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Presidente da Repblica Luiz Incio Lula da Silva Vice-presidente da Repblica Jos Alencar Gomes da Silva Ministra do Meio Ambiente Marina Silva Secretrio-Executivo Joo Paulo Ribeiro Capobianco Secretria de Mudanas Climticas e Qualidade Ambiental Thelma Krug Secretria de Biodiversidade e Florestas Maria Ceclia Wey de Brito Secretrio de Recursos Hdricos e Ambiente Urbano Eustquio Luciano Zica Secretrio de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentvel Egon Krakhecke Secretrio de Articulao Institucional e Cidadania Ambiental Hamilton Pereira

MInISTRIo do MEIo AMBIEnTE

INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ILAC

BRASLIA 2007

direitos de propriedade intelectual Est autorizada a reproduo total ou parcial e de qualquer outra forma desta publicao para fins educacionais ou sem fins lucrativos, sem nenhuma outra permisso especial do titular dos direitos de autor, sob a condio de que seja indicada a fonte da qual provm. o PnUMA agradecer que lhe seja remetido um exemplar de qualquer texto cuja fonte tenha sido a presente publicao. no est autorizada a utilizao desta publicao para ser vendida ou para outros usos comerciais. Iseno de responsabilidade o contedo deste volume no reflete necessariamente as opinies ou polticas do PnUMA ou de suas organizaes contribuintes. As designaciones utilizadas e as apresentaes no expressam de forma alguma a opinio do PnUMA ou das organizaes contribuintes con relao situao jurdica de um pas, territrio, cidade ou rea, ou de suas autoridades, ou a respeito da delimitao de suas fronteiras ou limites.

Iniciativa latino-americana e caribenha para o desenvolvimento sustentvel ILAC: indicadores de acompanhamento. Braslia : UnESCo, PnUMA, Ministrio do Meio Ambiente, 2007. 173 p. BR/2007/PI/H/16 1. desenvolvimento SustentvelAmrica Latina--Caribe 2. Estatsticas de desenvolvimentoAmrica LatinaCaribe I. UnESCo II. PnUMA III. Brasil. Ministrio do Meio Ambiente Cdd 338.9

INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL ILACILAC Brasil 2007 Indicadores de Acompanhamento da Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para o desenvolvimento Sustentvel uma publicao produzida no mbito do Sistema nacional de Informaes sobre o Meio Ambiente (SInIMA), por meio da parceria entre o departamento de Coordenao do SISnAMA (dSIS) e o Escritrio no Brasil do Programa das naes Unidas para o Meio Ambiente (PnUMA)

Organizao: Ministrio do Meio Ambiente (MMA) Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania Ambiental (SAIC) Departamento de Coordenao do Sistema Nacional do Meio Ambiente (DSIS) Paulo Srgio de Castilho Muouah diretor do departamento de Coordenao do SInAMA Volney Zanardi Jnior diretor do departamento de Articulao Institucional, de 2003 a maio de 2007 Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) Ricardo Sanchez Sosa diretor Regional para a Amrica Latina e o Caribe Cristina Montenegro Coordenadora do Escritrio do Brasil Kakuko nagatani Yoshida oficial de Programa dEWALAC Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO) Vincent Defourny Representante da UnESCo no Brasil Clio da Cunha Coordenador do Centro de Comunicao e Publicaes Celso Schenkel Coordenador do Setor de Cincias naturais Bernardo Brummer oficial de Projeto Equipe de Coordenao da ILAC no Brasil: Luiz de Andrade Filho PnUMA Maria Bernadete Ribas Lange PnUMA Marly Santos Silva MMA Paula Rassi Brasil PnUMA Sandra de Carlo MMA

MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA) Equipe Tcnica: Adriano oliveira Ana Paula Leite Prates Cristina Maria Costa Leite Cristina Maffra danielle Bastos S. de Alencar Ramos Eduardo Vlez Evandro Mateus Moretto Fbio Frana Fernanda Viana de Carvalho Guilherme Gomide Jos Vicente de Freitas Jlio Csar Roma Letcia Reis de Carvalho Liamrcia Silva Hora Fonseca Lorenza Silva Lcia Regina Moreira oliveira Luiz Carlos Srvulo de Aquino Marcelo Madeira Mrcia Regina Lima de oliveira Marcia Fernandes Coura Marco Antonio de Souza Salgado Marco Jos Melo neves Marcio Perrut Maurcio Marcon Rebelo da Silva Michelle Milhomem Patrcia Rejane Gomes Pereira Robson Jos Calixto Roberto Rodriguez Suarez Shigeo Shiki Sonja Righetti Vnia Soares Virginia olga Koeche Mzell Elaborao de Mapas: Ana Gabriela Lima ortiz

Suporte Administriativo: dea Solange de oliveira Hilda Vernica Kessler Luciana Hemtrio Valadares Marcelo Barbosa Parente AgNCIA NACIONAL DE gUAS (ANA) ney Maranho Regina Crespo Gualda INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVVEIS (IBAMA) Eduardo Mesquita Farah Hiran Lopes Pereira INSTITUTO BRASILEIRO DE gEOgRAFIA E ESTATSTICA (IBgE) Equipe Tcnica: Diretoria de Pesquisas Ana Lcia Sabia Andr Artur Pompia Cavalcanti Fernanda Cintia Pires Teixeira Frederico Cavadas Barcellos (coordenao) Jaciara Zacharias Silva Maria Cristina Moreira Safadi Paulo Gonzaga Mibielli de Carvalho Raquel Callegario Gomes Rosngela Maria Carnevale Carvalho Snia Maria Moreira oliveira Diretoria de Geocincias Celso Gutemberger Souza Jos Enilcio Rocha Collares Elaborao de mapas: Jorge Kleber Teixeira Silva Jos Aldo Gonalves Coutinho

MINISTRIO DA SADE (MS) Secretaria de Vigilncia em Sade Coordenao Geral de Vigilncia em Sade Ambiental CGVAM Aramis Beltrami Marcel Pedroso Tarcsio Cunha MINISTRIO DAS CIDADES (MCIDADES) Secretaria nacional de Programas Urbanos Heloisa Pereira Lima Azevedo Weber Sutti FUNDAO OSwALDO CRUz (FIOCRUz) Sandra Hacon INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA (IPEA) diretoria de Estudos Sociais Andr Campos INSTITUTO NACIONAL DE METROLOgIA, NORMALIzAO E QUALIDADE INDUSTRIAL (INMETRO) Manuela Silvestre Flvio Santana Reviso do texto: Regina Vasquez Projeto grfico: Edson Fogaa Diagramao: Erika Yoda

Tiragem 2 mil exemplares MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE Esplanada dos Ministrios Bloco B - CEP: 70.068-900 Fone: 55(61) 3317-1000 - www.mma.gov.br

SUMRIo

Apresentao ............................................................................................... 00 Introduo ................................................................................................... 00 Territrio da Repblica Federativa do Brasil................................................. 00 1. Diversidade biolgicaMeta ILAC 1.1 Cobertura florestal ......................................................................................... 00 Meta ILAC 1.2 Territrio protegido com unidades de conservao federais ........................... 00 Meta ILAC 1.3 distribuio eqitativa de benefcios de recursos genticos ...............................00 Meta ILAC 1.4 Biodiversidade marinha................................................................................. 00

2. gesto dos recursos hdricosMeta ILAC 2.1 Proviso de gua ........................................................................................... 00 Meta ILAC 2.2 Manejo de bacias hidrogrficas ..................................................................... 00 Meta ILAC 2.3 Manejo costeiro-marinho e seus recursos ...................................................... 00 Meta ILAC 2.4 Qualidade dos recursos hdricos ................................................................... 00

3. Vulnerabilidade, assentamentos humanos e cidades sustentveisMeta ILAC 3.1 ordenamento do territrio ............................................................................ 00 Meta ILAC 3.2 reas afetadas por processos de degradao ................................................. 00 Meta ILAC 3.3 Contaminao do ar ...................................................................................... 00 Meta ILAC 3.4 Contaminao da gua ................................................................................. 00 Meta ILAC 3.5 Resduos slidos ............................................................................................ 00 Meta ILAC 3.6 Vulnerabilidade a desastres e manejos de riscos ............................................ 00

4. Temas sociais, inclusive sade, desigualdade e pobrezaMeta ILAC 4.1 Sade e meio ambiente ................................................................................. 00 Meta ILAC 4.2 Meio ambiente e gerao de emprego........................................................... 00 Meta ILAC 4.3 Pobreza e desigualdade................................................................................. 00

5. Aspectos econmicos, inclusive competitividade, comrcio e padres de consumoMeta ILAC 5.1 Energia ......................................................................................................... 00 Meta ILAC 5.2 Produo mais limpa .................................................................................... 00 Meta ILAC 5.3 Instrumentos econmicos .............................................................................. 00

6. Aspectos institucionaisMeta ILAC 6.1 Educao ambiental ...................................................................................... 00 Meta ILAC 6.2 Formao e capacitao de recursos humanos .............................................. 00 Meta ILAC 6.3 Avaliao e indicadores ................................................................................ 00 Meta ILAC 6.4 Participao da sociedade ............................................................................. 00

Referncias bibliogrficas ............................................................................ 00

F iguras /g rFicos /T abelas /Q uadros FigurasFigura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 Figura 16 Localizao do Brasil na Amrica do Sul diviso poltico-administrativa do Brasil Biomas continentais brasileiros distribuio das unidades de conservao federais no Brasil, 2006 distribuio das unidades de conservao federais na Zona Costeira, Brasil 2006 distribuio espacial da relao entre vazo de retirada e a vazo mdia acumulada, regies hidrogrficas e Brasil 2006 Conselhos estaduais de recursos hdricos, Brasil 2006 Comits de bacias hidrogrficas federais, Brasil 2007 Comits de bacias hidrogrficas estaduais, Brasil 2007 Percentual de territrios estaduais com atuao dos CBHs estaduais 2006 Situao dos planos diretores at agosto de 2007 distribuio da utilizao de terras nos estabelecimentos agropecurios por categorias de uso, segundo Grandes Regies 1985 e 1995 Tipo de disposio do lixo, segundo Grandes Regies, Brasil 2000 Taxa de internao por infeco respiratria aguda (IRA) em menores de 5 anos por 1.000 crianas, segundo Grandes Regies, Brasil 2006 Taxa de internao por doena diarrica aguda (ddA) em menores de 5 anos por 1.000 crianas, segundo as Grandes Regies, Brasil 2006 Taxa de incidncia de AIdS por 100.000 habitantes segundo Grandes Regies, Brasil 2005

grficosGrfico 1 Grfico 2 Grfico 3 desmatamento na Amaznia Legal Brasileira (km, por ano) 1988 a 2006 rea total de unidades de conservao federais, segundo grupo de manejo, Brasil 1934 a 2006 Percentual dos biomas brasileiros protegidos por unidades de conservao federais, Brasil 2006

Grfico 4 Grfico 5 Grfico 6 Grfico 7 Grfico 8 Grfico 9 Grfico 10 Grfico 11 Grfico 12

Grfico 13 Grfico 14 Grfico 15 Grfico 16 Grfico 17 Grfico 18 Grfico 19 Grfico 20

Proporo (%) de municpios com plano diretor e com Lei de Zoneamento do Solo, Brasil 2001 e 2004 Proporo de municpios com plano diretor segundo faixas de tamanho da populao do municpio, Brasil 2004 Proporo de utilizao das terras nos estabelecimentos agropecurios por categoria de uso no Brasil 1985 e 1995 densidade de frota veicular per capita, Brasil 2002 a 2006 nmero de atividades de projeto no sistema mundial do MdL 2007 Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes que tm acesso a gua por rede geral, segundo Grandes Regies, Brasil 2005 Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes que tm acesso gua por rede geral, segundo situao do domiclio, Brasil 2001 a 2005 Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes com acesso a esgotamento sanitrio adequado, segundo Grandes Regies, Brasil 2005 Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes com acesso a esgotamento sanitrio adequado, segundo situao do domiclio, Brasil 2001 e 2005 Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes atendidos por coleta de lixo domiciliar, segundo Grandes Regies, Brasil 2005 Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes com coleta de lixo domiciliar, segundo situao do domiclio, Brasil 2001 a 2005 Quantidade anual de resduos slidos coletados por habitante nas capitais, Brasil 2000 Proporo de resduos slidos coletados e dispostos adequadamente nas capitais do Brasil 2000 Proporo de indivduos em situao de extrema pobreza no Brasil (< $PPA 1,08 dirios) ndice de crescimento das pequenas empresas, segundo faixas de pessoal ocupado, Brasil 1998 a 2003 Evoluo percentual do gasto social da Unio em relao ao PIB, Brasil 2001 a 2003 Gasto social da Unio, por reas de atuao, Brasil 2003

Grfico 21 oferta interna e consumo de energia por unidade do PIB (tonelada equivalente de petrleo/mil US$), Brasil 1970 a 2006 Grfico 22 Proporo dos moradores em domiclios particulares permanentes que utilizam fogo a lenha, Brasil 2001a 2004 Grfico 23 Proporo dos moradores em domiclios particulares permanentes que utilizam fogo a carvo, Brasil 2001 a 2004 Grfico 24 oferta interna de energia, por tipo de fonte, Brasil 2006 Grfico 25 Consumo de CFC no Brasil (1996-2006), meta brasileira assumida no acordo do Brasil com o Fundo Multilateral do Protocolo de Montreal e meta brasileira estabelecida pelo Protocolo de Montreal (1996-2010) Grfico 26 Taxa de freqncia escolar lquida a estabelecimentos de ensino fundamental da populao residente de 7 a 14 anos, segundo Grandes Regies, Brasil 2001 a 2004 Grfico 27 Taxa de freqncia escolar lquida a estabelecimentos de ensino fundamental da populao residente de 7 a 14 anos, segundo situao de domiclio, Brasil 2001 a 2004

TabelasTabela 1 Tabela 2 Cobertura florestal nativa segundo os biomas brasileiros 2002 nmero, rea (km) e percentual do territrio continental com unidades de conservao federais, distribudas por grupo e categoria de manejo do SnUC, Brasil 2006 Comparao entre a rea total do Brasil, Zona Econmica Exclusiva e a rea das unidades de conservao federais costeiras e marinhas, Brasil 2005 Vazes de retirada, retorno e consumo, Brasil e regies hidrogrficas 2005 Vazo mdia de gua por habitante, Regies Hidrogrficas e Brasil 2006 Estimativas de emisses de gases de efeito estufa, Brasil 1994 Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes com abastecimento de gua por rede geral, nas Grandes Regies, Brasil 2001 a 2005 Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes com acesso a esgotamento sanitrio, segundo Grandes Regies, Brasil 2001, 2003 e 2005

Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Tabela 8

Tabela 9 Tabela 10 Tabela 11 Tabela 12 Tabela 13

Tabela 14 Tabela 15 Tabela 16

Proporo de moradores em domiclios particulares permanentes atendidos por coleta de lixo domiciliar, segundo Grandes Regies, Brasil 2001 a 2005 Taxa de internao por infeco respiratria aguda (IRA) em menores de 5 anos por 1.000 habitantes, segundo Grandes Regies, Brasil 2000 a 2006 Taxa de internao por doena diarrica aguda (ddA) em menores de 5 anos por 1.000 crianas, segundo Grandes Regies, Brasil 2000 a 2006 Taxa de incidncia de AIdS por 100.000 habitantes, segundo Grandes Regies, Brasil 1994 a 2005 ndice de crescimento das pequenas empresas com pessoal ocupado entre 0 e 49, segundo seo da Classificao nacional de Atividades Econmicas, Brasil 1998 a 2003 Gasto social da Unio, por rea de atuao, Brasil 2001 a 2003 Contribuio das fontes renovveis gerao de eletricidade nmero de certificados emitidos pelo Inmetro de acordo com as normas da ISo 14001, Brasil 1996 a 2006

QuadrosQuadro 1 Brasil dados Gerais Quadro 2 Instrumentos jurdicos referentes regulao do acesso ao patrimnio gentico vigente no Brasil Quadro 3 Instrumentos econmicos adotados no Brasil Quadro 4 Principais colegiados

s iglas

ABEMA Associao Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente AC Estado do Acre AIDS (Acquared Immune Deficiency Syndrome) Sndrome da Imunodeficincia Adquirida AL Estado de Alagoas AM Estado do Amazonas ANA Agncia nacional de guas ANAMMA Associao nacional de Municpios de Meio Ambiente AP Estado do Amap APA rea de Proteo Ambiental ARIE rea de Relevante Interesse Ecolgico BCDAM Sistema de Bases Compartilhadas de dados sobre a Amaznia BNB Banco do nordeste do Brasil BEN Balano Energtico nacional CBHs Comits de Bacias Hidrogrficas CCzEE Coordenadoria do Zoneamento Ecolgico-Econmico do Territrio nacional CDB Conveno sobre diversidade Biolgica CE Estado do Cear CEBDS Conselho de desenvolvimento Sustentvel CEIVAP Comit para a Integrao da Bacia Hidrogrfica do Rio Paraba do Sul CEMPRE Cadastro Central de Empresas CFC Clorofluorcarboneto CgEN Conselho de Gesto do Patrimnio Gentico CgVAM Coodernao Geral de Vigilncia Ambiental em Sade CIMgC Comisso Interministerial de Mudana Global do Clima CIRM Comisso Interministerial para os Recursos do Mar CMADS Comisso Permantente de Meio Ambiente e desenvolvimento Sustentvel da Cmara dos deputados CNAE Classificao nacional de Atividades Econmicas CNRH Conselho nacional de Recursos Hdricos CNUC Cadastro nacional de Unidades de Conservao CNUDM Conveno Internacional para a Preveno da Poluio Causada por navios COM-VIDA Comisses de Meio Ambiente e Qualidade de Vida

CONABIO Comisso nacional da Biodiversidade CONAFLOR Comisso Coordenadora do Programa nacional de Florestas CONAMA Conselho nacional do Meio Ambiente CONDRAF Conselho nacional de desenvolvimento Rural Sustentvel CONMETRO Conselho nacional de Metrologia, normalizao e Qualidade Industrial CgEN Conselho de Gesto do Patrimnio Gentico CPDS Comisso de Polticas de desenvolvimento Sustentvel e da Agenda 21 Brasileira CRF Cota de Reserva Florestal CTF Cadastro Tcnico Federal DAI departamento de Articulao Institucional DAP diretoria de reas Protegidas DCS departamento de Coordenao do SISnAMA DDA doena diarrica Aguda DENATRAN departamento nacional de Trnsito DETER Sistema de deteco de desflorestamento em Tempo Real DF distrito Federal DgP diretrio dos Grupos de Pesquisa EA Educao Ambiental EJA Educao de Jovens e Adultos EPA Environmental Protection Agency ES Estado do Esprito Santo ESEC Estao Ecolgica FAO organizao das naes Unidas para a Agricultura e a Alimentao FIOCRUz Fundao osvaldo Cruz FLONA Floresta nacional FMI Fundo Monetrio Internacional FNDF Fundo nacional de desenvolvimento Florestal FUJB Fundao Universitria Jos Bonifcio FUNAI Fundao nacional do ndio gEE Gases de Efeito Estufa gIgERCO Grupo de Integrao do Gerenciamento Costeiro HIV Human Immunodeficiency Virus

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos naturais Renovveis IBgE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica ICMS Imposto sobre Circulao de Mercadorias e Prestao de Servios ILAC Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para o desenvolvimento Sustentvel INEP Instituto nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira INMETRO Instituto nacional de Metrologia, normatizao e Qualidade INPE Instituto nacional de Pesquisas Espaciais IPEA Instituto de Pesquisas Aplicadas IPT Instituto de Pesquisas do Estado de So Paulo IRA Infeco Respiratria Aguda ISO International Organization for Standardization (organizao Internacional para Padronizao) LAgET Laboratrio de Gesto do Territrio da Universidade Federal do Rio de Janeiro MA Estado do Maranho MC Ministrio da Cidade MCT Mistrio da Cincia e Tecnologia MDIC Ministrio do desenvolvimento da Indstria e do Comrcio MDL Mecanismo de desenvolvimento Limpo Mg Estado de Minas Gerais MMA Ministrio do Meio Ambiente MONA Monumento natural MS Estado do Mato Grosso do Sul MS Ministrio da Sade MT Estado do Mato Grosso ODM objetivo do desenvolvimento do Milnio OMS organizao Mundial de Sade ONU organizao das naces Unidas OS organizao Social Autnoma OSCIPs organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico P2R2 Plano de Preveno, Preparao e Resposta Rpida a Emergncias Ambientais como Produtos Qumicos Perigosos PA Estado do Par

PAFzC Plano de Ao Federal para Zona Costeira PARNA Parque nacional PB Estado da Paraba PBCO Programa Brasileiro de Eliminao da Produo e do Consumo de Substncias que destroem a Camada de oznio PBF Programa Bolsa Famlia PCN Parmetros Curriculares nacionais PE Estado de Pernambuco PEgC Plano Estadual de Gerenciamento Costeiro PgF Portal de Gesto Florestal PgzC Plano de Gesto da Zona Costeira PI Estado do Piau PIB Produto Interno Bruto PMgC Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro PNAD Pesquisa nacional por Amostra de domiclio PNC Plano nacional de Capacitao PNC Plano nacional de Eliminao de CFC PNF Programa nacional de Florestas PNLA Plano nacional de Licenciamento Ambiental PNRH Plano nacional de Recursos Hdricos PNEA Poltica nacional de Educao Ambiental PNgC Plano nacional de Gerenciamento Costeiro PNMA Programa nacional de Meio Ambiente PNSB Pesquisa nacional de Saneamento Bsico PNUD Programa das naes Unidas para o desenvolvimento PNUMA Programa das naes Unidas para o Meio Ambiente PORTALbio Portal Brasileiro sobre Biodiversidade PPA Paridade de Poder Aquisitivo PPDC Plano Preventivo de defesa Civil PPg7 Programa Piloto para a Proteo das Florestas Tropicais do Brasil PR Estado do Paran

PREVFOgO Centro nacional de Preveno e Combate aos Incndios Florestais PROBIO Programa de Conservao e Utilizao Sustentvel da diversidade Biolgica Brasileira PROCONVE Programa de Controle da Poluio do Ar por Veculos Automotores PRODES Projeto de Estimativa de desflorestamento da Amaznia PRONAF Programa nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAR Programa nacional de Controle de Qualidade do Ar RCV Rede Virtual de Informaes da Caatinga RDS Reserva de desenvolvimento Sustentvel REBIO Reserva Biolgica REFAU Reserva de Fauna REJUMA Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade RESEX Reserva Extrativista REVIzEE Programa de Avaliao do Potencial Sustentvel dos Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva RN Estado do Rio Grande do norte RO Estado de Rondnia RPPN Reserva Particular do Patrimnio natural RQA-zC Relatrio de Qualidade Ambiental Costeira RQMA Relatrio de Qualidade do Meio Ambiente RR Estado de Roraima RS Estado do Rio Grande do Sul RVS Reserva de Vida Silvestre SAIC Secretaria de Articulao Institucional e Cidadania Ambiental SAFs Sistemas Agroflorestais SBF Secretaria de Biodiversidade e Florestas SBF Servio Florestal Brasileiro SC Estado de Santa Catarina SDS Secretaria de desenvolvimento Sustentvel SE Estado de Sergipe SEMA Secretaria Especial de Meio Ambiente

SIAM Sistema de Informaes Ambientais no Mercosul SIBEA Sistema Brasileiro de Informaes sobre Educao Ambiental SIgERCOM Sistema de Informaes do Gerenciamento Costeiro e Marinho SMA-zC Sistema de Monitoramento Ambiental da Zona Costeira SINgREH Sistema nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos SINIMA Sistema nacional de Informaes sobre o Meio Ambiente SISCOMEX Sistema de Comrcio Exterior SISFRAN Sistema de Informaes do Rio So Francisco SISNAMA Sistema nacional do Meio Ambiente SNUC Sistema nacional de Unidades de Conservao SNIS Sistema nacional de Informaes sobre Saneamento SP Estado de So Paulo SQA Secretaria de Qualidade Ambiental SRH Secretaria de Recursos Hdricos SRHU Secretaria de Recursos Hdricos e Meio Ambiente Urbano TO Estado do Tocantins UCs Unidades de Conservao UEA Estados Unidos da Amrica UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro UNIDO organizao das naes Unidas para o desenvolvimento Industrial VIgIAgUA Vigilncia em Sade Ambiental relacionada Qualidade da gua para Consumo Humano zC Zona Costeira zEEC Zoneamento Ecolgico-Econmico Costeiro zEE Zona Econmica Exclusiva zEE Zoneamento Ecolgico-Econmico

APRESEnTAoILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Este trabalho tem por objetivo servir de base e apoiar os esforos brasileiros com vistas insero da viso ambiental e de desenvolvimento sustentvel nos processos de desenvolvimento econmico e social. Mais do que uma fonte de informao relevante, abrangente e confivel, que fornece um cenrio atual da realidade brasileira, o relatrio constitui um ponto de partida e uma ferramenta de capacitao em monitoramento e avaliao sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentvel. Com este produto, o governo brasileiro, por meio do Ministrio do Meio Ambiente, concretiza o compromisso assumido junto ao Frum de Ministros do Meio Ambiente da Amrica Latina e do Caribe, para a compilao de um conjunto de indicadores que possam ser padronizados com os dos demais pases da regio. Um aspecto a ser destacado que este relatrio demonstra, na prtica, a transversalidade do tema meio ambiente no desenvolvimento sustentvel. os temas sade, gerao de emprego, pobreza e desigualdade, competitividade, produo, comrcio, consumo, educao, recursos humanos, ocupao e organizao do territrio, vulnerabilidade e manejo de riscos, gesto, uso e conservao dos recursos naturais, distribuio de benefcios, entre outros aspectos essenciais que afetam a sociedade e o cotidiano das pessoas, esto claramente ligados questo ambiental e ao desenvolvimento sustentvel. Assim, o presente trabalho contribui para a compreenso dos conceitos de meio ambiente e sustentabilidade e demonstra que, sua adoo, em lugar de entravar ou combater, promove e fomenta o real desenvolvimento

econmico e social, de forma segura e duradoura. ou seja, meio ambiente e sustentabilidade so dimenses essenciais e estratgicas para que o Brasil realize seus potenciais e a sociedade brasileira possa usufruir de uma cidadania plena para todos, nos parmetros internacionais de modernidade.

Ricardo SanchezDiretor Regional para Amrica Latina e Caribe Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente PNUMA

Cristina MontenegroCoordenadora do Escritrio do Brasil Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente PNUMA

InTRodUoILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL A Iniciativa Latino-Americana e Caribenha para o desenvolvimento Sustentvel (ILAC) foi proposta no Frum de Ministros de Meio Ambiente da Amrica Latina e do Caribe, durante a Conferncia Mundial sobre desenvolvimento Sustentvel realizada em Joanesburgo, na frica do Sul, em 2002, e foi incorporada no plano de ao daquela Conferncia. Trata-se de uma srie de diretrizes no formato de metas e aes em reas prioritrias para a gesto ambiental e o desenvolvimento sustentvel. A ILAC procura contemplar as singularidades da regio, considerando as responsabilidades comuns e as diferenas entre os pases. na XIV Reunio do Frum de Ministros de Meio Ambiente da Amrica Latina e do Caribe, realizada em 2003, foi alcanado um consenso sobre o monitoramento dessas questes e foi constitudo um grupo de trabalho, envolvendo especialistas dos pases da regio, para elaborar um conjunto de indicadores. o Brasil um dos 12 pases integrantes desse grupo de trabalho. Em 2004, o Programa das naes Unidas para o Meio Ambiente (PnUMA), em conjunto com o observatrio de desenvolvimento da Universidade da Costa Rica, iniciou a implementao do projeto regional para monitorar o progresso em direo s metas estabelecidas pela ILAC. neste contexto, foram definidos e aprovados indicadores agrupados nas seguintes reas temticas: biodiversidade; gesto dos recursos hdricos; vulnerabilidade, assentamentos humanos e cidades sustentveis; sade, desigualdade e pobreza; comrcio e padres de produo e consumo; e aspectos institucionais de gesto ambiental e desenvolvimento sustentvel.

Tais indicadores devem ser analisados e publicados periodicamente, na escala da Amrica Latina e do Caribe, para cada um dos pases envolvidos na iniciativa. na XV Reunio de Frum de Ministros de Meio Ambiente da Amrica Latina e do Caribe, ocorrida na Venezuela entre 31 outubro e 4 de novembro de 2005, o governo brasileiro, por meio do Ministrio do Meio Ambiente (MMA), comprometeu-se a elaborar o relatrio brasileiro de acompanhamento da ILAC, com base nos indicadores propostos. desde maio de 2006, o Ministrio do Meio Ambiente, por meio do Sistema nacional de Informaes sobre o Meio Ambiente (SInIMA) e com a assistncia do PnUMA/Escritrio do Brasil, implementa o processo de compilao e anlise desses indicadores. Para cumprir tal propsito, foram envolvidos mais de 50 profissionais das diversas secretarias do Ministrio do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos naturais Renovveis (IBAMA); dos Ministrios da Sade e das Cidades, do Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA); do Instituto nacional de Metrologia, normatizao e Qualidade Industrial (InMETRo); do Programa das naes Unidas para o Meio Ambiente (PnUMA) e, especialmente, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), rgo oficial responsvel pela produo das estatsticas econmicas, sociais e demogrficas do pas. nesse sentido, o relatrio brasileiro de acompanhamento da ILAC apresentase como fruto dessa cooperao interinstitucional, fortalecendo a mobilizao de uma rede de (instituies) organizaes/entidades responsveis pelas diversas temticas setoriais que compem a dimenso ambiental. A definio de cada indicador e a sua forma de clculo foi feita conforme estabelecido nas folhas metodolgicas disponibilizadas pelo PnUMA e pela Universidade da Costa Rica (disponveis no site www.pnuma.org ). Foram consideradas as ltimas revises dos indicadores elaboradas por especialistas dos pases da regio, discutidas durante o II Seminrio Regional de Estatsticas e Indicadores Ambientais, ocorrido em outubro de 2005, cuja proposta foi aprovada na XV Reunio do Frum de Ministros de Meio Ambiente da Amrica Latina e do Caribe em novembro de 2005. Cada indicador e sua respectiva folha metodolgica foram estudados pela equipe de especialistas e, quando necessrio, foram adotados indicadores substitutos e/ou complementares, considerando os dados estatsticos nacionais disponveis e a realidade poltico-administrativa do Brasil.

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ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

importante destacar que os indicadores tm sido objeto de aperfeioamento constante pelo Frum de Ministros e que h indicadores ainda em fase de anlise e aprovao, bem como metas que ainda no apresentam um indicador de acompanhamento definido. Assim, o presente relatrio distingue os indicadores aprovados pelo Frum de Ministros e aqueles adotados no Brasil (quando da inexistncia de indicadores aprovados, ou da necessidade de adequao aos dados estatsticos nacionais disponveis). no que se refere aos perodos de anlise, consideram-se os dados atualizados at dezembro de 2006. no entanto, vale destacar que alguns dos indicadores apresentados referem-se aos dados estatsticos de anos anteriores 2005, 2002 e 1994. Isso deve-se grande amplitude de temas abordados e s respectivas periodicidades de coleta dos dados estatsticos anuais, quinqenais, decenais, etc. destaca-se, ainda, que, para fins da presente publicao, foram considerados exclusivamente os dados oficiais disponveis, com prioridade para os dados nacionais. os dados estaduais e do distrito Federal foram considerados apenas quando a unidade espacial assim o exigia. no total, so apresentados 44 indicadores, sendo que 12 deles so os mesmos dos definidos para acompanhar as metas dos objetivos de desenvolvimento do Milnio (odM). nestes casos, feita a devida meno equivalncia das Metas do Milnio. os indicadores aqui apresentados esto disponveis no stio eletrnico do MMA (www.mma.gov.br/sinima).ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

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o BRASILo territrio brasileiro tem 8.514.876,599km2 e ocupa quase metade (47%) da rea da Amrica do Sul. Banhado a leste pelo oceano Atlntico, possui vrias ilhas ocenicas, destacando-se as de Fernando de noronha, Abrolhos e Trindade. Ao norte, a oeste e ao sul limita-se com todos os pases do continente sulamericano, excetuando-se o Chile e o Equador.ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Figura 1 Localizao do Brasil na Amrica do Sul

Fonte: Ministrio do Meio Ambiente, 2006.

A localizao de 92% do territrio brasileiro na zona intertropical e as baixas altitudes do relevo explicam a predominncia de climas quentes, com mdias de temperatura superiores a 20C. os tipos de clima presentes no Brasil so: equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlntico, semi-rido e subtropical.

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A precipitao anual do pas bem varivel. Enquanto na Amaznia a precipitao anual superior a 2.000mm, no semi-rido do nordeste a precipitao registra valores mdios inferiores a 500mm. A organizao poltico-administrativa do Brasil compreende trs poderes o Judicirio, o Executivo e o Legislativo e o princpio da autonomia entre a Unio, o distrito Federal, os 26 estados e os 5.564 municpios (IBGE/2006). Figura 2 diviso poltica administrativa do BrasilILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Fonte: IBGE, diretoria de Geocincias.

o Brasil est em quinto lugar entre os pases mais populosos do mundo, com 50 milhes de famlias, ou cerca de 187,2 milhes de brasileiros (segundo estimativas do IBGE para 2006) dos quais 83% residem em reas urbanas. A taxa de fecundidade, que chegou a 6,3 em 1960, hoje de 2,3 filhos por casal. Esta queda, associada melhoria dos indicadores sociais e da qualidade de vida, far

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Quadro 1 Brasil dados Geraiso BRASIL dAdoS GERAIS Localizao Pases vizinhos Amrica do Sul Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolvia, Peru, Colmbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Equatorial, tropical, tropical de altitude, tropical atlntico ou tropical mido, subtropical e semi-rido. 8.514.876,599km2 47% Amaznia: 4.196.943km2 Cerrado: Mata Atlntica: Caatinga: Pampa: Pantanal: Populao 2.036.448km2 1.110.182km 844.453km2 176.496km 150.355km2 2 2

Fontes: IBGE (2000)

Climas do Brasil

http://www.suapesquisa.com/clima/climabrasil.gif IBGE (2000)

rea total ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL porcentagem da Amrica Latina Biomas Brasileiros

49,29% do Brasil IBGE e MMA (2004) 23,92% do Brasil 13,04% do Brasil 9,92% do Brasil 2,07% do Brasil 1,76% do Brasil Estimativa Populacional IBGE 2006 IBGE (2006)

186,7 habitantes

Unidades da Federao Municpios rea plantada

26 estados 1 distrito Federal 5.564 municpios 49 milhes/ha na safra 2004/2005

http://www.ibge.gov.br/ http://www.brasil.gov. br/pais/indicadores/ cat_eco/categoria

Produto Interno R$2,3 trilhes em 2006 Bruto a Preo de (somatrio dos trimestres de 2006) Mercado Referente aos Somatrios dos Trimestres de 2006 (PIB) Supervit da Balana Comercial Taxa de analfabetismo US$46,1 bilhes em 2006 11,2% entre pessoas com 15 anos de idade ou mais em 2004

www.apexbrasil.com.br IBGE

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com que a maioria da populao tenha entre 15 e 44 anos nas prximas quatro dcadas. Isso representar um dos maiores mercados de trabalho e de consumo dentre os pases das Amricas. Em 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) a preos de mercado do pas foi da ordem de R$2.322,818 bilhes, sendo R$1.999,6 bilhes referentes ao valor adicionado a preos bsicos e R$323,2 bilhes aos Impostos sobre Produtos. A agropecuria, a indstria e os servios representam respectivamente 5%, 31% e 64% do valor adicionado total. Entre os componentes da demanda, o Consumo das Famlias totalizou R$1.402,1 bilhes, o Consumo do Governo R$463,0 bilhes e a Formao Bruta de Capital Fixo R$390,1 bilhes. A Balana de Bens e Servios ficou superavitria em R$68,2 bilhes e a Variao de Estoques foi negativa em R$0,7 bilho (IBGE, 2006). o Pas responde por trs quintos da produo industrial da economia sulamericana e participa de diversos blocos econmicos como: o Mercosul; o G-22, grupo de pases em desenvolvimento; e o Grupo de Cairns, formado por pases exportadores agrcolas. o desenvolvimento cientfico e tecnolgico, aliado a um parque industrial diversificado e dinmico, atrai empreendimentos externos. o timo desempenho dos setores exportadores permitiu ao pas elevar o estoque de reservas internacionais e reduzir a dvida externa, encerrando o dbito junto ao Fundo Monetrio Internacional (FMI).

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METASDIVERSIDADE BIOLgICAILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

1.1 Cobertura florestal Assegurar o manejo sustentvel dos recursos florestais, reduzindo significativamente as atuais taxas de desmatamento na Amrica Latina e no Caribe.

1.2 Territrio protegido com unidades de conservao Aumentar significativamente a superfcie estabelecida como unidades de conservao, inclusive nas zonas de transio (ectonos) e em corredores ecolgicos nos territrios da Amrica Latina e do Caribe.

1.3 Distribuio eqitativa de benefcios dos recursos genticos Adotar marcos de regulao para o acesso aos recursos genticos, bem como para a repartio justa e eqitativa dos benefcios derivados de sua utilizao, em consonncia com a Conveno sobre diversidade Biolgica (CdB).

1.4 Biodiversidade marinha Assegurar a conservao e o uso adequado dos recursos marinhos, em especial dos ecossistemas marinho-costeiros.

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DIVERSIDADE BIOLgICA

Marly Santos

o artigo 2 da Conveno sobre diversidade Biolgica (CdB), principal acordo internacional sobre biodiversidade do qual o Brasil signatrio, define diversidade biolgica (ou biodiversidade) como a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, incluindo, dentre outros, ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquticos e os complexos ecolgicos dos quais fazem parte; isto inclui a diversidade intra-especfica, interespecfica e de ecossistemas. A biodiversidade abrange tambm os chamados recursos biolgicos, definidos na CdB (artigo 2) como recursos genticos, organismos ou partes destes, suas populaes ou quaisquer outros componentes biticos dos ecossistemas que possuam uso ou valor atual ou potencial para a humanidade. A biodiversidade apresenta, portanto, enorme potencial econmico e a sua conservao, o uso sustentvel de seus componentes e a repartio justa e eqitativa dos benefcios advindos da utilizao de recursos genticos dever dos pases signatrios da CdB. A biodiversidade no se encontra distribuda de maneira uniforme pelo planeta. Ao contrrio, um conjunto de apenas 17 pases concentra acima

de 70% de toda a biodiversidade mundial. So os chamados pases megadiversos, conceito sedimentado por Mittermeier et al. (1997). Em 2002, dez destes pases, juntamente com a Costa Rica e o Qunia, lanaram a declarao de Cancn, por meio da qual foi estabelecido um bloco poltico denominado Grupo dos Pases Megadiversos (Like-minded Megadiversity Countries). Atualmente, esse grupo abrange 15 pases: frica do Sul, Bolvia, Brasil, China, Colmbia, Costa Rica, Equador, Filipinas, ndia, Indonsia, Malsia, Mxico, Peru, Qunia e Venezuela.ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

o Brasil considerado o pas de maior biodiversidade mundial (Mittermeier et al., 1997), abrigando um nmero estimado em 13,2% do total de espcies existentes no planeta (Lewinsohn & Prado, 2005). Aqui esto presentes, tambm, cerca de 40% das florestas tropicais remanescentes no mundo (Peres 2005), localizadas principalmente nos biomas Amaznia e Mata Atlntica. Alm dos biomas florestais, essa expressiva biodiversidade est presente no Cerrado maior, mais rica e provavelmente a mais ameaada regio de savanas tropicais; no Pantanal, maior plancie tropical sazonalmente inundvel; na Caatinga, rico bioma presente exclusivamente em nosso pas, e ainda no bioma Pampa, encontrado no Brasil apenas no estado do Rio Grande do Sul. H que se mencionar, tambm, a presena de uma rica biodiversidade aqutica, resultado da presena de diversos ecossistemas em uma zona costeira de vasta extenso (7.406km) e em nossos rios, dentre os quais destaca-se o Rio Amazonas, maior do mundo em volume de gua (Figura 3). Alm de biodiversidade, o Brasil possui rica sociodiversidade, representada por mais de 200 povos indgenas e comunidades locais (quilombolas, caiaras, seringueiros, etc.), reunindo um inestimvel acervo de conhecimentos tradicionais sobre a conservao e o uso da biodiversidade. o Plano Estratgico nacional de reas Protegidas, institudo por meio do decreto n 5.758, de 13/4/2006, enfoca tanto a gesto do Sistema nacional de Unidades de Conservao da natureza (SnUC) como as terras indgenas e de quilombolas. diversos instrumentos legais foram institudos no Brasil para promover a conservao e o uso sustentvel de sua diversidade biolgica. Entre esses, merecem destaque aqueles destinados a implementar os compromissos assumidos junto CdB. So eles: o decreto Legislativo n 2, de 8/2/1994, que ratificou a adeso do Brasil CdB; o decreto n 2.519, de 16/3/1998, que a promulgou;

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Figura 3 Biomas continentais brasileiros

Fonte: IBGE, 2004.

o decreto n 4.339, de 22/8/2002, que instituiu os princpios e as diretrizes da Poltica nacional de Biodiversidade; a deliberao n 40 da Comisso nacional de Biodiversidade (Conabio), de 7 de fevereiro de 2006, que dispe sobre a aprovao das diretrizes e Prioridades do Plano de Ao para implementao da Poltica nacional de Biodiversidade (PAn-Bio). Merece destaque, tambm, a Resoluo n 3 da Conabio, de 21 de dezembro de 2006, que dispe sobre as Metas nacionais de Biodiversidade para 2010, num total de 51 metas. Esses e outros instrumentos legais relacionados ao tema podem ser obtidos no Portal Brasileiro sobre Biodiversidade (http://www.mma.gov.br/portalbio). desde 1997, na definio de reas prioritrias para conservao, uso sustentvel e repartio de benefcios da biodiversidade, o Ministrio do Meio Ambiente

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vem aplicando uma metodologia participativa com o envolvimento de instituies governamentais, no-governamentais e comunidade acadmica. Essas reas prioritrias foram reconhecidas pelo decreto n 5.092, de 21/5/2004. Ao longo do binio 2005-2006, houve um amplo trabalho de atualizao destas reas prioritrias, por meio de diversos seminrios para cada bioma, alm da Zona Costeira e Marinha. no processo de atualizao, alm de representantes das categorias mencionadas anteriormente, foram includos representantes de outros setores da sociedade civil, tais como populaes tradicionais e classe empresarial, e os das esferas governamentais estadual e municipal. A incorporao dos interesses desses setores no processo participativo propiciou uma legitimidade ainda maior nos resultados alcanados. o processo de atualizao teve como resultados o mapa e o banco de dados com 2.684 reas prioritrias terrestres (sendo 1.123 reas j protegidas Unidades de Conservao ou Terras Indgenas e outras 1.561 novas reas propostas) e 104 reas prioritrias na Zona Costeira e Marinha. Essas novas reas foram reconhecidas por meio da Portaria MMA n 9, de 23/1/2007 e servem como importante instrumento de poltica pblica e direcionamento de aes privadas, com vistas conservao, ao uso sustentvel e repartio de benefcios da biodiversidade brasileira. o mapa das reas resultantes, bem como o histrico do processo de atualizao das reas prioritrias, esto disponveis no Portal Brasileiro sobre Biodiversidade (http://www.mma.gov.br/portalbio). A maioria das florestas brasileiras esto em terras pblicas e o recente marco legal (Lei n 11.284, de 2/3/2006) prope regulamentar a gesto das florestas pblicas. Para isso, institui, na estrutura do MMA, o Servio Florestal Brasileiro (SFB) e o Fundo nacional de desenvolvimento Florestal (FndF). Essa Lei prev trs opes de gesto para florestas pblicas: 1) criar e manter unidades de conservao de uso sustentvel; 2) destinar reas para o uso familiar ou comunitrio; e, aps esgotadas as opes anteriores para uma determinada regio, 3) realizar contratos de concesso de at 40 anos, baseados em processo de licitao pblica. importante destacar que as concesses florestais no significam a transferncia de domnio ou posse das reas, mas apenas autorizam o manejo para explorao de produtos e servios da floresta, mediante a aprovao de plano de manejo sustentvel.

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Meta ILAC 1.1 Cobertura florestalAssegurar o manejo sustentvel dos recursos florestais, reduzindo significativamente as taxas atuais de desmatamento na Amrica Latina e no Caribe. Indicador aprovado pelo Frum de Ministros Proporo de superfcie terrestre coberta por floresta (odM 7 Garantir a sustentabilidade do meio ambiente).ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Proporo de superfcie coberta por floresta Para conhecer o estado atual da cobertura vegetal dos biomas, a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministrio do Meio Ambiente, por meio do Projeto de Conservao e Utilizao Sustentvel da diversidade Biolgica Brasileira (PRoBIo), contratou estudos de mapeamento da cobertura vegetal dos biomas brasileiros. Esses estudos utilizaram o recorte de biomas proposto pelo Mapa de Biomas Brasileiros (IBGE, 2004) e tomaram por base as imagens do satlite Landsat, obtidas principalmente no ano de 2002. Assim, pela primeira vez, foi gerado um mapa digital da cobertura vegetal para todos os biomas brasileiros, em escala 1:250.000. os resultados do indicador proposto apontam a existncia de cerca de 4.617.915km2 de florestas no Brasil, ou o equivalente, cerca de 54,2% do territrio nacional. nesta rea com florestas, predomina o bioma Amaznia, conforme ilustrado na Tabela 1. Tabela 1 Cobertura florestal nativa segundo os biomas brasileiros, 2002Bioma Amaznia Mata Atlntica Cerrado Pantanal Caatinga Pampa Total rea Total (km2)a 4.196.943 1.110.182 2.036.448 150.355 844.453 176.496 8.514.877 Cobertura Florestal (km2)b Cobertura Florestal (%) 3.416.391 230.900 751.943 7.662 201.428 9.591 4.617.915 80,8 21,8 36,7 5,1 24,3 5,4 54,2

a) Fonte: IBGE, 2004. Mapa de Biomas do Brasil, disponvel em www.ibge.br. b) Fonte: MMA, 2007. Mapas de Cobertura Vegetal dos Biomas Brasileiros, disponveis em www.mma.gov.br/portalbio Trabalho realizado com base em imagens do satlite Landsat, obtidas em 2002.

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Apenas o desmatamento na Amaznia Legal1 tem sido monitorado regularmente pelo governo brasileiro. desde 1978, o Instituto nacional de Pesquisas Espaciais (InPE) gera estimativas anuais da rea desmatada por meio do Projeto de Estimativas de desflorestamento da Amaznia (PRodES). o Grfico 1 mostra a rea desflorestada na Amaznia Legal no perodo de 1988 a 2006. Aps um perodo de decrscimo, que teve seu ponto mais baixo em 1990/91, o desmatamento na Amaznia Legal apresentou crescimento acelerado e alcanou o maior valor histrico (29.059km2) no perodo 1994/95, arrefecendo nos dois anos subseqentes. Aps tendncia ascendente desde meados da dcada de 90, o desflorestamento anual na Amaznia Legal caiu consideravelmente de 2004 em diante, com os dados preliminares para 2005/06 mostrando um desflorestamento de cerca de 13.100km (queda de 30% em relao ao perodo 2004/2005). Grfico 1 desmatamento na Amaznia Legal Brasileira (km, por ano) 1988 a 2006

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Fonte: MMA, com base em dados do PRodES Instituto nacional de Pesquisas Espaciais (InPE), 2007.

A diminuio da rea desflorestada pode ser atribuda, em grande medida, s aes empreendidas pelo governo brasileiro, a partir de 2004, no mbito do

1 Cobrindo uma rea de cerca de 5.200.000km, a Amaznia Legal Brasileira abrange cerca de 60% do territrio nacional. Ela foi criada pela Lei n 5.173, de 27/10/66, e engloba, atualmente, os estados do Amazonas, do Par, de Rondnia, do Acre, de Roraima, do Amap, do Tocantins e de Mato Grosso, alm da poro ocidental do Maranho limitada pelo meridiano de 44.

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Plano de Ao para a Preveno e Controle do desmatamento na Amaznia Legal. Implementado por 14 ministrios, coordenados pela Casa Civil da Presidncia da Repblica, as atividades do plano esto distribudas em trs eixos temticos: 1) ordenamento territorial e fundirio, 2) monitoramento e controle, e 3) fomento s atividades produtivas sustentveis. Uma outra ferramenta tecnolgica desenvolvida pelo InPE para o clculo de reas desflorestadas se refere ao Sistema de deteco de desflorestamento em Tempo Real (deter). Esse novo sistema integra o Plano de Ao contra o desmatamento na Amaznia Legal e permite a produo de mapas atualizados quinzenalmente que mostram a localizao das reas em processo de desmatamento.

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Meta ILAC 1.2 Territrio protegido com unidades de conservao federaisAumentar significativamente a superfcie estabelecida como unidade de conservao, inclusive nas zonas de transio (ectonos) e em corredores ecolgicos nos territrios da Amrica Latina e do Caribe.ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Indicador aprovado pelo Frum dos Ministros Proporo de reas protegidas em relao rea total (odM 7 Garantir a sustentabilidade do meio ambiente).

Proporo de reas protegidas em relao rea total o estabelecimento de reas protegidas um mecanismo importante para garantir a conservao dos habitats naturais e da diversidade biolgica. o Grfico 2 mostra a evoluo no nmero e na rea em unidades de conservao federais no perodo entre 1934 a 2006. Em dezembro de 2006, estavam inseridas no Cadastro nacional de Unidades de Conservao da natureza (CnUC) 288 Grfico 2 rea total de unidades de conservao federais, segundo grupo de manejo. Brasil 1934 a 2006

Fonte: MMA, Cadastro nacional de Unidades de Conservao.

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unidades de conservao (UCs) federais, administradas pelo IBAMA, englobando uma rea de, aproximadamente, 696.026km 2. dessas UC, 278 localizamse na parte continental, totalizando uma rea de 678.544km (8% do territrio nacional), sendo 324.516km (cerca de 3,8% da rea continental) destinados proteo integral e 354.028km (4,2% do territrio nacional) admitem a explorao sustentvel dos recursos naturais. os dados refletem a proposta de conciliar a preservao de comunidades biolgicas intactas com a manuteno e a divulgao de prticas de uso e manejo sustentvel dos recursos naturais, efetuadas pelas populaes tradicionais. Esta ltima vertente de conservao iniciou-se na dcada de 1990, com a criao das reservas extrativistas, e resultou do entendimento de que a proteo ambiental deve resguardar tambm as especificidades da relao entre as sociedades tradicionais e o meio ambiente. Um marco importante se refere sano da Lei n 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema nacional de Unidades de Conservao da natureza (SnUC) e estabeleceu critrios e normas para criao, implantao e gesto de unidades de conservao, padronizando as categorias de manejo3. A Figura 4 ilustra a distribuio das unidades de conservao federais no territrio brasileiro, segundo os grandes grupos de manejo do SnUC: Proteo Integral e Uso Sustentvel. A maior parte da rea destinada s unidades de conservao federais composta por parques e florestas nacionais. o detalhamento das diferentes categorias de manejo reconhecidas pelo SnUC (Tabela 2) mostra que, dentre as categorias de proteo integral, destacam-se os 60 Parques nacionais na parte continental, que somam uma rea de 215.949km, equivalente a 35% da rea total das UCs federais. A supremacia dessa categoria de manejo tem origem na estratgia de conservao preservacionista e na possibilidade de manejo que

2 Esses dados no incluem 425 Reservas Particulares do Patrimnio natural - RPPn reconhecidas pelo IBAMA que envolvem uma rea de aproximadamente 440 mil hectares. 3 As 12 categorias de unidades de conservao institudas no SnUC so divididas em dois grandes grupos: Proteo Integral, cujo objetivo preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais; e Uso sustentvel, cujo objetivo compatibilizar a conservao da natureza com o uso sustentvel de parcela dos seus recursos naturais. o grupo de Proteo Integral envolve as seguintes categorias: Estao Ecolgica; Reserva Biolgica; Parque nacional; Monumento natural; e Reserva de Vida Silvestre. o grupo de uso sustentvel envolve as seguintes categorias: rea de Proteo Ambiental; rea de Relevante Interesse Ecolgico; Floresta nacional; Reserva Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de desenvolvimento Sustentvel e Reserva Particular do Patrimnio natural.

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Figura 4 distribuio das unidades de conservao federais no Brasil 2006

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Unidades de Conservao Federais Proteo Integral EstaoEcolgica ParqueNacional ReservaBiolgica ReservadeVidaSilvestre Uso Sustentvel readeProteoAmbiental readeRelevanteInteresseEcolgico FlorestaNacional ReservaExtrativista ReservadeDesenvolvimentoSustentvel

Fonte: Ministrio do Meio Ambiente 2006.

admite a visitao pblica e a realizao de atividades educativas, tursticas e recreativas, as quais possibilitam a dinamizao da economia local e a incluso das comunidades do entorno nos procedimentos de conservao e distribuio dos benefcios socioambientais. no grupo de Uso Sustentvel, a categoria mais representativa Floresta nacional, com 63 unidades e rea total de 168.425km, e que objetiva o uso mltiplo sustentvel dos recursos florestais e a pesquisa cientfica, com nfase em mtodos para a explorao sustentvel das florestas nativas. Quanto distribuio das unidades de conservao federais segundo os biomas brasileiros (Grfico 3), observa-se que o bioma mais protegido a Amaznia,

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Tabela 2 nmero, rea (km) e percentual do territrio continental com unidades de conservao federais, segundo grupo e categoria de manejo do SnUC, Brasil 2006Grupo Categoria de manejo nmero Total Proteo Integral Total Estao Ecolgica Parque nacional Reserva Biolgica Reserva de Vida Silvestre Uso Sustentvel Total rea de Proteo Ambiental rea de Relevante Interesse Ecolgico Floresta nacional Reserva de desenvolvimento Sustentvel Reserva Extrativista 158 29 15 63 1 50 354.028,40 86.742,70 430,3 168.425,30 644,4 97.785,40 4,143 1,015 0,005 1,971 0,008 1,144 120 31 60 27 2 324.516,30 69.090,70 215.949,80 38.029,30 1.446,40 3,798 0,809 0,445 0,017 ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL 2,527 278 UC na rea continental (1) rea (km) (2) 678.544,70 % do territrio nacional 7,94

Fonte: Cadastro nacional de Unidades de Conservao / Ministrio do Meio Ambiente. (1) rea continental do Brasil (8.545.466,2km), portanto no inclui as ilhas ocenicas. o clculo da rea continental baseado na malha municipal do Brasil. devido aos mtodos utilizados nesse clculo, os valores podem no corresponder ao clculo oficial elaborado pelo IBGE e devem ser considerados apenas para efeito deste estudo. (2) rea (km) rea calculada tendo como base os limites em meio digital das unidades de conservao federais o aprimoramento dos mapeamentos pode provocar alteraes na rea.

que tem 13,1% de seu territrio em unidades de conservao federais e representa 81% da rea total de unidades de conservao federais em todo o pas. nos demais biomas, o percentual de proteo inferior a 4% de suas respectivas reas. o Pampa e o Pantanal apresentam as menores reas destinadas conservao, respectivamente com quatro e duas unidades de conservao. A Mata Atlntica e o Cerrado so os biomas que mais sofreram alteraes pelo homem e enfrentam os maiores riscos de degradao de ecossistemas e extino de espcies. A Caatinga, embora com o segundo maior percentual de proteo (3,95%) em UC federais, o bioma com menor nmero de pesquisas cientficas. Alm das unidades de conservao federais, existem as reas protegidas pelos estados e pelos municpios. Em dezembro de 2006, o Brasil tinha 423 unidades

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Grfico 3 Percentual dos biomas brasileiros protegidos por unidades de conservao federais, Brasil 2006

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Fonte: MMA, Cadastro nacional de Unidades de Conservao.

de conservao estaduais, que abrangiam 302.000km, segundo o CnUC. na esfera municipal, eram 689 unidades de conservao em 2002, que somavam 105.000km, de acordo com o Perfil dos municpios brasileiros: meio ambiente 2002, da Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais do IBGE (2005). o conjunto de unidades de conservao federais, estaduais e municipais cobre 13% do territrio nacional.

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Meta ILAC 1.3 distribuio eqitativa de benefcios dos recursos genticosAdotar marcos de regulao para o acesso aos recursos genticos, bem como para a repartio justa e eqitativa dos benefcios derivados de sua utilizao, em acordo com a Conveno de Biodiversidade.ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Indicador aprovado pelo Frum de Ministros Existncia de leis/normas nacionais sobre o acesso aos recursos genticos e repartio de benefcios.

Existncia de leis/normas nacionais sobre o acesso aos recursos genticos e repartio de benefcios. o Brasil reconhece que os recursos genticos e os conhecimentos tradicionais a eles associados tm importncia estratgica para o desenvolvimento sustentvel. Portanto, busca valoriz-los e conserv-los, alm de reconhecer os direitos das comunidades indgenas e locais, mediante a implementao dos trs objetivos da Conveno sobre diversidade Biolgica (CdB): a conservao da diversidade biolgica; o uso sustentvel de suas partes constitutivas; a repartio justa e eqitativa dos benefcios que advm do uso dos recursos genticos; Com quase 200 mil espcies identificadas, nos seis biomas brasileiros (Amaznia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlntica, Pantanal e Pampa) e na Zona Costeira e Marinha, o Brasil pode atingir 1,8 milho de espcies nativas. Estes nmeros demonstram o imenso potencial do pas para o uso dos recursos genticos, includos os genes e as substncias do metabolismo presentes em cada espcie. Alm disso, mais de 220 etnias indgenas e diversas comunidades locais (quilombolas, ribeirinhos, caiaras, seringueiros, etc.) detm conhecimentos tradicionais associados ao uso sustentvel dos recursos dessa biodiversidade.

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os compromissos do Brasil, relativos implementao dos artigos 15 Acesso a Recursos Genticos e 8j Conhecimentos, Inovaes e Prticas das Comunidades Locais e Populaes Indgenas da Conveno sobre diversidade Biolgica, vm progressivamente sendo alcanados mediante as seguintes iniciativas: 1. definio de legislao nacional; 2. constituio de uma autoridade nacional competente para gesto do acesso e da repartio de benefcios; e 3. desenvolvimento de capacidades em acesso e repartio de benefcios. A Medida Provisria n 2.186-16, de 23 de agosto de 2001, instituiu o Sistema nacional para regular o acesso aos recursos genticos e conhecimentos tradicionais associados, bem como a repartio de benefcios derivados do seu uso. Complementam a normalizao sobre este tema os decretos n 3.945, de 28/9/2001; n 4.946, de 31/12/2003; n 5.439, de 3/5/2005; e n 5.459, de 7/6/2005. o sistema estabelece as atividades que dependem de autorizao, em funo de sua aplicao ou de seu potencial comercial: Pesquisa cientfica pesquisas com recursos genticos sem fins econmicos tm um sistema facilitado, sendo concedidas autorizaes especiais para instituies nacionais, que so vlidas para grupos de projetos. As pesquisas com conhecimentos tradicionais associados so autorizadas, caso a caso, mediante anlise do consentimento prvio fundamentado. Bioprospeco e desenvolvimento tecnolgico alm do consentimento prvio fundamentado, exige-se o Contrato de Repartio de Benefcios como requisito da autorizao de acesso. Benefcios monetrios ou no-monetrios so negociados diretamente com os titulares das reas (pblicas ou privadas) onde se encontram os recursos genticos ou com as comunidades indgenas ou locais, detentoras de conhecimentos tradicionais associados.

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Institudo em abril de 2002, o Conselho de Gesto do Patrimnio Gentico (CGEn), sediado em Braslia, a autoridade nacional com acesso repartio de benefcios. Presidido pelo Ministrio do Meio Ambiente, o CGEn constitudo por 19 instituies da administrao pblica federal. Participam como convidados representantes do setor acadmico, de povos indgenas e comunidades locais, empresas e organizaes ambientalistas. o CGEn se rene mensalmente para deliberar sobre autorizaes de acesso e remessa, credenciar instituies como fiis depositrias e normatizar procedimentos complementares legislao. o nmero anual de solicitaes e de autorizaes concedidas tem aumentado ao longo dos anos, demonstrando o grau crescente de implementao e de efetividade da legislao. At novembro de 2006, foram emitidas 274 autorizaes (233 de pesquisa cientfica com patrimnio gentico, 30 de pesquisa cientfica com conhecimento tradicional associado, 11 de bioprospeco e/ ou de desenvolvimento tecnolgico). nesse mesmo perodo, foram apresentados 65 termos de transferncia de material, firmados 8 contratos de bioprospeco e credenciadas 83 instituies cujas colees cientficas ex situ esto habilitadas a receber amostras de recursos genticos, uma das exigncias da legislao brasileira. o Quadro 2 apresenta os principais instrumentos jurdicos vigentes no Brasil, que podem ser acessados no endereo eletrnico www.mma.gov.br/port/cgen. Para complementar, o CGEn j instituiu 23 resolues, 5 orientaes tcnicas e 15 deliberaes que disciplinam conceitos e instrumentos do sistema como o de consentimento prvio, os contratos de repartio de benefcios e os termos de transferncia de material, entre outros aspectos relacionados ao exerccio e implementao da legislao nacional.

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Quadro 2 Instrumentos jurdicos referentes regulao do acesso ao patrimnio gentico vigente no BrasilInstrumento decreto legislativo n. 2, de 1994 decreto n 2.519 Medida Provisria n 2.186-16/01 data 2/8/1994 Contedo Aprova o texto da Conveno sobre diversidade Biolgica, assinada durante a Conferncia das naes Unidas sobre Meio Ambiente e desenvolvimento, em 1992 Promulga a Conveno sobre diversidade Biolgica, assinada no Rio de Janeiro, em 1992 Estabelece o marco regulatrio para as atividades de acesso e remessa de componentes do patrimnio gentico nacional, do acesso aos conhecimentos tradicionais associados, bem como das formas de repartio de benefcios derivados da explorao econmica desses componentes define a composio do Conselho de Gesto do Patrimnio Gentico e estabelece as normas para o seu funcionamento Altera, revoga e acrescenta dispositivos ao decreto n 3.945, de 28/9/2001, que regulamenta a Medida Provisria n 2.186-16, de 23/8/2001 d nova redao aos arts. 2 e 4 do decreto n 3.945, de 28/09/2001 Regulamenta o art. 30 da Medida Provisria n 2.18616, de 23 de agosto de 2001, disciplinando as sanes aplicveis s condutas e atividades lesivas ao patrimnio gentico ou ao conhecimento tradicional associado e d outras providncias

3/16/1998 8/23/2001

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decreto n 3945

9/28/2001

decreto n 4946

12/31/2003

decreto n 5.439 decreto n 5459

5/3/2005 6/8/2005

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Meta ILAC 1.4 Biodiversidade marinhaAssegurar a conservao e o uso adequado dos recursos marinhos, em especial dos ecossistemas marinho-costeiros. Indicador aprovado pelo Frum dos Ministros Percentual de reas costeiro-marinhas protegidas em relao rea costeiromarinha total. Percentual de reas costeiro-marinhas protegidas em relao rea costeiromarinha total o Brasil tem uma das maiores faixas costeiras do mundo, com mais de 7.406km de extenso entre a foz dos rios oiapoque (45245n) e Chu (334510S). A regio costeira brasileira est situada em duas regies climticas distintas: a zona tropical, que envolve os estados do norte, nordeste e Sudeste, e a zona temperada, que compreende os estados do Sul do pas. disso decorre que a configurao da costa extremamente diversificada e envolve uma enorme variedade de ecossistemas ilhas, falsias, esturios, manguezais, dunas, restingas, praias arenosas e lodosas, costes rochosos e lagoas que abrigam inmeras espcies da flora e fauna, muitas das quais endmicas e algumas ameaadas de extino. A zona costeira e marinha brasileira compreende os ecossistemas litorneos e as guas jurisdicionais (mar territorial e zona econmica exclusiva), que somadas extenso das terras emersas, totalizam quase 450 milhes de hectares (4,5 milhes de km). Portanto, a zona costeira e marinha acrescenta ao pas uma rea equivalente a quase 50% de sua extenso. As unidades de conservao federais na rea costeira e marinha esto distribudas por todo o litoral e abrangem quase todas as ilhas ocenicas do pas, apresentando um sistema amplo, com diferentes categorias de manejo. A Tabela 3 detalha a rea das unidades de conservao costeira e marinha no pas. importante destacar que as unidades de conservao na zona costeira protegem parte dos respectivos biomas que ocorrem na rea limtrofe (terramar). Assim, as unidades de conservao que abrangem os ecossistemas costeiros, tais como manguezais, restingas, dunas e praias, esto incorporadas naILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

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Tabela 3 Comparao entre a rea total do Brasil, Zona Econmica Exclusiva e a rea das unidades de conservao federais costeiras e marinhas, Brasil 2005descrio Territrio Continental Zona Econmica Exclusiva UCs federais na zona marinha UCs federais na zona costeira UCs federais em ilhasFonte: Prates et al., 2005.

rea em km2 8.500.000 3.500.000 14.324 24.151 21

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anlise do indicador da Meta 1.2 que trata das unidades de conservao da rea continental. Segundo dados do Cadastro nacional de Unidades de Conservao, das 288 unidades de conservao federais, 59 abrangem os ecossistemas costeiros e marinhos enquanto 10 so exclusivamente marinhas, representando 20,5% do total de UCs federais e totalizando, aproximadamente, 38 mil km2. A Figura 5 apresenta as 59 unidades, destacando os dois grandes grupos de categorias de manejo: uso sustentvel e proteo integral. no entanto, considerando a extenso do mar territorial e da Zona Econmica Exclusiva (ZEE), o Brasil registra menos de 0,4% da extenso territorial protegido sob alguma forma de unidade de conservao federal. A regio litornea do pas registra maior densidade demogrfica e, conseqentemente, existem problemas associados gesto de resduos slidos, saneamento bsico, especulao imobiliria, turismo desordenado, eliminao de vegetao fixadora de dunas, destruio de manguezais e aterramento de zonas midas. A criao e implementao de unidades de conservao na zona costeira/marinha, portanto, envolve aes integradas para minimizar esses problemas. Um avano significativo nessa rea foi conseguido com a instituio do Plano Estratgico nacional de reas Protegidas, que define o desenho de um sistema representativo e efetivo de reas marinhas protegidas a ser implementado at 2012, segundo as metas da Conveno sobre diversidade Biolgica (CdB). A importncia do Plano pode ser percebida com exemplos evidentes de benefcios gerados na gesto e recuperao dos recursos pesqueiros.

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Figura 5 distribuio das unidades de conservao federais na zona costeira, Brasil 20061 - P.N. do Cabo Orange 2 - E.E. de Marac-Jipioca 3 - R.B. do Lago Piratuba 4 - R.Ex. Soure 5 - R.Ex. de So Joo da Ponta 6 - R.Ex. Me Grande de Curu 7 - R.Ex. Maracan 8 - R.Ex. Chocoar-Mato Grosso 9 - R.Ex. Marinha de Tracuateua 10 - R.Ex.Marinha de Caet-Taperau 11 - R.Ex. Ara Peroba 12 - R.Ex.Gurupi-Piri 13 - R.Ex.Cururupu 14 - P.N. dos Lenis Maranhenses 15 - R.Ex. Delta do Parnaba 16 - A.P.A. Delta do Parnaba 17 - A.P.A. Jericoacoara 18 - P.N. de Jericoacoara 19 - R.Ex. Batoque 20 - A.P.A. de Fernando de Noronha 21 - R.B. do Atol das Rocas 22 - P.N. Marinho de Fernando de Noronha 23 - A.R.I.E. Manguesais da Foz do Rio Mamanguape 24 - A.P.A. da Barra do Mamanguape 25 - F.N. Restinga de Cabedelo 26 - A.P.A. da Costa dos Corais 27- A.P.A. de Piaabuu 28 - R.B. de Santa Isabel 29 - R.Ex. Baia de Iguape 30 - P.N. do Monte Pascoal 31 - P.N. Marinho dos Abrolhos 32 - R.B. de Comboios 33 - P.N. da Restinga de Jurubatiba 34 - R.Ex. Arraial do Cabo 35 - A.P.A. de Guapi-Mirim 36 - R.Ex. Lagoa do Jequi 37 - A.R.I.E. Ilha das Cagarras 38 - A.P.A. de Cairuu 39 - P.N. da Serra da Bocaina 40 - E.E. de Tamoios 41 - E.E. de Tupinambs 42 - A.R.I.E. Ilha Queimada Grande e Queimada Pequena 43 - A.P.A. de Canania-Iguape-Perube 44 - E.E. de Tupiniquins 45 - R.Ex. Mandira 46 - A.R.I.E. Ilha do Ameixal 47 - P.N. do Superagui 48 - E.E. de Guaraqueaba 49 - A.P.A. de Guaraqueaba 50 - P.N. Saint-Hilaire/Lange 51 - R.B. Marinha do Arvoredo 52 - A.P.A. de Anhatomirim 53 - E.E. de Carijs 54 - R.Ex. Pirajuba 55 - A.P.A. da Baleia Franca 56 - R.Ec. Ilha dos Lobos 57 - P.N. da Lagoa do Peixe 58 - E.E. do Taim

Unidades de Conservao Federais ProteoIntegral UsoSustentvel

Fonte: ncleo da Zona Costeira e Marinha/SBF, 2006.

no caso do desenho do sistema representativo, um passo importante foi a finalizao do processo de atualizao e reviso das reas prioritrias para a conservao da biodiversidade da zona costeira e marinha, onde o refinamento dessas reas, bem como a indicao das aes, j significam um enorme avano para sua constituio.

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METASgESTO DE RECURSOS HDRICOSILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

2.1 Proviso de gua Melhorar a eficincia do uso da gua na indstria, na agricultura e no consumo domstico. Introduzir tecnologias de dessanilizao da gua marinha e salobra. Integrar o manejo de aqferos costeiros.

2.2 Manejo de Bacias Hidrogrficas Melhorar e fortalecer a institucionalidade do manejo integrado de bacias hidrogrficas e aqferos, entre outros, por meio do estabelecimento de comits de bacias hidrogrficas, com a participao de todos os nveis subnacionais de governo, a sociedade civil, o setor privado e todos os demais atores envolvidos. Manejo costeiro-marinho e seus recursos. Implementar planos de ao para o manejo integrado dos recursos e dos ecossistemas costeiros. Qualidade dos recursos hdricos. Melhorar a qualidade dos efluentes e diminuir a descarga de contaminantes em corpos de guas superficiais e subterrneas, assim como na zona costeira.

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gESTO DE RECURSOS HDRICOS

Marly Santos

A preocupao com o direito de acesso gua, sua conservao para fins mltiplos e a resoluo de conflitos de usos tornam a gesto de recursos hdricos um dos temas prioritrios tanto na agenda internacional como na brasileira. nas ltimas duas dcadas, em particular, a questo de recursos hdricos entrou na esfera de soberania e estratgia para a poltica de desenvolvimento sustentvel e de conservao dos recursos naturais dos pases. Seja pela grande dimenso do pas, sua diversidade fsica e bitica, como tambm pelos princpios constitucionais, a gesto dos recursos hdricos no Brasil tem papel fundamental no desenvolvimento socioeconmico nacional. A Constituio Federal do Brasil, de 1988, aborda os recursos hdricos sob diferentes enfoques e inclui, em seu artigo 20, a questo de domnio. So bens da Unio, entre outros, os lagos, os rios e quaisquer correntes de gua em terrenos de seu domnio ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros pases, ou ainda se estendam a territrio estrangeiro ou dele provenham. Isso tambm se aplica aos terrenos marginais e s praias fluviais. Quanto aos bens dos estados, tratados no artigo 26, incluem-se as guas superficiais ou subterrneas, fluentes, emergentes e em depsito ressalvadas, neste caso, as decorrentes de obras da Unio.

A Constituio Brasileira atribuiu Unio a responsabilidade de instituir o Sistema nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos (artigo 21) e a competncia privativa para legislar sobre esse recurso (artigo 22). A Lei n 9.433, de 8/1/1997, instituiu a Poltica nacional de Recursos Hdricos (PnRH) e criou o Sistema nacional de Gerenciamento dos Recursos Hdricos (SInGREH)1. A Poltica nacional de Recursos Hdricos tem os seguintes fundamentos: a gua um bem de domnio pblico;ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

a gua um recurso natural limitado, dotado de valor econmico; em situaes de escassez, o uso prioritrio dos recursos hdricos o consumo humano e saciar a sede de animais (dessedentao); a gesto dos recursos hdricos deve sempre proporcionar o uso mltiplo das guas; a bacia hidrogrfica a unidade territorial para implementao da Poltica nacional de Recursos Hdricos e atuao do Sistema nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos; a gesto dos recursos hdricos deve ser descentralizada e contar com a participao do Poder Pblico, dos usurios e das comunidades. Apesar do Brasil possuir a maior disponibilidade hdrica do planeta, a gesto dos recursos hdricos um desafio constante e crescente. Grandes cidades, em Regies Metropolitanas como So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte (situados na regio Sudeste), bem como estados como Pernambuco, Piau e Cear (situados na regio nordeste), enfrentam conflitos e dificuldades para garantir a quantidade e a qualidade necessrias de gua para o consumo humano e as diversas atividades socioeconmicas (PnRH, 2006). Soma-se a isto o fato de a agricultura e a pecuria demandarem, segundo estimativas, quase 70% do volume total de gua extrada do sistema de rios, lagos e mananciais subterrneos. os 30% restantes destinam-se a fins de consumo domstico, atividade industrial, gerao de energia, recreao, abastecimento e outros.

1 Composto pelo Conselho nacional de Recursos Hdricos (CnRH); pela Agncia nacional de guas (AnA); pelos conselhos de recursos hdricos dos estados e do distrito Federal; por comits de bacias hidrogrficas; por rgos dos poderes pblicos federal, estadual, do distrito Federal e municipal cujas competncias se relacionem com a gesto de recursos hdricos, dentre eles a Secretaria de Recursos Hdricos e Ambiente Urbano do Ministrio do Meio Ambiente e as Agncias de gua.

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Assim, mais que um conjunto de instrumentos jurdicos, a gesto dos recursos hdricos no Brasil um processo permanente, dinmico e participativo para estabelecer um pacto nacional, com o objetivo de atender os mltiplos interesses sociais no uso das guas e promover o desenvolvimento sustentvel do pas. Enquanto o Plano nacional de Recursos Hdricos traa o planejamento estratgico do setor, suas iniciativas so executadas pelo Sistema nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos (SInGREH). A instncia mxima decisria do SInGREH o CnRH, cuja presidncia exercida pelo Ministro de Estado do Meio Ambiente, e a secretaria executiva exercida pela Secretaria de Recursos Hdricos e Ambiente Urbano daquele Ministrio (SRHU/MMA), sendo a Agncia nacional de guas o rgo federal, vinculado ao Ministrio do Meio Ambiente, responsvel pela coordenao da implementao da Poltica nacional de Recursos Hdricos.

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Meta ILAC 2.1 Proviso de guaMelhorar a eficincia do uso da gua na indstria, na agricultura e no consumo domstico. Introduzir tecnologias de dessanilizao da gua marinha e salobra. Integrar o manejo de aqferos costeiros.ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Indicador aprovado pelo Frum de Ministros Consumo de gua por habitante para cada $1,000 do PIB. Indicadores adotados no Brasil Vazo hdrica de retirada, de retorno e de consumo, por uso consuntivo. Vazo mdia de gua por habitante.

Vazo hdrica de retirada, de retorno e de consumo, por uso consuntivo As estimativas de demandas hdricas tm mostrado crescimento ao longo do tempo, em decorrncia do aumento populacional e do desenvolvimento econmico, principalmente em algumas regies hidrogrficas brasileiras, tanto no que se refere ao aumento das quantidades, quanto no que se refere variedade dos usos. de acordo com a Resoluo n 32, de 15/10/2003, do CnRH, considera-se como regio hidrogrfica o espao territorial brasileiro compreendido por uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrogrficas contguas com caractersticas naturais, sociais e econmicas homogneas ou similares, com vistas a orientar o planejamento e o gerenciamento dos recursos hdricos do pas. os usos consuntivos, isto , que consomem gua e, portanto, reduzem a disponibilidade hdrica, correspondem essencialmente ao uso da gua na indstria, na agropecuria (irrigao e dessedentao animal) e no setor domstico (urbano e rural). Conforme a Lei n 9.984, de 17/7/2000, que criou a Agncia nacional de guas (AnA), o monitoramento da disponibilidade hdrica no Brasil, para os diversos usos, consuntivos e no-consuntivos, de responsabilidade dessa agncia.

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Por meio de um banco de dados onde esto cadastrados cerca de 22.333 estaes hidrometeorolgicas (pluviomtricas e fluviomtricas), a AnA monitora a vazo hdrica em cada uma das regies hidrogrficas do Brasil (AnA, 2005). Por meio de coeficientes tcnicos e de demandas pertinentes a cada setor, possvel estimar a vazo de retirada (gua extrada pelo usurio), a vazo de retorno (gua que retorna ao manancial), e a vazo de consumo ou vazo efetivamente consumida, calculada pela diferena entre as vazes de retirada e de retorno. A variao das quantidades retiradas para consumo, retornadas e efetivamente consumidas, por setores usurios e por regio hidrogrfica, se observadas ao longo do tempo, permitem avaliar a melhoria da eficincia do uso da gua pelos diferentes usurios consuntivos: industrial, agropecurio e domstico. Assim, se a vazo de retirada de um mesmo grupo de indstrias mostrar reduo ao longo do tempo, isso pode indicar uma melhoria da eficincia pela adoo, por exemplo, de tecnologias de reuso da gua nos processos produtivos. do mesmo modo se, em termos percentuais, o setor agropecurio de uma determinada regio hidrogrfica, onde a irrigao uma atividade preponderante, apresentar diminuio na vazo de retirada permanecendo a mesma rea irrigada, isso indicar uma melhoria da eficincia do uso da gua, atribuda a uma otimizao dos equipamentos de irrigao ou adequao dos mtodos adotados. Portanto, desde que periodicamente estimados, contextualizados e analisados, os dados de vazes de retirada, retorno e consumo, no caso do Brasil, estimados por setor usurio e por regio hidrogrfica, podem configurar-se como indicadores de melhoria da eficincia de uso da gua. Cabe ressaltar que necessria a implementao de cadastro de usurios e de outorgas para que essa informao deixe de ser estimativa. A partir dos dados do Plano nacional de Recursos (Tabela 4), observa-se que as regies Atlntico Sudeste, Paran e Atlntico Leste apresentam o maior percentual de gua que retorna ao manancial, estando todos acima da mdia nacional de 47%. Em termos de vazo efetivamente consumida, sem discriminao por usurio, as regies Paran, Atlntico Sul, Uruguai, So Francisco e Atlntico nordeste oriental so as que apresentam maior valor no pas.ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

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Tabela 4 Vazes de retirada, retorno e consumo, Brasil e regies hidrogrficas 2005Regio Hidrogrfica m /s3

Retirada % do total 3 3 1 1 11 10 4 11 15 9 30 1 1003

Consumo m /s 27 33 6 11 100 105 33 61 155 109 189 12 841 % do total 3 4 1 1 12 13 4 7 18 13 23 1 100

Retorno m3/s 20 22 9 8 70 61 35 107 85 37 290 7 751

Amaznica Tocantins/Araguaia Atlntico nordeste ocidental Parnaba Atlntico nordeste oriental ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL So Francisco Atlntico Leste Atlntico Sudeste Atlntico Sul Uruguai Paran Paraguai BrasilFonte: AnA, 2005.

47 55 15 19 170 166 68 168 240 146 479 19 1.592

Quanto s vazes de consumo efetivo, por tipo de uso, em cada uma das regies hidrogrficas, verifica-se que a irrigao, atividade realizada pelo setor agrcola, sobressai em todas as regies hidrogrficas, exceto no Atlntico nordeste ocidental e no Paraguai, enquanto o consumo urbano prioritrio nas regies do Paran, Atlntico Sudeste e Atlntico nordeste oriental, em que esto presentes os maiores contingentes populacionais. Entretanto, vale lembrar que o consumo urbano destaca-se por apresentar uma elevada vazo de retorno, constituda principalmente por efluentes domsticos; , portanto, a maior fonte de poluio dos recursos hdricos e, conseqentemente, trata-se de gua a ser tratada antes de ser lanada nos corpos hdricos.

Vazo mdia de gua por habitante no Brasil, a relao entre demanda e disponibilidade de gua doce por habitante, dada por regio hidrogrfica, um indicador fundamental para a gesto dos recursos hdricos. Segundo a onU, este indicador pode ser apresentado em 3 classes:

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< 500 m/hab./ano, representando uma situao de escassez; 500 a 1.700 m/hab./ano, correspondente a uma situao de estresse; e >1.700 m/hab./ano, representando uma situao de conforto. Conforme apresentado na Tabela 5, a situao do Brasil confortvel com uma disponibilidade de 33.776m/hab./ano (PnRH, 2006). A mdia nacional no revela as desigualdades na distribuio da gua. Enquanto a regio hidrogrfica Amaznica, que possui uma das menores populaes do pas, apresenta a maior vazo per capita (533.096 metros cbicos por ano), a regio hidrogrfica Atlntico nordeste oriental, que possui a terceira maior taxa de ocupao humana, tem a menor vazo per capita (1.145 metros cbicos por ano) o que a torna a nica regio hidrogrfica no Brasil com disponibilidade hdrica inferior ao nvel crtico estabelecido pela onU (PnRH, 2006). Tabela 5 Vazo mdia de gua por habitante, Regies Hidrogrficas e Brasil 2006Macroregies hidrogrficas Amaznia Tocantins/Araguaia Atlntico nordeste ocidental Parnaba Atlntico nordeste oriental So Francisco Atlntico Leste Atlntico Sudeste Atlntico Sul Uruguai Paran Paraguai BrasilFonte: PnRH, 2006.

Populao (106 hab) 8 7 5 4 21 13 14 25 12 4 55 2 170

Vazo mdia (m3/s) 131.947 13.624 2.683 763 779 2.850 1.492 3.179 4.174 4.121 11.453 2.368 179.433

Vazo mdia (m3/hab/ano) 533.096 59.858 15.958 6.456 1.145 7.025 3.362 3.972 11.316 33.893 6.607 39.559 33.376

A Figura 6 apresenta a distribuio espacial do resultado da rela.o entre as vazes de retiradas (indstria, agricultura e domstico) e as vazes mdias de longo perodo acumuladas. A anlise da distribuio espacial explicita que a maior concentrao de reas muito crticas e preocupantes est na Regioo nordeste, em especial nos municpios

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Figura 6 distribuio espacial da relao entre vazo de retirada e a vazo mdia acumulada, regies hidrogrficas e Brasil 2006

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Fonte: Base de dados da AnA (2005).

do Semi-rido2, regio onde o Ministrio do Meio Ambiente tem focado suas aes de combate desertificao e distribuio de gua bruta por adutoras. Em particular, o Programa gua doce inclui um conjunto de aes integradas que utilizam tecnologias sustentveis de dessalinizao e de aproveitamento de rejeitos em sistemas produtivos locais. o Programa visa a produo de gua potvel em 2.000 localidades no semi-rido brasileiro, com 2,4 milhes de pessoas potencialmente beneficiadas (considerando-se uma oferta mnima de 5,0 litros/pessoa/dia).

2 A regio, formada por 1.482 municpios espalhados por 11 estados, tem rea correspondente a 15,7% do territrio nacional.

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Meta ILAC 2.2 Manejo de bacias hidrogrficasMelhorar e fortalecer a institucionalidade do manejo integrado de bacias hidrogrficas e aqferos, entre outros, por meio do estabelecimento de comits de bacias hidrogrficas, com a participao de todos os nveis subnacionais de governo, a sociedade civil, o setor privado e todos os demais atores envolvidos. Indicador aprovado pelo Frum de Ministros Percentual de bacias hidrogrficas com comit gestor. Indicadores adotados no Brasil nmero de unidades da federao com conselhos de recursos hdricos; Percentual dos territrios estaduais com comits de bacia hidrogrfica.

Nmero de estados da federao com conselhos de recursos hdricos o governo brasileiro instituiu, por meio da Lei n 9.433/97, a Poltica nacional de Recursos Hdrico e criou o Sistema nacional de Gerenciamento de Recursos Hdricos (SInGREH). A Poltica estabelece os seguintes instrumentos: 1. planos de recursos hdricos; 2. enquadramento dos corpos de gua em classes; 3. outorga dos direitos de uso dos recursos hdricos; 4. cobrana pelo uso dos recursos hdricos; e 5. Sistema de Informaes sobre recursos hdricos. o SInGREH tem os seguintes objetivos: coordenar a gesto integrada das guas; arbitrar administrativamente os conflitos relacionados com os recursos hdricos; implementar a Poltica nacional de Recursos Hdricos; planejar, regular e controlar o uso, a conservao e a recuperao dos recursos hdricos; e promover a cobrana pelo uso de recursos hdricos.

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Figura 7 Conselhos staduais de recursos hdricos 2006

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Regulamentadoe emfuncionamento NoRegulamentado

Fonte: SIAPREH/SRH/MMA, 2007.

A estrutura organizacional do SInGREH propicia a atuao integrada e interdependente dos organismos colegiados, de carter deliberativo e normativo, em mbito nacional, estadual e das unidades de planejamento e gesto as bacias hidrogrficas. Permite, tambm, a integrao dos rgos de administrao direta, federal e estaduais e da Agncia nacional de guas (AnA) e dos rgos outorgantes estaduais, comits e agncias de guas (de bacias hidrogrficas). o Conselho nacional de Recursos Hdricos constitui-se no colegiado do mais alto nvel hierrquico de recursos hdricos no pas, tendo sido criado pela Lei n 9.433/97 e regulamentado pelo decreto n 2.612, de 3/6/1998. Esse Conselho

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desenvolve as atividades que lhe so conferidas pela Lei e conta com dez Cmaras Tcnicas, tendo aprovado 70 resolues e 41 moes ao longo dos seus dez anos de funcionamento. Conforme mencionado, a Constituio Brasileira de 1988 estabeleceu dois domnios para as guas: 1) da Unio e 2) dos estados e do distrito Federal. As guas de domnio dos estados e do distrito Federal so todas as de cursos de gua que se encontram exclusivamente dentro dos seus limites territoriais, alm das guas subterrneas. Assim, os estados e o distrito Federal vm estruturando os seus respectivos conselhos, conforme apresentado na Figura 7.

Percentual dos Territrios Estaduais com Comits de Bacia Hidrogrfica na concepo do SInGREH, os Comits de Bacias Hidrogrficas so os entes colegiados locais, cujas atribuies so exercidas no mbito das bacias hidrogrficas de suas respectivas jurisdies. Esses comits tm, entre outras, as seguintes funes: promover o debate das questes relacionadas a recursos hdricos; articular a atuao das entidades intervenientes; arbitrar, em primeira instncia administrativa, os conflitos entre usurios dos recursos hdricos; e aprovar o Plano de Recursos Hdricos da Bacia. Sua concepo, portanto, contempla os conceitos de descentralizao e subsidiariedade, assim como a participao da sociedade nos processos decisrios. no mbito das bacias hidrogrficas, existem oito comits de rios sob domnio da Unio, sete deles aprovados pelo Conselho nacional de Recursos Hdricos e um institudo anteriormente instalao do Conselho (Figura 8). o primeiro comit, criado em 1996, foi o Comit para a Integrao da Bacia Hidrogrfica do Rio Paraba do Sul (CEIVAP). Em seguida, foram criados os comits das bacias dos rios doce; So Francisco; Pomba-Muria; Piracicaba, Capivari e Jundia; Paranaba, e Verde Grande. no mbito dos rios de domnio dos estados, os comits de bacia hidrogrfica comearam a ser implementados no final da dcada de 1980, antes mesmo da promulgao das respectivas leis de recursos hdricos (PnRH, 2006). A partir do desenvolvimento do arcabouo legal e institucional no mbito federal e dos estados, esses comits passaram a se estruturar e atuar segundo a lgica da gesto integrada de recursos hdricos.

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ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Figura 8 Comits de bacias hidrogrficas federais, Brasil 2007

ILAC INICIATIVA LATINO-AMERICANA E CARIBENHA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL

Fonte: SIAPREH/SRH/MMA, 2007.

J foram criados cerca de 120 Comits de Bacias Hidrogrficas (CBHs) de rios de domnios estaduais (Figura 9). os estados de So Paulo e Minas Gerais, ambos localizados na regio Sudeste do Brasil, destac