2014_joaoricardopereira

Upload: andre-scandar-prata

Post on 05-Jul-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    1/50

    1

    Universidade de BrasíliaFaculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência daInformação e Documentação – FACEDepartamento de Economia

    JOÃO RICARDO PEREIRA

    Relações entre doações de campanha, denúncias de corrupção e

    variação de preço nas licitações de obras públicas

    BrasíliaDezembro 2014

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    2/50

    2

    Universidade de BrasíliaFaculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência daInformação e Documentação – FACEDepartamento de Economia

    JOÃO RICARDO PEREIRA

    Relações entre doações de campanha, denúncias de corrupção evariação de preço nas licitações de obras públicas

    Dissertação de Mestrado apresentada aoDepartamento Economia da Universidade deBrasília em 26/12/2014, como parte dosrequisitos necessários à obtenção do título de

    Mestre em Economia.

    Banca examinadora

    _________________________________Prof. Dr. Maurício Soares Bugarin (Orientador)

    _______________________________________Prof a. Dr a. Maria Eduarda Tannuri-Pianto (Membro)

    _______________________________________Prof. Dr. Paulo Augusto P. de Britto (Membro)

    BrasíliaDezembro 2014

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    3/50

    3

    Dedicatória

    Dedico este trabalho à minha esposa, que pelo

    exemplo, tanto tem me ensinado sobre o amor

    e sobre os mais altos valores morais no curso

    de nossa convivência diária. Dedico ainda à

    minha filha Mariana que vem encher de amor

    o nosso lar.

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    4/50

    4

    Agradecimentos

    Aos meus pais e minha irmã pela educação e pelo o amor que sempre me deram;

    Ao Tribunal de Contas da União, e em especial aos servidores da Secob-Rodovia, pelascontribuições com esta dissertação e pela oportunidade de participar do Mestrado Acadêmicona UnB;

    Ao Secretário da Secob-Rodovia/TCU, Arsenio José da Costa Dantas, pelos ensinamentosimprescindíveis, pelos conselhos sempre oportunos, pela confiança e sobretudo pela sua

    sincera amizade;

    À Universidade de Brasília pela oportunidade do conhecimento, juntamente com todo seuquadro docente e discente;

    Ao professor Maurício Bugarin, pela confiança, orientação, suporte e comentários essenciais,sem os quais não seria possível concluir este trabalho;

    À douta banca de mestrado pelas valiosas contribuições que aprimoraram esta dissertação;

    Ao amigo e companheiro de Mestrado, Pedro Ghiraldini, pelas orientações e pelo auxílio nodecorrer do curso de mestrado;

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    5/50

    5

    Resumo

    O trabalho testa a existência de viés no preço de contratação de obras públicas em favor de

    empresas que fazem doações às campanhas políticas. Para isso, utilizou-se um modeloeconométrico estimado pelo método dos mínimos quadrados ordinários em seção cruzada. Aamostra utilizada contém dados de 1107 contratos de obras rodoviárias no âmbito doDepartamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) entre os anos de 2007 e2013. Os resultados da estimação desse modelo indicaram que: licitações vencidas porempresas doadoras de campanha apresentaram desconto inferior às licitações vencidas pelasempresas não doadoras; no ano de 2011 o desconto nas licitações aumentousignificativamente em relação ao ano de 2010, o que poderia ser explicado pela troca decomando do DNIT, decorrente de denúncias de corrupção nessa autarquia, ou ainda porinfluência do ciclo político; licitações de obras em regiões politicamente conectadas agestores envolvidos em denúncias de corrupção apresentaram menores descontos.

    Palavras chaves: Licitação, Obras Públicas, Doações de Campanha, Corrupção

    Abstract

    This work tests the existence of hiring price bias of public works in favor of companies thatmake donations to political campaigns. The econometric model was estimated by the methodof ordinary least squares, cross-section, with 1107 contracts data under the NationalDepartment of Transport Infrastructure (DNIT) between the years 2007 and 2013. Theestimation results of this model indicated that: bids won by corporate donors campaign hadlower discount than bids won by non-corporate donors; DNIT’s command exchange aftercorruption scandal in 2011 accounted for discount increase in bids in subsequent years; bids

    in regions politically connected to managers involved in allegations of corruption had lowerdiscounts.

    Key Words: Bidding, Public Work, Campaign Donations, Corruption

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    6/50

    6

    !"#$%&'

    " #$%&'()*+' ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,

    . &/0#1+' (2 3#%/&2%)&2 ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,

    .," (56789: ;9 6?@6

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    7/50

    7

    Índice de TabelasTabela 1 - Descrição das variáveis do modelo ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, . Tabela 2 - Resumo das estatísticas das variáveis ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, .M Tabela 3 - Correlações das variáveis do modelo ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, .X Tabela 4 - Resultados da estimação do modelo econométrico ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, .P Tabela 5 - Teste F doações,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, Tabela 6 - Restrição à Competitividade,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, Tabela 7 - Teste F valores doações,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, Tabela 8 - Pressuposto de normalidade dos resíduos da regressão ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, IP Tabela 9 - Diagnóstico de homocedasticidade ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, M

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    8/50

    8

    1 INTRODUÇÃO

    Existe atualmente, no Brasil e no exterior, grande preocupação com financiamentode campanhas eleitorais. Pode-se citar a recente votação no Supremo Tribunal Federal sobre a proibição de doações corporativas para as campanhas, expressa pelo voto de alguns de seusmembros:

    No Brasil, os principais doadores de campanha contribuem para partidos com quem não têmidentidade política e se voltam para obtenção de acordos com o governo. As empresas investemem todos os candidatos que têm chance de vitória. A comunidade jurídica nacional não podeacreditar num patrocínio desinteressado. A pretensão formulada dessa ação é indispensável para secolocar o fim da não equidade do processo eleitoral. Ministro Marco Aurélio ao votar contradoação eleitoral de empresas .

    O financiamento fere profundamente o equilíbrio dos pleitos, que nas democracias deve se reger pelo princípio do “one man, one vote ”. A cada cidadão deve corresponder um voto, com igual pesoe idêntico valor. As doações milionárias feitas por empresas a políticos claramente desfiguramesse princípio multissecular, pois as pessoas comuns não têm como contrapor-se ao podereconômico. Ministro Ricardo Lewandowski do STF ao votar contra doação eleitoral de empresas.

    A preocupação está associada ao sentimento de que as empresas privadas quefinanciam as campanhas podem depois vir a influenciar o governo eleito por meio deconexões políticas, visto que o financiamento corporativo às campanhas no Brasil é preponderante: de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE1 para as eleições

    de 2010, 75% das doações foram oriundas de pessoas jurídicas (empresas), 15% de pessoasfísicas e apenas 10% de recursos próprios dos candidatos.

    Ainda de acordo com dados do TSE1, das 10 maiores contribuições de campanhanas eleições de 2012, 6 são oriundas de empresas do ramo da construção civil. Quando secompara as doações de empresas por segmentos econômicos, verifica-se que o setor deconstrução contribuiu com mais de 600 milhões de reais. O segundo segmento que maiscontribuiu foi o da indústria de transformação, com valor pouco acima de 300 milhões.

    A partir disso e considerando que, conforme Ministro Marco Aurélio, as empresasdoam para com quem elas não têm identidade política, questiona-se: qual e como seria oretorno obtido pelas empresas da construção civil pelos vultosos investimentos realizados nasdoações de campanha?

    A literatura sobre o tema, no âmbito do Brasil, é praticamente inexistente. Algunstrabalhos apenas mencionam que as empresas doadoras obtém maior número de contratoscom o poder público. Entretanto, considerando que a lei de licitações proíbe a adjudicação de

    " (http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/estatisticas-eleicoes-2012)

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    9/50

    9

    contratos sem licitação, como as empresas doadoras conseguiriam mais contratos públicos? Eem quais condições?

    Para tentar responder a essas questões, este trabalho testará a existência de viés nacontratação de obras públicas de forma a beneficiar as empresas doadoras de campanha noâmbito das licitações de obras públicas rodoviárias a cargo do DNIT. O viés que se pretendeestudar é variação de preço ou desconto ofertado nas licitações públicas em relação ao preçode referência da Administração (preço reserva).

    Mais especificamente, o estudo testará se as licitações vencidas pelas empresasdoadoras apresentam desconto menor que as licitações vencidas por empresas não doadoras.

    Para tanto, realizar-se-á regressão linear múltipla em 1107 contratos a cargo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para os anos de 2007 a 2013.

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    10/50

    10

    2 REVISÃO DA LITERATURA

    A literatura sobre contribuições de campanha e conexões políticas apresentavárias vertentes de pesquisa acadêmica. Poderia haver muitas razões economicamente justificáveis para as empresas apoiarem algum candidato ou algum partido político. Naliteratura existente prevalecem dois motivos: 1) contribuições de campanha como uma formade consumo político (Ansolabehere, Figueiredo and Snyder, 2003). 2) contribuições decampanha como uma forma de investimento (Snyder, Jr., 1990).

    2.1 Doações de campanha como forma de consumo político

    Nos EUA, os autores Ansolabehere, Figueiredo e Snyder (2003) afirmam que a

    maior parte das contribuições de campanha nos Estados Unidos provém de doaçõesindividuais: 80%; as empresas contribuem com 13%; já o tesouro americano com 7%.Considerando que grande parte da literatura e da crendice popular aceita que as contribuiçõesde campanha são um investimento, os autores se perguntam por que existe tão pouco dinheirocorporativo na política dos Estados Unidos.

    Os autores citam como exemplo as contribuições de $10,6 milhões em 1998oriundas das empresas ligadas ao setor de defesa do EUA frente ao orçamento de compra de

    material desse setor: $134 bilhões ao ano. Por meio de testes econométricos os autoresafirmam que as doações corporativas não conseguem influenciar significativamente as açõesdos congressistas, visto que as contribuições individuais suplantam as doações corporativas.

    Considerando essa baixa contribuição de campanha corporativa, Ansolabehere,Figueiredo e Snyder (2003) argumentam que os estudos que afirmam que as doações decampanha nos EUA são consideradas um investimento carecem de maiores aprofundamentos:qual seria a taxa de retorno sobre as contribuições? Qual seria o contribuinte marginal à

    política? Segundo os autores, os estudos que relacionam contribuições de campanha ainvestimentos tratam de compra de votos para aprovação de determinada legislação que beneficie os doadores. Informam que a maioria dos estudos não consegue encontrar relaçõesconsistentes entre doações de campanha e comportamento de voto de determinadocongressista. Apenas um quarto dos estudos consegue alguma relação significativa.

    Ansolabehere, Figueiredo e Snyder (2003) inferem que as pessoas fazemcontribuições individuais porque são ideologicamente motivadas, porque elas estão animadascom a política, porque elas são convidadas pelos seus amigos ou colegas, e porque elas têm osrecursos necessários para exercer essa forma particular de participação. Em suma, as pessoas

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    11/50

    11

    fazem contribuições às campanhas por causa do valor do consumo associado com a política, enão porque elas recebem benefícios privados diretos. Os autores chamam esses doadores de"contribuintes de consumo". Eles representam a maior parte do dinheiro de campanha políticados Estados Unidos, e segundo os autores, impedem que as corporações consigam obtervantagens particulares por meio de contribuições de campanha.

    Nesse sentido, no âmbito dos EUA, Aggarwal, Meschke e Wang (2012) nãoconfirmaram a hipótese de que as doações de campanha representam um investimento emcapital político. Em vez disso, afirmaram que doações políticas são sintomas de problemas deagência dentro das empresas.

    2.2 Doações de campanha como forma de investimentoSnyder, Jr. (1990) afirma que grande parte dos estudiosos considera que doadores

    de campanha enxergam suas contribuições como um investimento, esperando algum retornono futuro. Já os candidatos, esperam que as contribuições de campanha os ajudem a ganhar aeleição. A explicação é intuitiva: sobre as contribuições de campanha, assim como sobretodos os investimentos, são esperados uma de taxa de retorno, forçando os políticos afornecerem aos doadores "benefícios" em troca de contribuições de campanha.

    Snyder, Jr. (1990) criou modelo que explica o porquê das empresas realizaremesse investimento. O modelo consiste em um mercado no qual os agentes políticos estãocompetindo pelas doações de campanha. O autor infere em seu modelo que os candidatosmaximizam suas contribuições por meio da venda de favores aos doadores corporativos. Aolongo do estudo discute que o valor das contribuições institucionais é função da probabilidadedo candidato ganhar. Além disso, os candidatos que teriam maiores condições de vencer o pleito, receberiam maiores contribuições.

    Esse modelo pode ser definido da seguinte forma: Pd*Gdj ! R dj*Xdj. As variáveissão assim definidas: D e R = candidatos; J = doador corporativo; Pd = probabilidade docandidato D ganhar as eleições; Gdj = valor do favor vendido por D a J; R dj = taxa de retornoque J pode obter em um investimento “semelhante”; Xdj = quantia doada pelo doador J aocandidato D. O modelo considera ainda que o candidato D maximiza as contribuições querecebe para uma dada quantidade de promessa de favores, assim vale a igualdade: Pd*Gdj =R dj*Xdj.

    Simetricamente, para o candidato R, vale: Pr *Grj = (1-Pd)* Grj = R rj*Xrj. Se os candidatosvendem a mesma quantidade de favor, em equilíbrio:

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    12/50

    12

    Pd !! !"

    ! !" ! ! !" =

    Se a quantidade de favor é diferente entre os candidatos, vale a seguinte relação:

    Pd !!" ! !"#

    !" ! !"# ! ! ! !" ! !"#

    Se vale a última equação, então Gdj ! Grj, se e somente se, Pd < xd. Isso é, se ocandidato D promete maiores favores, ele receberá mais contribuições corporativasrelativamente à sua probabilidade de ganhar do que o candidato R.

    Outro estudo nesse sentido é o de Samuels (2001) que argumenta que o sistema político do Brasil é organizado de modo a proporcionar compromissos críveis entre as

    empresas que fazem doações de campanha e os candidatos que retribuem esse investimento por meio de futuros favores. O autor afirma que a campanha política dos candidatos no Brasilé individualizada, por isso os políticos têm incentivos para desenvolver uma reputação demodo a cuidar dos interesses dos seus principais doadores de campanha durante o mandato. Amaioria dos políticos brasileiros são políticos de carreira. Além disso, aqueles que deixammomentaneamente o Congresso Nacional, o fazem para continuar a carreira nos postos do poder executivo. Assim, a probabilidade de interações repetidas entre candidatos e doadores

    corporativos é alta.Da mesma forma, Boas, Hidalgo e Richardson (2014), inferem que no caso do

    Brasil, o político que ajuda uma empresa a adquirir contratos com o governo, e não recebenenhuma contribuição na próxima campanha, poderá reter futuros favores legislativos oumesmo pressionar o executivo a suspender o desembolso de fundos previamente autorizados.Da mesma forma, as empresas que são rejeitadas pelos candidatos vitoriosos podem recusar-se a contribuir na próxima campanha, ou mesmo financiar a oposição. Dado esse jogo

    repetido, as empresas e os políticos tendem a cultivar relacionamento de confiança e dereciprocidade no longo prazo, benéfico para ambos.

    Por fim, Claessensa, Feijend e Laeven (2008) encontraram evidência empírica para a hipótese de que financiamento de campanha compra favores políticos para as empresasdoadoras. Os autores exploraram uma série de dados ao nível empresa-candidato nascontribuições de campanha para as eleições de 1998 e 2002 no Brasil. Os autores constataramque o acesso ao financiamento bancário é um desses favores.

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    13/50

    13

    2.3 Doações de campanha e conexões políticas

    Claessensa, Feijend e Laeven (2008) consideraram que as contribuições realizadasàs campanhas eleitorais no ambiente brasileiro consistem em conexões políticas. Segundoesses autores, o Brasil é conhecido pelas relações promíscuas entre políticos e empresas.Além disso, devido ao seu nível limitado de desenvolvimento institucional, o valor dasligações políticas no Brasil é provavelmente maior do que em países mais desenvolvidos.Grande parte desse valor poderia vir de um acesso preferencial ao financiamento, visto que oBrasil estava entre os países, na época avaliada pelo estudo (1998-2002) com as mais altastaxas de juros e o menor grau de intermediação financeira no mundo.

    Além disso, segundo Claessensa, Feijend e Laeven (2008), os dois maiores bancoscomerciais eram de propriedade do governo à época e uma grande parte do financiamentoexterno era controlada por bancos de desenvolvimento estatais, tornando o financiamentomais facilmente influenciado pelos políticos. Adicionalmente, o Brasil é um dos poucos países que registram as contribuições de campanha a nível candidato individual. A legislação brasileira determina registro individual e justificação de gastos de campanha por cadacandidato.

    Conforme Claessensa, Feijend e Laeven (2008), a lei torna mais difícil para um político gastar dinheiro não oficial em campanha. Embora ainda possa haver outras maneirasde influenciar políticos, contribuições de campanha são um importante meio para o fazer.Ademais, os autores afirmam que os dados de doações de campanha no Brasil oferecem trêsvantagens: (i) eles são mais objetivos em comparação com os dados normalmente utilizadosnesta literatura para identificar se existe uma relação entre políticos e empresas; (ii) eles permitem medir a intensidade de uma conexão em vez de simplesmente indicar a sua presença.

    A partir disso, os autores Claessensa, Feijend e Laeven (2008) confirmam acrescente literatura que diz que conexões políticas podem ter um impacto significativo sobre ovalor da empresa e o acesso a financiamento bancário, no mesmo sentido dos trabalhos de(Johnson and Mitton, 2003), (Ferguson and Voth, 2008), (Khwaja and Mian, 2005),(Charumilind, Kali and Wiwattanakantang, 2006), (Cole, 2009), (Dinç, 2005).

    Faccio (2006) em seu estudo coletou dados de 18.884 firmas que possuíam

    conexões políticas espalhadas em 42 países. A autora utilizou em seu estudo conexões políticas fortes, casos em que ministros de estado e membros do parlamento são sócios ou

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    14/50

    14

    diretores das empresas que contratam com o governo. Além disso, a autora relatou a possibilidade de conexões políticas mais fracas como, por exemplo, empresas que contribuem para as campanhas de membros do parlamento ou ministros de estado.

    Os resultados encontrados por Faccio (2006) indicam que empresas com conexões políticas: são mais comuns em países que possuem maior percepção de corrupção; lucrammais em países mais corruptos; têm fácil acesso a crédito bancário; pagam menos impostos;conseguem maior fatia de mercado; obtêm maiores benefícios quando as conexões políticassão mais fortes.

    Faccio (2006) concluiu por meio de estudo de caso que as conexões políticas

    resultam em aumento significativo no valor das empresas que operam em países altamentecorruptos. A autora afirma ainda que conexões políticas não agregam valor para as empresasque operam em países com baixos níveis de corrupção. Nesses países, por outro lado, amaioria das empresas decide não se envolver com conexões políticas. Por fim, a autora citaainda que há uma relação positiva entre conexões políticas e corrupção, entretanto não foi possível identificar uma relação causal entre ambas.

    O índice de percepção da corrupção2, uma escala que varia de 0-100 que indica

    que quanto maior o escore, mais limpo é o país e melhor colocado no ranking ele é, demonstraque em uma amostra de 177 países, o Brasil possui escore de 42, sendo o 72º país mais limpo.Em outras palavras, o Brasil pode ser considerado um país relativamente corrupto, o queindica que, conforme estudo de Faccio (2006), pode haver uma forte relação entre conexão política e corrupção no Brasil.

    Fisman (2001) em seu estudo comprova que as empresas que possuíam conexões políticas com o presidente Suharto da Indonésia experimentavam variações significativas no

    seu valor decorrente de fatos políticos relacionados com a vida desse presidente. Emcontrapartida, empresas sem conexões políticas não sofriam variações significativas em seuvalor de mercado. O autor sugere ainda que os resultados alcançados em seu estudo podem seaplicar a outros países com nível semelhante de corrupção medido pelo índice de percepçãoda corrupção. Conclui afirmando que esse índice de percepção da corrupção é uma importante proxy para se identificar se o valor das empresas estão sujeitas às conexões políticas. Cumpremencionar que em 2013, o escore de percepção de corrupção da Indonésia é 32, ocupando a

    114ª posição.. @FF>_]]ddd,FB6?:>6B9?

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    15/50

    15

    Faccio, Masulis e Mcconnell (2006) analisaram a possibilidade de ajuda dogoverno a 450 empresas com conexões políticas em 35 países no período de 1997 a 2002. Osautores encontraram que as empresas com ligações políticas são significativamente mais propensas a serem socorridas que as empresas semelhantes sem conexões políticas. Alémdisso, as empresas com ligações políticas são desproporcionalmente mais propensas a seremsocorridas quando o FMI ou o Banco Mundial prestam assistência financeira ao país deorigem dessa empresa.

    No caso do Brasil, o trabalho diário da mídia mostra que, em diversas esferas einstâncias, o poder público é permeável a pressões empresariais pontuais em defesa de benefícios particulares, por meio de corrupção, conexões políticas, dentre outras. Existe umamplo consenso em torno desse diagnóstico. (Mancuso, 2007)

    Nem sempre empresas politicamente conectadas auferem vantagens. Fan, Wong eZhang, (2007) destacam em seus estudos que aproximadamente 27% dos CEOs em umaamostra de 790 empresas privatizadas parcialmente na China são antigos ou atuais burocratasdo governo. As empresas com CEOs politicamente conectados possuem desempenho 18%inferior àquelas empresas sem CEOs politicamente conectados, com base no retorno sobresuas ações três anos após o IPO. Além disso, após três anos após o IPO, essas empresas politicamente conectadas experimentaram menor crescimento dos lucros, menor crescimentodas vendas, e menor retorno sobre vendas quando comparadas com empresas do mesmo ramoe não conectadas politicamente. Dessa forma, esse estudo mostra que nem sempre conexões políticas agregam valor à empresa.

    Por fim, Svensson (2005) afirma que há uma variedade de evidências quesugerem que o aumento da concorrência, devido à desregulamentação e à simplificação deregras e leis, está negativamente correlacionada com a corrupção. Observa também quesubornos tem um paralelo na forma de contribuições de campanha, mas eles não sãosubstitutos perfeitos.

    2.4 Doações de campanha, compras públicas e obras públicas

    Segundo Boas, Hidalgo e Richardson (2014), a forma de retribuição dos políticosaos seus doadores de campanha corporativos depende do tipo de indústria envolvida. Firmasque estão sujeitas à supervisão do governo, como bancos privados, podem preferir uma

    regulação mais frouxa; as empresas que se baseiam pesadamente em crédito, como os

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    16/50

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    17/50

    17

    para as obras inseridas no orçamento da União. Incialmente, os políticos recebiam propinasem dinheiro vivo, em torno de 3% sobre cada projeto aprovado. Entretanto, quando doaçõesde campanha das empresas foram legalizadas em 1993, a compensação das empresas pelosfavores políticos continuaram por esse caminho menos arriscado (contribuições decampanha). Dessa forma, pode-se dizer que a conexão política entre empreiteiras e políticosse dá por meio das contribuições de campanha.

    Conforme noticiado pela imprensa brasileira3, o delator do escândalo conhecidocomo Petrolão, Sr. Alberto Youssef, em depoimentos à Polícia Federal e ao MinistérioPúblico, relatou que as “doações legais” das empreiteiras às campanhas políticas foram afórmula criada para esconder a propina aos políticos envolvidos no esquema de corrupção daPetrobrás. Assim, pode-se dizer que a conexão política entre empreiteiras e políticos se dá pormeio das contribuições de campanha.

    Em 2011, o deputado aliado ao governo federal que dirigiu o Ministério dosTransportes foi acusado de ter usado sua influência no DNIT para solicitar propina deempresas de construção de obras rodoviárias. As firmas seriam obrigadas a pagar 4-5% dovalor dos contratos4.

    Rumba e Jas" i#ens (2009) mostram que as empresas com ligações políticas decorrentes dedoações a partidos políticos obtêm benefícios em contratos públicos na Letônia. O principal benefício obtido por essas empresas é participar de licitações públicas em um ambiente com20% menos concorrência em relação às empresas que não possuem ligações políticas. Emoutras palavras, as licitações nas quais as empresas com ligações políticas lograram vencerocorreram em um ambiente com 20% menos concorrência do que nas licitações vencidas porempresas sem ligações políticas.

    Além disso, Rumba e Jas" i#ens (2009) mostram que a possível fonte dadiminuição da concorrência deve-se às especificações técnicas tendenciosas. Os resultadosdos autores também revelaram que as empresas com ligações políticas são mais propensas a participarem de processos de adjudicação de contratos públicos menos transparentes. Osautores concluem que não se pode rejeitar que os contratos públicos são uma fonte de maiordesempenho para as empresas politicamente conectadas.

    Q @FF>_]]H9f6,6LBGD,_]]ddd",A5D@6,C5D,5;9B].4""]4Z]PIMPQXYH9f6Y6Y

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    18/50

    18

    Por fim, Rumba e Jas" i#ens (2009) finalizam afirmando que o ambiente de menorconcorrência proporcionado pelas ligações políticas tem implicações enormes para aeconomia como um todo, pois dificulta a concorrência no mercado, cria perdas de eficiência eincentiva o investimento ineficaz, decorrente de conexões políticas existentes.

    Coviello e Gagliarducci (2010) utilizaram um conjunto de dados de licitações sobresponsabilidade de diversos prefeitos de cidades italianas para fornecer evidência empíricareferente ao poder de influência desses políticos nas contratações públicas. O principalresultado obtido é que, quando os políticos se mantêm no poder por um longo período detempo, há uma deterioração sistemática do funcionamento do mecanismo de licitação:observou-se uma menor concorrência, um maior custo de obras públicas, e um aumento na probabilidade do vencedor ser uma empresa com ligações políticas e uma maior probabilidadede uma empresa sair vencedora mais frequentemente.

    No tocante às obras públicas, Coviello e Gagliarducci (2010) ressaltam que asobras licitadas no segundo mandato de um prefeito apresentam descontos na licitação 5,7%inferior às obras públicas licitadas no primeiro mandato. Além disso, a concorrência doscertames é reduzida em 11,7%, ou seja, o número de concorrentes diminui.

    Os autores Coviello e Gagliarducci (2010) constataram, de acordo com dadosex- post sobre execuções de obras, e sobre compras de bens e serviços padronizados, que seusachados provam que quando um prefeito permanece no poder por um período mais longo, háuma maior probabilidade de conluio. Inferem ainda que explicações alternativas, comoinexperiência dos prefeitos e suposta diferença de qualidade entre os licitantes não encontramrespaldo em seus estudos. Por fim, os autores concluem que um regulador interessado naracionalização dos gastos públicos deve incentivar a implementação de políticas quefavoreçam a rotatividade política, de tal forma que a concorrência nas licitações possa serrestaurada.

    Goldman, Rocholl e So (2008) avaliaram em seu estudo se as conexões políticasnos Estados Unidos afetaram a alocação de contratos adjudicados para empresas com essasconexões após a eleição de meio termo de 1994, ano em que o controle majoritário da Câmarae do Senado muda do Partido Democrata para o Partido Republicano e após a eleição presidencial de 2000 na qual a Presidência muda do Partido Democrata para o Partido

    Republicano.

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    19/50

    19

    As principais conclusões de Goldman, Rocholl e So (2008) são que, após essaseleições, empresas ligadas aos republicanos são mais propensas a experimentar um aumentono valor total de seus contratos, enquanto as empresas democratas são mais propensas aexperimentar uma respectiva redução. Esses resultados permanecem estatisticamentesignificativos após o controle de características da empresa, geografia, bem como a indústriaem que a empresa opera. Os resultados sugerem que, mesmo dentro do forte sistema legal dosEUA, conexões políticas têm um impacto significativo sobre a alocação de recursos dogoverno.

    Boas, Hidalgo e Richardson (2014) afirmam que a vitória eleitoral de umcandidato no Brasil traz aumentos substanciais no número de contratos com o governo paraseu doador de campanha.

    De acordo com Mironov e Zhuravskaya (2012) firmas russas que têm pelo menos5% de suas receitas provenientes de contratos públicos fazem transferências anormalmenteelevadas perto da data da eleição em relação às empresas que não possuem receitas provenientes de contratos públicos. Em particular, o autor observou um aumento substancialdas doações iniciando três semanas antes da eleição, persistindo até quatro semanas após aeleição.

    2.5 Formas de contratação de obras públicas

    Há significativa literatura dedicada à análise de contratos ideais para licitação. Deacordo com o modelo formal derivado por McAfee e McMillan, (1986) é eficiente o governoutilizar licitações do tipo “contratos de incentivo” no qual o pagamento depende tanto dovalor do lance ofertado pelo vencedor da licitação como também pela realização dos custosincorridos na execução do contrato. Se a realização do custo da empresa superar o valor do

    seu lance na licitação, a Administração absorve parte desses custos extras; caso contrário, aAdministração também lucra com parte da realização do custo abaixo do lance dado pelaempresa na licitação.

    No entanto, McAfee e McMillan (1986) observam que a maior parte das licitaçõesnos EUA não segue o modelo de contratos de incentivo, mas sim o modelo de contratos de preço fixo, no qual, independentemente de qualquer coisa, a empresa receberá pela execuçãodo contrato o valor do preço que ela ofertou na licitação. O autor cita ainda o modelo de

    contrato de custo adicional, no qual a Administração é responsável por todo o aumento de

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    20/50

    20

    custo incorrido pelo executor do contrato, conclui que essa forma de contrato só é eficientequando há apenas um licitante.

    Bower (1993) concluiu em seu estudo que de fato os “contratos de incentivo”apresentam ganhos consideravelmente superiores para o governo nas licitações públicasquando comparados com os demais tipos de contrato citados no parágrafo anterior.Entretanto, o autor observou também que o aumento do número de licitantes tende a anular asineficiências das outras formas de contratação, de forma a convergir os ganhos do governo para um valor comum, partindo de qualquer uma das três formas de contratação.

    Porter e Zona (1993) estudaram metodologia para identificar conluios entre os

    licitantes de obras públicas rodoviárias no Estado de Nova Iorque. Concluíram que não se pode rejeitar a hipótese de existência de propostas fantasmas realizadas por algumasempresas, de forma apenas a ludibriar o poder público, de forma a passar uma imagem defalsa concorrência. A partir dessa análise, concluem que a ordenação dos custos das empresasnão coincide com a ordenação dos lances ofertados pelas empresas nas licitações.

    Os autores Porter e Zona (1993) afirmaram ainda que no caso de cartéis nãoinclusivos, os lances ofertados pelo cartel e pelas empresas competitivas serão consistentes

    com as assimetrias de custos entre esses participantes. Isso posto, há a possibilidade do cartelnão inclusivo lucrar nos casos em que seus custos são inferiores aos custos das empresascompetitivas.

    Por fim, os autores Porter e Zona (1993) citam que é extremamente difícilidentificar a presença de cartéis. Cita como exemplo a sua própria metodologia deidentificação: caso fosse divulgada pelos fiscais públicos do Governo dos EUA, haveria possibilidade dos licitantes ludibriarem a fiscalização para falsear o diagnóstico proposto por

    sua metodologia.

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    21/50

    21

    3 METODOLOGIA

    A pesquisa documental para realização deste trabalho foi realizada: na base dedados de licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes, publicado nosítio eletrônico da autarquia na internet; na base de dados de licitações realizadas na formaeletrônica, por meio do sítio eletrônico Comprasnet, mantido pelo Governo Federal; na prestação de contas das eleições de 2010 e 2012, publicadas no sítio eletrônico do TribunalSuperior Eleitoral (TSE) e no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (SICAF).

    3.1 Estratégia de coleta dos dados

    Os dados coletados dos sistemas informatizados foram reunidos em uma planilha

    eletrônica, para posterior inserção no software Stata 11. Inicialmente, coletaram-se os dadosrelativos às licitações no sítio eletrônico do DNIT5.

    Posteriormente, adicionaram-se os dados das licitações realizadas eletronicamente por meio do sistema Comprasnet, do Governo Federal6. Em seguida, coletaram-se dados dosistema Sindec, mantido pelo DNIT7 como forma de se obter informações sobre os contratos.Dessa forma, formou-se a base de dados primária com 1107 obras referentes aos anos de 2007a 2013, perfazendo valor superior a 47 bilhões de reais.

    Cumpre mencionar que as licitações anteriores a 2007 não constam dos sistemaseletrônicos da autarquia. Para sistematizar as informações dessas obras seria necessário acessoaos processos físicos, em papel, espalhados pelas Superintendências Regionais do DNIT nos26 estados brasileiros, o que não foi possível realizar no presente trabalho.

    Os dados sobre o tamanho das empresas licitantes foram coletados do Sistema deCadastramento Unificado de Fornecedores SICAF8 do governo Federal, tendo comoreferência as situações das empresas no ano de 2013.

    A partir da base primária dos 1107 empreendimentos, adicionaram-se dadosreferentes às doações a campanhas eleitorais, separadas em três grupos, coletados das prestações de contas à justiça eleitoral9.

    O primeiro grupo refere-se ao valor das doações das empresas contratadas peloDNIT ao partido e ao candidato vencedor da eleição presidencial do ano de 2010. Para obter

    M http://www.dnit.gov.br/licitacoes X

    http://compras.dados.gov.br/ Z http://dwsindec.dnit.gov.br/asp/main.aspx - https://www3.comprasnet.gov.br/SICAFWeb/index.jsf P http://www.tse.jus.br/eleicoes/estatisticas/repositorio-de-dados-eleitorais

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    22/50

    22

    esse valor, somaram-se as doações dessas empresas ao candidato, ao partido e ao comitê decampanha, obtendo assim o total doado por empresa às eleições presidenciais do candidatovencedor.

    O segundo grupo traz à baila o valor das doações das empresas contratadas peloDNIT aos candidatos a governador, deputados federais e senadores no ano de 2010. Essevalor foi obtido pela soma dos valores doados pelas empresas vencedoras ao candidato, ao partido e ao comitê de campanha dos partidos, sem distinção entre candidatos eleitos ou nãoeleitos, em função da grande diversidade de coligações nos estados da federação, própria dosistema presidencialismo de coalizão.

    O terceiro e último grupo diz respeito ao valor das doações das empresascontratadas pelo DNIT aos candidatos aos cargos de prefeito e vereador no ano de 2012. Essevalor foi obtido pela soma dos valores doados pelas empresas vencedoras diretamente aoscandidatos a prefeito (vereadores foram excluídos), ao partido e ao comitê de campanha dos partidos, sem distinção entre candidatos eleitos ou não eleitos.

    3.2 Análise e tratamento dos dados

    Para atingir os objetivos – verificar a existência de viés na contratação de obras

    públicas rodoviárias no âmbito do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes(DNIT), por meio do desconto obtido nas licitações – foi escolhida uma abordagemmetodológica de natureza quantitativa.

    Para quantificar a influência das variáveis preditoras dessa variação de preço, ouseja, a variação do desconto obtido pela Administração na licitação de obras públicas,realizaram-se análises multivariadas, utilizando o software Stata, versão 11, com destaque para as análises de correlação e de regressão linear múltipla. Outros trabalhos também

    utilizaram estas análises, a exemplo de (Resnick e Zeckhauser, 2002), (Brülhart e Trionfetti,2004), (Daly e Nath, 2005), (Lösch, 2006), (Engelbrecht-Wiggans e Katok, 2007) e (Teo, Line Lai, 2009).

    3.3 Modelo Econométrico

    No propósito de se verificar a existência de viés na contratação de obras públicasrodoviárias no âmbito do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (DNIT), por meio do desconto obtido nas licitações, testaram-se as variáveis descritas na Tabela 1 -

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    23/50

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    24/50

    24

    Tabela 1 - Descrição das variáveis do modelo

    Fonte: elaboração do autor

    V a r i á v e l D e s c r i ç ã o S i n a l e s p e r a d o

    D e s c o n t o

    V a r i áv e l a s e r e x p li c ad a p e l o m od e lo . E l a c o r re s po n de

    à v a r ia ç ão p e r c en t ua l q u e a l i c it a çã o p r o po r ci o no u a o

    p r e ç o d e v e n d a d o p r o d u t o . O s e u c á l c u l o s e d á p e l a

    d i f e r e n ç a e n t r e o p r e ç o o f e r t a d o p e l a e m p r e s a

    v e n c ed o ra ( pv ) e o p r eç o r e se r va d a A d mi n is t ra ç ão ( p r )

    s o b r e o ( p r ) , c o n f o r m e e q u a ç ã o a s e g u i r : Y n = ( p r –

    p v ) / ( p r ) E s t a v a r i á v e l r e f l e t e o g a n h o o u p e r d a q u e o

    ó r g ã o p ú b li c o o b te v e a o c o mp r ar p o r m ei o d e l ic i t aç ã o.

    Va l o r e s m u l t i p l i c a d o s p o r 1 0 0

    S e m i n t e r p r e t a ç ã o d o s i n a l .

    D o a ç õ e s2 0 1 0

    V a r i á v e l D u m m y q u e i d e n t i f i c a c o m 1 s e a e m p r e s av en ce do ra d a l ic it aç ão r ea li zo u d oa çã o a c an di da to s o up a r t i d o s p o l í t i c o s n o a n o d e 2 0 1 0 - G o v e r n a d o r e s ,D e p u t a d o s e S e n a d o r e s

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s e s p e r a - s e q u ee m p r e s a s q u e d o a m a c a m p a n h a se le it or ai s p od er ão v en ce r l ic it aç õe so f e r t a n d o m e n o r e s d e s c o n t o s

    D o a ç õ e sP r e s i d e n c i ai s

    V a r i á v e l D u m m y q u e i d e n t i f i c a c o m 1 s e a e m p r e s av e n c ed o ra d a l ic i tç ã o r e a l iz o u d o aç ã o a o c a n di d at o o ua o p a r t i d o p o l í t i c o q u e v e n c e u a s e l e i ç õ e sp r e s i d e n c i a i s d e 2 0 1 0

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s e s p e r a - s e q u ee m p r e s a s q u e d o a m a c a m p a n h a se le it or ai s p od er ão v en ce r l ic it aç õe so f e r t a n d o m e n o r e s d e s c o n t o s

    D o a ç õ e s2 0 1 2

    V a r i á v e l D u m m y q u e i d e n t i f i c a c o m 1 s e a e m p r e s av e n c ed o ra d a l ic i tç ã o r e a l iz o u d o aç ã o a c an d id a to s o up a r t i d o s p o l í t i c o s n o a n o d e 2 0 1 2 - c a n d i d a t o ap r e f e i t o , c o m i t ê s e p a r t i d o s e l e i t o r a i s

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s e s p e r a - s e q u ee m p r e s a s q u e d o a m a c a m p a n h a se le it or ai s p od er ão v en ce r l ic it aç õe so f e r t a n d o m e n o r e s d e s c o n t o s

    R e g i õ e s

    V a r i á v e l D u m m y q u e a t r i b u i 1 p a r a a o b r a r e a l i z a d a e md et er mi na da r eg iã o e 0 p ar a a s d em ai s. C on ve nc io no u- seo c u l t a r a d u m m y r e f e r e n t e à r e g i ã o n o r t e . C u m p r ed e s t a c a r q u e a r e g i ã o C e n t r o O e s t e é o l o c a l d o s

    p r i n c i p a i s e n v o l v i d o s n o e s c â n d a l o d e c o r r u p ç ã o n oD n i t n o a n o d e 2 0 1 1

    S i n a l n e g a t i v o p a r a a r e g i ã o C e n t r o

    O e s t e d e v i d o a o s e s c â n d a l o s d e

    c o r r u p ç ã o n o D n i t e n o M i n i s t é r i o d o s

    T r a n s p o r t e s e n v o l v e n d o e s s a r e g i ã o

    A n o s d a sL i c i t a ç õ e s

    V a r i á v e l D u m m y q u e a t r i b u i 1 p a r a o a n o e m q u e a o b r af o i l i c i t a d a e 0 p a r a o s d e m a i s . A a m o s t r a d e 1 1 0 7o b r a s é d i s t r i b u í d a e n t r e o s a n o s d e 2 0 0 7 e 2 0 1 3 . A

    v a r i á v e l o c u l t a é o a n o d e 2 0 1 1 , q u a n d o o c o r r e u o

    e s c â n d a l o n o M i n i s t é r i o d o s T r a n s p o r t e s e n o D n i t

    s i n a l p o s i t i v o p a r a o a n o d e 2 0 1 1 ,r e f e r e n t e s a o s a n o q u e o c o r r e u oe s c â n d a l o n o M i n i s t é r i o d o s

    T r as n po r te s e n o D n i t c om c o ns e qu e nt e

    t r o c a d e c o m a n d o d a a u t a r q u i a

    Va l o r d a sD o a ç õ e s2 0 1 0

    V a r i áv e l q u e e s p ec i fi c a a s o ma d os v a lo r es d o a do s p e l ae m p r e s a v e n c e d o r a d a l i c i t a ç ã o a c a n d i d a t o s o up a r t i d o s p o l í t i c o s n o a n o d e 2 0 1 0 - G o v e r n a d o r e s ,D e p u t a d o s e S e n a d o r e s - Va l o r e s e m m i l h õ e s d e r e a i s

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s q u a n t o m a i o r ov a lo r d o ad o s p e l as e m pr e s as , m e n or e ss e r ã o o s d e s c o n t o s n e c e s s á r i o s p a r ae l a s v e n c e r e m a s l i c i t a ç õ e s

    Va l o r d a sD o a ç õ e sP r e s i d e n c i ai s

    V a r i á v e l q u e e s p e c i f i c a o v a l o r d o a d o p e l a e m p r e s av e n c e d o r a d a l i c i t a ç ã o a o c a n d i d a t o o u p a r t i d op ol ít ic o q ue v en ce u a s e le iç õe s p re si de nc ia is d e 2 01 0 -Va l o r e s e m m i l h õ e s d e r e a i s

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s q u a n t o m a i o r ov a lo r d o ad o s p e l as e m pr e s as , m e n or e ss e r ã o o s d e s c o n t o s n e c e s s á r i o s p a r ae l a s v e n c e r e m a s l i c i t a ç õ e s

    Va l o r d a sD o a ç õ e s2 0 1 2

    V a r i á v e l q u e e s p e c i f i c a o v a l o r d o a d o p e l a e m p r e s av e n c e d o r a d a l i c i t a ç ã o a c a n d i d a t o s o u p a r t i d o sp o l í t i c o s n o a n o d e 2 0 1 2 e m n í v e l S u b - N a c i o n a l -c a n d id a to a p r ef e it o , c o m i tê s e p a rt i do s e l e it o ra i s -Va l o r e s e m m i l h õ e s d e r e a i s

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s q u a n t o m a i o r o

    v a lo r d o ad o s p e l as e m pr e s as , m e n or e s

    s e r ã o o s d e s c o n t o s n e c e s s á r i o s p a r a

    e l a s v e n c e r e m a s l i c i t a ç õ e s

    L e i8 6 6 6 / 1 9 9 3

    V a r i á v e l D u m m y q u e i d e n t i f i c a c o m 1 s e o

    e mp re en di me nt o f oi l ic it ad o n o â mb it o d a L ei 8 66 6/ 19 93o u c o m 0 s e l i c i t a d a p o r m e i o d a n o v a l e g i s l a ç ã o s o b r e

    p r e g ão o u s o br e R e gi m e D i fe r en c ia d o d e C on t ra t aç õ es

    P ú b l i c a s

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s e s p e r a - s e q u e an ov a l eg is la çã o s ob re l ic i t aç õe s t en hae v o l u í d o o m o d e l o p r a t i c a d o s o b aé g i d e d a L e i 8 6 6 6 / 1 9 9 3 , o u s e j a , s o b an o v a l e g i s l a ç ã o a A d m i n i s t r a ç ã oc o n s i g a m a i o r e s d e s c o n t o s

    L i c i t a d oS e d e D n i t

    V a r i á v e l D u m m y q u e a t r i b u i 1 p a r a a l i c i t a ç ã o q u e

    o c o r r e u n a S e d e d o D N I T e m B r a s í l i a o u 0 p a r a a s

    l i c i t a ç õ e s o c o r r i d a s n a s s u p e r i n t e n d e n c i a s d a

    a u t a r q u i a n o s e s t a d o s

    S i n a l p o s i t i v o , p o i s a s l i c i t a ç õ e so c o r r i d a s e m B r a s í l i a t e n d e m a s e rm a i s i m p a r c i a i s d o q u e a q u e l a so c o r r i d a s n o s e s t a d o s , o n d e o sg e s t o r e s e s t ã o m a i s s u j e i t o s ài n g e r ê n c i a s d o s l i c i t a n t e s

    L i c i t a n t e s

    V a r i áv e l q u e e s p ec i fi c a o n ú me r o d e e mp r es a s q u e f o ra m

    h a b i l i t a d a s e p a r t i c i p a r a m d a l i c i t a ç ã o - v a r i á v e l

    l i c i ta n te s . F o i i n cl u íd a t am b ém s u a f o rm a q ua d r át i ca

    p a r a p o d e r c a p t a r p o s s í v e l e f e i t o n e g a t i v o -

    Q l i c i t a n t e s .

    S i n a l p o s i t i v o p a r a a v a r i á v e l l i c i t a n t e s , p o i s q u a n t o m a i o r ac o n c o r r ê n c i a , m a i o r a d i s p u t a e od es co nt o o fe rt ad o n a l ic it aç ão e s in aln eg at iv o p ar a v ar iá ve l Q li ci ta nt esq u e c a p t a e f e i t o q u a d r á t i c o n e g a t i v o

    G r u p o s d eO b r a s

    A s o b r a s f o r a m d i v i d i d a s e m t r ê s g r u p o s , p o r m e i o d ev ar iá ve l d um my , c om eç an do p el as o br as m ai s c om pl ex as .O p r im e i ro g r up o r e p re s en t a a s o b ra s d e i mp l an t aç ã o,d u p l ic a çã o e r e s ta u ra ç ão ; o s e gu n do g ru p o a s o b r as d eC r e m a ( m a n u t e n ç ã o ) ; e o t e r c e i r o g r u p o a s o b r a s d e

    c on se rv aç ão . O pt ou -s e p or o cu lt ar a d um my r ef er en te a og r u p o 1 , o b r a s m a i s c o m p l e x a s

    S i n a l p o s i t i v o p a r a o s o s g r u p o s 2 e3 . Q u a nt o m e no s c o mp l ex a a o b ra , m en o ré o r i s c o d o c o n t r a t a d o , a u m e n t a n d oa ss im o d es co nt o o fe rt ad o n a l ic it aç ãoe m r e l a ç ã o à s o b r a s d e C o n s t r u ç ã oR o d o v i á r i a , q u e s ã o m a i s c o m p l e x a s

    L o t e s

    V a r i á v e l D u m m y q u e a t r i b u i o v a l o r 1 p a r a a sl i c i t a ç õ e s q u e p o s s u e m m a i s d e u m l o t e n o m e s m oe d i t a l , e m o u t r a s p a l a v r a s , l i c i t a ç ã o d e v á r i o sc o n t r a t o s e m u m m e s m o e d i t a l

    S in al n eg at iv o, p oi s q ua nt o m ai s l ot esl i c i t a d o s , m a i o r a o f e r t a ,c on se qu en te me nt e m en or es o s d es co nt oso f e r t a d o s n a l i c i t a ç ã o

    N ú m e r o d eC o n t r a t o s

    V a r i á v e l q u e e s p e c i f i c a o n ú m e r o d e c o n t r a t o s q u e a

    e m p r e s a v e n c e d o r a j á p o s s u i u o u p o s s u i c o m o D N I T

    e n t r e o s a n o s d e 2 0 0 7 e 2 0 1 3

    S in al p os it iv o, p oi s f or ne ce do re s q uep r ez a m r e la c io n am e nt o s m a is d u ra d ou r osf az em m ai or es e sf or ço s p ar a c on ti nu ar

    o f o r n e c i m e n t o e p a r a i s s o s ã o

    o b r i g a d o s a r e d u z i r s e u s p r e ç o s .

    A d i t i v o s

    V a r i á v e l q u e e s p e c i f i c a o p e r c e n t u a l d e a d i t i v o e m

    r e l a ç ã o a o v a l o r i n i c i a l d o c o n t r a t o o b t i d o p e l a s

    e m p r e s a s a o l o n g o d e s u a e x e c u ç ã o

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s q u a n t o m a i o r oa d i t i v o , m a i o r r i s c o à e x e c u ç ã o d oc o n t r a t o e m e n o r o d e s c o n t o o f e r t a d op e l a e m p r e s a p o r o c a s i ã o d a l i c i t a ç ã o

    V l r E d i t a l

    V a r i áv e l q u e e s p ec i fi c a o v a lo r d o E d it a l - V al o r es e m

    m i l h õ e s d e r e a i s

    S i n a l n e g a t i v o , p o i s q u a n t o m a i o r ov a lo r d o E di t al , m e n os e m p re s as e st ã oh ab il i t ad as a p ar t i c i pa r d a l ic i t aç ão ,d im in ui nd o a c on co rr ên ci a e o d es co nt oo f e r t a d o n a l i c i t a ç ã o

    To t a l A t i v o

    V a r i áv e l q u e e s p ec i fi c a o t o ta l d e a t iv o s d as e m pr e sa s

    l i c i t a n t e s e m r e l a ç ã o a o a n o d e 2 0 1 3 . V a l o r e s e m

    m i l h õ e s d e r e a i s

    S i n a l p o s i t i v o , p o i s e s t a v a r i á v e l éu m a p r o x y p a r a c u s t o , e e m p r e s a s c o m

    m e n o r e s c u s t o s c o n s e g u e m o f e r t a rm ai or es d es co nt os n as l ic it aç õe s e m u ma m b i e n t e c o m p e t i t i v o

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    25/50

    25

    A Tabela 2 - Resumo das estatísticas das variáveis, retrata as principaisestatísticas dessas variáveis, como média, desvio padrão, mínimos e máximos.

    Tabela 2 - Resumo das estatísticas das variáveis

    Fonte: elaboração do autor

    totalativo 1107 538.1962 9011.423 0 299686.2

    vlredital 1107 41.66782 65.59494 .1490619 605.4526 aditivos 1107 11.41021 25.84712 35.03 369.21numcontratos 1107 20.63866 29.78855 1 100 lotes 1107 .2601626 .4389215 0 1 grupo3 1107 .3242999 .4683243 0 1

    grupo2 1107 .3893406 .4878211 0 1 grupo1 1107 .2863595 .4522638 0 1 qlicitantes 1107 82.68473 120.6739 1 1156 licitantes 1107 7.472448 5.183775 1 34licitadosede 1107 .298103 .4576317 0 1

    lei8666 1107 .7244806 .4469776 0 1 vlrdoac2012 1107 .5643271 4.031674 0 52.135 vlrdoacpres 1107 .1622729 .7721873 0 13 vlrdoac2010 1107 1.198704 4.63398 0 83.21712 ano2013 1107 .102981 .3040715 0 1

    ano2012 1107 .2782294 .4483296 0 1 ano2011 1107 .1237579 .329454 0 1 ano2010 1107 .1056911 .3075808 0 1 ano2009 1107 .1815718 .3856655 0 1 ano2008 1107 .1915086 .3936662 0 1

    ano2007 1107 .0162602 .1265315 0 1 regiaoco 1107 .166215 .3724418 0 1 regiaos 1107 .1915086 .3936662 0 1 regiaone 1107 .2484192 .4322914 0 1 regiaose 1107 .2448058 .4301663 0 1

    regiaon 1107 .1490515 .3563002 0 1 doacao2012 1107 .3279133 .4696652 0 1 doacaopres 1107 .1246612 .3304837 0 1 doacao2010 1107 .6251129 .4843125 0 1 desconto 1107 16.25715 15.65046 1.055916 58.7589

    Variable Obs Mean Std. Dev. Min Max

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    26/50

    26

    4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

    4.1 Correlações

    Para verificar a existência de relação linear entre as variáveis utilizadas e odesconto obtido nas licitações, primeiramente realizou-se teste de correlação simples dePearson. Além disso, listaram-se as correlações entre as variáveis independentes e os dadossobre doações de campanha, conforme Tabela 3 - Correlações das variáveis do modelo

    Tabela 3 - Correlações das variáveis do modelo

    Fonte: elaboração do autor

    Ao analisar os resultados da Tabela 3 - Correlações das variáveis do modelo,destaca-se que as empresas que realizaram doações a campanhas participaram das licitaçõesem um ambiente menos competitivo, ou seja, com menos licitantes. Tal fato é confirmado pela correlação negativa e significativa entre empresas doadoras de campanha e número de

    V a r i á v e i s D e s c o n t o D o a ç ã o2 0 1 0

    D o a ç ã oP r e s i d e n

    c i a l

    D o a ç ã o2 0 1 2

    Va l o rD o a ç ã o

    2 0 1 0

    Va l o rD o a ç ã o

    P r e s i d e nc i a l

    Va l o rD o a ç ã o

    2 0 1 2

    D e s c o n t o 1 - 0 . 1 8 7 1 * - 0 . 1 3 6 0 * - 0 . 1 3 4 5 * - 0 . 1 2 4 9 * - 0 . 0 8 3 7 * - 0 . 0 7 8 7 *D o a ç ã o 2 0 1 0 - 0 . 1 8 7 1 * 1 0 . 2 9 2 2 * 0 . 3 9 3 9 * 0 . 2 0 0 4 * 0 . 1 6 2 8 * 0 . 1 0 4 3 *D o a ç ã o P r e s i d e n c i a l - 0 . 1 3 6 0 * 0 . 2 9 2 2 * 1 0 . 0 2 7 7 0 . 4 2 4 1 * 0 . 5 5 7 1 * 0 . 2 6 8 5 *D o a ç ã o 2 0 1 2 - 0 . 1 3 4 5 * 0 . 3 9 3 9 * 0 . 0 2 7 7 1 0 . 2 2 3 0 * 0 . 0 8 1 0 * 0 . 2 0 0 5 *R e g i ã o N 0 . 0 3 8 2 0 . 0 9 3 6 * 0 . 0 7 2 4 * 0 . 0 5 3 5 - 0 . 0 0 0 7 0 . 0 0 0 6 - 0 . 0 2 9 6R e g i ã o S E 0 . 1 5 6 8 * - 0 . 1 7 5 4 * - 0 . 0 6 8 6 * 0 . 0 7 6 7 * - 0 . 0 4 0 4 - 0 . 0 5 4 0 . 0 0 2R e g i ã o N E 0 . 0 3 1 0 . 0 5 6 5 0 . 0 6 7 8 * - 0 . 0 1 8 6 0 . 0 2 4 3 0 . 0 4 4 9 0 . 0 0 9 9R e g i ã o S - 0 . 1 2 9 5 * 0 . 0 9 7 1 * - 0 . 0 3 7 7 - 0 . 0 3 1 9 0 . 0 2 4 1 0 . 0 2 5 4 0 . 0 2 5 4R e g i ã o C O - 0 . 1 1 6 7 * - 0 . 0 5 5 2 - 0 . 0 2 8 9 - 0 . 0 8 4 4 * - 0 . 0 0 6 4 - 0 . 0 1 7 3 - 0 . 0 1 2 3A n o 2 0 0 7 0 . 1 6 9 7 * 0 . 0 7 0 1 * 0 . 1 0 2 8 * 0 . 0 7 7 6 * 0 . 0 1 7 9 0 . 0 3 9 1 - 0 . 0 0 0 3A n o 2 0 0 8 - 0 . 2 1 8 9 * 0 . 0 1 6 5 0 . 0 6 6 5 * - 0 . 0 1 7 2 - 0 . 0 1 9 9 0 . 0 0 2 7 - 0 . 0 4 0 9A n o 2 0 0 9 - 0 . 2 3 1 1 * 0 . 0 5 0 1 0 . 2 1 2 4 * 0 . 0 5 5 4 0 . 1 6 7 4 * 0 . 1 4 7 1 * 0 . 1 3 9 8 *A n o 2 0 1 0 - 0 . 1 2 8 0 * 0 . 0 7 2 0 * 0 . 0 5 7 1 0 . 0 0 4 0 . 0 3 3 8 0 . 0 4 1 3 - 0 . 0 0 0 5

    A n o 2 0 1 1 0 . 4 1 0 4 * - 0 . 1 1 7 0 * - 0 . 0 4 2 2 - 0 . 0 0 5 4 - 0 . 0 5 4 9 - 0 . 0 3 1 6 - 0 . 0 3 5 1A n o 2 0 1 2 0 . 1 4 7 9 * - 0 . 0 0 6 4 - 0 . 1 9 1 6 * - 0 . 0 3 4 3 - 0 . 0 7 3 3 * - 0 . 0 9 6 8 * - 0 . 0 3 2 1A n o 2 0 1 3 - 0 . 0 2 7 4 - 0 . 0 5 0 7 - 0 . 1 2 7 9 * - 0 . 0 2 7 7 - 0 . 0 6 0 6 * - 0 . 0 7 1 2 * - 0 . 0 3 8 3V a l o r Do a ç ã o 20 1 0 - 0 . 1 2 4 9 * 0 . 2 0 0 4 * 0 . 4 2 4 1 * 0 . 2 2 3 0 * 1 0 . 9 2 4 7 * 0 . 8 9 4 4 *V a l o r Do a ç ã o Pr e s - 0 . 0 8 3 7 * 0 . 1 6 2 8 * 0 . 5 5 7 1 * 0 . 0 8 1 0 * 0 . 9 2 4 7 * 1 0 . 8 4 9 5 *V a l o r D o a ç ã o 2 0 1 2 - 0 . 0 7 8 7 * 0 . 1 0 4 3 * 0 . 2 6 8 5 * 0 . 2 0 0 5 * 0 . 8 9 4 4 * 0 . 8 4 9 5 * 1L e i 8 6 6 6 / 1 9 9 3 - 0 . 0 1 3 5 0 . 0 3 2 0 . 2 0 8 2 * 0 . 0 2 5 9 0 . 0 9 8 8 * 0 . 1 2 2 8 * 0 . 0 6 2 2 *L i c i t a d o S e d e D n i t - 0 . 1 7 3 3 * 0 . 1 1 3 1 * 0 . 0 4 1 0 . 1 8 8 4 * 0 . 1 1 0 0 * 0 . 0 5 2 6 0 . 0 9 3 0 *L i c i t a n t e s 0 . 6 6 3 4 * - 0 . 0 9 5 8 * - 0 . 1 4 2 6 * - 0 . 0 9 5 3 * - 0 . 0 9 2 8 * - 0 . 0 9 2 7 * - 0 . 0 5 5 4Q l i c i t a n t e s 0 . 5 7 5 5 * - 0 . 1 0 8 9 * - 0 . 1 2 0 0 * - 0 . 0 8 4 0 * - 0 . 0 8 0 2 * - 0 . 0 7 6 0 * - 0 . 0 4 9 2G r u p o 1 - 0 . 4 7 9 3 * 0 . 0 8 6 0 * 0 . 2 0 8 6 * 0 . 1 1 5 1 * 0 . 2 0 7 5 * 0 . 1 6 1 0 * 0 . 1 6 4 0 *G r u p o 2 - 0 . 2 8 5 0 * 0 . 1 3 2 3 * - 0 . 1 1 0 6 * 0 . 0 4 2 1 - 0 . 0 8 6 9 * - 0 . 0 9 2 2 * - 0 . 0 8 0 2 *G r u p o 3 0 . 7 5 9 7 * - 0 . 2 2 0 9 * - 0 . 0 8 6 2 * - 0 . 1 5 5 1 * - 0 . 1 0 9 9 * - 0 . 0 5 9 4 * - 0 . 0 7 4 8 *

    L o t e s - 0 . 1 0 8 7 * 0 . 1 9 1 3 * 0 . 0 6 9 2 * 0 . 0 9 9 0 * 0 . 0 6 5 8 * 0 . 0 3 9 8 0 . 0 7 0 6 *N u m . C o n t r a t o s 0 . 2 3 9 5 * 0 . 3 1 9 6 * 0 . 2 9 2 8 * 0 . 2 3 9 2 * 0 . 0 3 4 3 0 . 1 2 7 1 * - 0 . 0 1 5 6A d i t i v o s 0 . 1 2 6 0 * - 0 . 0 0 8 9 0 . 0 3 9 7 0 . 0 3 7 0 . 0 2 0 1 0 . 0 2 1 7 0 . 0 2 5 8V a l o r d o E d i t a l - 0 . 2 9 1 4 * 0 . 1 8 6 2 * 0 . 2 0 0 2 * 0 . 1 5 7 3 * 0 . 3 8 6 4 * 0 . 3 3 2 8 * 0 . 2 9 3 5 *T o t a l At i v o - 0 . 0 3 2 2 0 . 0 3 7 3 0 . 0 2 1 4 - 0 . 0 1 0 4 0 . 0 2 8 9 0 . 0 3 1 6 0 . 0 2 4 6* c o r r e l a ç õ e s s i g n i f i c a t i v a s a 5

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    27/50

    27

    licitantes participantes do certame. Essa constatação está alinhada com os resultados doestudo de Rumba e Jas" i#ens (2009), no qual os autores afirmam que as empresas politicamente conectadas participam de licitações em ambientes com até 20% menosconcorrência e em processos licitatórios menos transparentes. Coviello e Gagliarducci, (2010)também verificaram ambientes de menor concorrência quando da participação de empresas politicamente conectadas.

    Outra constatação é a correlação positiva entre número de contratos e empresasdoadoras de campanha. Ou seja, empresas doadoras de campanha conseguem mais contratoscom o poder público. Isso pode ser constatado pela correlação significativa e positiva entre asvariáveis dummies que identificam empresas doadoras e número de contratos com o poder público. Essa verificação está alinhada com os resultados obtidos no trabalho de (Boas,Hidalgo e Richardson (2014). No mesmo sentido são os trabalhos de Goldman, Rocholl e So,(2008) e Coviello e Gagliarducci, (2010) que também constataram um aumento no número decontratos para empresas politicamente conectadas.

    Ressalta-se também a forte correlação positiva entre o desconto das licitações e avariável que indica que a licitação foi realizada no ano de 2011. O principal fato relevanteocorrido no âmbito do DNIT durante o ano de 2011 é a mudança do comando do Ministériodos Transportes e do DNIT, devido à denúncia de corrupção que assolou o Ministério dosTransportes e o DNIT10. Fazendo-se um paralelo com a literatura, pode-se admitir que no anode 2011 as conexões políticas foram temporariamente rompidas, o que resultou em quebra dasituação até então vigente. Além disso, a forte cobertura desse fato pela imprensa pode terinduzido maior cautela dos gestores e das empresas nas contratações ocorridas nesse período.

    Relata-se, ainda, a forte correlação entre as variáveis independentes que retratam ovolume de recurso doado pelas empresas às campanhas políticas nos anos de 2010 e 2012.Isso indica que a distribuição de doações nos anos de 2010 e 2012 praticamente não sealterou. O volume total de recurso tem magnitudes diferentes, mas guarda a mesmadistribuição, o que pode indicar uma relação duradoura e estável entre empresas doadoras e políticos, constatação que vai ao encontro dos estudos de Samuels (2001) e Boas, Hidalgo eRichardson (2014).

    "4 @FF>_]]ddd",A5D@6,C5D,5;9B].4""]4Z]PIMPQXYH9f6Y6Y

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    28/50

    28

    Cumpre mencionar a forte correlação positiva entre número de licitantes e odesconto obtido na licitação. De acordo com Bower, (1993) e a própria teoria dos leilões, umaumento do número de licitantes tende a anular as ineficiências das formas de contratação, deforma a aumentar os ganhos do governo (leiloeiro).

    Por fim, nota-se a ausência de correlação significativa entre o “total dos ativos” eo desconto obtido na licitação. Neste estudo, a variável “total dos ativos” tem o objetivo deser uma proxy para o custo das empresas. Isso porque empresas maiores (com mais ativos),que detém maior número de contratos, têm, a princípio, maiorknow how , maior acesso acrédito bancário, e maior poder de barganha com fornecedores, enfim, um custo menor paraexecução de obras. De acordo com Bower, (1993) e a teoria dos leilões, era de se esperar queo desconto ofertado pelas empresas licitantes em um ambiente competitivo fosse proporcionalà sua estrutura de custos, o que não foi verificado. De duas, uma: ou o ambiente não écompetitivo ou a proxy utilizada neste estudo não é adequada para refletir a estrutura de custodas empresas.

    4.2 Resultados obtidos pelo Método de Estimação

    bB5>g:Y:9 9:FG=6B 5: FB`: =5;9D5: B9FB5 9D5 =TF5;5 ;5: =E?G=5:

    hC6;B6;5: 5B;G?VBG5: iRj'k 9= :97O5

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    29/50

    29

    Tabela 4 - Resultados da estimação do modelo econométrico

    Fonte: elaboração do autor* p

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    30/50

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    31/50

    31

    senador. Cumpre mencionar que não se realizou distinção entre os partidos, visto que o Brasilé governado pelo sistema presidencialismo de coalização, no qual vários partidos de fato participam do governo. Além disso, não se diferenciou doações a candidatos eleitos e nãoeleitos.

    Conforme Tabela 2 - Resumo das estatísticas das variáveis, 62% das obras foramcontratadas com empresas doadoras aos candidatos aos cargos de governador, deputado esenador. Isso mostra significativo interesse das empresas nas conexões políticas comcandidatos a esses cargos.

    Já no caso das empresas que realizaram doações aos candidatos à presidência da

    república, verificou-se que, conforme Tabela 2 - Resumo das estatísticas das variáveis, 12%dos contratos do DNIT no período avaliado foram contratados com essas empresas. Nessescasos, consideraram-se apenas as doações efetuadas ao candidato e ao partido que saíramvitoriosos na corrida presidencial de 2010. De acordo com os dados da Tabela 4 - Resultadosda estimação do modelo econométrico, as licitações vencidas pelas empresas doadoras paracampanha presidencial também apresentaram desconto inferior às licitações vencidas pelasempresas não doadoras. Essa diferença entre o desconto ofertado pelas empresas doadoras enão doadoras foi de 1,4% (significância de 5%) em relação ao preço de referência, para omodelo 3. Já no modelo 1, esse percentual foi de 1,2%, (significância de 10%).

    Para as empresas que contribuíram para as campanhas dos candidatos aos cargosde prefeito e de vereador no ano de 2012, constatou-se que, conforme Tabela 2 - Resumo dasestatísticas das variáveis, 32% dos contratos do DNIT no período avaliado foram contratadoscom essas empresas. Nesses casos, consideraram-se doações aos partidos e aos prefeitosdiretamente, sem distinção entre candidatos eleitos e não eleitos. Doações diretas aosvereadores foram excluídas devido à baixa probabilidade desses políticos influenciarem nagestão do DNIT, que é federal. Da mesma forma dos casos anteriores, as licitações vencidas pelas empresas doadoras de campanha também apresentaram desconto inferior às licitaçõesvencidas pelas empresas não doadoras. Essa diferença entre o desconto ofertado pelasempresas doadoras e não doadoras foi de 1,5% em relação ao preço de referência daAdministração, a um nível de significância de 1% nos modelos 1 e 3.

    A partir dessas constatações, verifica-se que de fato as licitações vencidas pelas

    empresas doadoras de campanha apresentaram desconto inferior às licitações vencidas pelas

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    32/50

    32

    empresas não doadoras. Entretanto, fica a pergunta: como as empresas doadoras conseguemessa vantagem em relação às empresas não doadoras?

    Conforme citam os autores Santos, Machado e Rocha, (1997), não é incomum a proposta vencedora de uma obra ter sido escolhida antes de o orçamento federal ter sidoaprovado. Considerando que as obras são contratadas por meio de licitação, por certo haveriano mínimo uma das três situações: ou há um cartel de empresas doadoras de campanhaatuantes, ou há algum tipo de direcionamento na licitação, consubstanciado, por exemplo, porrestrições à competitividade, ou ainda existem ambas as situações ao mesmo tempo.

    Para avaliar a hipótese de existência de cartéis, recorre-se ao estudo realizado por

    Porter e Zona, (1993). Esses autores verificaram que nas licitações de obras públicasrealizadas no Estado de Nova Iorque havia a presença de cartéis. Os autores identificaram a presença de lances fantasmas, que não guardavam correlação com o custo das empresascartelizadas. É que pela teoria dos leilões, os lances das empresas deveriam ser proporcionaisaos seus custos em um ambiente competitivo. Por outro lado, empresas fora do cartel davamlances proporcionais à sua estrutura de custos, conforme prevê a teoria.

    No presente estudo, conforme dados da Tabela 4 - Resultados da estimação do

    modelo econométrico, verificou-se que a proxy utilizada para o custo das empresas: “total doativo” não explica de forma consistente o desconto obtido nas licitações. Pois, apesar docoeficiente da variável ser positivo e significante a 1%, esse coeficiente é extremamente baixo, da ordem de 10-5 por milhão de ativo das empresas. Em outras palavras, baixo poderexplicatório da variável desconto.

    Isso pode ser um indicativo de que os lances das empresas não guardamcorrelação com seu custo, ou seja, indicativo da existência de cartel, em raciocínio similar ao

    empregado por Porter e Zona, (1993) e também preconizado pela teoria dos leilões.Outra hipótese para o baixo poder explicatório da proxy para os custos das

    empresas é a sua possível inadequação. No entanto, observa-se que o sinal positivo esignificativo dessa proxy é consistente com o que preconiza a teoria econômica, pois quantomaior o “total do ativo” (ou o menor custo das empresas), maior é o desconto nas licitações,ou seja, o sinal econômico positivo e significativo da proxy enfraquece a hipótese de suainadequação.

    Cumpre mencionar que neste estudo testaram-se outras proxys para ocusto/tamanho das empresas: “ativo circulante”, “passivo circulante”, “ativo total”, “passivo

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    33/50

    33

    total” e “patrimônio líquido” das empresas. A proxy “patrimônio líquido” foi descartada porque mais da metade das empresas possuíam patrimônio líquido zero, além disso a variávelnão possuía significância estatística. As proxys “ativo e passivo circulante” não sãosignificantes a 10%. As proxys ativo e passivo total são significantes, com resultadossemelhantes no modelo econométrico. Assim, optou-se por incluir o ativo total das empresascomo proxy para a estrutura de custo/tamanho das empresas. Ressalta-se ainda que o valor davariável total do ativo se refere à posição das empresas para o ano de 2013. Sugere-se emfuturos estudos avaliar a correlação entre a evolução patrimonial das empresas e suas ligações políticas.

    Apesar disso, cumpre registrar que não se logrou provar, de fato, a presença decartéis neste estudo, mas apenas um indício de sua existência, baseado na literatura sobre otema e na literatura sobre leilões. Por outro lado, ressalta-se que existem relatos de que essa prática de cartelização de empreiteiras já ocorreu no Brasil. Krieger, Rodrigues e Bonassa,(1994) relataram a existência de cartéis de empreiteiras brasileiras doadoras de campanha queatuaram no esquema de corrupção conhecido por “Anões do Orçamento”. Mais recentemente,delatores da operação Lava-Jato da Polícia Federal afirmaram que obras da Petrobrás e deoutros entes públicos, inclusive setores de infraestrutura rodoviária, eram contratados por

    meio de um cartel de empreiteiras11 doadoras de campanha. Cumpre relatar que a presença deatuação de cartéis implica maior preço de contratação, ou seja, menor desconto nas licitações.

    Passa-se agora a discorrer sobre a possibilidade de restrição à competitividadecomo forma de direcionamento de licitações às empresas doadoras de campanha. Osresultados encontrados nos estudos de Rumba e Jas" i#ens (2009) apontam que na Letônia,empresas politicamente conectadas participaram de licitações públicas em um ambiente com20% menos concorrência em relação às empresas que não possuíam ligações políticas. Alémdisso, os autores mostraram que a possível fonte da diminuição da concorrência devia-se àsespecificações técnicas tendenciosas.

    No mesmo sentido, constatou-se no presente estudo, conforme Tabela 3 -Correlações das variáveis do modelo, que as empresas doadoras de campanha participaram delicitações com menor concorrência. Além disso, de acordo com resultados das auditorias doTribunal de Contas da União, entre os anos de 2007 e 2013, dispostos na Tabela 6 - Restriçãoà Competitividade, há 33 achados que relatam a ocorrência dessa restrição nas licitações de

    "" @FF>_]]H9f6,6LBGD,

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    34/50

    34

    obras públicas a cargo do DNIT. Dito de outra forma, a restrição à competitividade pode tercontribuído para o direcionamento das licitações às empresas doadoras de campanha, fazendocom que elas conseguissem contratar com o poder público ofertando menores descontosquando comparadas às empresas não doadoras.

    Cumpre mencionar que a restrição à competitividade só seria possível por meio de participação de agentes públicos do DNIT na montagem dos editais de licitação. Em outras palavras, a empreiteira realizaria a doação ao candidato, estabelecendo sua conexão política; ocandidato, para defender os interesses da empresa que o beneficiou teria que atuar no âmbitodo poder executivo para retribuir o investimento da empresa doadora por meio de benefíciosem contratos públicos, conforme mecanismo descrito no trabalho de Boas, Hidalgo eRichardson (2014).

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    35/50

    35

    Tabela 6 - Restrição à Competitividade

    Fonte: Tribunal de Contas da União – Secob-Rodovias

    Processo UF Obra Situação encontrada Ano

    008.807/2007-9 RN(PAC) BR-101/RN - AdequaçãoTrecho Natal - Divisa RN/PB Restrição ao caráter competitivo da licitação 2007

    012.121/2007-6 AM(PAC) BR-319/AM - ConstruçãoDivisa RO/AM - Manaus Restrição ao caráter competitivo da licitação 2007

    013.261/2007-1 MA

    (PAC) BR-316/MA-Recuperação -

    Div. PA/MA-Entr. BR-226/343 (Div.MA/PI)

    Restrição ao caráter competitivo da licitação 2007

    016.214/2007-5 AC(PAC) BR-364/AC-Construção SenaMadureira - Cruzeiro do Sul Restrição ao caráter competitivo da licitação 2007

    016.972/2007-7 MT(PAC) BR-163 - Divisa MS/MT -MT/PA Restrição ao caráter competitivo da licitação 2007

    006.042/2008-3 AC

    (PAC) BR-364/AC-Construção SenaMadureira - Cruzeiro do Sul

    Restrição ao caráter competitivo da licitação - Infraçãoaos Princípios da Razoabilidade Moralidade da Isonomiaentre os Licitantes e/ou ao Princípio do JulgamentoObjetivo decorrente de interposição ilegal de recursos einabilitação injusta de licitante. 2008

    006.415/2008-8 PA

    (PAC) BR-230/PA Construção Marabá- Altamira - Itaituba / AnelViário de Itaituba

    Restrição ao caráter competitivo da licitação - Escolha deproposta diferente da mais vantajosa para a AdministraçãoPública decorrente de exigência descabida de comprovantestécnicos índices econômico-contábeis e da falta decritérios objetivos de qualificação e aceitabilidade daspropostas. 2008

    007.287/2008-0 RJ

    (PAC) Construção Arco Rodoviário/ RJ - Ent r. BR-101(Sul) c /Acesso ao Porto de Sepetiba -Entr. BR-493 c/BR 101(Norte)

    Restrição ao caráter competitivo da licitação - Escolha deproposta diferente da mais vantajosa para a AdministraçãoPública decorrente de exigência descabida de comprovantestécnicos índices econômico-contábeis e da falta decritérios objetivos de qualificação e aceitabilidade daspropostas. 2008

    007.287/2008-0 RJ

    (PAC) Construção Arco Rodoviário/ RJ - Ent r. BR-101(Sul) c /

    Acesso ao Porto de Sepetiba -Entr. BR-493 c/BR 101(Norte)

    Restrição ao caráter competitivo da licitação - Escolha deproposta diferente da mais vantajosa para a Administração

    Pública em decorrência da subjetividade de critérios dehabilitação e julgamento das propostas. 2008

    007.287/2008-0 RJ

    (PAC) Construção Arco Rodoviário/ RJ - Ent r. BR-101(Sul) c /Acesso ao Porto de Sepetiba -Entr. BR-493 c/BR 101(Norte)

    Res tr ição ao caráter competi tivo da l ic itação -Inexistência de publicação do aviso de edital ou publicaçãodo aviso do edital sem respeitar o prazo mínimo previsto naLei 8.666/93. 2008

    007.287/2008-0 RJ

    (PAC) Construção Arco Rodoviário/ RJ - Ent r. BR-101(Sul) c /Acesso ao Porto de Sepetiba -Entr. BR-493 c/BR 101(Norte)

    Restrição ao caráter competitivo da licitação - Processolicitatório direcionado em decorrência de restrição decompetitividade. 2008

    010.506/2008-0 MG

    (PAC) BR-365/MG - Duplicação -Entr. BR-050 - Entr.BR-153

    Restrição ao caráter competitivo da licitação - Restriçãoao caráter competitivo da licitação decorrente de exigênciadescabida de comprovantes técnicos índices econômicoscontábeis e da falta de critérios objetivos de qualificaçãoe aceitabilidade das propostas. 2008

    013.349/2008-0 MT

    (PAC) BR-364/MT - ConstruçãoDiamantino - Sapezal - Comodoro

    Demais falhas no processo licitatório - Restrição aocaráter competitivo da licitação em virtude da fixação denúmero mínimo de atestados exigência desarrazoada decomprovantes técnicos e índices econômicos. 2008

    019.160/2008-4 RO

    (PAC) BR-364 - Recuperação deTrechos Rodoviários - DivisaMT/RO - Divisa RO/AC

    Restrição ao caráter competitivo da licitação - Infraçãoaos Princípios da Razoabilidade Moralidade da Isonomiaentre os Licitantes e/ou ao Princípio do JulgamentoObjetivo decorrente de interposição ilegal de recursos einabilitação injusta de licitante. 2008

    005.656/2009-5 PA

    (PAC) Const rução de Trechos

    Rodoviários no Corredor Oeste-Norte/ BR-163/PA - Divisa MT/PA -Santarém

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento.2009

    005.868/2009-7 MT(PAC) Manutenção de TrechosRodoviários na BR-163/MT

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2009

    005.870/2009-5 MT(PAC) Manutenção de TrechosRodoviários na BR-364/MT

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2009

    006.266/2009-4 PE

    (PAC) BR-101/PE - AdequaçãoTrecho Divisa PB/PE - DivisaPE/AL

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2009

    007.513/2009-1 RJ

    (PAC) Construção Arco Rodoviário/ RJ - Ent r. BR-101(Sul) c /Acesso ao Porto de Sepetiba -Entr. BR-493 c/BR 101(Norte)

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento.

    2009

    011.341/2009-1 RJ(PAC) BR-101/RJ - Adequação SantaCruz - Itacurussá - Mangaratiba

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2009

    012.716/2009-5 TOAdequação de Travessias Urbanasna BR-153/TO

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2009

    007.496/2010-9 AP(PAC) BR-156/AP - ConstruçãoFerreira Gomes - Oiapoque

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2010

    011.817/2010-0 PB(PAC) BR-101/PB - AdequaçãoDivisa PB/RN-Divisa PB-PE

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2010

    011.817/2010-0 PB(PAC) BR-101/PB - AdequaçãoDivisa PB/RN-Divisa PB-PE

    Restrição a competitividade da licitação decorrente deadoção indevida de pré-qualificação. 2010

    014.920/2010-7 RJ

    ( PA C) A de qu aç ão d e Tre ch oRodoviário - Entroncamento BR-101(Manilha) - Entroncamento BR-116(Santa Guilhermina) - na BR-493 -no Estado do Rio de Janeiro

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento.

    2010

    014.986/2010-8 PI

    (PAC) Manutenção de TrechosRodoviários - na BR-316 - noEstado do Piauí

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2010

    015.254/2010-0 ES

    ( PA C) C on st ru çã o d e Tre ch oRodoviário - Itarana - AfonsoCláudio - na BR-484 - no Estadodo Espírito Santo

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento.

    2010

    015.754/2010-3 RS

    ( PA C) O br as d e M el ho ri a d eCapacidade, incluindo Duplicaçãona Rodovia BR-386/RS

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2010

    030.105/2010-2 RS(PAC) BR-116/RS - Melhoria decapacidade incluindo duplicação

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2011

    006.968/2012-0 ACManutenção de Trecho Rodoviáriona BR-364/AC

    Restrição a competitividade da licitação decorrente deadoção indevida de pré-qualificação. 2012

    006.948/2013-8 AL

    ( PA C) A de qu aç ão d e Tre ch oRodoviário - Div isa AL/PE -Divisa AL/SE - na BR-101/AL

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2013

    044.369/2012-3 MGObras de duplicação da BR-381/MG -Lote 4

    Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2013

    004.434/2014-5 PE BR-101/PE - Obras de implantaçãodo Anel Viário de Recife Restrição a competitividade da licitação decorrente decritérios inadequados de habilitação e julgamento. 2014

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    36/50

    36

    4.2.2 Região centro-oeste e denúncias de corrupção

    Nesta seção, pretende-se avaliar se a existência de conexões entre políticos eagentes públicos do poder executivo tem influência sobre o desconto nas licitações de obras públicas. Mancuso (2007), afirma que o trabalho diário da mídia mostra que, em diversasesferas e instâncias, o poder público brasileiro é permeável a pressões empresariais pontuaisem defesa de benefícios particulares, por meio de corrupção, conexões políticas dentre outras.

    No caso particular do DNIT, a imprensa tem noticiado problemas na autarquiadecorrente de indicações políticas para seus cargos. Muitas vezes, tais indicações são seguidas por denúncias de corrupção, conforme citação a seguir 12.

    Depois de comprar briga com o comando do PR ao fazer degolas no DNIT e no Ministério dosTransportes, a presidente Dilma Rousseff deve azedar a relação também com parlamentares queapadrinharam os dirigentes do órgão nos estados. Na próxima semana devem começar exoneraçõesde superintendentes do Dnit que estão sob investigação e com problemas de gestão, e os padrinhos políticos desses gestores já manifestam insatisfação.

    O Planalto já identificou que todas as 23 superintendências têm afilhados políticos em seuscomandos, mesmo quando os dirigentes são técnicos, sendo que 12 são apadrinhados do PR. Masas intervenções poderão ter como seus primeiros alvos indicados pelo PT, para não parecer perseguição ao PR.

    Essa constatação de loteamento de cargos públicos entre os partidos é largamenteabordada na literatura internacional, que de forma geral afirma que tais conexões políticas sãomais comuns em países que possuem maior percepção da corrupção, onde as empresas obtêmmaiores benefícios quando as conexões são mais fortes (Faccio, 2006). Conforme abordadoanteriormente, o Brasil ocupa a posição 72ª no ranking de corrupção. Em outras palavras, oBrasil pode ser considerado um país relativamente corrupto.

    No presente trabalho, resolveu-se verificar a existência de ligações políticasrelacionadas ao dirigente máximo do DNIT. Constatou-se que o diretor-geral da autarquiaentre os anos de 2007 até 2011, que foi demitido da autarquia após denúncias de corrupção,era ligado a políticos do Estado do Mato Grosso13, sendo inclusive indicado por senador dessaregião. Adicionalmente, a imprensa noticiou alguns episódios de envolvimento desse diretor-geral com a região centro-oeste: teria cobrado e obtido de um prefeito de Mato Grosso uma

    ".

    @FF>_]]5UD5L5,UD5L5,5DGFG9BG?F9?;9?6BFG;5:Y?=9F6;9Y;5Y>BY.Z"4I-- "Q @FF>_]]5UD5L5,UD5L5,5DGFG6U5FY9?FB9U6Y

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    37/50

    37

    casa em troca de benefícios14; e estava envolvido com denúncias de corrupção no Estado deGoiás15.

    A partir disso, resolveu-se estudar os descontos das obras públicas na regiãocentro-oeste. Verificou-se que as licitações referentes à essa região, nos 3 modelos testados naTabela 4 - Resultados da estimação do modelo econométrico apresentaram descontosinferiores às licitações da região norte do país (dummy da região norte ocultada nos modelos).A diferença entre esses descontos foi de aproximadamente 4,4% em relação ao preço dereferência da Administração, nos 3 modelos (a um nível de significância de 1%). Além disso,a região centro-oeste apresentou o menor desconto em relação a todas as outras regiões.

    Buscou-se avaliar se os custos de construção da região centro-oeste seriam de fatosuperiores às demais regiões, o que poderia, de alguma forma, ajudar a explicar esses baixosdescontos. De acordo com dados do IBGE16, os custos da construção civil nas regiões doBrasil são ordenados do menor para o maior na seguinte sequência de regiões: nordeste,centro-oeste, sul, norte e sudeste. Dessa forma, não se pode atribuir os menores descontosobtidos nas licitações no centro-oeste aos maiores custos de construção dessa região.

    Dessa forma, avalia-se que pode ter havido algum impacto negativo nos descontos

    das obras públicas licitadas pelo DNIT na região centro-oeste devido às conexões do dirigentemáximo da autarquia a políticos dessa região.

    4.2.3 Denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes e DNIT em 2011

    Em meados de 2011, todos (sete) diretores do DNIT foram substituídos devido àsdenúncias de corrupção envolvendo a autarquia17. Em outras palavras, foi modificado todo ocomando da repartição pública. Dessa forma, cumpre verificar o que ocorreu com o descontoobtido pelas licitações antes e depois desse ano.

    Nos modelos propostos considerou-se o ano de 2010 como a variável dummyoculta para o ano de licitação, a fim de se facilitar a interpretação do efeito desse grupo devariáveis. Verificou-se que antes do escândalo de corrupção, anos de 2008 a 2010, osdescontos obtidos nas licitações da autarquia eram menores do que os descontos obtidos após

    "I @FF>_]]ddd",A5D@6,C5D,5;9B].4""]4Z]PIMPQXYH9f6Y6Y_]]ddd,GLU9,U5H,LB]@5=9]9:F6FG:FGGm.4"I4I "Z @FF>_]]ddd",A5D@6,C5D,5;9B].4""]4Z]PIMPQXYH9f6Y6Y

  • 8/16/2019 2014_JoaoRicardoPereira

    38/50

    38

    a troca de seus dirigentes, anos de 2011 a 2013, conforme dados da Tabela 4 – Resultados daEstimação do Modelo Econométrico. Faz-se apenas a ressalva quanto ao ano de 2007, que possui uma amostra não representativa (apenas 1% do universo dos contratos), conformeTabela 2 - Resumo das estatísticas das variáveis.

    Além disso, cumpre ressaltar outro efeito: após a troca de comando da autarquia,meados de 2011, o desconto obtido nas licitações aumentou significativamente: para o ano de2011, o desconto foi 5,4% superior ao ano de 2010 nos 3 modelos. No mesmo sentido, o anode 2012 apresentou desconto 7,0% superior ao ano de 2010 e por fim, o ano de 2013apresentou desconto 3,6% maior que 2010, todos significantes a 1%.

    Esse dado joga luz sobre outro aspecto: a alternância de poder. As constataçõesdeste estudo confirmam os resultados obtidos por Coviello e Gagliarducci, (2010), queutilizaram um conjunto de dados de licitações sob responsabilidade de diversos prefeitos decidades italianas para fornecer evidência empírica referente ao poder de influência desses políticos nas contratações públicas. Esses autores verificaram que no segundo mandato de um prefeito, as obras públicas eram contratadas com descontos na licitação 5,7% inferior às obras públicas licitadas no primeiro mandato. Além disso, a concorrência dos certames foi reduzidaem 11,7% no segundo mandato dos prefeitos.

    No presente estudo, verificou-se que as obras públicas, logo após a troca decomando do DNIT, foram contratadas com desconto 5,4% superior às obras contratadas nagestão antiga, no mesmo sentido do estudo realizado por Coviello and Gagliarducci (2010).

    Relevante ressaltar também o possível efeito da imprensa neste episódio, tendoem vista que houve uma cobertura exaustiva desse escândalo de corrupção que resultou natroca de comando da autarquia. Em outras palavras, os gestores e as empresas podem ter

    agido de forma mais zelosa durante esse período por causa da cobertura da imprensa e nãosomente porque possíveis conexões políticas se romperam com a troca de comando daautarquia. Por outro lado, o aumento de desconto não se restringiu apenas ao ano de 2011, persistindo até 2012, o que reforça a hipótese de possível rompimento de ligações políticasdanosas ao interesse público, pelo menos nesse interregno. Cumpre ainda ressaltar, que essavariação no desconto das licitaçõ