2013.04.008_
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Desenvolvimento de uma gama de licores
artesanais
Dissertao apresentada Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril para
obteno do grau de Mestre em:
Qualidade e Segurana Alimentar na Restaurao
Filipa dos Anjos de Matos Barata
Estoril, Julho de 2013
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Desenvolvimento de uma gama de licores
artesanais
Trabalho de projeto apresentado Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril para
a obteno do grau de Mestre, Especializao em Qualidade e Segurana Alimentar em
Restaurao
Orientadora: Prof. Doutora Manuela Guerra
Mestranda: Filipa dos Anjos de Matos Barata
Estoril, Julho de 2013
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Agradecimentos
A realizao deste projeto foi possvel graas ajuda de um conjunto de pessoas que nunca
esquecerei, as quais passo a referenciar.
Gostaria em primeiro lugar de agradecer a total disponibilidade da minha orientadora, Prof.
Doutora Manuela Guerra, pelas suas preciosas sugestes e entusiasmo neste projeto.
Em segundo, como no poderia deixar de ser, Prof. Marta Castel Branco, que se disponibilizou
inteiramente para me auxiliar na parte de tratamento dos dados estatsticos, no programa R.
equipa do El Corte Ingls, em particular Sr. Ctia Duarte, colaboradora do departamento
comercial, que tornou possvel a visita e as entrevistas aos colegas, Sr. Jos Silva, Responsvel do
Club Del Gourmet, e o Sr. Pedro Fonseca, Adjunto de Supermercado, pelas preciosas
informaes e disponibilidade prestada.
Ao painel sensorial, constitudo por discentes e docentes da Escola Superior de Hotelaria e
Turismo do Estoril (ESHTE) que realizaram a prova de consumidor, destacando o Chef Nelson
Flix que contribuiu com os bombons para oferecer a todos os participantes no final da avaliao.
minha Escola, ESHTE, pelo apoio neste trabalho, tanto no fornecimento das instalaes, como
no equipamento e material diverso necessrio avaliao sensorial.
Ao Instituto Superior de Agronomia (ISA), especialmente Prof. Maria Jlia Barata,
Responsvel Tcnica de Laboratrio, pela realizao das anlises fsico-qumicas aos licores em
estudo, explicao e apoio prestado com os protocolos das atividades prticas.
Ao Prof. Vila de Brito que verificou o plano HACCP dos produtos em causa.
Aos meus amigos que fizeram o pr-teste do questionrio apresentado, e principalmente Flvia
Narciso pelo trabalho grfico e impresso dos rtulos.
minha famlia, pai, me e irm, pela ajuda, apoio e confiana durante todo o meu percurso
acadmico, especialmente neste projeto.
Ao meu companheiro Paulo Duarte, presente na minha falta, persistente em me ajudar e apoiar
todos os dias.
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Resumo
Ao longo dos tempos, com a industrializao, verificou-se um declnio no consumo e uma
desvalorizao do produto artesanal. No entanto, reconhece-se atualmente a importncia de
preservar este patrimnio. A sua manuteno poder contribuir para uma gesto mais sustentvel
dos recursos, alm da valorizao, qualidade, tipicidade e conservao do produto regional.
Apesar de se viver uma altura de crise acentuada, pensa-se que uma das vias de a contrariar,
poder ser atravs da introduo de produtos inovadores no mercado. Os produtos objeto, do
presente estudo, so de carter artesanal licores contemplam ingredientes biolgicos (BIOs) e
naturais da regio, privilegiando o equilbrio entre a agricultura e a biodiversidade. O projeto tem
uma perspetiva dos efeitos da poltica agrcola, consubstanciada no plano de desenvolvimento
patrimonial e rural, tendo por objetivo principal estudar a viabilidade em escoar excedentes como
alternativa de receita para a Quinta do Barata, atravs do desenvolvimento de uma gama de
licores. As variveis em estudo Licor de Hortel-Pimenta, Poejo e Rom, foram exploradas em
diversos parmetros procura da melhor qualidade global, de maneira a subsistir no mercado.
A venda dos licores poder servir de incentivo a outras empresas e impulsionar toda a rea
geogrfica desfavorecida, inclusive o local de produo, traduzindo-se num aumento da
rentabilidade econmico/financeira da empresa em causa.
Analisando a investigao exploratria efetuada, conclui-se que a aposta nos licores regionais,
pode revelar-se financeiramente compensadora desde que determinados limiares de custo e de
produtividade sejam atingidos.
Porm so necessrios mais estudos ao nvel da formulao para conferir aos produtos finais
maior estabilidade.
Palavras-chave
Licores Regionais, Novos Produtos, Produtos Artesanais, Produtos Biolgicos, Segurana
Alimentar, Turismo Gastronmico.
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Abstrat
Throughout the years, with the industrialization, there was a decline in the consumption and a
devaluation of the handmade product. However, nowadays people acknowledge the importance of
preserving this heritage. Its preservation may contribute to a more sustainable resource
management, besides the valuation, quality, typicality and maintenance of the regional product.
Despite living a time of acute crisis, one of the ways to counteract the crisis may be through the
introduction of innovative products in the market. The handmade products in study liqueurs
include organic and natural ingredients from a specific region, favouring the balance between
agriculture and biodiversity. The project has a perspective of the effects of the agricultural policy,
embodied in the plan of developing both the heritage and the rural part. This works main goal is
to study the possibility of developing a range of liqueurs in order to exhaust surplus and as an
income alternative for Quinta do Barata. The possibilities in consideration peppermint,
pennyroyal and pomegranate liqueurs, were explored in several parameters looking for the best
overall quality in order to survive in the market.
The liqueur sale may serve as an incentive to other businesses and boost the entire disadvantaged
geographical area, including the production place, resulting in an economic/financial profit
increase for Quinta do Barata.
Analysing the exploratory research made, one may conclude that the bet on the regional liqueurs,
can prove to be financially rewarding as along as certain thresholds of cost and productivity are
achieved.
However, more studies are needed in what concerns the formulation to give more stability to the
final products.
Keywords
Food Safety, Gastronomic Tourism, Handmade Products, New Products, Organic Products,
Regional Liqueurs.
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Lista de Abreviaturas
APCPC Anlise de Perigos e Controlo de Pontos Crticos
BIO Biolgico
CAE Classificao das Atividades Econmicas
CEARTE Centro de Formao Profissional do Artesanato
CT Comisso Tcnica
DGADR Direo de Servios de Agricultura, Territrios e Agentes Rurais
DGQ Direo Geral da Qualidade
DL Decreto Lei
DNP Desenvolvimento de Novos Produtos
DR Dirio da Repblica
FAO Food and Agriculture Organization
FIA Feira Internacional de Artesanato
GA Gnero Alimentcio
GAL Grupo de Ao Local
HGA Higiene dos Gneros Alimentcios
HACCP Hazard Analysis and Critical Control Points
IA ndice de Aceitabilidade
IEC International Electrotechnical Commission
IEFP Instituto de Emprego e Formao Profissional
IFAP Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas
IPDJ Instituto Portugus do Desporto e Juventude
IPQ Instituto Portugus da Qualidade
ISA Instituto Superior de Agronomia
ISO Organizao Internacional para Padronizao
IVA Imposto sobre o Valor Acrescentado
MPB Modo de Produo Biolgico
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NP Norma Portuguesa
EN Norma Europeia
PAECPE Programa de Apoio ao Empreendedorismo e Criao do Prprio Emprego
PCC Ponto Crtico de Controlo
PPART Programa para a Promoo dos Ofcios e das Microempresas Artesanais
PRODER Programa de Desenvolvimento Rural
QSA Qualidade e Segurana Alimentar
SA Segurana Alimentar
SAU Superfcie Agrcola Utilizada
SGA Segurana dos Gneros Alimentcios
STP Segmentao, Targeting e Posicionamento
SWOT Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats
UPA Unidade Produtiva Artesanal
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ndice Geral
Agradecimentos . ii
Resumo ................. iii
Abstrat .. iv
Lista de Abreviaturas ..... v
ndice Geral ...... vii
ndice de Figuras ..... xvi
ndice de Quadros ... xvii
INTRODUO ..... 1
CAPTULO I REVISO DA LITERATURA .... 3
1.1. Inovao e Desenvolvimento de Novos Produtos .......,,... 3
1.2. Origem e Aplicaes do lcool ....... 5
1.3. Definio de Aguardente e Desenvolvimento da sua Produo ...... 5
1.4. Definio, Origem e Evoluo dos Licores ..... 6
1.4.1. Classificao dos Licores ...... 7
1.4.2. Produo de Licores .. 8
1.4.2.1. Seleo de Matrias-Primas ... 9
1.4.2.1.1. Origem e Benefcios das Espcies que do Nome aos Licores ..... 11
1.4.2.1.2. Servir Licores .... 12
1.4.2.2. A Evoluo dos Processos e dos Equipamentos .. 12
1.5. Controlo da Qualidade dos Produtos e dos Processos ... 13
1.5.1. Qualidade dos Produtos ... 13
1.5.1.1. Aspetos Gerais Relacionados com a Vida de Prateleira .. 14
1.5.2. Qualidade dos Processos . 14
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1.5.2.1. Plano de Controlo Anlise de Perigos e Controlo de Pontos Crticos .. 15
1.6. Atividade Artesanal .... 16
1.6.1. Produto Artesanal .... 16
1.6.2. Certificao de Produto Alimentar Artesanal . 16
1.7. Estatuto do Arteso, da Unidade Produtiva Artesanal e Atividades Artesanais .... 17
1.7.1. Apoios ao Artesanato e aos Artesos .. 18
1.8. Agricultura Biolgica ..... 19
1.8.1. Produtos Biolgicos .... 20
1.8.2. Certificao de Produto Biolgico .. 20
CAPTULO II ESTUDO EXPERIMENTAL MATERIAIS E MTODOS ... 22
2.1. mbito e Incidncia do Estudo .. 22
2.2. Objetivos da Investigao .. 23
2.3. Metodologia ... 24
2.3.1. Apresentao da Quinta do Barata .. 26
2.3.2. Formulao da Ideia .... 27
2.3.3. Novo Conceito Tradies da Quinta ... 27
2.4. Formulao de Receiturios ... 28
2.4.1. Seleo de Matrias-Primas .... 29
2.5. Controlo dos Produtos e dos Processos em Geral .. 29
2.6. Desenvolvimento do Processo de Produo .. 29
2.7. Padro de Identidade/Conceo do Prottipo .. 33
2.8. Aspetos Gerais Relacionados com a Vida de Prateleira .... 34
2.9. Qualidade dos Processos Plano HACCP . 34
2.10. Anlises Efetuadas aos Licores .... 36
3.11. Avaliao Sensorial de Licores ........ 36
3.12. Controlo da Qualidade Atravs de Anlises Fsico-Qumicas ..... 36
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2.13. Anlises Fsico-Qumicas ..... 37
2.13.1. Determinao da Massa Volmica .... 38
2.13.2. Determinao do Teor Alcolico .. 38
2.13.3. Determinao do Extrato Seco Total .... 39
3.13.4. Determinao da Acidez Total .. 39
2.13.5. Determinao dos Acares Redutores ..... 40
2.13.6. Determinao dos Acares Totais ... 41
2.14. Pesquisa e Aplicao de Regulamentao ... 41
2.14.1. Regulamentao Relativa Segurana Alimentar .... 41
2.14.2. Regulamentao Relativa Higiene dos Gneros Alimentcios ... 41
2.14.3. Regulamentao Relativa Caracterizao de Licores .... 42
2.14.4. Regulamentao Relativa Rotulagem dos Gneros Alimentcios .. 42
2.14.5. Regulamentao Relativa Produo Biolgica e Rotulagem dos Produtos Biolgicos
.... 42
2.14.6. Regulamentao Relativa ao Estatuto do Arteso, Unidade Produtiva Artesanal e
Atividades Artesanais .. 43
2.14.7. Regulamentao Relativa ao Uso do Smbolo de Produto Artesanal .. 43
2.14.8. Normas Portuguesas Relativas a Embalagens e Materiais em Contacto com Gneros
Alimentcios .. 44
2.14.9. Certificao ... 44
2.15. Apoios Associados Criao de Empresa ... 44
2.16. Maquete dos Produtos Finais Design e Rotulagem ... 46
2.17. Estudo de Mercado Tipo e Metodologia de Investigao ..... 46
2.17.1. Recolha de Dados .. 47
3.17.1.1. Entrevista .... 47
2.17.1.2. Visita ao El Corte Ingls .... 48
2.17.1.3. Estudo de Mercado Questionrios .. 48
2.17.1.3.1. Amostra ... 49
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CAPTULO III RESULTADOS E DISCUSSO 50
3.1. Controlo do Produto e do Processo em Geral .... 50
3.2. Desenvolvimento do Processo de Produo .. 50
3.3. Padro de Identidade/Concepo do Prottipo .. 53
3.4. Aspetos Gerais Relacionados com a Vida de Prateleira .... 55
3.5. Qualidade dos Processos Plano HACCP . 56
3.5.1. Identificao de Pontos Crticos de Controlo .. 56
3.5.2. Aplicao do Plano de Controlo aos Pontos Crticos de Controlo .. 62
3.6. Aplicao de Regulamentao ... 64
3.6.1. Regulamentao Relativa Segurana Alimentar .. 64
3.6.2. Regulamentao Relativa Higiene dos Gneros Alimentcios ..... 65
3.6.3. Regulamentao Relativa Caraterizao de Licores .... 65
3.6.4. Regulamentao Relativa Rotulagem dos Gneros Alimentcios .... 66
3.6.5. Regulamentao Relativa Produo Biolgica e Rotulagem dos Produtos Biolgicos
.... 66
3.6.6. Regulamentao Relativa ao Estatuto do Arteso, Unidade Produtiva Artesanal e
Atividades Artesanais 67
3.7. Certificao .... 67
3.8. Maquete dos Produtos Finais Design e Rotulagem ..... 68
3.8.1. Embalagem Primria ... 69
3.9. Estudo de Mercado . 70
3.9.1. Amostra ... 70
3.9.2. Recolha de dados ..... 70
3.10. Entrevista .. 71
3.10.1. Visita ao El Corte Ingls ... 71
3.11. Avaliao Sensorial dos Licores .. 73
3.11.1. ndice de Aceitabilidade .... 76
3.11.2. Formulao Final de Receiturios ..... 78
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xi
3.12. Resultados das Anlises Fsico-Qumicas Realizadas . 79
3.13. Descrio e Uso Pretendido dos Produtos ... 82
3.14. Estudo de Mercado ... 84
3.14.1. Anlise das Entrevistas . 85
CAPTULO IV CONCLUSO ... 94
4.1. Principais Concluses dos Temas Abordados 94
4.2. Limitaes de Estudo . 96
4.3. Perspetivas de Trabalho Futuro .. 96
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................. 99
ANEXOS .................................................................................................................................... 109
ANEXO 1 Documentao relacionada com os estatutos de unidade produtiva artesanal e
de arteso
Imagem 1.1. Requisitos para a obteno das cartas de arteso e de unidade produtiva artesanal
Imagem 1.2. Frente do requerimento para a obteno da carta de arteso
Imagem 1.3 Verso do requerimento para a obteno da carta de arteso
Imagem 1.4. Frente do requerimento para a obteno da carta de UPA
Imagem 1.5. Verso do requerimento para a obteno da carta de UPA
Imagem 1.6. Smbolo de produto artesanal
ANEXO 2 Criao de empresa/Comeo de atividade
Imagem 2.1. Criao de empresa
Imagem 2.2. Documento demonstrativo de simulao de incio de atividade (1 folha)
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Imagem 2.3. Continuao do documento demonstrativo de simulao de incio de atividade (2
folha)
Imagem 2.4. Continuao do documento demonstrativo de simulao de incio de atividade (3
folha)
Imagem 2.5. Continuao do documento demonstrativo de simulao de incio de atividade (4
folha)
ANEXO 3 Processo de produo de licores
Imagem 3.1. Macerao da Hortel-Pimenta
Imagem 3.2. Macerao do Poejo
Imagem 3.3. Macerao da Rom
Imagem 3.4. Higienizao e limpeza do material e equipamento antes do processamento
Imagem 3.5. Ingredientes utilizados na confeo
Imagem 3.6. Balana usada na pesagem
Imagem 3.7. 1 Filtros usados
Imagem 3.8. 2 Filtro/ltima filtragem
Imagem 3.9. Confeo dos licores
Imagem 3.10. Preparao de xaropes
Imagem 3.11. Desinfeo dos termmetros
Imagem 3.12. Medio da temperatura
Imagem 3.13. Verificao da temperatura (segunda medio)
Imagem 3.14. Arrefecimento dos licores
Imagem 3.15. Demolha das rolhas de cortia
Imagem 3.16. Seleo de garrafas para os licores em estudo
Imagem 3.17. Licores produzidos engarrafados nas garrafas definitivas: Licor de Hortel-
Pimenta, Licor de Poejo e Licor de Rom
Imagem 3.18. Turvao e flutuao de partculas no Licor de Poejo
Imagem 3.19. Sedimento depositado no fundo do Licor de Hortel-Pimenta
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Imagem 3.20. Resultados aps 3 meses de armazenagem nas 3 variantes Licor de Hortel-
Pimenta, Licor de Poejo e Licor de Rom
ANEXO 4 Desinfeo
Imagem 4.1. Documento informativo que acompanha as pastilhas de cloro
ANEXO 5 Avaliao sensorial
Imagem 5.1. Aspetos da prova de avaliao sensorial (1 turno)
Imagem 5.2. Aspetos da prova de avaliao sensorial (2 turno)
Imagem 5.3. Frente da folha de prova usada na avaliao sensorial
Imagem 5.4. Verso da folha de prova usada na avaliao sensorial
Imagem 5.5. Quadro de resultados da avaliao sensorial do Licor de Hortel-Pimenta (valores
em amarelo representam as amostras selecionadas)
Imagem 5.6. Quadro de resultado da avaliao sensorial do Licor de Poejo (valores em amarelo
representam as amostras selecionadas)
Imagem 5.7. Quadro de resultado da avaliao sensorial do Licor de Rom (valores em amarelo
representam as amostras selecionadas)
ANEXO 6 Fichas Tcnicas
Imagem 6.1. Ficha Tcnica do Licor de Hortel-Pimenta
Imagem 6.2. Ficha Tcnica do Licor de Poejo
Imagem 6.3. Ficha Tcnica do Licor de Rom
ANEXO 7 Auditoria
Imagem 7.1. Relatrio final de auditoria
ANEXO 8 Anlises fsico-qumicas
Imagem 8.1. Resultados das anlises fsico-qumicas aos licores eleitos
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Imagem 8.2. Documento informativo com o quadro de correspondncia para a determinao da
massa volmica (documento que acompanha o densmetro)
Imagem 8.3. Quadros de correo do teor alcolico volumtrico em funo da temperatura em C
(Portaria n 985/82 de 19 de Outubro)
Imagem 8.4. Continuao dos quadros de correo do teor alcolico volumtrico em funo da
temperatura em C
Imagem 8.5. Quadro de clculo do teor de extrato seco total (NP 2222, 1988), retirada da antiga
NP 753 (1969), para o clculo da densidade do resduo sem lcool
Imagem 8.6. Quadro de determinao do teor de extrato seco total, expresso em grama por dm e
quadro intercalar para casas decimais (NP 2222, 1988)
Imagem 8.7. Quadro de correspondncia entre a diferena de volumes (V2-V1), expressa em
cm, de soluo de tiossulfato de sdio 0,1N e a quantidade de acares redutores expressa em mg
(NP 2223, 1988)
ANEXO 9 Certificao
Imagem 9.1. Proposta da Sativa para a certificao de licores (1 folha)
Imagem 9.2. Proposta da Sativa para a certificao de licores - continuao (2 folha)
Imagem 9.3. Proposta da Sativa para a certificao de licores - continuao (3 folha)
Imagem 9.4. Proposta da Ecocert para a certificao de licores (1 folha)
Imagem 9.5. Proposta da Ecocert para a certificao de licores - continuao (2 folha)
ANEXO 10 Concorrncia
Imagem 10.1. Licores de concorrncia: Donanna de Arganil
Imagem 10.2. Licores de concorrncia: Vale do Mestre de Avis
Imagem 10.3. Licores de concorrncia: Licores Caseiro de Estremoz
Imagem 10.4. Licores de concorrncia: Origem de So Domingos de Benfica
Imagem 10.5. Licores de concorrncia: Boa Boca Gourmet de vora
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ANEXO 11 Rotulagem
Imagem 11.1. Esboo do rtulo e do contra rtulo do Licor de Poejo, e esboo do rtulo do Licor
de Hortel-Pimenta
Imagem 11.2. Esboo do rtulo e do contra rtulo do Licor de Rom
Imagem 11.3. Rtulo final do Licor de Hortel-Pimenta
Imagem 11.4. Rtulo final do Licor de Poejo
Imagem 11.5. Contra rtulo final do Licor de Poejo
Imagem 11.6. Rtulo final do Licor de Rom
Imagem 11.7. Contra rtulo final do Licor de Rom
Imagem 11.8. Proposta final para os licores em estudo Vista de frente/Rtulo
Imagem 11.9. Proposta final para os licores em estudo Vista de trs/Contra rtulo
ANEXO 12 Entrevista
Imagem 12.1. Frente do formulrio de entrevista
Imagem 12.2. Verso do formulrio de entrevista
ANEXO 13 Questionrio
Imagem 13.1. Frente do questionrio usado no reconhecimento de viabilidade
Imagem 13.2. Verso do questionrio usado no reconhecimento de viabilidade
ANEXO 14 Aplicao do Programa Estatstico R aos questionrios
Imagem 14.1. Quadro de codificaes aplicado s variveis nos dados estatsticos
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xvi
NDICE DE FIGURAS
Figura 1 Fluxograma geral de produo de licores artesanais regionais .................................. 30
Figura 2 rvore de deciso HACCP para identificao de PCCs ............................................ 35
Figura 3 Fluxograma geral de produo de licores artesanais regionais com a identificao de
PCCs .. 59
Figura 4 Grfico de rede com os resultados da avaliao sensorial dos licores segundo uma
escala hednica .. 74
Figura 5 Grfico de barras com os resultados do ndice de Aceitabilidade nos licores ... 77
Figura 6 Grfico de extremos e quartis com as idades do sexo masculino e feminino 85
Figura 7 Nveis de escolaridade dos inquiridos 86
Figura 8 Nveis de escolaridade de ambos os sexos; a) Masculino e b) Feminino ....... 87
Figura 9 Resultados dos inquiridos que experimentaram licores regionais .. 87
Figura 10 Resultados da regularidade de consumo de licores regionais ... 87
Figura 11 Avaliao de licores regionais nos diferentes parmetros a) Quantidade, b)
Embalagem, c) Cor, d) Sabor e e) Preo ... 91
Figura 12 Desejo de consumo de licores artesanais em funo do gnero a) Masculino e b)
Feminino ... 93
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xvii
NDICE DE QUADROS
Quadro 1 Mapa de identificao de perigos significativos frequncia vs severidade .. 35
Quadro 2 Comparao de perfis definidos com os resultados de perfis atingidos no Licor de
Hortel-Pimenta .... 53
Quadro 3 Comparao de perfis definidos com os resultados de perfis atingidos no Licor de
Poejo .. 54
Quadro 4 Comparao de perfis definidos com os resultados de perfis atingidos no Licor de
Rom . 54
Quadro 5 Plano de controlo HACCP: Identificao dos pontos crticos de controlo no
processamento de licores ....... 57
Quadro 6 Plano de controlo HACCP ......... 63
Quadro 7 Escala hednica aplicada na classificao de atributos sensoriais na avaliao de
licores .... 73
Quadro 8 Resultados mdios da avaliao sensorial dos licores... 74
Quadro 9 Resultados percentuais do ndice de Aceitabilidade nos licores eleitos ... 76
Quadro 10 Valores das anlises fsico-qumicas obtidos nos trs licores Hortel-Pimenta,
Poejo e Rom .... 80
Quadro 11 Descrio dos licores e do uso pretendido... 83
Quadro 12 Idade da amostra distribuio em funo do gnero/sexo ... 85
Quadro 13 Valores de frequncias absolutas e frequncias relativas apresentadas pelos
inquiridos que j experimentaram licores regionais .. 88
Quadro 14 Valores de frequncias absolutas e frequncias relativas apresentadas pelos dois
sexos na avaliao da satisfao de licores regionais ... 92
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1
INTRODUO
Desde tempos remotos que o Homem encontrou necessidade de conservar os alimentos. As
tcnicas de conservao no s alargaram a durao dos alimentos como tambm permitiram
transform-los noutros totalmente diferentes, como o caso do processo de fermentao, em que a
cevada e a uva se transformam em cerveja e vinho, tendo estas sido as primeiras bebidas alcolicas
a aparecer (Castro, 2003). Como a diversidade de produtos surgiram tambm diversos tipos de
licores, associados s suas propriedades medicinais.
A indstria do licor cresceu muito no sc. XIX, e o aparecimento de diversas variedades
industrializadas fez desaparecer os produtos caseiros (Lidon e Silvestre, 2007).
Felizmente hoje em dia h uma preocupao em recuperar a produo artesanal, e embora exista
em pequena escala, maioritariamente licores de plantas, frutos e flores, os licores artesanais so j
muito apreciados pelos turistas.
O turismo gastronmico est associado a uma viagem para fora do local habitual de residncia,
motivada no todo ou em parte, pelo interesse em comida e bebida, e/ou em comer e beber.
Constitui uma das vrias iniciativas de resgate recuperao patrimonial. Ao longo dos tempos
tm-se procurado recriar tempos, lugares, experincias, que buscam a autenticidade e a tradio, de
forma a estimular o crescimento econmico atravs do aumento do potencial de atrao. Os bens
patrimoniais como a gastronomia so um componente chave para a satisfao dos turistas e pessoas
em geral, refletindo-se como (...) alternativa vivel a somar novos destinos (lvez, 2007).
Na busca da valorizao dos produtos locais como produtos tursticos, as tradies so inventadas e
reinventadas, perdidas e encontradas, surgindo muitas vezes solues inovadoras que potenciam
essa valorizao.
A inovao surge de alteraes, mudanas polticas, estmulos ou necessidades exteriores
empresa. Pode condicionar ou impulsionar o desenvolvimento, e na maioria das vezes representa a
viabilidade a longo prazo (AJAP, 2009).
No desenvolvimento e introduo de novos produtos, como por exemplo, licores, o conhecimento
sobre o mercado e o comportamento do consumo sempre insuficiente, e de diferentes abordagens.
No presente estudo a diferenciao faz-se principalmente atravs da certificao aliada
preocupao ambiental na escolha de ingredientes, que podem contribuir para melhorar a oferta e a
viabilidade dos produtos.
O objetivo principal da investigao que conduziu ao presente trabalho, foi estudar a aceitao de
licores biolgicos (BIOs) de cariz artesanal no mercado em geral, e em particular no concelho de
Gavio, onde est inserida a Quinta do Barata, local de produo e de venda principal dos produtos
a comercializar.
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
2
No contexto apresentado, interessa saber se existe viabilidade na converso do modo de produo
destes aromas, ou pelo contrrio, se os custos e a investigao demonstram elevado risco, sendo
mais prudente a utilizao de alguns ingredientes BIOs, fazendo apenas referncia na lista de
ingredientes da rotulagem, uma vez que a sua introduo neste tipo de produto nova no mercado.
O presente estudo encontra-se dividido em quatro captulos.
O primeiro captulo apresenta a reviso da literatura baseada na temtica principal, focada na
inovao e desenvolvimento de produtos e em estudos aplicados ao lcool, aguardente e aos
licores. Posteriormente so fornecidas informaes sobre as matrias-primas em causa e
especificidade das espcies, quantificao da produo bem como evoluo dos processos e dos
equipamentos. Sendo os produtos em estudo de raz artesanal com introduo de ingredientes
BIOs, definem-se conceitos nestes mbitos relacionados com a atividade, produto e certificaes
especficas. Houve tambm necessidade em falar na casa que deu origem aos licores, revelando a
formulao da ideia e do novo conceito, passando pela origem e benefcios das espcies que lhes
do os nomes.
O segundo captulo referente aos materiais e mtodos utilizados no estudo experimental. Primeiro
reforado o mbito e a incidncia de estudo, remetendo para os objetivos da investigao e
metodologia adotada. Depois dada a conhecer a Quinta do Barata (unidade de produo), o
desenvolvido do novo conceito onde se inserem os licores em estudo e a forma de seleo de
matrias-primas. Seguidamente abordado o controlo dos produtos e do processo, passando pelo
desenvolvimento da produo, validade e do plano de controlo baseado no sistema de Anlise de
Perigos e Controlo de Pontos Crticos (APCPC), tambm vulgarmente conhecido em ingls como
Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP). Tendo em conta que a temtica diz
respeito ao desenvolvimento de uma gama de novos produtos, foi relizada a prova de consumidor
recorrendo ao painel de provadores, mencionando o interesse dos testes laboratoriais e a
importancia do estabelecimento das anlises fsico-qumicas efetuadas na avaliao da qualidade e
conformidade dos mesmos. De seguida, aplicou-se a regulamentao, as normas portuguesas em
vigor e referiu-se as exigncias relativas certificao. Desenvolveu-se a maquete final,
refernciando o design e a rotulagem dos licores. Ainda neste captulo so explicados os trabalhos
estatsticos de investigao efetuados/estudo de mercado entrevistas, visita e questionrios.
Numa terceira parte encontram-se os resultados e a discusso acerca dos temas abornados no
captulo anterior.
O quarto, e ltimo captulo, refere-se s concluses chegadas do decorrer do estudo, mencionando
as dificuldades encontradas e perspetivas futuras. No final do estudo possvel determinar
possveis consumidores e intenes comportamentais. Deste modo pretende-se confirmar ou no as
perspetivas de viabilidade futura dos licores em causa, que motivaram o projeto.
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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CAPTULO I REVISO DA LITERATURA
A reviso da literatura contribui com a identificao dos estudos efetuados sobre a temtica em
estudo, de modo a perceber a origem e os contributos da teoria no desenvolvimento dos novos
produtos, em geral e, particularizando, no desenvolvimento dos produtos em estudo.
Tendo em conta a frmula dos licores importante investigar os conceitos interrelacionados
Inovao e Desenvolvimento de Novos Produtos (DNP), Origem e Aplicaes do lcool;
Definio, Origem e Evoluo dos Licores; Definio de Aguardente e Desenvolvimento da sua
Produo; Classificao e Produo de Licores; Seleo de Matrias-Primas; Origem e Benefcios
das Espcies que do Nome aos Licores; Servir Licores; A Evoluo dos Processos e dos
Equipamentos; Controlo da Qualidade de Produtos e de Processos; Qualidade dos Produtos;
Aspetos Gerais Relacionados com a Vida de Prateleira; Qualidade de Processos; Plano de Controlo
HACCP; Atividade e Produto Artesanal; Certificao do Produto Alimentar Artesanal; Estatuto
do Arteso, da Unidade Produtiva Artesanal (UPA) e Atividades Artesanais; Apoios ao Artesanato,
aos Artesos e Criao de Empresa; Agricultura, Produtos e Certificao de Produtos BIOs.
Tal como se pode verificar, de igual forma, tambm os aspetos relacionados com a atividade
artesanal so referidos.
No fundo as temticas abordadas esclarecem a identidade dos licores em estudo.
1.1. Inovao e Desenvolvimento de Novos Produtos
O conceito de novo produto varivel. Pode-se dizer que sempre aquele que novo para a
empresa ou para o mercado; passa por um processo de desenvolvimento e depois testado.
Estudam-se novas aplicaes alimentares, otimizao de formulaes, nveis de processamento,
caractersticas finais do alimento, avaliao sensorial/medies de parmetros aroma, sabor, cor,
textura, consistncia, etc.. Interessa que os fatores sejam inovadores e decisivos na aceitabilidade
de produtos por parte dos consumidores (Castro, 2003).
Os conceitos so os blocos de construo de produtos (Moskowitz et al., 2005). Podem estar
relacionados com o produto/servio, descrevendo-o (caractersticas BIOs, sabores disponveis,
entre outros). Podem tambm estar relacionados com o posicionamento/posio de venda
(projetado para dinamizar o produto artesanal exemplo: com propriedades que ajudam na
digesto ou especialmente formulado a pensar na natureza, etc.).
De acordo com Calatone e Cooper (1979), citado por Moskowitz et al. (2005), o sucesso do
produto depende de ser nico e superior, de satisfazer os desejos de consumo, necessidades e
preferncias do marketing, e lanamento eficaz. O produto deve ter uma grande performance sobre
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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o custo e ser economicamente favorvel em relao ao cliente. So tambm importantes a unio de
diferentes tcnicas, um bom enquadramento entre o produto, recursos e capacidades da equipa,
aliadas a um grande controlo de gesto.
Entender o que o consumidor quer, descrever as vantagens do produto e saber divulg-las pode ser
fundamental numa competitividade ativa.
Equipas multifuncionais, onde as empresas renem indivduos de diferentes departamentos e outras
entidades independentes interligadas, formam equipas fortes que desenvolvem produtos de sucesso.
Juntos so mais propensos, mais eficazes e com maior probabilidade de vingar no mercado.
Segundo Buisson, (1995) e Lord (1999), citado por Moskowitz et al. (2005), embora exista muita
investigao efetuada, a grande maioria dos novos produtos alimentcios (72% - 88%) continua a
no ter xito. As principais causas so a falta de pesquisa de mercado, a falta de necessidade e a
falta de mudana, ou seja, a baixa taxa de inovao e o insucesso no lanamento do produto.
crucial que a empresa procure novos produtos, novos mercados que permitam a sua
sustentabilidade. As ideias devem estar orientadas para o produto e para as necessidades dos
consumidores, criando vantagens competitivas nos processos de produo, produtos ou servios.
O trabalho associado fornece uma amostragem representativa da situao presente (aquisio,
determinao da regularidade de consumo, aspetos mais e menos valorizados, etc.). A informao
recolhida essencial para ajustar se necessrio o tipo de produto a comercializar, para definir o
preo, identificar oportunidades e ameaas, posicionar os produtos e identificar o consumidor-alvo.
Os resultados desta investigao permitiro chegar concluso, se interessa continuar o estudo
melhorando determinados aspetos relacionados com a produo. Definir e investir numa estratgia
comercial no lanamento e venda da gama de produtos, ou se pelo contrrio, se deve abandonar o
projeto.
O DNP resulta de uma integrao de conhecimentos que se debrua em muitos e diversos aspetos
exaustivamente analisados.
Segundo Philip Kotler (1997), citado por AJAP (2009), o processo de DNP pode ser dividido em
diferentes fases. As fases do processo so abordadas paralelamente e de forma integrada, para que
o processo seja pensado como um todo, ou seja de forma global. A empresa deve manter-se atenta,
analisando todas as etapas e resultados que devem estar em conformidade com os objetivos iniciais,
adaptando-se s alteraes constantes. Alm da procura de oportunidade, o sucesso do DNP
depende do seu fim benefcio (Beckley et al., 2007 e Simes et al., 2008).
No presente estudo os licores representam um servio e um produto novo para a empresa que os
produz, com um inovador mtodo de produo, alm de ser tambm novo para o mercado em geral.
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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1.2. Origem e Aplicaes do lcool
O lcool tem origem rabe, al-kuhul, e significa do ar, do espao. Segundo registos
arqueolgicos o seu consumo pelo ser humano tem aproximadamente 6000 anos a.c.
(Lusiancoppers, s/d).
O termo espirituosa utilizado para denominar as bebidas alcolicas, surgiu no sculo XIII, pelas
expresses muito utilizadas Esprito do Vinho ou Eau de Vie (gua da Vida), uma vez que
se achava que prolongava a vida. O lcool estava ligado magia e a rituais. Considerado um
remdio, era frequentemente utilizado em pores para pequenas doenas feitas a partir de bebidas,
pelo seu efeito de alvio na dor e dissipao rpida de problemas.
No sculo XV o lcool era caro e raro. Fazia-se a destilao de vinhos de razes e de mosto de
grainhas de uvas, principalmente no norte da Europa.
A partir da revoluo industrial, iniciada no Reino Unido em meados do sc. XVIII, a produo de
bebidas alcolicas aumentou regularmente ao longo do sculo em todos os pases. A oferta
aumentou e os problemas associados ao seu consumo excessivo tambm (Scriban, 1988).
O lcool comum tambm denominado de lcool etlico ou etanol, hoje em dia tem aplicaes
diversas: conservao e preparao de alimentos, combustveis, bebidas, cosmticos, produtos de
limpeza, entre outros.
1.3. Definio de Aguardente e Desenvolvimento da sua Produo
As aguardentes so bebidas espirituosas obtidas por fermentao e destilao de outras matrias
fermentveis (Sabino, 1998).
As aguardentes classificam-se em Aguardentes Vnicas, sendo as mais famosas o Cognac,
Armagnac, Aguardentes Velhas Portuguesas e Brandy; Aguardentes Bagaceiras, Aguardentes de
Frutas, Aguardentes de Cereais e por ltimo as Aguardentes de Vegetais (Sabino, 1998).
Em Portugal na dcada de 60, a aguardente ocupava um lugar de destaque na economia da
populao da serra algarvia e algumas regies do Baixo Alentejo. A produo era muito
significativa, cerca de 500 000 litros por ano, a comercializao flua atravs de circuitos prprios,
com iseno de impostos ou taxas fixas. Motivados pelo turismo a populao mais jovem deslocou-
se para o litoral, e com a juno de diversos fatores surgiu a primeira legislao, incidindo
principalmente sobre o engarrafamento e a rotulagem. Sem apoios aos produtores na
implementao destas medidas legais, no incio da dcada de 90 a produo caiu 10% do valor
acima referido, e foi ento que surgiu a interveno de uma equipa multi-institucional que evitou
uma maior quebra (Galego e Almeida, 2007).
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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De acordo com a Direo Geral de Fiscalizao e Controle da Qualidade Alimentar, citado por
Galego e Almeida (2001), sendo os ltimos dados definitivos de 1999, foram produzidas em
Portugal 109 670 litros de aguardentes no vnicas (fabricao sem recurso fermentao).
Atualmente o territrio algarvio lder na produo de aguardentes de frutos e licores. Monchique
um local de referncia pelas 70 destilarias de aguardente de medronho legalizadas, que produzem
cerca de 15 mil litros por ano. Existem muitas outras espalhadas por Portugal mas de nmero
desconhecido, uma vez que no se encontram registadas por se tratar de produo caseira em
pequena escala (Galego e Almeida, 2001).
Em geral a aguardente elaborada com medronho em estado maduro, posto a fermentar com gua
em barricas de madeira e destilado em alambique de cobre. O produto passa por anlises
microbiolgicas e depois engarrafado, melhorando a sua qualidade.
Muita da produo de aguardente de frutos destinada confeo de licores.
1.4. Definio, Origem e Evoluo dos Licores
Inicialmente o termo licor tinha um sentido muito lato, abrangendo quase todas as bebidas,
preparaes qumicas ou farmaceuticas (Galego e Almeida, 2007). Segundo Phillips (2010), a
definio de licor surge do latim liquifacere, bebida alcolica aucarada com sabores e aromas a
frutos frescos ou secos, ervas, flores e especiarias. Lidon e Silvestre (2007), descrevem os licores
como bebidas doces de alto teor alcolico, com graduaes que variam entre 30 a 55 de teor
alcolico. As bebidas so obtidas por macerao em lcool de substncias vegetais aromticas e
depois passam pela destilao ou adio de extratos a lcoois ou aguardentes. Segundo Belitz e
Grosch (1997), os licores so bebidas espirituosas com graduaes alcolicas que no geral variam
entre os 20-30% vol.. Nos licores de citrnos (ex.: Triple Seco) o teor mnimo de 38% vol. de
lcool e nos restantes licores os teores podem variar entre 20 e 38% de vol. de lcool. Tal como
outros autores referidos, Belitz e Grosch (1997), consideram o licor como uma bebida espirituosa
resultante da mistura de lcool etlico e/ou de aguardente, gua, acar e outros gneros
alimentcios doces. Segundo o Decreto Lei (DL) n 257/87 de 25 de Junho, o licor a bebida
espirituosa resultante da mistura de lcool etlico de origem agrcola e ou aguardente, gua potvel,
acar e eventualmente outros gneros alimentcios, de sabor doce e aromatizada por macerao de
substncias vegetais ou pelo destilado das mesmas substncias ou ainda por adio de
aromatizantes.
Considerando as diferentes graduaes que nos chegam na rotulagem e as opinies dos diferentes
autores, pode dizer-se que os teores alcolicos variam com a espcie e o processo com que feito o
licor.
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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As composies dos licores so seculares de frmulas secretas geralmente passadas de gerao em
gerao, que fazem parte da tradio portuguesa. Iniciadas pelas ordens religiosas dos mosteiros e
alquimistas, estas solues eram utilizadas para fins teraputicos, nomeadamente ervanrias. As
primeiras bebidas doces eram de alto teor alcolico e tinham composies complexas que se
simplificaram com o passar dos tempos. Um dos mais famosos e antigos o Jagermeister da
Alemanha, com 56 ingredientes (Phillips, 2010).
Consta que j nas tumbas do velho Egipto (tmulos ou pequenas cmaras construdas em pedra,
onde esto depositados os mortos), foram encontradas receitas de licores usados medicinalmente. A
sua utilizao como frmaco contribuiu para a continuidade de muitos licores que so hoje
famosos, nomeadamente aqueles feitos a partir de ervas. Na poca medieval era frequente os
licores serem aplicados como aromatizantes no disfarce de alimentos em ms condies, em bolos
de creme e sobremesas, devido ao seu grau de doura (Sabino, 1998).
No sc. XIII, com as classes mais altas, os licores alcanaram um lugar de destaque, tornando-se
hbito tomar um clice na oficializao de um contrato.
Mais tarde, no sc. XV os italianos lideraram o mercado dos licores, especialmente famosos entre
as senhoras que os usavam para diferentes fins. Os licores eram tomados antes do parto como
anestesia, nesta e noutras situaes de dor ou doena, ou at para cativar o apaixonado com um
licor afrodisaco (Sabino, 1998).
1.4.1. Classificao dos Licores
De acordo com Galego e Almeida (2007), no sc. XX os licores foram divididos em 3 categorias:
Licores naturais so bebidas preparadas por destilao da fermentao de matrias-primas
aucaradas (frutas, cereais, melaos ou tubrculos).
Licores artificiais so licores que tm por base a gua e o lcool, diferindo nas substncias
aromatizantes usadas, espcie e concentrao de aucar utilizado na preparao do xarope que
acrescentado aos destilados, macerados ou infuses.
Vinhos aromatizados so vinhos que diferem tambm nos aromatizantes e nos xaropes utilizados,
mas no incluem a destilao no processo de fabricao. Desta categoria fazem parte bebidas como
o Hidromel e o Hipocraz, anteriores ao conhecimento do lcool.
A variedade dos licores deriva das matrias-primas utilizadas, propores e processos adotados.
Atendendo ao mtodo de extrao de essncias, teremos: licores de destilao, licores de
macerao, licores de infuso (efetuado a frio ou a quente), e licores de juno de essncias.
Quanto concentrao de acar, os licores classificam-se em: secos (de 60 a 100 g/l), doces (de
100 a 200 g/l), finos (de 200 a 350 g/l) e cremes (acima de 350 g/l). Quando envolvem vrios
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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mtodos de preparao ou vrias substncias aromatizantes denominam-se de licores mistos.
Podem ainda ser adicionados corantes e adoantes naturais ou artificiais. Os licores tambm se
classificam pelas matrias-primas de fabrico plantas, frutos, essncias, base de natas e de ovos;
grupo mais recente, ex.: Carolan's, Emmets, Royal Tara, Advoocat, etc. (Sabino, 1998 e Roteiro
Gastronmico de Portugal, 2001).
1.4.2. Produo de Licores
A falta de tempo para a produo de licores despertou o interesse de diversos produtores. Hoje em
dia em Portugal a gama vasta, destacando-se o Licor Beiro, o Licor do Mosteiro de Singeverga,
entre outros, vendidos tanto dentro como fora do pas (Phillips, 2010).
Os produtores nacionais inspiram-se em receitas tradicionais de elaborao simples, inovadores
pela conjugao e seleo de matrias-primas.
De acordo com a Direo Geral de Fiscalizao e Controlo da Qualidade Alimentar, citado por
Almeida e Galego (2001), relativamente a licores produzidos em Portugal em 1999, ltimo ano em
que h dados definitivos, foi de 4 958 780 litros. As quantidades produzidas variam muito de uns
produtores para outros. Os de maior dimenso produzem cerca de 5 000 garrafas por ms. Muitos
dos licoristas artesanais comearam por produzir apenas destilados, herdando a atividade de
antecessores familiares e s posteriormente iniciam a produo de licores como uma atividade
complementar (Galego e Almeida, 2007).
A variedade de licores artesanais vasta, sendo difcil catalog-los por ordem de importncia ou
volume de produo. De qualquer forma destacam-se a nvel industrial os licores de Amndoa
Amarga e os licores de mel do Algarve; Oliveiros Cristina com o Brandymel e Filipe de Brito pela
Amarguinha. Estes licores regionais so de grande produo, segundo Galego e Almeida (2007), j
ocuparam o 2. e o 3. lugar entre os licores portugueses com maior volume de vendas. Os mais
famosos licores nacionais, Carranca Redondo para o Licor Beiro; Neto Costa para o Licor
Tijuana; os licores de caf, Tia Anica da empresa Catuna e Silva (Albufeira), uma das marcas
registadas no Algarve.
As principais dificuldades sentidas pelos produtores advm dos elevados custos de mo-de-obra
utilizada na recolha, tratamento das matrias-primas e espaos para o armazenamento (Galego e
Almeida, 2007).
No plano internacional, alguns dos licores mais famosos so o Kirsch, a Bagaceira, a Tequila, o
Arrak, o Amer, o Curaao, e licores de caf, ch ou cacau (Lidon e Silvestre, 2007).
A destilao pode ser realizada por lcool ou por gua. O mtodo de destilao por lcool um
processo normalmente executado num alambique de cobre, onde o agente aromtico embebido
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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em lcool por algumas horas e posteriormente lhe adicionado mais lcool. Desta destilao
apenas uma parte do licor aproveitado, voltando o resto a ser redestilado. Na destilao por gua
mais frequente a utilizao de ervas e/ou flores que so embebidas e depois destiladas no
alambique, conservando assim os aromas. Quando a gua estiver destilada e aromatizada junta-se-
lhe o lcool puro. O processo de infuso/macerao geralmente usado em licores base de frutos,
e pode ser feito a frio ou a quente. Se for a frio as frutas so esmagadas e colocadas num recipiente
com gua fria por um perodo de tempo que pode ir at um ano. Caso o processo seja efetuado a
quente com frutas ou outros, apenas necessitam de gua fervente por breves minutos, dependendo
da espcie usada. Aps este perodo o lquido filtrado e adicionado ao lcool neutro, tal como nos
outros mtodos descritos anteriormente. O mtodo de fabrico mais usado nos licores por extratos
ou essncias por serem mais econmicos e prticos. Neste processo entram os seguintes
ingredientes bsicos: gua, lcool, acar, essncias e/ou corante (Sabino, 1998 e Roteiro
Gastronmico de Portugal, 2001).
Em 1975 com a firma irlandesa R.A. Bailey, aperfeioou-se na tcnica de combinar o licor com as
natas sem que estas azedassem. Este tipo de licor considerado tecnicamente como Cream
Liqueurs, diferentes dos Crme Liqueurs que no incluem natas na sua composio; como o
caso do creme de banana e do creme de menta (Sabino, 1998 e Roteiro Gastronmico de Portugal,
2001).
1.4.2.1. Seleo de Matrias-Primas
O sabor caraterstico de frutas e verduras determinado por compostos orgnicos complexos
formados durante a maturao, o envelhecimento, o processamento ou leso. A intensidade
transmitida de compostos formados depende do tipo de cidos e da regio do produto
(especificidade de lipoxigenases, hidroperxidos liases e/ou peroxidases). Os precursores do aroma
e a sua converso em compostos so importantes no desenvolvimento de aromas caratersticos.
Esses aromas e sabores podem ser trabalhados atravs de processamento e de confeo
(Damodaran et al., 2010).
No caso de contaminao por agentes patognicos, parasitas ou outro, o produto considerado no
imediato no comercivel/no utilizvel, independentemente de outros fatores de qualidade.
A qualidade varia com o produto de interesse, mas em geral, a qualidade visual a de maior
relevncia (Damodaran et al., 2010).
A maturidade do produto tambm um componente de qualidade. A maturidade tima geralmente
coincide com a altura de consumo, tendo de renir padres de qualidade mnimos durante e aps a
colheita.
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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Nas frutas climatricas a melhor qualidade de consumo ocorre aps o amadurecimento, no entanto
a qualidade final determinada na colheita, como o caso da Rom.
Na apanha da fruta, existem dois tipos de maturidade a serem considerados a maturidade
fisiolgica e a maturidade horticultural ou comercial (Damodaran et al., 2010).
A maturidade fisiolgica o estgio do desenvolvimento em que a planta ou parte dela continuar
o seu desenvolvimento normal e ordenado, mesmo se desligada A maturidade horticultural o
estgio do desenvolvimento em que a planta ou parte dela encontra-se no estgio desejado pelo
consumidor (Damodaran et al., 2010).
As plantas comestveis tm o seu potencial timo no tempo apropriado da colheita, que vai
diminuindo aps essa altura. A aquisio fora desta data resulta na reduo da qualidade e na vida
til.
Os diversos ndices de maturao para os diferentes produtos so desenvolvidos com base em
fatores como tamanho, forma, textura, solidez, cores interna e externa, composio (acares,
cidos, slidos totais, etc.), gravidade especfica ou densidade relativa em relao gua,
desenvolvimento de camada de absciso ou de separao, dias aps florao completa e unidades
de calor durante o desenvolvimento, (Damodaran et al., 2010).
As tecnologias no destrutivas (tcnicas de anlise para avaliar propriedades sem causar danos) so
de medio rpida e direta, como os sensores de infravermelhos manuais ou incorporados nos
equipamentos prximos de produes de linha. Os aparelhos classificam o produto com base na
concentrao interna de acares.
No caso dos licores, so distinguidos principalmente pelo sabor e aparncia de cada variedade. A
maturidade dos frutos e plantas utilizados so determinantes para a qualidade de excelncia
pretendida, nomeadamente grau de doura e intensidade de cor. O periodo de exposio solar, a
chuva ou rega favorecem o desenvolvimento de compostos at maturao, que favorecem a
intensidade de cor e a concentrao de acares totais. A apanha na altura tima outro ponto forte
para atingir os objetivos inicialmente definidos. Nas Roms a altura de colheita em Fevereiro, os
Poejos e a Hortel-Pimenta em Agosto. As condies climatricas e o tipo de regio podem alterar
ligeiramente as pocas ideais de colheita.
importante que as plantas quando colhidas se apresentem bem verdes, sem vestgios de sede ou
queimaduras solares. A Rom deve encontrar-se em estado de maturao elevado, desde que a
casca no apresente fendas, partes podres ou moles, picadas de animais e demonstre firmeza ao
agarrar (Galego e Almeida, 2007). A rutura celular influencia a formao de odores indesejveis e
reaes de escurecimento (Damodaran et al., 2010).
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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A Hortel-Pimenta e os Poejos so regados, enquanto que a romzeira depende exclusivamente das
condies climatricas.
1.4.2.1.1. Origem e Benefcios das Espcies que do Nome aos Licores
As espcies que do nome aos licores tm origens diversas e aplicaes seculares no tratamento de
doenas, a maior parte esquecidas e substituidas pelos diversos frmacos disponveis nos dias de
hoje. As mesmas existem em abundncia na regio de produo, com desenvolvimento saudvel.
A Hortel-Pimenta denomina-se cientficamente de Mentha piperita L. (Labiatae) e tal como o
Poejo, da famlia das Labiatae. Surgiu em 1696 como hibrido (cruzamento gentico de duas
espcies vegetais) numa plantao de Mentha spicata L., a comum hortel, e cultivada a partir da
por todos os pases (Pereira, 2006 e Chaves, 2008).
A esta planta so atribuidas diversas propriedades medicinais: ao antibitica, antioxidante, anti-
inflamatria (derivado aos flavonides), com efeito relaxante sobre o estmago e indigesto.
Aplicada em doenas gastrointestinais, ploblemas respiratrios, utilizada como analgsico e no
tratamento ao hirsutismo (crescimento excessivo de plos com padro de distribuio masculino
em mulheres). Tem tambm efeitos benficos contra as flatulncias e os espasmos. Hoje em dia
encontra-se em diversos tipos de frmacos, perfumes, na fabricao de bebidas e de doces
(Bodywell, 2004 e Chaves, 2008).
O Poejo tem por nome cientfico Mentha pulegium L. e da famlia das Labiatae (Pereira, 2006 e
Chaves, 2008). frequente encontrar-se em estado selvagem em stios hmidos ou cursos fluviais.
Esta planta aromtica conhecida pelas suas propriedades digestivas, efeito purificante, diurtico
(atua no rim aumentando o volume de urina), sedativo, carminativo (reduo de gases intestinais) e
utilizada em tratamentos antigripais (Chaves, 2008). As suas aplicaes so semelhantes anterior,
com maior extenso na culinria, muito utilizada em pratos de peixe, principalmente na regio do
Alentejo.
A Rom nasce da romzeira, em que a planta denomina-se cientficamente de Punica granatum L.
(Lythraceae) e faz parte da familia das Punicaceae (Pereira, 2006 e Chaves, 2008). O seu interior
subdividido por finas pelculas, com sementes de polpa avermelhada comestvel. Oriunda do Iro
ou da Prsia, cultivada desde a antiguidade, a romzeira est associada prosperidade, riqueza,
longevidade, amor e fecundidade por diferentes povos. A Rom apresenta uma alta concentrao
de importantes antioxidantes/anti-inflamatria (compostos fenlicos: antocianinas, cido fenlico e
taninos) no combate ao envelhecimento celular. Previne constipaes devido ao elevado nvel de
vitamina C, equilibra os nveis de estrognio (sndrome pr-menstrual e menopausa), reduz a
presso arterial e previne alguns problemas cardiovasculares. Tambm benfica no tratamento de
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colites, gastrites, gastrenterites e outros (Chaves, 2008). Esta fruta muito utilizada na cosmtica e
na culinria em geral.
1.4.2.1.2. Servir Licores
Apesar de a imaginao no ter limites, a maneira mais usual de servir os licores numa tulipa
prpria pequena (clice a licor), ligeiramente fresco, aps as refeies como sobremesa ou como
digestivo.
Os Coffee Drinks (bebidas ou licores de caf) podem ser bebidos simples temperatura ambiente,
com gelo ou misturados em cocktails ou bebidas quentes, como a Tequila By Yo, um cocktail
digestivo. Para confecionar estas bebidas so usados vrios licores Tia Maria, Kahlua, Strega,
Benedictine, etc..
No Vero usa-se servir os licores em copo do tipo Old Fashioned (copo de whisky), ou em taa
dupla a cocktail, com gelo modo e palhinhas. Tambm pode ser servido On-the-rock's (copo alto e
liso), com 2 a 3 pedras de gelo (Sabino, 1998 e Roteiro Gastronmico de Portugal, 2001).
1.4.2.2. A Evoluo dos Processos e dos Equipamentos
Durante a Idade Mdia foi introduzida a destilao na Europa pelos rabes. Surgiram novos termos
alambique e lcool (al ambic e al chol), e novas bebidas alcolicas; mas foram os egpcios
os primeiros a construir utenslios semelhantes a alambiques.
A alquimia teve origem na Grcia, 300 anos a.c., recorrendo aos registos egpcios e babilnicos,
mais tarde aperfeioados em Alexandria, entre os anos 200 e 300 d.c.. (Lusian Coppers, s/d e
Pintado et al., s/d).
Os aparelhos que utilizavam para a destilao foram descritos no sc. VIII, sendo o primeiro
documento histrico sobre a destilao de vinhos, ainda que no mencione o resultado obtido na
destilao (Lusian Coppers, s/d e Pintado et al., s/d).
No ano de 800 d.c. o alambique foi desenvolvido pelo alquimista rabe Jabir Ibn Hayyan, com
influncia na escola de Alexandria. A palavra alambique derivou do significado metafrico de
algo que refina; que transmuta, mediante a destilao. A destilao um mtodo de separao
baseado no fenmeno de equilbrio lquido-vapor de misturas, ou seja, a purificao de duas ou
mais substncias lquidas com volatilidades diferentes entre si.
Ibn Yasid, mdico e filsofo rabe (sc. X), considerado por alguns autores como tendo
descoberto a destilao, pelas suas aplicaes e descrio detalhada do alambique (Lusian Coppers,
s/d e Pintado et al., s/d).
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Desenvolvimento de uma gama de licores artesanais
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No sc. XIX a destilao do lcool era feita nos alambiques, a 75C (Scriban, 1988).
Em 1808 foi construda a primeira coluna para destilao contnua do tratamento de vinhos de raiz.
S em 1818 foram obtidos lcoois com graduaes inferiores e as colunas adaptadas destilao de
mosto de uvas. Esta era obtida a partir da condensao dos vapores de lcool que se libertavam
mediante o aquecimento do mosto fermentado. O teor alcolico na bebida destilada superior ao
mosto por causa do processo de purificao.
Ainda no h muito tempo o alambique era transportado para diversos locais, onde se
armazenavam e fermentavam os frutos nomeadamente medronhos.
As partes constituintes dum alambique e os melhoramentos mais recentes foram efetuados com o
intuito de produzir aguardentes de melhor qualidade. O design dos alambiques industriais tomam o
formato de colunas, conforme j foi referido, uma vez que esto vocacionados para produzir
quantidades elevadas de aguardente (Scriban, 1988).
A Inglaterra e a Frana foram as pioneiras na produo industrial pelo grande avano tecnologico
demonstrado nas suas destilarias.
Os alambiques de cobre tradicionais ainda so usados para a produo artesanal, principalmente da
aguardente de medronho, em algumas bebidas espirituosas industriais, como o Cognac, Scotch
Whisky, Ketel One Vodka e nas melhores marcas de cerveja do mundo. A sua forma tpica confere
bebida um gosto muito especial e nico. Alm de estarem preparados para a destilao
profissional, tambm so aplicados no uso domstico na produo de guas florais, leos
essenciais, bebidas espirituosas e outras bebidas destiladas (Scriban, 1988).
1.5. Controlo da Qualidade dos Produtos e dos Processos
Os componentes da qualidade dos alimentos podem ser diversos, como sejam os aspetos visuais, os
aromticos, o contedo nutricional, a textura, o sabor, a ausncia de contaminao biolgica ou
qumica, etc. (Damodaran et al., 2010).
O controlo da qualidade do produto faz-se de acordo com a sua natureza, contudo o controlo pode
ser analtico anlises fsico-qumicas, microbiolgicas e sensoriais.
1.5.1. Qualidade dos Produtos
Os padres de classificao de produtos perecveis fornecem critrios descritivos sobre o nvel de
qualidade dos produtos... No entanto, na escolha de qualquer alimento existe um nvel mnimo de
qualidade obrigatrio estabelecido, que garante a segurana alimentar. Esses padres auxiliam nas
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reclamaes, na marcao de preos por comparao, etc., indo tambm ao encontro com o que
pretendido pelo consumidor, e que pode ser diferenciador (Damodaran et al., 2010).
1.5.1.1. Aspetos Gerais Relacionados com a Vida de Prateleira
A vida de prateleira depende do tipo de produto, de parmetros intrnsecos e extrnsecos,
relacionados com a qualidade e segurana alimentar (QSA). De acordo com New Zeland Food
Safety Authority (2005), citado por Henriques (2008), a vida til de um alimento depende da
preparao (quantidade inicial presente), durao (contaminao adicional/cruzada), tipo de
ingredientes, processo produtivo, tipo de embalagem e condies de armazenamento. A sua
determinao efetuada mediante o periodo de vida estimado, podendo combinar anlises
qumicas e microbiolgicas. Segundo Labuza (2000) e a New Zeland Food Safety Authority
(2005), citado por Henriques e Barreto (2008) e Forsythe (2002), existem duas formas:
determinao e monitorizao direta ou mtodo direto e estimativa acelerada e/ou modelos de
microbiologia preditiva, vulgarmente designada por mtodo indireto.
Os mtodos diretos so os mais comuns e tm procedimentos exatos para cada tipo de alimento.
Baseiam-se numa bateria de amostras que so armazenadas em condies controladas durante um
intervalo de tempo superior vida til expetvel. As amostras so verificadas com intervalos
regulares de 20% do tempo de vida estipulado, com 6 estgios diferentes. Na avaliao so testados
atributos sensoriais como o odor, textura, aroma, cor e viscosidade, de forma a verificar o incio das
alteraes, identificando as causas de degradao relacionadas com o produto ou com o processo.
Na segunda forma, aplicada na maioria das vezes a produtos de longa durao Henriques e Barreto
(2008), as amostras esto sujeitas a um aumento da temperatura, acelerando de acordo com o
tempo de vida de prateleira (Forsythe, 2002). Posteriormente, ainda se podem fazer trs tipos de
ensaios microbiolgicos, sensoriais e fsico-qumicos. Todos estudam alteraes no alimento com
base no perodo de tempo estimado, mas cada um na sua rea.
A avaliao microbiolgica relaciona o tipo e o nmero de microrganismos, segundo Hough
(2003), citado por Henriques e Barreto (2008), a sensorial monitoriza parmetros organolticos.
De acordo com New Zeland Food Safety Authority (2005), tambm citado por Henriques e Barreto
(2008), a fsico-qumica estuda alteraes da qualidade, como o pH (potencial de hidrognio),
anlise da embalagem, do transporte, etc..
1.5.2. Qualidade dos Processos
Os processos de produo so controlados numa perspetiva de qualidade global, que segue um
controlo rigoroso.
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1.5.2.1. Plano de Controlo Anlise de Perigos e Controlo de Pontos Crticos
O sistema de APPCC foi criado para produzir alimentos seguros. Este protocolo est focado na
preveno da ocorrncia de riscos, sistemtico e interativo, envolvendo os manipuladores de
alimentos e a gerncia (Forsythe, 2002).
De acordo com o Reg. Retificativo n 852/2004 de 29 de Abril (art. 5), os princpios HACCP so
os seguintes:
Identificao de perigos que devam ser evitados, eliminados ou reduzidos para nveis aceitveis;
Identificao de todos os Pontos Crticos de Controlo (PCCs) em fase ou fases que devam ser
controlados;
Estabelecimento de limites crticos para cada PCC de forma a prevenir, eliminar ou reduzir o risco
de contaminao;
Estabelecimento e aplicao de processos de monitorizao eficazes de vigilncia;
Estabelecimento de medidas corretivas quando a vigilncia indicar que um PCC no se encontra
sob controlo;
Definio de processos de verificao de forma a comprovar a eficcia das medidas corretivas para
cada PCC;
Elaborar documentos e registos adequados que demonstrem a eficcia dos processos aplicados.
O limite crtico (Prncipio 3) a margem de segurana atribuida a cada PCC, em que pode variar
sem que saia do controlo, desde que no exceda o valor definido. Distingue o que ou no
aceitvel e seguido para cada medida preventiva/controlo. Neste parmetro podem ser avaliados
fatores de segurana anlises fsico-qumicas e microbiolgicas, e fatores de qualidade
relacionados com a aparncia avaliao sensorial/organoltica.
Os procedimentos de monitorizao (Princpio 4), controlam cada PCC, atravs de medidas e
observaes/aes corretivas (Princpio 5). As aes so complementadas com a verificao
(Princpio 6), e estabelecimento de documentao e registo (Princpio 7).
A frequncia com que a monitorizao efetuada (como e quem o faz), determina a perda de
controlo, isto , quando ultrapassa os limites crticos e existe necessidade de implementar de
imediato as aes corretivas.
De acordo com o Codex Alimentrius reviso 4 de 2003 e os Princpios HACCP do diploma
referido, o plano aplicado no presente estudo foi preparado de forma a garantir o controlo dos
perigos significativos para a inocuidade dos licores, ao mesmo tempo que estabelece evidncias
cientficas.
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1.6. Atividade Artesanal
A atividade artesanal uma atividade econmica de valor cultural e social reconhecido. Esta
atividade est associada ao turismo gastronmico, uma vez que assenta na produo de bens
alimentares de raiz tradicional, privilegia o equilbrio entre a fidelidade aos processos
antigos/origem e a abertura inovao (lvarez, 2007).
Apenas 64 empresas na rea alimentar se encontram no registo nacional do artesanato (DGADR,
2012a).
1.6.1. Produto Artesanal
O produto artesanal diverso e caracteriza-se pelo carter diferenciado relativamente produo
industrial. Ao longo dos tempos tem sido adaptado a novos processos produtivos, equipamentos e
tecnologias de produo, a fatores de ordem ambiental, de higiene e segurana no local de trabalho,
mas salvaguardando a natureza e a qualidade do produto ou servio final. Ele reproduz o modelo
portugus que o origina, com vnculo em histrias de vida que nos transmitem afetos (PPART,
2012).
1.6.2. Certificao de Produto Alimentar Artesanal
A acreditao uma declarao de imparcialidade, competncia e independncia de uma
certificao em relao a normas. Embora a iniciativa seja voluntria, em muitos setores da Europa
tornou-se obrigatria, uma vez que permite estabelecer a confiana nos certificados emitidos
(Ecocert, 2012).
O produto artesanal certificado para alm de garantir a qualidade, tem ligaes a fatores
identitrios, culturais e tem forte componente tradicional.
Os diplomas relacionados com os Estatutos do Arteso e da UPA, e atividades artesanais, DL n
110/2002 de 16 de Abril e a Portaria n 1193/2003 de 13 de Outubro, tm como principais
objetivos a dignificao das profisses artesanais, maior visibilidade e valorizao social.
Pretendem tambm divulgar, promover, discriminar positivamente o setor, atribuir incentivos,
reforar a conscincia social da identidade cultural e dinamizar localmente.
Para o reconhecimento do produto artesanal necessrio que a atividade seja exercida em UPA
reconhecida, microempresa licenciada, constituida no mximo por 9 trabalhadores. O produto tem
de ser confecionado por um arteso igualmente reconhecido. Em qualquer tipo de certificao o
operador fiscalizado por um rgo independente privado, credenciado de acordo com a (s) norma
(s) relativa (s) certificao pretendida. Uma das normas a Organizao Internacional para
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Patronizao (referncia 65), especfica para entidades certificadoras. Para os operadores
certificarem os seus produtos tm primeiro que enviar a sua candidatura a um organismo ou
autoridade de controlo e notificar a sua atividade s autoridades responsveis do seu Estado-
Membro. Depois das instalaes, mtodos de produo e documentao serem inspecionados
ento reconhecido pelo organismo de controlo. Posteriormente emitido um documento
devidamente carimbado e assinado pelas entidades envolvidas (Ecocert, 2012).
De acordo com o DL n 110/2002 de 16 de Abril e a Portaria n 1193/2003 de 13 de Outubro, a
garantia da conformidade do produto possibilita o uso do logtipo referente certificao em causa
e do simbolo da entidade certificadora, mediante as definies grficas do documento legal que o
designa. Os processos de certificao contribuem para a defesa do consumidor, qualifica o
artesanato, tornando-o competitivo e com futuro.
No caso dos produtos BIOs, as exploraes agrcolas passam por um perodo de converso
relativamente ao modo de produo, em que so inspecionadas e posteriormente aprovadas. As
exigncias e o rigor de controlo aplicado na operao deste tipo de agricultura, em toda a cadeia de
produo e comrcio requerem um grande nmero de pessoas, o que se reflete no custo e no preo
do produto final (Ecocert, 2012).
Para certificar os licores como BIO, todos os ingredientes utilizados tm de ter origem BIO, ou seja
Modo de Produo Biolgico (MPB), incluindo a Rom, o Poejo e a Hortel-Pimenta, que do
nome aos licores.
O produto alimentar artesanal distingue-se pelo smbolo especfico referido na Portaria n
1085/2004 de 31 de Agosto; que tambm descreve as regras relativas ao seu uso.
1.7. Estatuto do Arteso, da Unidade Produtiva Artesanal e Atividades Artesanais
Os estatutos so reconhecidos pela Comisso Nacional para a Promoo dos Ofcios e das
Microempresas Artesanais, sujeito tambm ao parecer vinculativo dos servios do Ministrio da
Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. O parecer feito atravs da emisso de
ttulos Carta de arteso e Carta de UPA (DL n 110/2002 de 16 de Abril, art. 10 e 13).
Arteso o trabalhador com domnio nos saberes e tcnicas, com sentido esttico apurado e percia
inerentes atividade artesanal. Deve encontrar-se a trabalhar por conta prpria ou por conta de
outrem, em UPA reconhecida. Este estatuto reconhecido atravs da atribuio de um ttulo
designado por carta de arteso, relativamente a uma ou mais atividades artesanais. O arteso tem
de demonstrar dedicao no exerccio da atividade na UPA reconhecida, mesmo que trabalhe por
conta prpria, e disponibilidade para transmitir os seus conhecimentos, colaborando em projetos.
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No processo produtivo a interveno pessoal tem de ser predominante, fidelizado ao processo de
fabrico tradicional e genuno (PPART, 2012).
UPA toda e qualquer unidade econmica, legalmente constituda e devidamente registada,
designadamente sob as formas de empresrio em nome individual, estabelecimento individual de
responsabilidade limitada, cooperativa, sociedade unipessoal ou sociedade comercial que
desenvolva uma atividade artesanal (PPART, 2012).
A informao a ttulo informativo, nomeadamente a requisitos necessrios aquisio de estatutos
e criao de empresa, encontra-se em diversos documentos reunidos nos Anexo 1 e 2 do presente
estudo.
1.7.1. Apoios ao Artesanato e aos Artesos
Segundo informaes recolhidas por via eletrnica ([email protected]), no que respeita
a apoios diretos e indiretos do Instituto de Emprego e Formao Profissional (IEFP) ao artesanato e
aos artesos, podem-se agrupar trs reas:
1. Apoios em termos de formao profissional em diversos domnios (aperfeioamento, reciclagem,
especializao). Relativamente a este domnio o Centro de Formao Profissional do Artesanato
(CEARTE), uma boa fonte de informao.
2. Apoios para a criao do prprio emprego e ao arranque do projeto recorrendo aos dispositivos e
medidas disponveis para qualquer atividade. Destinado no somente ao artesanato,
designadamente as constantes no Programa de Apoio ao Empreendedorismo e Criao do Prprio
Emprego (PAECPE). De acordo com a Portaria n 58/2011 de 28 de Janeiro, existem apoios
destinados aos desempregados beneficirios do subsdio de desemprego; e no Plano Nacional de
Microcrdito.
3. Apoios na rea da promoo do artesanato a artesos e UPA portadores de carta atravs da
participao institucional na Feira Internacional de Artesanato (FIA), em Lisboa. A cada edio
realiza-se uma exposio temtica, com publicao de catlogo e apoio financeiro participao de
120 artesos provenientes de todo o pas. Os artesos portadores de carta candidatam-se
anualmente nos respetivos centros de emprego obteno do apoio que se consubstancia na
atribuio de um stand de 9 m a custo zero (IEFP, 2012).
Para as melhores peas de artesanato tradicional e contemporneo concretiza-se a atribuio do
Prmio Nacional de Artesanato, de edio bienal e temtica. Na edio de 2013 a temtica
"Entrelaar As artes de trabalhar e entrelaar fibras vegetais" (consultado em
http://www.ppart.gov.pt). Concesso de apoio financeiro organizao de feiras de artesanato de
mbito local, regional e nacional e participao dos artesos nas mesmas. Neste caso, apoiando as
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organizaes das feiras no escoamento dos produtos artesanais, dependendo das disponibilidades
financeiras de cada centro de emprego. Os artesos podem tambm obter apoios diretos sua
participao nos certames (comparticipao nas despesas de inscrio, transporte, alojamento, etc.)
(PPART, 2012).
Fora do mbito de interveno direta do IEFP, importa frisar que, nos termos da lei, todas as
medidas pblicas de apoio e promoo dos artesos e do artesanato pressupem que os seus
destinatrios so portadores da respetiva carta. Da que as principais feiras do pas valorizem os
produtores artesanais que cumprem esse requisito. Nalguns casos condio de participao nos
eventos, noutros dada prioridade aos portadores de carta ou so oferecidas melhores condies de
participao.
No caso especfico dos sistemas de certificao de produtos artesanais tradicionais no alimentares,
cujo acesso por parte dos produtores depende de se encontrarem reconhecidos com carta, alm de
cumprirem, naturalmente, os cadernos de especificaes estabelecidos para aqueles produtos.
Atualmente, no continente, os produtos artesanais tradicionais passveis de certificao so os
seguintes: Lenos de Namorados do Minho, Bordado de Viana do Castelo, Bordado de Guimares,
Olaria de Barcelos e Figurado de Barcelos (IEFP, 2012).
1.8. Agricultura Biolgica
A rea agrcola total (Superfcie Agricola Utilizada SAU, inclui terras arveis, ou seja limpas e
cobertas de matas/florestas, horta familiar, culturas e pastagens permanentes) em Portugal (2008)
de 3767 000 hectares (Almeida, 2010). Sendo a utilizada na agricultura BIO de 6,6%,
principalmente em Parques Naturais e reas da rede Natura 2000, dominando as pastagens e o
olival (Ferreira, 2009).
A agricultura BIO em Portugal tem vindo a aumentar nos ltimos anos. Em 1993 existiam 73
produtores e at 2007 rapidamente cresceu para 1 949. Hoje, mais de 233 000 hectares so geridos
de forma orgnica (Almeida, 2010).
A agricultura BIO um sistema de produo agrcola que utiliza tcnicas e produtos que
permitem uma agricultura suficientemente produtiva e sustentvel a longo prazo, sem afetar o meio
ambiente e a sade do consumidor (Ferreira, 1992).
Este processo dinmico est em constante adaptao regio e s suas caractersticas sociais,
culturais, de solo e de clima, e onde se renem tambm aspetos econmicos e ecolgicos.
Este tipo de agricultura tem como objetivos produzir alimentos de elevada qualidade nutritiva, sem
resduos txicos. Manter e melhorar a fertilidade do solo a longo prazo, preservando os recursos
naturais solo, gua e ar, evitando todas as formas de poluio agrcola e o uso de recursos no-
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renovveis. Preservar recursos genticos vegetais e animais, mantendo variedades regionais e raas
autctones. Praticar mtodos que respeitem as necessidades fisiolgicas dos animais e os princpios
ticos; e valorizar a agricultura. As boas prticas agrcolas promovem a biodiversidade,
indispensvel ao equilbrio da Terra (DGADR, 2012b).
Segundo um estudo da Food and Agriculture Organization (FAO) em 1984, citado por Ferreira, a
perda da biodiversidade agrcola em todo o mundo, da ordem dos 75%. Est associada ao
abandono do cultivo das variedades regionais agrcolas (desertificao humana do meio rural e
aglomerao no meio urbano, desaparecimento das empresas agrcolas familiares) e substituio
das sementes hbridas (produzidas a partir de polinizao cruzada de plantas distintas), (Ferreira,
2009).
O MPB implica restries no que se refere utilizao de fertilizantes ou de pesticidas que possam
produzir efeitos desfavorveis ao ambiente, ou ter como resultado a presena de resduos nos
produtos agrcolas (DGADR, 2012b).
1.8.1. Produtos Biolgicos
Tal como foi referido anteriormente, os produtos BIO tm elevada qualidade nutricional e no
contm residuos txicos na sua constituio. A sua produo mais eficiente energeticamente,
consomem menos combustveis fsseis/minerais, so mais ecolgicos (menor emisso de carbono),
existe um aproveitamento da biomassa excedente (gs metano, vento e sol). A produo BIO
aumenta tambm a diversidade e intensidade das atividades produtivas (produo de legumes,
frutas, produo florestal de frutos secos, madeira, etc.), desenvolvimento ornamental e social
(desenvolvimento local de bens e servios geradores de emprego). A prtica permite uma maior
qualidade alimentar e de vida em geral, pelos produtos mais saudveis provenientes de hortas
sociais, quintas pedaggicas BIOs, mercados pblicos de produtos BIOs organizados, etc. (Ferreira,
2009 e 2010).
1.8.2. Certificao de Produto Biolgico
O rtulo comunitrio para os produtos BIO usado a nvel nacional e salvaguarda que pelo menos
95% dos ingredientes do produto tm origem orgnica. A certificao segue as regras do regime de
controlo oficial; garante que o produto vem diretamente do produtor ou preparado em pacote
selado. O mesmo ostenta o nome do produtor, preparador ou vendedor e o nome ou cdigo do
organismo de controlo (Almeida, 2010).
Para a atribuio desta meno que seguir e respeitar as regras especficas para a agricultura
orgnica, mantendo a raiz tradicional.
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O operador orientado e fiscalizado por um rgo privado credenciado. A acreditao a
declarao de imparcialidade, competncia e independncia de uma certificao em relao a
normas, ISO (Organizao Internacional para Padronizao) referncia 65 e Norma Portuguesa e
Norma Europeia (EN) 45011:2001, relativos ao sistema de gesto de Segurana Alimentar (SA) de
auditoria e certificao de sistemas de gesto. As normas esto de acordo com a NP EN ISO/IEC
(International Electrotechnical Commission) 17021:2006, relacionada com a avaliao da
conformidade (Ecocert, 2012 e Instituto Portugus da Qualidade IPQ, 2007).
Embora a acreditao seja de origem e de iniciativa voluntria, tornou-se obrigatria em muitos
setores da Europa, uma vez que permite estabelecer a confiana nos certificados emitidos.
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CAPTULO II ESTUDO EXPERIMENTAL MATERIAIS E MTODOS
Considerando a problemtica da viabilidade de novos licores regionais, estudaram-se diferentes
reas para conhecer os produtos. Relativamente ao melhor servir, entender motivos e nveis de
satisfao dos consumidores, e identificar situaes que possam ser melhoradas.
O estudo descritivo e exploratrio apresentado trata uma rea pouco explorada, e da a dificuldade
na investigao. Tambm noutras abordagens, especialmente ao nvel da produo, comrcio de
licores e desenvolvimento do processo de produo foram notadas a falta de valores e mtodos que
pudessem servir de referncia ao estudo.
Embora os procedimentos experimentais no estejam separados desta forma, pode-se dizer que
sinteticamente desenvolveram-se em cinco fases distintas. A primeira fase apresenta elementos
relacionados com o processo e local de produo dos produtos em estudo. A segunda constitui o
controlo da segurana e da qualidade dos produtos, onde consta um plano baseado no sistema
HACCP, anlises sensoriais e fsico-qumicas. De seguida explora-se o controlo ao nvel legal, que
inclui a certificao. Posteriormente refere-se os apoios associados criao de empresa e estudos
externos ao produto, relacionados com o design e a rotulagem. Por ltimo apresenta-se o estudo de
mercado que utiliza como ferramentas a entrevista, a visita e os inquritos, e que foi realizado em
paralelo ao desenvolvimento do produto.
Os temas explorados tm efeito direto na qualidade do produto e por conseguinte na sua
aceitabilidade/viabilidade.
2.1. mbito e Incidncia do Estudo
A informao referente aos mercados essencial para o planeamento e desenvolvimento das reas
do presente estudo tecnolgica, scio-econmica e comercial. Assim sendo, necessrio
aprofundar o conhecimento no mbito do desenvolvimento e lanamento de novos produtos, co-
relacionando variveis de mercado.
Na vertente tecnolgica so abordados aspetos relacionados com o produto e o processo,
nomeadamente, matrias-primas, materiais, equipamentos, tcnicas e conceitos.
A vertente scio-econmica incide na representatividade dos licores em determinadas zonas de
interesse, percebendo quais os fatores de carcter econmico implicados e os de viabilidade
financeira.
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A vertente comercial ajuda na diferenciao de produtos, considerando as variveis que possam
afetar a aceitao de licores regionais, valorizando os aspetos positivos e negativos implicados no
ato da compra.
Desta forma o estudo ter por base os seguintes pontos:
O mercado de licores tradicionais;
As variveis de mercado;
O desenvolvimento de novos produtos licores BIOs ou licores parcialmente BIOs de
produo artesanal;
A validao de fatores de qualidade associados aos novos produtos (SA/componente
organoltica);
Tratamento de imagem da gama de licores.
A rea especfica de estudo assenta no desenvolvimento e no lanamento de novos produtos,
especificamente licores tradicionais de fabrico artesanal com ingredientes naturais e BIOs.
Os dados estatsticos incidem no conselho de Gavio na medida em que o local de produo e
venda se encontram abrangidos. Todavia, importa destacar que este facto no restringe a populao
unicamente a esta vila e rea circundante, visto que outras pessoas passantes e turistas podero
visitar o local. Est programada para uma fase mais avanada, colocar os produtos noutros postos
de venda mais abrangentes, e da a razo de um outro estudo qualitativo complementar. Esta parte
do estudo foi realizado numa grande e conhecida superfcie, o El Corte Ingls de Lisboa e serve
tambm de auxlio para a elaborao dos questionrios. A escolha deste local deve-se sua
qualidade e diversidade de produtos que expe.
2.2. Objetivos da Investigao
No caso de estudo pretende-se avaliar a aceitao de licores de cariz regional com uma vertente
BIO inovadora no mercado portugus. A comparao com produtos lderes dos principais
produtores permitir estudar problemticas inerentes ao produto e ao processo, bem como pontos
fortes e fracos ao nvel do mercado, minimizando o impacto negativo.
A pergunta de partida Ser que exequvel uma nova gama de licores dentro da oferta e da
procura existente? A mesma serviu de fio condutor ao desenvolvimento da temtica.
Diversos e variados atributos tangveis e intangveis do produto contribuem para o comportamento
do consumidor, para alm de outros fatores relacionados com as caratersticas do indivduo, gostos
e preferncias pessoais, que despertam as intenes comportamentais.
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Neste sentido, o objetivo principal conhecer o modo como o consumidor escolhe, decide e avalia
o produto artesanal, e saber se as caractersticas BIOs podem ou no influenciar na escolha.
O estudo de mercado permite avaliar e conhecer os seguintes objetivos especficos:
Examinar e comparar o desenvolvimento de licores em geral, com especial ateno para os de cariz
regional.
Aprofundar conhecimentos tecnolgicos sobre licores.
Examinar nveis, frequncias de consumo e outros fatores determinantes no ato da compra.
Conhecer diferentes caminhos que valorizem a natureza e que possa alavancar os novos produtos.
Estudar motivaes que ajudem a desenvolver modelos estratgicos e aferir o grau de aceitao,
para determinar a exequibilidade do projeto.
Os objetivos do estudo resultam da conscincia do mercado existente, onde a inovao cada vez
mais determinante para o desenvolvimento e valorizao do produto gastronmico.
Assim o projeto incidir na investigao de viabilidade e de aceitao de uma nova linha de licores
regionais que competem com outros existentes no mercado.
2.3. Metodologia
As leituras auxiliaram na compreenso do processo de desenvolvimento e lanamento de novos
produtos no mercado, interligando-os com fatores de segurana, de qualidade e de inovao de
produtos/servios, que sero complementares no trabalho de investigao. As pesquisas foram
pertinentes na concretizao dos objetivos em causa, uma vez que ajudaram a definir conceitos
relacionados com o desenvolvimento de produtos. Permitiram tambm conhecer a realidade atual
no turismo gastronmico, especificamente em licores regionais como produtos tursticos e a
conhecer o mercado de licores de fabrico artesanal/tradicional. As te