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NATHALIA MASSONMestre em Teoria Geral do Direito e Direito Constitucional/PUC-RJ.

Professora de Direito Constitucional da Rede de Ensino LFG.

PAULO LÉPOREProfessor de direito constitucional e direito da criança e do adolescente. Pós-doutor em Direito pela

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Doutor em Serviço Social pela Universidade Estadual Paulista – UNESP. Doutorando em Direito pela Universidade de Coimbra – UC. Mestre em Direitos

Coletivos e Função Social do Direito pela Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP. Coordenador de Coleções e autor de diversos livros e artigos jurídicos. Advogado. Coordenador da Comissão de Direitos Infanto-Juvenis da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil do Estado de São Paulo – OAB-SP.

SIMULAÇO DIREITO CONSTITUCIONAL

2016

XIVFUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

1. MINISTÉRIO PÚBLICO

De acordo com o texto constitucional, o Ministério Público é considerado:

a) instituição permanente que representa, judicial e extrajudicialmente, a União, caben-do-lhe as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

b) instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, que representa, ju-dicial e extrajudicialmente, a União, cabendo-lhe as atividades de consultoria e asses-soramento jurídico dos Poderes da República.

c) instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.

d) instituição permanente que representa, judicial e extrajudicialmente, os entes fede-rados, cabendo-lhe as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

Resposta: C

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

Nos termos do art. 127 da CF, o Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime de-mocrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Nesse sentido, a assertiva a ser assinalada é a letra “c”.

De acordo com previsão constitucional expressa, é princípio institucional do

Ministério Público, EXCETO:

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore452

a) a unidade

b) a indivisibilidade

c) a irredutibilidade de subsídio

d) a independência funcional.

Resposta: C

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

Os princípios institucionais do Ministério Público foram enumerados no art. 127, § 1º, CF, e são os seguintes: (i) princípio da unidade, (ii) princípio da indivisibilidade e (iii) princí-pio da independência funcional. Destarte, a assertiva ‘c’ deve ser assinalada, visto que a ir-redutibilidade de subsídio não é um princípio institucional do Ministério Público, mas sim uma garantia da carreira prevista no art. 128, § 5º, I, c, da CF, que se presta a impedir que seus membros sofram pressões no exercício de suas funções e atribuições por meio de di-minuições remuneratórias indevidas.

A Constituição Federal de 1988 dispensou ao Ministério Público tratamento

especial, assegurando à instituição e aos seus membros autonomia e inde-

pendência na busca da realização dos interesses da sociedade. Sobre a insti-

tuição é CORRETO afirmar:

a) Por não possuir iniciativa para deflagrar o processo legislativo, é expressamente veda-do ao Ministério Público propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus car-gos e serviços auxiliares.

b) O Tribunal de Constas da União é competente para elaborar a proposta orçamentária do Ministério Público, dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

c) Durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver, em hipótese algu-ma, a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

d) Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respecti-vos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público.

Resposta: D

COMENTÁRIOS

a) Assertiva falsa. Conforme determina o art. 127, § 2º, CF, ao Ministério Público é as-segurada autonomia funcional e administrativa, podendo, observado o disposto

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 453

no art. 169, da CF, propor ao Poder Legislativo a criação e extinção de seus cargos e serviços auxiliares.

b) Assertiva falsa. Conforme dispõe o art. 127, § 3º, CF, o Ministério Público elabora-rá sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias.

c) Assertiva falsa. Nos termos do art. 127, § 6º, CF, durante a execução orçamentária do exercício poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias se pre-viamente autorizadas, mediante a abertura de créditos suplementares ou especiais.

d) Assertiva correta, pois em conformidade com o art. 128, § 5º, CF, que determina: “Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos res-pectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o es-tatuto de cada Ministério Público”.

A Constituição determina expressamente que o Ministério Público da União

compreende:

a) o Ministério Público Federal; o Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

b) o Ministério Público Federal; o Ministério Público Regional e o Ministério Público do Trabalho.

c) o Ministério Público Federal; o Ministério Público dos Estados; e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

d) o Ministério Público Federal;o Ministério Público do Trabalho; o Ministério Público Mi-litar; e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

Resposta: D

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

A assertiva correta é a constante na alternativa “d”. De acordo com o art. 128, I, CF, o Mi-nistério Público da União compreende: o Ministério Público Federal, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Militar, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

Sobre o Ministério Público, instituição permanente, essencial à função ju-

risdicional do Estado, responsável pela defesa da ordem jurídica, do regime

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore454

democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, todas as al-

ternativas elencadas abaixo são FALSAS, com EXCEÇÃO de uma, que deve ser

assinalada:

a) O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, no-meado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.

b) O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, no-meado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trin-ta cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.

c) O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, no-meado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trin-ta cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros da Câmara dos Deputados, para mandato de dois anos, permitida a recondução.

d) O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, no-meado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, sendo vedada a recondução.

e) O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República, no-meado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trin-ta cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros da Câmara dos Deputados, para mandato de dois anos, permitida uma recondução.

Resposta: B

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

a) Assertiva falsa. O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Ge-ral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta cinco anos (128, § 1º, CF). Ademais, não é permitida somente uma recondução do PGR e sim ‘a’ recondução – o que indica a possibili-dade de reconduções sucessivas.

b) A assertiva correta (art. 128, § 1º, CF).

c) Assertiva falsa. O Procurador-Geral da República será nomeado após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal (art. 128, § 1º, CF).

d) Assertiva falsa. O Procurador-Geral da República deve ter mais de trinta cinco anos e será nomeado para mandato de dois anos, permitida a recondução (art. 128, § 1º, CF).

e) Assertiva falsa. O Procurador-Geral da República será nomeado após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal (art. 128,

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 455

§ 1º, CF).Ademais, não é permitida somente uma recondução do PGR e sim ‘a’ re-condução – o que indica a possibilidade de reconduções sucessivas.

O Chefe do Ministério Público da União é o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República. Sobre referida autoridade, julgue o item subsequente:

O Ministério Público da União tem por chefe o Procurador-Geral da República,

nomeado pelo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maio-

res de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria abso-

luta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, vedada a

recondução. Sua destituição, por iniciativa do Presidente da República, deve-

rá ser precedida de autorização da maioria absoluta do Congresso Nacional.

Resposta: ERRADO

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

Existem dois equívocos na assertiva. O primeiro refere-se à recondução: o PGR pode ser reconduzido sucessivas vezes para o cargo. O segundo é relativo à sua destituição: con-forme dispõe o art. 128, § 2º, CF, a destituição do PGR, por iniciativa do Presidente da Repú-blica, deverá ser precedida de autorização da maioria absoluta dos integrantes do Senado Federal.

Em relação às funções essenciais da justiça, assinale a ÚNICA alternativa VER-

DADEIRA.

a) Os Ministérios Públicos dos Estados e o do Distrito Federal e Territórios formarão lista tríplice dentre integrantes da carreira, na forma da lei respectiva, para escolha de seu Procurador-Geral, que será nomeado pelo Chefe do Poder Executivo.

b) Os Procuradores-Gerais de Justiça dos Estados serão nomeados pelo Chefe do Poder Executivo, para mandato de dois anos, vedada a recondução.

c) Os Procuradores-Gerais de Justiça nos Estados e no Distrito Federal e Territórios pode-rão ser destituídos por deliberação da maioria simples do Poder Legislativo.

d) Leis ordinárias da União e dos Estados estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público.

Resposta: A

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore456

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

a) Assertiva correta, conforme art. 128, § 3º, CF.

b) Assertiva falsa. Os Procuradores-Gerais dos Estados serão nomeados para manda-to de dois anos, permitida uma recondução (art. 128, § 3º, CF).

c) Assertiva falsa. Em consonância com o que dispõe o art. 128, § 4º, CF, os Procu-radores-Gerais nos Estados e no Distrito Federal e Territórios poderão ser desti-tuídos por deliberação da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.

d) Assertiva falsa. Leis complementares da União e dos Estados estabelecerão a or-ganização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, nos termos es-tabelecidos pelo art. 128, § 5º, CF.

Julgue a proposição abaixo, que trata das vedações constitucionalmente impostas aos membros do Ministério Público:

Os integrantes do Ministério Público da União, via de regra, não poderão exer-

cer atividade político-partidária. Todavia, se forem prévia e expressamente li-

cenciados para esse fim pelo Conselho Superior do Ministério Público, após

minuciosa avaliação, o exercício de tal atividade será factível.

Resposta: ERRADO

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

O item é incorreto. Consoante explicita o art. 128, § 5º, II, “e”, CF, com redação dada pe-la EC nº 45/04, os membros do Ministério Público da União não poderão exercer, em nenhu-ma hipótese, a atividade político-partidária.

Há muito é debatida a possibilidade de o Ministério Público realizar investigações no âmbi-to criminal. Acerca do polêmico tema, julgue o item subsequente:

De acordo com o mais recente entendimento do Supremo Tribunal Federal, o

Ministério Público dispõe de competência para promover, por autoridade pró-

pria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respei-

tados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 457

pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as

hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas

profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados, sem

prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direi-

to – do permanente controle jurisdicional dos atos, necessariamente docu-

mentados, praticados pelos membros dessa Instituição.

Resposta: CERTO

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência.

O item é correto. O Supremo Tribunal Federal já se manifestou, no passado, pela inad-missibilidade das investigações promovidas pelo Ministério Público, ao fundamento de que assistiria ao Parquet a requisição de diligências investigatórias à polícia ou a requisi-ção de instauração de inquérito policial, não podendo colhê-las por força própria. No en-tanto, nossa Suprema Corte, passou a adotar em novas decisões posicionamento favorável à iniciativa investigativa do órgão e, ao concluir recentemente o julgamento do Recurso Extraordinário nº 593.727, firmou entendimento pelo reconhecimento da legitimidade do Ministério Público para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal, fixando, em repercussão geral, a seguinte tese: “O Ministério Público dispõe de competên-cia para promover, por autoridade própria, e por prazo razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os advogados (Lei 8.906/1994, art. 7º, notada-mente os incisos I, II, III, XI, XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos atos, neces-sariamente documentados (Enunciado 14 da Súmula Vinculante), praticados pelos mem-bros dessa Instituição”.

Conclui-se, portanto, que apesar da ausência de previsão expressa no rol de atribui-ções do art. 129, da CF, é admitida a realização de investigação criminal pelo Ministério Pú-blico.

2. ADVOCACIA PÚBLICA

Até a promulgação da Constituição Federal de 1988, a representação judicial

da União era realizada pelos Procuradores da República que, além de cum-

prirem as atribuições concernentes ao Ministério Público Federal, também

defendiam os interesses estatais. Nossa atual Carta constitucional inovou so-

bremaneira ao instituir a Advocacia-Geral da União, atribuindo-lhe a tarefa

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore458

de representara União, judicial e extrajudicialmente, e as atividades de con-

sultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Em relação à Advoca-

cia-Geral da União, é correto afirmar:

a) A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, nomeado pe-lo Presidente da República dentre integrantes da carreira, maiores de trinta e cinco anos, após a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos membros do Senado Federal, para mandato de dois anos, permitida a recondução.

b) A Advocacia-Geral da União tem por chefe o Advogado-Geral da União, de livre no-meação pelo Congresso Nacional.

c) Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

d) Aos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal é assegurada estabilidade após dois anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias.

Resposta: C

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

a) Assertiva falsa. Conforme indica o art. 131, § 1º, CF, o Advogado-Geral da União é de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Nesse sentido, o AGU não é necessariamente integrante da carreira, não tem mandato fixo e sua escolha pelo Presidente não depende de prévia aprovação do Senado.

b) Assertiva falsa. Conforme indica o art. 131, § 1º, CF, o Advogado-Geral da União é de livre nomeação pelo Presidente da República dentre cidadãos maiores de trin-ta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada.

c) Assertiva correta, conforme previsão do art. 131, § 3º, CF.

d) Assertiva falsa. Aos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal é assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício mediante avaliação de desempe-nho perante os órgãos próprios, após relatório circunstanciado das corregedorias (art. 132, parágrafo único, CF).

A atual Constituição inovou significativamente ao instituir a Advocacia-Geral da União, atri-buindo-lhe a representação da União, judicial e extrajudicialmente, e, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de con-sultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Sobre a instituição, julgue a propo-sição abaixo:

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 459

O texto constitucional determina competir ao Advogado-Geral da União a de-

fesa, nas ações diretas de inconstitucionalidade, da norma legal ou ato nor-

mativo, objeto de impugnação. Esta tarefa, no entanto, deve ser atualmente

compreendida com temperamentos, haja vista o Supremo Tribunal Federal

ter definido que o Advogado-Geral da União não está obrigado a defender

tese jurídica já considerada inconstitucional pela Corte, assim como também

não está obrigado a defender tese que contrarie os interesses da União, pois

a defesa do ente é sua atribuição principal.

Resposta: CERTO

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência e na Constituição Federal.

O item é correto. Nos termos do art. 103, § 3º, CF: “Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previa-mente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado”. No entan-to, de fato esta tarefa deve ser compreendida, atualmente, com temperamentos, pois o STF definiu que o AGU não está obrigado a defender tese jurídica pela Corte já considerada inconstitucional (ADI 1616), assim como também não está obrigado a defender tese que contrarie os interesses da União, pois a defesa do ente é sua atribuição principal (ADI 3916).

Julgue a proposição abaixo, que trata da Advocacia-Geral da União:

Por possuir status de Ministro de Estado, o Advogado-Geral da União será

processado e julgado, nas infrações penais comuns, no Supremo Tribunal

Federal.

Resposta: CERTO

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência e na Constituição Federal.

O item é correto. Pela literalidade do texto constitucional, o Advogado-Geral da União não disporia de foro especial por prerrogativa de função em razão da prática de crimes co-muns – somente possuindo foro especial por prerrogativa de função nos crimes de res-ponsabilidade, perante o Senado Federal, consoante o art. 52, II, CF. Todavia, o cargo de Advogado-Geral da União foi equiparado ao de “Ministro de Estado”, por força de lei (art. 25, parágrafo único, Lei nº 10.683/2003, dispositivo considerado constitucional pelo STF no jul-gamento do Inq. (QO) 1.660-DF, relatado pelo Min. Sepúlveda Pertence), de forma que ele passou a dispor de foro especial por prerrogativa de função, nas infrações penais comuns, perante o STF, nos termos do art. 102, I, ‘c’, CF.

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore460

3. ADVOCACIA

Em comparação com os documentos constitucionais anteriores, a Constituição Federal de 1988 é a primeira Constituição pátria a dedicar um dispositivo aos advogados, profissionais que desempenham função de grande destaque na vida política e jurídica do país, sobretu-do na defesa no restabelecimento dos direitos individuais. A respeito dessa previsão cons-titucional, julgue o item:

Segundo a Constituição, o advogado é indispensável à administração da jus-

tiça, sendo violável por seus atos e manifestações no exercício da profissão,

nos limites da lei.

Resposta: ERRADO COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

Assertiva falsa. Em conformidade com o que dispõe o art. 133, CF, o advogado é in-dispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão e nos limites da lei.

É sabido que os advogados possuem o direito à inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia. Referida proteção é mero consectário da inviolabilidade assegurada ao advogado no exercício pro-fissional. Nesse contexto, analise e julgue o item subsequente:

A circunstância de o sujeito ser advogado não lhe confere imunidade na even-

tual prática de delitos no exercício de sua profissão. Assim, verificada a práti-

ca de crime por parte de um advogado, o juiz competente poderá determinar,

em decisão motivada, a quebra dessa inviolabilidade expedindo mandado de

busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido na presença

de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a utilização

dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do advoga-

do averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que conte-

nham informações sobre clientes.

Resposta: CERTO COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência.

Item correto. Foi nesse sentido que o STF autorizou a implantação de escuta ambien-tal para captação de sinais óticos e acústico em escritório de advocacia, no período notur-

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 461

no (Segundo o STF a situação não estava “acobertada pela inviolabilidade constitucional. Inteligência do art. 5º, X e XI, da CF, art. 150, § 4º, III, do CP, e art. 7º, II, da Lei nº 8.906/1994”. Inq 2.424-RJ, STF, Rel. Min. Gilmar Mendes, noticiado no Info 530, STF).Nas palavras da Cor-te, “não opera a inviolabilidade do escritório de advocacia, quando o próprio advogado seja suspeito da prática de crime, sobretudo concebido e consumado no âmbito desse local de trabalho, sob pretexto de exercício da profissão”.

É inaceitável, em uma República, a estipulação de privilégios pessoais. Por isso, a inviolabili-dade do advogado constante do texto constitucional deve ser lida como uma prerrogativa vinculada ao exercício profissional, prevista pelo constituinte no intuito último de resguar-dar o exercício do direito de defesa. De acordo com as determinações constitucionais acer-ca do assunto, julgue a proposição abaixo enunciada:

Em consonância com o texto constitucional, é correto afirmar que o advogado

possui imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desa-

cato puníveis qualquer manifestação sua no exercício de sua atividade advo-

catícia, em juízo ou fora dele.

Resposta: ERRADO

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência.

Item falso. O advogado dispõe de imunidade material relativa às suas manifestações e atos no exercício da atividade laboral, estando protegido quando suas palavras ou atos possam eventualmente ser ofensivos às pessoas, vez que não haverá a incidência dos cri-mes de injúria e difamação. Ressalte-se, todavia, que o advogado não goza de imunidade quanto ao crime de desacato à autoridade. Quanto à justificativa de a imunidade profis-sional do advogado não compreender o desacato, vale frisar que sua concessão conflitaria com a autoridade do magistrado na condução da atividade jurisdicional. O desacato, por-tanto, é punível, conforme determinou o STF, na ADI 1.127, julgada em 2006 e relatada pelo Ministro Marco Aurélio, na qual nossa Corte Suprema declarou inconstitucional a expressão “desacato” constante no art. 7º, § 2º do Estatuto da Advocacia.

4. DEFENSORIA PÚBLICA

Assinale a opção CORRETA a respeito das funções essenciais à justiça:

a) Lei ordinária organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Ter-ritórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore462

carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, as-segurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da ad-vocacia fora das atribuições institucionais.

b) Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas somente autonomia funcional.

c) São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a in-dependência funcional.

d) A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Es-tado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, funda-mentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, somente em âmbito judicial, dos direitos individuais, de forma integral e gratuita, a todos os interessados

Resposta: C

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

a) Assertiva falsa. A Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territó-rios será organizada por Lei complementar, em conformidade com o que dispõe o art. 134, § 1º, CF.

b) Assertiva falsa. Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa (art. 134, § 2º, CF).

c) Assertiva correta, pois alinhada com o que determina o art. 134, § 4º, CF.

d) A assertiva contém dois erros. Nos termos do art. 134, CF, a Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo--lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, somente aos necessitados.

Sobre as funções essenciais à justiça, analise e julgue o item que segue:

De acordo com o texto constitucional, aos defensores públicos foram assegu-

radas as seguintes garantias: a inamovibilidade; a independência funcional e

a irredutibilidade dos vencimentos, mas não a estabilidade.

Resposta: ERRADO COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

Em conformidade com o art. 134, § 1º da CF c/c arts. 43 e 127 da LC nº 80/1994, os de-fensores públicos são possuidores das seguintes garantias: (i) a inamovibilidade (consisten-te na vedação da remoção do Defensor Público do órgão de atuação onde o mesmo esteja

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 463

lotado para qualquer outro independentemente de sua vontade, ou seja, de modo com-pulsório); (ii) a independência funcional (significando que a formação do convencimento técnico-jurídico dos defensores será exercida de forma livre e independente); (iii) a irredu-tibilidade dos vencimentos (comum a todos os servidores públicos, nos termos do art. 37, inciso XV, CF); e, por fim, (iv) a estabilidade (na qualidade de ocupante de cargo público, o Defensor Público é estável após três anos de efetivo exercício).

O Estado possui a difícil, porém essencial, tarefa de oportunizar a promoção

plena dos valores humanos, sendo a função jurisdicional um dos caminhos

centrais na viabilização deste propósito. A jurisdição é pacificadora: elimina

os conflitos que afligem as pessoas, soluciona as controvérsias que lhes tra-

zem angústia, assim como ampara seus direitos. O acesso a ela, no entanto,

está longe de ser idêntico a todos os jurisdicionados, havendo uma distân-

cia abissal entre os sujeitos que efetivamente recebem tal tutela do Estado

e o imenso contingente de excluídos. Foi no intuito de viabilizar o acesso ao

Judiciário e à obtenção das prestações jurisdicionais a todos os indivíduos,

independentemente da (in)capacidade econômica que os distingue, que a

Constituição da República de 1988 edificou a Defensoria Pública. Sobre esta

instituição, assinale a única alternativa INCORRETA:

a) A EC nº 80/2014 trouxe algumas novidades importantes sobre o tema, dentre as quais destaca-se a explicitação da Defensoria Pública enquanto instituição permanente e essencial ao Estado de Direito.

b) A EC nº 80/2014 acrescentou, por meio do seu art. 2º, o art. 98 ao ADCT, dispondo que o número de defensores públicos na unidade jurisdicional deverá ser proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respectiva população, sendo que no prazo de vinte anos, a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais.

c) A EC nº 45/2004 foi responsável fortalecimento das Defensorias estaduais ao lhes con-ceder autonomia funcional e administrativa e permitir que apresentassem sua propos-ta orçamentária (dentro, claro, dos limites fixados na lei de diretrizes orçamentárias).

d) A EC nº 80/2014 trouxe algumas novidades importantes sobre o tema, dentre as quais destaca-se a constitucionalização dos princípios institucionais da Defensoria (unida-de, indivisibilidade e independência funcional) – os mesmos do Ministério Público.

Resposta: B COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

a) Item correto. De fato, a EC nº 80/2014 explicitou tratar-se a Defensoria de institui-ção permanente e essencial ao Estado de Direito (nos mesmos moldes que o art. 127, CF, quando menciona o Ministério Público).

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore464

b) Item incorreto. A EC nº 80/2014 realmente acrescentou o art. 98 ao ADCT, dis-pondo que o número de defensores públicos na unidade jurisdicional deverá ser proporcional à efetiva demanda pelo serviço da Defensoria Pública e à respecti-va população; mas determinou que no prazo de oito anos, a União, os Estados e o Distrito Federal deverão contar com defensores públicos em todas as unidades jurisdicionais. Ademais, informou que durante este prazo a lotação dos defenso-res públicos ocorrerá, prioritariamente, atendendo as regiões com maiores índi-ces de exclusão social e adensamento populacional.

c) Item correto, conforme dispõe o § 2º do art. 134, da CF. Vale informar que em 2013 a EC nº 74 criou um § 3º ao art. 134 determinando que o disposto no § 2º do art. 134 é aplicável às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.

d) Item correto. De fato, a EC nº 80/2014 incluiu um § 4º no art. 134, que constitucio-nalizou os princípios institucionais da Defensoria (unidade, indivisibilidade e inde-pendência funcional) – os mesmos do Ministério Público. É importante frisar que essa inovação apenas trouxe para o texto constitucional princípios que já estavam definitivamente enunciados na Lei Orgânica da Defensoria (art. 3º, LC nº 80/1994).

Julgue a proposição abaixo, acerca dos destinatários dos serviços prestados pela Defenso-ria Pública:

É constitucional a lei estadual que prevê a defesa judicial por meio da Defen-

soria Pública dos servidores públicos processados na esfera cível ou criminal

em virtude do regular exercício do cargo.

Resposta: ERRADO COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência.

O item é incorreto. De acordo com o art. 5º, CF, a assistência judiciária é gratuita pa-ra os que comprovarem a insuficiência de recursos, isto é, lograrem demonstrar que estão desprovidos dos recursos necessários para o custeio dos encargos processuais. Assim, o STF considerou inconstitucional (ADI 3022-RS) a lei estadual que previa a defesa judicial por meio da Defensoria Pública dos servidores públicos processados na esfera cível ou criminal em virtude do regular exercício do cargo.

Julgue a proposição abaixo, que trata da Defensoria Pública.

A defensoria pública tem legitimidade para a propositura de ação civil pú-

blica em ordem a promover a tutela judicial de direitos difusos e coletivos de

que sejam titulares, em tese, as pessoas necessitadas.

Resposta: CERTO

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 465

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência.

O item é correto e retrata a tese fixada pela nossa Corte Suprema, no julgamento do Recurso Extraordinário 733.433, em que foi confirmada a legitimidade da Defensoria Públi-ca para apresentar Ação Civil Pública na defesa de direitos difusos e coletivos de que sejam titulares, em tese, pessoas necessitadas. Vale lembrar, ainda, que a Lei nº 11.448/2007 in-seriu a Defensoria Pública ao rol dos legitimados para a propositura de Ação Civil Pública, modificando o art. 5º da Lei nº 7.347/1985. A constitucionalidade dessa alteração legislati-va foi questionada pela Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (CONAMP) através do ajuizamento de ADI perante o STF, sob o argumento de que conferir à Defenso-ria legitimidade para o ajuizamento de Ação Civil Pública, fere diretamente as atribuições do Ministério Público. O STF, em decisão unânime, desacolheu os argumentos expostos pe-la CONAMP e, acertadamente, declarou a constitucionalidade da Lei nº 11.448/2007. (ADI 3943/DF, Relatora Min. Cármen Lúcia, julgado em 07/05/2015)

5. FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA: QUESTÕES FINAIS

À luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, considere as seguintes

afirmação acerca das funções essenciais à Justiça:

I – É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa e que constem de pro-cedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, estejam tais elementos documentados ou não.

II – É inconstitucional norma que imponha à Defensoria Pública estadual a obrigatorieda-de de assinatura de convênio exclusivo com a OAB, ou com qualquer outra entidade, para prestação de serviço jurídico integral e gratuito aos necessitados.

III – A legitimidade do Ministério Público para propor a ação civil ex delicto é subsidiária, até que se viabilize, em cada Estado, a completa implementação da respectiva Defen-soria Pública. Assim, quando estiver plenamente aparelhada, a regra insculpida no art. 68 do Código de Processo Penal, que se submete a um processo de progressiva inconstitucionalidade, passará a ostentar o status de norma inconstitucional, e não subsistirá a legitimação do Ministério Público para a propositura da referida ação.

Assinale se:

a) Nenhuma afirmativa está correta.

b) Uma afirmativa está incorreta.

c) Duas afirmativas estão incorretas.

d) Três afirmativas estão corretas.

Resposta: B

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore466

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência.

I – Incorreto. O defensor possui direito de ter acesso amplo apenas aos elementos de prova já documentados que digam respeito ao exercício do direito de defesa e que cons-tem de procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judi-ciária. Assim, os elementos de prova que ainda não estiverem documentados, isto é, que não tenham sido introduzidos nos autos do inquérito, não poderão ser acessados pelo de-fensor. Nesse sentido, também é o enunciado da Súmula Vinculante 14.

II – Correto. Norma estadual que estabelece a celebração compulsória do convênio com a Ordem de Advogados do Brasil e o consequente impedimento da celebração de ou-tros convênios ou de mecanismos alternativos para suplementar a atividade-fim da Defen-soria Pública estadual – em razão da atual insuficiência estrutural – lhe retiram a autonomia e a gestão estratégica, comprometendo seus recursos e o planejamento orçamentário. Por tais motivos, a nossa Corte Suprema declarou inconstitucional norma de lei estadual que impunha tal convênio à Defensoria Pública do Estado, por configurar afronta à autonomia funcional, administrativa e financeira daquele órgão público. (ADI 4.163, Rel. min. CEZAR Peluso, julgamento em 29/2/2012)

III – Correto. Esta é a compreensão da Segunda Turma do STF, elucidada no julgamen-to do Recurso Extraordinário 341.717, in verbis: “Ministério Público. Ação civil ex delicto. CPP, art. 68. Norma ainda constitucional. Estágio intermediário, de caráter transitório, entre a situação de constitucionalidade e o estado de inconstitucionalidade. A questão das situa-ções constitucionais imperfeitas. Subsistência, no Estado de São Paulo, do art. 68 do CPP, até que seja instituída e regularmente organizada a Defensoria Pública local” (RE 341.717-AgR, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 5/8/2003, Segunda Turma).

Todas as assertivas abaixo tratam erroneamente da jurisprudência do Supre-

mo Tribunal Federal em relação ao tema funções essenciais à Justiça, com EX-

CEÇÃO de uma, ASSINALE-A:

a) É constitucional lei estadual que estabelece a contratação temporária de advogados para o exercício da função de defensor público, no âmbito da Defensoria Pública do Estado, com a finalidade de disponibilizar o serviço de assistência judiciária à popula-ção de baixa renda exclusivamente durante período de conclusão de Concurso Públi-co de Provas e Títulos para o provimento de cargos definitivos de Defensor Substituto.

b) O recolhimento prisional de advogado submetido a prisão cautelar deverá ser realiza-do em dependência que se qualifique como ‘sala de Estado-Maior’ que, segundo o STF, corresponde a local sem grades que ofereça instalações e comodidades condignas.

c) Segundo entendimento do STF, os atos privativos de advogado que venham a ser pra-ticados por quem não dispõe de capacidade postulatória, assim considerado aquele cuja inscrição na OAB se acha suspensa, só serão anulados se houver prova de que te-nham resultado em prejuízo para a parte.

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 467

d) A garantia da inamovibilidade é conferida pela Constituição Federal apenas aos ma-gistrados, aos membros do Ministério Público e aos membros da Defensoria Pública, não podendo ser estendida aos procuradores do Estado.

Resposta: D COMENTÁRIOS

Questão baseada na Jurisprudência.

a) Incorreta. O STF, no julgamento da ADI 3700/RN, declarou inconstitucional a Lei 8.742, de 30-11-2005 do Estado do Rio Grande do Norte que estabelecia critérios de contratação temporária de advogados para a função de defensor público. O Ministro Carlos Ayres Britto, relator do caso, considerou que, por ser a Defenso-ria Pública promotora da universalização da justiça e instrumento indispensável de democratização do acesso às instâncias judiciárias, não pode ter seus agentes recrutados em caráter precário. Nas palavras do Ministro: “A estruturação da De-fensoria Pública em cargos de carreira, providos mediante concurso público de provas e títulos, opera como garantia da independência técnica da instituição, a se refletir na boa qualidade da assistência a que fazem jus os estratos mais econo-micamente débeis da coletividade”.

b) O recolhimento de advogado em sala de Estado-Maior, até o trânsito em julga-do da sentença penal condenatória, é direito garantido no art. 7º, inciso V, da Lei 8.906/1994, dispositivo que teve sua constitucionalidade confirmada na ADI 1.127/DF. Posteriormente, em sede da Reclamação Constitucional 4.535, relatada pelo Ministro Sepúlveda Pertence, o STF estabeleceu as linhas gerais da defini-ção relativa à sala de Estado-Maior: “compartimento de qualquer unidade militar que, ainda que potencialmente, possa ser utilizado pelo grupo de Oficiais que as-sessoram o Comandante da organização militar para exercer suas funções, o lo-cal deve oferecer instalações e comodidades condignas”. Em outra oportunidade, contudo, a Corte foi novamente provocada (Rcl 6.387, Rel. Min.ª Ellen Gracie) por um advogado que pleiteava o direito a prisão domiciliar, sob o argumento de que o local onde estava recolhido, por possuir grades, não seria compatível com a no-ção de sala de Estado-Maior. A alegação, contudo, não foi acolhida pela Corte que entendeu, no caso, que as condições do local de recolhimento eram adequadas. Portanto, a afirmação está incorreta.

c) A afirmação está incorreta, pois o STF reconhece a nulidade absoluta de tais atos. (RHC 104.270-QO, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 6/9/2011)

d) A Constituição Federal confere a garantia da inamovibilidade apenas aos magis-trados (arts. 93, VIII e 95, II), aos membros do Ministério Público (art. 128, I, ‘b’) e aos membros da Defensoria Pública (art. 134, § 1º), não havendo previsão equiva-lente para os procuradores do Estado.

Sobre as funções essenciais à Justiça, de acordo com a Constituição Federal,

considere as proposições abaixo:

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore468

1 – Zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos constitucionalmente assegurados, promovendo as medidas necessárias a sua garantia.

2 – Representar a União na execução da dívida ativa de natureza tributária.

3 – Promover a ação de inconstitucionalidade ou representação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos na Constituição Federal.

4 – Promover a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados.

5 – Exercer a consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo da União.

Marque a alternativa CORRETA:

a) Os itens 1 e 4 correspondem a atribuições que cabem à Defensoria Pública.

b) Os itens 1, 3 e 4 traz atribuições afetas ao Ministério Público.

c) Os itens 2, 3 e 5 correspondem a atribuições que cabem à Advocacia-Geral da União.

d) O item 3 traz atribuição afeta à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

Resposta: D

COMENTÁRIOS

Questão baseada na Constituição Federal.

Item 1 – Trata-se de atribuição do Ministério Público prevista no inciso II, do art. 129, da CF.

Item 2 – Trata-se de atribuição da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional prevista no § 3º, do art. 131, da CF.

Item 3 – Trata-se de atribuição do Ministério Público prevista no inciso IV, do art. 129, da CF.

Item 4 – Trata-se de atribuição da Defensoria Pública prevista na parte final do caput do art. 134, da CF.

Item 5 – Trata-se de atribuição da Advocacia-Geral da União prevista na parte final do caput do art. 131, da CF.

Portanto, a alternativa correta é a “d”.

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

1 – Sabemos que o Poder Judiciário não age por iniciativa própria em razão do prin-cípio da inércia. É característica da jurisdição a estática ou o não-agir por impulso próprio. Destarte, é imprescindível que a Constituição institucionalize as atividades profissionais especializadas no desenrolar da dialética processual, atribuindo-lhes o status de funções essenciais à Justiça. Referidas funções estão referidas entre os arts. 127 a 135 da CF, distri-

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 469

buídas do seguinte modo: (i) Ministério Público, nos arts. 127 a 130; (ii) Advocacia Pública (arts. 131 e 132), (iii) Advocacia (art. 133) e (iv) Defensoria Pública (art. 134).

MINISTÉRIO PÚBLICO

2 – O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interes-ses sociais e individuais indisponíveis.

3 – A Constituição de 1988 dispensou ao Ministério Público tratamento especial, colo-cando-o a salvo dos demais Poderes e assegurando à instituição e aos seus membros auto-nomia e independência na busca da realização dos interesses da sociedade.

4 – Em consonância com as lições doutrinárias majoritárias, temos que o Ministério Público não integra nenhum dos Poderes estatais, sendo uma instituição independente e autônoma, que não se inclui na estrutura de nenhum dos Poderes tradicionais (Legislativo, Executivo e Judiciário).

5 – Parece-nos, na esteira da doutrina majoritária, ser a discussão sobre a natureza do MP um tanto quanto estéril, pois o que vale é reconhecer a incontestável importância constitucional da instituição, sua relevância para a defesa da ordem jurídica, do regime de-mocrático e também dos interesses sociais. Assim, cremos ser o MP uma instituição consti-tucional autônoma, incumbida de prestar uma função essencial à Justiça.

6 – Os princípios institucionais do Ministério Público foram enumerados no art. 127, § 1º, CF, quais sejam:

(i) princípio da unidade: os integrantes do MP são parte de uma única instituição, sendo dirigidos por um mesmo chefe institucional (o Procurador-Geral) e possuidores das mesmas prerrogativas funcionais;

(ii) princípio da indivisibilidade: sinaliza que os integrantes do MP podem ser substi-tuídos uns pelos outros, desde que da mesma carreira, sem que isso acarrete qualquer pre-juízo aos atos já praticados;

(iii) princípio da independência funcional: protege a instituição de constrangimen-tos indevidos e ingerências externas – por meio das garantias institucionais –, e garante independência aos membros do MP, de forma que estes não se subordinem às convicções jurídicas de outrem, podendo atuar livremente, de acordo com suas próprias convicções ju-rídicas, às leis e, sobretudo, à Constituição Federal.

7 – Por último, temos o princípio do Promotor Natural que, ao contrário dos demais, está implícito no ordenamento pátrio.

8 – O ingresso na carreira do Ministério depende do preenchimento dos seguintes re-quisitos:

(i) bacharelado em Direito; (ii) comprovação de três anos, no mínimo, de atividade ju-rídica; (iii) aprovação em concurso público de provas e títulos, com a obrigatória participa-ção da OAB em sua realização e observância, nas nomeações, da ordem de classificação no certame.

9 – Garantias e vedações aos membros do Ministério Público: a Constituição enunciou algumas garantias institucionais, que podem ser apresentadas da seguinte maneira: (i) au-tonomia funcional da instituição; (ii) autonomia administrativa; e (iii) autonomia financeira.

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore470

10 – Além dessas garantias, que são institucionais, existem as garantias próprias aos membros do Ministério Público, que são as seguintes:

(i) a vitaliciedade: o membro do Ministério Público se torna vitalício após dois anos de efetivo exercício, não podendo mais perder o cargo senão após decisão judicial transitada em julgado;

(ii) a inamovibilidade: os membros do Ministério Público, uma vez titulares do cargo, somente poderão ser removidos, ou mesmo promovidos, por iniciativa própria. Importan-te destacar que essa garantia é constitucionalmente excepcionada por motivo de interesse público, mediante decisão, por maioria absoluta de votos, do órgão colegiado competente (o Conselho Nacional do Ministério Público), assegurada ampla defesa.

(iii) a irredutibilidade de subsídio: garantia que assegura que os membros do Ministé-rio Público não sofram pressões por diminuições remuneratórias indevidas no exercício de suas funções e atribuições.

11 – A plena independência do Ministério Público é alcançada também em razão das vedações a eles impostas, que traduzem-se, em verdade, em garantias de imparcialidade. São as seguintes:

(i) receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto, honorários, percentagens ou custas processuais;

(ii) exercer a advocacia;

(iii) participar de sociedade comercial, na forma da lei;

(iv) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério;

(v) exercer atividade político-partidária;

(vi) receber qualquer forma de auxílio ou contribuição de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, exceto nas situações autorizadas em lei.

12 – Organização e composição do Ministério Público: Nos termos do documento constitucional, o Ministério Público engloba:

(i) o Ministério Público da União (MPU), que compreende:

• o Ministério Público Federal (MPF);

• o Ministério Público do Trabalho (MPT);

• o Ministério Público Militar (MPM);

• o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT); e

(ii) os Ministérios Públicos dos Estados (MPE).

13 – O Chefe do MPU é o Procurador-Geral da República, nomeado pelo Presidente da República dentre indivíduos que preencham os seguintes requisitos: (i) integrante da car-reira; (ii) maior de trinta e cinco anos, (iii) aprovação de seu nome pela maioria absoluta do Senado Federal.

14 – Seu mandato é de dois anos, sendo permitida a recondução ilimitada, desde que observado idêntico procedimento ao da nomeação. Sua destituição antes do término do mandato é possível, e ocorrerá por iniciativa do Presidente da República, sendo precedida de autorização da maioria absoluta do Senado Federal.

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 471

15 – O processo e julgamento do PGR, em razão do relevante status funcional que possui, é feito no Senado Federal, em se tratando de crimes de responsabilidade, e no STF, na hipótese do cometimento de crime comum.

16 – O Chefe dos Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal é o Procura-dor-Geral de Justiça, nomeado pelo respectivo Chefe do Poder Executivo, através da esco-lha de um dos nomes inscritos em lista tríplice formada por integrantes da carreira. Não há participação do Poder Legislativo local nesta escolha, haja vista a desnecessidade da apro-vação da escolha feita pelo chefe do Executivo.

17 – O mandato do PGJ é de dois anos, sendo permitida uma única recondução. Sua destituição antes do término do mandato é possível, mas deve ser precedida de delibera-ção da maioria absoluta do Poder Legislativo, na forma da lei complementar respectiva.

18 – Se houver vacância do cargo de PGJ, a eleição e a nomeação de outro titular do cargo deve ser feita para um novo mandato de dois anos, e não para cumprir o período que restava do antecessor. Não se trata, pois, de “mandato tampão”, exatamente para evitar afronta à Constituição.

19 – Adicionado ao documento constitucional pela emenda que engendrou a refor-ma do Poder Judiciário, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) é um órgão de controle interno da instituição, sediado em Brasília e com atuação em todo o território nacional. Sua composição está delimitada no art. 130-A, que determina a participação de 14 membros, nomeados pelo Presidente da República depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Os integrantes são detentores de um mandato de dois anos, admitida uma recondução. O PGR é o Presidente do Conselho e seu membro nato.

20 – As funções institucionais do Ministério Público estão definidas no art. 129, CF. Trata-se, todavia, de rol meramente exemplificativo, eis que existem outras funções institu-cionais enunciadas ao longo documento constitucional e também na legislação infracons-titucional. Ademais, o órgão deve atuar sempre que necessário à defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme deter-minação do art. 127, caput, CF.

21 – Por determinação constitucional, as funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição.

22 – Durante muito tempo foi discutida a possibilidade de o Ministério Público rea-lizar investigações no âmbito criminal, sustentando, os defensores dessa atribuição, com fundamento na teoria dos poderes implícitos, que, se a Constituição Federal conferiu ao Ministério Público a atribuição de promover, privativamente, a ação penal pública (art. 129, I), ela atribuiu, também, os meios necessários para o exercício desta função, dentre eles a possibilidade de realizar atos investigatórios, a fim de reunir provas para que fundamentem a acusação. O STF, por sua vez, reconheceu, recentemente, a legitimidade do Ministério Pú-blico para promover, por autoridade própria, investigações de natureza penal.

23 – A Constituição estabeleceu um tipo específico de Ministério Público, dotado de fisionomia institucional própria, que não se confunde com a do Ministério Público comum, sejam os dos Estados, seja o da União. É o Ministério Público que atua junto ao Tribunal de Contas, cujos membros foram agraciados com as mesmas, e expressivas, garantias (bem co-mo direitos, vedações e a forma de investidura) atinentes ao Parquet comum.

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore472

24 – Até a promulgação da atual Constituição, a representação judicial da União era efetivada pelos Procuradores da República.

25 – A atual Constituição inovou significativamente ao instituir a Advocacia-Geral da União, atribuindo-lhe a representação da União, judicial e extrajudicialmente, e, nos termos da lei complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo. Vê-se, pois, que foi o texto constitucional de 1988 que, além de fortalecer substancialmente o Ministério Público, con-ferindo-lhe diversas prerrogativas de status constitucional, criou um órgão específico para efetivar a representação judicial e extrajudicial da União, concedendo-lhe as condições in-dispensáveis para o cumprimento de suas tarefas.

26 – A Advocacia-Geral da União compreende:

(i) como órgãos de direção superior:

• o Advogado-Geral da União;

• a Procuradoria-Geral da União e a da Fazenda Nacional;

• Consultoria-Geral da União;

• o Conselho Superior da Advocacia-Geral da União; e

• a Corregedoria-Geral da Advocacia da União.

27 – Subordinados diretamente ao Advogado-Geral da União, além do seu gabinete, estão: (i) a Procuradoria-Geral da União; (ii) a Consultoria-Geral da União; (iii) a Corregedo-ria-Geral da Advocacia-Geral da União; (iv) a Secretaria de Controle Interno e, (v) técnica e juridicamente, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

28 – A Advocacia-Geral da União é chefiada pelo Advogado-Geral da União. Este é li-vremente nomeado pelo Presidente da República (ou seja, a escolha não há de ser confir-mada pelo Senado Federal), dentre advogados maiores de trinta e cinco anos, possuidores de notável saber jurídico e de reputação ilibada. Nota-se, pois, que o AGU não precisa inte-grar os quadros da Advocacia-Geral da União para ser nomeado para a função.

29 – Possuidor do status de Ministro de Estado, o AGU é processado e julgado, nos cri-mes de responsabilidade, no Senado Federal, e nos crimes comuns no STF.

30 – Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal integram a respectiva Procu-radoria-Geral, órgão ao qual a Constituição confiou a representação da entidade federada (judicial e extrajudicialmente) e a prestação da atividade de consultoria e assessoramento.

31 – Como essas atividades, de representação judicial e assessoramento jurídico, de-vem ser prestadas, no âmbito do Poder Executivo, de modo exclusivo pela Procuradoria, são inconstitucionais os dispositivos das Constituições estaduais que facultem a realiza-ção de representação judicial a assessor jurídico, de cargo efetivo ou de provimento em comissão.

32 – Quanto ao ingresso na carreira, ele ocorre mediante concurso público, de provas e títulos, com a participação da OAB em todas as suas fases.

33 – Aos procuradores foi assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício, mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios, após relatório circunstan-ciado das corregedorias. A remuneração deles é feita por subsídio fixado em parcela única.

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 473

34 – Por último, insta destacar que para a esfera municipal não há qualquer determi-nação de estruturação de carreiras próprias de Procurador nos Municípios, mas nada impe-de que referidas entidades federadas criem cargos com essa finalidade.

ADVOCACIA PRIVADA

35 – O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão e nos limites da lei.

36 – Habilitação para a profissão de advogado e a questão da indispensabilidade: al-cança-se a qualificação de bacharel em direito mediante a conclusão do curso respectivo e colação de grau. Porém, para o exercício profissional da advocacia o bacharel tem de estar habilitado perante a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que exige, para o ingresso em seus quadros, a aprovação no Exame de Ordem. Referido exame foi considerado constitu-cional pelo STF.

37 – Quanto à indispensabilidade dos advogados, ela decorre da circunstância de eles serem os profissionais que possuem, com exclusividade, a capacidade postulatória. Admi-te-se, no entanto, a participação facultativa dos advogados em algumas situações, por ex.: (i) impetração de habeas corpus; (ii) exercício do direito de petição; (iii) o ajuizamento de reclamação trabalhista também dispensa a obrigatoriedade do advogado; dentre outras situações.

38 – A inviolabilidade do advogado constante do texto constitucional deve ser lida como uma prerrogativa vinculada ao exercício profissional, prevista pelo constituinte no intuito último de resguardar o exercício do direito de defesa.

39 – O advogado dispõe, pois, de imunidade material relativa às suas manifestações e atos no exercício da atividade laboral, estando protegido quando suas palavras ou atos possam ser ofensivos às pessoas, vez que não haverá a incidência dos crimes de injúria e di-famação. Ressalte-se, todavia, que o advogado não goza de imunidade quanto aos crimes de desacato à autoridade e calúnia.

40 – Direitos do advogado: inicialmente, temos a súmula vinculante 14 do STF, que determina ser direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos ele-mentos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de de-fesa. Igualmente importante é o direito que o advogado possui de contar com a presença de representante da OAB em caso de prisão em flagrante no exercício da profissão.

41 – Ainda com relação à prisão o advogado tem direito somente ser recolhido preso em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, enquanto não transi-tar em julgado a sentença penal. Se esta instalação não existir, ao advogado será determi-nada a custódia domiciliar.

43 – Os advogados também possuem o direito à inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia.

DEFENSORIA PÚBLICA

44 – No intuito de equacionar o acesso ao Judiciário e a obtenção das prestações ju-risdicionais a todos os indivíduos, independentemente da (in) capacidade econômica que os distingue, a Constituição de 1988 edificou a Defensoria Pública, instituição permanente,

SIMULAÇO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – Nathalia Masson • Paulo Lépore474

essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direi-tos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º, CF.

45 – Se até 1988 o atendimento dos hipossuficientes era feito pelo Ministério Público, a Constituição cidadã inovou ao criar uma instituição específica para a defesa dos neces-sitados, efetivando, finalmente, o princípio constitucional da universalidade da jurisdição. Essa instituição é a Defensoria Pública que, ao lado do Ministério Público e da Advocacia Pública, é essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos desassistidos.

46 – A competência legislativa para a regulamentação da assistência jurídica e da De-fensoria Pública é concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal. Por isso, e apesar da unidade e indivisibilidade da instituição, temos a Defensoria Pública da União, a Defensoria Pública dos Estados, a Defensoria Pública do Distrito Federal e a dos Territórios.

47 – Quanto à organização da Defensoria, lembremos que a instituição rege-se pelos mesmos princípios que o Ministério Público, a saber, a unidade, a indivisibilidade e a inde-pendência funcional princípios que, a partir da EC nº 80/2014, foram explicitados no § 4º do art. 134, CF. O ingresso na carreira se dá, na classe inicial, através da realização de concurso público, de provas e títulos.

48 – Aos defensores públicos foram asseguradas as seguintes garantias:

(i) inamovibilidade; (ii) a independência funcional; (iv) irredutibilidade dos vencimen-tos; e (v) estabilidade.

49 – Quanto às prerrogativas enunciadas para os integrantes da carreira, temos:

(i) todos os membros da Defensoria são detentores do direito à prisão especial ou em sala especial de Estado Maior e, após sentença condenatória transitada em julgado, ser reco-lhido em dependência separada, no estabelecimento em que tiver de ser cumprida a pena;

(ii) os defensores não serão presos, senão por ordem judicial escrita, salvo em flagran-te, caso em que a autoridade fará imediata comunicação ao Defensor Público-Geral;

(iii) os defensores serão intimados pessoalmente em qualquer processo e grau de ju-risdição ou instância administrativa, mediante entrega dos autos com vista, contando-se--lhes em dobro todos os prazos;

(iv) se vencedores na causa, os órgãos da Defensoria são destinatários de honorários advocatícios, salvo quando a Defensoria Pública tenha atuado contra a pessoa jurídica de direito público à qual pertença.

49 – Dentre às vedações impostas aos defensores pela Constituição da República, en-contra-se a de exercer a advocacia fora das atribuições institucionais.

50 – Nos termos do art. 5º, LXXIV, a assistência judiciária é gratuita para os que com-provarem a insuficiência de recursos, isto é, lograrem demonstrar que estão desprovidos dos recursos necessários para o custeio dos encargos processuais.

51 – Quanto à assistência ser prestada também às pessoas jurídicas (possuidoras, ou não, de fins lucrativos), o STJ tem reconhecido a possibilidade, todavia, se a pessoa jurídica

Cap. XIV • FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA 475

tem fins lucrativos, ela deve demonstrar, satisfatoriamente, a impossibilidade de custear as despesas processuais sem comprometer sua própria existência (sendo seu o ônus da com-provação).

52 – A Lei 11.448/2007 inseriu a Defensoria Pública ao rol dos legitimados para a pro-positura de Ação Civil Pública, modificando o art. 5º da Lei nº 7.347/1985. A Associação Na-cional dos Membros do Ministério Público (CONAMP), contudo, ajuizou perante o Supremo Tribunal Federal uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contestando a constitucionali-dade da referida Lei. O STF, em decisão unânime, desacolheu os argumentos expostos pela CONAMP e, acertadamente, declarou a constitucionalidade da Lei nº 11.448/2007. Ade-mais, no julgamento do Recurso Extraordinário 733.433 fixou a tese de que a Defensoria Pública pode apresentar a ACP na defesa de direitos difusos e coletivos de que sejam titu-lares, em tese, pessoas necessitadas.