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    UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

    FACULDADE DE ECONOMIA

    CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA

    NELSIVAN GONALVES BISPO

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    UMA ANLISE ESTRUTURAL E REGIONAL DE CULTURAS AGRCOLAS POR

    NELSIVAN GONALVES BISPO

    UMA ANLISE ESTRUTURAL E REGIONAL DE CULTURAS AGRCOLAS PORMESORREGIES DO ESTADO DA BAHIA ENTRE 2001 E 2010 COM BASE NO

    MODELO SH IFT AND SHARE

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    AGRADECIMENTOS

    Palavras no so suficientes para demonstrar minha imensa gratido por todos que me

    apoiaram e estiveram ao meu lado durante esse perodo que se conclui com essa dissertao.

    Para todos estes meu eterno reconhecimento.

    Agradeo ento a Deus por ter permitido que este meu objetivo fosse alcanado, me guiando,

    me dando fora e sabedoria para enfrentar as dificuldades, no me deixando desistir deste

    grande sonho.

    Aos meus familiares, principalmente minha me Maria da Glria (Lia), pelos seus

    ensinamentos, incentivos, amor e por todos os esforos para que fosse concretizado mais um

    ciclo de minha vida. s minhas irms, Nanny e Selma, que sempre confiaram em mim e me

    apoiaram em tudo com seus conselhos e carinhos, e, minha sobrinha Isabella que me serviu

    de inspirao.

    Agradeo tambm a minha tia Zizi, aos outros tios e tias, e a todos os primos e primas que

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    Aos amigos Joo Batista, Kallenya, Daniela Lima e rica Imbiruss, que estiveram sempre ao

    meu lado nas discusses e nos debates acadmicos, e tambm nos momentos de descontrao,

    se tornando pessoas que sempre faro parte da minha vida e que carregarei para sempre em

    meu corao.

    Aos meus amigos da graduao, que tambm foram pessoas que contriburam para o meu

    crescimento na formao acadmica, Marcela, Mirella, Nara e Felipe.

    A minha prima-amiga-irm Nelma Freitas e ao meu grande amigo Pedro Paulo, duas

    pessoas que sempre torceram e acreditaram em mim, me dando fora e me estimulando a

    vencer estando disponveis para mim sempre que precisei. Meu agradecimento especial.

    As pessoas que se dedicaram e emprestaram um pouco de seus tempos para contriburem comeste trabalho atravs das correes, Manoel, Cacildo e Cristina.

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    RESUMO

    Esta dissertao tem por objetivo primeiro elaborar um diagnstico sobre as atuaisconfiguraes das mesorregies do estado da Bahia e dos seus principais municpios atravsda observao da evoluo do Valor da Produo Agrcola de cada cultura desenvolvidanessas mesorregies entre os anos de 2001 e 2010. Para isto, aplicou-se o modelo shift-share,formulado por Stilwell (1969), usando a varivel valor da produo agrcola das principaisculturas de cada uma das sete mesorregies e seus correspondentes municpios, visando, dessaforma, averiguar o desempenho das componentes de crescimento contidas no modelo global, estrutural modificada e regional residual. Neste contexto, a investigao delimita-se aencontrar sinais de dinamismo das culturas agrcolas observados no perodo, identificandoindcios causadores do aumento do valor da produo nos municpios. Os dados utilizadosforam da Produo Agrcola Municipal (PAM-IBGE) dos anos 2001 e2010. Foi feita umacorreo para os valores do ano de 2001, empregando como referncia o ndice Geral de

    Preos-Disponibilidade Interna (IGP-DI). Os resultados indicaram a relevncia da taxa decrescimento de cada mesorregio como fator impulsionador do desenvolvimento das culturasde cada municpio, ao mesmo tempo em que se notou a contribuio das mudanas estruturaise de influncias endgenas locais no perodo como determinantes do crescimento em algunsmunicpios.

    Palavras-chave: Valor da Produo Agrcola. Modelo Shift-Share. Municpios.

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    ABSTRACT

    This thesis aims to develop a first diagnosis of the current settings of mesoregions state ofBahia and its major cities by observing the evolution of the Value of AgriculturalProduction of each culture developed these mesoregions between the years 2001 and2010. For this, we applied theshift-share model, formulated by Stilwell (1969), using thevariable "value of agricultural production" main crops of each of the seven mesoregions

    and their corresponding municipalities, seeking thus to ascertain the performance growth ofthe components contained in the template global, structural modified and regionalresidual. In this context, research delimits to find signs of dynamism of agricultural crops inthe period observed, identifying evidence causing the increase in the value of agricultural

    production in the municipalities. The data used were the Municipal AgriculturalProduction (PAM-IBGE) the years 2001 and 2010. It was made a correction to the values of2001, using as reference the General Price Index-Internal Availability (IGP-DI). The results

    indicated the importance of the growth rate of each driving factor as mesoregion developmentof cultures of each municipality, while noted the contribution of structural changes andinfluences endogenous sites in the period as determinants of growth in some municipalities.

    Keywords: Value of Agricultural Production. Shift-Share Model. Municipalities.Mesoregions. Bahia

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    LISTA DE GRFICOS E FIGURAS

    Figura 1 - As trs realidades territoriais do estado da Bahia...................................... 39

    Figura 2 - Principais Polos Agropecurios do estado da Bahia................................. 44

    Grfico 1 - Valor da Produo AgrcolaBahia, 2001-2010................................... 46

    Grfico 2 - Composio das lavouras no Valor da Produo Agrcola do estado daBahia, 2010............................................................................................................ 47

    Figura 3 - Mapa do estado da Bahia com destaque para as mesorregiesgeogrficas.................................................................................................................. 48

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    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Participao do Valor da Produo (VP) de cada produto na mesorregio,taxa de crescimento do Valor da Produo, Variao da rea Plantada e Resultadosda Decomposio da Taxa de Crescimento do Valor da Produo (2001-2010), naMesorregio do Extremo Oeste Baiano.......................................................................... 75

    Quadro 2 - Participao do Valor da Produo (VP) de cada produto na mesorregio,taxa de crescimento do Valor da Produo, Variao da rea Plantada e Resultadosda Decomposio da Taxa de Crescimento do Valor da Produo (2001-2010), naMesorregio do Centro Sul Baiano................................................................................. 87

    Quadro 3 - Participao do Valor da Produo (VP) de cada produto na mesorregio,taxa de crescimento do Valor da Produo, Variao da Produo (2001-2010), naMesorregio do Nordeste Baiano.................................................................................... 96

    Quadro 4 - Participao do Valor da Produo (VP) de cada produto na mesorregio,taxa de crescimento do Valor da Produo, Variao da rea Plantada e Resultadosda Decomposio da Taxa de Crescimento do Valor da Produo (2001-2010), naMesorregio do Centro Norte Baiano............................................................................. 104

    Quadro 5 - Participao do VP de cada produto na mesorregio, taxa de crescimentodo VP, Variao da rea Plantada e Resultados da Decomposio da Taxa de

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Evoluo da quantidade produzida na agricultura baiana - produtosselecionados - 2001/2010, em toneladas.................................................................. 42

    Tabela 2 - Evoluo do Valor da Produo na agricultura baiana - produtosselecionados - 2001/2010, em mil reais................................................... 45

    Tabela 3 - Anlise da evoluo do valor da produo total do estado da Bahia pormesorregies entre os anos 2001-2010, em mil reais............................... 49

    Tabela 4 - Evoluo das variveis de anlise das principais culturas damesorregio do Extremo Oeste baiano...................................................................... 50

    Tabela 5 - Evoluo das variveis de anlise das principais culturas damesorregio do Centro Sul Baiano............................................................................ 53

    Tabela 6 - Evoluo das variveis de anlise das principais culturas damesorregio Nordeste Baiano.................................................................................... 54

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    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    AGF Aquisio do Governo Federal

    CAI Complexo Agroindustrial

    CCEM Componente de Crescimento Estrutural Modificada

    CCG Componente de Crescimento Global

    CCRR Componente de Crescimento Regional Residual

    CCT Componente de Crescimento Total

    CEASA Centro Estadual de Abastecimento

    CEPEA Centro de Estudos Avanados em Economia AplicadaCIA Centro Industrial de Aratu

    CNA Confederao Nacional da Agricultura

    EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria

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    SUMRIO

    1 INTRODUO 14

    2 ALOCAO REGIONAL DA ECONOMIA BAIANA E O SETORAGRCOLA 18

    2.1 CONTEXTUALIZAO REGIONAL DA ECONOMIA BAIANA 182.2 MODERNIZAO DA AGRICULTURA NO BRASIL E NA BAHIA 23

    2.2.1 Leituras do desenvolvimento agrcola e o seu papel no desenvolvimentoeconmico 29

    2.2.2 O setor agrcola baiano e suas transformaes 37

    2.2.3 Agricultura nas mesorregies geogrficas da Bahia 47

    3 MODELO SH IFT AND SHARE ANALYSIS 61

    3.1 UM ESBOO TERICO 62

    3.2 DESCRIO DO MODELO SHIFT-SHARE 66

    3.3 O MODELO DE STILWELL 69

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    1 INTRODUO

    A relevncia da agricultura para o crescimento de um pas sempre foi conceituada como

    tpico de grande importncia na teoria econmica, visto que, desde os economistas clssicos,

    alguns autores j se preocupavam com os diversos papis a serem desempenhados pela

    agricultura no desenvolvimento de uma nao.

    Como foi ressaltado por Figueiredo (2003), Moura et al (1999), por meio de seus estudos, o

    setor agrcola, ao sofrer um estmulo, pode gerar um efeito impulsionador para o restante da

    economia. Alm disso, eles enfatizaram que, ao priorizar as atividades desenvolvidas por este

    setor como fatores propulsores do crescimento econmico, um pas estar fazendo uma

    escolha por um nvel mais alto de eficincia na alocao de seus recursos, principalmente nos

    casos de pases que ainda no contam com altos padres de desenvolvimento.

    No caso do Brasil, um pas que vive esse processo, a importncia do setor agropecurio

    muito significativa. Prova disso que, em 2010, o PIB do setor agropecurio brasileiro foi de

    R$ 879.116 milhes, representando 21,80% do PIB total brasileiro, segundo dados da

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    Magalhes no ano 2000, cuja representatividade na agricultura grande no s na regio, mas

    no Estado como um todo.

    Para atingir este propsito, delimita-se o alcance da investigao no sentido de encontrar

    sinais de dinamismo das culturas agrcolas, segundo os municpios das sete mesorregies. A

    obteno deste objetivo envolve a aplicao de um modelo de anlise regional, conhecido na

    literatura internacional como Shift and Share Analysis, o qual tem o papel de identificarindcios causadores do crescimento do Valor da Produo (VP) por culturas e municpios do

    Estado da Bahia.

    Neste sentido, verifica-se que esta dissertao revela a contribuio para uma discusso sobre

    o comportamento da agricultura baiana ou, mais precisamente, do valor da produo das

    culturas agrcolas nas sete mesorregies do estado da Bahia ao explorar o modelo shift-

    share de decomposio da taxa de crescimento do valor da produo agrcola, utilizando a

    verso apresentada por Stilwell (1969). Para tanto, aplica-se o modelo, o qual se presta

    realizao das anlises, para identificar as fontes de crescimento do VP nas sete mesorregies

    baianas.

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    Bahia (soja Formosa do Rio Preto); Centro Sul Baiano (caf Barra do Choa); Nordeste

    Baiano (milho Adustina1e Euclides da Cunha); Centro Norte (sisal e mandioca Campo

    Formoso); Vale do So Francisco da Bahia (uva Juazeiro); Sul Baiano (mamo Porto

    Seguro2; cacauIlhus); e Metropolitana de Salvador (laranjaCruz das Almas).

    Diante dessa configurao das atividades setoriais da agricultura, levantam-se os seguintes

    questionamentos quanto ao desempenho no crescimento do VP no contexto das mesorregies:1) foi relevante, no perodo, a influncia da taxa de crescimento das mesorregies em seus

    correspondentes municpios? 2) na dcada pesquisada, os fatores estruturais predominaram

    nos municpios, influenciando o crescimento de cada uma das mesorregies? 3) as influncias

    endgenas do municpio sobre a atividade agrcola foram determinantes no crescimento do

    Valor da Produo?

    Para maior aprofundamento desta pesquisa, alm do captulo destinado aos esclarecimentos

    da metodologia, onde foram reveladas as explicaes para os indicativos3, esto explicitados o

    arcabouo terico, a evoluo do setor agrcola, a origem dos dados e procedimentos

    adotados, a anlise dos resultados e as concluses desta dissertao, agrupando cinco

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    dos clculos dos indicativos, o quarto captulo direciona-se aos resultados encontrados na

    aplicao do modeloshift-sharepara as sete mesorregies do estado. Assim, cada seo ser

    conduzida para uma mesorregio com seus mais importantes municpios e suas principais

    culturas agrcolas, relatando a contribuio das componentes de crescimento e indicando os

    possveis fatores que determinaram o dinamismo ou no dinamismo em cada setor e

    municpio pesquisado.

    Por ltimo, no quinto captulo sero abordadas as concluses desta dissertao de mestrado,

    fazendo-se uma breve considerao sobre os procedimentos seguidos neste estudo, alm dos

    devidos comentrios das trs questes levantadas nesta introduo luz dos resultados da

    aplicao do modelo Shift and Share Analysis.

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    2 ALOCAO REGIONAL DA ECONOMIA BAIANA E O SETOR AGRCOLA

    2.1 CONTEXTUALIZAO DA ECONOMIA BAIANA

    A economia baiana teve o pau-brasil como o seu primeiro produto de exportao, porm a

    partir do momento em que Portugal decidiu invadir o espao brasileiro, comeou a

    desenvolver no sculo XVI a lavoura da cana-de-acar no estado. Logo em seguida, foiintroduzido tambm o plantio do algodo, da mandioca e do fumo. Este ltimo assumiu

    grande importncia a partir do sculo XVII e tinha como o principal objetivo atender ao

    mercado africano devido ao comrcio de escravos.

    Relata-se que durante o imprio a economia baiana se diversificou, porm continuou seespecializando em produtos voltados para o mercado externo. A Bahia exportava acar,

    fumo, caf, algodo, diamante, couro e madeiras. No entanto, em 1873, aps vrias crises na

    economia baiana, houve a crise mais grave de todas: a crise da produo de acar e de preos

    baixos de 1873. O que ficou evidente foi que esta crise nada mais era que o resultado de

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    industriais que tinham como meta a produo de bens intermedirios (intensivos em capital e

    tecnologicamente modernos) complementar matriz de produo j desenvolvida na regio

    Sudeste do pas.

    Este processo introdutrio de uma indstria de bens intermedirios iniciou-se na Bahia com a

    implantao, na dcada de 1950, da Refinaria de Mataripe5, aproveitando-se da

    disponibilidade de petrleo existente no estado, formando um complexo mnero-metalrgico

    no municpio de Candeias na dcada de 1960, a implantao do CIA - Centro Industrial de

    Aratu, do Complexo Petroqumico de Camaari e da metalurgia de cobre no incio da dcada

    de 80.

    Faz-se importante observar que todos esses empreendimentos importantes para o estado se

    concentrou na Regio Metropolitana de Salvador (RMS). Essas transformaes na

    composio econmica do estado da Bahia atravs da industrializao, fez com que a

    agricultura perdesse peso na economia estadual e gerou um aumento significativo da

    participao do setor secundrio no PIB baiano, principalmente nos setores qumico,

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    Entre os anos de 1970 e 1980, houve uma onda de iseno de impostos e incentivos fiscais

    com aporte de recursos pblicos com o intuito de implantar os distritos industriais do interior

    e da RMS (Centro Industrial de Aratu e Complexo Petroqumico de Camaari), montando

    dessa forma, um parque produtor de bens intermedirios concentrados nos seguimentos da

    qumica/petroqumica e dos minerais no metlicos.

    Na verdade, aps a maturao do Complexo Petroqumico de Camaari, h uma inflexo na

    trajetria ascendente da participao do PIB baiano no PIB nacional e no PIB da regio

    Nordeste. Isso ocorreu principalmente por decorrncia da reduo da taxa de investimento

    consequncia da crise fiscal e financeira que se alastrou sobre o pas.

    Spnola (2001) relata que a poltica de industrializao contribuiu para a concentrao de

    atividades industriais da RMS e que houve um artificialismo na politica de localizao

    industrial com a criao de distritos industriais devido ausncia de empresrios locais com

    vocao industrial e a fragilidade de mercado consumidor na regio.

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    A partir desse momento, chega ao estado a indstria de bens finais, a que seria capaz de

    promover os efeitos encadeadores para frente e para trs (efeito linkage6), como eram

    preconizados por Hirshaman e outros tericos do desenvolvimento regional.

    No ano de 2002 foi lanado pelo governo do estado o Programa de Desenvolvimento

    Industrial e de Integrao Econmico do Estado da Bahia (DESENVOLVE). Este programa

    visava, em linhas gerais, a diversificao da matriz industrial do estado, contemplando

    igualmente o setor agroindustrial. Ademais, tinha a meta de promover a desconcentrao

    regional dos investimentos industriais, como j era visto em programas anteriores do governo,

    buscando direcion-los para regies com menor desenvolvimento socioeconmico.

    Em vrios segmentos da economia baiana foram realizados investimentos deste programa,

    traduzindo o objetivo de buscar a diversificao do parque industrial baiano. Essa politica de

    estmulo formao de polos industriais e diversificao das atividades produtivas em

    diversos municpios baianos tendo reflexos positivos, tais como gerao de empregos pelas

    indstrias que foram implantadas.

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    Neste sentido, a Bahia aderiu uma estratgia j adotada por regies perifricas. Essa

    estratgica trata-se da utilizao de um clssico preceito da economia internacional, baseado

    na teoria das vantagens comparativas de David Ricardo (1982)7, que tinha a intenso de

    inserir o estado em um contexto de maior participao econmica, tornando-o mais

    competitivo aos anseios da nova lgica global do capitalismo. Para isso seria necessrio

    compensar seu relativo atraso econmico em relao aos possveis destinos de investimentos

    do pas.

    Todos os planos setoriais do governo tinham o objetivo de atrair investimentos industriais

    capazes de desenvolver uma nova organizao na economia do estado, endogeneizando o

    desenvolvimento e buscando criar cadeias produtivas que gerassem efeitos multiplicadores

    para toda a economia. Nesse sentido, o ponto de partida para articular uma vantagem

    comparativa da Bahia em relao aos demais centros econmicos do Brasil iniciou-se com o

    menor custo de produo para as empresas que escolhessem a Bahia para suas instalaes.

    No campo da agricultura, a modernizao se deu principalmente na regio do oeste8 num

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    No obstante, fica claro que a partir do ano 2000 iniciou-se uma nova vertente tanto no ramo

    industrial quanto na agricultura do Estado da Bahia. No setor industrial, a busca por novas

    indstrias, principalmente atravs de isenes fiscais cedidas pelo governo colaborou para a

    diversificao da matriz industrial do estado, visto que por essas razes fiscais, ou por

    questes locacionais, vrias industriais de diversos segmentos vieram para a Bahia, garantindo

    a manuteno do crescimento econmico.

    No setor agrcola, ficou mais evidente o fortalecimento da regio oeste, com a criao do

    municpio de Lus Eduardo Magalhes, frente s demais regies do estado. Sua produo

    agrcola em larga escala e com alta tecnologia, tornou essa regio umas das principais regies

    produtoras de gros do Brasil. No entanto, a implantao de uma nova dinmica agrcola, foi

    acompanhada de uma redefinio territorial, devido construo de novos espaos produtivos

    e a criao de novas funcionalidades. Nessas fronteiras ficaram ntidos os graves efeitos de

    uma modernizao agrcola conservadora, geradora de desigualdades econmicas e sociais

    presentes no conjunto da regio e em seus lugares. Com isso, ficam evidentes as contradies

    da modernizao agrcola no estado, uma vez que ao tempo em que contribui para a dinmica

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    na atualidade do mundo rural e com expectativa de agravamento diante do processo de

    globalizao.

    O crescimento da produo agrcola no Brasil se dava, basicamente, at a dcada de 1950, por

    conta da expanso da rea cultivada. A partir da dcada de 1960, o uso de mquinas, adubos e

    defensivos qumicos, passaram a ter, tambm, importncia no aumento da produo agrcola.

    De acordo com os parmetros da Revoluo Verde9, incorporou-se um pacote tecnolgico

    agricultura, tendo a mudana da base tcnica resultante, passado a ser conhecida como

    modernizao da agricultura brasileira (SANTOS, 1986).

    Para Delgado (1999), o marco histrico do processo de modernizao se deu no final dos anos

    de 1960, quando foram evidenciados os aspectos a seguir: a) o crescimento rpido das

    exportaes e da urbanizao, gerando um impulso da demanda por produtos agrcolas; b) a

    constituio dos diversos ramos do Complexo Agroindustrial CAI (representando a

    integrao tcnica entre a indstria que produz para a agricultura, a agricultura e a

    agroindstria.); e, c) a organizao do Sistema Nacional de Crdito Rural (SNCR). Com esses

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    qumicos tambm se intensificou no Brasil, quando houve um incremento de 1.380% entre

    1965 e 1980, o mesmo ocorrendo com o uso de defensivos que aumentou 377% neste mesmo

    perodo.

    Para Martine (1990), o processo de modernizao da agricultura brasileira est intimamente

    ligado fase conclusiva da poltica de substituio de importaes11, com a entrada no pas de

    multinacionais produtoras de tratores, fertilizantes, herbicidas, e etc. A partir da, a dinmica

    industrial passou a comandar definitivamente, o desenvolvimento da agricultura, convertendo-

    se em um ramo industrial, que compra insumos e vende matrias primas para outros ramos

    industriais.

    Em Almeida e Navarro (1997) nota-se que o contedo ideolgico da modernizao da

    agricultura incorpora quatro elementos ou noes,

    [...](a) a noo de crescimento (ou de fim da estagnao e do atraso), ou seja, a ideiade desenvolvimento econmico e poltico; (b) a noo de abertura (ou do fim daautonomia) tcnica, econmica e cultural, com o consequente aumento da

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    causados natureza e a crescente runa do meio ambiente mostram a necessidade de sua

    preservao e recuperao atravs de formas menos degradantes de produo.

    De acordo com Rampasso (1997), a explorao ambiental est diretamente ligada ao avano

    do complexo desenvolvimento tecnolgico, cientfico e econmico que tem alterado de modo

    irreversvel o cenrio do planeta e levado a processos degenerativos profundos da natureza.

    Dentre esses processos, Ehlers (1999) destaca a eroso e a perda de fertilidade do solo, a

    destruio florestal, a dilapidao do patrimnio gentico e da biodiversidade, a contaminao

    dos solos, da gua, dos animais silvestres, do homem do campo e dos alimentos.

    Nesse mbito, entende-se que ao se pensar em desenvolvimento tecnolgico para a

    modernizao da agricultura, no se podem deixar de fora questes como a sustentabilidade

    agrcola, e os pequenos agricultores que so privados de determinadas tcnicas modernas de

    produo, ficando assim merc de uma poltica em que apenas os que detm o capital tm

    direito aos benefcios para aumentar sua produtividade. esta categoria, que vive cada vez

    mais prxima do limite de sobrevivncia, que atualmente tem merecido maior preocupao

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    Os que no acreditavam que a estrutura fundiria era um entrave ao desenvolvimento agrcola

    inspiravam-se nas teses do economista Theodor W. Schultz. Eles pensavam que a agricultura

    respondia a preos, atribuindo a falta de investimento na agricultura baixa taxa de retorno

    dos investimentos e setores tradicionais (terra e mo de obra), e em geral, os camponeses

    combinavam de forma racional os fatores de produo: h comparativamente poucas

    ineficincias significativas na distribuio dos fatores de produo na agricultura tradicional

    (SCHULTZ; 1965, p.47).

    Nesse sentido, a nica forma de aumentar a eficincia na agricultura seria, atravs do aporte

    de fatores externos, uma maneira de substituir os insumos chamados de tradicionais por novos

    tipos deles mais modernos, com baixo custo de aquisio para o agricultor por meio de

    crditos subsidiados, fiscalizados por uma assistncia tcnica:

    (...) objetivando transformar esse tipo de agricultura, ter que ser oferecido umconjunto de fatores mais proveitosos. Desenvolver e oferecer tais fatores e aprendercomo us-los eficientemente uma questo de investimento, tanto em capitalhumano como material (SCHULTZ, 1965, p.12).

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    3) a modernizao da agricultura, conjugada com o aperfeioamento dos mercados de

    trabalho e de capital, ensejar o melhoramento do padro de vida da populao rural, no

    sendo necessria a realizao de reformas profundas;

    4) o aumento da produtividade pode ser alcanado atravs de instrumentos como preos

    mnimos, crdito rural e programas intensos de assistncia tcnica e de pesquisa;

    5) nas regies em que a estrutura agrria impeditiva modernizao, sero implantadas

    reformas agrrias de carter limitado, cujo objetivo central ser o aumento da produtividade e

    no da distribuio de justia social.

    Portanto, a partir dessa apresentao, o que se viu no Brasil foi um molde do processo de

    modernizao da estrutura agrria existente, buscando a utilizao de tcnicas modernas na

    agricultura via fortes subsdios beneficiando, preferencialmente, grandes e mdios produtores

    rurais. Estes foram beneficiados pelos instrumentos de polticas agrcolas utilizados: crdito

    rural, preos mnimos e extenso rural.

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    disponibilidade de novas tecnologias que influenciou as culturas que passaram a ser

    disseminadas nas grandes e mdias propriedades, como foi o caso da soja, do milho, do trigo,

    do caf e da cana-de-acar. Sendo at utilizadas tcnicas poupadoras da terra, tcnicas essas

    que foram fortemente influenciadas pelos subsdios do governo.

    Porm, fica claro que o direcionamento dado seguiu uma linha da utilizao massiva de

    insumos modernos, atrelado ao subsdio fornecido pelo Estado, sem alterar a estrutura agrria

    e de renda existentes. Dessa forma, o saldo foi o aumento das disparidades regionais em

    termos sociais e econmicos.

    Indubitavelmente, a evoluo da modernizao da agricultura brasileira incentivada, em

    condies precisamente especficas. E essas especificidades tm que ser consideradas na

    interpretao desses processos de avano, o que torna utpico dizer que tenham se repetido no

    Brasil as etapas ocorridas em alguns pases mais desenvolvidos.

    2.2.1 Leituras do desenvolvimento agrcola e o seu papel no desenvolvimento econmico

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    produtos mais valorizados permitiram um processo de modernizao do pas e seu

    crescimento mais rpido ocorreu principalmente nos grandes centros agrcolas.

    Neste contexto, como argumenta Gerardi (1980), o conceito de modernizao relativo e que

    adquire expresso espacial e temporal. Espacial, no sentido que distingue agricultores em

    graus variados de modernizao, em um mesmo lapso de tempo, porque a agricultura pode

    evoluir de tradicional moderna no decorrer do tempo.

    A partir dessa proposio, Balsan (2006) diz que o novo padro de desenvolvimento

    econmico tem causado a excluso do homem do campo da gerao de emprego, diminuio

    da renda, entre outros, ocasionando desordem no espao rural decorrente da competitividade e

    do capitalismo. Isso ocorre porque a modernizao tcnica no est igualmente difundida,

    mas sim concentrada tanto setorial quanto espacialmente, como afirma Graziano da Silva

    (1981), [...] no h um futuro promissor para aquelas unidades de produo que at agora

    no conseguiram se modernizar e que se concentram (por si mesmo), nas regies perifricas

    do pas, o que nos permite concluir que o processo de modernizao afeta diferentes reas,

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    Para os pensadores da corrente clssica, Johnston e Mellor (1961), o setor agrcola tem

    diversas contribuies a desempenhar no curso do processo de desenvolvimento econmico

    de um pas. Eles destacam os cinco papeis principais para esse desenvolvimento.

    1) fornecer alimentos para a populao total;

    2) fornecer capital para a economia, especialmente para a expanso do setor no agrcola;

    3) fornecer mo de obra para o crescimento e diversificao de atividades na economia;

    4) fornecer ganhos cambiais com os quais os insumos crticos para o processo de

    desenvolvimento podero ser adquiridos no exterior; e,

    5) proporcionar um amplo mercado para os produtos do setor no agrcola.

    Segundo a viso de Arajo e Schuh (1991), dois pontos so passveis de destaque quando se

    trata do papel da agricultura no desenvolvimento econmico. O primeiro ponto retrata a

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    agrcola: revolues industriais e agrcolas sempre andam juntas,e (...), economias em que

    a agricultura est estagnada no mostram o desenvolvimento industrial. (Lewis 1954, p.

    433).

    Para Alves (2000) a percepo do papel da agricultura no desenvolvimento econmico sofreu

    uma significativa evoluo ao longo dos anos, mostrando que, de uma perspectiva de

    agricultura como um setor passivo, chegou-se a uma viso, segundo a qual as relaes e

    interaes entre a agricultura e os demais setores devem ser necessariamente colocadas como

    lago de profunda importncia. Para este autor, tambm importante levar em considerao o

    papel da agricultura nos estgios mais avanados do desenvolvimento econmico, posto que,

    mesmo este setor perdendo em participao relativa, a agricultura continua sendo de fato algo

    essencial, pois sua contribuio no se limita apenas gerao de emprego e renda.

    Outra questo que determina o papel da agricultura no desenvolvimento o grau de abertura

    da economia e, para explicar isso, autores como Little (1982) e Nicholls (1964), descreveram

    que, embora o crescimento da produtividade agrcola seja essencial para o crescimento

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    natureza geogrficas, poltico-histricas, sociais e culturais, isso pelo menos at o caf tornar-

    se a base do vigoroso crescimento e desenvolvimento generalizado em torno de So Paulo.

    Ainda de acordo com este autor, os boomsanteriores (mais identificados pelos brasileiros por

    ciclos, devido ausncia de tendncia secular ascendente) haviam propiciado uma

    significativa prosperidade transitria, mas que logo desapareceram subitamente, sem deixar

    benefcios econmicos significativos.

    Neste sentido, Nicholls ainda ressalta que at mesmo os booms do acar no Nordeste e o

    ciclo do ouro no contriburam de forma decisiva para o desenvolvimento econmico do pas.

    No primeiro caso, o mpeto originado no Recife e em Salvador para a ocupao do serto,

    como fonte de abastecimento de alimento, gado e combustvel para as regies aucareiras

    perdeu-se com o seu declnio econmico, voltando o serto posio anterior de economia

    basicamente de subsistncia. Para a corrida do ouro no sculo XVIII, ele relata que esta

    atividade contribuiu para o crescimento econmico em longo prazo, alm da transferncia do

    centro politico e econmico do Brasil em direo do Sul e do estmulo considervel corrente

    imigratria. No entanto, com a queda da produo/explorao do ouro em Minas Gerais,

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    Em Melo (1990) encontra-se uma sntese do comportamento agrcola entre os anos de 1980 e

    1989, mostrando que a economia agrcola expandiu-se 3,65% ao ano, correspondendo a um

    crescimento anual per capita de 1,5%, relativo a dezessete culturas: algodo, amendoim,

    arroz, batata, cacau, caf, cana, cebola, feijo, laranja, mamona, mandioca, milho, soja,

    tomate e trigo. Entre essas culturas, a produo dos produtos domsticos (arroz, batata,

    cebola, feijo, mandioca, milho e tomate), cresceu 2,05% ao ano, mantendo-se constante a

    produo per capita. A produo das culturas de exportao por sua vez, (algodo,

    amendoim, cacau, caf, cana, fumo, laranja, mamona e soja), expandiu a uma taxa de 4,51%

    ao ano. O programa de lcool foi o responsvel pelo rpido crescimento da lavoura

    canavieira.

    Com o intuito de impulsionar a produo agrcola, utilizou-se, na dcada de 80, o crdito rural

    como instrumento de incentivo. O Sistema Nacional de Crdito Rural (SNCR) foi implantado

    em 29 de novembro de 1965, pela lei n. 4829, podendo ser usado para custeio (despesas para

    compras de insumos), investimentos (aquisio de mquinas agrcolas, bovinos,

    reflorestamento, etc.) e comercializao (descontos de notas promissoras, duplicatas rurais e

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    sobre o setor e estimular a demanda por insumos modernos produzidos pela indstria que

    acabara de chegar ao Brasil. Entretanto, no foi verificado junto ao crescimento nas vendas

    desses insumos ganhos expressivo de eficincia produtiva.

    Diante deste cenrio, j no incio dos anos 80, era preciso uma mudana de direo de rota da

    poltica econmica adotada, a qual teria como resultado uma reduo de volumes de recursos

    fornecidos agricultura, como consequncia da crise fiscal e financeira do governo federal,

    que foi limitando gradualmente sua capacidade de transferncia de renda.

    Sendo assim, Barros (1999) ressalta os ganhos de produtividade ocorridos no setor como um

    todo na dcada de 80 e 90, e o padro de evoluo da rea cultivada. Outro aspecto que ele

    menciona que o desempenho superior da agricultura frente indstria no Brasil nos anos 80

    se deu em um ambiente de maior exposio do setor agrcola ao mercado internacional,

    ocasionando um incremento na proporo entre o final dos anos 70 at meados dos anos 80.

    Na dcada de 1980, verificou-se que a agricultura brasileira necessitava de uma modernizao

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    Bresser, houve o retorno da indexao plena e novas regras de comercializao foram

    adotadas, tendo vigncia at a safra agrcola de 1988. O objetivo principal dessas novas regras

    de comercializao era disciplinar as vendas de estoques do governo, com a inteno de

    reduzir o risco de estocagem de produtos agrcolas, como era o caso do arroz, feijo e o

    milho.

    A dcada de 80 apresentou desempenho produtivo para o setor agrcola, apesar do cenrio

    macroeconmico desfavorvel, e da queda das exportaes agrcolas. Segundo Lucena e

    Souza (2001), a expressiva melhoria da produo e da produtividade agrcola foram resultado

    de diferentes aspectos, como o da poltica cambial incentivadora das exportaes, da

    formulao e implementao de polticas agrcolas mais adequadas.

    Na dcada seguinte, a situao econmica ainda no era favorvel, com perdas da capacidade

    de investimento, competitividade, liquidez, desemprego, queda de renda e aumento de

    importao. No entanto, a agricultura aumentou ndices elevados de aumento de produo e

    produtividade.

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    Para Lucena e Souza (2001), esse sistema concedeu melhores condies de rentabilidade dos

    produtos rurais, visto que atravs dele so veiculadas importantes informaes acerca do

    preo esperado no mercado fsico ( vista), que influenciam nas decises de produzir, colher,

    estocar e processar determinada commodity agrcola. No mercado futuro, as posies de

    contrato so classificadas como sendo mantidas por hedges, que so expedientes adotados por

    compradores e vendedores para se resguardarem de flutuaes futuras de preos.

    A abertura comercial iniciada no governo Collor, como resultado da poltica de redues

    tarifrias e desvalorizaes reais da moeda, contriburam para o crescimento das importaes

    agrcolas no pas. Com o advento do Plano Real16 aumentou ainda mais a valorizao

    cambial, barateando as importaes e encarecendo as exportaes, causando grandes dficits

    na balana comercial.

    Verifica-se, dessa forma, que a agricultura moderna est voltada para segmentos mais

    competitivos da economia, tornando-se mais eficiente e produtiva com a adoo de inovaes

    tecnolgicas e mo de obra mais qualificada. Essas mudanas tm contribudo para melhorar

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    Em 2010, o espao rural baiano abrigava uma populao estimada em 4 milhes de pessoas, e

    cerca de metade delas trabalhando em atividades agrcolas, colocando a Bahia em primeiro

    lugar, dentre os estados brasileiros, em populao rural e em trabalhadores rurais. Isso poderia

    torn-lo uma grande referncia na produo agrcola nacional. Porm, por possuir grande

    parte do seu territrio dentro da regio do semirido, condies fsicas e aspectos climticos

    so um entrave para o desenvolvimento de uma agricultura tecnificada e de grande escala

    produtiva.

    Mendona (2001) expressa que o espao baiano caracterizado por trs realidades distintas: o

    litoral mido (mata atlntica), que foi o cenrio marcado pela ocupao primitiva e pelas

    primeiras exploraes agrcolas; o cerrado (oeste), que caracterizado, sobretudo pelas

    regularidades climticas e pela topografia plana, onde os baixos preos da terra tem se

    constitudo em um vigoroso estmulo para atrao de agricultores do sul do pas; e a faixa

    central do estado, o semirido (caatinga), com baixos ndices de pluviosidade, temperaturas

    mdias anuais elevadas, vegetao de pequeno porte, representa mais de 70% do territrio

    baiano.

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    Figura 1: As trs realidades territoriais do estado da Bahia

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    Adiciona-se ainda a esses pontos cruciais um movimento de redefinio das vocaes

    agrcolas de cada regio econmica do estado e o considervel aumento de investidores

    externos no setor agrcola.

    importante mencionar aqui um carter que dinmico e tambm fortemente heterogneo do

    setor rural baiano, o que no permite qualquer forma de homogeneizao dos diferentes

    grupos, setores e subsetores que nele se inserem e atuam. E isso evidenciado no trabalho de

    Delgado (1999), onde ele ressalta que o setor agropecurio invariavelmente visto pelos

    policy-makers da rea macroeconmica, como um todo uniforme (produtores rurais),

    articulado em torno de polticas voltadas estabilizao (ou aumento) do rendimento

    percebido pelo setor, o que usualmente interpretado como mero exerccio de lobby pelo lado

    dos agricultores e de aumento de gastos e preos por parte dos gestores dos programas

    macroeconmicos.

    Observa-se tambm que a agricultura baiana tem sido palco de profundo processo de

    transformao produtiva, tecnolgica, espacial e socioestrutural. Esse modelo de

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    significativa a mudana no setor produtivo agrcola baiano ao longo do tempo, em que se

    verifica o estabelecimento de uma agricultura ou de uma agroindstria moderna, em tempos

    de novas tecnologias, dando maior dinmica no processo de abertura agrcola em direo

    rea dos cerrados no Oeste Baiano e s regies produtivas prximas ao Vale do So Francisco

    Baiano, incorporando novas atividades e novas etapas da cadeia de valor agregado estrutura

    do Produto Interno Bruto (PIB) baiano, e influenciando decisivamente no comportamento da

    economia do estado, principalmente na ltima dcada.

    Neste contexto, revela-se uma modernizao agrcola fundamentada em mudanas de base

    tcnicas do setor atravs da crescente utilizao de processos mecnicos como tratores,

    arados, colheitadeiras e de processos qumicos como adubos, defensivos, calcrios, dentre

    outros.

    Couto Filho (1999) relata que o movimento da agricultura baiana perceptvel por meio da

    contextualizao de trs grandes reas com aspectos diferenciados: a) regies modernas

    representadas por polos produtivos do Extremo Sul, da regio de Juazeiro e da regio Oeste;

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    Verifica-se isto quando visto que cerca de 10% dos municpios do estado concentram

    aproximadamente 65% do valor da produo total do estado. E que apenas 10 desses

    municpios representam 39% do valor da produo, sendo que grande parte se concentra na

    regio oeste.18

    Entretanto, averiguou-se que, mesmo em regies onde o processo de modernizao

    tecnolgica se deu de forma intensa, h uma coexistncia de uma agricultura tradicional de

    base familiar, que na maioria das vezes praticada por pequenos agricultores com baixo

    poder aquisitivo, para os quais esse novo modelo de cultivo apoiado pelas mudanas

    tecnolgicas de difcil acesso e muitas vezes inadequados, seja por seu elevado custo

    econmico que no traz rentabilidade para a produo em pequena escala -, seja por sua

    especializao (levando a riscos mais elevados no ponto de vista econmico e tambm da

    segurana alimentar desses agricultores), seja pela existncia de uma limitao espacial

    (necessidade de terras planas ou de disponibilidade de gua e solos propcios, no caso da

    irrigao).

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    LAVOURA PERMANENTE

    Banana 717.220 975.620 1.079.050 50,45Cacau (em amndoa) 126.812 137.459 148.254 16,91Caf (beneficiado) 171.579 128.511 153.262 -10,68Coco-da-baa* 424.444 713.571 502.364 18,36Laranja 865.380 802.290 987.813 14,15Mamo 858.471 726.991 910.131 6,02Maracuj 97.647 139.910 461.105 372,22

    Sisal ou agave (fibra) 174.424 194.503 237.397 36,10Uva 84.344 109.408 78.283 -7,19Manga 241.531 396.662 509.676 111,02Limo 28.894 34.070 53.003 83,44

    *Mil FrutosFonte: IBGE (PAM, vrios anos). Elaborao prpria

    Concordando com a anlise de Guilhoto e Ichihara (2006), em que o crescimento da produodo setor agropecurio tem sido liderado pelo setor agrcola, a tabela acima mostra que houve

    um grande incremento nos diversos segmentos agrcolas do estado da Bahia, apontando uma

    fortssima expanso da cultura do algodo, do milho, da banana, da melancia e da soja, que

    em grande parte esto localizados na regio oeste do estado, como registrou Mendona

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    Ainda no aspecto da fruticultura, deve-se ressaltar o forte incremento da produo de banana

    (50,45%), principalmente nas mesorregies Sul Baiano, Centro Norte Baiano e Vale do So

    Francisco Baiano.

    Algumas culturas analisadas da tabela 1 possuem forte vocao exportadora, como o caso da

    soja, algodo, e das frutas em geral, principalmente a manga.

    De acordo com informaes da Secretaria de Agricultura, Irrigao e Reforma Agrria do

    Estado da Bahia SEAGRI, a figura 2 mostra os principais polos agropecurios do estado,

    destacando as principais culturas de cada regio.

    Figura 2Principais Polos Agropecurios do estado da Bahia

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    Entre as culturas analisadas observa-se uma grande evoluo do valor da produo, em 2010

    na comparao com o ano de 2001, da cultura do maracuj (380,1%), do algodo (274,3%),do milho (96,9%), da uva (93%) entre outras. As culturas que tiveram reduo do VP foram a

    cana-de-acar (35,4%), a mandioca (42,5%) e o coco-da-baa (25,3%).

    Em se tratando no valor da produo total para o estado da Bahia, o grfico abaixo demonstra

    a evoluo entre os anos analisados, crescendo de R$ 3,4 bilhes em 2001 at R$ 10,5 bilhes

    em 2010, um incremento de cerca de 308%. A figura abaixo mostra a evoluo do valor da

    produo do estado da Bahia ao longo dos dez anos, entre 2001 e 2010.

    Grfico 1 - Valor da Produo AgrcolaBahia, 2001-2010

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    Grfico 2 - Composio das lavouras no Valor da Produo Agrcola do estado da Bahia em

    2010.

    Fonte: IBGE (PAM, 2010). Elaborao prpria

    Fica cada vez mais evidente a importncia da soja, do algodo e do milho, alm do cacau e do

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    Baiano, Nordeste Baiano, Sul Baiano, Metropolitana de Salvador, Vale do So Francisco da

    Bahia e Extremo Oeste Baiano, como mostra o mapa abaixo.

    Figura 3 - Mapa do estado da Bahia com destaque para as mesorregies geogrficas.

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    Tabela 3 - Anlise da evoluo do valor da produo agrcola total do estado da Bahia por

    mesorregies entre os anos 2001-2010 (em mil reais)

    MESORREGIES GEOGRFICAS 2001* 2010 %

    Extremo Oeste BaianoBA 2.074.101 3.598.670 73,5

    Centro Sul Baiano - BA 1.140.307 1.613.532 41,5

    Nordeste Baiano - BA 627.596 1.117.882 78,1

    Centro Norte Baiano - BA 585.893 866.992 48,0Vale So-Franciscano da Bahia - BA 623.842 874.498 40,2

    Sul Baiano - BA 1.784.198 2.285.313 28,1

    Metropolitana de Salvador - BA 246.807 236.147 -4,3

    TOTAL 7.082.743 10.593.034 49,6

    Fonte: IBGE, PAM- 2001 e 2010 - Elaborao prpria.*Valores corrigidos pela inflao

    a) Mesorregio Extremo Oeste Baiano

    Esta regio baiana permaneceu at a primeira metade do sculo XX, como um imenso

    territrio de reserva, parcialmente ocupado e com baixo nvel de atividade econmica. A

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    O Extremo Oeste Baiano possui uma dinmica de ocupao bem diferenciada das demais

    regies do estado. Por ser um territrio muito distante de Salvador, cerca de 850 km, semprefoi tido com uma rea de reserva, sendo um verdadeiro vazio demogrfico. Porm, polticas

    pblicas com o objetivo de ocupar a regio, trouxeram uma grande populao, principalmente

    do Sul do Brasil, em busca de novas terras agricultveis, para implantao de tcnicas

    modernas de produo.

    Santos (2008) menciona que a moderna agricultura nos cerrados baianos foi um dos poucos

    fatos econmicos ocorridos nessa faixa territorial do estado da Bahia, sendo responsvel pela

    mudana do perfil econmico poltico e geogrfico da produo agrcola do Oeste da Bahia.

    Esse fato marcou essa regio no cenrio econmico nacional, criando uma nova fronteira

    agrcola, desencadeando uma srie de aes pblicas e privadas que alteram as formas e os

    contedos deste espao, transformando em um novo territrio caracterizado como um meio

    tcnico cientfico e informal.

    Para Vieira (2007), o fenmeno ocorrido na regio Oeste consequncia da sobreposio de

    atividades primrias e tradicionais pela agricultura moderna, com emprego acentuado da

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    Entre as culturas analisadas na mesorregio do oeste baiano, o maior crescimento foi

    verificado na cultura do algodo. A rea plantada com algodo no oeste da Bahia, onde seconcentra a produo do Estado, aumentou 478% entre 2001 e 2010, contribuindo para um

    aumento de 528% da quantidade produzida e de 288% do valor da produo nesse mesmo

    perodo. Com esse crescimento, a Bahia hoje o segundo maior estado produtor da fibra, e se

    deve muito ao aprimoramento dos produtores que se preocupam em organizar a cadeia

    produtiva e adotar tecnologias para garantir a produtividade, com menos impacto para o solo eo meio ambiente.

    Outra cultura de destaque na regio a cultura da soja, que tambm apresentou considerado

    crescimento, 47% da rea plantada, 120% da quantidade produzida e 82% do valor da

    produo, entre 2001 e 2010. Esta cultura considerada, por muitos, como uma das grandes

    responsveis polo desenvolvimento da regio. As primeiras plantaes comearam na dcada

    de 90 e, desde ento, ajudam a impulsionar o crescimento dos municpios e a mudar a vida de

    muita gente.

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    margem esquerda do Rio das Contas Pequeno, atual Rio Brumado, ao sul da Chapada

    Diamantina.

    De acordo com Oliveira e Casimiro (2012), no cenrio do sculo XIX, formou-se o perfil

    poltico da regio Centro Sul da Bahia19marcado pelo coronelismo20que se estendeu por todo

    o perodo republicano.

    Em se tratando da economia, a agropecuria a atividade mais importante, porm sabe-se que

    desde o sculo XIX, o municpio de Vitria da Conquista se apresentava por ter um

    expressivo comrcio que beneficiava tanto a populao local quanto os municpios vizinhos.

    A partir de 1940, alguns acontecimentos marcaram uma nova configurao promovendo as

    exportaes, o surgimento da Rio-Bahia, tornando possvel a expanso do Sul e Sudeste,

    integrao regio Cacaueira e Capital.

    Apesar dessa nova roupagem que foi dada mesorregio, a partir de alguns avanos

    verificados, a agropecuria ainda uma das principais atividades econmicas da regio e de

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    Tabela 5 - Evoluo das variveis de anlise das principais culturas da mesorregio do Centro

    Sul Baianorea plantada

    (Hectares)x1000Quantidade produzida

    (toneladas)x1000Valor da produo

    (Milhes Reais)Culturas 2001 2010 % 2001 2010 % 2001* 2010 %Caf 107,5 102,2 -5 112,9 76,2 -32 276,6 284,5 2Maracuj 4,2 22,5 438 40,5 331,7 718 40,2 281,9 601

    Banana 13,5 17,6 30 150,7 247,4 64 109,1 137,6 26Cacau 66,3 64,8 -2 21,1 22,9 8 88 122 38Manga 3,7 12,4 234 58 188,2 224 41,7 75,5 81Mandioca 82,9 58,9 -29 787,9 706,3 -10 158,6 115,5 -27Cana-de-acar 15,5 13 - 6 755,7 590,4 -21 114,8 60,2 -47Feijo 115,9 134 15 37,3 29,8 -20 53,2 47,6 -10Fonte: IBGE, PAM- 2001 e 2010 - Elaborao prpria.

    *Valorescorrigidos pela inflao

    A anlise da tabela mostra que a fruticultura foi expressivamente crescente no perodo

    verificado, principalmente as culturas do maracuj, manga e banana, que cresceram seus

    valores de produo em 601%, 81% e 26%, respectivamente. A cacauicultura tambm

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    A agropecuria uma das principais atividades econmicas da mesorregio, posto que a

    agropecuria tem uma participao muito grande na formao do PIB desta mesorregio. Osdemais segmentos correspondem a aproximadamente 30% do PIB total desta mesorregio

    (SEAGRI, 2006). Entretanto, o Nordeste baiano uma das mesorregies que menos participa

    no agronegcio do estado.

    Verificando a diviso do PIB agropecurio, em 2005 o PIB da agricultura no Nordeste Baiano

    foi de 74%, enquanto a participao da pecuria foi de apenas 26%, mostrando a grande fora

    das culturas agrcolas no desenvolvimento econmico da regio. A tabela 6 evidencia a

    evoluo das principais culturas desenvolvidas nesta mesorregio ao longo dos dez anos

    pesquisados.

    Tabela 6 - Evoluo das variveis de anlise das principais culturas da mesorregio NordesteBaiano

    rea Plantada(hectares)x1000

    Quantidade Produzida(toneladas)x1000

    Valor da Produo(Milhes reais)

    Culturas 2001 2010 % 2001 2010 % 2001* 2010 %Milho 228,2 283,6 24 73,9 634,9 759 36,2 270,4 646

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    d) Mesorregio Centro Norte Baiano

    O Centro Norte Baiano englobava 15,8% da populao do estado da Bahia em 2007 (IBGE)

    com 2.224.075 habitantes em uma rea de 81.354.221 km. Na sua composio existem

    oitenta municpios agrupados em cinco microrregies: Feira de Santana, Irec, Itaberaba,

    Jacobina, e Senhor do Bonfim.

    Esta mesorregio apresenta uma estrutura fundiria com mais de 85% das propriedades ruraisenquadradas na categoria da agricultura familiar, e 70% da sua mo de obra ativa vivem na

    zona rural. Com isso, a atividade agrcola a principal fonte geradora de renda e emprego da

    regio. O PIB total dessa mesorregio em 2010 representou 10,71% do PIB do estado.

    No entanto, nota-se que a atividade agrcola desta mesorregio cicatrizada pela baixa

    produtividade das culturas em relao s demais reas de cultivos do pas. Alm disso,

    verifica-se que a agricultura possui um baixssimo grau de tecnologia e baixa gerao de

    renda, deixando os produtores locais com pequeno poder sobre a renda adquirida.

    A evoluo da produo das principais culturas da mesorregio, bem como do valor da

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    Entre as culturas que apresentaram grande evoluo do valor da produo entre os dez anos

    pesquisados, podem ser destacadas as da cebola (659%), do tomate (978%), do abacaxi(312%) e da melancia (305%). Outras culturas tambm apresentaram crescimento tanto em

    rea plantada quanto em quantidade produzida e do valor da produo. Outras, que tambm

    apresentam altos valores de produo, porm sofreram reduo no perodo, foram a mandioca

    (-24%), o feijo (-4%) e o caf (-51%).

    Dessa forma, alm da necessidade de chuvas devido maioria dos municpios estarem

    localizados no semirido, preciso investimento em tecnologias agrcolas para um aumento

    da produtividade das culturas da mesorregio acompanhado de ganho real para os envolvidos.

    e) Mesorregio Vale do So Francisco da Bahia

    Formada pelo agrupamento de 27 municpios em quatro microrregies, a mesorregio do Vale

    So-Franciscano da Bahia possua uma populao de 978.414 habitantes em 2007 (IBGE),

    representando 6,95% da populao do estado neste ano. A regio se destaca na agropecuria,

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    produo em reas abertas, no tem sido possvel manter a criao de caprinos e ovinos, o

    sequeiro tornou-se fornecedor de adubo orgnico para as frutferas irrigadas.

    Na tabela 8 ser demonstrada a evoluo das principais culturas22 desenvolvidas na

    mesorregio Vale do So Francisco da Bahia entre os anos de 2001 e 2010. Como j

    constatado, observou-se a predominncia da fruticultura nesta mesorregio com destaque para

    a uva e a manga.

    Tabela 8 - Evoluo das variveis de anlise das principais culturas da mesorregio Vale doSo Francisco da Bahia

    rea Plantada(hectares)x1000

    Quantidade Produzida(toneladas)x1000

    Valor da Produo(Milhes reais)

    Culturas 2001 2010 % 2001 2010 % 2001* 2010 %

    Uva 2,6 3,2 24 80,7 77,5 -4 103,2 210,1 104Cebola 2,5 9,5 284 39,9 189,2 374 21,4 132,2 517Manga 8,4 13,0 55 139,4 279,7 101 83,3 121,8 46Cana-de-acar

    14,8 18,7 26 1126,9 1464,9 30 56,0 93,7 67

    Banana 4,8 7,1 46 117,4 223,8 91 55,4 90,7 64

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    PIB em 2010 representou 11,81% do PIB baiano, ficando atrs apenas da mesorregio

    Metropolitana de Salvador.

    Algumas mudanas econmicas e sociais ocorridas na Regio Sul da Bahia a partir da sua

    ocupao no sculo XVI foram baseadas principalmente na explorao de suas

    potencialidades naturais, fazendo com que grandes extenses de terra fossem desmatadas e

    ocupadas posteriormente pela agricultura e pecuria.

    O extrativismo de madeiras nobres, como o pau-brasil, marcou o inicio da colonizao da

    mesorregio Sul da Bahia, promovendo o surgimento de entrepostos comerciais ao longo da

    regio. Logo em seguida, a cana-de-acar passou a ser uma importante cultura para a

    economia local, prevalecendo at o final do sculo XVII, ao tempo que surgiram as primeiras

    povoaes em decorrncia da expanso desta cultura. Nesta direo, esta regio tornou-segrande produtora de alimentos, como a farinha da mandioca, milho e feijo, alm de

    derivados da atividade pesqueira.

    De acordo com Fischer (2007), no sculo XVIII foram inseridas na Regio Sul as culturas do

    algodo, caf e cacau, sendo que estas duas ltima representaram uma maior importncia

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    Tabela 9 - Evoluo das variveis de anlise das principais culturas da mesorregio Sul

    Baianorea Plantada

    (hectares)x1000Quantidade Produzida

    (toneladas)x1000Valor da Produo

    (Milhes reais)Culturas 2001 2010 % 2001 2010 % 2001* 2010 %Mamo 16,4 11,4 -31 763,8 739,0 -3 429,3 690,9 61Cacau 506,1 453,2 -10 104,6 124,7 19 468,7 656,2 40Banana 17,0 29,7 75 276,3 425,7 54 158,7 275,5 74Cana-de-acar

    23,1 43,8 90 1181,2 2820,6 139 223,6 134,6 -40

    Caf 20,3 31,0 53 25,1 39,8 59 58,9 115,5 96Mandioca 34,4 41,2 20 435,6 553,3 27 111,0 98,4 -11Coco-da-baa 29,0 29,8 3 135,8 174,3 28 124,7 85,1 -32Borracha 31,9 31,4 -1 19,9 31,9 61 37,7 57,7 53Dend 37,5 48,5 29 150,1 206,9 38 27,7 34,0 23Melancia 3,6 3,2 -12 96,7 90,8 -6 48,4 32,9 -32Maracuj 1,1 1,6 39 19,8 26,7 35 18,4 22,3 21

    Fonte: IBGE, PAM- 2001 e 2010 - Elaborao prpria.*Valorescorrigidos pela inflao

    A tabela acima identifica as principais culturas agrcolas cultivadas na mesorregio Sul da

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    Nesta mesorregio encontra-se a capital e os grandes polos industriais do estado. Porm a

    agricultura tambm tem grande importncia econmica, principalmente na microrregio doRecncavo Baiano. A tabela abaixo mostrar a evoluo das principais culturas agrcolas

    desenvolvidas na mesorregio Metropolitana de Salvador entre os anos de 2001 a 2010.

    Tabela 10 - Evoluo das variveis de anlise das principais culturas da mesorregioMetropolitana de Salvador

    rea Plantada(hectares)x1000

    Quantidade Produzida(toneladas)x1000

    Valor da Produo(Milhes reais)

    Culturas 2001 2010 % 2001 2010 % 2001* 2010 %

    Laranja 8,9 9,3 5 190,5 169,7 -11 43,9 60,4 38

    Mandioca 27,5 20,8 -24 375,0 309,2 -18 53,8 50,1 -7Cana-de-acar 15,0 11,1 -26 663,0 480,1 -28 63,1 32,3 -49Fumo 5,9 4,5 -23 5,3 5,0 -5 19,3 28,5 47Banana 2,6 2,4 -10 25,0 28,4 13 18,7 16,4 -12Coco-da-baa 10,1 3,6 -64 45,9 20,3 -56 24,3 9,1 -62Limo 0,2 0,7 220 2,6 10,2 295 0,6 5,5 862Feijo 2,9 5,3 84 1,8 3,3 85 2,2 5,5 149

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    3 MODELO SH I FT AND SHARE ANALYSIS

    O Modelo Shift and Share Analysis, tambm conhecido como estrutural-diferencial, um

    modelo de anlise da economia regional que foi escolhido para efeito de estudo desta

    dissertao, com o intuito de instrumentalizar a interpretao da produo agrcola nas

    mesorregies da Bahia, tendo como varivel base o valor da produo. Alm disso, este

    modelo oportuniza a compreenso das assimetrias na evoluo do valor da produo agrcola

    buscando indicar os possveis elementos geradores das transformaes ocorridas neste setor.

    importante ressaltar algumas consideraes sobre o modelo dado que este, ao abordar o

    crescimento do valor da produo agrcola em termos das culturas analisadas e da diviso do

    estado da Bahia em mesorregies, no pode ser interpretado como um modelo ou uma teoria

    explicativa do crescimento regional, porm, deve ser utilizado como um modelo de

    investigao que reconhece as componentes deste crescimento. Isso porque trata-se de uma

    identidade contbil, no apresentando qualquer hiptese comportamental em suas variveis

    (WANDERLEY, 1994).

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    3.1 UM ESBOO TERICO

    Craemer (1942) foi quem elaborou a primeira base tcnica do modelo shift and share

    analysis. No entanto s alguns anos depois que Edgar Dunn24 publicou a primeira

    formulao deste modelo em seus trabalhos, Dunn (1959) e Dunn (1960). O modelo tem

    como proposta fundamental descrever e gerar indicadores de crescimento econmico de uma

    regio em termos de sua estrutura produtiva e dos seus aspectos exgenos da atividade de

    produo (cultura agrcola) e endgena aos municpios da mesorregio. Dessa forma, o

    modelo identifica as componentes do crescimento econmico regional, porm, no se trata de

    uma teoria explicativa para efeito do crescimento econmico.

    Segundo Lodder (1974) o grau de dinamismo de uma regio desenrola-se de um segmento

    estrutural e de outro diferencial (regional), este ltimo trata-se de elementos endgenos

    regio. Neste contexto, o crescimento de um determinado municpio pode ser explicado pela

    diferena entre o crescimento real e o que esse municpio teria, caso ele crescesse mesma

    taxa da mesorregio. O fator estrutural, por sua vez, diz respeito composio das atividades

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    terica sobre problemas regionais especficos: anlise dos setores que tiveram uma variao

    diferencial negativa em uma regio e anlise dos fatores explicativos para o desempenhodiferencial de economias regionais, etc.

    O procedimento analtico do shift-share consiste na decomposio do crescimento de uma

    varivel base (valor da produo agrcola) em uma determinada rea geogrfica

    (mesorregies), levando para a identificao das componentes distintas desse crescimento. Naverdade, trata-se de uma ferramenta analtica que procura apreender e desagregar os diferentes

    componentes do crescimento de uma varivel que possa explicar ou influenciar o seu

    comportamento (DUNN, 1960).

    A formulao clssica do modelo proposto por Dunn (1959; 1960) exige um enquadramento

    analtico de acordo com os seguintes supostos, descritos por Wanderley (1994):

    1) o modelo elaborado sob a tica da esttica comparativa, ou seja, ele ignora a

    explicao da evoluo do valor da produo quanto ao processo de

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    composto por um conjunto de identidades com quaisquer hipteses de causalidadeque procuram identificar e desagregar componentes de tal crescimento, em uma

    anlise descritiva da estrutura produtiva. (SIMES, 2005, p.10).

    O modelo se forma a partir da ideia de que uma varivel bsica pode ser maior em alguns

    segmentos do que em outros, ou maior em algumas regies que em outras. Isto, na verdade,

    cria a possibilidade de uma determinada regio apresentar um maior crescimento do que a

    mdia registrada nas demais regies, devido ao fato da primeira possuir a maioria dos setoresmais dinmicos ou por possuir uma estrutura forte em uma das variveis, que impulsiona o

    desenvolvimento.

    A interpretao do modelo shift-share resulta de determinadas aes, provocando uma

    divergncia das mudanas que ocorrem nas variveis econmicas em diferentes componentesque facilitam e possibilitam uma avaliao da maneira que essas mudanas ocorrem.

    Os autores Hernndez e Paniagua (2008) descrevem o modelo da seguinte forma:

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    (1992) aplicaram o modelo Shift-Share no estudo das principais lavouras do Centro-Oeste

    brasileiro, de 1975 a 1987, destacando a expanso o cultivo de soja em substituio a outroscultivos agrcolas menos rentveis economicamente.

    De acordo com Pereira (1999), as principais contribuies ao modelo shift-share, so

    creditadas, entre outros autores a Stilwell (1969), Esteban-Marquillas (1972) e Herzog e

    Olsen (1979). Essas contribuies iniciaram a partir do momento em que foram detectadasalgumas deficincias na formulao original, sendo que a principal deficincia trata-se do uso

    da ponderao das taxas de crescimento no ano inicial, no considerando possveis mudanas

    na estrutura da varivel ao longo do tempo.

    Nesta direo, Stilwell (1969), com a finalidade de solucionar essa limitao26, sugeriu uma

    alterao do efeito proporcional introduzindo no modelo a varivel base no final do perodo

    , alm de se considerar tambm no incio. Neste sentido, ao usar como peso, emedindo a diferena entre um e outro como indicador da mudana na composio do valor da

    produo, obtm-se o novo clculo do efeito proporcional, entre os perodos de tempo.

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    = valor da produo na atividade ida mesorregio no ano inicial;= valor da produo do pas no ano inicial.

    Herzog e Olsen (1979),por sua vez, partindo da formulao proposta por Esteban-Marquilas,

    desenvolveram as correes necessrias englobando a proposta de Stilwell, em que se usa a

    varivel base no final do perodo e no mais no incio. Ademais, reformularam o efeitoalocao, inserindo a mudana do peso na composio da varivel base, o novo efeito

    alocao ter, ento, como componentes explicativas, a composio desta varivel no ano

    inicial, a do ano final e suas respectivas taxas de crescimento.

    3.2 DESCRIO DO MODELO SHIFT-SHARE

    O modeloshift-sharese sustenta em uma matriz de informaes de uma dada varivel base

    valor da produo agrcola - setorial/regional, representada pela letra V. Nas linhas dessas

    matrizes so encontrados os diversos setores das atividades (culturas agrcolas), e em suas

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    Vtt = i j Vij = j i Vij.

    Dessa forma, observa-se que Vcorresponde varivel base, que em nosso caso o valor da

    produo agrcola (V); Vij o valor da produo da atividade i em cada municpio j

    (amplitude local); Vit o valor da produo da atividade i de todos os municpios (amplitude

    regional); Vtj o valor da produo de todas as atividades de cada municpio j (amplitude

    setorial); Vtt o Valor da produo de todas as atividades e em todos os municpios

    (amplitude espacial). Ao tempo em quei representa os setores;j os municpios; nrepresenta o

    numero de atividades; mrepresenta o nmero de municpios; 0 o perodo base (2001) e 1

    representa o perodo corrente (2010).

    A aplicao do modelo usar uma matriz de informaes para cada uma das sete mesorregies

    baiana, tal que em cada uma delas sero escolhidas amostras das principais culturas agrcolas

    e dos seus principais municpios.

    A partir da verso de Dunn do modelo shift-share, o qual apresenta trs componentes do

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    produo que o municpio poder incorrer como resultante de sua composio setorial. A

    Componente de Crescimento Regional (CCR) indica o valor positivo (ou negativo) resultantedos fatores de iniciativa e decises dos agentes locais poder pblico, iniciativa privada,

    dentre outros - que influenciam na atividade agrcola.

    Neste modelo, o clculo da taxa de crescimento do valor da produo de todas as atividades e

    em todos os municpios (amplitude espacial) ponderado pelo ano base representado daseguinte forma:

    Da mesma forma, calcula-se a taxa de crescimento do valor da produo no segmento da

    atividade ina amplitude regional (conjunto de municpios), ponderado pelo ano base:

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    3.3 O MODELO DE STILWELL

    Stilwell (1969), aps ter identificado as limitaes do modelo apresentado na equao (1),

    devido a este no ter considerado a existncia de mudanas estruturais na composio setorial

    das regies durante o perodo observado, elaborou uma modificao com o intuito de captar

    diversificaes setoriais interperodos, atravs da criao de uma varivel revertida. Dessaforma, observou-se que a diferena entre a variao revertida e a variao estrutural, veio a

    ser identificada como Varivel Estrutural Modificada.

    Neste contexto, uma determinada regio, especializada em segmentos menos dinmicos no

    perodo inicial, pode ter sofrido uma mudana de estrutura entre os anos da anlise, de

    maneira que transforme a composio setorial a ponto desta apresentar uma supremacia

    relativamente maior de setores dinmicos no perodo final. Portanto, Stilwell, com o objetivo

    de eliminar essas limitaes, inseriu em sua formulao uma taxa de crescimento revertida,

    utilizando como referncia base o ano corrente.

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    i tj tt

    Em que:

    = Taxa de crescimento revertida da varivel base na atividade iem cadamunicpioj: amplitude local;

    = Taxa de crescimento revertida da varivel base na atividade ide todosos municpios: amplitude regional;

    = Taxa de crescimento revertida da varivel base em todas as atividadesde cada municpioj: amplitude setorial;

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    ( )

    Como,

    ,

    tem-se que,

    [ ][ ( ) ] (3)

    Como pode ser observado na equao (2), a Componente de Crescimento EstruturalModificada (CCEM) representa a diferena entre a Componente de Crescimento estrutural

    Revertida (CCER) e a Componente de Crescimento Estrutural (CCE) e indica a variao

    lquida devido existncia de diferena entre as estruturas da produtividade das regies entre

    o ano corrente e o ano base.

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    A CCRR expressa a influncia dos aspectos endgenos ao municpio, mas exgenos cultura,

    que exercem sobre o crescimento da varivel base. Se esta componente for positiva, significadizer que o municpio cresceu por fatores prprios, ou seja, esse municpio apresenta alto grau

    de competitividade e no tem, obrigatoriamente, a necessidade de contar com as modificaes

    nas especializaes.

    De acordo com Galeano et al. (2012), a formulao de Dunn foi modificada por Stilwell paraque pudesse abranger o impacto das mudanas estruturais sobre a varivel em estudo na

    composio setorial da produo durante o perodo estudado, sendo que a interpretao dos

    resultados ser analisada com base nos sinais das componentes de crescimento.

    Na verdade, o modelo shift-share identifica, atravs dos resultados obtidos, se h uma

    influncia maior ou menor do crescimento global, do estrutural e regional para um

    determinado segmento em um dado municpio.

    Dessa forma, torna-se possvel dizer que o modelo muito interessante para a aplicao em

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    4 ANLISE DOS RESULTADOS

    Os objetivos deste estudo esto amparados nos cenrios da valorizao das commodities

    mundiais, na evoluo da produo agrcola e na crescente demanda mundial por alimentos,

    principalmente dos pases com vasta extenso territorial e condies climticas favorveis

    como o caso do Brasil. Historicamente, sempre coube agricultura a misso de produzir

    alimentos, mas, atualmente, a agricultura j convive com a ampliao da abrangncia de suas

    atribuies. Como se no bastasse a ampliao destas atribuies, o desafio do abastecimento

    mundial de alimentos assume contornos dramticos, tendo em vista o crescimento mundial da

    populao.

    Os resultados do modelo shift-share so analisados luz das taxas de crescimento porculturas, segundo a agregao regional. A anlise dos trs componentes do modelo,

    Componente de Crescimento Global (CCG), Componente de Crescimento Estrutural

    Modificada (CCEM) e Componente de Crescimento Regional Residual (CCRR), mostra qual

    delas tem maior influncia no crescimento do valor da produo em cada cultura, e nos

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    Dessa forma, sero abordados por mesorregies os indicadores das culturas e do municpio

    referentes participao do VP na mesorregio, a taxa de crescimento do valor da produoentre 2001 e 2010, a variao da rea plantada neste perodo; bem como os percentuais de

    cada componente do modelo shift-share em relao componente de crescimento total

    (CCT).

    4.1 ANLISES DAS FONTES DE CRESCIMENTO DAS CULTURAS NAS

    MESORREGIES DO ESTADO DA BAHIA

    Os resultados do modelo shift-share so analisados atravs da taxa de crescimento dos

    componentes que compem esse modelo. A CCG reflete a induo do crescimento da

    Mesorregio sobre o desempenho de cada municpio. A CCEM mostra se a influncia na

    mudana estrutural foi ou no dinmica nos municpios de cada mesorregio. A CCRR, por

    sua vez, analisa se houve mudanas exgenas cultura que influenciaram no crescimento

    agrcola, ou seja, se aes econmicas locais influenciaram no crescimento regional residual

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    produtos que tm maior peso no valor da produo regional. De acordo com o quadro 1,

    verificou-se que os municpios que mais representam a agricultura da regio oeste foram: LusEduardo Magalhes, 9,79%; Barreiras, 12,83%; Correntina, 10,17%; Formosa do Rio Preto,

    19,77%; So Desidrio, 31,65%; Riacho das Neves, 6,74%; e Jaborandi, 5,13%. Da mesma

    forma, as culturas que tiveram maior contribuio para o valor da produo agrcola da

    mesorregio foram, a soja, o algodo, o milho e o feijo. O Quadro 1 destaca a participao

    do VP de cada cultura no valor da produo da mesorregio, as taxas de crescimento, avariao da rea plantada, alm dos percentuais das componentes de crescimento em relao

    componente de crescimento total (CCT).

    Enfatiza-se que a influncia da taxa de crescimento do VP da mesorregio de 107,87% na

    componente de crescimento global gerou um efeito dinmico em todos os municpios e

    culturas agrcolas.

    Quadro 1 - Participao do Valor da Produo (VP) de cada produto na mesorregio, taxa decrescimento do Valor da Produo, Variao da rea Plantada e Resultados da Decomposioda Taxa de Crescimento do Valor da Produo (2001-2010), na Mesorregio do ExtremoOeste Baiano.

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    Feijo 4,51 835,55 493,33 13,02 0,94 86,04 6.705

    TOTAL 19,77 310,61 262,08 36,37 -10,64 74,27 462.607

    SODESIDRIO Soja 23,79 52,14 21,78 138,48 19,77 -58,26 200.524

    Algodo 48,73 363,82 700,02 60,96 -45,92 84,95 171.541

    Milho 28,95 23,36 -12,60 115,42 42,70 -58,11 99.609

    Feijo 27,42 105,33 53,33 109,82 -3,91 -5,91 22.003

    TOTAL 31,65 110,78 50,31 105,62 0,52 -6,13 493.676

    RIACHODAS

    NEVES

    Soja 6,32 47,85 19,03 146,57 21,32 -67,89 51.826

    Algodo 9,15 327,80 628,34 76,55 -63,47 86,93 27.799Milho 4,55 78,97 8,32 72,36 17,64 10,00 17.202

    Feijo 4,41 779,89 416,25 13,96 0,89 85,15 6.494

    TOTAL 6,74 111,22 47,47 107,04 -3,39 -3,65 103.320

    JAB

    ORANDI Soja 4,92 266,71 193,34 36,88 0,28 62,84 64.671

    Algodo 1,74 292,23 609,76 102,39 -92,59 90,20 4.309

    Milho 12,77 306,16 200,00 28,67 -7,79 79,12 53.729

    Feijo 6,50 740,95 867,74 14,70 0,85 84,45 9.515TOTAL 5,13 297,41 226,45 34,08 -5,99 71,90 132.224TOTALMESORREGIO

    100,00 107,87 50,70 100,00 - - 1.601.068