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    Tribunal de Justia de Mato Grosso do Sul TJ-MSFL. 746

    0023834-08.2012.8.12.0000

    4 de dezembro de 2012

    4 Cmara Cvel

    Agravo - N 0023834-08.2012.8.12.0000 - Aparecida do TaboadoRelator Exmo. Sr. Des. Claudionor Miguel Abss DuarteAgravante : Julio Cesar Souza RodriguesAdvogado : Julio Cesar Souza RodriguesAgravado : Ministrio Pblico EstadualProm. Justia : Oscar de Almeida Bessa Filho

    Outro nome : Andr Alves Ferreira

    E M E N T A AGRAVO DE INSTRUMENTO AOCIVIL PBLICA POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA CONTRATAO DE SERVIOS ADVOCATCIOS INEXIGIBILIDADEDE LICITAO RECONHECIMENTO SINGULARIDADE DOSSERVIOS E NOTRIA ESPECIALIZAO COMPROVADAS DEPLANO ATO DE IMPROBIDADE INEXISTENTE RECURSOPROVIDO.

    A contratao de servios de advogado por inexigibilidade delicitao admissvel (artigos. 25, II e 13, V, da Lei 8.666/93).

    Desde que comprovado, de plano, o preenchimento dos requisitoslegais (singularidade dos servios e notria especializao), no h se falar emato de improbidade, podendo a ao civil pblica ser rejeitada, liminarmente,nos termos do que dispe o art. 17, 8, da Lei de Improbidade Administrativa(includo pela Medida Provisria n. 2.225-45, de 2001), para evitar uma lidetemerria.

    A C R D OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os juzes da 4

    Cmara Cvel do Tribunal de Justia, na conformidade da ata de julgamentos e das notastaquigrficas, por unanimidade e contra o parecer, dar provimento ao recurso, nostermos do voto do relator.

    Campo Grande, 4 de dezembro de 2012.

    Des. Claudionor Miguel Abss Duarte - Relator

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    0023834-08.2012.8.12.0000

    R E L A T R I OO Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte.

    Julio Cesar Souza Rodrigues, qualificado nos autos, inconformadocom a deciso proferida pela Juza de Direito da 2 Vara da Comarca de Aparecida deTaboado, que recebeu a inicial da Ao Civil Pblica n 0800140-36.2011.8.12.0024,que lhe move o Ministrio Pblico Estadual (f. 651/655), interpe agravo deinstrumento.

    Sustenta que manifestamente inadmissvel a ao civil pblicamovida pelo Ministrio Pblico, pois a contratao dos servios advocatcios doagravante, com dispensa de licitao, pelo Municpio de Aparecida do Taboado,encontra respaldo no art. 25, II, c/c 13, V, da Lei n 8.666/93, haja vista que o recorrente

    possui notria especializao e singular o servio prestado.Alega que esto configurados os requisitos para a concesso de efeito

    suspensivo ao recurso, tendo em vista a razoabilidade dos fundamentos elencados peloagravante e o periculum in mora, pois o simples recebimento de ao civil pblica,envolvendo o tema da improbidade administrativa, pode gerar danos imagem do

    profissional.Pede que seja concedido o efeito suspensivo ao presente recurso, a fim

    de que a ao civil pblica tenha seu curso sobrestado, e, ao final, requer o provimentodo agravo.O recurso foi recebido apenas em seu efeito devolutivo e foram

    dispensadas as informaes do juiz da causa (f. 674/675).Devidamente intimado, o agravado apresentou as contrarrazes (f.

    679/693), requerendo o improvimento do agravo.A Procuradoria-Geral de Justia opina pelo improvimento do recurso

    (f. 698/705), alegando que:

    "a inicial da Ao Civil Pblica promovida pelo Ministrio Pblicopreenche os pressupostos processuais de admissibilidade, os quais no

    foram contestados pelo Agravante, bem como traz a descrio precisa dosfatos que demonstram a configurao da improbidade administrativa emface da irregular contratao pelo Municpio de Aparecida doTaboado/MS, dos servios jurdicos prestados pelo Agravante cominexigibilidade da licitao, com base na vasta documentao coligida nosautos, de modo a caracterizar suficiente violao dos princpios que regema Administrao Pblica"(f. 704)

    O agravante juntou novos documentos (f. 708/736), sobre os quais aProcuradoria-Geral de Justia se manifestou, ratificando o parecer acima referido,acrescentando que eventual opinio favorvel do Ministrio Pblico ao agravante, no

    tocante ausncia de justa causa em ao penal, no interfere no juzo deadmissibilidade da Ao Civil Pblica (f. 740/741).

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    0023834-08.2012.8.12.0000

    V O T OO Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte. (Relator)

    Julio Cesar Souza Rodrigues, qualificado nos autos, inconformadocom a deciso proferida pela Juza de Direito da 2 Vara da Comarca de Aparecida deTaboado, que recebeu a inicial da Ao Civil Pblica n 0800140-36.2011.8.12.0024,que lhe move o Ministrio Pblico Estadual (f. 651/655), interpe agravo deinstrumento.

    Sustenta que manifestamente inadmissvel a ao civil pblica

    movida pelo Ministrio Pblico, pois a contratao dos servios advocatcios doagravante, com dispensa de licitao, pelo Municpio de Aparecida do Taboado,encontra respaldo no art. 25, II, c/c 13, V, da Lei n 8.666/93, haja vista que o recorrente

    possui notria especializao e singular o servio prestado.Alega que esto configurados os requisitos para a concesso de efeito

    suspensivo ao recurso, tendo em vista a razoabilidade dos fundamentos elencados peloagravante e o periculum in mora, pois o simples recebimento de ao civil pblica,envolvendo o tema da improbidade administrativa, pode gerar danos imagem do

    profissional.Pede que seja concedido o efeito suspensivo ao presente recurso, a fim

    de que a ao civil pblica tenha seu curso sobrestado, e, ao final, requer o provimento

    do agravo. O recurso foi recebido apenas em seu efeito devolutivo e foramdispensadas as informaes do juiz da causa (f. 674/675).

    Devidamente intimado, o agravado apresentou as contrarrazes (f.679/693), requerendo o improvimento do agravo.

    A Procuradoria-Geral de Justia opina pelo improvimento do recurso(f. 698/705), alegando que:

    "a inicial da Ao Civil Pblica promovida pelo Ministrio Pblicopreenche os pressupostos processuais de admissibilidade, os quais noforam contestados pelo Agravante, bem como traz a descrio precisa dos

    fatos que demonstram a configurao da improbidade administrativa emface da irregular contratao pelo Municpio de Aparecida doTaboado/MS, dos servios jurdicos prestados pelo Agravante cominexigibilidade da licitao, com base na vasta documentao coligida nosautos, de modo a caracterizar suficiente violao dos princpios que regema Administrao Pblica"(f. 704)

    O agravante juntou novos documentos (f. 708/736), sobre os quais aProcuradoria-Geral de Justia se manifestou, ratificando o parecer acima referido,acrescentando que eventual opinio favorvel do Ministrio Pblico ao agravante, notocante ausncia de justa causa em ao penal, no interfere no juzo de

    admissibilidade da Ao Civil Pblica (f. 740/741).O recurso deve ser providoO Ministrio Pblico Estadual ajuizou Ao Civil Pblica em face do

    agravante e do ento Prefeito de Aparecida do Taboado, em razo da contratao deservios de advocacia, com base na hiptese de inexigibilidade de licitao (notria

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    especializao e complexidade dos servios a serem prestados), supostamente sem opreenchimento dos requisitos legais pertinentes ao caso.

    O agravante, inconformado com o recebimento da ao, se insurge porintermdio do presente recurso, por entender que possui notria especializao e oservio complexo, singular.

    De fato, o juzo prvio previsto no art. 17, 8, da Lei n 8.429/92 (quepossui natureza de julgamento antecipado da lide) pode ser favorvel ao requeridoquando a conduta estiver cabalmente demonstrada a inexistncia do fato ou a noconcorrncia para o dano.

    Nesse sentido, ensina a doutrina:

    "Ao aludir o 8 " rejeio da ao" pelo juiz quando convencidoda " inexistncia do ato de improbidade" , institui u-se hiptese de

    jul gamento antecipado da li de (jul gamento de mrito), o que, a nossojuzo, atpelas razes acima expostas, s deve ocorrer quando cabalmentedemonstrada, pela resposta do noti f icado, a inexistncia do fato ou a suano concorrncia para o dano ao patr imnio pbl ico. Do contrrio, seter por feri do o di reito prova do alegado no cur so do processo (art. 5,LV), esvaziando-se, no plano ftico, o di reito consti tucional d ao (ar t.5, XXXV) e impondo-se absolvio liminar sem processo. Relembre-se,mais uma vez, que no momento preambular, antecedente a r ecebimento da

    ini cial, no se volta a um exame aprofundado da causa petendi expostapelo autor em sua vestibular, servindo precipuamente, como j dito, comoinstrumento de defesa da prpria jur isdio, evitando lides temerrias.

    Poderamos afirmar, sem medo, que, tal como se verifica na searaprocessual penal, deve o Magistrado, neste momento, servir-se do princpioin dubio pro societate, no coartando, de forma perigosa, a possibilidade dexito do autor em comprovar, durante o processo, o alegado na inicial.Tambm ser possvel o julgamento antecipado da lide, com a "rejeio daao", nas hipteses de induvidosa ocorrncia de prescrio (art. 23 da

    LIA).Tal deciso negativa, na linha de interpretao aqui exposta, porque

    fulcrada em slidos elementos, e no numa mera "insuficincia probatria",

    inviabilizar o ajuizamento de uma segunda ao pelo mesmo fundamento,mesmo que surjam provas novas (art. 16 da Lei da Ao Civil Pblica).J ao tratar da "rejeio da ao" em razo de sua "improcedncia",

    o mesmo 8 alude hiptese de rejeio da inicial por falta de um dospressupostos processuais ou de uma das condies da ao, o que seria atdesnecessrio em razo da regra do art. 295 do CPC. Aqui sim, a"insuficincia de provas" poder ser thema decidendum, uma vez que a

    justa causa participa do conceito de interesse processual, condio aolegtimo exerccio do direito de ao. Assim, por se tratar de decisomeramente terminativa, nada impede, a princpio, a renovao da demanda

    pelo mesmo fundamento (art. 268 do CPC)."

    Como visto, o juzo de admissibilidade previsto no art. 17, 8, daLei da Improbidade Administrativa, cumpre a funo de filtro das lides temerrias,evitando-se o desgaste do Poder Judicirio com demandas que no tenham a menoraptido para serem objeto e apreciao, circunstncia que deve estar demonstrada, de

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    plano, na hiptese de "rejeio", e, no caso de no comprovao dessa inaptido, a aodeve ser admitida e prosseguir at o julgamento final.

    A deciso agravada, ao justificar o recebimento da ao, apresentou osseguintes fundamentos (f. 654/655):

    "Compulsando os autos, constato que a petio inicial contmnarrativa dos fatos configuradores, em tese, da improbidade administrativa,que o que basta, diante das normas contidas nos arts. 9, 10 e 11 da Lei n8.429/92, para que seja possvel aplicar as sanes previstas no art. 12 dareferida lei, se for o caso.

    Sob pena de esvaziar de utilidade a instruo e impossibilitar aapurao judicial dos ilcitos, nas aes de improbidade administrativa, a

    petio inicial no precisa descer a mincias das aes ou omissespraticadas pelos rus, sendo suficiente a descrio genrica dos fatosimputados para bem delimitar o permetro da demanda e propiciar o

    pleno exerccio do contraditrio e do direito de defesa.Ora, existem elementos para o recebimento da inicial. A simples

    alegao de que no houve leso ao errio, inocorrncia de ato deimprobidade, dolo, ou culpa que justifiquem a continuidade da demandano justificam o pedido que ora se pretende ver possvel.

    Observe-se, entretanto, que o exame aprofundado das provas e a

    valorao detida e minuciosa dos elementos e argumentos trazidos pelaspartes devem ser feitos no momento oportuno, por ocasio da sentena demrito.

    Sendo assim, faz-se necessria a instruo probatria a fim depossibilitar a anlise mais profunda do caso para se chegar verdade dosfatos.

    Posto isto e por tudo mais que dos autos consta, no se fazendopresentes nenhuma das causas legais ensejadoras da rejeio da peainaugural da presente Ao de Improbidade Administrativa, insculpidas noart. 17, 8 da Lei n 8.429/92, RECEBO a inicial em todos os seus termos,e determino o prosseguimento do feito, com fulcro no art. 17, 9, da Lei n8.429/92."

    Como visto, o julgador a quo considerou necessria a instruoprocessual, para se convencer a respeito da comprovao ou no do ato de improbidade.

    Assim, o tema central do presente recurso reside em descobrir se ahiptese versada de lide temerria, ou seja, se h ou no condies para aadmissibilidade da propositura de ao civil pblica.

    No tocante aos pressupostos processuais, nem o agravante apresentaquestionamentos (juiz devidamente investido na funo, competncia, coisa julgada,citao vlida, etc), razo por que a rejeio da ao, por qualquer destes fundamentos, invivel, sendo desnecessrias maiores discusses sobre o tema.

    Entretanto, no tocante ao argumento referente inexistncia de ato de

    improbidade, os documentos juntados pelo agravante demonstram, de plano, que acontratao dos seus servios no constituram dispensa indevida de licitao, ou seja, aconduta a ele imputada no ofende as leis de Licitaes e de Improbidade, fato que

    prescinde de dilao probatria para ser verificado.

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    Do ponto de vista formal, o procedimento de dispensa de licitao, emrazo da alegada inexigibilidade, em princpio, regular, at porque o "Parquet" nomencionou nenhuma irregularidade neste sentido.

    No tocante constatao de que no foi praticado nenhum ato deimprobidade pelo agravante, a anlise documental robusta.

    Conforme esclarecido anteriormente, a contratao do recorrentetornou-se possvel porque o Municpio de Aparecida do Taboado necessitava deservios singulares de advocacia, para atender necessidade excepcional, na atuao

    profissional em demandas de natureza possessria, em situao concreta relevante aosinteresses municipais.

    No procedimento referente ao contrato n 022/2011, o Prefeito assimjustificou a dispensa de licitao:

    "Ante a documentao apresentada pelo profissional, em especial oseu Curriculum Resumido, constando, inclusive, os ttulos de PsGraduao Lato Sensu e de Mestre, a contratao dever ocorrer comdispensa de licitao conforme possibilita a Lei 8.666/93, em seus artigos13 e 25. Assim, portanto, os servios descritos no art. 13 da referida lei,

    para que sejam contratados sem licitao, devem ter natureza singular e serprestados por profissional notoriamente especializado, cuja escolha estadstrita discricionariedade administrativa.

    Cabe observar que o j citado art. 13, da Lei 8.666/93, totalmenteclaro ao explicitar que assessorias ou consultorias tcnicas e a atuao emcausas judiciais ou administrativas devem ser consideradas como serviostcnicos profissionais especializados, por compreender servios de natureza

    singular a ser realizados por profissionais de notria especializao.No presente caso, o advogado a ser contratado preenche todos os

    requisitos necessrios para a contratao pela municipalidade, com adispensa de licitao aventada anteriormente, uma vez que possui notrioconhecimento especializado na rea do direito.

    No que tange a necessidade da contratao do referido profissional,esta se faz em razo de causas complexas e de grande valor patrimonial

    para a municipalidade. Sem falar que o advogado exercer advocaciapreventiva e consultiva em diversas reas do direito, no interesse doMunicpio.

    Verifica-se, ainda, que o profissional prestar consultoria e atuarnos processos administrativos junto ao Tribunal de Contas, bem como aexercer a advocacia no Tribunal de Justia de Mato Grosso do Sul, noSuperior Tribunal de Justia e Supremo Tribunal Federal. Lembrando que omandado concedido ao mencionado advogado possui caracterstica intuito

    personae, onde o elemento essencial a confiana, o que por si sinviabiliza a licitao.

    Ressalta-se que, o interesse do Municpio deve sempre prevalecer e,mesmo que este possua um quadro prprio de advogados, no existe

    nenhum impedimento visando a contratao de outros profissionais semlicitao, conforme prev o art. 25 da Lei 8.666/93, j que existe ainviabilidade de competio, para o processo licitatrio, tendo em vista aespcie de servios de natureza singular em que o profissional contratado

    possua especializao to notria que o seu trabalho se revele,

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    indiscutivelmente como o mais adequado satisfao dos interesses emcausa.

    Os honorrios solicitados para a prestao dos servios da ordemde R$ 15.300,00 (quinze mil reais) mensais, com contratao pelo perodode um ano, se mostram adequados a realidade do municpio e condizentecom a prestao de servio a ser contratada." (f. 83/85)

    Na minuta do contrato, consta que o contratado atuar em causascomplexas e de grande valor patrimonial para a municipalidade, alm do patrocnio derecursos perante o Tribunal de Justia e no STJ, alm do Tribunal de Contas do Estado

    (f. 87).Para demonstrar a singularidade e a complexidade dos servios, o

    agravante juntou diversos documentos, entre eles:1 - parecer jurdico envolvendo a lide existente entre o Municpio de

    Aparecida do Taboado e a Fundao Stnio Congro, envolvendo bens pblicos eprestao de servios de radiodifuso (f. 136/153);

    2 ajuizamento de ao de reintegrao de posse em face da FundaoStnio Congro e impugnao contestao (f. 155/172 e 244/252);

    3 ajuizamento de ao de obrigao de fazer em face da RdioCultura FM 105,5 e Fundao Stenio Congro, e impugnao contestao (f. 173/217 e233/243);

    4 interposio de recurso de apelao referente Ao Civil Pblican 0002119-03.2010.8.12.0024 (f. 220/232);

    5 contrarrazes ao recurso de agravo de instrumento, relativamente deciso que deferiu pedido de liminar, na ao de reintegrao de posse (f. 253/268);

    6 recursos de agravo de instrumento e regimentais n 2011.007967-6, 2011.007967-6/0001.00 e 2011.007143-6/0001.00 (f. 270/354);

    7 elaborao de minuta de Decreto Municipal (f. 358/359);8 solicitaes de documentos (alguns especificamente em relao s

    requisies feitas pelo Ministrio Pblico Estadual), elaborao de minutas de pedido dedireito de resposta, de comunicado de licitao telefnica, de requerimento

    administrativo ao Ministrio das Comunicaes, e interposio de recurso dereconsiderao perante o Tribunal de Contas do Estado (f. 355/393).As atividades profissionais acima desenvolvidas comprovam que o

    agravante cumpriu o objeto do contrato, de modo diligente e eficiente.Alm disso, as atuaes do agravante nos campos judicial e

    administrativo no estavam limitadas a questes ordinrias, tais como parecerescotidianos referentes a funcionrios pblicos municipais, ou em aes judiciaiscorriqueiras (execues fiscais, cobranas, etc.), mas sim aos assuntos de maiorrelevncia, complexidade e singularidade.

    Por outro lado, a natureza dos trabalhos desenvolvidos durante aexecuo do contrato de servios advocatcios exigia a qualificao do profissional,

    circunstncia tambm comprovada documentalmente nos autos, conforme se verificapelo teor do curriculum vitae (devidamente instrudos com os ttulos que ostenta)anexado anexado ao feito (f. 99/105).

    No histrico juntado pelo agravante, constam as seguintesinformaes: a) Doutorado em Direito Processual Civil, pela PUC/SP (ainda no

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    concludo); b) Mestrado em Direito Processual Civil, concludo em 2001, pela PUC/SP;c) Especializao em Direito Processual Civil, concludo em 1993, UCDB/INPG; d)exerccio da Vice-Presidncia da OAB/MS; e) exerccio da docncia na UniversidadeCatlica Dom Bosco; f) coordenao e participao em diversos congressos, seminriose cursos de extenso, desde 2001; g) publicao de livro e de diversos artigos,envolvendo direito processual civil, direito eleitoral, tributrio e outros temas de direito

    privado e pblico; h) indicaes para composio de lista trplice e sxtupla, parapreenchimento de vaga no Tribunal Regional Eleitoral e no Tribunal Regional Federalda 3 Regio.

    Ainda que se discuta, sob a gide da equivocada dicotomia entre o

    direito pblico e privado, que o agravante no seja, por exemplo, mestre ou especialistaem direito constitucional, tributrio ou administrativo, a verdade que direito

    processual civil , sem dvida alguma, outro ramo do assim denominado classicamentede direito pblico.

    Segundo consta na inicial da ao civil pblica (f. 63), o MinistrioPblico Estadual entende que a qualificao do agravante no o credencia para atuar emquestes que envolvam do Direito Pblico, porque:

    "(...) a especializao comprovada nos autos no se relaciona sequerao Direito Administrativo (Direito Pblico), o que crucial para ainviabilidade de licitao e consequentemente para a contratao com

    inexigibilidade de licitao.Muito embora o requerido tenha o ttulo de Mestre em Direito

    Processual Civil e ps-graduao na mesma rea, sua especializao notem vnculo direto com as questes municipais enfrentadas no campo do

    Direito Pblico (Direito Administrativo) e pertinentes ao ente interessado(municpio). (...)"

    Alis, a prpria jurisprudncia colacionada pelo Parquet, no intuito dedemonstrar o acerto desse argumento, o prejudica, pois, s f. 64, consta na ementatranscrita que "o reconhecimento, espontneo, no mundo do Direito, mesmo queregional, seja pela longa e profunda dedicao a um tema, seja pela publicao deobras e exerccio da atividade docente em instituies de ensino"

    Desse modo, a simples referncia limitao equivocada do direitopblico, ao direito administrativo, no tem o condo de desconsiderar a largaexperincia do agravante na rea do direito processual civil e a sua proximidade comtemas de direito eleitoral, administrativo e tributrio, conforme restou demonstrado porsuas participaes em eventos e em obras intelectuais envolvendo diversas questes

    jurdicas, alm do exerccio da docncia.Outrossim, na situao descrita nos autos a atuao profissional em

    favor do ente municipal revela preponderncia de conhecimento e experincia emprocesso civil sobre o direito administrativo ou constitucional, dada necessidade de

    agilidade incomum no manejo de medidas urgentes (que o agravante logrou xito, comovisto) e de recursos.Segundo lio de Maral Justen Filho:

    "o conceito de servio tcnico profissional especializado consta do

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    art. 13. O inc. II acrescenta duas exigncias contratao cominexigibilidade, a saber, o objeto singular da contratao e a notriaespecializao. A inexigibilidade apenas se configura diante da presenacumulativa dos trs requisitos. Ou seja, no basta configurar-se um serviotcnico profissional especializado, mas a contratao direta depender deconstatar-se a existncia de objeto singular. Ademais disso, apenas poder

    ser contratado um sujeito titular de notria especializao."

    No presente caso, verifica-se que houve o atendimento aos trsrequisitos: a) o legal, que se refere ao enquadramento dos servios no rol do art. 13 da

    Lei n. 8.666/93 (servio especializado), b) o subjetivo, consistente nas qualificaespessoais dos profissionais contratados (notria especializao) e c) o objetivo,consubstanciado na singularidade do objeto do contrato, ou seja, do servio a sercontratado.

    Os servios especializados referidos pela lei, so aquelesexpressamente previstos no art. 13 da Lei de Licitaes e Contratos Administrativos,quais sejam: estudos tcnicos, planejamento e projetos bsicos ou executivos; pareceres,

    percias e avaliaes em geral; assessorias ou consultorias tcnicas e auditoriasfinanceiras ou tributrias; fiscalizao, superviso ou gerenciamento de obras ouservios; patrocnio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; treinamento eaperfeioamento de pessoal, etc.

    J a notria especializao, segundo o autor acima citado, decorre dajuno de dois conceitos, sendo que, no concernente especializao, o requisitoconsiste

    "na titularidade objetiva de requisitos que distinguem o sujeito,atribuindo-lhe maior habilitao do que a normalmente existente no mbitodos profissionais que exercem a atividade. Isso se traduz na existncia deelementos objetivos ou formais, tais como a concluso de cursos e atitulao no mbito de ps-graduao, a participao em organismosvoltados a atividade especializada, o desenvolvimento frutfero e exitoso de

    servios semelhantes em outras oportunidades, a autoria de obras tcnicas,o exerccio de magistrio superior, a premiao em concursos ou aobteno de lureas, a organizao de equipe tcnica e assim por diante.

    No h como circunscrever exaustivamente as evidncias da capacitaoobjetiva do contratado para prestar o servio. O tema depender do tipo edas peculiaridades do servio tcnico-cientfico, assim como da profissoexercitada. O que no se dispensa a evidncia objetiva da especializaoe qualificao do escolhido. Evidncia objetiva significa a existncia demanifestaes reais que transcendam simples vontade ou conhecimentodo agente administrativo responsvel pela contratao. O elenco do 1, meramente exemplificativo em funo das circunstncias de cada caso.

    A notoriedade significa o reconhecimento da qualificao do sujeitopor parte da comunidade. Ou seja, trata-se de evitar que a qualificao sejaavaliada exclusivamente no mbito interno da Administrao. No basta a

    Administrao reputar que o sujeito apresenta qualificao pois necessrio que esse juzo seja exercitado pela comunidade. No se exigenotoriedade no tocante ao pblico em geral, mas que o conjunto de

    profissionais de um certo setor reconhea no contratado um sujeito dotadode requisitos de especializao." (ob. cit. , p. 284)

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    Note-se que o Ministrio Pblico de Contas de MS, no parecer de f.710/717, opinou pela regularidade e legalidade da contratao do agravante,

    posicionamento que foi confirmado pelo julgamento do Tribunal de Contas do Estado(f. 718/725), o que representa maior fora da argumentao no sentido de que a aointentada em face do agravante temerria, porque, demonstrada a inexistncia de atode improbidade, o prosseguimento do feito no representar a busca da pacificaosocial.

    Portanto por todos os ngulos que se analise a situao concreta dos

    autos, no se pode concluir pela configurao da contratao do agravante, peloMunicpio de Aparecida do Taboado, como ato de improbidade.Assim, ato administrativo existe, mas no existe ato de improbidade,

    circunstncia que impe a rejeio da ao, nos termos do que dispe o art. 17, 8, daLei n 8.429/92, conforme j decidiu a 4 Cmara Cvel, por unanimidade, nos termosdo voto do Des. Ruy Celso Barbosa Florence (relator):

    "VOTOO Sr. Des. Ruy Celso Barbosa Florence (Relator)Trata-se de agravo de instrumento interposto por Alexandre Bastos

    Advogados Associados contra a deciso de f. 37-42 proveniente da 2 Vara

    de Aparecida do Taboado nos autos de Ao Civil Pblica n08001386620118120024, movida pelo Ministrio Pblico Estadual, na qual

    se afastou a rejeio da pea inaugural para a apurao de ImprobidadeAdministrativa supostamente cometida pela agravante.

    O agravante busca o indeferimento da petio inicial pois entendeque no houve qualquer ofensa Lei de Improbidade Administrativa (n.8.429/92) a ensejar a abertura de Ao Civil Pblica, porquanto o contratorealizado, segundo posio pacfica dos Tribunais Superiores, configurariacaso claro de inexibilidade de licitao, tendo sido cumpridoescorreitamente at o presente momento.

    Suscita preliminar de ausncia de possibilidade jurdica do pedido ea causa de pedir.

    Embora tenha de haver a rejeio das preliminares arguidas, nomrito, o recurso merece prosperar.

    O Ministrio Pblico Estadual ingressou com a Ao Civil Pblicapor Ato de Improbidade Administrativa c.c. Anulao de Contrato eLiminar sob a alegao de que o contrato para prestao de serviostcnicos realizado entre a parte agravante e o municpio de Aparecida deTaboado no satisfaria aos requisitos necessrios para que se configurassea Inexigibilidade de Licitao, ensejando a subsuno dos fatos aos tiposdescritos na Lei de Improbidade Administrativa.

    Quanto arguio de inpcia da inicial e de carncia da ao porausncia de causa de pedir, ambas fundamentadas na ausncia de

    individualizao de condutas da parte requerida que se consubstanciam emato mprobo, no deve ser acolhida.Ainda que a pea inicial no tenha descrito de forma pormenorizada

    qual seria a conduta indutora ou concorrente do agente para o ato deimprobidade afirmado, apontando se dolosa ou culposa, ou ainda, se o

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    agravante teria se beneficiado do fato, o fez de forma sucinta permitindoque seja considerada apta, conforme o entendimento jurisprudencial:

    "ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADEADMINISTRATIVA. NEPOTISMO. VIOLAO DE PRINCPIOS DAADMINISTRAO PBLICA. EXTINO DA AO. ART. 17, 7 E 8,DA LIA. IMPOSSIBILIDADE. RETORNO DOS AUTOS PARAJULGAMENTO DO MRITO DA AO CIVIL PBLICA.

    1. Em se tratando de ao civil pblica por ato de improbidadeadministrativa, o magistrado no fica adstrito aos pedidos formulados peloautor.

    2. Conforme entende a jurisprudncia, basta que o autor faa umadescrio genrica dos fatos e imputaes dos rus, sem necessidade dedescrever em mincias os comportamentos e as sanes devidas a cadaagente. Essa a exata compreenso dos princpios do Direito Romano juranovit curia e da mihi factum dabo tibi ius, em que as leis so doconhecimento do juiz, bastando que as partes lhe apresentem os fatos.(REsp 1.192.583/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em24.8.2010, DJe 8.9.2010.)

    3. Se a petio contiver a narrativa dos fatos configuradores, em tese,da improbidade administrativa, no se configura inpcia da inicial. Sob

    pena de esvaziar a utilidade da instruo e impossibilitar a apuraojudicial dos ilcitos nas aes de improbidade administrativa, sobretudoquando a descrio dos fatos suficiente para bem delimitar o permetro dademanda e propiciar o pleno exerccio do contraditrio e do direito dedefesa. (Nesse sentido: REsp 964.920/SP, Rel. Min. Herman Benjamin,Segunda Turma, julgado em 28.10.2008, DJe 13.3.2009.)

    4. Hiptese em que o Tribunal a quo reconheceu a existncia denomeao de servidor por juza, sua esposa, para efetuar os servios de

    segurana para ela.

    5. O ato de favorecimento do marido pela Juza importa,necessariamente, em violao do princpio da impessoalidade j que

    privilegiados interesses individuais em detrimento do interesse coletivo. tambm dissonante com o princpio da moralidade administrativa, pois fereo senso comum imaginar que a Administrao Pblica possa sertransformada em um negcio de famlia. (Nesse sentido: GARCIA,

    Emerson. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, 4 Edio, Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2008 pgs. 401-407).

    6. "A prtica de nepotismo encerra grave ofensa aos princpios daAdministrao Pblica e, nessa medida, configura ato de improbidadeadministrativa, nos moldes preconizados pelo art. 11 da Lei 8.429/1992."

    (REsp 1.009.926/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgadoem 17.12.2009, DJe 10.2.2010).

    7. In casu, verifica-se a contrariedade aos artigos 17, 7 e 8, daLei n. 8.429/92, porque h, em tese, a realizao de conduta violadora de

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    princpios da administrao pblica a ser apurada no mago do processo,sobre o crivo do contraditrio e da ampla defesa.

    Agravo regimental improvido."(AgRg no REsp 1204965/MT, Rel.Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em02/12/2010, DJe 14/12/2010).

    Assim, se a petio inicial tem causa de pedir e pedido, emobedincia aos princpios da congruncia e coerncia, no deve serindeferida por inpcia.

    Por outro lado, na hiptese no vislumbro sequer vestgiossuficientes para o processamento da ao, o que impede o recebimento dainicial da demanda que visa apurao de ato de improbidadeadministrativa, para o qual a lei exige a instruo mnima com documentosou justificao que contenham indcios suficientes da existncia do ato deimprobidade ou com razes fundamentadas da impossibilidade deapresentao de qualquer dessas provas, observada a legislao vigente (6, do art. 17 da Lei n. 8.429/92, includo pela Medida Provisria n. 2.225-45, de 2001), de forma que, diante do convencimento da inexistncia de atomprobo, o que leva improcedncia do pedido, deve ser rejeitada nostermos preconizados no 8, do art. 17 da Lei de Improbidade

    Administrativa (includo pela Medida Provisria n. 2.225-45, de 2001), aevitar uma lide temerria.

    Nesse sentido:

    "AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. IMPUTAO DE ATO DEIMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (ART. 11 DA LIA). REJEIO DAPETIO INICIAL. ART. 17, 8o. DA LEI 8.429/92. EXTINO DOPROCESSO. AUSNCIA DE MNIMOS INDCIOS DE ATO DEIMPROBIDADE. ANLISE DE MATRIA FTICO-PROBATRIA.SMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

    1. As instncias ordinrias, soberanas na anlise probatria,entenderam inexistentes os pressupostos da Ao Civil Pblica por ato deimprobidade administrativa, ante a ausncia de demonstrao concreta da

    prtica de qualquer ato passvel de enquadramento no art. 11 da referida

    Lei; rever essa concluso encontra bice na Smula 7/STJ, segundo a quala pretenso de simples reexame de prova no enseja recurso especial.

    Precedentes.2. Segundo a or ientao desta Cor te a i nicial da Ao de

    Improbidade pode ser rejeitada (ar t. 17, 8o. da Lei 8.492/92), sempreque, do cotejo da documentao apr esentada, no emergi rem indcios daprtica do ato improbo. Esse tipo de ao, por integrar ini ciati va denatureza sancionatria, tem o seu procedimento referenciado pelo rol deexignci as que so pr pri as do Processo Penal contemporneo, apl icvelem todas as aes de Di reito Sanci onador .

    3. Agravo Regimental desprovido." (AgRg no AREsp 27704/RO, Rel.Ministro NAPOLEO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgadoem 15/12/2011, DJe 08/02/2012) (g.n.)

    Inicialmente ressalto que o objeto da licitao passvel de sercontratado mediante inexigibilidade do certame, pois se trata de servios deadvocacia, conforme permissivo legal contido no art. 25, II c.c art. 13, V, da

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    Lei n. 8.666/93 e de acordo com a melhor jurisprudncia do SuperiorTribunal de Justia:

    "ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADEADMINISTRATIVA. CONTRATAO DE ADVOGADO. LICITAO.INEXIGIBILIDADE. EXPRESSA PREVISO LEGAL. SERVIOSINGULAR E NOTRIA ESPECIALIZAO. REEXAME FTICO-

    PROBATRIO. SMULA 7/STJ.1. A contr atao de servios de advogado por inexigibi l idade de

    l ici tao est expressamente prevista na Lei 8.666/93, ar ts. 25, I I e 13, V.2. Para concluir-se de forma diversa do entendimento do Tribunal a

    quo - "A excepcionalidade, a extraordinariedade, a relevncia do serviojustificam a contratao especial, independentemente de licitao" -, serianecessrio o reexame ftico probatrio dos autos, invivel na via manejada,a teor da Smula 7 do STJ.

    3. Recurso especial no conhecido." (REsp 726175/SP, Rel. MinistroCASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/02/2011, DJe15/03/2011)

    Alm disso, o servio tcnico profissional especializado visando aconsultoria jurdica e o patrocnio ou defesa de causas judiciais apontouresponsveis contratantes com notria especializao, sem possibilidade de

    substituio ou subcontratao, vejamos:

    "CLUSULA DCIMA PRIMEIRA: em decorrncia da forma decontratao, por meio de Inexigibilidade de Licitao, por decorrncia dosrepresentantes da sociedade contratada, senhor Doutores Alexandre Bastose Gerson Claro Dino, estes prof issionais devero estar sempr e disposiopara pr estar os servios, sem a possibi l idade de subcontr atao ousubsti tu io por outr o possvel f uncionrio da empresa ci tada, sob pena deresciso deste instrumento". (f. 116 TJ/MS) (g.n.)

    Observo do procedimento administrativo juntado aos autos que,independentemente de apresentao de currculo, o que no exigidoespecificamente pela lei, apesar de ser sido analisado, foi observado orequisito de notria especializao, com ato fundamentado, o que sedepreende da seguinte transcrio do parecer jurdico exarado naquelesautos:

    "A empresa ALEXANDRE BASTOS ADVOGADOS ASSOCIADOSest estabelecida na cidade de Campo Grande/MS e atua especificamentena rea de Prestao de Servios Jurdicos voltados para a Administrao

    Pblica e seus Entes Administrativos.Nos termos apresentados, referida empresa presta servios pra

    inmeras Prefeituras, Cmaras Municipais e outros rgos da

    Administrao.Tais atividades desenvolvidas pela possvel contratada demonstram asua notria especializao na rea do Direito Administrativo e daAdministrao Pblica. Entretanto, para os critrios da Lei 8666/93, osquais sero amplamente explicitados a ferente, somente a vasta amplitude

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    de atividade da empresa no seria suficiente para demonstrar que a disputase faria impossvel.

    Observa-se, pelo currculo apresentado e pelas declaraes de EntesAdministrativos, que o Profissional DR. ALEXANDRE BASTOS, bem comotoda a estrutura de escritrios e afins de que dispe, tm notria atuao noramo especfico relativo Administrao Pblica e a suas particularidades.

    Referido advogado detm notria especialidade no ramo, ProcuradorJurdico, Assessor Jurdico e Consultor de vrios entes administrativos, taiscomo Prefeituras, Cmaras Municipais, Consrcios Pblicos, dentreoutros.

    Se no bastasse, est demonstrado que o mesmo profere Palestras,Seminrios e quejandos por todo o Brasil, sempre tratando do Direito

    Administrativo e das questes voltadas para a Administrao Pblica.Outro fator que permite e a inexigibilidade se d pela particularidade

    de que a necessidade da Administrao premente no sentido de ter umprofissional com notria especializao apresentada pelo Dr. ALEXANDREBASTOS constantemente presente nas defesas, esclarecimentos e demaisinterpostos pela Municipalidade perante os Tribunais estaduais.

    Todos estes elementos demonstram que o profissional tem notriaespecializao no ramo do Direito Administrativo, o que lhe credencia sercontratado por meio de sua empresa de prestao de servios jurdicos,atravs dos favores concedidos pela Lei de Licitaes e Contratos

    Administrativos, qual seja, a inexigibilidade de licitao.(...)."

    A afirmao corroborada pela nomeao do referido causdicopara compor o Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Mato Grosso doSul, no cargo de Juiz Substituto (f. 141 TJ/MS), para o qual a Constituio

    Federal, em seu art. 120, 1, III, exige notvel saber jurdico e idoneidademoral.

    Destaque-se, ainda, que 'a inviabilidade de licitao paracontratao de advogado tambm decorre do Estatuto da Ordem dos

    Advogados do Brasil e do Cdigo de tica, que vedam a concorrncia entreestes profissionais, seja na modalidade menor preo ou na modalidade

    melhor tcnica, e que os 'profissionais com a especializao almejadapoderiam no participar do certame devido a tal vedao.'." (JTJ/SP-vol.246/11).

    Outrossim, no visualizo onde residiria o prejuzo ao errio.H provas claras de prestao dos servios (f. 123-140 TJ/MS), o que

    no negado pelo agravado.De outro norte, no desarrazoado o valor do contrato estipulado

    em R$ 4.000,00 mensais, mais 15% sobre o montante devidamenterestitudo aos cofres pblicos referentes s aes patrocinadas, sobre ovalor lquido, sendo que sequer consta a ocorrncia de qualquer restituiono perodo de vigncia do contrato, de 15 de fevereiro a 31 de dezembro de2010 (f. 114 TJ/MS), o qual foi remunerado apenas com o valor mensal

    pactuado.Assim, considerando tambm que referida remunerao est de

    acordo com a tabela de honorrios advocatcios no mbito da OAB/MS,estabelecida com base na Lei n. 8.904/94 e no Cdigo de tica e Disciplina

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    da Ordem dos Advogados do Brasil, no pode ser considerada paratipificar a conduta da parte requerida como improbidade administrativa.

    Portanto, atendido o que determina a Lei n. 8.666/93, em seu artigo55, por terem sido estipulados o preo e as condies de pagamento deacordo com a legislao aplicvel ao caso, de igual forma no h falar emviolao a princpios protegidos pela Lei de Improbidade Administrativa.

    Em casos semelhantes nosso Tribunal j se manifestou:"E M E N T A RECURSO OBRIGATRIO AO POPULAR

    PRELIMINAR ILEGITIMIDADE PASSIVA CMARA DOSDEPUTADOS REJEITADA MRITO CONTRATAO DEADVOGADO PARA ASSESSORAMENTO DA CMARA EM COMISSODE INQURITO NOTRIA ESPECIALIZAO DISPENSA DELICITAO RECURSO IMPROVIDO.

    A Cmara dos Deputados possui legitimidade para figurar no plopassivo de ao popular que objetiva declarar a ilegalidade de atoconsistente na contratao de advogado, sem a realizao de procedimentolicitatrio.

    inexigvel o pr ocedimento l icitatri o para contr atao deadvogado de notri a especial izao, contr atado para prestar assessori a nacomisso par lamentar de inqurito, vi sando o afastamento do PrefeitoMunicipal. " (TJMS. Terceira Turma Cvel. Reexame de Sentena - N.2010.002513-7/0000-00 - Chapado do Sul. Relator Des. Rubens Bergonzi

    Bossay. J. 17/05/2010)."E M E N T A APELAES CVEIS AO CIVIL PBLICA PORIMPROBIDADE PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADAPRINCPIO DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS AUSNCIA DEPREJUZO LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTRIO PBLICOAPLICABILIDADE DA LEI DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA AOSAGENTES POLTICOS MRITO CONTRATAO DE ADVOGADOASSESSORIA CMARA MUNICIPAL INEXIGIBILIDADE DOPROCEDIMENTO LICITATRIO NOTRIA ESPECIALIZAOPECULIARIDADES QUE CERCAM A DEMANDA CONFIANA ECREDIBILIDADE DEPOSITADAS NO PROFISSIONAL PELO GESTOR

    PBLICO CRITRIO INERENTE PRESTAO DE SERVIOS

    JURDICOS SINGULARIDADE DOS SERVIOS PRESTADOSCOMPROVAO DA PRESTAO DOS SERVIOS NUS DA PROVA

    IMPOSSIBILIDADE DE COMPROVAO DA CONDUTA POR DANOHIPOTTICO NUS DA PROVA RECURSO DOS RUS CONHECIDOE PROVIDO E RECURSO DO MINISTRIO PBLICO PREJUDICADO.

    I luz do princpio da instrumentalidade das formas, a ausncia dapublicao da deciso que recebeu a petio inicial no DJ, tratou-se devcio sanado pela expedio dos mandados de citao dirigidos aos rus-apelantes, que foram devidamente cientificados de que a petio inicialhavia sido recebida pelo juzo a quo.

    II - No merece prosperar o argumento de que o Ministrio Pblicono possui legitimidade para a propositura desta demanda, face o exclusivo

    interesse do Municpio teoricamente prejudicado, seja pelos fundamentossupradeclinados, ou seja, pela misso constitucionalmente atribuda aorgo ministerial, seja porque sua iniciativa de ajuizar o litgio no adstrita a existncia de interesse do ente federado supostamente

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    prejudicado, especialmente por existir legitimidade ativa concorrente entreeste e o MP.

    III A aplicao de penalidades, nos termos da Lei n 8.429/92, deveultrapassar a verificao, quando exigido pelo modelo legal, da condutaomissiva ou comissiva, dolosa ou culposa, do dano, do nexo de causalidade,bem como da tipicidade.

    IV - A singularidade exigida pelo art. 25, inc. II da Lei de Licitaesimplica, justamente, nas qualidades especficas de determinada pessoa, noconhecimento tcnico diferenciado, de acordo com as circunstncias dodesempenho da funo." (TJMS. Terceira Turma Cvel. Reexame deSentena - N. 2010.002513-7/0000-00 - Chapado do Sul. Relator Des.

    Rubens Bergonzi Bossay. J. 17/05/2010)." (TJMS. Terceira Cmara Cvel.Apelao Cvel - Lei Especial - N. 2011.035789-3/0000-00 Bandeirantes.Relator Des. Marco Andr Nogueira Hanson. J. 27/03/2012)

    V-se que no se trata de mera insuficincia probatria para lastrearo processamento da acusao, mas de constatao da inexistncia de atoque possa ser tipificado pela Lei n. 8.429/92, sendo imperiosa a rejeio daliminar a fim de evitar uma lide temerria.

    Diante do exposto, conheo do recur so, afasto as preliminar esarguidas, porm, dou provimento ao agravo para reformar a decisoagravada e rejeitar inicial da Ao Civil Pblica n.08001386620118120024, com fulcro no 8, do art. 17 da Lei n. 8.429/92."

    (Agravo n 2012. 007134-3, j. 29/05/2012; destaques no originais)

    Por derradeiro, so oportunas a anlise e a concluso da Procuradoria-Geral de Justia (Assessoria Especial), no que diz respeito inviabilidade deajuizamento de ao penal envolvendo os mesmos fatos versados na Ao Civil Pblica,como se observa pelo teor do parecer lanado s f. 724/735:

    "(...) Da anlise do processo infere-se ser desarrazoada a propositurade Ao Penal Pblica Incondicionada, em razo da atipicidade da condutado Prefeito de Aparecida do Taboado, por falta da adequao tpica dosfatos ao descrito no art. 89 da Lei n 8.666/93.

    (...)".

    Quanto ao aspecto criminal, em anlise no presente Pedido deProvidncias, de acordo com os documentos acostados s fls. 47/86, verifica-se que ainexigibilidade da licitao sub examine ocorreu por intermdio de procedimentoadministrativo formal rigoroso, respeitando a todos os princpios administrativistasconstitucionais (legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia) emsimetria com o artigo 26 da Lei de Licitaes, que elenca os requisitos justificadores dacontratao direta por inexigibilidade.

    Nessa senda, impende destacar que objeto da licitao em questo possvel de ser contratado mediante inexigibilidade do certame em razo da natureza

    singular dos servios e da notria especializao do contratado, conforme entendimentosedimentado no Superior Tribunal de Justia, in verbis:

    "ADMINISTRATIVO. AO CIVIL PBLICA. IMPROBIDADEADMINISTRATIVA. CONTRATAO DE ADVOGADO. LICITAO.

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    INEXIGIBILIDADE. EXPRESSA PREVISO LEGAL. SERVIOSINGULAR E NOTRIA ESPECIALIZAO. REEXAME FTICO-

    PROBATRIO. SMULA 7/STJ.1. A contratao de servios de advogado por inexigibilidade de

    licitao est expressamente prevista na Lei n 8.666/93, arts. 25, II e 13, V.2. Para concluir-se de forma diversa do entendimento do

    Tribunal a quo - "A excepcionalidade, a extraordinariedade, a relevnciado servio justificam a contratao especial, independentemente delicitao" - , seria necessrio o reexame ftico probatrio dos autos,invivel na via manejada, a teor da Smula 7 do STJ.

    3. Recurso especial no conhecido." g.n (726175 SP 2005/0025984-8, Relator: Ministro CASTRO MEIRA,

    Data do Julgamento: 22/02/2011, T2 SEGUNDA TURMA, Data daPublicao: DJe 15/03/2011)

    Cumpre salientar que o procedimento licitatrio pode ser dispensado

    no presente caso, haja vista que a prestao dos servios de advocacia possui naturezasingular, intelectual e subjetiva, sendo difcil aferir qual o profissional que se apresentamais conveniente para a administrao com base no critrio de escolha pelo crivo domenor preo.

    (...)Ademais, cedio que contrataes dessa natureza decorrem do poder

    discricionrio do administrador que utilizando-se de tal prerrogativa escolhe oprofissional de sua confiana devidamente capacitado para prestar os serviospropostos, por vezes, invivel a realizao da competio.

    Todavia, com o fito de reduzir a margem de discricionariedade esubjetivismo do administrador, a legislao estabelece os parmetros a serem utilizados

    para aferio da notoriedade da especializao, conforme disposto no pargrafo 1, doart. 25, da Lei n 8.666/93:

    "Art. 25. inexigvel a licitao quando houver inviabilidade decompetio, em especial:

    1o Considera-se de notria especializao o profissional ou

    empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente dedesempenho anterior, estudos, experincias, publicaes, organizao,aparelhamento, equipe tcnica, ou de outros requisitos relacionados com

    suas atividades, permita inferir que o seu trabalho essencial eindiscutivelmente o mais adequado plena satisfao do objeto docontrato."

    Desta forma, em obedincia aos parmetros legais, o advogado JulioCsar Souza Rodrigues demonstrou preencher devidamente os requisitos necessriosquanto notria especializao inerente ao profissional contratado (...)

    Vale ressaltar que, em situao anloga a dos presentes autos,

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    Desse modo, dou provimento ao Agravo de Instrumento formuladopor Julio Cesar Souza Rodrigues, para, em se reformando a deciso agravada, rejeitarliminarmente a Ao Civil Pblica n 0800140-36.2011.8.12.0024, em curso na 2 Varada Comarca de Aparecida do Taboado.

    D E C I S O

    Como consta na ata, a deciso foi a seguinte:

    POR UNANIMIDADE E CONTRA O PARECER, DERAMPROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.

    Presidncia do Exmo. Sr. Des. Dorival Renato PavanRelator, o Exmo. Sr. Des. Claudionor Miguel Abss Duarte.Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Des. Claudionor

    Miguel Abss Duarte, Des. Paschoal Carmello Leandro e Des. Sideni Soncini Pimentel.

    Campo Grande, 04 de dezembro de 2012.

    Isa