22865024 didatica da educacao fisica

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    INTRODUO DIDTICADEEDUCAOFSICA

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    LIVRO TCNICO EDITADO PELA DIVISO DE

    EDUCAO FSICA DO M. E. C. E DESTINA-

    DO A DISTRIBUIO GRATUITA AOS ESPE-

    CIALIZADOS.

    EDIO MAIO 1969

    DIVISO DE EDUCAO FSICA

    MINISTRIO DA EDUCAO E CULTURA

    BRASLIA, D. F.

    BRASIL

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    INTRODUO DIDTICADEEDUCAO

    FSICA

    PROGRAMA DE PUBLICAES

    EDITOR: PROFESSOR LAMARTINE PEREIRA DA COSTA

    DIVISO DE EDUCAO FISICA PALCIO DA CULTURA SALA 1111RUA DA IMPRENSA, 16 RIO DE JANEIRO - GB

    ALFREDO GOMES DE FARIA JR.LICENCIADO EM EDUCAO FISICA E EM PEDAGOGIA

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    APRESENTAO

    A iniciativa da Diviso de Educao Fsica do M.E.C. em publicar a presente obra tem por objetivo, primordialmente,oferecer subsdio aos alunos das Escolas Superiores de Educao

    Fsica e aos nossos especializados, de modo geral, no referenteao setor bsico da Didtica.

    Nesse propsito, as consideraes em evidncia foram:

    as Escolas Superiores de Educao Fsica so as nicasque, entre as instituies qua preparam professores, no tm a Didtica, cujo objetivo especfico justamente o estudo das tcnicas de ensino, como disciplina constante de seus currculos;

    a incluso da Didtica no currculo mnimo dessas Escolas, estudada atualmente pelo Conselho Federal de Educao,exigir, obviamente, material bibliogrfico correspondente, e

    o moderno conceito de Educao Fsica requer o que se pode chamar de uma "nova tcnica de ensino", que traduz, nocampo prtico, os princpios tericos j aceitos pela maioria dosnossos professores de Educao Fsica.

    O autor, salientando sempre a posio ocupada pelo educando, como centro de todo o processo educacional, e a do moderno

    professor de Educao Fsica, como autntico educador, procurou, simplesmente, adequar algumas normas e procedimentos,aplicados, at hoje, empiricamente pelos professores de nossa

    especialidade, aos princpios bsicos recomendados pela Didtica Geral.

    Assim, foram estudadas prioritriamente as trs fases daatividade discente o planejamento, a orientao e o controleda aprendizagem em Educao Fsica ao mesmo tempo emque se procurou desenvolver algumas consideraes sobre aspectos tericos da Educao. _ .. '

    Cumpre relevar ainda que o trabalho ora apresentado constitui fase importante na evoluo tcnica do PROGRAMA DEPUBLICAES da Diviso de Educao Fisica, que busca oaperfeioamento dentro dos novos conceitos de comunicao.

    A experincia assimilada pautar certamente as nossas futuraspublicaes.

    Considerando nossa diretiva, frente da Diviso, de apoiardecisivamente o aperfeioamento tcnico da Educao Fsicae dos Desportos, esperamos, com esse empreendimento, cumprirmais uma etapa de nossos objetivos.

    Tenente-Coronel Arthur Orlando da Costa Ferreira Diretor da Diviso de Educao Fsica do M.E.C.

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    NDICE

    APRESENTAO

    UNIDADE I

    NOES FUNDAMENTAIS 1 A Pedagogia 2 A Educao ., 10 A Didtica 23

    UNIDADE II

    O EDUCANDO 27 Aspectos Evolutivos do Educando 28 Consideraes acerca dos exerccios fsicos para crian

    as e adolescentes 39 O dimorfismo sexual do educando e suas influncias

    nas prticas fsicas 40

    UNIDADE III

    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA 44 Requisitos Bsicos do Professor de Educao Fsica . . . 46 O Professor de Educao Fsica e o Grupo Profissional

    Pedaggico 51

    O Professor de Educao Fsica e o Fenmeno da Liderana 55 O Professor de Educao Fsica e a tica Profissional .. 57

    UNIDADE IV

    FINALIDADES DA EDUCAO E OBJETIVOS DOENSINO DA EDUCAO FSICA 60

    Finalidades da Educao 61 Objetivos do Ensino 61 Finalidades da Educao Brasileira 62 Objetivos da Educao Fsica 63

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    UNIDADE V

    OS CONTEDOS 69

    Alguns Aspectos a Conside rar na Seleo dos Contedos 71 Algumas formas pelas quai s os contedos se apr esentam 77

    UNIDADE VI

    MTODO E CICLO DOCENTE 107

    Primeira Parte1 Mtodo 108

    2 Principai s Mtodos Empregados no Brasil 109

    Segunda Parte

    Ciclo Docente 142

    a) O Plane jamen to do Ensino da Educao Fsica 143b) Orien tao da Aprendizagem 194

    c) Cont role da Aprend izagem 287

    CONCLUSES 313

    REFERNC IAS BIBLIOGR FICAS 314

    NDICE DA MATRIA 319

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    UNIDADE !

    NOES FUNDAMENTAIS

    A P E D A G O G I A

    Conceito de Pedagogia

    Fontes e Evoluo da Pedagogia

    Objeto da Pedagogia

    Caractersticas do Fenmeno Educativo

    Diviso da Pedagogia

    Disciplinas que Compem a Pedagogia

    A E D U C A O

    Conceito de Educao

    Alguns Aspectos da Educao Sistemtica no Brasil

    A D I D T I C A

    Conceitos de Didtica

    Objeto da Didtica

    Fontes da Didtica

    mbito da Didtica

    Didtica Tradicional e Didtica Moderna

    Diviso da Didtica

    Didtica de Educao Fsica1

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    NOES FUNDAMENTAIS

    A PEDAGOGIA

    CONCEITO DE PEDAGOGIA

    O trmo Pedagogia existe desde a antigidade clssica. Encontramo-lo,uma das primeiras vezes, na tragdia "Orestes", de Eurpedes, passando aser empregado, a partir da, por numerosos autores clssicos, modernosou contemporneos.

    A palavra Pedagogia provm de duas palavras gregas: "pais, paids" criana e "ago, agein" conduzir, guiar, dirigir. "Ped" contrao de"paid"; "agog" a raiz com duplicao tica de "ago" e "ia" o sufixo

    grego que d valor ao substantivo. Portanto, Pedagogia, etimolgicamente,significa "guia ou conduo da criana".Por isso, na Grcia antiga, chamava-se pedagogo ao escravo liberto

    encarregado de conduzir as crianas palestra. Esta funo existe desdeos tempos mais remotos da antiga civilizao grega. No canto IX da Ilada mencionada vrias vezes a figura de Fnix, que, segundo os clssicos,foi pedagogo de Aquiles.

    O pedagogo conduzindo sua pequena senhora.

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    Com o passar do tempo, o conceito inicial de Pedagogia comeou amodificar-se. No sculo II, So Clemente de Alexandria, no seu livro "OPedagogo", j faz meno a quatro significados para Pedagogia.

    Uma vez abandonado o conceito etimolgico por consider-lo vago,impreciso e insuficiente, procurou-se conceitu-lo como "arte de educar",

    "cincia da educao" e at "cincia e tcnica da educao". Estes conceitos, porm, so ainda confusos e limitativos.Evoluiu-se depois para "cincia da arte de educar". Cincia, por

    envolver conhecimentos certos e sistemticos adquiridos por mtodosidneos, e arte porque supe uma realizao.

    Esta definio ainda restritiva e unilateral, se estudados outrosaspectos da problemtica. A Pedagogia, por exemplo, determina valoresticos e sociais a serem atingidos pela educao, fazendo, assim, umaespeculao filosfica. Estabelece, tambm, como realizar a educao, po

    dendo, portanto, ser considerada uma tcnica.

    Desta forma, Pedagogia "seria, ao mesmo tempo, a filosofia, a cinciae a tcnica da educao".

    Procura-se, atualmente, conceitu-la, tambm, tomando-se por baseo seu contedo: "Pedagogia o conjunto de conhecimentos sistemticossbre o fenmeno educativo." Abrange, pois, o conjunto dos conhecimentos

    acumulados, organizados e sistematizados com rigor cientfico, sbre aproblemtica da educao, atravs dos sculos.

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    FONTES E EVOLUO DA PEDAGOGIA

    Fase do Empirismo PedaggicoA Pedagogia era, inicialmente, um complexo de tradies educativas

    advindas da observao e da experincia emprica de antigos mestres.Sua nica fonte era a experincia prtica no metodizada. Apresentava, de uma parte, grandes erros, princpios e normas contraproducentes,onde predominavam a improvisao e o autodidatismo; de outra parte,

    j estabelecia alguns princpios vlidos e normas aceitveis, que maistarde vieram a ser reavaliadas e reformuladas pela Pedagogia atual.

    Fase da reflexo e crtica filosficaEsta fase teve como iniciadores Scrates, Plato e Aristteles e surgiu

    da necessidade de uma interpretao dos fins da educao, do estabelecimento de novas normas e diretrizes da ao educativa e de atender s exigncias humanas e sociais da educao.

    Plato.

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    Surge, a partir da, a sistematizao da Pedagogia, tornada uma disciplina racional e ordenada, possibilitando a elaborao da poltica educacional dos diferentes povos.

    Fase da pesquisa cientficaEsta fase inicia-se em fins do Sculo XIX estimulada por trs grandes

    fatres fundamentais: expanso do pensamento positivista, controvrsia evolucionista e rpida democratizao da educao.A expanso do positivismo teve como conseqncia no campo pedag

    gico a pesquisa dos diversos aspectos da realidade e da natureza humana.A controvrsia evolucionista, analisando tda a evoluo biolgica e psicolgica da criana nas diferentes etapas evolutivas, proporcionou novosdados psicolgicos, sociolgicos, higinicos, biolgicos, econmicos e artsticos educao. Foi quando surgiram os conhecimentos exatos e objetivossbre os dados reais do fenmeno educativo. A democratizao da educao aumentou a responsabilidade social da escola, exigindo a realizaode pesquisas sbre os problemas concretos da infncia e da adolescncia.

    Desta forma, pode-se compreender a grande complexidade da Pedagogia moderna e a riqueza e densidade dos conhecimentos que ela envolve.OBJETO DA PEDAGOGIA

    Pelo exposto, podemos compreender que o objeto especfico da Pedagogia o "estudo do fenmeno educativo".CARACTERSTICAS DO FENMENO EDUCATIVO

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    O fenmeno educativo constante por haver sempre uma geraoadulta atuando sbre uma gerao mais jovem. Desta forma, temos agarantia de uma eficaz preservao da cultura e da continuidade da vidasocial. universal porque se processa atravs de todos os tempos e emtodas as comunidades do mundo, embora variando em intensidade e sistematizao. irredutvel por no se confundir nem se identificar com osdemais fenmenos da vida social.

    DIVISO DA PEDAGOGIA

    A Pedagogia Teleolgica (do grego "teleos" fim; "logos" tratado)preocupa-se com os fins e objetivos educativos; a Pedagogia Ontolgica(do grego "ontos" ser; "logos" tratado) estuda o que a educao,sbre quem atua e quem a realiza; e a Pedagogia Mesolgica (de "mesos" meio; "logos" tratado) cuida dos meios e das formas mais indicadasna realizao da obra educativa.

    Estes trs aspectos da Pedagogia formam um todo inseparvel tal oseu ntimo relacionamento. Para maior esclarecimento, transcrevemos oexemplo dado pela Professora Consuelo Buchon em seu livro "Pedagoga".

    "Tomemos, como exemplo, a educao fsica que, por sua natureza,pode parecer a mais alheia ao aspecto teleolgico; para propor a algumum exerccio de ginstica ou jogo temos que comear por conhec-lo paraque a qualidade, mtodo e durao guardem proporo com a idade e oestado constitutivo do sujeito, e, mais ainda, dever ser de tal modo quecoopere com o bem intelectual, moral e religioso; tanto quanto assim fr,

    ser educativo. Se no fr assim, se no levar em conta o sujeito atualmente e o fim visado, no s tal exerccio deixar de ser formativo, comoser aberrao condenvel."

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    DISCIPLINAS QUE COMPEM A PEDAGOGIA

    Adotado o conceito de Pedagogia como "o conjunto de conhecimentossistemticos sbre o fenmeno educativo", foi possvel agrupar as diferentes disciplinas que compem a Pedagogia:

    I Disciplinas Filosficas (descritivas e normativas)

    Histria da PedagogiaFilosofia EducacionalPoltica Educacional

    II Disciplinas Cientficas (descritivas ou experimentais)

    Biologia EducacionalPsicologia EducacionalSociologia EducacionalEstatstica EducacionalHistria da Educao

    Educao Comparada

    III Disciplinas Tcnicas (aplicadas)

    Higiene EscolarAdministrao EscolarOrganizao EscolarDidtica Geral e EspecialOrientao EducacionalPsicoterapia Educacional

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    I Disciplinas Filosficas Histria da PedagogiaA Histria da Pedagogia estuda a evoluo da "teoria educacional"

    relacionando suas diversas manifestaes no curso da Histria com asconcepes religiosas ou filosficas que lhe deram origem. Estuda, tambm, o desenvolvimento do pensamento filosfico-pedaggico, atravs dostempos, caracterizando suas grandes etapas e os ideais que predominaramem cada uma delas.

    Filosofia Educacional j A Filosofia Educacional estuda os princpios bsicos e as finalidades

    que devem nortear a educao. Determina os valores a serem atingidospela educao.

    Poltica EducacionalEsta disciplina examina os problemas da educao em trmos das ne

    cessidades sociais imediatas.II Disciplinas Cientficas

    Biologia EducacionalA Biologia Educacional, objetivando garantir condies propcias

    educao das geraes mais jovens, estuda o desenvolvimento orgnico doeducando, suas diferenas individuais e as formas de atuar sbre aquelasdiferenas. Analisa as influncias da hereditariedade e do meio: os caracteres herdados e adquiridos, o crescimento, o sistema glandular, as condies ambientais, as atividades do sistema nervoso, a atividade muscular,a fadiga, as doenas e suas profilaxias etc.

    Psicologia EducacionalA Psicologia Educacional estuda as etapas evolutivas da psique das

    crianas e dos adolescentes, o fenmeno da aprendizagem, a personalidadeem relao sua formao e a sua adaptao ao meio etc.

    Sociologia EducacionalA Sociologia Educacional estuda as relaes entre o indivduo e o

    grupo, a natureza, do ponto de vista sociolgico, do processo educativo,os fins sociais da educao, as influncias dos grupos sociais (famlia,igreja, estado etc.) sbre a educao. Analisa a correlao entre o sistemaescolar e os sistemas sociais.

    Estatstica EducacionalEstuda a educao do ponto de vista quantitativo, fornecendo ele

    mentos que permitem uma srie grande de avaliaes, seja acerca dosdados biolgicos e psicolgicos da educao, seja acerca dos dados sociolgicos.

    Histria da EducaoEstuda a evoluo histrica dos sistemas e prticas educacionais, os

    grandes educadores nos momentos histricos, a organizao e o funcionamento das experincias educacionais etc.

    Educao ComparadaEstuda e correlaciona as realidades educacionais: leis, sistemas, ins

    tituies, mtodos etc; as tendncias pedaggicas de cada povo, os focos

    de irradiao dessas tendncias, a extenso dessa irradiao.

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    III Disciplinas Tcnicas

    Higiene EscolarA Higiene Escolar estuda as condies materiais da escola, os regimes

    de vida, de estudo e alimentao e as normas e cuidados de higiene fsicae mental dos corpos docente, discente e administrativo da escola.

    Administrao EscolarEstuda a estrutura e o funcionamento dos rgos de administrao

    escolar, a hierarquia e a distribuio de funes, enfim aplica as tcnicasadministrativas ao problema educacional.

    Organizao EscolarEstuda a mobilizao de todos os recursos (materiais, financeiros, de

    pessoal etc.) de uma escola, com o objetivo de garantir maior eficincia,maior rendimento e economia de tempo, de dinheiro e de trabalho.

    Didtica Geral e EspecialA Didtica objetiva o ensino ou a direo tcnica da aprendizagem.A Didtica Geral estuda as teorias, princpios e normas gerais, exa

    mina e critica os mtodos de ensino, analisa e apresenta solues para osproblemas comuns de diferentes nveis, ramos, disciplinas ou prticaseducativas.

    A Didtica Especial estuda os objetivos de cada disciplina ou prticaeducativa, a programao dos contedos, os mtodos e recursos especficose os problemas particulares inerentes ao ensino em questo.

    Orientao Educacional ou Orientao Educativa (segundo aL.D.B.)

    "A Orientao Educacional uma atividade pedaggica organizada embases cientficas com carter permanente, visando essencialmente ao alunoe acidentalmente ao jovem, para integrar sua educao geral por meio daatividade do orientador em cooperao com vrios agentes pedaggicose mediante tcnicas adequadas." (CADES)

    A Orientao Educativa procura promover um ambiente capaz delevar o educando a agir de forma positiva. , ao mesmo tempo, uma promoo, um projeto e um programa de ideais e valores. Ela age sub-repti-ciamente de forma a modificar a conduta do educando dentro de um certoprazo.

    A Orientao Educativa , tambm, uma aprendizagem de profundidade, pois visa a realizar no indivduo a sua maturidade. Procura fazercom que o indivduo ultrapasse nveis de aspiraes prximos para atingiroutros que o levem a uma performance melhor. Considera-se a OrientaoEducacional como uma higiene mental, no no sentido vulgar da expresso, mas sim como uma prtica teraputica com base cientfica para aliviartenses ou conflitos do indivduo, conduzindo ao equilbrio.

    Psicoterapia EducacionalEstuda as diferentes formas de anomalia mental e os desvios psicol

    gicos da infncia e da adolescncia, estabelecendo tcnicas de diagnstico,tratamento e reorientao psicolgica. Elabora mtodos especiais de ensino para alunos com problemas relacionados com a conduta, reatividadee escolaridade.

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    A EDUCAO

    CONCEITO DE EDUCAO

    Vulgarmente, usamos a palavra educao quando nos queremos referir

    ao grau de cultura, s atitudes, aos costumes sociais, urbanidade e polidez de um determinado indivduo. ste conceito vulgar, impreciso,vago e incompleto, baseado em noes ingnuas, contm, todavia, trstnicas que, analisadas, podero servir para melhor compreenso do realsignificado do trmo: a educao algo que se adquire, que implica numprocesso perfectivo relacionado com o social.

    No h perfeito acordo entre os estudiosos sbre as origens etimolgi-cas do trmo educao. Uns afirmam-no derivado de "educare", que significa criar, alimentar. Outros asseveram que le se originou de "educere",composto de "ex", que significa direo para fora, e do verbo "ducere",conduzir. Desta forma, significaria "tirar de dentro para fora".

    Alguns dos grandes educadores do passado, baseando-se nas origensetimolgicas da palavra, emitiram conceitos distintos aparentementedspares.

    Desta forma, Joo Frederico Herbart "considera que o que se prope educao introduzir materiais no educando, "alimento" que precisodar ao esprito para que se desenvolva".

    Joo Henrique Pestalozzi, partindo de outra origem do trmo, asseguraque "a nica coisa que o educador tem que conseguir desenvolver os ger-mens que se encontram no educando".

    Pode, assim, parecer primeira vista, considerando-se aquelas duas

    origens, que existam dois conceitos distintos e inconciliveis de educao.Tal, no entanto, no ocorre, pois os dois significados completam-se, indi-cando-nos os dois movimentos da educao: um de dentro para fora, nosentido de um desenvolvimento e maturao prprios, e outro de fora paradentro, que auxiliar quele desenvolvimento. Desta forma, o processoeducativo obedece a dois princpios: um, intrnseco natureza do educando; outro, extrnseco a ela.

    O conceito vulgar e o etimolgico da educao no satisfizeram aosestudiosos que, desde a antigidade, procuram melhor conceitu-la.

    Assim, encontramos uma srie de conceitos para o trmo em questo,alguns dos quais transcrevemos a seguir:

    "A educao tem por fim evitar o erro e descobrir a verdade."(Scrates.)

    "Educao consiste em dar ao corpo e alma tda a perfeio deque so capazes." (Plato.)

    "O verdadeiro escopo da educao a obteno da felicidade pormeio da virtude perfeita." (Aristteles.)

    "Educar instruir a juventude e formar almas virtuosas." (Ccero.)

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    Aristteles

    Spencer Kant

    Locke

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    ';Educar saber dirigir e conter todos os movimentos da alma, demodo a realizar smente atos dignos de um ser racional." (MarcoAurlio.)

    "A educao tem por finalidade unir um esprito sadio a um corposadio. A tarefa da educao no aperfeioar os jovens nas cincias,mas prepar-los mentalmente de modo a serem capazes de abordarqualquer uma delas se aplicarem no seu estudo." (Locke.)

    'Educar a arte de formar homens." (Rousseau.)"O fim da educao a formao do homem integral, habilitadonas artes e indstrias." (Rabelas)

    "Educao a arte de formar homens e no especialistas." (Mon-taigne.)

    "A finalidade da educao proporcionar servios mais efetivosao Estado e Igreja." (Lutero.)

    "Educao o desenvolvimento integral do homem. o domniode todas as coisas." (Comenius.)

    "Educar significa o desenvolvimento natural, progressivo e sistemtico de todas as foras." (Pestalozzi.)

    "Educar desenvolver proporcional e regularmente todas as disposies do ser humano." (Kant.)

    "O objeto da educao realizar a vida confiante, pura, inviolvele sagrada." (Froebel.)

    "A educao a arte de construir, de edificar e de dar as forasnecessrias." (Herbart.)

    "Preparar-nos para uma vida completa a funo que deve desempenhar a educao." (Spencer.)Inmeros outros conceitos de educao poderiam ser aqui mencio

    nados. S Rufino Blanco, em sua Enciclopdia Pedaggica, refere-se a

    cento e oitenta e quatro conceitos distintos de educao.Como vimos, os conceitos de educao lanados at agora so ora descritivos, ora normativos. Os descritivos referem-se ao processo educacionale os normativos aos fins a serem atingidos.

    William F. Cunningham chega a um conceito plenamente satisfatrioquando o faz baseado em trs grupos de transformaes que intervm noprocesso educativo: habilidades, conhecimentos e ideais.

    O homem, ao contrrio dos animais, necessita de um longo perodo deaprendizagem em substituio aos instintos existentes nos irracionais. Instintos significam "hbitos fixos de reao", no havendo, por conseguinte,

    progresso na vida animal. O homem maduro no possui hbitos de comportamento hereditrios no modificados pela aprendizagem. Possui, istosim, um sem-nmero de habilidades que inicialmente nada mais eram quecapacidades. Um segundo grupo de transformaes no processo educacional a do crescimento em conhecimentos. O nascituro ignora tda a herana social, ao passo que o adulto tem conhecimento dela. O terceiro eltimo grupo de transformaes a passagem dos impulsos aos ideais. Porideais compreendem-se os controles racionais da conduta humana sbreos instintos.

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    Desta forma, podemos conceituar educao como "o processo de crescimento e desenvolvimento pelo qual o indivduo assimila um corpo deconhecimentos, demarca os seus ideais e aprimora sua habilidade no tratodos conhecimentos para a consecuo daqueles ideais".

    ALGUNS ASPECTOS DA EDUCAO SISTEMTICA NO BRASIL

    A educao, segundo suas influncias, pode ser: assistemtica, quando inconsciente, espontnea e ocasional, e sistemtica, quando intencional, consciente e seletiva.

    A educao assistemtica desenvolve-se ao sabor dos incidentes e dascircunstncias fortuitas, sem que haja um planejamento anterior. No sendo ela seletiva, o indivduo aprende coisas certas e coisas erradas, boas ems, donde se pode aquilatar a responsabilidade educativa que pesa sbrees geraes adultas. O ser humano assim, em grande parte, fruto dessaeducao assistemtica.

    A educao sistemtica , ao contrrio da anterior, consciente, comobjetivos previamente traados, crtica e sobretudo intencional. A educao sistemtica ministrada numa complexa e especializada instituionitidamente seletiva a Escola. De um modo geral, cada pas congregaos servios escolares em sistemas de ensino, regionais e locais, que voconstituir, no todo, o seu sistema nacional de ensino.

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    Os diferentes sistemas possuem, por sua vez, nveis ou graus de ensinoque nada mais so do que a sua articulao vertical.

    (adaptado de Loureno Filho)

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    No Brasil, a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Lei Federal n. 4.024, procurando proporcionar uma "centralizao de orientao"permite Unio criar um Sistema Federal de Ensino, ao mesmo tempoque busca uma "descentralizao de execuo", quando permite aos Estados e ao Distrito Federal organizarem seus prprios sistemas de ensino.Esta Lei reconhece, ainda, trs nveis ou graus de ensino: a Educao de

    Grau Primrio, a Educao de Grau Mdio e a Educao de Grau Superior.Julgamos necessrio desenvolver neste trabalho algumas considera

    es acerca dos diferentes nveis ou graus de ensino, visto que o docentede Educao Fsica, dada a sua formao, possui habilitao profissionalque lhe permite atuar nos diferentes nveis.

    A Educao de Grau Primrio

    Em nosso pas, o critrio geral escolhido para a graduao do ensino o das "idades sucessivas". Assim sendo, a educao de grau primrio a que se destina infncia. Pela primeira vez, a Legislao brasileirapreocupou-se com a educao pr-primria quando a Lei n. 4.024 a ela se

    Visita de uma sala de aula de uma moderna escola primria(Escola Guatemala, Rio de Janeiro).

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    refere dizendo que "se destina aos menores at sete anos, e ser ministradaem escolas maternais ou jardins de infncia".

    Quanto ao ensino primrio, suas finalidades so "o desenvolvimentodo raciocnio e das atividades de expresso da criana e a sua integraono meio fsico e social".

    Procurou-se, tambm, tornar obrigatrio o ensino primrio a partir dossete anos e estender o curso a um mnimo de quatro anos e a um mximode seis.

    Pesquisas feitas, e dentre elas salientam-se as do INEP, mostram-nosquo deficiente o ensino primrio brasileiro. Em 1963, alculou-se a existncia de pelo menos 10 milhes de crianas na faixa etria de 7 a 11 anos,sendo que dos 7 milhes das matriculadas no ensino primrio mais dametade se encontrava na primeira srie. ste fato se agrava com o problema da evaso escolar to evidente nas estatsticas de 1062, quando pertode 1.200.000 crianas se evadiram durante o ano letivo, e mais de 1 milhodelas o fizeram na primeira, segunda e terceira sries, sem que possussemconhecimentos que nos permitissem afirmar que essas crianas estivesseminstrudas ou que fossem elementos produtivos do ponto de vista econmico. Elas afastam-se da escola, por exemplo, sem ao menos conhecer aHistria de sua Ptria, quando a evaso ocorre na primeira srie. Outro

    Aula de Educao Fsica numa moderna Escola Primria.

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    grande problema o da reprovao escolar, dado que o nmero de reprovados chega, por vezes, a ultrapassar o de aprovados.

    Desta forma,, considera-se o ensino que se restringe primeira sriecomo um desperdcio econmico.

    A situao do professorado primrio apresenta, tambm, um quadrodesalentador. Segundo dados obtidos pelo Primeiro Censo Escolar do Bra

    sil, 44% dos professres primrios em regncia de classe so leigos, istoe, no possuem qualquer formao profissional, no podendo, muitas vezes,lecionar alm da segunda srie primria, pois um passo mais adiante noderam na sua formao.

    Assim sendo, perfeitamente vlido concluir que a Educao Fsica,embora obrigatria por fora de Lei neste nvel de ensino, ficar prticamente esquecida por muito tempo em nossas escolas primrias. Nos grandes centros, entretanto, comeamos a notar um maior interesse por parteda direo das escolas em incluir efetivamente essa "prtica educativa"no currculo dos seus educandrios.

    Educao de Grau Mdio"A educao de grau mdio, em prosseguimento ministrada na es

    cola primria, destina-se formao do adolescente." ste artigo da Lei

    Vista de uma sala de aula de um moderno Ginsio Secundrio.(G. E. Nun'lvares Pereira Rio de Janeiro)

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    n. 4.024 representa uma grande conquista para a educao brasileira, poiscomea a abandonar a idia de que a escola mdia teria como finalidadepreparar jovens para os cursos superiores, substituindo-a pela idia corretade que sua finalidade a formao da personalidade do educando.

    O ensino mdio brasileiro , como se sabe, ministrado, atualmente,

    em dois ciclos: o GINASIAL e o COLEGIAL. Desta forma, o trmo "ginsio" no mais significa um tipo de ensino, mas sim o ciclo de um nvelou grau de ensino. Todo o primeiro ciclo de ensino mdio chama-se ginsio: h, portanto, ginsio secundrio, ginsio comercial, ginsio industrial etc.

    Da mesma forma, todo o segundo ciclo do ensino mdio chama-se colgio ou "curso colegial", havendo, assim, colegial comercial, colegial industrial, colegial secundrio etc.

    Esses ramos, hoje em dia, do acesso Universidade, ao contrrio doque ocorria anteriormente, quando s os alunos oriundos do curso secun

    drio podiam ingressar no nvel superior.Quanto extino gradual do Curso Ginasial Agrcola e a conseqente

    .proibio de os atuais educandrios agrcolas realizarem exames de admisso a partir do ano letivo de 1969, no significa que o Govrno pretendaacabar com o ensino agrcola de grau mdio, mas sim pass-lo para a esfera dos Ginsios Orientados para o Trabalho, isto porque s se recomendaa profissionalizao a partir do segundo ciclo.

    No ensino mdio, as condies so to ruins ou at mesmo piores doque no ensino elementar. Entretanto, ste grau de ensino consideradopelos especialistas como um dos fatres bsicos do desenvolvimento dasnaes. O povo brasileiro descobriu, tambm, que possvel a mobilidadevertical em nossa sociedade atravs dos conhecimentos e da formao queuma boa escola lhe pode oferecer. Assim, a procura da escola torna-se cadavez maior. A inexistncia, porm, de todo um complexo social preparadopara receber as exploses demogrficas, econmicas e sociais leva a nossarede escolar a uma situao angustiosa, onde nem a quantidade nem aqualidade so atendidas.

    Dos 12 milhes de jovens em faixa etria correspondente educaode grau mdio, somente 1.336.000 se matricularam em 1963 neste nvel.

    Estas matrculas estavam assim distribudas:

    Secundrio 980.000Comercial 200.000Normal . 110.000Industrial 39.000Agrcola 7.000

    Desta forma, num pas de economia agrcola e onde se tenta uma rpida industrializao, vemos quo irrisrias so as matrculas nos ramoscorrespondentes a essas atividades. O baixo ndice das matrculas na escolanormal no nos permitem uma esperana de ver melhoradas as deficincias do professorado da escola primria brasileira.

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    Aula de Educao Fsica nummoderno Ginsio Secundrio.

    A Educao Fsica, nica "prtica educativa" obrigatria existente noscurrculos de nossas escolas, para alunos at a idade de 18 anos, tem,obviamente de se ressentir de tal problemtica. Faltam instalaes, material didtico e, sobretudo, o elemento humano altamente qualificadopara a tarefa de educar: o professor de Educao Fsica. Contudo, algunsfatres positivos comeam a se fazer sentir em nossa especialidade. A elevao da Educao Fsica categoria de "prtica educativa" despertouum maior interesse de renovao no mbito do magistrio especializado,visto que o xito de sua misso passou a depender quase que exclusivamente do interesse e prazer que consigam despertar em seus alunos, livresda preocupao da nota para passar de ano, do conceito nas "provas prticas" e outros absurdos to evidentes nas disciplinas obrigatrias, complementares e Optativas. Esta renovao obriga a realizao de cursos deaperfeioamento e at de ps-graduao, estimula o surgimento de novasrevistas e boletins especializados e a publicao de novas obras didticas

    igualmente especializadas.

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    O Ensino de Grau Superior

    Nas diversas especialidades do ensino superior brasileiro, cujo objetivo" a pesquisa, o desenvolvimento das cincias, letras e artes, e a formaode profissionais de nvel universitrio", estavam matriculados, em 1963,100 mil estudantes, dos quais 20 mil concluram os estudos.

    ste quadro desolador, luz dos dados estatsticos, mostra-nos a realsituao da educao no Brasil, em que nos esquecemos, com facilidadede que o "desperdcio de inteligncia fator primordial de subdesenvolvimento e pobreza".

    O ensino superior no Brasil felizmente comea a apresentar novasperspectivas ao docente de Educao Fsica. Sua habilitao profissionalde nvel superior permite-lhe lecionar em Escolas Superiores de EducaoFsica e dirigir atividades fsicas no seio das Universidades. D-lhe o direito, ainda, de acesso aos cursos especiais de orientadores educativosdesde que possuidor de um estgio mnimo de trs anos no magistriopblico ou privado.

    Atividades desportivas no Ensino Superior.

    Concluses

    Finalmente, podemos afirmar que, smente com a eliminao doanalfabetismo, com a melhoria da capacidade produtiva de nossos jovens,

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    com currculos mais simples e menos pretensiosos e com o emprego denovos mtodos de trabalho, podemos modificar o quadro comparativo abaixo mencionado,onde avulta a deficincia de nosso sistema escolar, comparado com o dos E.U.A. e da U.R.S.S.

    (Nlton Nascimento)

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    A DIDTICA

    CONCEITOS DE DIDTICA

    A Didtica pode ser conceituada de duas formas: em funo de sua natureza e objeto; em funo do seu contedo.Em funo de sua natureza e objeto, a Didtica " a disciplina pedag

    gica de carter prtico e normativo que tem por objeto especfico a tcnicado ensino, isto , a tcnica de dirigir e orientar eficazmente os alunos nasua aprendizagem".

    Considerada em funo do seu contedo, Didtica " o conjunto sistemtico de princpios, normas, recursos e procedimentos especficos quetodo professor deve conhecer e saber aplicar para orientar seus alunos naaprendizagem das matrias, tendo em vista seus objetivos educativos".

    O primeiro conceito distingue a Didtica das demais disciplinas pedaggicas. O segundo, caracteriza o seu contedo especfico.

    OBJETO DA DIDTICA

    O objeto especfico da Didtica o estudo das tcnicas do ensino.

    FONTES DA DIDTICA

    As principais fontes da Didtica so: a Filosofia Educacional, que contribui com as concepes, princ

    pios, diretrizes e concluses; a Biologia Educac ional, a Sociologia Educacional e a Psicologia

    Educacional, que contribuem com os resultados e concluses de suas experimentaes cientficas;

    a racionalizao do trabalho, que contribui com as normas e critrios;

    a experincia prtica.

    MBITO DA DIDTICA

    So cinco os "componentes fundamentais" que a Didtica procura analisar:

    O educando;O professor;Os objetivos;Os contedos;Os mtodos.

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    So esses cinco "componentes fundamentais" do ensino que a Didticaprocura estudar, integrar funcionalmente e orientar.

    O educando, encarado como ser humano em desenvolvimento,, comsuas capacidades, limitaes, peculiaridades, tendncias e interesses, ofator principal na situao escolar.

    O professor, atuando como elemento incentivador, orientador e avaliador da aprendizagem dos alunos, tem a funo verdadeira de educadore no apenas de mero expositor ou instrutor.

    Os objetivos so os fatres dinamizadores de todo o trabalho escolar

    So as metas necessrias que devem nortear todo o trabalho na escola,nas salas de aula ou nos campos ou quadras de esportes.

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    Os contedos, podemos consider-los assim, so os reativos empregados na educao, os elementos formativos necessrios ao desenvolvimentointegral do educando.

    Os contedos, tambm chamados de matria de ensino, existem paraservir ao educando, na justa medida de sua capacidade.

    Os mtodos de ensino conjugam de forma apropriada todos os procedimentos, tcnicas e recursos, de forma a colimar os objetivos propostos,com maior segurana, rapidez e eficcia.

    "O bom mtodo a melhor maneira de fazer o aluno aprender." Oxito de todo o trabalho escolar depender, em grande parte, da qualidadedo mtodo usado.

    Desta forma, vlido concluir que Didtica no sinnimo de Metodologia.

    A Metodologia estuda o mtodo em si, sendo, portanto, uma parte daDidtica. O estudo do mtodo uma investigao estril e abstrata para

    a prtica do ensino, se isolado dos demais componentes fundamentais daDidtica.Por isso, so bem fundamentadas as inmeras crticas que lhe so

    movidas, pois ela "fragmenta a realidade vital que caracteriza o ensinomoderno".

    DIDTICA TRADICIONAL E DIDTICA MODERNA

    A Didtica Tradicional

    Na Didtica Tradicional, o mestre era o elemento humano preponde

    rante do processo de ensino. Despreocupado com as dificuldades de seusdiscpulos, arbitrrio e desptico, era, entretanto, um verdadeiro escravoda prpria matria que lecionava.

    O aluno era o elemento humano passivo: competia-lhe, apenas, ouvir,decorar e obedecer subservientemente.

    A matria era um valor absoluto, que devia ser ensinada e aprendidasem qualquer alterao ou reviso crtica. O mtodo era a maneira de oprofessor expor a matria destituda de qualquer relacionamento humano.

    A Didtica ModernaA Didtica Moderna coloca o educando no centro de todo o processo

    educativo.Para le, organiza-se a escola e ministra-se o ensino, os professrescolocam-se a seu servio.

    O mestre , apenas, o fator humano incentivador, orientador, assessordo aluno. o educador no plano mais significativo do trmo.

    Os objetivos do sentido, valor e direo ao trabalho escolar; os contedos, os meios necessrios formao do educando.

    O mtodo transfere-se do problema de ensino para o problema deaprendizagem.

    O Professor Luiz Alves de Matos, em seu livro "Sumrio de Didtica

    Geral", apresenta um interessante quadro acerca das cinco questes fundamentais da Didtica, que transcrevemos, data vnia, na ntegra:

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    "Didtica Tradicional"

    a quem se ensina?quem ensina?para que se ensina?

    o que se ensina?como se ensina?

    "Didtica Moderna"

    quem aprende?com quem o aluno aprende?para que o aluno aprende?

    o que o aluno aprende?como o aluno aprende?

    Componentes

    Aluno Mestre Objetivo

    . Matria Mtodo

    DIVISO DA DIDTICA

    Didtica Geral eDidtica Especial

    - A Didtica Geral

    estabelece a teoria fundamental do ensino; estabelece os princpios gerais, critrios e normas, que regulam otrabalho docente;

    examina criticamente os diferentes mtodos e procedimentos deensino;

    estuda os problemas comuns e os aspectos constantes do ensino nosdiferentes nveis, ramos, disciplinas ou prticas educativas;

    analisa criticamente as grandes correntes do pensamento didticohodierno e as tendncias dominantes no ensino atual.

    A Didtica Especial

    estuda os objetivos e as funes de cada disciplina ou prtica educativa; orienta na programao, na dosagem, e na distribuio dos con

    tedos; relaciona os meios auxiliares, as normas e os procedimentos meto

    dolgicos com a natureza especial de cada disciplina ou prtica educativa; analisa a problemtica do ensino que cada disciplina ou prtica

    educativa apresenta, e sugere os recursos e os procedimentos didticosmais adequados para resolv-la.DIDTICA DE EDUCAO FSICA

    Depreende-se, pelo exposto, que Didtica de Educao Fsica umaforma de Didtica Especial. , .

    Assim sendo, procura ela estudar: o educando em face desta praticaeducativa; o professor de educao fsica; os objetivos e funes dessaprtica, de acordo com os nveis ou graus de ensino, o tipo de experinciaeducacional e da etapa evolutiva e grau de treinamento dos alunos. Orientana programao, na dosagem e distribuio dos contedos propostos. Estuda e relaciona os mtodos, os meios auxiliares, os recursos e procedimentos didticos.

    Desta forma, analisaremos cada um dos componentes fundamentaisda Didtica em face da Educao Fsica, nos captulos subseqentes.

    A Didtica divide-se em

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    UNIDADE II

    O EDUCANDO

    Aspectos evolutivos do educandoInfnciaAdolescncia

    Consideraes acerca dos exerccios fsicos para crianase adolescentes

    O dimorfismo sexual do educando esuas influncias nas prticas fsicas

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    O EDUCANDO

    A Didtica atual colocou, como vimos anteriormente, o educando comoo centro de todo o processo educativo. O aluno, na escola moderna, oelemento pessoal para onde convergem os ilimitados esforos dos educa

    dores e da escola prpriamente dita. le ativo e empreendedor, sendonecessrio, ainda assim, orient-lo e estimul-lo na educao e na aprendizagem, de forma a desenvolver-lhe as capacidades biolgicas e intelectuaise, Outrossim, formar-lhe o carter e a personalidade.

    Por isso, a escola hoje em dia nitidamente pedocntrica.O homem, no sentido lato, educado desde o comeo do uso da razo

    at quando, por doena ou velhice, comea a perder o controle de suasfaculdades racionais ou quando sobrevier a morte.

    Desta maneira, isentamo-nos de erro quando dizemos que at o fim davida nos estamos aperfeioando. Inmeros exemplos poderiam ser citados,

    tais como a freqncia a cursos de aperfeioamento ou extenso, a palestras culturais e cientficas, a sermes e conferncias, a Exerccios Espirituais, demonstrando que o prprio homem jamais considera encerrada asua formao espiritual.

    Em sentido estrito, smente a criana e o adolescente so "sujeito-edu-cando". Assim, s aqules que ainda no chegaram maturidade precisamde uma ao aperfeioadora. Adulto considera-se educado, estando terminada, portanto, a educao sistemtica.

    Visto isso, o educando prpriamente dito o ser humano em seu estadoevolutivo, diferente do adulto em qualidade, quantidade e funcionalidade.

    O professor de Educao Fsica em exerccio, seja na escola primria,seja na escola de nvel mdio, ou de curso superior (onde ingressa hoje emdia um nmero cada vez maior de adolescentes), precisa conhecer o educando com a maior profundidade possvel para oferecer um desempenhogradativamente melhor de suas funes.

    A seleo dos contedos e das formas de trabalho levadas a efeitopelo professor de Educao Fsica depende do conhecimento do educando.

    Dois aspectos importantes encontramos no estudo do educando perantea Educao Fsica:

    a etapa evolutiva do educando;

    o sexo dste. ASPECTOS EVOLUTIVOS DO EDUCANDO

    Os aspectos evolutivos do Educando so estudados na Psicologia Evolutiva, uma das divises da Psicologia Educacional.

    A Psicologia Educacional, no entender de Charles Skinner, "ocupa-seunicamente, da experincia e da conduta dos seres humanos, enquantoconstituem uma resposta s situaes educacionais. Seleciona do campototal da Psicologia aqules fatos e princpios que possuem um significadogeral para a vida e para a marcha da sociedade e um significado especialpara a aprendizagem e o ensino. Da mesma forma, ela se interessa tambm

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    por todos os aspectos e nveis do crescimento do desenvolvimento humano".

    Diviso da Psicologia Educacional:

    Mtodos da Psicologia Educacional:

    OBJETIVOS (coleta de dados atravs de questionrios e testes, de formaa dar tratamento estatstico dos resultados).

    CLNICOS (Estudo de casos: biografias, provas projetivas de personalidade etc.)

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    Aos professres smente permitido o emprego dos mtodos objetivos, assim mesmo limitando-se ao emprgo de questionrios de interesses.Os demais tipos de testes como os de personalidade, por exemplo, so deemprego exclusivo do Psiclogo, segundo a recente regulamentao destaprofisso.

    No temos a pretenso de fazer neste trabalho um estudo sbre Psicologia Educacional, desejamos, apenas, salientar para o estudante ou docente de Educao Fsica alguns tpicos importantes, e mencionaremos,tambm, uma orientao bibliogrfica a fim de que estes possam desenvolver os assuntos de maior interesse, de acordo com as suas necessidades.

    O ciclo vital pode ser dividido em trs grandes perodos:

    Perodo de crescimento; Idade adulta; Velhice.

    No perodo de crescimento temos duas grandes fases do desenvolvimento:

    Infncia e Adolescncia.

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    INFNCIA

    A Infncia o perodo de vida que se prolonga do nascimento adolescncia. nesta fase que se formam os dinamismos fundamentais dapersonalidade humana, respeitados os limites fixados pela hereditariedade.

    Em comparao com os demais elementos da escala biolgica, sabemosque o homem possui uma infncia maior do que a de qualquer outroanimal.

    Do ponto de vista da satisfatria adaptao ecolgica de tal formaque permita uma existncia autnoma, a criana recm-nascida encontra--se em inferioridade diante dos animais de outra espcie igualmente recm-nascidos.

    Para competio com estes em igualdade de condies, seria necessrio, segundo o biologista A. Portmam, que a fase intra-uterina do homem

    durasse vinte meses. Disto se conclui que a criana nascida de nove mesesde gestao necessita, durante o primeiro ano de sua vida extra-uterina,cie cuidados especiais que se assemelhem s condies de vida anterior,quando o organismo materno ainda a protegia de todas as prejudiciaisinfluncias exteriores.

    A Psicologia Educacional distingue duas posies no estudo dos problemas da Infncia:

    concepo da criana como adulto em miniatura (homnculos); concepo da criana como centro e objetivo final de qualquer con

    siderao pedaggica (pedocntrica).

    A Pedagogia hodierna no aceita a criana como adulto em miniatura.Os educadores modernos smente aceitam a concepo pedocntrica.

    O Crescimento

    O organismo humano jamais deixa de crescer at chegar sua completa maturao. na infncia, entretanto, que o crescimento predomina,condicionando as demais funes do organismo. As modificaes oriundasdo crescimento so mais intensas e rpidas na infncia.

    Segundo Paul Godin, "o crescimento a transformao contnua que

    experimenta o corpo da criana em seu conjunto e em cada uma das suaspartes para tornar-se adulto." O crescimento absorve um tero da mdiahumana de vida.

    Normalmente, le se manifesta de maneira irregular acelerado, entremeado de momentos de parada ou de crescimento.

    Alguns autores, como Paul Godin, enunciaram leis de crescimento,cujo estudo deixamos de proceder aqui porque o consideramos excessivoaos objetivos a que nos propusemos neste trabalho. Recomendamos, entretanto, um estudo complementar, que se afigura bastante til ao professorde Educao Fsica, atuando nesta rea do desenvolvimento do educando.

    O estudo da fase da iniciao glssica tambm foi por ns omitido, sendovlida a recomendao acima apresentada.

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    As Necessidades da Criana

    Segundo Andr Rey, so as seguintes as necessidades da criana:

    a) Necessidade de Segurana.

    Necessidade de proteo contra os perigos, castigos, dores, enfermidades e solido.

    Necessidades de auto-afirmao e autovalorizao.

    O desenvolvimento adequado da criana depende da segurana interior, que resulta da "Liberdade do Medo", "Liberdade de Angstia" e da"Liberdade de qualquer forma de ansiedade".

    A criana para conquistar essa segurana necessita de amparo afetivo,carinho e ternura.

    b) Necessidade de captao ou gzo.

    Atravs de formas materiais, captao de alimentos e da propriedadee atravs de formas afetivas, captao de afetos, desejo de ser aprovado,aceito, louvado e servido.

    c) Tendncias ertico-sexuais.d) Necessidades de agressividade e de luta.e) Necessidade de Liberdade e de Autonomia.

    Vontade do poder, de ter independncia, de isolar-se, s vzes, devagabundear, de fazer gazeta.

    f) Necessidades construtivas e produtivas, imaginativas, intelectuaisou artsticas.

    A Psicologia do Jogo Infantil

    O jogo assume importncia capital na fase ldica da infncia.

    No nos deteremos aqui em estudar os diversos conceitos do jogo esuas principais teorias, visto que tal estudo faz parte da Psicologia e noda Didtica.

    Existem excelentes trabalhos sbre o assunto, como o do ProfessorInezil Penna Marinho, "Jogos Principais Teorias", e o do ProfessorHanns Ludwig Lippmam, da Faculdade de Filosofia Cincias e Letras daUniversidade do Estado da Guanabara, "A Fase Ldica da Infncia e aPsicologia do Jogo Infantil" (Unidade VI das smulas de aula de Psicologia Evolutiva).

    Dste modo, esquematizaremos, a seguir, apenas as teorias mais importantes, para facilitar as pesquisas sbre o assunto.

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    TEORIA

    Teoria do Descansoou do Recreio

    Teoria do Atavismoou da Recapitulao

    Teoria do Excessode Energia

    Teoria deExerccioPreparatrioou Prvio

    Teoria do ExerccioComplementar ouda Compensao

    Teoria Catrtica

    Teoria do JogoEstimulante

    AUTOR

    Guts Muths,Lazarus

    e Schaller

    GranvilleStanley Hall

    Spencere Schiller

    Karl Gross

    Konrad Lange

    Harvey A. Carr

    H. Carr

    RESUMO DA TEORIA

    0 jogo seria uma forma de recreio, com o objetivo de propor

    cionar descanso ao organismo eao esprito fatigados.

    Baseia-se na lei biogentica deHaeckel (a ontognese recapitu-la a filognese). Os jogos representariam atividades das geraes passadas, a criana recapi-tularia aos estdios da civilizao.

    A criana possuiria um excessode vitalidade e, por no ter atividades srias, as energias seriam acumuladas e ela procuraria o jogo como forma de equilbrio.

    0 jogo uma preparao paraa vida sria. Cada classe de animal utilizaria certos jogos que

    correspondem s atividades dosanimais adultos de sua espcie.

    A infncia existe "para" brincar.0 jogo teria por funo despertar tendncias que se encontrassem latentes no indivduo.

    A funo do jogo seria purgaro indivduo de tendncias anti-sociais, sexuais etc.

    O jogo produziria no organismo,entre outros estmulos, o necessrio ao crescimento dos rgos.O sistema nervoso seria beneficiado com o jogo, que lhe ofereceria os estmulos indispensveis ao exerccio e ao desenvolvimento das suas funes.

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    TEORIA

    Teoria Estrutural

    Teoria da derivaopela fico

    Teoria Hrmica

    Teoria daRecreao

    Teoria daRivalidade

    Teoria daNecessidadeBiolgica

    Teoria daTransfigurao

    Teoria do JogoInfantil

    AUTOR

    F. J. J.Buytendijk

    Claparde

    Taylor e (Curti

    Patrick

    Mc Douga11

    Appleton

    Inezil PenMarinho

    Jean Piag

    na

    et

    RESUMO DA TEORIA

    0 jogo representa uma adaptao incompleta que possui suas

    prprias leis, o que fica coerente consigo mesma no interior dadinmica infantil. "0 jogo existe porque existe uma infncia."

    0 jogo seria um fenmeno daderivao pela fico.

    A criana jogaria para se libertar dos conflitos e satisfazer arazes prprias.

    A criana jogaria para "recrear-se", isto , "criar-se novamente".

    O jogo existiria pela necessidade de satisfazer ao instinto derivalidade.

    O tipo de jogo determinadode um lado pela necessidade da

    criana, de outro pelo estdio doseu desenvolvimento orgnico.

    Pela Teoria da Transfigurao,o passado, o presente e o futuro estabelecem uma determinada ordem de evoluo nos jogosdas crianas, evoluo esta condicionada aos seus interesses,que, em ltima anlise, buscariam oportunidades para satis

    fazer ao instinto da transfigurao.

    O jogo seria "menos uma formaespecfica da conduta, do queantes uma polarizao da conduta geral, salvando-a entre asdemais formas de comportamento em trmos de assimilao e de acomodao".

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    O estudo da infncia se completaria com uma anlise da "psicologiada idade escolar", onde a Psicologia Evolutiva examinaria a observaoinfantil, a psicologia da mentira da criana e a sua inteligncia.

    ADOLESCNCIA

    H pouco mais de meio sculo, apenas, que os estudiosos de Psicologia Evolutiva passaram a admitir a existncia de uma fase especial, comcaractersticas prprias, entre a infncia e a idade adulta.

    Adolescentes no recreio.At ento, os fenmenos da adolescncia eram atribudos vida levada

    na infncia, ou confundidos com as formas de conduta da idade adulta.Abandonaram-se, hoje em dia,'as tentativas para delimitao crono

    lgica desta etapa do desenvolvimento., na verdade, um estgio evolutivo importante, embora, como vimos,

    os dinamismos fundamentais da personalidade j estejam definidos.Etimolgicamente, o trmo adolescncia vem de "adolescera", signifi

    cando a fase em que a gente cresce. a fase da busca da maturidade e da

    conquista da autonomia, em que o jovem descobre gradativamente o quadro completo de suas possibilidades e limitaes.

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    Todas as concluses acerca da Psicologia da Adolescncia assumemum carter temporrio e condicional, visto que, em cada caso, depende dosexo, dos fatres de ordem fsica, cultural, tnicos, climticos geogrficos,e, ainda, da situao scio-econmica do ambiente.

    A Adolescncia Segundo os Psiclogos

    Conforme a palavra de William Stern, a adolescncia sobretudo "apoca da descoberta dos valores e da diferenciao entre o valor do EU eos valores do mundo".

    A Adolescncia Para os Educadores

    Para os educadores, a adolescncia a "fase da realizao progressivada personalidade atravs da escolha da existncia".

    a fase da aprendizagem do uso apropriado da liberdade, quer sejapelo discernimento ("insight"), quer seja atravs de ensaios e erros.

    Este aprendizado s possvel, em grande parte, graas a acertadaao de educadores pacientes e compreensivos.

    a etapa que constitui um estgio de treinamento para as grandesopes da vida humana.

    Adolescncia, Puberdade e Juventude

    Modernamente, tem-se adotado o critrio estabelecido por MauriceDebesse, que atribui ao trmo adolescncia um significado genrico, ouutilizado quando se refere exclusivamente a dados psicolgicos. Destaforma, Puberdade emprega-se smente para assinalar aspectos biolgicosresultantes das modificaes fisiolgicas do processo de maturao. A palavra Juventude, por fim, utilizada, apenas, com referncia aos aspectossocioculturais.

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    Assim, dizemos "Juventude Transviada" e no "Puberdade Transvia-da"; "Movimento Cultural em Prol da Juventude" e no "em Prol daPuberdade".

    Em resumo:

    Adolescncia

    Puberdade

    Juventude

    usado com significao genrica ou referindo-se a dados psicolgicos

    usado para os aspectos biolgicos

    usado para os aspectos socioculturais

    Dificuldades Encontradas no Estudo da Adolescncia

    O estudo da adolescncia prejudicado por inmeros fatres, taiscomo:

    Falta de uma delimitao precisa das caractersticas especficasdesta fase evolutiva;

    Impossibilidade de haver uma verdadeira intimidade entre adolescentes e adultos devida timidez e desconfiana daqueles;

    A problemtica da "luta das geraes"; Amnsia da Juventude. As reminiscncias da adolescncia diluem-

    -se em nossa memria muito mais do que em outras etapas evolutivas.

    " A Hebelogia

    Os estudos sbre a adolescncia, segundo Maurice Debesse, constituema especializao da Hebelogia ou Hebeologia.

    Mtodos de investigaoOs principais mtodos de investigao da Hebelogia so:

    Recordaes da adolescncia evocadas por adultos; Questionrios, redaes e inquritos; Anamnese da adolescncia; Entrevistas; Testes sociomtrics; Testes projetivos;

    Anlise de cartas e dirios; Psicanlise etc.

    37

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    Manifestaes da Puberdade

    A puberdade marcada biolgicamente por manifestaes inconfundveis:

    Aumento de altura e de peso; Modificao da estrutura ssea; Modificaes na presso arterial; Modificaes no metabolismo basal; Aperfeioamento da coordenao motora; Variaes nas propores das diferentes partes do corpo; Funcionamento das glndulas sexuais; Crescimento dos rgos sexuais at as dimenses definitivas; Aparecimento dos caracteres sexuais secundrios.

    Influncia de Fatres da Esfera Social Sbre os Adolescentes

    Principais influncias que atuam sbre os adolescentes:

    O meio socioinstitucional influi grandemente sbre os adolescentes.Como exemplo, temos a ao da famlia, da escola, da Igreja e da comunidade que neles atuam considervelmente.

    As idias, ideologias e doutrinas constituem as principais influnciasdo meio sociocultural.

    A ao dos fatres da natureza um exemplo que podemos mencionar

    da influncia do meio fsico no adolescente.

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    Principais problemas dos adolescentes

    Apresentamos abaixo os problemas dos adolescentes segundo o catlogoelaborado por Ruth Stang, em "The Role of the Teacher in PersonnellWork", New York, Bureau Publications, Teacher College, Columbia University, 1953.

    a) Problemas de sade e de desenvolvimento fsico;b) Problemas escolares;c) Problemas econmicos;d) Problemas da esfera familiar;e) Problemas religiosos;f) Problemas morais e disciplinares;g) Dificuldades resultantes de problemas da personalidade do edu

    cando;h) Problemas sociais.

    O conhecimento da problemtica da adolescncia de capital importncia para o professor de Educao Fsica.Resta-nos, por fim, mencionar os objetivos evolutivos da adolescncia,

    e o fazemos valendo-nos do "esquema dos objetivos evolutivos da adolescncia" de Luella Cole:

    a) A conquista da maturidade emocional;b) A fixao de interesses heterossexuais;c) A conquista da maturidade social;d) A emancipao do controle do lar;

    e) A conquista da maturidade intelectual;f) A seleo de uma ocupao profissional;g) O uso adequado das horas de lazer;h) A aquisio de uma filosofia da vida.

    CONSIDERAES ACERCA DOS EXERCCIOS FSICOS PARACRIANAS E ADOLESCENTES

    Como dissemos, h nesta fase de crescimento um conjunto de transformaes corporais e psquicas, um intenso movimento hormonal e situaes biolgicas que obrigam o educador a ter maiores cuidados na indica

    o das atividades fsicas. Entre outras, vale citar:a) Evitar traumatismos justa-articulares pelo perigo de serem atingidas as cartilagens epifisrias numa fase em que acentuado ocrescimento sseo.

    b) Orientar os exerccios chamados miognicos, a fim de no levar oadolescente excessiva hipertrofia muscular, com prejuzo do crescimento sseo.

    c) Considerar a insegurana da coordenao neuromuscular, refletidana impreciso dos movimentos dos membros, a fim de indicar ostipos de atividades apropriadas, impedindo os exerccios que soli

    citem intensamente o sistema nervoso e as provas desportivas eminentemente tcnicas.

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    d) Com referncia ao apa re lho circulatrio , a adolescncia a pocaem que o volume e o peso do corao, em relao ao peso corporal,so os menores de tda a vida. H disparidade entre o crescimentodo corao e o calibre da rvore arterial, e o corao apresentaum estado de verdadeira dilatao fisiolgica, pelo fato de a tnicado miocrdio no acompanhar paralelamente o aumento do volu

    me do rgo base. Deve ser evitado o trabalho fsico intenso, delonga durao, pois que podero acarretar uma irrigao perifricadeficiente e prejudicial com todas as suas conseqncias. Evitar,tambm, as atividades de respirao retida, com bloqueio da caixatorcica, que exigem maior potncia de contrao do ventrculodireito para vencer a barreira pulmonar.

    e) Cons idera r que a adolescncia a fase anaplstica (P re ye r) . Hnecessidade de uma maior energia de crescimento, o que diminuir, evidentemente, a energia disponvel para as atividades suplementares dentro da equao geral que regula as trocas metablicas.

    En. Basal + En. de crescimento + En. disponvel = En. total.Como bvio, devem ser impugnadas as atividades que provoquemgrande dispndio energtico e com grande consumo e espoliao doarmazenamento protico.

    O DIMORFISMO SEXUAL DO EDUCANDO E SUAS INFLUNCIAS NAS PRTICAS FSICAS

    NA FECUNDAO

    Vrias teorias procuram explicar a razo de ser do sexo.A teoria mais aceita a Singmica, que admite que o sexo condicio

    nad o no mo ment o da fecundao, ou melhor, da anfimixia (fuso dos ga-metas). Dependeria, ento, da natureza dos cromossomos existentes nosgametas.

    Na mulher, o par de cromossomos sexuais apresenta dois cromossomosiguais: XX sua frmula 2(23) + X X.

    No homem, o par de cromossomos sexuais possui dois elementos diferentes: o cromossomo X e um outro menor denominado Y. Formam, ento, o pa r XY sua frmula 2 (23) + XY.

    Por ocasio da mitose redutora da maturao, o homem produz doistipos de espermatozides: um com o cromossomo X, outro com o cromossomo Y.

    Se o vulo fecundado pelo primeiro, forma-se um vo XX e o produto do sexo feminino.

    Se, ao contrrio, fecundado pelo portador de Y, forma-se um voXY e o produto do sexo masculino.

    At a stima semana de vida intra-uterina, embora o sexo j estejadefinido, no h ainda uma distino morfolgica do sexo. Existe apenasum esbo embrionrio composto de um tubrculo genital, um par de pre

    gas genitais, delimitando uma fenda ou abertura urogenital.

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    Gradativamente, verifica-se a ovulao para o lado masculino ou feminino. Se para o lado masculino, o tubrculo genital cresce, transformando-se no pnis, as pregas de cada lado se unem, formando os escrotosque envolvem os testculos; se a ovulao para o lado feminino, o tubrculo genital mantm-se atrofiado com o nome de clitris; a abertura

    urogenital divide-se para formar a uretra e a vagina e as pregas genitaistransformam-se nos lbios, que delimitam a vulva.

    POR OCASIO DO NASCIMENTO

    O indivduo ao nascer j apresenta diferenas evidentes no apenasna morfologia genital. Outras diferenas j se acentuam, tais como asdiferenas evidentes entre as mdias de peso e altura do recm-nascido.As do sexo masculino so maiores.

    DURANTE O CICLO VITAL

    Durante a evoluo, inmeras so as diferenas evidentes, cada vezmais acentuadas e caracterizadas.

    DIFERENAS NO APARELHO LOCOMOTOR

    (Sistema sseo, Muscular e Articular)

    Sistema sseo

    Trax mais curto e mais estreitoMembros superiores mais curtosDimetro biacromial menor que o bi-trocanteriano (menor envergadura)

    Regio l o m b a r da coluna ver tebralmaiorngulo sacrovertebral mais proeminente (condicionando maior propenso lordose)

    Cintura plvica quadris mais largos,dimetro bitrocanteriano maiorMembros inferiores mais curtos

    Conseqncias

    Menores possibilidadesnos arremessos

    Cuidados especiais nasindicaes dos exerccios

    Melhores condies deequilbrio maioresfacilidades nos exerccios

    na trave

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    Genu-valgum fisiolgico em virtude damaior largura da bacia e do dimetrobitrocanteriano provocando uma convergncia inferior dos fmures

    Sistema Muscular

    Os msculos na mulher constituem 36%do peso, no homem 42% do peso onde

    h mais massa, mais fora, mais ao.Menor fora manual

    Menor velocidade de contraoMenor tnus muscular

    Msculos abdominais e do perneo (soa-lho do abdmen)

    Panculo a d i p o s o mais desenvolvido(28,2% na mulher, contra 18,27o nohomem)

    Sistema Articular

    Ligamentos mais frgeis

    Menor rendimento e menor capacidade na marchae na corrida

    Conseqncias

    Menores possibilidades emalgumas provas atlticas

    Adaptao do peso, do disco e do dardo

    Resultados inferiores nasprovas atlticas (EleonorMetheny)

    Cuidados especiais na escolha dos exerccios, buscando uma hipertrofia semhipertonia

    Possibilidades mais prximas das do homem na natao

    Conseqncias

    Maior cuidado na escolhados exerccios e das modalidades

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    DIFERENAS NO SISTEMA NERVOSO

    Principais Diferenas

    Reaes psicomotoras diferentes das dohomem

    Comparao proporcional entre o pesodo cerebelo e o peso total do encfalo mulher com vantagem proporcional,pois o cerebelo o rgo coordenadordos movimentos voluntrios

    Conseqncias

    Predomnio da mulher nosexerccios de equilbrio

    (trave, alguns exercciosacrobticos etc.)

    DIFERENAS NO APARELHO CIRCULATRIO

    Principais Diferenas

    Orifcios cardacos menoresMenor peso e volume do coraoMenor volume sistlico (na mu lh er 45a 50 cc e no homem 75 a 80 cc)

    Conseqncias

    Maiores cuidados na escolha dos exerccios e na indicao de modalidadesdesportivasMenores possibilidades nos

    trabalhos fsicos

    ste estudo sbre o dimorfismo sexual e suas influncias nas prticasfsicas feito pelo Dr. Waldemar Areno a principal justificativa para anecessidade de indicar atividades fsicas diferentes ao sexo feminino. Oconhecimento do educando, tanto em seus aspectos gerais quanto em seus

    aspectos particulares uma das tnicas que orientam a moderna Didtica de Educao Fsica.

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    UNIDADE III

    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA

    REQUISITOS BSICOS DO PROFESSOR DE EDUCAO FSICA

    Cultura Geral Preparo Especializado em Educao Fsica e Habilitao Profissional Vocao Para o Magistrio de Educao Fsica Aptides Especficas Para o Trabalho Docente

    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA E O GRUPO PROFISSIONALPEDAGGICO

    Formao do Grupo Profissional Pedaggico O Fenmeno da Estratificao do Grupo Profissional Pedaggico O Professor de Educao Fsica e o Fenmeno da Estratificao

    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA E O FENMENO DALIDERANA

    Funes da Liderana

    Tipos de Lderes

    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA E A TICA PROFISSIONAL

    Conceito de tica A tica Profissional Relaes do Professor

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    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA

    A Didtica Tradicional considerava o professor como fator pessoalpreponderante no processo educativo. A Didtica Moderna, ao contrrio,considera o educando como centro de tda a obra educacional. O educadorpassa a atuar como elemento incentivador, orientador e controlador das

    atividades formativas e informativas dos alunos, auxiliando-os e esclare-cendo-os, programando as atividades e assessorando a respectiva execuo. substituio do professor pelo aluno, como centro do processo edu

    cativo, John Dewey chamou com propriedade de "revoluo coprnica",em Educao.

    John Dewey

    Esta nova posio, ao contrrio do que pode primeira vista parecer,passou a exigir dos mestres cada vez maiores responsabilidades. Assumeo educador importncia capital em qualquer sistema ou planejamentoeducacional, consideradas as suas responsabilidades para com o educandoe a sociedade.

    O professor especializado em Educao Fsica, autntico educador,considera antes de tudo a personalidade do aluno. Torna-se o elementode ligao entre a escola e a comunidade, desenvolvendo uma dinmicaentre esses grupos sociais.

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    REQUISITOS BSICOS DO PROFESSOR DE EDUCAO FSICA

    So em nmero de cinco os requisitos bsicos que deve possuir o docente especializado em Educao Fsica:

    stes cinco requisitos nem sempre se encontram num mesmo membrodo magistrio ou num candidato ao correspondente mister. bastantecomum encontrar indivduos que possuem vocao autntica sem que, noentanto, possuam as aptides especficas para o exerccio do magistrio.Outros indivduos h, tambm, que, embora possuidores de verdadeiravocao, com aptides especficas para a profisso e de bom preparoespecializado, carecem de aprecivel cultura geral, o que lhes dificulta a

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    perfeita comunicao com as crianas e adolescentes de hoje o muitasvezes lhes impede o pleno sucesso profissional.

    tese totalmente superada que o professor, mesmo o altamente especializado como o o de Educao Fsica, no necessita de slida culturageral. O autntico professor de Educao Fsica necessriamente um

    estudioso, leitor assduo, vido de novos conhecimentos, com entusiasmopelos mais recentes progressos de cultura, da cincia e das artes, jamaisse limitando aos estreitos quadros da especializao de sua formaoprofissional.

    Cumpre-nos, ainda, fazer meno aos indivduos que, embora dotadosde vocao inequvoca e possuidores de aptides especficas para o exerccio do magistrio altamente desenvolvidas, e que renem muitas vezesum nmero regular de informaes sbre Educao Fsica, no possuema habilitao profissional correspondente profisso. Formam estes indivduos, no campo da Educao Fsica, a legio dos "curiosos", como a

    dos "rbulas" na Advocacia e os "prticos" em Farmcia, Odontologia eAgronomia. Com a criao das escolas de Educao Fsica em nvel superior, no mais possvel admitir-se elementos "autodidatas" exercendo aprofisso sem a devida habilitao profissional. O impedimento do exerccio ilegal da profisso estimularia muitos dsses elementos a realizaremseus cursos regulares nas escolas superiores de Educao Fsica, paraobterem a indispensvel habilitao profissional.

    VOCAO PARA O MAGISTRIO DE EDUCAO FSICA

    Kerschensteiner, notvel pedagogo alemo, em seu livro "A Alma doEducador", afirma que "se existe alguma profisso que exija vocaoprofunda a do mestre e educador, e que deve ser mestre unicamenteaqule para quem esta profisso supe o cumprimento de seu desgnio".A atuao abnegada, as contrariedades surtas quando da busca do ideal,as ingratides sofridas, os baixos honorrios e o labor oculto e silenciosoexigem no mestre a existncia de uma verdadeira vocao.

    A vocao gera-se no cerne da personalidade do homem. Poderamosconceitu-la como: "a propenso fundamental do esprito, sua inclinao

    geral predominante para um determinado tipo de vida e de atividade, noqual encontrar plena satisfao e melhores possibilidades de auto-realizao".

    Ela revela-se atravs de um qudruplo aspecto: a personalidade doindivduo, seus interesses, suas atitudes em face dos valores e ideais dasociedade em que vive e a f no poder da Educao.

    A personalidade individual mais coerente com a vocao docentecaracteriza-se pelo temperamento ltero-cntrico, forte equilbrio emocional, bom ndice de inteligncia, boa dose de sociabilidade, facilidade decomunicao e, sobretudo, idealismo.

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    Os interesses individuais da verdadeira vocao para o magistriomanifestam-se pelas coisas do ensino, pela obra educativa, na aspiraode um contnuo aperfeioamento cultural, na atrao, simpatia e devoopor crianas e adolescentes, pelo desejo de auxilia-los em suas lutas, naresoluo de seus problemas e na consecuo de seus anseios, pelo interesse especfico do desenvolvimento total do educando, pelo estudo econhecimento dos objetivos da Educao Fsica na sociedade moderna.

    As atitudes do educador em face dos ideais e valores da sociedade emque vivemos, reavaliadas a cada passo luz dos novos estudos da Sociologia Educacional e da Filosofia da Educao, a f no poder da Educaode conduzir o homem para obter uma vida melhor e at mesmo a alcanara felicidade, fazem do verdadeiro professor de Educao Fsica um crenteno humanismo, um otimista em relao utilidade de seu prprio trabalho.

    APTIDES ESPECFICAS PARA O TRABALHO DOCENTE

    "As aptides especficas so atributos ou qualidades pessoais que exprimem certa disposio natural ou potencial para um determinado tipode atividade ou trabalho."

    Estes atributos da personalidade ou qualidades individuais quase sempre completam o quadro da vocao. A capacidade profissional do indivduo depende em grande parte da consonncia existente entre vocao eaptides especficas.

    As qualidades indispensveis ao professor de Educao Fsica resultam de uma soma de disposies psicofsicas, dentre as quais se destacam:

    sade e normalidade fsica;

    postura correta; voz audvel, firme, agradvel e convincente, dico perfeita;- domnio do vernculo linguagem fluente, simples e objetiva; boa viso e audio; gesticulao moderada; execuo regular; higidez mental; bom humor; inteligncia; boa memria; ateno; gosto pelas atividades fsicas; naturalidade e desembarao; imaginao, iniciativa, firmeza e perseverana; habilidade em criar e conservar boas relaes humanas com seus

    alunos.Os estudiosos da Didtica Hodierna concordam em que as aptides

    especficas acima mencionadas so as principais para os professres deEducao Fsica.

    Desenvolveremos, aqui, portanto, apenas argumentao sbre umadelas: a execuo.

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    A evoluo do conceito de Educao Fsica e a posio desta "prticaeducativa" nos currculos das escolas modernas tornaram ultrapassadaa velha tese de que o professor de Educao Fsica deve ser primordialmente um excelente executante, dando assim mais importncia ao domnio das habilidades fsicas. Atualmente, d-se mais importncia sua

    formao didtico-pedaggica, tornando-se, portanto, mais necessrio preparar o professor para que melhor possa compreender o educando, deforma a lidar melhor com seus discpulos (individualmente ou em grupo),e para que busque a formao integral do aluno e no apenas aspectos deseu desenvolvimento, como o fsico, por exemplo.

    Isto no significa que o docente abandone por completo o aspecto"execuo". Basta apenas que le seja capaz de demonstrar com correoas atividades, movimentaes ou exerccios que propuser a seus alunos.

    mais importante, luz da Pedagogia Moderna, que o professor sejamais um educador do que um exmio executante.

    PREPARO ESPECIALIZADO EM EDUCAO FSICA EHABILITAO PROFISSIONAL

    At a criao das Faculdades de Filosofia e das Escolas Superiores deEducao Fsica, todo o ensino mdio de nosso Pas estava confiado a autodidatas, alguns dos quais, diga-se com reverncia, autnticas revelaesde capacidade docente. A vocao e as aptides especficas para o magistrio, juntas ao esfro pessoal e ao estudo da especialidade, nelessupriam as lacunas oriundas da falta de uma formao sistemtica parao professorado.

    Entretanto, muitos concluem precipitadamente que um curso sistemtico de formao numa escola superior de Educao Fsica bastaria paratornar qualquer candidato num prottipo do professor ideal. Ora, o cursode licenciatura de Educao Fsica, que assegura preparo especializadoe a respectiva habilitao profissional, supe encontrar candidatos dotados dsses pr-requisitos da vocao, das aptides especficas e da culturageral, sem os quais qualquer formao profissional, por melhor que seja,se tornar infecunda.

    Ren Hubert, em seu "Trait de Pedagogie", exemplifica de formainsofismvel: "Um qumico pode limitar seu horizonte ao conhecimento

    da cincia qumica. Mas um professor de Qumica no pode fazer o mesmo: o que ste te m de ma ne ja r no so apen as provet as e alamb iques ,mas conscincias humanas em formao; a sua misso no a de formarqumicos, mas homens que conheam a Qumica."

    Assim, vemos quo importante conhecer bem a nossa especialidade Educao Fsica , mas tambm o conhecer o educando cujaaprendizagem vamos dirigir e as tcnicas mais apropriadas para bemorient-lo, atravs de esmerada e conscienciosa habilitao profissional.

    Quando a Didtica fala em habilitao profissional, quer referir-se "aotirocnio terico e prtico das disciplinas que compem o quadro da moderna Pedagogia".

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    As disciplinas pedaggicas comparar-se-iam estratgia e ttica,para o militar, s cincias fsicas e naturais, para o fsico, s cincias jurdicas e sociais, para o advogado.

    So elas que lhes garantem o domnio das tcnicas mais recomendadaspara a sua atuao prtica, que lhes asseguram a possibilidade de encon

    trar as solues para os problemas de nossa profisso, que desenvolvem otino profissional indispensvel ao bom xito do trabalho docente.Na habilitao profissional para o magistrio da Educao Fsica dis

    tinguimos trs aspectos: fundamentao pedaggica, onde o candidato desenvolveria um es

    tudo mais ou menos profundo de Filosofia da Educao, de SociologiaEducacional, de Histria da Educao Fsica, de Administrao Escolar,de Psicologia Educacional e de Psicologia Aplicada Educao Fsica;

    fundamentao em assuntos biomdicos, onde o candidato travariacontato com a Anatomia, a Fisiologia e Nutrio, a Cinesiologia, a Fisioterapia e a Traumatologia e os Socorros de Urgncia;

    habilitao tcnica, em que o aluno, j familiarizado com a problemtica educacional e com slidos conhecimentos de assuntos biomdicos, iniciado no domnio das tcnicas fundamentais da Ginstica e dosDesportos.

    Os princpios, as diretrizes, as normas e os critrios prticos deao, os programas, os mtodos e os procedimentos didticos so estudados,debatidos, experimentados e aplicados pelo aluno sob a orientao dosprofessres especializados, j habilitados. A Didtica Geral e a Didticade Educao Fsica tomam, ento, um papel de destaque at que surgea etapa derradeira da integrao do candidato na carreira do magistrio

    atravs da "prtica de ensino".A Educao Fsica passa, assim, do plano terico para o plano concretode problemas prticos e imediatos a serem resolvidos pela ao diretado candidato atravs de seu discernimento e de seus conhecimentos especficos.

    CULTURA GERAL

    A escola moderna coloca o professor de Educao Fsica frente a crianas e adolescentes que esto de posse, atravs dos mais diversos meios decomunicao televiso, cinema, rdio, revistas, jornais etc. , de um

    sem-nmero de informaes acerca das mais novas conquistas cientficas,culturais e artsticas. O mestre, nos seus dilogos com os jovens, muitasvezes interpelado sbre acontecimentos de repercusso nacional ou mundial. Faz-se necessrio, pois, que le se encontre preparado para satisfazer,ainda que em linhas gerais, a curiosidade e o interesse dos alunos.

    Com isso no se pretende que o professor seja capaz de dar profundasexplicaes sbre, por exemplo, astronutica, fsica nuclear, op-art. polticainternacional, obra de Bach ou mesmo que mencione de cor todos os maisrecentes recordes mundiais das diferentes modalidades, mas sim que, pelomenos, seus conhecimentos, mais aprofundados dos que os dos jovens, lhepermitam dialogar com estes sbre um tema proposto.

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    O trato com os professres das demais "disciplinas" ou "prticas educativas" envolve, tambm, um sem-nmero de conhecimentos que fogemao quadro limitado de nossa especializao. Nas reunies com a direoou coordenao dos estabelecimentos de ensino, nas sesses das congregaes, nos simples intervalos das aulas, o docente de Educao Fsicae, vrias vezes, instado a manifestar opinies que envolvem informaesno especializadas, isto , ligadas a problemas da cultura e da educao. necessrio, portanto, que le possua uma boa cultura geral, o que evitar, por certo, um fatal bloqueio naquelas comunicaes.

    Uma frgil cultura geral dificulta ou, at mesmo, impede o xitoprofissional do professor de Educao Fsica.

    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA E O GRUPO PROFISSIONALPEDAGGICO

    FORMAO DO GRUPO PROFISSIONAL PEDAGGICO

    A educao um fenmeno social produzido e encontrado em todasas sociedades humanas. uma funo essencial da vida comunitriaInconsciente e involuntria entre os povos primitivos, torna-se, porm,consciente, intencional e sistemtica nas altas civilizaes, que desenvolvem e aperfeioam essa educao fundamental, atravs de escolas e instituies similares.

    Os sistemas escolares, a escola e os mestres apenas desenvolvem, apri

    moram e enriquecem aquela educao original, inconsciente e involuntria.A educao, ensina Durkhein, , em ltima anlise, a ao exercida

    pelas geraes adultas sbre as geraes que ainda no se encontram preparadas para a vida social, com objetivo de nestas ltimas desenvolvercerto nmero de estados fsicos, intelectuais e morais reclamados pelasociedade ou meio a que particularmente se destinem.

    A tarefa educativa, a princpio funo exclusiva da famlia, fixou-sedepois no grupo religioso. O sacerdote, intrprete das coisas sagradas, repositrio das lendas e tradies do grupo, compilador dos ritos e dos cnticos da grei, desprendido inteiramente das coisas materiais, reclamou

    para si a tarefa de primeiro preceptor. Assim foi na antigidade entre osegpcios, caldeus e hindus.

    Na Idade Mdia, o ensino permaneceu em poder do grupo religioso,nessa poca apresentando uma orientao nitidamente crist.

    Smente na Idade Moderna, com a aplicao dos princpios da racionalizao do trabalho e a especializao de funes, que a educaocomeou a concentrar-se progressivamente num grupo profissional distinto, o grupo profissional pedaggico. ste constitui uma das formaesque tiveram origem e se desenvolveram dentro do grupo dos intelectuais,distinguindo-se, entretanto, dos demais grupos desta categoria social.

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    O grupo dos intelectuais, segundo Alfred Weber, uma ''formaoacima e fora das classes, caracterizando-se pela sua funo social no sde produo, de crtica e de aperfeioamento, mas de organizao, transmisso e circulao de bens e valores espirituais, que constituem a herana social de uma sociedade ou civilizao determinada". ste grupo noconstitui nem uma corporao nem uma classe, mas sim uma formaosocial de carter ocupacional. um grupo aberto e em permanente renovao, podendo organizar-se com elementos de todas as classes com a trplice funo social de criar, julgar e transmitir valores e ideais de determinada sociedade.

    Os educadores, responsveis pela transmisso dsses valores e ideaisatravs da palavra e do exemplo, ocupam, sem dvida, o pice da hierarquia dentro da categoria dos intelectuais.

    O FENMENO DA ESTRATIFICAO DO GRUPO PROFISSIONALPEDAGGICO

    Os princpios da diviso do trabalho e a crescente complexidade dossistemas escolares determinam uma especializao no prprio grupo profissional pedaggico. Surgem, portanto, subgrupos com suas caractersticas e peculiaridades prprias, de acordo com os nveis, graus ou especialidades do ensino.

    Os interesses particulares de cada subgrupo e a falta de unidade dogrupo profissional pedaggico fazem com que os profissionais especiali

    zados se organizem em associaes de mb ito res tri to (associao dos professres primrios, dos professres secundrios, dos professres de Educao Fsica, por exemplo).

    O crescimento quantitativo do grupo, a distribuio hierrquica deseus elementos, de acordo com os nveis ou graus de ensino, e a organizao racional do trabalho no campo da educao vm dando origem aofenmeno de estratificao (formao de camad as) do grupo profissionalpedaggico.

    Segundo Sorokin, a estratificao manifesta-se de duas formas fundamentais, a saber:

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    estratificao interprofissional, na forma de uma hierarquia entreos diferentes grupos profissionais;

    estratificao intraprofissional, ocorrida dentro de cada grupo pro-fissional.

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    Pode-se det erm ina r, atr avs de diferentes processos de avaliao (inquritos, dados estatsticos, questionrios etc), a posio que o grupoprofissional pedaggico ocupa em relao ao grupo dos intelectuais ou aoutros grupos: industririos, engenheiros, comercirios, bancrios e outros(estratificao interprofissional).

    possvel, tambm, realizar estudos sbre estratificao intrapro-fissional, determinando-se a posio dos subgrupos, as diferenas de honorrios etc.

    A maioria dos problemas decorrentes dos processos de estratificaono foi ainda solucionada nem ao menos suficientemente examinada.

    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA E O FENMENO DAESTRATIFICAO

    O conhecimento dessas formas de estratificao importante paraque o professor de Educao Fsica possa compreender a problemticaque envolve o grupo profissional especializado a que le pertence.

    O estudo da estratificao interna do grupo profissional pedaggicodeterminada pelas diferenas de nvel de preparao profissional, de honorrios, de vantagens e regalias, as formas de inter-relacionamento entreos diferentes grupos ou categorias de professres, possibilita aos mestresmelhor interpretao de tda esta problemtica.

    O professor de Educao Fsica julga-se, muitas vezes, preterido oumesmo vtima de discriminao pessoal, quando o seu subgrupo quese encontra envolvido por um dos mais interessantes fenmenos estudados pela Sociologia Educacional.

    Evidencia-se claramente, hoje em dia, a superposio dos subgruposcujos elementos do mais nfase instruo sbre aqules cujos membrosse preocupam mais com a educao, fruto, talvez, do domnio que acincia e a tecnologia exercem sbre a vida moderna.

    A educao v-se, assim, relegada a um plano secundrio pela maiornfase dada instruo. Mas necessrio ressaltar-se que educao no apenas instruo.

    Perde desta forma o professor, repetidamente, a conscincia da obratotal da educao, limitando-se a atender, apenas, a aspectos ligados suaespecialidade.

    O professor de Educao Fsica deve considerar que a especializaoexcessiva tende a deformar o homem e que a rotina diria estreita constantemente a viso de conjunto que devemos ter acerca da obra educativa,e procurar, portanto, meios para combater e superar estes problemasinerentes ao magistrio.

    No grupo profissional pedaggico distingue-se nitidamente a superposio de subgrupos em que mais acentuada a exigncia intelectual sbreaqules em que esta parece menos marcante. Como exemplo, temos a formao de subgrupos dos professres de Fsica, Qumica, Matemtica, Histria, superpondo-se aos de Educao Fsica, Educao Musical, EducaoDomstica e outros.

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    Considera-se, hoje em dia, como exigncia tica imperiosa a recons-tituio e a reunificao do grupo profissional pedaggico, atualmente disperso e fragmentado num sem-nmero de subgrupos.

    Otto Wilmann prope que a "unificao da corporao profissional"seja concretizada atravs de uma vasta organizao que congregue todo

    o magistrio dos diferentes graus, pblico ou privado. Esta associaoprocuraria fazer com que seus filiados voltassem a ter uma "viso de con junto" de tda a obra educativa, ampliasse-lhes a formao alm dosestreitos quadros de suas especialidades, ao mesmo tempo que facilitassea compreenso da tarefa que cabe individualmente a cada membro domagistrio.

    A reforma universitria a ser executada no Brasil contribuir bastante para a eliminao daqueles processos de estratificao, ou pelo menos os atenuar graas criao dos institutos ou departamentos deeducao, dentro das universidades, faculdades ou escolas isoladas. Os futuros mestres tero, a partir da, uma formao bsica comum no que

    diz respeito aos problemas educacionais a par de suas especialidades.Ns, professres de Educao Fsica, devemos rejubilar-nos com essa

    medida, que possibilitar aos futuros mestres adquirir mais slidos conhecimentos pedaggicos e obter mais fcil integrao com os demais membros do grupo profissional pedaggico.

    O PROFESSOR DE EDUCAO FSICA E O FENMENO DA LIDERANA

    A liderana um fenmeno social dinmico imposto pela situao

    social do momento. A famlia, a igreja, a escola, a sociedade poltica eoutros grupos sociais condicionam diferentes tipos de liderana. Surge,assim, um sem-nmero de tipos distintos de lderes. Desta forma, aqulefenmeno pode-se concretizar tanto no chefe de uma "Gang" como nummembro do corpo diplomtico, ou num professor.

    O lder s pode ser compreendido e interpretado como entidade dinmica, como parte dirigente do grupo social, enfim, como "precipitado"social, no sendo, de forma alguma,