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fora substituída, e de resto permanecia tudo igual. Mas, à porta da feira, estavam dois automóveis, dois SUV12. Os soldados estranharam, pois eles não estavam ali durante a Batalha da Quinta da Perfeição, mas decidiram incluir na sua estratégia a sua ocupação. Esta era exactamente igual à usada na Batalha da Quinta da Perfeição: ocupar as construções da quinta e daí atacar os focos de resistência inimiga. Assim, os ciclistas armaram as bicicletas de guerra e, em conjunto com os cavaleiros, invadiram a Quinta da Perfeição. Começara a 2ª Batalha da Quinta da Perfeição.

Alguns dos animais da Quinta da Perfeição, ao verem as bicicletas de guerra, preferiram depor as armas e afastar-se. Mas outros puxaram das espadas e avançaram para os inimigos, dando início aos combates. O exército invasor acabou por se separar em pequenos grupos espalhados pela Quinta da Perfeição, que combatiam contra também pequenos focos de resistência inimiga. Tal como na Batalha da Quinta da Perfeição, o abrigo nocturno foi facilmente ocupado pela Quinta da Confusão que daí lançou ataques à zona. Mas a feira foi muito mais difícil de ocupar por um motivo: os dois automóveis que estavam parados em frente à porta de entrada. Pertenciam ao porco 56, que os encomendara em Carrazeda de Ansiães, e tinham a particularidade de serem blindados. Foram caros, mais de 50.000 euros cada um, mas na guerra seriam imbatíveis. Isso porque tinham armamento no seu interior: duas espingardas fixadas por cima dos espelhos retrovisores, que podiam ser accionadas pelo condutor e pelo passageiro da frente; duas metralhadoras postas em suportes giratórios junto às janelas dos bancos de trás que disparavam para os lados; e finalmente dois canos também sobre suportes giratórios no porta-bagagens, destinados a lançarem fogos-de-artifício para trás dos carros. Acendia-se o foguete, colocava-se o projéctil no cano, abria-se o porta-bagagens, fazia-se pontaria e esperava-se pelo lançamento. Para evitar que as chamas atingissem o animal que manejava o cano ou incendiassem o interior do carro, a parte de trás do cano fora prolongada para chegar ao tecto, e as chamas e os gases podiam assim escapar em segurança para o exterior. O cano podia mover-se porque a abertura no tecto possibilitava que a chaminé também se movesse. Esses automóveis até aí tinham estado escondidos por um pano dentro do celeiro, e se não tinham entrado na Batalha da Quinta da Perfeição era porque o porco 56 achara que isso não era necessário e também porque os panos haviam escondido as viaturas dos soldados da Quinta da Confusão. Mas, neste ataque da Quinta da Confusão com quase tantos soldados quanto os habitantes da Quinta da Perfeição (a quinta tinha 175 habitantes no começo da batalha), a participação dos carros era necessária. O porco 56 conduzia um deles, e quando achou que era a altura certa ligou o motor e arrancou.

12

Sport Utility Vehicle, em português Veículo Utilitário Desportivo.

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Quando o carro alcançou soldados inimigos, os animais que manejavam as metralhadoras abriram fogo, e assim o carro foi devastador no campo de batalha. O porco 56 ia dando conselhos aos aliados por quem passava, pelo que se podia considerar o animal como o líder dos animais da Quinta da Perfeição na batalha.

Ao contrário do automóvel guiado pelo porco 56, o segundo carro começou a andar à volta do celeiro. O edifício era o mais importante da Quinta da Perfeição porque tinha a casa do porco 56 no 1º andar, a feira no rés-do-chão e inclusive a Casa da Moeda numa cave escavada pelos animais. Tudo isso concentrava muita riqueza, quer em materiais quer em dinheiro, pelo que era preciso defender o celeiro a todo o custo. Aparentemente o carro estava a conseguir fazer a sua missão, pois nenhum soldado da Quinta da Confusão se atrevia a aproximar com receio de ser alvejado. No entanto, houve um soldado ciclista que se atreveu a avançar. Quando o carro surgiu na esquina do celeiro, o soldado começou a pedalar o mais depressa que conseguiu em direcção à viatura, apanhando de surpresa os seus ocupantes, e quando estava perto o suficiente saltou para o capôt. Do capôt subiu para o tecto e daí abriu a porta do condutor, agarrando no animal e puxando-o para fora. Os outros ocupantes do carro viram com espanto o soldado saltar para o lugar do condutor e travar o carro, mas não tiveram muito tempo para reagir pois logo a seguir apareceram outros 5 soldados que expulsaram os inimigos e ocuparam os seus lugares. Enquanto a feira começava a ser atacada por outros soldados, agora que a construção já não tinha o carro carregado de armamento do seu lado, os 6 ocupantes da viatura arrancaram e foram atrás do SUV do porco 56, que continuava a abater soldados da Quinta da Confusão. Quando o presidente da Quinta da Perfeição viu pelo espelho retrovisor o seu segundo carro atrás de si, percebeu que a viatura mudara de facção. Assim, deu ordem aos animais do porta-bagagens para abrirem fogo sobre a viatura, e estes não tardaram a disparar dois foguetes contra os inimigos. O condutor da viatura na posse da Quinta da Confusão conseguiu desviar-se por um triz, e assim que voltou a estar atrás do carro do porco 56 abriu fogo no porta-bagagens com a espingarda do seu lado. O passageiro da frente imitou-o, mas a blindagem fora preparada especialmente para ser à prova de bala e pouco sofreu com os disparos.

A Quinta da Confusão estava em desvantagem, pois as armas menos potentes do carro estavam na parte da frente da viatura e as mais potentes atrás. A Quinta da Perfeição, pelo contrário, podia atacar o inimigo com fogos-de-artifício que fariam grandes estragos. Os animais que manejavam os foguetes carregaram de novo os canos para uma nova tentativa, e dessa vez o carro da Quinta da Confusão não escapou a tempo. Um dos foguetes

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explodiu no pára-brisas, estilhaçando-o fortemente13, enquanto que o outro destruiu a espingarda do condutor. Este escapou com vida porque fechou rapidamente o vidro, que aguentou a explosão, mas as balas da espingarda também rebentaram com o foguete e destruíram por completo a arma. O passageiro da frente era agora o único que podia atacar o inimigo, e este não hesitou em abrir fogo sobre o porta-bagagens. Os dois animais que lá estavam tentaram fechar rapidamente a porta, mas as balas mataram um deles antes que a operação fosse concluída. Rapidamente, um dos animais que manejava as metralhadoras passou para o porta-bagagens para substituir o companheiro morto. Em conjunto com o que já lá estava lançou mais foguetes contra o carro inimigo, que foi duramente atingido. O pára-brisas ficou completamente partido, não deixando ver nada através dele, enquanto que a blindagem da parte da frente começou a ficar amolgada. As metralhadoras da viatura não alcançavam o carro da Quinta da Perfeição, mas um dos animais que as manejavam arrancou a sua arma do suporte, pôs a cabeça e os braços fora da janela e começou a disparar. Tanto disparou que a blindagem da parte de trás começou a ficar com marcas de balas, mas de resto o SUV conduzido pelo porco 56 permaneceu intacto. Até que um dos animais que manejavam os foguetes decidiu agir. Arrancou o seu cano, pegou num fogo-de-artifício e num isqueiro e, abrindo o porta-bagagens, subiu para o tecto do carro. Depois, esperou que os inimigos abrissem o seu porta-bagagens e, quando isso aconteceu, acendeu o foguete, colocou-o no cano e esperou pelo lançamento.

Os dois animais do carro do porco 56 que estavam no porta-bagagens aperceberam-se tarde demais de que vinha um foguete na sua direcção, e tentaram rapidamente fechar a porta. Quando o fizeram, porém, já o foguete tinha atravessado o SUV, batido no pára-brisas e aterrado ao pé da alavanca das mudanças. Ouviu-se uma grande explosão, e subitamente o carro transformou-se numa bola de fogo que avançou em direcção ao abrigo nocturno. O foguete tinha detonado todas as munições e fogos-de-artifício do interior do carro, o que resultara numa explosão grande demais até para a blindagem. Este acabou por partir a parede do abrigo nocturno e deter-se no seu interior, incendiando a estrutura. Enquanto o abrigo nocturno ardia sem salvação, a morte do porco 56 trouxe o fim das esperanças de vitória aos animais da Quinta da Perfeição. Os dois automóveis seriam uma grande ajuda à quinta, mas agora um deles fora destruído e o outro fora tomado pela facção inimiga. Além disso, apesar da curta ajuda do porco 56, apenas 50 soldados da Quinta da Confusão tinham morrido contra 75 mortos do lado da Quinta da Perfeição. A Quinta da

13

Nos carros blindados, os vidros estão cobertos com uma película especial. Se estes se

partirem, a película impede que os estilhaços atinjam os ocupantes do veículo.

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Confusão tinha agora do seu lado não só as bicicletas de guerra como também um carro carregado de armamento. Além disso, a feira fora entretanto tomada pela quinta e a Quinta da Perfeição não tinha como se abastecer de armas, para além de ser um golpe no moral dos seus habitantes. Os que estavam a lutar foram-se assim rendendo aos poucos, até que às 21:40, quinze minutos após o começo da 2ª Batalha da Quinta da Perfeição, os seus 100 habitantes se renderam sem excepção à Quinta da Confusão. Era o fim da Quinta da Perfeição como estado independente, e o começo da Quinta da Confusão como império animal, o Império da Quinta da Confusão. Terminava assim a Guerra contra a Quinta da Perfeição, com a anexação de um país animal e a criação de um império.

2ª Batalha da Quinta da Perfeição

• Data: 21:25 – 21:40 do Dia 6 • Local: Quinta da Perfeição • Resultado: Vitória da Quinta da Confusão, fundação do Império

da Quinta da Confusão, anexação da Quinta da Perfeição por parte da Quinta da Confusão

• Combatentes: Quinta da Confusão X Quinta da Perfeição • Forças: Quinta da Confusão – 150 soldados, 75 bicicletas de

guerra; Quinta da Perfeição – 175 animais • Líderes: Quinta da Confusão – Nenhum; Quinta da Perfeição

– Porco 56 (morto) • Baixas: Quinta da Confusão – 50 soldados; Quinta da

Perfeição – 75 animais

Guerra contra a Quinta da Perfeição – 4 horas (600 vítimas)

Ilustração 20 – Armas e veículos usados na Guerra contra a Quinta da Perfeição, por

ambas as facções

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Da esquerda para a direita: Em cima: Espadas; escudo; machados; foice; pistola;

espingardas; metralhadoras. Em baixo: Fogos-de-artifício (explosão); bilhas de gás;

cavalos; carroça; carruagem; bicicleta; carro

Império da Quinta da Confusão Quintas (2) – Quinta da Confusão e Quinta da Perfeição

Minas de Ferro (1) – Quinta da Perfeição Área: 1 km2

Agora com 350 habitantes, contanto com os 100 animais da extinta República da Quinta da Perfeição (nome oficial do país), o recém-criado Império da Quinta da Confusão podia repousar. As 4 horas que durara a Guerra contra a Quinta da Perfeição tinham sido muito intensas, e mudaram bastante a Quinta da Confusão. Antes da guerra os animais não tinham armas propriamente ditas e nem sequer consideravam a quinta como um estado animal, mas no seu fim já tinham um grande armamento e ainda eram um império. Alguns animais disseram que as 4 horas da guerra haviam sido «4 horas que mudaram a Quinta da Confusão», uma expressão que resumia o que ocorrera durante o conflito armado para o lado da quinta. Agora que já não se estava em guerra, podia-se tratar da Quinta da Perfeição. Alguns animais foram rapidamente à Quinta da Confusão, agora capital do império, dar a notícia da vitória. Os que ficaram enterraram os destroços das indústrias, pois os cientistas da Quinta da Perfeição que sobreviveram à guerra não conheciam o segredo da máquina a vapor nem os projectos das indústrias, e apagaram as chamas do abrigo nocturno. Este estava severamente danificado, pelo que se teve de demolir a reconstrução para recomeçar a sua construção do zero. Os alicerces inclusive tiveram que ser removidos e substituídos por uns novos. Mas o celeiro também iria sofrer obras. O porco 56 tinha um gerente para a feira que sobreviveu à guerra por se render, e o animal tornou-se o director da empresa depois do conflito. O celeiro, no entanto, estava em tão mau estado como o da Quinta da Confusão antes de ruir, pelo que o próprio director da feira preferiu demolir o celeiro e fazer uma feira como na capital. O recheio da Casa da Moeda foi retirado da cave onde funcionava a empresa e a divisão tapada. Depois, começou-se a retirar o recheio da feira. As tintas e os instrumentos da Casa da Moeda eram agora inúteis, pelo que o director da feira da Quinta da Perfeição enviou empregados seus a Carrazeda de Ansiães para vender tudo. Não se sabia dizer quando iriam acabar os trabalhos na Quinta da Perfeição, mas ninguém estava preocupado com isso. Muito menos o dono da quinta, que recebera o carro blindado sobrevivente da 2ª Batalha da Quinta da Perfeição com todo o armamento. Este não hesitara em ir para Carrazeda de Ansiães vender a viatura, as armas e as munições. Era assim a nova quinta do Império da Quinta da Confusão em finais do Dia 6.

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Saldo do Dia 6

População e densidade populacional

Saldo da população: +65 habitantes Saldo da densidade populacional: -220 hab.\km2

285

200 180

250225

275

350

050

100150200250300350400

7:30

17:30

18:00

19:00

19:3

021

:0021

:30

População

570

400360

500450

550

350

0

100

200

300

400

500

600

7:30

18:0

019

:30

21:3

0

Densidadepopulacional