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22 - 24 Abril 2012 Tivoli Marina Vilamoura Jornal do 22 Abril de 2012 Um Congresso de alegria e de esperança num futuro melhor Prof. Doutor Lino Gonçalves Página 3 Bem-vindos ao XXXIII Congresso Português de Cardiologia Prof. Doutor Mário G. Lopes Página 3 Controvérsias no tratamento da insuficiência mitral Prof. Doutor Miguel Sousa Uva Página 4 Terapêutica percutânea na IM: uma técnica em expansão Dr. José Suarez Lezo Página 4 Registos contínuos da SPC em destaque nas Hotlines Dr. Manuel de Sousa Almeida e Dr. Jorge Mimoso Página 5 Tratamento da FA: quais as novas intervenções baseadas em evidências Prof. Doutor Mário Martins Oliveira Página 5 www.jasfarma.com Com a garantia www.spc.pt/spc/CongressoXXXIII www.facebook.com/spcardiologia De regresso a Vilamoura, abrem-se as portas ao XXXIII Congresso Português de Cardiologia. Sob o lema «Reunir em equipa para proteger e tratar o coração», o programa científico deste ano espelha não só a escolha da Comissão Científica, mas também, pela primeira vez, a de todos os sócios da SPC. Após um ano de trabalho em equipa, estão reunidas todas as condições para mais uma reunião de excelência! Heart Team – iatrogenia em Medicina Cardiovascular Dr. Severo Torres Página 6 Cardiopatias congénitas Dr.ª Maria de Fátima F. Pinto Página 6 Jovens cardiologistas contribuem para a qualidade científica do CPC Dr. Francisco Moscoso Costa Página 7

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Page 1: 22 Abril de 2012 Jornal do - tecnovisao.com · O TTPA fornece uma indicação aproximada da intensidade da anticoagulação ... centes avanços na investigação ... Apesar das óbvias

22 - 24 Abril 2012Tivoli Marina Vilamoura

Jornal do22 Abril de 2012

Um Congresso de alegria e de esperança num futuro melhorProf. Doutor Lino GonçalvesPágina 3

Bem-vindos ao XXXIII Congresso Português de CardiologiaProf. Doutor Mário G. LopesPágina 3

Controvérsias no tratamento da insufi ciência mitralProf. Doutor Miguel Sousa UvaPágina 4

Terapêutica percutânea na IM: uma técnica em expansãoDr. José Suarez LezoPágina 4

Registos contínuos da SPC em destaque nas HotlinesDr. Manuel de Sousa Almeida e Dr. Jorge MimosoPágina 5

Tratamento da FA: quais as novas intervenções baseadas em evidênciasProf. Doutor Mário Martins OliveiraPágina 5

www.jasfarma.com

Com a garantia

www.spc.pt/spc/CongressoXXXIII • www.facebook.com/spcardiologia

De regresso a Vilamoura, abrem-se as portas ao XXXIII Congresso Português de Cardiologia. Sob o lema «Reunir em equipa para proteger

e tratar o coração», o programa científi co deste ano espelha não só a escolha da Comissão Científi ca, mas também, pela primeira vez, a de todos os sócios da SPC. Após um ano de trabalho em equipa, estão reunidas todas as condições para mais uma reunião de excelência!

Heart Team – iatrogenia em Medicina CardiovascularDr. Severo Torres Página 6

Cardiopatias congénitasDr.ª Maria de Fátima F. PintoPágina 6

Jovens cardiologistas contribuem para a qualidade científi ca do CPCDr. Francisco Moscoso CostaPágina 7

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Em caso de intervenção aguda: a cirurgia / intervenção deve ser adiada até, pelo menos, 12 horas após a última dose. Se a cirurgia não poder ser adiada o risco de hemorragia pode estar aumentado. Anestesia espinal/anestesia epidural/punção lombar: após remoção de um cateter, esperar pelo menos 2 horas antes da administração do dabigatrano. Doentes após-cirúrgia com risco aumentado de hemorragia e Doentes com elevado risco de mortalidade cirúrgica e factores de risco para acontecimentos tromboembólicos: precaução. Cirurgia por fractura da anca: não recomendado. Enfarte do Miocárdio: o risco é mais elevado em: enfarte de miocárdio prévio; idade ≥ 65 anos + diabetes ou doença arterial coronária; fracção de ejecção ventricular esquerda <  40  %; compromisso renal moderado; tratamento com AAS + clopidogrel ou só clopidogrel. Corantes: amarelo-sol: pode causar reacções alérgicas. Interacções medicamentosas e outras formas de

interacção: Anticoagulantes e antiagregantes plaquetários:o tratamento concomitante com HNF, HBPM e derivados da heparina, trombolíticos, antagonistas dos receptores GPIIb/IIIa, ticlopidina, prasugrel, dextrano, sulfimpirazona, rivaroxabano, AVK, clopidogrel e AINE pode aumentar o risco de hemorragia. Interacções relacionadas com o perfil metabólico do dabigatrano: não é metabolizado pelo citocromo P450; não são esperadas interacções medicamentosas. Inibidores da gp-P: aadministração concomitante com fortes inibidores da gp-P (amiodarona, verapamilo, quinidina, cetoconazol e claritromicina) pode aumentar as concentrações plasmáticas de dabigatrano. É recomendada monitorização clínica rigorosa. A co-administração com posaconazol ou dronedarona é não é recomendada. Indutores da gp-P: evitar a administração concomitante com indutores da gp-P (rifampicina, hipericão, carbamazepina ou fenitoína): pode haver diminuição das concentrações de dabigatrano. Outros fármacos que afectam a gp-P: inibidores da protease, incluindo o ritonavir, não são recomendados para tratamento concomitante. Efeitos indesejáveis: As reacções adversas mais frequentemente notificadas foram hemorragias. Frequente: anemia, epistaxe, hemorragia gastrointestinal, dor abdominal, diarreia, dispesia, náusea, alteração da função hepática / alteração dos testes da função hepática. Pouco frequente: diminuição da hemoglobina, trombocitopenia, hipersensibilidade ao fármaco, erupção cutânea, prurido, hemorragia intracraniana, hematoma, hemorragia, hemoptise, hemorragia rectal, hemorragia hemorroidal, úlcera gastrointestinal, gastroesofagite, doença do refluxo gastroesofágico, vómitos, disfagia, aumento da alanina aminotransferase, aumento da aspartato aminotransferase, hemorragia cutânea, hemorragia genito-urinária, hematúria, hemorragia no local de incisão. Raro: diminuição do hematócrito, urticária, aumento das enzimas hepáticas, hiperbilirrubinémia, hemartroses, hemorragia no local de injecção, hemorragia no local de inserção do cateter. Muito raro (< 1/10000)/ Desconhecido: broncospasmo. Fevereiro 2012

PRADAXA 110 mg e 150 mg cápsulas. Cada cápsula contém 110 mg dabigatrano + 3 mcg amarelo-sol ou 150 mg dabigatrano + 4 mcg amarelo-sol. Indicações: Prevenção do AVC e embolismo sistémico em doentes adultos com fibrilhação auricular não-valvular com um ou mais dos seguintes factores de risco: AVC, AIT ou embolismo sistémico prévios; fracção de ejecção ventricular esquerda < 40 %; insuficiência cardíaca sintomática ≥ Classe 2 da NYHA; idade ≥ 75 anos; idade ≥ 65 anos associada a uma das seguintes condições: diabetes mellitus, doença arterial coronária, ou hipertensão. Posologia e modo de administração: Dose recomendada: 300 mg (1 cápsula 150 mg/ 2xdia). Doentes com idade entre 75-80 anos: 300 mg (1 cápsula 150 mg/ 2xdia); nos casos em que o risco de tromboembolismo é baixo e o risco de hemorragia é elevado, de acordo com o critério médico, pode ser considerada uma dose de 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Doentes com ≥ 80 anos: 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Uma vez que o compromisso renal pode ser frequente nos idosos (> 75 anos), a função renal deve ser avaliada, tal como descrito na secção abaixo mencionada “Compromisso renal”. Doentes com risco aumentado de hemorragia: os ajustes posológicos devem ser definidos, de acordo com o critério do médico, após avaliação do potencial benefício e risco para cada doente. Quando é identificada excessiva exposição ao dabigatrano em doentes com risco aumentado de hemorragia, a dose recomendada é 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Nos indivíduos com gastrite, esofagite ou refluxo gastroesofágico, devido ao elevado risco de hemorragia gastrointestinal major, pode ser considerada uma dose de 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Utilização concomitantemente de Pradaxa com verapamilo: 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Compromisso renal: Grave – contraindicado; Moderado - 300 mg (1 cápsula 150 mg/ 2xdia); no entanto, nos doentes com elevado risco de hemorragia, deve ser considerada uma redução da dose para 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia); Ligeiro - 300 mg (1 cápsula 150 mg/ 2xdia). Nos doentes com compromisso renal é recomendada monitorização clínica rigorosa. A função renal deve ser avaliada, através do cálculo da CLCr, antes do início do tratamento, de modo a excluir os doentes com compromisso renal grave (CLCr < 30 ml/min), e durante o tratamento, pelo menos uma vez por ano, ou mais frequentemente, se necessário, nas situações clínicas em que exista suspeita de que a função renal possa diminuir ou deteriorar-se (hipovolemia, desidratação, e determinadas medicações concomitantes, etc.). Substituição de Pradaxa por anticoagulantes por via parentérica: recomenda-se um tempo de espera de 12h após a última dose. Substituição de anticoagulantes por via parentérica por Pradaxa: iniciar o dabigatrano 0-2h antes da hora de administração da próxima dose da terapêutica que está a ser substituída, ou na altura em que esta terapêutica é suspensa, nos casos de tratamento continuo (ex.: HNF via intravenosa). Substituição de Pradaxa por antagonistas da Vitamina K (AVK): ajustar o tempo de início de AVK com base na CLCr: CLCr ≥ 50 ml/min, iniciar AVK 3 dias antes da descontinuação do dabigatrano; CLCr ≥ 30< 50 ml/min, iniciar AVK 2 dias antes da descontinuação do dabigatrano. Substituição de AVK por Pradaxa: interromper o AVK. O dabigatrano pode ser administrado assim que o INR for < 2.0. Cardioversão: o dabigatrano pode ser descontinuado durante a cardioversão. População pediátrica: não recomendado <18 anos. Contra-indicações: Hipersensibilidade à substância activa ou excipientes. Compromisso renal grave (CLCr < 30 ml/min). Hemorragia activa clinicamentesignificativa. Lesões orgânicas em risco de hemorragia. Perturbação espontânea ou farmacológica da hemostase. Afecção hepática ou doença hepática com previsível impacto na sobrevivência. Tratamento concomitante com cetoconazol sistémico, ciclosporina, itraconazol e tacrolímus. Advertências e precauções especiais: Afecção hepática: não recomendado em doentes com aumento das enzimas hepáticas > 2 LSN. Risco hemorrágico: precaução em situações em que o risco de hemorragia possa estar aumentado (Idade ≥ 75 anos; Compromisso renal moderado; Co-medicação com inibidores da gp-P; Tratamento com AAS, AINE, clopidogrel; Alterações da coagulação; Trombocitopenia ou alterações funcionais das plaquetas; Doença gastrointestinal ulcerativa activa; Hemorragia gastrointestinal recente; Biopsia ou trauma grave recente; Hemorragia intracraniana recente; Cirurgia cerebral, espinal ou oftálmica, Endocardite bacteriana). É recomendada monitorização clínica rigorosa. O TTPA fornece uma indicação aproximada da intensidade da anticoagulação obtida com dabigatrano. Em doentes com hemorragia ou em risco de hemorragia, o teste de TTPA pode ser útil na detecção de um excesso de actividade anticoagulante. No entanto, tem sensibilidade limitada e não é adequado para a quantificação precisa do efeito anticoagulante, especialmente em presença de altas concentrações plasmáticas de dabigatrano. Valores elevados de TTPA devem ser interpretados com precaução. Se necessário, devem ser realizados testes quantitativos mais sensíveis, tais como o teste calibrado do Tempo de Trombina diluído (TTd). Indutores da gp-P: evitar a administração concomitante com indutores da gp-P (rifampicina, hipericão, carbamazepina ou fenitoína). Cirurgia e intervenções: intervenções cirúrgicas podem requerer a interrupção temporária do dabigatrano. Regras de interrupção antes de intervenções invasivas ou cirúrgicas:

Data da última revisão Fevereiro 2012Medicamento sujeito a receita médica.Para mais informações deverá contactar o Representante do Titular da AIM: Boehringer Ingelheim, Lda. Av. de Pádua, nº 11, 1800-294 Lisboat

Pradaxa 110mg 10 caps

Pradaxa 110mg 60 caps

Utente

R. GERAL(69%)

Sem comparticipação

R. ESPECIAL(84%)

5.90€

31.11€

P.V.P

19.04€

100.35€

Utente

3.05€

16.06€

Pradaxa 150mg/ 10 caps

Pradaxa 150mg/ 60 caps

19.04€

100.35€

Função renal(ClCr: ml/min)

≥ 80≥ 50-< 80≥ 30-< 50

Semi-vida(horas)

~ 13~ 15~ 18

Elevado risco de hemorragia ou cirurgia major

2 dias antes2-3 dias antes4 dias antes

Risco normal

24 horas antes1-2 dias antes

2-3 dias antes (> 48 horas)

C

M

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CM

MY

CY

CMY

K

AF anuncio 285x405.pdf 1 3/5/12 1:04 PM

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322 Abril de 2012

Jornal do

Em nome da Direção da Sociedade Por-tuguesa de Cardiologia, quero dar-vos as boas-vindas ao nosso Congresso anual. O Prof. Lino Gonçalves e a sua equipa cons-truíram uma excelente reunião, onde tere-mos a possibilidade de conhecer os mais re-centes avanços na investigação científica em Medicina Cardiovascular e rever, atualizan-do, os conhecimentos em Cardiologia, com uma ênfase particular nas normas de orien-tação clínica que cada vez mais fazem parte da nossa prática do dia-a-dia. Como tem sido habitual, as sessões simultâneas ocupam até nove salas, o que nos permitirá uma alarga-da possibilidade de escolha do tema e do tipo de sessão a que queremos assistir.

No XXXIII Congresso Português de Car-diologia, continuamos a desenvolver as apli-

cações informáticas que nos permitem dar uma nova dimensão ao nosso Congresso, conforme é descrito na saudação do Prof. Lino Gonçalves. O que foi possível realizar em termos de inovação é notável e quero agradecer-lhe (e à sua equipa) esse traba-lho de grande impacto comunicacional. Pela primeira vez, teremos a transmissão em di-reto pela net de algumas sessões (como os simpósios com os nossos colegas brasilei-ros), o que permitirá, a quem não possa es-tar connosco na sala, receber a sessão em linha em qualquer parte do mundo lusofóno que tenha acesso a uma ligação web.

Neste Congresso, anunciaremos a pró-xima introdução das condições técnicas para gravar e disponibilizar apresenta-ções digitais utilizando o sistema Educast

da Fundação para a Computação Cientí-fica Nacional (FCCN), o que irá permitir o acesso a material de formação ou de atua-lização científica em qualquer local ou mo-mento e de acordo com a disponibilidade e interesse dos nossos sócios. Estas tecno-logias irão permitir que o Congresso Por-tuguês de Cardiologia não se esgote nos 3 dias de convívio, que irá decorrer de 22 a 24 de abril de 2012, mas desenvolveremos o novo conceito do Congresso Português de Cardiologia durante 365 dias do ano.

Apesar das óbvias vantagens das novas Tecnologias de Informação e Comunicação, o encontro pessoal entre os nossos sócios e res-tantes participantes é uma pedra fundamen-tal do nosso XXXIII Congresso Português de Cardiologia. Foi por essa razão que quisemos

voltar ao espaço mágico que constitui o mi-crocosmo de Vilamoura. Desejamos que esta confraternização entre cada um de nós e com todos nós seja compensadora para todos.

Não quero terminar sem realçar o papel chave da Indústria Farmacêutica, de Equipamentos e de Dispositivos para atingirmos completamente os múltiplos objetivos do nosso Congresso anual. Para todos os que participaram, aqui vão os meus agradecimentos.

Termino desejando-vos um excelente Congresso, que cumpra todas as vossas ex-pectativas em termos científicos e de convívio.

Nota: Este artigo foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Prof. Doutor Mário G. Lopes

Bem-vindos ao XXXIII CongressoPortuguês de Cardiologia

Presidente da Direção da SPC 2011/13

O Congresso da Sociedade Portuguesa de Cardiologia é o maior evento de educação médica continuada na área da Medicina Car-diovascular que se realiza anualmente em Portugal. Por esse motivo, é de importância fundamental que a educação médica que nele é oferecida seja de elevada qualidade e com a indispensável actualidade, sempre com os olhos postos no futuro, permitindo assim, no final, um melhor tratamento dos doentes cardiovasculares, em Portugal.

Prova dessa elevada qualidade cientí-fica e pedagógica é a acreditação da EBAC que, mais uma vez, foi conseguida com 18 créditos. Este sucesso só foi possível gra-ças ao apoio de uma Comissão Científica empenhada, assessorada pelos Grupos de Estudo e pelas Associações Especia-lizadas da SPC, conjuntamente com uma iniciativa inovadora e bem-sucedida de auscultação directa aos sócios da SPC.

Hoje em dia, é impossível realizar um trabalho de elevada qualidade sem se tra-balhar numa equipa multidisciplinar. Por este motivo, sob o tema «Trabalhar em equipa para tratar e proteger o coração», iremos abordar, neste Congresso, varia-dos temas da Medicina Cardiovascular. As relações com a Cardiologia Europeia,

Americana e dos países lusófonos me-receram um cuidado especial. Por outro lado, tentou-se manter e, se possível ain-da, melhorar as excelentes relações já existentes com outras áreas do conheci-mento médico que fazem fronteira ou se sobrepõem à Cardiologia.

Temos consciência da grave cri-se económica e financeira que o País atravessa. Não olhámos, no entanto, para esta situação com espírito de derrota antecipada. Pelo contrário, olhámos para ela como um desafio estimulante para sermos mais inteligentes, para sermos mais imaginativos, para sermos mais res-ponsáveis e para sermos mais esforçados, de forma a que, no final, este Congresso continue a ser o grande Congresso que sempre foi. Construímos, ao longo deste último ano, uma relação sã, transparente e objectiva com a Indústria Farmacêutica e de Equipamento Médico, num espírito de respeito mútuo e de franca colaboração.

Pelos motivos atrás explanados, este Congresso deverá necessariamente tam-bém ser um Congresso de alegria e de es-perança num futuro melhor, que nós tanto precisamos, desejamos e certamente me-recemos. Isso será sentido ao longo do Con-

gresso. É também nestes momentos difíceis que é particularmente importante sermos solidários com aqueles que mais precisam e, com esse objectivo em mente, foi criado um jantar humanitário para apoiar duas as-sociações de pais com filhos com trissomia 21. Por esse motivo, este jantar humanitário será denominado «Jantar Olhar 21».

A prevenção cardiovascular terá tam-bém um momento próprio com a realiza-ção da tradicional maratona/caminhada e com a realização de um jogo de futebol associado à distribuição de T-shirts do «AEIOU» da prevenção cardiovascular.

Este Congresso irá ter vários aspectos inovadores, como sejam os cartazes elec-trónicos, o fórum de discussão electrónico dos trabalhos originais, a simulação bio-médica, a transmissão online em direc-to e em diferido de numerosas sessões, inclusivamente com a transmissão em directo para o Brasil dos dois Simpósios Luso-Brasileiros, bem como uma presen-ça regular no Facebook e no Twitter.

Como já se aperceberam, do que atrás foi dito, a Comissão Científica do XXXIII Congresso Português de Cardiologia teve sempre os seus objectivos bem definidos

e adequados à realidade. Iremos ver, em breve, o resultado deste grande trabalho em equipa. O apoio da Direcção da SPC foi, desde o primeiro momento, fundamental.

A participação de todos os sócios foi vi-tal na elaboração de propostas, no número recorde de peritos para avaliar os resumos, na apresentação de temas, na moderação de mesas-redondas, nas conferências, no elevado número de comunicações orais e cartazes submetidos, bem como em mui-tas outras tarefas indispensáveis para a realização deste grande Congresso.

Fomos ouvintes atentos das vossas pa-lavras sábias. Todas elas foram levadas em conta. Por isso, foram criadas, entre outras iniciativas, uma Invasive village, um centro de simulação biomédica, bem como um am-biente mais propício ao trabalho de todos.

Por outras palavras, este é seguramente o vosso Congresso, o Congresso da Socie-dade Portuguesa de Cardiologia. Estivemos, neste último ano, aqui para vos servir e para servir a Sociedade Portuguesa de Cardiolo-gia, como uma equipa trabalhadora, coor-denada e eficiente. Bem-vindos, pois, a Vila-moura e ao vosso Congresso. O Congresso da Sociedade Portuguesa de Cardiologia!

Prof. Doutor Lino Gonçalves

Um Congresso de alegriae de esperança num futuro melhor

Presidente do XXXIII Congresso Português de Cardiologia

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4

A sessão, que contará com as interven-ções do Dr. Mário Jorge Amorim, do Prof. Doutor Miguel Sousa Uva, do Prof. Doutor Rafael Garcia Fuster e do Dr. José Suarez de Lezo, centrar-se-á em quatro questões com que os especialistas se confrontam no tratamento da IM: «Quando operar o doente assintomático?», «Na IM, quando é que a substituição valvular é defensá-vel», «Limites da cirurgia na insuficiência mitral funcional» e «Quando estão indica-das as terapêuticas percutâneas».

Segundo o Prof. Doutor Miguel Sousa Uva, cirurgião cardíaco no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, «a cirurgia é o “gold standard” no tratamento da IM severa». Neste sentido, explica, «há critérios ecocardiográfi-cos que estão bem definidos nas guidelines para classificar a IM severa, nomeadamente um orifício regurgitante efectivo, o volume de regurgitação e as consequências da IM ao nível das dimensões do ventrículo esquerdo (VE) – numa IM severa o volume aumenta».

Uma das questões que será abordada pelo Dr. Jorge Amorim, da SPC, é saber qual

é o melhor momento para operar. Segundo o Prof. Doutor Miguel Sousa Uva, há dois er-ros a evitar: operar cedo ou tarde demais. «Quando o doente está assintomático temos de nos basear no impacto que a IM tem nas alterações no volume do VE», indica.

A partir daí, prossegue, «é preciso saber entrar em linha de conta com fac-tores como a capacidade de reparação da válvula mitral (VM)». Como refere, «se considerarmos que a VM é repa-rável, a melhor solução será operar o doente precocemente – numa fase as-sintomática –, para evitar submeter o coração a uma sobrecarga de volume», tendo em conta os limites de dimensões ventriculares esquerdas que são indica-dos nas guidelines europeias e ameri-canas.

Mas, adverte, «temos de ter a certeza que a válvula é reparável, porque, caso contrário, corremos o risco de retirar uma doença e provocar outra». Como indica, «há etiologias que se prestam a uma reparação, com bons resultados a longo prazo, como na IM degenera-tiva. Por outro lado, na IM isquémica e reumática os resultados já não são tão bons, daí que a prótese possa ser uma opção».

O especialista lembra que a plastia mitral tem alguns limites. O primeiro é o facto de ser operador-dependente. «Se é uma IM por prolapso do folheto posterior é acessível a uma reparação em 98-99%». Por outro lado, «quando se trata de uma IM com prolapso bivalvular ou uma vál-vula mixomatosa, a probabilidade de re-paração é menor (90%), dependendo da experiência da equipa que opera».

«A plastia mitral tem a grande van-tagem de o doente não precisar de fazer

anticoagulação, mas tem o inconveniente de se ir deteriorando com o tempo, devido a alterações fibróticas da válvula provoca-das pelo reumatismo articular, havendo a possibilidade de existência de recidivas», alerta.

A comunicação do Dr. Rafael García Fuster, da SEC, centrar-se-á nos limites da cirurgia na IM funcional. De acordo com o Prof. Doutor Miguel Sousa Uva, «pensa-se que a cirurgia possa ter um papel a desempenhar nalguns casos, nomeadamente naqueles em que não existem comorbilidades associadas, o VE ainda não está muito dilatado ou o doente não apresenta sintomas impor-tantes».

Finalmente, o Dr. José Suarez de Lezo, da SEC, falará sobre a sua experiência no que respeita à utilização da terapêutica percutânea na IM, procedimento que sur-giu há 3-4 anos. «Trata-se de um novo dispositivo implantado por via femoral, baseado na cirurgia de “Alfieri”, que con-siste na inserção de um clip entre a parte média do folheto anterior e a parte média do folheto posterior. Este procedimento é indicado, essencialmente, em doentes idosos ou com comorbilidades associa-das.»

Controvérsias no tratamento da insuficiência mitral

Terapêutica percutânea na IM:uma técnica em expansão

De acordo com o especialista, «este procedimento foi desenhado com base na técnica cirúrgica de Alfieri, para ali-viar ou fazer desaparecer a insuficiên-cia mitral (IM) secundária à disfunção ventricular com dilatação do anel mi-tral. Com esta cirurgia, conseguimos unir, mediante um clip, as arestas de ambas as válvulas mitrais, criando um duplo orifício mitral, que reduz ou faz desaparecer a regurgitação funcio-nal».

Segundo o Dr. José Suarez Lezo, «esta técnica percutânea está em pleno desen-volvimento e expansão». Até à data (23 de Março de 2012), já foi utilizada em 5 mil do-entes em todo o Mundo – 4500 na Europa, com uma taxa actual de 300 casos por mês – e, de acordo com o estudo EVEREST II, «os resultados iniciais são promissores».

«Em princípio, a actual indicação está orientada para pacientes com disfunção ventricular e IM funcional significativa,

secundária à dilatação do anel mitral. O manejo farmacológico destes pacientes é complicado e, normalmente, insuficiente.»

Na sua opinião, «a cirurgia de repara-ção ou de substituição valvular é uma op-

ção, embora esteja associada a uma alta morbilidade, devido ao grave estado dos doentes».

«O MitraClip é uma opção paliativa efi-caz, com um menor risco. Contudo, acre-dito que as indicações podem também ex-pandir-se. Na verdade, em alguns centros alemães, com uma experiência crescente, pensa-se que, para a selecção de doentes para a técnica MitraClip, mais importante que a etiologia da IM são as característi-cas anatómicas da válvula, bem definidas por ecocardiografia», afirma. E conclui: «Creio que podemos esperar, num futuro próximo, um aumento das indicações.»

No âmbito do XXXIII Congresso Português de Cardiologia,

irá decorrer um simpósio luso-espanhol subordinado ao

tema «Controvérsias no tratamento da insuficiência mitral

(IM)», que será presidido pelo Prof. Doutor Mário G. Lopes,

presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC),

e pelo Dr. Vicente Bertomeu, presidente da Sociedade

Espanhola de Cardiologia (SEC).

«Embora se estime, num futuro próximo, a implantação

percutânea de próteses valvulares mitrais, actualmente,

apenas modelos experimentais estão a ser implementados.

O único procedimento mecânico percutâneo de aplicação

clínica é o MitraClip», avança o Dr. José Suarez Lezo, chefe do

Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário Rainha Sofia.

Sala Fénix IISimpósio Luso-Espanhol22 de Abril09:00 h

Sala Fénix IISimpósio Luso-Espanhol22 de Abril09:00 h

Dr. José Suarez Lezo

Prof. Doutor Miguel Sousa Uva

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522 Abril de 2012

Jornal do

Diferentes registos de fibrilhação auri-cular (FA) têm mostrado que a cardiopatia isquémica afeta 17-34% da população com esta arritmia. A incidência de FA em doentes admitidos por EAM varia entre 6% e 21% e associa-se a um importante impacto prog-nóstico. As recomendações internacionais têm focado o papel da otimização da tera-pêutica antitrombótica, o recurso a fármacos com demonstração de benefícios após EAM (upstream therapy), o potencial dos novos an-tiarrítmicos e o tratamento ablativo.

A anticoagulação oral associa-se a uma redução significativa da mortalidade em sobreviventes de EAM com FA. No en-tanto, após angioplastia coronária, < 50% dos doentes têm alta hospitalar sob hipo-coagulação e apenas 12-14% estão sob

medicação tripla (dupla antiagregação e hipocoagulação). Trata-se de uma maté-ria da maior importância, em que a rela-ção risco-benefício deve ser contemplada, já que as complicações hemorrágicas po-dem ter um impacto relevante, particular-mente em doentes idosos com comorbi-lidades, onde o risco tromboembólico (e hemorrágico) tem maior relevância.

Os antiarrítmicos e a medicação com IECA, ARAII, β-bloqueantes e estatinas fa-zem parte da terapêutica instituída nesta população. No que se refere aos antiar-rítmicos, a eficácia é limitada e a associa-ção com efeitos adversos potencialmente graves pode comprometer a sua utilização sistemática. O recurso aos outros fármacos (upstream therapy) tem mostrado resulta-

dos animadores em estudos randomizados, mas meta-análises recentes não demons-traram redução significativa dos episódios de FA pós-EAM, excetuando o subgrupo com disfunção sistólica ventricular.

A ablação por cateter é uma alternativa segura e eficaz, de utilização crescente em doentes com FA paroxística ou persistente, sintomática, refratária a pelo menos um fármaco antiarrítmico. Os resultados em múltiplos estudos randomizados têm mos-trado superioridade relativamente ao nú-mero de recorrências, quando comparados com a terapêutica farmacológica antiarrít-mica, sem aumento dos efeitos adversos, sendo a seleção dos doentes para ablação um dos aspetos importantes no sucesso do procedimento a longo-prazo.

Neste âmbito, o tipo de FA (paroxísti-ca, persistente, persistente de longa-du-ração), as dimensões da aurícula esquer-da, a idade, a função sistólica ventricular esquerda, a extensão da fibrose auricu-lar e a presença de comorbilidades são aspetos principais da orientação clínica para ablação da FA.

Nota: Este artigo foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Mário Martins Oliveira, MD, PhD, FESC, FHRS

Tratamento da FA: quais as novasintervenções baseadas em evidências

Cardiologista/eletrofisiologista do Hospital de Santa Marta, Lisboa.Professor de Fisiologia da FMUL. Vice-presidente da APAPE

«Se pensarmos bem, nesta época em que só se perspectivam os custos e a sua redução, não é possível procurar a melho-ria da eficiência na prestação de cuidados de saúde sem sabermos a eficácia destes mesmos cuidados e estes só podem ser obtidos na análise dos dados de registos contínuos, universais (envolvendo todos os prestadores dos cuidados de saúde visa-dos no registo), de boa qualidade e com um conjunto de variáveis que permitam retra-tar adequadamente a realidade clínica e, se possível, alinhados com registos inter-nacionais que permitam a análise compa-rativa e o benchmarking», considera.

Para o especialista, o Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção «consubs-tancia um velho sonho dos cardiologistas de intervenção portugueses, tornado realidade pela estreita colaboração entre a Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular e o Centro Nacional de Colecção de Dados em Cardiologia. Os resultados do trata-

mento percutâneo do choque cardiogénico na última década, que serão apresentados pelo Dr. Manuel de Sousa Almeida, são, na sua opinião, «apenas um pequeno e humil-de fruto desta colaboração».

Durante a sessão, será apresentado, pelo Dr. Jorge Mimoso, do Hospital de Faro, um

trabalho sobre «Quais os factores preditores de revascularização precoce nas síndromes coronárias agudas (SCA) sem supra de ST?».

«Sabemos que a revascularização das SCA sem supra de ST alivia os sintomas, diminui a hospitalização e melhora o prog-nóstico. A indicação e o timing da corona-riografia dependem da condição do doente, da presença de critérios de risco e das suas comorbilidades», indica o Dr. Jorge Mimo-so, alertando que «a estratificação de risco deve ser efectuada o mais precocemente possível, para identificar os doentes de alto risco, que são os que mais beneficiam de uma estratégia invasiva precoce».

De acordo com o especialista, diversos estudos e metanálises têm comparado os resultados de uma estratégia conservadora com uma estratégia invasiva. «O benefício da revascularização é muitas vezes difícil de comparar, pois, frequentemente os doentes da estratégia conservadora acabam por ser submetidos a revascularização», adianta.

Segundo refere, «nos estudos rando-mizados, pode existir um bias na selecção dos doentes, não sendo seleccionados todos os doentes consecutivos, enquanto outros excluem os doentes mais instá-veis». Neste sentido, aponta, «os registos contínuos permitem obter os resultados de todos os doentes, possibilitando um melhor conhecimento da realidade».

O Registo Nacional de SCA (RNSCA) é um registo observacional prospectivo con-

tínuo, iniciado em 1 de Janeiro de 2002. Teve uma 1.ª fase, até Setembro de 2010, e iniciou a 2.ª fase em Outubro de 2010. É aberto à participação de todos os serviços de Cardiologia do País, tendo, até ao mo-mento, mais de 30 mil doentes registados.

«Este estudo, realizado a partir do RNSCA, tem como objectivo primário ava-liar quais os factores preditores de revas-cularização precoce nas SCA sem supra de ST em Portugal. E como objectivo secun-dário aferir quais os factores preditores de redução de mortalidade intra-hospitalar», conclui.

Registos contínuos da SPCem destaque nas Hotlines«O registo contínuo da actividade médica, organizado

e efectuado na perspectiva do doente e dos resultados

clínicos, é uma ferramenta fundamental e imprescindível

para qualquer sistema de saúde.» Quem o afirma é o Dr.

Manuel de Sousa Almeida, do Hospital de Santa Cruz, em

Carnaxide, a propósito da sessão de Hotlines, subordinada

ao tema «A mais-valia dos registos contínuos da Sociedade

Portuguesa de Cardiologia (SPC)».

Sala PégasoHotlines22 de Abril14:30 h

Dr. Manuel de Sousa Almeida

Dr. Jorge Mimoso

Sala Fénix IISimpósio Luso-Brasileiro22 de Abril14:30 h

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Os erros em cuidados de saúde são hoje uma realidade que deve ser analisa-da e debatida, de forma a contribuir para a sua prevenção e redução. Apesar dos es-forços que têm sido desenvolvidos nos úl-timos anos para melhorar a qualidade dos actos médicos e a segurança dos doentes, o erro médico por acção ou omissão con-tinua a ser uma importante causa de mor-bilidade e mortalidade hospitalar.

Os significativos avanços tecnológi-cos e científicos que se verificaram nos últimos anos permitiram um importante salto qualitativo na prática da Medicina Cardiovascular, mas trouxeram novos de-safios para que a sua implementação seja apropriada e segura.

A maior complexidade dos doentes e das doenças, associada a uma maior agres-sividade da actual intervenção cardiovascu-

lar, resultante da utilização de sofisticadas técnicas de diagnóstico e de intervenção te-rapêutica, determinaram que, em paralelo com os grandes avanços verificados, se au-mentasse o potencial de risco e de erro.

É neste enquadramento que conside-rámos importante trazer para debate e reflexão neste Congresso o tema da iatro-genia em Medicina Cardiovascular, com o objectivo de proporcionar aos participan-

tes uma maior sensibilização para práti-cas mais seguras, que contribuam para aumentar a qualidade dos actos médicos e reduzir os erros na prática clínica.

Dr. Severo Torres

Heart Team – iatrogeniaem Medicina Cardiovascular

Vice-presidente da SPC. Director de Serviço de Cardiologia do CHPorto-Hospital de Santo António

Mais uma vez, o Congresso Português de Cardiologia vai debruçar-se sobre as cardiopatias congénitas, na sua vertente em adultos, abordando a problemática que envolve o seguimento destes doentes a longo prazo.

Nos últimos 50 anos, testemunhámos um progresso dramático no tratamento das cardiopatias congénitas. Os avanços na ecocardiografia, na anestesia, nos cuidados intensivos e, particularmente, na Cardiologia Pediátrica e na Cirurgia Cardíaca permitiram novas terapias e aumentaram significativamente a sobre-vivência de crianças com as cardiopatias mais complexas. Há 50 anos, apenas 25% destas crianças teria sobrevivido para além do 1.º ano de vida, enquanto actualmente cerca de 95% atingem a vida adulta.

Esta conquista de sobrevivência foi um dos principais sucessos da Cardiolo-gia Pediátrica e da Cirurgia Cardíaca, pro-movendo o aumento da população adulta com cardiopatia congénita, cujo pico ocor-rerá a partir deste ano, tomando em con-sideração que a redução da mortalidade foi mais significativa desde o início dos anos 90.

Terá esta história de sucessos médi-cos um final feliz?

Alguns adultos têm defeitos simples que nunca necessitaram de terapêutica cirúrgica, outros passaram despercebi-dos até à vida adulta, mas a maioria foi submetida a tratamento cirurgico na in-fância, por vezes, até a várias cirurgias

faseadas, embora estas sejam quase sempre efectuadas com o intuito «cor-rectivo», o que, na maioria das vezes, não é sinónimo de curativo. As cardiopa-tias congénitas corrigidas devem ser en-tendidas como «reparadas» porque têm potencialmente complicações, sequelas ou lesões residuais que se manifestam e evoluem ao longo da vida destes doen-tes.

Este é um conceito frustrante, mas fundamental, tanto para os clínicos como para os doentes, que enfatiza a necessi-dade de acompanhamento por toda a vida em centro especializado em cardiopatias congénitas da criança e do adulto, bem como a importância do diagnóstico e tra-tamento das lesões residuais e das se-quelas do tratamento cirúrgico prévio.

Na vida adulta, os doentes com car-diopatia congénita e sintomatologia desde criança têm dificuldade em per-cepcionar uma alteração dos sintomas, a diminuição da capacidade para o es-forço, ao contrário do que acontece aos doentes com cardiopatia adquirida, que apresentam maior sensibilidade para um agravamento ou um novo sintoma. Este aspecto aligeira muitas vezes a forma como o doente interpreta a sua cardio-patia, tendo uma percepção deturpada de «vida normal». Apesar dos avanços fenomenais e empolgantes no diagnós-tico e no tratamento médico e cirúrgico ocorridos nas últimas décadas, muitos doentes ainda não têm uma circulação «normal» e apresentam complicações a longo prazo frequentes, das quais salien-to a insuficiência cardíaca e as arritmias,

que vão requerer tratamentos e procedi-mentos invasivos ou cirurgias cada vez mais ousados.

Apesar da formação obrigatória para cardiologistas em Cardiologia Pediátrica, esta é facultativa e ligeira, pelo que mui-tos mantêm dificuldade na compreensão e interpretação da complexidade fisiológi-ca das lesões residuais ou sequelas. Tam-bém os próprios doentes e suas famílias têm diferentes interpretações do grau de «cura» da sua cardiopatia congénita ou mesmo dos novos problemas surgidos ao longo dos anos, para não falarmos das doenças cardiovasculares adquiridas, que ainda vão complicar mais o tratamento destes doentes e a tarefa dos cardiologis-tas.

Muitos doentes, ao longo da vida, têm necessidade de reoperações ou reintervenções para solucionar lesões residuais ou sequelas de tratamentos anteriores, a cada nova reintervenção aumenta o risco de complicações. Espe-ra-se, entretanto, que os avanços futu-ros a nível da terapêutica endovascular e cirúrgica venham minimizar alguns dos custos emocionais e fisiológicos dos tratamentos actuais.

Mas embora quase todos os doentes com cardiopatia congénita significativa que atinge a vida adulta tenham estigmas complexos que requerem cuidados muito especializados, muitos também têm uma compreensão aligeirada da sua situação, pelo que compete à comunidade cardio-lógica pugnar pela defesa dos seus inte-resses.

Sentimos que os esforços realiza-dos pelos cardiologistas pediátricos e cirurgiões cardíacos na luta contra a mortalidade destas patologias na ida-de pediátrica não foram suficientemen-te acompanhados pela comunidade de cardiologistas, não se tendo planeado, com o mesmo empenho, os cuidados cardiovasculares na vida adulta. Numa população em crescimento exponencial, com um pico a partir dos próximos anos, rapidamente vamos verificar que é exí-guo o número de médicos dedicados a esta «subespecialidade» da Cardiologia e que a sua formação não está planeada, verificando-se um vazio entre o fim da assistência pela Cardiologia Pediátrica e a passagem do testemunho aos cardiolo-gistas com esta competência.

Alerto para a urgente necessidade de planear a formação de cardiologis-tas que vão seguir os adultos com car-diopatia congénita e de organizar os melhores cuidados cardiovasculares a estes doentes. Certamente que o XXXIII Congresso Português de Cardiologia será o fórum para a discussão desta problemática.

Terá esta história de sucessos mé-dicos um final feliz? A resposta é talvez, se forem rapidamente tomadas medidas para suprir estas lacunas.

Dr.ª Maria de Fátima F. Pinto

Cardiopatias congénitasDirectora do Serviço de Cardiologia Pediátrica do CHLC, EPE - Hospital de Santa Marta. Presidente da Direcção do Colégio da Especialidade de Cardiologia Pediátrica da OM

Sala LinceMesa-Redonda22 de Abril09:00 h

Sala LiraMesa-Redonda22 de Abril11:30 h

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Durante o Congresso, irão ser distri-buídas aos congressistas camisolas do «A, E, I, O, U da prevenção cardiovascu-lar». Com estas camisolas, os congres-sistas poderão participar, no dia 23 de Abril, pelas 19:00h, na Caminhada/Mara-tona (em frente ao Tivoli Marina Vilamou-ra), na companhia de Rosa Mota, ou no Jogo de Futebol Norte-Sul, no campo de

futebol do Quarteirense, com Dimas. As mesmas camisolas poderão ser levanta-das no stand Angelini e/ou no dia e local onde irão decorrer estas iniciativas.

Amanhã, traga uns calções e as sapati-lhas, pois nós oferecemos a camisola da pre-venção cardiovascular! Vamos viver como uma GRANDE EQUIPA este momento único de confraternização, amizade e bem-estar.

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Notícias

22 Abril de 2012

Jornal do

Edifício Lisboa Oriente OfficeAv. Infante D. Henrique n.º 333 H - 5.º 1800-282 LISBOA

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EDIÇÃO

CERIMÓNIA INAUGURAL

Hoje, pelas 17h30, tem lugar a cerimó-nia oficial de abertura do XXXIII Congres-so Português de Cardiologia, que contará com a intervenção do Presidente da reu-nião magna, Prof. Doutor Lino Gonçalves, do Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, Prof. Doutor Mário G. Lo-pes, e do Presidente da Sociedade Euro-peia de Cardiologia, Prof. Doutor Michel Komajda.

Serão ainda entregues os Prémios e Bolsas, assim como os diplomas de 25 anos de sócio, pela mão do Prof. Doutor Armando Pereirinha.

Este ano, o encerramento da cerimó-nia contará com um momento musical (cântico lírico) interpretado por Ivo Julião Valente Dias, Jorge Humberto Ly de Sou-sa Assis Nicolau e Tânia Teresa dos San-tos Ralha.

Cartazes Electrónicos - Este ano, os cartazes serão, pela pri-meira vez, apresentados exclusivamente sob a forma electróni-ca, em ecrã touch screen. Os participantes poderão ainda colocar questões aos autores das comunicações orais e posters através da intranet do Congresso, num fórum de discussão electrónica criado exclusivamente para o efeito.

Webcasts - Duas das salas Fénix terão transmissão via internet de algumas das suas sessões e os dois simpósios luso--brasileiros serão transmitidos em directo para o Brasil.

Redes Socias - Os destaques diários do evento serão trans-mitidos diariamente também através do Facebook e do Twitter.

Simulação Biomédica - Na Invasive Village, junto ao jardim de Inverno do Marinotel, estará à disposição dos participantes um Centro de Simulação Biomédica, onde poderão treinar, em pequenas equipas de formação, algumas situações críticas em Medicina Cardiovascular. Estas acções de formação são gratui-tas, mas com inscrições limitadas.

www.spc.pt/spc/CongressoXXXIIIwww.facebook.com/spcardiologiahttp://twitter.com/spcardio

Sala Fénix22 de Abril17:30 h

XXXIII APOSTA NAS NOVAS TECNOLOGIAS

ROSA MOTA E DIMAS PARTICIPAM EM INICIATIVAS DE PREVENÇÃO CARDIOVASCULAR

Caminhada/Maratona – em frente ao Tivoli MarinaJogo de Futebol Norte-Sul – campo de futebol Quarteirense23 de Abril19:00 h

«Diria que o papel mais importante da SPC é a promoção da formação e inves-tigação científica na área cardiovascular. São da responsabilidade da SPC o CPC e a (RPC), que é a publicação científica com maior factor de impacto na área cardio-vascular em Portugal», considera.

Na sua opinião, «para além do importan-te contributo formativo inerente à sua quali-dade científica, são um dos principais meios de divulgação dos trabalhos de investigação, componente cada vez mais valorizada do currículo do internato em Cardiologia».

Recentemente, avança, «com a forma-ção do Conselho do Médico Interno (CMI),

a SPC assumiu a sua preocupação em aproximar os jovens cardiologistas da sua organização». No seu entender, «a apro-ximação dos internos à SPC é também a aproximação à realidade da Cardiologia nacional e permite uma sensibilização precoce para as necessidades da popula-ção portuguesa no que respeita à Medici-na Cardiovascular».

Segundo refere, o CPC é o mais im-portante evento científico na área da Me-dicina Cardiovascular em Portugal. «É no Congresso que se reúnem todas as áreas da Cardiologia, sendo uma oportunidade para nós, jovens em formação, apresen-tarmos os nossos trabalhos científicos,

permitindo consolidar a nossa formação curricular e dar a conhecer o nosso traba-lho a nível nacional». Além disso, refere, «não podemos esquecer que é um grande momento de networking e comunicação entre colegas e amigos, geralmente vivido com grande entusiasmo».

No programa científico deste Congres-so, o Dr. Francisco Moscoso Costa destaca

a realização de uma sessão de casos clíni-cos organizada em parceria com o CMI in-titulada Heart Team – Clinical Challenges in Cardiology. «Seguramente que os pales-trantes e moderadores vão proporcionar uma discussão muito interessante.»

O responsável distingue ainda uma sessão dedicada à formação em Cardio-logia, subordinada ao tema «Pre and pos-tgraduate training in Cardiology: roles of scientific societies and medical schools». Além disso, lança o desafio aos internos de participarem na Assembleia-geral do CMI, a realizar hoje, pelas 13.00 h, na sala Pégaso.

«As expectativas relativamente à par-ticipação dos internos neste Congresso não podem deixar de ser as mais elevadas. Habitualmente, os jovens cardiologistas, e em especial os internos, contribuem de forma substancial para a qualidade cien-tífica do CPC e este ano não é excepção. O envolvimento do CMI na organização do Congresso é, em parte, também o reco-nhecimento da importância que o interno assume no CPC», conclui.

Jovens cardiologistas contribuem para a qualidade científica do CPCEm entrevista, o Dr. Francisco Moscoso Costa, coordenador

do Conselho do Médico Interno da Sociedade Portuguesa de

Cardiologia (SPC), fala acerca da importância da Sociedade e,

em particular, do Congresso Português de Cardiologia (CPC)

para os jovens cardiologistas e sobre as suas expectativas

relativamente à participação destes no evento.

Dr. Francisco Moscoso Costa

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Em caso de intervenção aguda: a cirurgia / intervenção deve ser adiada até, pelo menos, 12 horas após a última dose. Se a cirurgia não poder ser adiada o risco de hemorragia pode estar aumentado. Anestesia espinal/anestesia epidural/punção lombar: após remoção de um cateter, esperar pelo menos 2 horas antes da administração do dabigatrano. Doentes após-cirúrgia com risco aumentado de hemorragia e Doentes com elevado risco de mortalidade cirúrgica e factores de risco para acontecimentos tromboembólicos: precaução. Cirurgia por fractura da anca: não recomendado. Enfarte do Miocárdio: o risco é mais elevado em: enfarte de miocárdio prévio; idade ≥ 65 anos + diabetes ou doença arterial coronária; fracção de ejecção ventricular esquerda <  40  %; compromisso renal moderado; tratamento com AAS + clopidogrel ou só clopidogrel. Corantes: amarelo-sol: pode causar reacções alérgicas. Interacções medicamentosas e outras formas de

interacção: Anticoagulantes e antiagregantes plaquetários:o tratamento concomitante com HNF, HBPM e derivados da heparina, trombolíticos, antagonistas dos receptores GPIIb/IIIa, ticlopidina, prasugrel, dextrano, sulfimpirazona, rivaroxabano, AVK, clopidogrel e AINE pode aumentar o risco de hemorragia. Interacções relacionadas com o perfil metabólico do dabigatrano: não é metabolizado pelo citocromo P450; não são esperadas interacções medicamentosas. Inibidores da gp-P: aadministração concomitante com fortes inibidores da gp-P (amiodarona, verapamilo, quinidina, cetoconazol e claritromicina) pode aumentar as concentrações plasmáticas de dabigatrano. É recomendada monitorização clínica rigorosa. A co-administração com posaconazol ou dronedarona é não é recomendada. Indutores da gp-P: evitar a administração concomitante com indutores da gp-P (rifampicina, hipericão, carbamazepina ou fenitoína): pode haver diminuição das concentrações de dabigatrano. Outros fármacos que afectam a gp-P: inibidores da protease, incluindo o ritonavir, não são recomendados para tratamento concomitante. Efeitos indesejáveis: As reacções adversas mais frequentemente notificadas foram hemorragias. Frequente: anemia, epistaxe, hemorragia gastrointestinal, dor abdominal, diarreia, dispesia, náusea, alteração da função hepática / alteração dos testes da função hepática. Pouco frequente: diminuição da hemoglobina, trombocitopenia, hipersensibilidade ao fármaco, erupção cutânea, prurido, hemorragia intracraniana, hematoma, hemorragia, hemoptise, hemorragia rectal, hemorragia hemorroidal, úlcera gastrointestinal, gastroesofagite, doença do refluxo gastroesofágico, vómitos, disfagia, aumento da alanina aminotransferase, aumento da aspartato aminotransferase, hemorragia cutânea, hemorragia genito-urinária, hematúria, hemorragia no local de incisão. Raro: diminuição do hematócrito, urticária, aumento das enzimas hepáticas, hiperbilirrubinémia, hemartroses, hemorragia no local de injecção, hemorragia no local de inserção do cateter. Muito raro (< 1/10000)/ Desconhecido: broncospasmo. Fevereiro 2012

PRADAXA 110 mg e 150 mg cápsulas. Cada cápsula contém 110 mg dabigatrano + 3 mcg amarelo-sol ou 150 mg dabigatrano + 4 mcg amarelo-sol. Indicações: Prevenção do AVC e embolismo sistémico em doentes adultos com fibrilhação auricular não-valvular com um ou mais dos seguintes factores de risco: AVC, AIT ou embolismo sistémico prévios; fracção de ejecção ventricular esquerda < 40 %; insuficiência cardíaca sintomática ≥ Classe 2 da NYHA; idade ≥ 75 anos; idade ≥ 65 anos associada a uma das seguintes condições: diabetes mellitus, doença arterial coronária, ou hipertensão. Posologia e modo de administração: Dose recomendada: 300 mg (1 cápsula 150 mg/ 2xdia). Doentes com idade entre 75-80 anos: 300 mg (1 cápsula 150 mg/ 2xdia); nos casos em que o risco de tromboembolismo é baixo e o risco de hemorragia é elevado, de acordo com o critério médico, pode ser considerada uma dose de 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Doentes com ≥ 80 anos: 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Uma vez que o compromisso renal pode ser frequente nos idosos (> 75 anos), a função renal deve ser avaliada, tal como descrito na secção abaixo mencionada “Compromisso renal”. Doentes com risco aumentado de hemorragia: os ajustes posológicos devem ser definidos, de acordo com o critério do médico, após avaliação do potencial benefício e risco para cada doente. Quando é identificada excessiva exposição ao dabigatrano em doentes com risco aumentado de hemorragia, a dose recomendada é 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Nos indivíduos com gastrite, esofagite ou refluxo gastroesofágico, devido ao elevado risco de hemorragia gastrointestinal major, pode ser considerada uma dose de 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Utilização concomitantemente de Pradaxa com verapamilo: 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia). Compromisso renal: Grave – contraindicado; Moderado - 300 mg (1 cápsula 150 mg/ 2xdia); no entanto, nos doentes com elevado risco de hemorragia, deve ser considerada uma redução da dose para 220 mg (1 cápsula 110 mg/ 2xdia); Ligeiro - 300 mg (1 cápsula 150 mg/ 2xdia). Nos doentes com compromisso renal é recomendada monitorização clínica rigorosa. A função renal deve ser avaliada, através do cálculo da CLCr, antes do início do tratamento, de modo a excluir os doentes com compromisso renal grave (CLCr < 30 ml/min), e durante o tratamento, pelo menos uma vez por ano, ou mais frequentemente, se necessário, nas situações clínicas em que exista suspeita de que a função renal possa diminuir ou deteriorar-se (hipovolemia, desidratação, e determinadas medicações concomitantes, etc.). Substituição de Pradaxa por anticoagulantes por via parentérica: recomenda-se um tempo de espera de 12h após a última dose. Substituição de anticoagulantes por via parentérica por Pradaxa: iniciar o dabigatrano 0-2h antes da hora de administração da próxima dose da terapêutica que está a ser substituída, ou na altura em que esta terapêutica é suspensa, nos casos de tratamento continuo (ex.: HNF via intravenosa). Substituição de Pradaxa por antagonistas da Vitamina K (AVK): ajustar o tempo de início de AVK com base na CLCr: CLCr ≥ 50 ml/min, iniciar AVK 3 dias antes da descontinuação do dabigatrano; CLCr ≥ 30< 50 ml/min, iniciar AVK 2 dias antes da descontinuação do dabigatrano. Substituição de AVK por Pradaxa: interromper o AVK. O dabigatrano pode ser administrado assim que o INR for < 2.0. Cardioversão: o dabigatrano pode ser descontinuado durante a cardioversão. População pediátrica: não recomendado <18 anos. Contra-indicações: Hipersensibilidade à substância activa ou excipientes. Compromisso renal grave (CLCr < 30 ml/min). Hemorragia activa clinicamentesignificativa. Lesões orgânicas em risco de hemorragia. Perturbação espontânea ou farmacológica da hemostase. Afecção hepática ou doença hepática com previsível impacto na sobrevivência. Tratamento concomitante com cetoconazol sistémico, ciclosporina, itraconazol e tacrolímus. Advertências e precauções especiais: Afecção hepática: não recomendado em doentes com aumento das enzimas hepáticas > 2 LSN. Risco hemorrágico: precaução em situações em que o risco de hemorragia possa estar aumentado (Idade ≥ 75 anos; Compromisso renal moderado; Co-medicação com inibidores da gp-P; Tratamento com AAS, AINE, clopidogrel; Alterações da coagulação; Trombocitopenia ou alterações funcionais das plaquetas; Doença gastrointestinal ulcerativa activa; Hemorragia gastrointestinal recente; Biopsia ou trauma grave recente; Hemorragia intracraniana recente; Cirurgia cerebral, espinal ou oftálmica, Endocardite bacteriana). É recomendada monitorização clínica rigorosa. O TTPA fornece uma indicação aproximada da intensidade da anticoagulação obtida com dabigatrano. Em doentes com hemorragia ou em risco de hemorragia, o teste de TTPA pode ser útil na detecção de um excesso de actividade anticoagulante. No entanto, tem sensibilidade limitada e não é adequado para a quantificação precisa do efeito anticoagulante, especialmente em presença de altas concentrações plasmáticas de dabigatrano. Valores elevados de TTPA devem ser interpretados com precaução. Se necessário, devem ser realizados testes quantitativos mais sensíveis, tais como o teste calibrado do Tempo de Trombina diluído (TTd). Indutores da gp-P: evitar a administração concomitante com indutores da gp-P (rifampicina, hipericão, carbamazepina ou fenitoína). Cirurgia e intervenções: intervenções cirúrgicas podem requerer a interrupção temporária do dabigatrano. Regras de interrupção antes de intervenções invasivas ou cirúrgicas:

Data da última revisão Fevereiro 2012Medicamento sujeito a receita médica.Para mais informações deverá contactar o Representante do Titular da AIM: Boehringer Ingelheim, Lda. Av. de Pádua, nº 11, 1800-294 Lisboat

Pradaxa 110mg 10 caps

Pradaxa 110mg 60 caps

Utente

R. GERAL(69%)

Sem comparticipação

R. ESPECIAL(84%)

5.90€

31.11€

P.V.P

19.04€

100.35€

Utente

3.05€

16.06€

Pradaxa 150mg/ 10 caps

Pradaxa 150mg/ 60 caps

19.04€

100.35€

Função renal(ClCr: ml/min)

≥ 80≥ 50-< 80≥ 30-< 50

Semi-vida(horas)

~ 13~ 15~ 18

Elevado risco de hemorragia ou cirurgia major

2 dias antes2-3 dias antes4 dias antes

Risco normal

24 horas antes1-2 dias antes

2-3 dias antes (> 48 horas)

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

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