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PRODUÇÃO DE VASSOURA: UMA ALTERNATIVA PARA AGRICULTORES FAMILIARES DE IMBAÚ ANTONIO DE ASSIS PERERIRA TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

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PRODUÇÃO DE VASSOURA: UMA ALTERNATIVA PARA

AGRICULTORES FAMILIARES DE IMBAÚ

ANTONIO DE ASSIS PERERIRA

TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA

PRODUÇÃO DE VASSOURA: UMA ALTERNATIVA PARA

AGRICULTORES FAMILIARES DE IMBAÚ.

1.Contextualização.

Este trabalho é resultado de uma experiência de ação extencionista desenvolvida durante

cinco anos junto a um grupo de pequenos agricultores familiares, na comunidade “Charqueada de

Cima”, Município de “Imbaú”.

O município de Imbaú situa-se às margens da Br 376 (Rodovia do Café) no

entroncamento entre Reserva e Telêmaco Borba.

A sustentação econômica da pequena propriedade baseia-se na agricultura de subsistência,

produzindo milho e feijão, com venda da excedente no comércio local e municípios vizinhos, e

oleorícolas, com sua grande parte de venda no município de Telêmaco Borba. Por outro lado

ocorre a expansão da silvicultura que vem ocupando mais de 50% da área do território municipal,

com comércio de madeira fina, tora, lenha e carvão garantindo na região, entre os municípios de

Telêmaco Borba, reserva, Imbaú e Ponta Grossa. A produção Pecuária é extensiva de baixa

tecnologia.

O município de Imbaú possui, segundo o censo IBGE/2000, 9.600 habitantes e 32.905 ha

de área, ocupados da seguinte forma: 4.200 ha de culturas anuais, 10 ha de culturas permanentes,

16.00 ha de matas naturais, 7.565 ha entre pastagens naturais e cultivadas e 2.840 de outras áreas.

A comunidade “Charqueada de Cima” é composta por 56 pequenas propriedades que vêm

enfrentando dificuldades para manter sua família na propriedade, sobrevivendo a partir das

atividades agrícolas tradicionais. Os entraves principais que podem ser citados são: analfabetismo

e pouca instrução tecnológica, solos que oferecem baixa qualidade dos produtos, baixo poder de

investimento dos produtores e habitações em estado precário. Tudo isso vem contribuindo para

que os jovens abandonem suas propriedades em busca de trabalho nas cidades. Para eles, o milho

e o feijão deixaram de ser atividade lucrativa, fazendo com que permaneçam nas propriedades

apenas os chefes de família.

2.Conceituação

O trabalho realizado com os agricultores da comunidade “Charqueada de Cima” foi

embasado no princípio de que era preciso buscar alternativas para as pequenas propriedades de

agricultores familiares, que não poderia mais ser competitivas frente às grandes propriedades.

Caso persistisse naquela situação, caminhariam para a inviabilidade e seriam vendidas. Tomei

por base as queixas dos agricultores e sua demonstração de vontade de buscar soluções. Foi

fundamental também tudo o que aprendi durante os anos de trabalho extensionista, tanto através

do conhecimento teórico aprendido na Emater como através das comunidades. Estava convencido

de que a viabilização da pequena propriedade passava pela organização e pelo acompanhamento

e construção conjunta com o grupo.

As teorias dizem que o adulto tem interesse em aprender quando aquele conhecimento

vem resolver algum problema seu e que aprende fazendo. É assim que eu penso: precisa existir a

motivação do técnico e do produtor.

3.Desenvolvimento

Em 1998 quando fui transferido da unidade distrital de José Lacerda, município de

Reserva, para a unidade local de Imbaú, trouxe comigo um certo conhecimento em relação a

novas alternativas para difundir naquele município onde eu iria trabalhar.

No mesmo ano, na comunidade Charqueada de Cima, os agricultores demonstraram

interesse em experimentar alguma atividade que fosse mais rentável, devido às dificuldades

sentidas por eles para viabilizar suas propriedades. Propus a implantação de uma lavoura de

tomate, já que eu poderia transferir a eles a tecnologia daquela cultura. Um grupo de oito

produtores aceitou a proposta e plantou 6.00 pés de tomate. Os resultados foram negativos por se

tratar de uma cultura de alto investimento, grande risco de armazenagem, calotes de

compradores, enfim, a proposta foi frustrada.

Foi então que convidei o grupo para buscar uma nova proposta, de risco calculado, com

maior garantia de comércio e menor exigência tecnológica da produção, que se adaptava muito

bem na agricultura familiar: a vassoura Sorgo.

Tal projeto já havia sido acompanhado por mim no Rio da Faca, município de Reserva,

desde o ano de 1996, quando trabalhava em José Lacerda. Combinamos então uma excursão para

visitar um produtor de lá e assim aconteceu a primeira vista em 1998, com três agricultores, na

propriedade do Sr. Clóvis, que nos recebeu com toda atenção e mostrou ao grupo tudo o que

sabia sobre o assunto, desde tecnologia de produção, equipamentos, fabricação e

comercialização, inclusive endereços de compradores. Voltando à comunidade, os três

agricultores conversaram com os demais e tomaram a decisão de iniciar a nova atividade.

Em fevereiro de 1999 aconteceu a segunda visita na mesma propriedade do Sr. Clóvis,

com um grupo de cinco pessoas que já estavam decididas, com o fim de tirar mais algumas

dúvidas em relação à qualidade do produto final. Aproveitaram para buscar semente que foi

repassada gratuitamente pelo produtor visitado.

No mês de setembro de 1999 o grupo constituído por cinco produtores plantou 5 ha de

Sorgo-vassoura, em torno de 1 ha da cultura em cada propriedade.

Com a implantação da nova alternativa de renda pelos produtores, surgiu a necessidade de

buscar mais conhecimento sobre a cultura, sua origem, sua aceitação no mercado, densidade de

planta por hectare, adubação, adaptação de máquinas para o plantio direto, ponto de colheita,

cura, construção de máquinas para tirar sementes do cacho, bancas para amarrio e prensa para

costura, armazenamento e comercialização.

Diante disso, coube-me junto ao grupo continuar articulando novas fontes compradoras do

produto que viessem buscar na propriedade e fizessem pagamento praticamente vista.

Temos tentado junto ao IAPAR alguma informação sobre: variedades mais produtivas,

teores alimentícios para ração animal, possíveis toxinas existentes que possam fazer mal a

criação. Porém, ainda não temos resultados dessa natureza. Sabemos que o uso da semente para

alimentação animal é um dos pontos positivos da cultura. Por tratar-se de um sorgo, ela tem boa

aceitação pelos animais, os suínos, bovinos, caprinos, ovinos, aves, eqüinos e há quem diga que

esta semente, depois de curtida na água, serve para alimentação de peixes.

Em 2004o grupo já estava em nove pessoas, plantando uma área medida de 3 ha cada um,

totalizando 27 ha de Sorgo-vassoura.

No decorrer destes anos, além desta atividade, foi realizado um trabalho social com todos

os moradores da comunidade, pela equipe da unidade local, alguns em parceria com a prefeitura

municipal, que contribuiu muito para os bons resultados do grupo. Foram ações educativas em

associativismo, educação alimentar e saneamento básico, entre outras. Utilizando os programas

governamentais, foi implantado um projeto de abastecimento de água e melhoria de parte das

moradias da comunidade.

Atualmente o grupo continua unido graças ao trabalho social que vem sendo feito ao

longo dos anos. A área do plantio está em torno de 30 hectares, com tendência de expansão para

outras comunidades.

A produção de vassoura oferece diversas vantagens que vêm sendo observadas por mim e

pelo grupo. As atividades desenvolvidas na fabricação de vassouras tomam o tempo do agricultor

integralmente, pois pode ser feito em horas de chuva ou à noite, por ser um trabalho desenvolvido

dentro de barracão. Além disso, gera mão de obra para senhoras e jovens rurais.

Os 30 ha de Sorgo hoje plantados oferecem serviço para 20 pessoas, direto na atividade.

É importante dizer que, para a realização de tudo isso não foram investidos recursos

financeiros de origem externa à propriedade.

È interessante colocar que, se implantada nos meses entre agosto e setembro, a cultura

permite até três cortes no ano, chegando a produzir cerca de 3.00 vassouras por hectare.

As discussões sobre gestão são constantes pois sabe bem o agricultor que enquanto sua

produção de milho não chega a R$ 800,00 por hectare bruto, a vassoura atinge facilmente o

ganho bruto de R$ 6.000,00 por hectare se considerarmos os três cortes do ano. Além disso,

pode-se utilizar a semente para ração. O custo de produção é menor que o do milho, pois se

utiliza menos adubo e não se compra semente.

Um ponto positivo é que a vassoura pode ser armazenada no barracão por longo tempo

desde que seja corretamente curada e armazenada em local arejado e livre de umidade. Assim o

produtor tem a oportunidade de comercializar quando lhe for conveniente.

Os agricultores também vendem pequena quantidade de vassoura acabada, no próprio

município. Compram o cabo no valor de apenas dez centavos, por serem feitos com restos de

madeira, e agregam mais valor ao produto final.

Há um campo de atividades a serem desenvolvidas ainda dentro do projeto. Uma das

propostas é a articulação com metalúrgicas a fim de se descobrir ou se criar uma máquina de

costurar vassoura com qualidade semelhante, ou melhor que a costurada manualmente, para

maior agilidade e maior facilidade dos trabalhos. No momento os produtores estão entregando

vassoura só amarrada e recebendo por elas cerca de R$2,00 cada (sem cabo). Segundo a análise

feita, a costura manual é a mão de obra que mais demanda tempo e agrega pouco valor ao

produto quando comercializado via empresa que busca na comunidade.

Pretende-se também melhorar mais na qualidade do produto do campo através da

correção do solo e adubação. È necessário melhorar também no aproveitamento da semente como

alimento animal, pois o que se produz hoje, menos de 50% é aproveitado por falta de estrutura de

secagem armazenagem e moagem. È bom dizer que a semente usada ao longo dos anos tem sido

aquela colhida na propriedade, passando apenas por um processo de limpeza.

É necessário buscar informações mais profundas sobre a cultura do Sorgo, como por

exemplo, o uso de sementes melhoradas para maior produtividade e melhor qualidade de grão e

também de vassouras. Já iniciamos esta tarefa fazendo alguns contatos com o IAPAR. Devemos

continuar estudos sobre o assunto, e também sobre o valor calórico e protéico, e toxidade da

semente, visando melhorar a alimentação animal. Na sua maior parte, hoje o grão é jogado em

quantidades não controladas próximo ao local de fabricação, e os animais comem ali mesmo o

grão integral.

Para o aproveitamento do grão, considero que há um potencial para a montagem de um

pequeno secador comunitário, um desintegrador de grãos e um misturador de ração.

É possível também fazer testes com a semente de pois de estar na água por cinco dias

ministrá-la na alimentação do pacu e quem sabe em outra espécies de peixe.

É possível ainda buscar comércio junto às empresas madeireiras em toda a região,

discutindo com eles a idéia do projeto, o quanto ele é importante para aquelas famílias e o quanto

será importante para outras comunidades e até outros municípios, considerando o número de

empregos que poderão gerar.

Outras ações relativas à organização do grupo e gestão dos empreendimentos também

estão previstas e deverão ocorrer durante o ano de 2006.

4.Resultados.

Os resultados planejados para o grupo, no início da atividade, foram baseados na

produção que o Sr. Clóvis nos passou na época da visita, que eram de 2.975 vassouras por

hectare, considerando três cortes durante o ano.

Voltamos então com o pensamento de, no mínimo tentarmos fazer isto acontecer. Alguns

produtores estão acima deste patamar dentro do grupo e outros estão abaixo. Não é difícil colher

até mais do que isto, porque temos exemplos de pequenas áreas onde o produtor cuida mais, usa

tecnologia adequada, e sua produção atingiu a quantia de 3.000 vassouras por hectare ao ano, que

comercializadas a R$2,00 totalizaram R$ 6.000,000. São vassouras sem cabo e sem costura,

somente amarradas.

Se fizermos uma comparação com um hectare de milho, verificaremos que o milho

produz 50 sacas por hectare, vendido ao preço de R$15,00 por saca apresentará um total de

R$750,00. É preciso considerar ainda que o milho tem custo de produção maior, citando apenas

como exemplo que a produção de vassoura é feita utilizando semente própria.

O grau de satisfação das pessoas é explicito e o notório pela evolução das construções

rurais feitas com recursos oriundos da atividade como galpão para a fabricação e armazenamento

da vassoura, melhoria de moradia.

Entre os jovens que saíram da propriedade em busca de trabalho, já que pode vislumbrar

seu retorno. Cito o exemplo da filha que veio com seu esposo passar férias na casa do pai e está

permanecendo ali há três meses, onde o casal dedica-se à fabricação da vassoura.

O projeto leva a idéia da produção “ecologicamente correta”. Aplica-se à atividade de

vassouras sorgo por apresentar menos ataque de pragas e doenças, maior rusticidade em relação a

clima e solo, adubação química mais leve do que em relação ao tomate. Não precisou até o

momento fazer o uso de pesticidas para pragas e doenças.

Outra coisa é que, quando se corta a vassoura é feito um corte a meio plano do chão e

outro a um palmo da semente. Toda a palhada da cultura é deitada entre as linhas. Esta palha

protege o solo de erosão, seca ervas daninhas e melhora a estrutura e fertilidade do solo.

Este conjunto todo faz com que o projeto tem contribuído para a melhoria da renda

familiar, permitindo a eles construções de casas novas onde usufruem mais conforto, melhorando

a qualidade de vida e gerando vários empregos para a comunidade.

Socialmente o grupo contribui para ajudar a discutir projetos que trouxeram benefícios a

todos da comunidade como abastecedouro que levou água de qualidade a 45 famílias

beneficiando cerca de 225 pessoas, projeto de melhoria de moradia para 12 famílias e outros

mais.

5.Conclusão

5.1. Observações:

É bom observar que o solo rústico não quer dizer solo fraco. A cultura como outra

qualquer tem exigências minerais e orgânicas mínimas para produzir satisfatoriamente. Em

relação à qualidade do grão: o produtor tem cortado a vassoura na fase de grão leitoso alegando

assim que o corte tardio enfraquece a soca para as próximas brotas, porém o corte no grão leitoso,

30% de grama.

Ciclo: 90 dias do plantio; 70 dias da rebrota e mais 70 dias da 3ª brota fecharia o ciclo. Porém

existe área de vassoura que chega as 5º corte e está com bom vigor.

5.2. Aplicabilidade:

Esse projeto é interessante para se aplicar em vilas rurais, assentamentos, comunidades e

territórios intermunicipais.

É uma excelente atividade para a geração de renda para a agricultura familiar e para o

emprego rural, criando ainda novas oportunidades como montagem de fábricas de cabo de

vassoura, fabrica de ração e criação de pequenos animais como aves, suínos, etc. cujos resíduos

da criação deverão retornar à cultura de forma de fertilizantes economizando com isto parte da

adubação química se for o caso.

5.3. Recomendações:

A quem for iniciar na atividade deve-se tomar cuidado com a cura das panículas para não

secar demais pois poderá ficar quebradiço ao amarrio e com isso tornar-se um prejuízo ao

agricultor.

5.4. Opiniões

Os agricultores já tiveram oportunidade de serem entrevistados, demonstrando sua

satisfação. Disseram que pretendem continuar e ampliar, tanto em área produtiva, como no

aproveitamento dos subprodutos, como também na busca de formas de comercialização mais

lucrativas.

Como profissional, manifesto minha satisfação diante de uma pequena ação extensionista,

enriquecida pelo trabalho de meu colegas, que contribui com os pequenos agricultores familiares.

A quem for iniciar nesta atividade, considero que é importante buscar inteirar-se sobre o

comércio da vassoura em sua região e buscar conhecer na prática sobre os equipamentos usados e

como manuseá-los na fabricação da vassoura.

A quem interessar, coloco-me à disposição e apresento, a seguir, breve descrição sobre a

tecnologia recomendada na produção do sorgo, colheita, limpeza, classificação, preparo da palha

e confecção da vassoura.

CULTURA DO SORGO: BREVE RELATO SOBRE

A TECNOLOGIA UTILIZADA.

As exigências de solo do sorgo-vassoura são semelhantes às do milho. Recomenda-se o

preparo esmerado do terreno para obtenção de boas produções. A presença de mato nas fases

iniciais do crescimento interfere seriamente no desenvolvimento do sorgo. A época de semeadura

é a mesma do milho, isto é, na entrada da estação de chuvas e calor. Semeia-se de preferência

com máquinas, na base de duas a quatro sementes em cada 10 centímetros e em linhas

distanciadas de 1 metro, cobrindo-se com uma camada de terra de 2 a 3cm. A quantidade de

sementes para um hectare varia de 10 a 15 quilos. Na semeadura de covas, estas são distanciadas

entre si de 30 centímetros, e as fileiras, de 1 metro. Cada cova receberá de 6 a 8 sementes,

rareando-se mais tarde, para 4 plantas por cova.

Recomenda-se a aplicação de fertilizantes químicos ao terreno cultivado com sorgo, os

quais, de modo geral, poderão ser feitos na seguinte medida por hectare: Superfosfato: 150 litros;

Cloreto de Potássio: 50 litros; Salite do Chile: 100 litros.

O Salite do Chile deve ser sempre aplicado em cobertura, quando as plantas atingirem

cerca de 50 centímetros de altura. Os outros adubos são aplicados na semeadura.

Quebramento, Colheita e Cura de Panícula:

A operação de quebra da panícula (“flecha” ou “penacho”), deixando-a pendente, deve ser

sempre executada. Caso contrário, grande número de panícolas se expandem e dobram devido ao

peso das sementes, com diminuição da qualidade e do valor comercial. Isso acontece

especialmente quando ocorrem chuvas pesadas e ventos fortes durante o desenvolvimento das

panículas. Ao proceder a dobra, tais inconvenientes são evitados, pois o peso das sementes na

maturidade faz com que a vassoura fique reta e comprida. O quebramento deve ser feito entre os

nós, pois se feitos nele o colmo se quebra e a parte superior morre. Reduz-se, deste modo, o

movimento da seiva enquanto que o crescimento da flecha não é materialmente afetado. Essa

operação é executada quando as sementes começam a se desenvolver e a vassoura mostra sinais

de se expandir. Se não é realizada, além do grande número de panículas defeituosas, a maior

parte das panículas precisarão ser destinadas ao “enchimento” isto é, próprias para serem usadas

na parte interna das vassouras.

Cerca de 4 a 5 meses depois de semeado, o sorgo-vassoura estará pronto para ser colhido.

A época de colheita e as várias outras operações requeridas no preparo das panículas para o

mercado são muito importante.

A época de colheita depende das condições climáticas e da cor de panículas que se deseja.

Os industriais geralmente preferem-nas esverdeadas, por serem mais flexíveis do que quando

colhidas quase maduras. Para obter essa cor, o sorgo-vassoura deve ser colhido quando as

sementes ainda estão no estado denominado leitoso. Assim, a panícula está completamente

desenvolvida, porém, as sementes são macias. Para algumas classes de artigos, prefere-se a cor

dourada; neste caso, a colheita é atrasada até que as sementes estejam bem maduras.

Na colheita usa-se um podão bem afiado e deixa-se intato á panícula cerca de 15 cm do

colmo. Escolhe-se um período de boas condições climáticas para esta operação. Nestas condições

a secagem pode ser feita em terreno tijolado ou no próprio campo, dispondo-se as panículas de

maneira a evitar o seu contato com o chão. O tempo de secagem depende do clima, porém em

dias ensolarados, cerca de 2 dias são suficientes. Deve-se impedir sempre que as panículas

apanhem umidade, pois a chuva e o orvalho ocasionam manchas que lhes depreciam o valor.

A melhor cor se obtém pela secagem da panícula à sombra, em galpões bem ventilados

para evitar deterioração de cor e da qualidade do material. As panículas são deixadas algumas

horas no sol para sofre uma secagem parcial e depois dispostas em camadas de 10 centímetros de

espessura em tabuleiros armados uns sobre os outros num galpão aberto. Deve-se revirar o

material a intervalos regulares, a fim de obter uma secagem uniforme. Este método reuqer tempo

e mais atenção que o anterior, porém, o produto será de qualidade superior.

As flechas secas a sombra além de conservar a cor verde clara não perdem a flexibilidade,

o que é um fator muito importante na qualidade e na durabilidade das vassouras. Na secagem ao

sol, que deve ser evitada, a palha fica amarelada e quebradiça. O processo de cura reuqer cerca de

20 dias.

Limpeza, Classificação e Enfardamento da Palha:

As flechas são passadas a seguir na máquina limpadora que separa as sementes. Essa

máquina, de construção muito simples, consiste de um tambor cilíndrico provido de longas puas,

que em revolução, batem de encontro às flechas, que estão seguras pelos cabos por um operário

alimentador separando assim as sementes da palha.

As flechas limpas ou beneficiadas são classificadas em dois tipos comerciais: Longos ou

de cobertura e Curtos ou de enchimento. Essa última, usada para formar a parte interna das

vassouras, geralmente não tem mais de 40 de palha. As primeiras tem 40 a 60cm de palha e 20cm

de cabo. É o tipo de palha empregada na cobertura externa para formar os ombros da vassoura. A

palha muito curta e fina, pode ainda ser aproveitada para dar enchimento às vassouras; precisa

entretanto ser enfardada à parte. A palha encaracolada torcida ou dobrada é considerada

defeituosa e deve ser descartada. O solo, o clima e os métodos de cultivo e cura determinam

grandemente a qualidade da palha. Seu valor depende do número de ramos ou filamentos, do

comprimento, do diâmetro e do seu estado de conservação.

Depois de classificadas procede-se ao enfardamento das palhas separadamente. As flechas

são colocadas na prensa de forma que a porção envassourada se sobreponha uma à outra e os

cabos fiquem virados para o lado de fora do fardo, cujo tamanho de acordo com o produto.

Recomenda-se, porém, que os fardos pesem cerca de 100 quilos e meçam 115cm, 75cm e 50cm.

Produtividade Sorgo

Em cada hectare cultivado com sorgo-vassoura pode-se obter cerca de 1,5 a 2,5 toneladas

se sementes e de 600 a 1.200 quilos de palha limpa, com a qual podem ser fabricadas de 1.000 a

2.000 vassouras comuns.

Sorgo:

Nome científico: Spartina Schreb

Spartina Spartinae Merr

Gramínea com tufos grandes e densos, não rizomatosa; colmos eretos de 1 a 2 cm de

altura; folhas estreitas involutas; inflorescência densa e cilíndrica de 10 a 30 cm de comprimento;

espiguetas imbricadas com 6 a 8 mm de comprimento: glumas híspido-ciliadas na quilha, a

primeira mais curta que a lema, a segunda geralmente um pouco maior.

Cresce em estado espontâneo nos terrenos pantanosos e prados úmidos próximos do

litoral desde a Florida até o Texas, nos estados Unidos, e na costa do México.

Antônio de Assis Pereira

Imbaú,06 de abril de 2006