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  • 815Hortic. bras., v. 22, n. 4, out.-dez. 2004

    economia e extenso rural

    Nos ltimos anos, tm sido observa-das grandes mudanas no merca-do brasileiro de hortalias, com umamaior participao dos supermercadosna distribuio e venda e o aumento daoferta de produtos diferenciados visan-do alcanar distintos segmentos de con-sumidores (Vilela e Macedo, 2000;Junqueira e Luengo, 2000). Acomercializao da mandioquinha-sal-sa no mercado atacadista e varejista tam-bm tem acompanhado esta tendnciade mudanas, como constatado no mer-cado atacadista do Rio de Janeiro

    HENZ, G.P.; REIFSCHNEIDER, F.J.B. Modernizao das embalagens da mandioquinha-salsa e sua comercializao no atacado paulista. HorticulturaBrasileira, Braslia, v.22, n.4, p.815-820, out-dez 2004.

    Modernizao das embalagens da mandioquinha-salsa e suacomercializao no atacado paulistaGilmar Paulo Henz1; Francisco Jos B. Reifschneider21Embrapa Hortalias, C. Postal 218, 70359-970 Braslia-DF; 2CGIAR, World Bank, Washington, D.C., EUA; E-mail:[email protected]

    (Rodrigues, 1998). No atacado, as gran-des redes de supermercados esto subs-tituindo as caixas K por embalagensautoexpositivas de papelo ou plstico,que diminuem o manuseio e desta ma-neira reduzem as perdas ps-colheita, oupreferem comprar produtos pr-emba-lados, prontos para a comercializao novarejo.

    Comercializao de mandioquinha-salsa no atacado

    A CEAGESP o maior mercado damandioquinha-salsa no Brasil, influen-ciando a formao de preos e o modo

    de comercializao do produto nos ou-tros mercados. At chegar ao mercadopaulista, a mandioquinha-salsa passageralmente por duas etapas: um inter-medirio (corretor), que compra doprodutor e revende para osbeneficiadores; e o beneficiador, quelava, classifica e embala o produto, erevende-o para o atacado ou diretamen-te para distribuidores (Santos et al.,2000; Henz, 2001).

    No Brasil, as razes demandioquinha-salsa so tradicional-mente comercializadas em caixas de

    RESUMOA CEAGESP em So Paulo o maior mercado de mandioquinha-

    salsa no Brasil, influenciando a formao de preo e o modo decomercializao do produto nos outros mercados. O objetivo destetrabalho foi caracterizar a comercializao da mandioquinha-salsano mercado atacadista de So Paulo e descrever as embalagens usa-das atualmente para o produto. O levantamento foi realizado pormeio de visitas a beneficiadores que abastecem o mercado paulistalocalizados nos estados de So Paulo e Minas Gerais e atacadistasda CEAGESP entre 2001 e 2002. Na CEAGESP pelo menos 25permissionrios negociavam mandioquinha-salsa, podendo ser di-vididos em trs grupos de acordo com o volume do produtocomercializado: pequenos (18 atacadistas, at 50 caixas K/dia);mdios (5 atacadistas, 50-200 caixas K/dia); e grandes (2 ataca-distas, mais de 200 caixas K/dia). Alm da tradicional caixa K,foram identificadas outras cinco embalagens no atacado, sendo duasplsticas (contentor de 32 kg e caixa CC23 de 23 kg de capacida-de) e trs de papelo (caixeta de 12 kg, caixa de 22 kg e caixa doCarrefour com 16 kg de capacidade). O peso lquido das embala-gens variou em funo do material usado, sendo 0,7 kg (caixas depapelo), 2,0 kg (caixas de plstico) e 3,2 kg (caixa K). As caixasplsticas apresentaram o maior custo unitrio (R$ 5,00), mas somais durveis; o custo das caixas de papelo variou de R$ 1,50 a R$2,00 e a caixa K foi a mais barata (R$ 0,80). As caixas de papeloe de plstico so recomendadas para razes de melhor qualidade epreo, como as classes 3A, B e Extra B.

    Palavras-chave: batata-baroa, Arracacia xanthorrhiza, caixas, custos.

    ABSTRACTModernization of packages and commercialization of

    arracacha at the So Paulos wholesale marketThe CEAGESP wholesale market in So Paulo is the most

    important trade center for horticultural products in Brazil. A surveywas done on the commercialization of arracacha and types of packingused at the So Paulos wholesale market. Data was collected from2000 to 2002 through visits to packinghouses in Minas Gerais andSo Paulo States and the CEAGESP wholesale market. Twenty-fivebrokers were identified at the CEAGESP trading arracacha, and weredivided in three groups based on the volume commercialized daily:small volume (18 brokers, up to 50 K boxes/day); intermediatevolume (5 brokers, 50-200 K boxes/day); and large volume (2brokers, >200 K boxes/day). Besides the traditional 27 kgpinewood crates (K boxes), two new plastic boxes are used forarracacha (32 kg and 23 kg of capacity; net weight of 2 kg) and threenew corrugated crates (12 kg, 16 kg and 22 kg of capacity; net weight0.7 kg). Plastic boxes are more expensive (R$ 5.00/unit), but lastlonger; the cost of corrugated crates ranged from R$ 1.50 to R$2.00; and pinewood K boxes are cheaper (R$ 0.80/unit). Plasticboxes and corrugated crates are recommended for higher qualityarracacha roots, as those belonging to the B, Extra B and 3Aclasses. The changes at the wholesale market of arracacha are newmarket demands, such as smaller 12 kg corrugated boxes for street-fair vendors and corrugated and plastic display boxes for largersupermarket chains.

    Keywords: Peruvian carrot, Arracacia xanthorrhiza, packing, post-harvest handling.

    (Recebido para publicao em 26 de outubro de 2003 e aceito em 17 de julho de 2004)

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    madeira do tipo K no atacado, compeso bruto de 25-27 kg, e no varejo asrazes so expostas a granel emgndolas. O estado de So Paulo oprincipal mercado brasileiro para amandioquinha-salsa, sendo abastecidoprincipalmente pelo Paran e MinasGerais, os maiores produtores brasilei-ros (Santos et al., 2000; Henz, 2001).No mercado atacadista de So Paulosomente so usadas caixas de madeirado tipo K novas, ainda de acordo coma Portaria no 127 de 04/10/1991 doMinistrio da Agricultura e da ReformaAgrria (MARA, 1991). A classificaopadro da mandioquinha-salsa naCEAGESP reconhece trs classes (1A,2A, 3A), baseadas na aparncia eprincipalmente no tamanho das razes(CEAGESP, 2003a). Entretanto, depen-dendo da poca do ano e das oscilaesdo mercado, j foram constatadas clas-ses adicionais, algumas superiores clas-se 3A, como B e Extra B, e outrasinferiores a classe 1A, como Midae Diversas (Henz, 2001).

    A maior parte da mandioquinha-sal-sa comercializada na CEAGESP pro-duzida no sistema convencional, ou seja,com a aplicao de fertilizantes qumi-cos e uso eventual de agrotxicos. Acomercializao de mandioquinha-sal-sa produzida no sistema orgnico no ata-cado paulista incipiente, sendo geral-mente fornecida diretamente ao varejo.Na CEAGESP, a maior parte damandioquinha-salsa comercializada per-tence ao grupo de razes amarelas, sema indicao de nome de cultivar, poden-do ser a Amarela Comum, tambmconhecida por Amarela de Caranda,como a Amarela de Senador Amaral,lanada pela Embrapa Hortalias(Embrapa Hortalias, 1999). Amandioquinha-salsa de razes brancastambm comercializada na CEAGESPem pequenos volumes e alcana meno-res cotaes de preo quando compara-da com a do grupo de razes amarelas.

    Nos outros estados, a maior parte damandioquinha-salsa tambm acondi-cionada em caixas K, em alguns ca-sos em embalagens usadas e eventual-mente em caixas plsticas. Na CEASA-MG, a classificao era baseada em qua-tro classes (Extra A, Extra, Espe-cial e Primeira), de acordo com o

    nmero de razes na boca (Freire etal., 1984), mas atualmente a cotao depreos feita somente para as classesExtra A, Extra e Especial(CEASA-MG, 2003). Na CEASA-RJ,alm das tradicionais caixas K, tam-bm foram identificadas novas embala-gens, como caixetas de papelo comaproximadamente 5 kg e razes j em-baladas em bandejas recobertas com fil-mes plsticos de PVC com aproxima-damente 500 g para supermercados(Rodrigues, 1998).

    Embalagens para produtoshortcolas

    A funo bsica das embalagens proteger e evitar perdas nacomercializao de produtos hortcolas,e ao mesmo tempo tambm manter aqualidade e higiene do produto e atrairpossveis clientes (Chitarra, 1994;Asgrow, 1995). Nos ltimos anos, temsido muito discutida a modernizao dosetor de embalagens para frutas e horta-lias e a necessidade de mudanas(Asgrow, 1995; Accarini et al., 2000).O uso da caixa de madeira do tipo Kpara acondicionar e transportar hortali-as tem sido questionado por aumentara incidncia de injrias mecnicas, comoj detectado em frutos de tomate (Madi,1977; Pichler, 1985; Ardito, 1986;Luengo et al., 2000; Castro et al., 2001)e tambm em razes de mandioquinha-salsa (Souza, 2001; Souza et al., 2003).Na comparao direta entre caixas pls-ticas ou de papelo corrugado e as cai-xas K para acondicionamento de hor-talias, o desempenho das caixas demadeira foi sempre inferior (Luengo etal., 1997; Luengo et al., 2000; Nantes eDurigan, 2000; Castro et al., 2001).

    As caixas K podem serreutilizadas vrias vezes e deste modopotencialmente transmitir algumas pra-gas e patgenos (Topel, 1981; Henz etal., 1993). Outro problema relacionadocom a madeira de Pinus utilizada namontagem das caixas K a tendnciade absorver gua dos produtos hortcolaslavados e sem secagem adequada, quechega a representar 37% do peso daembalagem (Henz e Cardoso, 2003). Atendncia mundial utilizar outros ti-pos de materiais, como papelo ondula-do e plstico, j usados na confeco decaixas para produtos hortcolas, princi-

    palmente de frutas. Nos Estados Uni-dos, por exemplo, foram identificados1.500 tipos diferentes de caixas utiliza-das para frutas e hortalias (Bordin,1999). Embora o nmero e os tipos deembalagens disponveis no Brasil ain-da sejam modestos, em um levantamen-to preliminar de tcnicos da CEAGESPforam caracterizados mais de 300 tiposde embalagens no mercado atacadista deSo Paulo. As caixas atualmente dispo-nveis no mercado brasileiro para frutase hortalias podem ser subdivididas deacordo com o material utilizado emmadeira, plstico e papelo, com dife-rentes dimenses, formatos e capacida-de de carga (Chitarra e Chitarra, 1990;Chitarra, 1994; Mourad, 1996).

    Aparentemente, a escolha de emba-lagens para a mandioquinha-salsa noatacado atende demandas especficasdos clientes, e nem sempre segue reco-mendaes tcnicas. O objetivo destetrabalho foi efetuar um estudo sobre acomercializao da mandioquinha-sal-sa na CEAGESP e fazer um levantamen-to dos tipos de embalagens usados noatacado (material, peso lquido, dimen-ses, capacidade e custo) em So Pauloe no sul de Minas Gerais, de modo afornecer subsdios para trabalhos na reade economia e de ps-colheita.

    Coleta de dadosO levantamento e a coleta dos da-

    dos foram executados diretamente pormeio de visitas in situ a beneficiadoresde mandioquinha-salsa e atacadistas daCEAGESP, em So Paulo (SP), no pe-rodo de 2000 a 2002. Em cada uma dasvisitas foi preenchido um formulrio porintermdio de entrevistas com as pes-soas responsveis pelos detalhesoperacionais e deste modo foi realizadauma compilao de informaes sobreas formas de comercializao e custos.

    Na CEAGESP foram entrevistadosos permissionrios que comercia-lizavam mandioquinha-salsa em seusboxes. Os dados relativos aos tipos decaixas utilizadas no atacado foram le-vantados em um beneficiador de Sena-dor Amaral (MG) e dois beneficiadoresde Tapira (SP), que revendem o produ-to a grandes redes de supermercados,distribuidores e atacadistas de So Pau-lo, e em duas empresas atacadistas daCEAGESP em So Paulo (SP). Foram

    G. P. Henz e F. J. B. Reifschneider

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    considerados o tipo de material (madei-ra, plstico, papelo), as dimenses (al-tura, largura e comprimento), peso l-quido, capacidade (em kg), custo unit-rio das embalagens utilizadas para acon-dicionar e transportar razes demandioquinha-salsa e mercado de des-tino.

    Comercializao da mandio-quinha-salsa na CEAGESP

    Foram identificados 25permissionrios da CEAGESP quecomercializavam mandioquinha-salsa,agrupados em trs segmentos (peque-nos, mdios e grandes), de acordo como volume de venda dirio, em caixas dotipo K com peso bruto de 26-27 kg. Amaior parte dos atacadistas entrevista-dos comercializavam at 50 caixas/dia,um volume considerado pequeno, e umgrupo intermedirio (5 atacadistas) ven-dia de 50 a 200 caixas/dia. Estes doisgrupos caracterizavam-se tambm porcomercializar vrias outras hortalias,alcanando at 25 produtos distintos,como pimento, cenoura, tomate, pepi-no, entre outros. O terceiro grupo eracomposto apenas por dois grandes ata-cadistas (Comercial Sudeste Ltda. e Ir-mos Senaga Ltda.), praticamenteespecializados em mandioquinha-salsae que comercializavam mais de 200 cai-xas/dia. Eventualmente, estes dois ata-cadistas tambm fornecem o produtoaos demais permissionrios devido aogrande volume comercializado.

    Os principais problemas relatadospelos atacadistas em relao mandioquinha-salsa, por ordem de im-portncia foram: (1) perdas elevadas pormela no perodo de vero; (2) baixaconservao ps-colheita; (3) classifi-cao deficiente do produto; (4) altera-o rpida da cor das razes durante a

    comercializao; (5) preo elevado co-brado pelos beneficiadores; e (6) faltade padronizao e uniformidade dascaixas K. Os principais compradoresdos atacadistas paulistas so os super-mercados, sacoles e feirantes. A co-misso cobrada pelos atacadistas varioude 17 a 20%. A partir da CEAGESP, oproduto redistribudo para a regiometropolitana de So Paulo e para o in-terior paulista, e para outros estados, in-clusive mercados mais distantes, comoRondnia, Cear e Mato Grosso. Deacordo com o mercado de destino, soutilizados desde pequenos caminhes(kombis, peruas e vans), cami-nhes cobertos com lonas trmicas ecarretas refrigeradas para os estadosmais distantes.

    Embalagens para mandioquinha-salsa na CEAGESP

    Na CEAGESP, a maior parte damandioquinha-salsa (mais de 90%) ain-

    da comercializada em caixas do tipoK novas, construdas com madeira dePinus. Nos ltimos anos, atacadistas ealguns setores do varejo comearam ademandar dos beneficiadores demandioquinha-salsa produtos diferen-ciados, como razes com aparncia e ta-manho determinados e embalagens di-ferentes da caixa K. At dezembro/2002, foram identificados seis tipos decaixas usadas por beneficiadores deTapira e Senador Amaral, sendo trscaixas de papelo, com capacidade de12 kg, 16 kg e 22 kg, e duas caixas pls-ticas, com capacidade para 23 kg e 32kg (Tabela 1; Figura 1). Nas embalagensde papelo ondulado e de plstico socomercializadas as razes das classescom maior valor, em geral Extra 3A,B ou Extra B, que apresentam razesmaiores e de melhor aparncia. Estasmudanas tm um grande significadopara a mandioquinha-salsa, uma vez que

    Modernizao das embalagens da mandioquinha-salsa e sua comercializao no atacado paulista

    1 Dimenses (C x L x A) = comprimento x largura x altura; 2 Custo da embalagem em relao quantidade de produto acondicionado (kg).

    Tabela 1. Tipo, material, dimenses, capacidade e custo unitrio de embalagens usadas na comercializao de mandioquinha-salsa em SoPaulo e Minas Gerais (2001-2002). Braslia, Embrapa Hortalias, 2000-2002.

    Tipo de caixa MaterialDimenses (cm)

    (C x L x A)Peso lq. (kg) Capac. (kg) Preo unit. (R$) Custo/kg (R$)

    caixa "K" madeira 50 x 36 x 22 3,2 27 0,80 0,03

    contentor plstico 56 x 36 x 30 2,0 32 5,00 0,15

    caixa "CC23" plstico 60 x 40 x 23 2,0 23 5,00 0,28

    caixeta papelo 48 x 30 x 17 0,7 12 2,00 0,16

    caixa Carrefour papelo 59 x 38 x 16 0,7 16 1,50 0,09

    caixa 22kg papelo 48 x 32 x 25 0,7 22 2,00 0,09

    Figura 1. Embalagens utilizadas para acondicionar, transportar e comercializar razes demandioquinha-salsa no atacado: (a) caixa de madeira do tipo K de 27kg; (b) caixa plsticaCC23 de 23kg; (c) contentor plstico de 30kg; (d) caixa de papelo ondulado de 22kg; (e)caixeta de papelo ondulado de 12kg; (f) caixa de papelo Carrefour de 16kg. EmbrapaHortalias, 2000-2002.

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    podem reduzir as perdas causadas porinjrias mecnicas, de grande incidn-cia quando so usadas as tradicionaiscaixas de madeira (Souza, 2001).

    Das trs embalagens de papeloidentificadas, a primeira a ser adotadapara a mandioquinha-salsa naCEAGESP foi a caixeta com 12 kgde capacidade (Figura 1e), pelo ataca-dista Irmos Senaga e posteriormentepela Comercial Sudeste. A caixetapossui 28 cm de largura, 44 cm de com-primento e 17 cm de altura. Os quatrocantos so reforados internamente poruma camada adicional de papelo, o queconfere uma boa resistncia estrutural caixa, e tambm possui duas aberturaspara se colocar as mos nas duas faceslaterais menores, para facilitar o carre-gamento e o transporte. A caixa de 22kg (Figura 1d) tambm segue este tipode padro em relao resistncia e fa-cilidade de manipulao. A caixa doCarrefour de 16 kg (Figura 1f) total-mente aberta na parte superior,empilhvel e serve tambm para exporas hortalias no interior da loja.

    As caixas de papelo so mais carasem comparao com as de madeira, esua estrutura fsica ainda no sufi-cientemente forte para resistir umida-de excessiva das razes depois de lava-das, com exceo da caixa do Carrefour.Uma grande vantagem das caixas depapelo em relao s demais a possi-bilidade de usar cores e imprimir infor-maes sobre o produto nas tampas oulaterais da embalagem, e assim torn-las mais atraentes. Nas caixas com 12kg e 22 kg de capacidade utilizadas paraa mandioquinha-salsa na CEAGESP sodescritos a classe e tipo do produto e aidentificao do atacadista, comlogomarca da empresa, endereo e tele-fone. A caixa do Carrefour tem uma ilus-trao colorida de frutas e hortalias naslaterais e tambm utilizada para acon-dicionar e transportar outros produtoshortcolas da rede.

    Somente duas caixas plsticas, com23 kg e 32 kg (Figura 1), esto sendousadas para a mandioquinha-salsa. Ocontentor de 32 kg mais usado paratransportar as razes das lavadoras dire-tamente para supermercados e centrosde distribuio, sem passar por centraisatacadistas e, eventualmente, serve tam-

    bm para expor diretamente o produtono varejo. Os contentores plsticos tam-bm so usados para transportar asrazes sem lavar dos produtores de Mi-nas Gerais e Paran at osbeneficiadores de Piedade e Tapira(Henz, 2001). A caixa plstica CC23tem capacidade para 23 kg, e suas di-menses so 60 cm de comprimento, 40cm de largura e 23 cm de altura. Estacaixa usada na venda damandioquinha-salsa do atacado para ohipermercado Wal-Mart, em So Pau-lo, que exige somente com 15 kg do pro-duto, e tambm na venda direta de al-gumas beneficiadoras e distribuidorespara outras redes de supermercados,como o Po de Acar.

    As grandes redes de supermercados,como Carrefour, Extra/Po de Acar eWal-Mart j esto usando embalagensque servem no somente para transpor-tar os produtos, mas tambm para suaexposio diretamente nos pontos devenda, sem a necessidade de um manu-seio adicional. Existem atualmente trstipos de caixas que servem a este pro-psito sendo tambm utilizadas paramandioquinha-salsa: (1) o contentorplstico de 32 kg; (2) a caixa plsticaCC23; e (3) a caixa de papelo doCarrefour (Tabela 1).

    Custos das embalagens damandioquinha-salsa no atacado

    O custo unitrio das caixas de ma-deira do tipo K novas o mais baixoentre todas as embalagens utilizadaspara a mandioquinha-salsa no atacadobrasileiro, variando de R$ 0,80 a R$1,00. O custo da mesma caixa reutilizada(segundo uso) bem mais baixo, va-riando de R$ 0,25 a R$ 0,30, emboraseja proibida no mercado paulista. Ocusto das embalagens de plstico maisalto em relao s de papelo, mas suadurabilidade e o fato de seremreutilizveis pode compensar o investi-mento inicial. As caixas plsticas devemser lavadas e higienizadas aps cada uso,um servio j oferecido por algumasempresas em algumas centrais atacadis-tas brasileiras a um custo unitrio quepode variar de R$ 0,10 a R$ 0,35, de-pendendo do tamanho da caixa e daquantidade. A caixa K e as caixas depapelo de 16 kg e 22 kg tm a melhorrelao entre custo unitrio da embala-

    gem e a quantidade de produto acondicio-nado, variando entre R$ 0,03/kg e R$0,09/kg (Tabela 1). Para as demais em-balagens, este custo relativo variou entreR$ 0,15/kg (contentor plstico de 32kg)e R$ 0,28/kg (caixa plstica CC23), edevem ser utilizadas para razes de me-lhor qualidade e aparncia para compen-sar seu custo mais elevado.

    Os preos das embalagens foram le-vantados no perodo compreendido en-tre 2000 e 2002 e, portanto, sujeitos svariaes e oscilaes do mercado,como observado recentemente para asembalagens de papelo ondulado, cujospreos aumentaram substancialmentedevido a sua valorizao no mercadoexterno.

    As novas embalagens damandioquinha-salsa: vantagens e des-vantagens

    As vantagens de embalagens plsti-cas e de papelo ondulado sobre a caixade madeira do tipo K j foram de-monstradas para algumas frutas e hor-talias (Chitarra e Chitarra, 1990;Chitarra, 1994; Mourad, 1996). Para otomate, por exemplo, a substituio dascaixas K por embalagens de papeloondulado e caixas plsticas para acon-dicionamento e transporte reduziu a in-cidncia de injrias mecnicas e man-teve o produto em melhores condies(Madi, 1977; Pichler, 1985; Ardito,1986; Luengo et al., 1997; Luengo etal., 2000; Nantes e Durigan, 2000; Cas-tro et al., 2001). A vantagem compara-tiva das embalagens plsticas e de pa-pelo em relao caixa K ter umpadro de tamanho constante, definidoindustrialmente e no artesanalmentecomo no caso das caixas de madeira.Com exceo do contentor plstico de32 kg de capacidade, todas as demaisembalagens utilizadas para amandioquinha-salsa tm capacidade in-ferior da caixa K (Tabela 1), umamudana positiva porque segue uma ten-dncia de mercados mais exigentes,como o da Europa.

    Embora a adoo de novas embala-gens signifique um progresso conside-rvel no manuseio ps-colheita e nacomercializao da mandioquinha-sal-sa, algumas das caixas usadas tambmapresentam problemas. Alguns atacadis-tas da CEAGESP apenas trocam de

    G. P. Henz e F. J. B. Reifschneider

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    embalagens no seu prprio espao(box). Neste caso, o produto trans-portado do beneficiador para aCEAGESP em caixas de madeira do tipoK novas, e depois as razes so acon-dicionadas em caixas de papelo ou deplstico de acordo com a demanda. Nes-ta situao, as injrias mecnicas decor-rentes do uso da caixa K j ocorre-ram e os sintomas aparecero mais tar-de, na forma de leses deprimidas e es-curas, principalmente quando as razesso expostas em gndolas no varejo emcondio ambiente. A situao ideal ouso destas novas embalagens nosbeneficiadores, aps a lavagem e a se-cagem das razes.

    Algumas das caixas de papelo che-gam ao mercado de destino completa-mente desestruturadas porque absorvemumidade das razes e no suportam opeso das razes e o manuseio durante otransporte. Para resolver este tipo deproblema podem ser adotadas medidaspreventivas, como secar adequadamen-te as razes aps a lavagem ou usar em-balagens com papelo impermevel ecom uma estrutura fsica mais robusta.As caixas plsticas tambm podem cau-sar injrias mecnicas nas razes, prin-cipalmente quando as caixas estiveremmuito cheias, com excesso de razes, eo seu empilhamento for inadequado,como observado na carga de caminhescom contentores plsticos de 32 kg nosprodutores (Souza, 2001).

    As caixas de madeira do tipo Kusadas para mandioquinha-salsa causamuma alta incidncia de injrias mecni-cas nas razes por sua superfcie spera,medidas inadequadas e excesso de pro-duto. O peso bruto das caixas K demandioquinha-salsa comercializadas naCEAGESP chega a mais de 27 kg devi-do umidade excessiva das razes e aconseqente absoro de gua pela ma-deira durante o transporte e acomercializao (Henz, 2001; Henz eCardoso, 2003).

    Perspectivas do uso de embala-gens no atacado

    Existe espao para o desenvolvimen-to de novas embalagens paracomercializao da mandioquinha-sal-sa no atacado brasileiro, que deverorespeitar a nova Instruo NormativaConjunta SARC/ANVISA/INMETRO

    no 009, j em vigor (MAPA, 2002;CEAGESP, 2002). As novas caixas po-dem ser confeccionadas de diferentesmateriais, como papelo ondulado, car-to, plstico ou at mesmo de madeira,mas tem de ser paletizveis,empilhveis, higienizadas a cada uso nocaso de embalagens sem retorno, ereciclveis ou de incinerabilidade lim-pa no caso serem reciclveis (MAPA,2002; Gutierrez e Andrade, 2003). recomendvel selecionar embalagensmenores, com capacidade variando en-tre 12 e 18 kg de razes por unidade, parafacilitar a manipulao e o carregamen-to. No caso da mandioquinha-salsa, al-guns atacadistas j se anteciparam a estaregulamentao e adotaram embalagensque esto de acordo com a legislaovigente, inclusive a rotulagem.

    necessrio definir novas caixas demadeira, com formato e capacidadediferentes da atual caixa K, e utilizarmadeira beneficiada adequadamentepara evitar injrias mecnicas e absor-o excessiva de gua (Gutierrez eAndrade, 2003). A madeira de Pinus ain-da muito utilizada para o transporte eacondicionamento de frutas e hortaliasem outros pases na forma de madeiralaminada, menos spera que a madeirautilizada na montagem da caixa K.Uma alternativa o uso de caixas demadeira com arame (wirebound), se-melhante s caixas de batata-sementeprovenientes da Holanda e j adaptadasno Brasil para o acondicionamento dequiabo (CEAGESP, 2003b). Existemvrios modelos deste tipo de caixas, comvariaes nas dimenses, comprimento(300-600mm), largura (200-400mm) ealtura (76-271mm) (CEAGESP, 2003b).

    As empresas atacadistas daCEAGESP que comercializammandioquinha-salsa adaptaram-se ra-pidamente s novas demandas de seto-res especficos, como feirantes (caixa depapelo de 12 kg), redes de supermer-cados (caixas plsticas de 23 kg e cai-xas de papelo de 16 kg), como consta-tado tambm na CEASA do Rio de Ja-neiro (Rodrigues, 1998). A definio denovas embalagens para mandioquinha-salsa no atacado deve ser avaliada pe-los setores envolvidos (beneficiadores,atacadistas, varejistas), considerando-sefatores importantes, como custo unit-

    rio, resistncia, durabilidade,higienizao e aspectos logsticos. Asmudanas j detectadas na utilizao deembalagens para a mandioquinha-salsarepresentam um avano considervel namodernizao do manuseio ps-colhei-ta do produto, mas ao mesmo tempoapresentam novos desafios e problemas.

    AGRADECIMENTOS

    Os autores agradecem a todas aspessoas e empresas que colaboraramcom informaes para a execuo destetrabalho, em especial a equipe do Cen-tro de Qualidade em Horticultura daCEAGESP, sob a coordenao da Dra.Anita de S. Dias Gutierrez; aos ataca-distas Irmos Senaga Ltda. e ComercialSudeste Ltda da CEAGESP;beneficiadores de Piedade e Tapira e deSenador Amaral.

    LITERATURA CITADA

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