f(a) e f(b). Isso está ilustrado na Figura 8. Observeque o valor N pode ser assumido uma vez [como na parte (a)] ou mais [como na parte (b)].
Se pensarmos em uma função contínua como aquela cujo gráfico não tem nem saltos nemquebras, então é fácil acreditar que o Teorema do Valor Intermediário é verdadeiro. Em ter-
� f � t��x� � f (t�x�)f � t
t�a�9
f �c� � N�a, b�f �a� � f �b�f �b�f �a��a, b
10
x � �, 3�, . . .cos x � �11 � cos x � 0ln�1 � cos x�
F�x� � f (t�x�)y � cos xy � 1t�x� � 1 � cos xf �x� � ln x
h � f � t �
�
f �x� � sen xt�x� � x 2
h�x� � f (t�x�)
F�x� � ln�1 � cos x�h�x� � sen�x 2 �EXEMPLO 9
f � th�x� � f (t�x�)
limx l a
f (t�x�) � f (t�a�)
b � t�a�
limx l a
t�x� � t�a�
LIMITES E DERIVADAS 115
FIGURA 7 y� ln(1� cos x)
2
�6
�10 10
(b)
0 x
y
f(b)
N
f(a)
a c3
y � ƒ(x)
c2c1
(a)
0 x
y
f(b)
N
f(a)
b
y � ƒ(x)
FIGURA 8
a c b
Calculo02:calculo7 5/10/13 3:02 PM Page 115
mos geométricos, ele afirma que, se for dada uma reta horizontal qualquer entree , como na Figura 9, então o gráfico de f não poderá saltar a reta. Ele pre-
cisará interceptar em algum ponto.
É importante que a função f do Teorema 10 seja contínua. O Teorema do Valor Interme-diário não é verdadeiro em geral para as funções descontínuas (veja o Exercício 48).
Uma das aplicações do Teorema do Valor Intermediário é a localização das raízes de equa-ções, como no exemplo a seguir.
Mostre que existe uma raiz da equação
entre 1 e 2.
SOLUÇÃO Seja . Estamos procurando por uma solução da equa-ção dada, isto é, um número c entre 1 e 2 tal que . Portanto, tomamos , e
no Teorema 10. Temos
e
Logo, , isto é, é um número entre e . Como f é contínua, porser um polinômio, o Teorema do Valor Intermediário afirma que existe um número c entre 1e 2 tal que . Em outras palavras, a equação tem pelomenos uma raiz c no intervalo .
De fato, podemos localizar mais precisamente a raiz usando novamente o Teorema doValor Intermediário. Uma vez que
e
uma raiz deve estar entre 1,2 e 1,3. Uma calculadora fornece, por meio de tentativa e erro,
e
assim, uma raiz está no intervalo .
Podemos usar uma calculadora gráfica ou computador para ilustrar o uso do Teorema doValor Intermediário no Exemplo 10. A Figura 10 mostra o gráfico de f em uma janela retan-gular por , e você pode ver o gráfico cruzando o eixo x entre 1 e 2. A Figura11 mostra o resultado ao se aplicar o zoom, obtendo a janela retangular por
.��0,2; 0,2
y � N
�1,2; 1,3 ��1, 3 ��3, 3
�1,22; 1,23�
f �1,23� � 0,056068 � 0f �1,22� � �0,007008 � 0
f �1,3� � 0,548 � 0f �1,2� � �0,128 � 0
�1, 2�4x 3 � 6x 2 � 3x � 2 � 0f �c� � 0
f �2�f �1�N � 0f �1� � 0 � f �2�
f �2� � 32 � 24 � 6 � 2 � 12 � 0
f �1� � 4 � 6 � 3 � 2 � �1 � 0
N � 0b � 2a � 1f �c� � 0
f �x� � 4x 3 � 6x 2 � 3x � 2
4x 3 � 6x 2 � 3x � 2 � 0
EXEMPLO 10
y � f �b�y � f �a�y � N
116 CÁLCULO
b0 x
y
ƒ(a)
N
ƒ(b)
a
y � ƒ(x)
y � N
FIGURA 9
0,2
�0,2
1,2 1,3
FIGURA 11FIGURA 10
3
�3
�1 3
Calculo02:calculo7 5/10/13 3:03 PM Page 116
De fato, o Teorema do Valor Intermediário desempenha um papel na própria maneira defuncionar destas ferramentas gráficas. Um computador calcula um número finito de pontossobre o gráfico e acende os pixels que contêm os pontos calculados. Ele pressupõe que a fun-ção é contínua e acende todos os valores intermediários entre dois pontos consecutivos. Ocomputador, portanto, conecta os pixels acendendo os pixels intermediários.
LIMITES E DERIVADAS 117
1. Escreva uma equação que expresse o fato de que uma função f écontínua no número 4.
2. Se f é contínua em , o que você pode dizer sobre seu grá-fico?
3. (a) Do gráfico de f, identifique números nos quais f é descontínuae explique por quê.
(b) Para cada um dos números indicados na parte (a), determinese f é contínua à direita ou à esquerda, ou nenhum deles.
4. Do gráfico de g, identifique os intervalos nos quais g é contínua.
5–8 Esboce o gráfico de uma função que seja contínua exceto para adescontinuidade declarada.
5. Descontínua, porém contínua à direita, em 2
6. Descontinuidades em �1 e 4, porém contínua à esquerda em �1e à direita em 4
7. Descontinuidade removível em 3, descontinuidade em salto em 5
8. Não é contínua à direita nem à esquerda em �2; contínua so-mente à esquerda em 2
9. A tarifa T cobrada para dirigir em um certo trecho de uma rodo-via com pedágio é de $ 5, exceto durante o horário de pico (entre7 da manhã e 10 da manhã e entre 4 da tarde e 7 da noite), quandoa tarifa é de $ 7.(a) Esboce um gráfico de T como função do tempo t, medido em
horas após a meia-noite.(b) Discuta as descontinuidades da função e seu significado para
alguém que use a rodovia.
10. Explique por que cada função é contínua ou descontínua.(a) A temperatura em um local específico como uma função do
tempo.(b) A temperatura em um tempo específico como uma função da
distância em direção a oeste a partir da cidade de Paris.(c) A altitude acima do nível do mar como uma função da dis-
tância em direção a oeste a partir da cidade de Paris.(d) O custo de uma corrida de táxi como uma função da distân-
cia percorrida.(e) A corrente no circuito para as luzes de uma sala como uma
função do tempo.
11. Suponha que f e t sejam funções contínuas tal que e. Encontre .
12–14 Use a definição de continuidade e propriedades de limites parademonstrar que a função é contínua em um dado número a.
12. , .
13. , .
14. , .
15–16 Use a definição da continuidade e propriedades de limites paramostrar que a função é contínua no intervalo dado.
15. , .
16. , .
17–22 Explique por que a função é descontínua no número dado a. Es-boce o gráfico da função.
17.
18.
19.
20.
21. f �x� � �cos x0
1 � x 2
se x � 0
se x � 0
se x � 0
a � 0
f �x� � � x 2 � xx 2 � 1
1
se x � 1
se x � 1
a � 1
a � 0f �x� � �e x
x 2
se x � 0
se x � 0
a � �2f �x� � � 1
x � 2
1
se x � �2
se x � �2
a � �2f �x� �1
x � 2
���, 3 t�x� � 2 s3 � x
�2, ��f �x� �2x � 3
x � 2
a � 1h�t� �2t � 3t 2
1 � t 3
a � �1f �x� � �x � 2x 3 �4
a � 4f �x� � x 2 � s7 � x
f �2�lim x l2 �3 f �x� � f �x�t�x� � 36t�2� � 6
y
x�4 2 4 6�2 8
y
x�4 2 4 6�2 0
���, ��
2.5 Exercícios
; É necessário usar uma calculadora gráfica ou computador 1. As Homeworks Hints estão disponíveis em www.stewartcalculus.com
Calculo02:calculo7 5/10/13 3:04 PM Page 117
Veremos que muitos dos resultados deste capítulo dependem de um fato central, que é chamadoTeorema do Valor Médio. Mas, para chegar ao Teorema do Valor Médio, precisamos primeirodo seguinte resultado.
Teorema de Rolle Seja f uma função que satisfaça as seguintes hipóteses:
1. f é contínua no intervalo fechado [a, b].
2. f é derivável no intervalo aberto (a, b).
3. f (a) � f (b)
Então, existe um número c em (a, b) tal que f �(c) � 0.
Antes de darmos a demonstração, vamos olhar os gráficos de algumas funções típicas quesatisfaçam as três hipóteses. A Figura 1 mostra os gráficos de quatro dessas funções. Em cadacaso, parece que há pelo menos um ponto (c, f (c)) onde a tangente é horizontal e, portanto, f �(c) � 0. Assim, o Teorema de Rolle é plausível.
DEMONSTRAÇÃO Existem três casos:
CASO I , uma constanteEntão , assim, o número pode ser tomado como qualquer número em (a, b).
CASO II para algum x em (a, b) [como na Figura 1(b) ou (c)]Pelo Teorema dos Valores Extremos (que pode ser aplicado pela hipótese 1), f tem um va-
lor máximo em algum lugar de [a, b]. Como f(a) � f (b), ele deverá ter esse valor máximo emum número c num intervalo aberto (a, b). Então f tem um máximo local em c e, pela hipótese2, f é derivável em c. Portanto f �(c) � 0 pelo Teorema de Fermat.
CASO III para algum x em (a, b) [como na Figura 1(c) ou (d)] Pelo Teorema dos Valores Extremos, f tem um valor mínimo em [a, b] e, uma vez que
, ela assume esse valor mínimo em um número c em (a, b). Novamente f �(c) � 0pelo Teorema de Fermat.
Vamos aplicar o Teorema de Rolle à função posição s � f (t) de um objeto emmovimento. Se o objeto estiver no mesmo lugar em dois instantes diferentes t � a e t � b,então f (a) � f (b). O Teorema de Rolle afirma que existe algum instante do tempo t � c entrea e b no qual f �(c) � 0; isto é, a velocidade é 0. (Em particular, você pode ver que isto é ver-dadeiro quando uma bola é atirada diretamente para cima.)
Demonstre que a equação x3 � x � 1 � 0 tem exatamente uma raiz real.
SOLUÇÃO Primeiro, usamos o Teorema do Valor Intermediário (2.5.10) para mostrar queexiste uma raiz. Seja f (x) � x3 � x � 1. Então f (0) � �1 � 0 e f (1) � 1 0. Como f éuma função polinomial, ela é contínua; assim, o Teorema do Valor Intermediário afirma queexiste um número c entre 0 e 1 tal que f (c) � 0. A equação dada, portanto, tem uma raiz.
Para mostrar que a equação não tem outra raiz real, usamos o Teorema de Rolle e argu-mentamos por contradição. Suponha que ele tenha duas raízes a e b. Então f (a) � 0 � f (b)
EXEMPLO 2
EXEMPLO 1
f �a� � f �b�
f �x� � f �a�
f �x� f �a�
f ��x� � 0f �x� � k
APLICAÇÕES DA DERIVAÇÃO 257
4.2 O Teorema do Valor Médio
Rolle
O Teorema de Rolle foi publicado pelaprimeira vez em 1691 pelo matemáticofrancês Michel Rolle (1652-1719) no livrointitulado Méthode pour résoudre lesEgalitéz. Ele era um crítico veemente dosmétodos de sua época e atacou o cálculocomo “uma coleção de faláciasengenhosas”. Mais tarde, entretanto, elese convenceu de que os métodos do cál-culo estavam essencialmente corretos.
FIGURA 1
(b)
a b x
y
0
(a)
ba c™ x
y
0 c1 c2
(c)
ba x
y
0 c1 c2
(d)
ba
y
x0 c
Considere os casosSP
A Figura 2 mostra um gráfico da funçãodiscutida no
Exemplo 2. O Teorema de Rolle mostra que,independentemente do tamanho da janelaretangular, não podemos nunca encontraruma segunda intersecção com o eixo x.
f �x� � x 3 � x � 1
FIGURA 2
_2
3
_3
2
Calculo04:calculo7 6/10/13 6:05 AM Page 257
e, uma vez que f é uma função polinomial, é derivável em (a, b) e contínua em [a, b]. Assim,pelo Teorema de Rolle, existe um número c entre a e b tal que f �(c) � 0. Mas
para todo x(uma vez que ), portanto, f �(x) nunca pode ser zero. Isso fornece uma contradição. Por-tanto, a equação não pode ter duas raízes reais.
Nosso principal uso do Teorema de Rolle é na demonstração do seguinte importante teo-rema, o qual foi primeiro enunciado por outro matemático francês, Joseph-Louis Lagrange.
O Teorema do Valor Médio Seja f uma função que satisfaça as seguintes hipóteses:
1. f é contínua no intervalo fechado [a, b].
2. f é derivável no intervalo aberto (a, b).Então, existe um número c em (a, b) tal que
ou, de maneira equivalente,
Antes de demonstrarmos esse teorema, podemos ver que ele é razoável interpretando-o geo-metricamente. As Figuras 3 e 4 mostram os pontos A(a, f (a)) e B(b, f (b)) sobre os gráficos deduas funções deriváveis. A inclinação da reta secante AB é
que é a mesma expressão mostrada no lado direito da Equação 1. Uma vez que f �(c) é a in-clinação da reta tangente no ponto (c, f (c)), o Teorema do Valor Médio na forma dada pelaEquação 1 diz que há, no mínimo, um ponto P(c, f (c)) sobre o gráfico onde a inclinação dareta tangente é igual à inclinação da reta secante AB. Em outras palavras, há um ponto P ondea reta tangente é paralela à reta secante AB. (Imagine uma reta paralela a AB, iniciando dis-tante e se movendo paralelamente a ela mesma até tocar o gráfico pela primeira vez.)
DEMONSTRAÇÃO Aplicamos o Teorema de Rolle a uma nova função h definida como a di-ferença entre f e a função cujo gráfico é a reta secante AB. Usando a Equação 3, vemos quea equação da reta AB pode ser escrita como
ou como
Assim, como mostrado na Figura 5,
y � f �a� �f �b� � f �a�
b � a�x � a�
y � f �a� �f �b� � f �a�
b � a�x � a�
mAB �f �b� � f �a�
b � a3
f �b� � f �a� � f ��c��b � a�2
f ��c� �f �b� � f �a�
b � a1
x 2 � 0
f ��x� � 3x 2 � 1 � 1
258 CÁLCULO
O Teorema do Valor Médio é um exemplodo que é chamado teorema da existência.Da mesma forma que o Teorema do ValorIntermediário, o Teorema dos ValoresExtremos e o Teorema de Rolle, ele garanteque existe um número com certa pro-priedade, mas não nos diz como achá-lo.
a
P{c, f(c)}
A{a, f(a)}
B{b, f(b)}
FIGURA 3 FIGURA 4
0 x
y
a b 0 x
y
c1 c2
BP1
A P2
bc
FIGURA 5
0 x
y
x
h(x)y=ƒ
ƒ
A
B
f(a)+ (x-a)f(b)-f(a)
b-a
a b
Calculo04:calculo7 6/10/13 6:05 AM Page 258
Precisamos primeiro verificar que h satisfaz as três hipóteses do Teorema de Rolle.
1. A função h é contínua em [a, b], pois é soma de f e uma função polinomial de primeirograu, ambas contínuas.
2. A função h é derivável em (a, b) pois tanto f quanto a função polinomial de primeiro grausão deriváveis. De fato, podemos calcular h� diretamente da Equação 4:
(Observe que f (a) e [f (b) � f (a)]/(b � a) são constantes.)
3.
Portanto, h(a) � h(b).
Uma vez que h satisfaz as hipóteses do Teorema de Rolle, esse teorema afirma que existeum número c em (a, b) tal que h�(c) � 0. Portanto,
e, assim,
Para ilustrarmos o Teorema do Valor Médio com uma função específica, vamosconsiderar f (x) � x3 � x, a � 0, b � 2. Uma vez que f é uma função polinomial, então ela écontínua e derivável para todo x; logo, é certamente contínua em [0, 2] e derivável em (0, 2).Portanto, pelo Teorema do Valor Médio, existe um número c em (0, 2) tal que
Agora e , e essa equação fica
o que dá , isto é, . Mas c deve estar em (0, 2), então, . A Figura6 ilustra esse cálculo: a reta tangente neste valor de c é paralela à reta secante .
Se um objeto move-se em uma linha reta com uma função posição , entãoa velocidade média entre e é
e a velocidade em t � c é f �(c). Assim, o Teorema do Valor Médio (na forma da Equação 1)nos diz que, em algum instante t � c entre a e b, a velocidade instantânea f �(c) é igual à ve-locidade média. Por exemplo, se um carro percorrer 180 km em duas horas, então o velocí-metro deve ter passado pela marca dos 90 km/h pelo menos uma vez.
Em geral, o Teorema do Valor Médio pode ser interpretado como se dissesse que existe umnúmero no qual a taxa de variação instantânea é igual à taxa de variação média em um intervalo.
f �b� � f �a�b � a
t � bt � as � f �t�EXÉMPLO 4
OBc � 2�s3c � �2�s3c 2 � 4
3
6 � �3c 2 � 1�2 � 6c 2 � 2
f ��x� � 3x 2 � 1f �2� � 6, f �0� � 0
f �2� � f �0� � f ��c��2 � 0�
EXEMPLO 3
f ��c� �f �b� � f �a�
b � a
0 � h��c� � f ��c� �f �b� � f �a�
b � a
� f �b� � f �a� � � f �b� � f �a�� � 0
h�b� � f �b� � f �a� �f �b� � f �a�
b � a�b � a�
h�a� � f �a� � f �a� �f �b� � f �a�
b � a�a � a� � 0
h��x� � f ��x� �f �b� � f �a�
b � a
h�x� � f �x� � f �a� �f �b� � f �a�
b � a�x � a�4
APLICAÇÕES DA DERIVAÇÃO 259
Lagrange e o Teorema do ValorMédio
O Teorema do Valor Médio foi formuladopela primeira vez por Joseph-LouisLagrange (1736-1813), nascido na Itália,com pai francês e mãe italiana. Ele foiuma criança prodígio e se tornou professorem Turin na idade de 19 anos. Lagrangefez grandes contribuições à teoria dosnúmeros, à teoria das funções, à teoriadas equações, e às mecânicas analítica eceleste. Em particular, aplicou o cálculo naanálise da estabilidade do sistema solar. Aconvite de Frederico, o Grande, elesucedeu Euler na Academia de Berlim e,após a morte de Frederico, Lagrangeaceitou o convite do rei Luís XVI para viverem Paris, onde lhe foi dado umapartamento no Louvre. Lá, tornou-seprofessor da École Polytechnique. Adespeito das armadilhas da fama e daluxúria, ele era um homem bondoso equieto, que vivia somente para a ciência.
FIGURA 6
y=˛-x
B
x
y
c 2
O
Calculo04:calculo7 6/10/13 6:05 AM Page 259
A grande importância do Teorema do Valor Médio reside no fato de ele nos possibilitar ob-ter informações sobre uma função a partir de dados sobre sua derivada. O próximo exemplomostra esse princípio.
Suponha que e para todos os valores de x. Quão grande f(2) pode ser?
SOLUÇÃO Foi-nos dado que f é derivável (e, portanto, contínua) em toda parte. Em particu-lar, podemos aplicar o Teorema do Valor Médio ao intervalo [0, 2]. Existe, então, um númeroc tal que
logo
Foi-nos dado que para todo x; assim, sabemos que . Multiplicando por 2ambos os lados dessa desigualdade, temos , logo
O maior valor possível para é 7.
O Teorema do Valor Médio pode ser usado para estabelecer alguns dos fatos básicos do cál-culo diferencial. Um deles é o teorema a seguir. Outros serão encontrados nas seções seguin-tes.
Teorema Se para todo x em um intervalo (a, b), então f é constante em(a, b).
DEMONSTRAÇÃO Sejam x1 e x2 dois números quaisquer em (a, b), sendo x1 � x2. Como f éderivável em (a, b), ela deve ser derivável em (x1, x2) e contínua em [x1, x2]. Aplicando o Teo-rema do Valor Médio a f no intervalo [x1, x2], obtemos um número c tal que x1 � c � x2 e
Uma vez que para todo x, temos , e a Equação 6 fica
ou
Portanto, f tem o mesmo valor em quaisquer dois números x1 e x2 em (a, b). Isso significa quef é constante em (a, b).
Corolário Se para todo x em um intervalo (a, b), então f � t é cons-tante em (a, b); isto é, , em que c é uma constante.
DEMONSTRAÇÃO Seja . Então
para todo x em (a, b). Assim, pelo Teorema 5, F é constante; isto é, f � t é constante.
OBSERVAÇÃO É necessário cuidado ao aplicar o Teorema 5. Seja
O domínio de f é e para todo x em D. Mas f não é, obviamente, umafunção constante. Isso não contradiz o Teorema 5, pois D não é um intervalo. Observe que fé constante no intervalo e também no intervalo .�0, � ��, 0�
f ��x� � 0D � �x � x � 0�
f �x� �x
� x � � 1
�1
se x 0
se x � 0
F��x� � f ��x� � t��x� � 0
F�x� � f �x� � t�x�
f �x� � t�x� � cf ��x� � t��x�7
f ��c� � 0f ��x� � 0
f �x2 � � f �x1�f �x2 � � f �x1� � 0
f �x2 � � f �x1� � f ��c��x2 � x1�6
f ��x� � 05
f �2�
f �2� � �3 � 2 f ��c� � �3 � 10 � 7
2 f ��c� � 10f ��c� � 5f ��x� � 5
f �2� � f �0� � 2 f ��c� � �3 � 2 f ��c�
f �2� � f �0� � f ��c��2 � 0�
f ��x� � 5f �0� � �3EXEMPLO 5
260 CÁLCULO
Calculo04:calculo7 6/10/13 6:06 AM Page 260
Demonstre a identidade .
SOLUÇÃO Embora não seja necessário o cálculo para demonstrar essa identidade, a demons-tração usando cálculo é bem simples. Se , então
para todos os valores de x. Portanto f (x) � C, uma constante. Para determinar o valor de C,fazemos x � 1 (porque podemos calcular f (1) exatamente). Então
Assim, .tg�1x � cotg�1x � p�2
C � f �1� � tg�1 1 � cotg�1 1 �p
4�p
4�p
2
f ��x� �1
1 � x 2 �1
1 � x 2 � 0
f �x� � tg�1x � cotg�1x
tg�1x � cotg�1x � p�2EXEMPLO 6
APLICAÇÕES DA DERIVAÇÃO 261
4.2
; É necessário o uso de uma calculadora gráfica ou computador 1. As Homeworks Hints estão disponíveis em www.stewartcalculus.com
1– 4 Verifique que a função satisfaz as três hipóteses do Teorema deRolle no intervalo dado. Então, encontre todos os números c que sa-tisfazem à conclusão do Teorema de Rolle.
1.
2.
3.
4.
5. Seja . Mostre que f (�1) � f (1), mas não existeum número c em (�1, 1) tal que f �(c) � 0. Por que isso não con-tradiz o Teorema de Rolle?
6. Seja f (x) � tg x. Mostre que f(0) � f (p), mas não existe um nú-mero c em (0, p) tal que f �(c) � 0. Por que isso não contradiz oTeorema de Rolle?
7. Use o gráfico de f para estimar os valores de c que satisfaçam àconclusão do Teorema do Valor Médio para o intervalo [0, 8].
8. Use o gráfico de f dado no Exercício 7 para estimar os valores dec que satisfaçam à conclusão do Teorema do Valor Médio para ointervalo [1, 7].
9–12 Verifique se a função satisfaz as hipóteses do Teorema do ValorMédio no intervalo dado. Então, encontre todos os números c que sa-tisfaçam a conclusão do Teorema do Valor Médio.
9. ,
10. ,
11.
12. ,
13–14 Encontre o número c que satisfaça à conclusão do Teorema doValor Médio para o intervalo dado. Desenhe o gráfico da função, a retasecante passando pelas extremidades, e a reta tangente em (c, f (c)). A reta secante e a reta tangente são paralelas?
13. , 14. ,
15. Seja . Mostre que não existe um valor c em (1, 4) tal que . Por que isso não con-tradiz o Teorema do Valor Médio?
16. Seja . Mostre que não existe um valor c talque . Por que isso não contradiz oTeorema do Valor Médio?
17-18 Mostre que a equação tem exatamente uma raiz real.
17. 18.
19. Mostre que a equação x3 � 15x � c � 0 tem no máximo uma raizno intervalo [�2, 2].
20. Mostre que a equação x4 � 4x � c � 0 tem no máximo duas raí-zes reais.
21. (a) Mostre que um polinômio de grau 3 tem, no máximo, três raí-zes reais.
(b) Mostre que um polinômio de grau n tem, no máximo, n raí-zes reais.
22. (a) Suponha que f seja derivável em e tenha duas raízes. Mos-tre que f � tem pelo menos uma raiz.
(b) Suponha que f seja duas vezes derivável em e tenha três raí-zes. Mostre que f � tem pelo menos uma raiz real.
(c) Você pode generalizar os itens (a) e (b)?
23. Se f (1) � 10 e para , quão pequeno f(4)pode ser?
24. Suponha que para todos os valores de x. Mostreque .18 � f �8� � f �2� � 30
3 � f ��x� � 5
1 � x � 4f ��x� � 2
�
�
x 3 � e x � 02x � cos x � 0
f �3� � f �0� � f ��c��3 � 0�f �x� � 2 � �2x � 1�
f �4� � f �1� � f ��c��4 � 1�f �x� � �x � 3��2
�0, 2�f �x� � e�x�0, 4�f �x� � sx
�1, 4�f �x� �x
x � 2
f �x� � e�2x, �0, 3�
�0, 2�f �x� � x 3 � x � 1
�0, 2�f �x� � 2x 2 � 3x � 1
y
y =ƒ
1
x0 1
f �x� � 1 � x 2�3
���8, 7��8�f �x� � cos 2x,
�0, 9�f �x� � sx �13 x,
�0, 3�f �x� � x 3 � x 2 � 6x � 2,
�1, 3�f �x� � 5 � 12x � 3x 2,
Exercícios
;
Calculo04:calculo7 6/10/13 6:06 AM Page 261