2011 - proposta de jogos reduzidos para o desenvolvimento das transições ofensivas e defensivas no...

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ANEXO 3 (CAPA) 1 2 3 Alexandre Pereira Lemos PROPOSTA DE JOGOS REDUZIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS TRANSIÇÕES OFENSIVAS E DEFENSIVAS NO FUTEBOL

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ANEXO 3 (CAPA)

1

2

3

Alexandre Pereira Lemos

PROPOSTA DE JOGOS REDUZIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS

TRANSIÇÕES OFENSIVAS E DEFENSIVAS NO FUTEBOL

VIÇOSA – MG

Junho - 2011

Page 2: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

ANEXO 3 (CAPA)

1

2

3

Alexandre Pereira Lemos

1

2

3

4

5

6

7

8

9

PROPOSTA DE JOGOS REDUZIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS

TRANSIÇÕES OFENSIVAS E DEFENSIVAS NO FUTEBOL

Trabalho apresentado à UniversidadeFederal de Viçosa, Departamento de Educação Física, como requisito para Aprovação na disciplina EFI - 497Trabalho de conclusão de curso.

VIÇOSA – MG

Junho - 2011

ii

Page 3: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

FOLHA DE APROVAÇÃO (Passar para branco)

2

3

4

Alexandre Pereira Lemos

1

2

3

4

PROPOSTA DE JOGOS REDUZIDOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS

TRANSIÇÕES OFENSIVAS E DEFENSIVAS NO FUTEBOL

1

2

3

4

5

Trabalho apresentado à UniversidadeFederal de Viçosa, Departamento de Educação Física, como requisito para Aprovação na disciplina EFI - 497Trabalho de conclusão de curso.

1

2

3

APROVAÇÃO: ____ /____ /____

1

2

____________________________ ________________________________ Prof.Próspero Brum Paoli Prof. Mário Alino Barduni Borges

Orientador Avaliador

____________________________________

Prof. José Elias RigueiraCoordenador da disciplina

iii

Page 4: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

DEDICATÓRIA (Passa pra branco)

Dedico a todos que de alguma forma contribuíram para esse

estudo.

iv

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ANEXO 7 (Passar para branco)

1

2

3

4

5

6

7

AGRADECIMENTOS

1

2

3

Agradeço a Deus por tudo, ao meu avô que sempre esteve

presente, mesmo nos momentos mais difíceis e, que junto com meus pais formam os

pilares da minha vida, eles são os principais responsáveis e incentivadores deste

processo. Aos meus irmãos Felipe, Mateus e Rafael que são amigos para toda vida. Aos

meus amigos do CEU companheiros para a vida toda. A todos do Cruzeiro Esporte

Clube que abriram as portas para mim e principalmente ao meu primo Quintiliano que

teve paciência e sempre ensinou e incentivou o estagiário. Aos familiares Avós, Tios e

principalmente Jane, Henrique, Paulo e Josselma, pessoas que mesmo sem nenhum

parentesco participaram de forma significativa de minha criação ajudando-me a crescer

como ser humano e sempre terão um espaço no meu coração. Ao professor Mário Alino

que mesmo o pouco contato foi de grande aprendizado. Em especial ao Professor

Próspero Paoli por me orientar, perceber, acreditar, confiar e tentar transformar uma

pedra bruta em diamante. Na realidade gostaria de agradecer por ser um pai.

v

Page 6: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

ANEXO 8 Passa para branco no final do trabalho

2

3

4

5

6

7

SUMÁRIO

1

2

3

Página

RESUMO .......................................................................................................... viii

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1

1.1 Objetivo ................................................................................................. 3

1.2 Justificativa ........................................................................................... 3

2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................... 5

2.1 Conceito de Tática ................................................................................ 5

2.2 Tipos de Tática....................................................................................... 8

2.3 Capacidades Táticas .............................................................................. 9

2.4 Princípios da Tática ............................................................................... 11

2.4.1 Princípios da Tática Ofensiva............................................................. 11

2.4.2 Princípios da Tática Defensiva .......................................................... 14

2.5 Fases do Jogo ........................................................................................ 15

2.5.1 Fase Ofensiva ..................................................................................... 15

2.5.2 Fase Defensiva ................................................................................... 16

2.5.3 Transição Ofensiva ............................................................................ 17

2.5.4 Transição Defensiva .......................................................................... 17

2.6 Treinamento em Forma de Jogo ............................................................ 18

3. METODOLOGIA ......................................................................................... 23

4. PROPOSTA DE SEQUENCIA PEDÁGOGIA ATRAVÉS DE ATIVI-

vi

Page 7: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

DADES EM FORMA DE JOGO PARA O DESENVOLVIMENTO DA

TRANSIÇÃO .............................................................................................. 24

4.1 Mudança Comportamental .................................................................... 26

4.2 Percepção .............................................................................................. 27

4.3 Tomada de Decisão ............................................................................... 28

4.4 Execução ............................................................................................... 29

4.5 Mudança Comportamental .................................................................... 30

4.6 Percepção .............................................................................................. 31

4.7 Tomada Decisão .................................................................................... 32

4.8 Execução ............................................................................................... 33

5. CONCLUSAO ............................................................................................ 34

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 36

RESUMO

vii

Page 8: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

(passa para branco)

1

2

3

4

5

6

7

RESUMO

Este estudo tem como objetivo propor atividades em forma de jogo para o desenvolvimento tático das transições ofensivas e defensivas do futebol. Para elaborar essas atividades foi necessária uma revisão de literatura aprofundada em conjunto com a experiência prática do autor fomentando esse estudo tanto no campo prático, quanto no teórico. O jogo de futebol é cíclico, as fases se alternam continuamente durante uma partida de futebol, por isso torna importante preparar a equipe para defender, atacar e transitar de uma fase para a outra com maior eficiência possível. Nota-se que essa fase transitória dentre as fases do jogo é a que menos é trabalhada, sendo que as principais ações táticas que levam perigo são decorrentes de falhas na fase de transição. Desta maneira, esse estudo mostra que o desenvolvimento tático da transição através do método em forma de jogo é motivante e extremamente enriquecedor ao arsenal motor do atleta acelerando os processos cognitivos ligados à transição, com isso aumenta-se a velocidade e a eficácia dessa importante fase do jogo.

1

Palavras-chave: Futebol. Tática. Transição. Jogo. Fase.

viii

Page 9: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

ANEXO 2 (passar para branco)1

2

3

4

5

6

7

1. INTRODUÇÃO

9

10

11

O futebol é uma modalidade esportiva coletiva, contando com diversas

variáveis, como comportamento do jogador com e sem a bola, o adversário, entre

outros. Assim, a obtenção de um bom desempenho está relacionada ao desenvolvimento

de forma integrada e sistematizada dos seis componentes do treinamento esportivo:

físico, técnico, psicológico, tático, clinico e o administrativo, sendo que nesse estudo

será focado o componente tático.

A tática segundo Castelo (1996) não é apenas uma organização em

função de um espaço de jogo. As tarefas específicas dos jogadores exige uma

consciência unitária para o desenrolar do jogo ou, por outras palavras, um conjunto de

linhas orientadoras dos comportamentos de jogadores que lhe permite estabelecer uma

linguagem coletiva comum.

Para melhor compreensão do jogo de futebol e as ações táticas

envolvidas no mesmo, devemos dividir o jogo em fases; sendo elas a ofensiva,

defensiva e a transição quando a equipe perde ou ganha a bola. Durante uma partida de

futebol as trocas de fases são cíclicas, ou seja, ataca-perde a bola - realiza a transição

defensiva – defende – ganha a posse de bola – realiza a transição ofensiva – ataca.

Apesar da importância das transições ofensivas e defensivas, para Leal

(2003) treinam-se muito as ações de ataque e de defesa, mas muitas vezes não se

treinam as transições.

Para o desenvolvimento de um comportamento tático de uma equipe

PAOLI (2006) preconiza quatro métodos básicos: O posicional – trata-se da disposição

1

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dos atletas em campo de forma equilibrada em zonas, setores e lados do campo levando-

se em consideração os sistemas de jogo utilizados; ações táticas especificas – refere-se

a divisão do todo do jogo em partes, como as saídas de bola pelo alto e por baixo, as

manobras a partir do meio campo, as viradas de bola, as ultrapassagens e triangulações,

as jogadas oriundas de bola parada. A partir dessa divisão realizam-se os treinamentos

com repetições de uma situação de forma isolada buscando um padrão a partir da

situação trabalhada. O coletivo – é o treinamento utilizando os 11x11, trabalhando o

jogo como um todo, estabelecendo algumas modificações, como número de toques na

bola, equipe com jogadores em superioridade ou inferioridade, diminuindo o tamanho

do campo, etc.. O método em forma de jogo – onde se trabalha com o campo reduzido,

por meio de jogos adaptados e situacionais com variáveis provenientes do jogo com

grande variabilidade e repetição municiando assim a memória motora com inúmeras e

variadas informações. Este presente estudo não tem o objetivo de discutir qual o melhor

método, no entanto foi escolhido para o desenvolvimento tático da transição o

treinamento em forma de jogo, pois o mesmo está relacionado ao desenvolvimento

cognitivo o que para o atleta é muito benéfico taticamente.

Baseado em Paoli e Grasseli (2006) entende-se que o treinamento em

forma de jogo possibilita variações e objetivos ilimitados e que as capacidades

cognitivas e motoras são amplamente desenvolvidas. Através desta forma de ensino-

treinamento-apredizagem, acredita-se que a tática, ou seus princípios, podem ser

trabalhados de forma prática e integrada à realidade do jogo, não criando facilidades,

mas impondo desafios e dificuldades, algumas vezes de difícil resolução, mas sempre

na intenção de reproduzir aspectos e situações reais do jogo a que os atletas/alunos

deverão enfrentar nas diferentes posições e circunstâncias.

Ao trabalharmos a tática e as suas fases torna-se então importante a

construção de uma base por meio dos princípios fundamentais da tática, que de acordo

com Paoli (2008) são seis ofensivos (Apoio, profundidade, abertura, mobilidade,

infiltração e criatividade, improvisação e habilidade) e cinco defensivos.

retardamento/pressão, recuperação, cobertura, equilíbrio e compactação.

Buscamos nesses princípios táticos ofensivos e defensivos que a equipe

agregue comportamentos e idéias, fomentando com isso um desenvolvimento tático da

equipe e suas fases. Para que ocorra a transição de maneira eficaz a equipe deve estar

2

Page 11: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

preparada para quando perder a bola não ser surpreendida, estando preparada para

realizar a fase de transição defensiva. Já na fase de transição ofensiva, defesa-ataque a

equipe deve estar preparada para obter a posse de bola.

1.1 Objetivo

Propor jogos reduzidos para o desenvolvimento tático na fase do jogo de

transição ofensiva e defensiva através do treinamento em forma de jogo.

1.2 Justificativa

Através da sistematização de um programa de treinamento tático que

utiliza do método em forma de jogo, podemos oferecer uma maior diversidade e

desafios aos praticantes, aumentando de forma significativa suas experiências diante das

situações reais o que contribui para a melhoria da dinâmica do jogo, fazendo com que se

desenvolvam de forma completa e específica as mais diferentes esferas inerentes a

preparação de uma equipe competitiva.

Através da observação de partidas de futebol e da busca de

embasamentos teóricos, pode-se afirmar que os atletas se deparam com desafios de

complicada resolução em consequência das tarefas cognitivas e motoras múltiplas com

relação aos seus companheiros e adversários, sendo várias situações que se apresentam

a cada minuto de jogo, fazendo necessário um número sem fim de tomadas de decisões,

criando uma gama incontável de memórias prontas para serem acessadas a qualquer

momento para a resolução de uma determinada situação.

Este estudo se dedica ao desenvolvimento da tática na fase de transição

por meio do treinamento em forma de jogo baseados nos princípios da tática ofensiva e

defensiva. O desenvolvimento de tais princípios é importante por serem parâmetros

úteis para a análise por parte dos jogadores e treinadores da performance de sua equipe.

Após considerarmos tudo isso, justificamos a necessidade deste estudo à

medida que a transição é uma importante fase do jogo e é em muitos casos relegada ao

segundo plano. Nos esportes coletivos como o futsal, o handebol e o basquetebol essa

fase do jogo tem grande volume e importância no planejamento tático, com isso

3

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buscamos inserir essa metodologia para o futebol de campo. Segundo Valdano (2001),

“as equipes devem saber atacar e defender. Mas também, fazer as transições. Isso

reforça que um dos momentos mais críticos do jogo é exatamente quando a equipe

perde ou ganha a posse de bola, exigindo por parte do treinador uma atenção redobrada

com essa reorganização tática durante os treinamentos. É uma problemática que merece

ser tratada cuidadosamente, mas que ainda no contexto do treinamento do futebol, passa

em muitos casos despercebida pelos profissionais.

4

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ANEXO 2 (passar para branco no final do trabalho)1 ANEXO 2

1

2

3

4 (sete espaços de 1,5 )

5

6

7

2. REVISÃO DE LITERATURA

9

10

11

2.1 Conceito de Tática

A tática pode ser entendida como procedimentos e ações tanto ofensivos

quanto defensivos, através dela, pode-se utilizar de modo mais eficiente os fundamentos

técnicos, com o objetivo de um melhor rendimento individual e coletivo, frente ao

adversário dentro da partida. Partindo desse pensamento pode-se conceituar e analisar

de forma acertada a tática desportiva.

Para Tubino (1979) a tática é a totalidade de ações individuais e coletivas

dos atletas de uma equipe, organizada racionalmente dentro do regulamento e das regras

específicas da modalidade, buscando a vitória, considerando as qualidades e

singularidades dos atletas, e também as potencialidades do adversário, assim como suas

fraquezas.

A tática para Greco (1992) é a capacidade senso-cognitiva, baseada em

processos psico-filosóficos de recepção, transmissão, análise de informações,

elaboração de uma resposta até a execução da ação motora, concretizada com o

emprego de uma técnica específica. A tática é resultado de uma tomada de decisão que é

resultado do nível de capacidade tática do atleta. A esse aspecto também podemos

acrescentar a maturidade do atleta em relação ao jogo.

5

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Um atleta bem experimentado possui uma maior memória de ações

motoras, com isso terá mais opções para a resolução das situações que aparecem durante

a partida, tendendo a fazer escolhas mais acertadas do que jogadores pouco

experimentados.

Dias (1980) defende que a tática é a utilização prática e produtiva dos

elementos qualificados para as funções defensivas e ofensivas, com implicações nas

variações do jogo.

Acrescenta-se aqui a colocação de Silva (1988) que define a tática como

a utilização, da melhor maneira possível, das peças de um determinado esporte no

sentido de impor ao adversário a própria iniciativa.

Szmuchrowschi (1990) entende que a tática é um conjunto de normas e

comportamentos individuais que servem para utilizar, de modo ótimo, os próprios

pressupostos condicionantes, motores e psíquicos com competência, tendo em conta as

linhas de condutas das capacidades de prestação, o modo de jogar dos adversários, as

condições externas, as regras do jogo e as condições da partida.

Zacharov (1992) coloca a tática como uma conduta especial orientada e

os métodos de utilização das ações técnicas que visam à obtenção dos objetivos

competitivos e que são aplicados de conformidade com as regras da modalidade

desportiva concreta.

Para um melhor entendimento é preciso conhecer os conceitos de sistema

de jogo e estratégia, são duas variáveis ligadas diretamente ao jogo e a tática, porém,

são termos muito diferentes na prática em relação ao treinamento e ao que acontece nas

partidas.

O sistema de jogo de uma equipe tem a ver com a distribuição dos

jogadores de forma organizada no campo, tem relação direta com o posicionamento dos

mesmos. Através do sistema de jogo é possível uma mais fácil aplicação de esquemas,

manobras ou simplesmente jogadas realizadas ofensiva ou defensivamente. Objetiva

ainda criar dúvidas no adversário, fazendo que não obtenha sucesso em suas ações,

conferindo assim vantagens sobre este no decorrer do jogo. Isso significa que os

sistemas e esquemas de jogo buscam aumentar a eficiência da equipe, diminuindo a

possibilidade de erros, facilitando a resolução de problemas ocorridos durante a partida.

Sistemas e esquemas são preestabelecidos (SANTANA, 1996).

6

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Greco (1992) vê a estratégia como algo mais abrangente e de longo

alcance, deixando a tática orientada para situações pontuais dentro de um planejamento

maior visando à competição como um todo. Matveiv (1977) defende que a tática se

orienta a uma situação em particular, por exemplo, marcar pressão a equipe inferior

tecnicamente, e a estratégia relaciona-se com a globalidade da competição, tentar o

maior numero de vitórias possível no início da competição.

Através das impressões destes autores, infere-se que a tática está

intimamente ligada a aspectos cognitivos, devendo não ser estática, é preciso que possa

ser alterada durante as partidas de acordo com as situações apresentadas, e também

respeitar as características dos atletas presentes dentro de campo, além é claro das

características do oponente, para assim ser aproveitada de forma adequada. Aliados a

tática estão os sistemas de jogo, estes vêm para organizar e distribuir de forma racional

os jogadores dentro de campo.

A estratégia, aspecto que também se relaciona à tática e ao sistema de

jogo é global e menos variável. Pode ser considerada como um princípio norteador e de

definição da atuação de uma equipe durante uma competição, mostrando mais algumas

características do que outras, por exemplo, uma equipe que faça o seu jogo baseado na

defesa forte e agressiva e contra-ataques rápidos, ou ainda uma equipe que possua um

jogo mais sustentado em passes, valorizando assim a posse de bola esperando o melhor

momento para buscar a jogada mais aguda. A estratégia varia de treinador para

treinador, porém, esta também deve observar as características dos atletas da equipe. A

situação da equipe dentro da competição também influencia diretamente na escolha da

melhor estratégia para as partidas.

Desta forma, o componente tático se torna cada vez mais importante

dentro do jogo, é parte fundamental na obtenção de resultados positivos para a equipe.

A tática é um fator amplo e rico que pode ser manipulado de várias formas de acordo

com as mais diversas situações dentro do jogo e da competição. Para um melhor

rendimento é preciso que a equipe domine várias formas de jogar, tanto defensivamente,

quanto ofensivamente. Portanto, a tática é um fator perfeitamente treinável e, mais

eficaz quando se considera o aspecto cognitivo como parte integrante do treinamento e

não apenas como fator contundente. Visto isso, devemos avaliar o atleta de acordo com

o plano tático e treiná-lo de forma coerente, racional e que o convença, acima de tudo,

7

Page 16: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

fazendo assim que o mesmo possua condições de acerto elevadas nas mais variadas

situações. É fator determinante para a consolidação e eficácia das ações táticas, com

relação ao atleta ou a equipe.

2.2 Tipos de Tática

Segundo Greco (1992), a tática divide-se em princípios individuais e

coletivos, aspectos de extrema importância para o treinamento de uma equipe. Sendo

assim, torna-se necessário avaliar a ação de uma equipe individual e coletivamente, a

fim de ordenar as decisões, orientar e controlar de maneira produtiva o comportamento

do jogador durante a partida. Esses princípios táticos enunciados por Greco (1992)

podem ser classificados como:

a) Princípios da tática individual

Segurança: princípio que irá proporcionar ao atleta o domínio técnico dos fundamentos

específicos do jogo, tais como o passe, o drible, o chute e etc.;

Variação do ritmo de deslocamentos: importante tanto no ataque quanto na defesa,

em função da posse de bola, posição dos companheiros e dos adversários e a

participação na ação;

Domínio dos espaços: cada jogador deve ocupar os espaços no ataque e na defesa com

segurança, adaptando-se com eficácia às variações do jogo, movimentações dos

companheiros e adversários;

Reação/Adaptação: o jogador deve antecipar-se à situação de jogo, integrando-se

velozmente ao decorrer temporal da situação/movimento de jogo.

b) Princípios da tática coletiva

Criação de superioridade: modificar a situação de igualdade em favor do ataque ou

conforme a situação de jogo;

Ajuda Recíproca: através da colaboração permanente ao colega. O ataque, por

exemplo, caracteriza-se pelo desmarque ou pelo cruzamento, e a defesa pelas

coberturas;

8

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Ocupação dos postos: para evitar desequilíbrios ou deslocamentos, tanto no ataque

quanto na defesa;

Ação resposta: as ações do protagonista e as de intervenções de ajuda devem ser

realizadas simultaneamente, no momento taticamente adequado;

Variabilidade: exigência dada para poder alcançar o objetivo final do jogo.

A partir do conhecimento destes princípios táticos por parte dos atletas o

trabalho pode ser aperfeiçoado, maximizando o rendimento da equipe durante as

partidas e competições. É importante destacar que os princípios coletivos e individuais

se relacionam diretamente e são interdependentes dentro da situação real do jogo de

futebol.

2.3 Capacidades Táticas

Durante o jogo de futebol, o jogador é submetido a várias situações em

que precisa fazer a leitura correta da situação (percepção) e /ou ainda antecipar-se a tais

situações, sempre com a intenção de facilitar as tomadas de decisão dos seus

companheiros de equipe e tornar as ações adversárias mais fáceis de serem previstas,

por meio de ações coordenadas e também previamente treinadas ou ainda orientadas

durante o treinamento. Para tal comportamento o aspecto cognitivo de cada jogador

deve ser estimulado e desafiado nas seções de treino, fazendo com que ele tenha de

pensar para agir, e não apenas reproduzir uma ação motora previamente estabelecida. É

de grande importância que se saiba o quê, o porquê, quando e como fazer. Tais aspectos

têm grande influência no comportamento e na efetividade tática da equipe.

De acordo com Greco (1992) as capacidades táticas gerais estão em

direta relação com as capacidades cognitivas devendo ser consideradas básicas para o

processo ensino-aprendizagem-treinamento do ato tático no jogo, pois o

desenvolvimento das capacidades táticas está vinculado ao desenvolvimento paralelo

das capacidades cognitivas.

Ainda segundo Greco (1992) o desenvolvimento das capacidades táticas

permite oferecer ao atleta subsídios na busca de soluções às tarefas/problema que a

situação de jogo competitivo ou não impõe.

9

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A movimentação dos companheiros e adversários e a localização da bola

no campo de jogo devem ser constantemente levadas em conta. A partir desta afirmativa

entende-se que a capacidade de percepção, antecipação, as tomadas de decisões

corretas, são capacidades cognitivas que devem ser incrementadas durante todo o

processo de ensino-aprendizagem-treinamento.

Para Greco (1992) os processos cognitivos do comportamento táticos nos

esportes coletivos são:

a) Percepção: entrada em consciência de uma impressão sensorial, transmitida pelos

centros nervosos. Geralmente as impressões sensoriais não são vivenciadas como

qualidades isoladas, mas sim em conjunto o tempo todo;

b) Antecipação: prefiguração mental. No esporte define-se a antecipação como a

avaliação prévia de uma situação que ainda não se produziu, constando de três fatores:

experiência de antecipação, relacionada ao número de acontecimentos de um fenômeno;

programa de antecipação, que consiste em planejar antecipadamente a sua ação ou

prever a ação do adversário; percepção antecipada através da observação frequente,

antecipando-se à atitude do adversário. A antecipação das ações é um dos fatores que

tem uma grande influência na tomada de decisão, pois os fatores tempo e espaço estão

presentes em quase todos os esportes e decidem o resultado das disputas. A capacidade

de antecipação depende da habilidade de perceber e analisar os estímulos principais do

meio ambiente e antecipar-se na resposta a ser apresentada;

c) Tomada de decisão: escolha de uma possibilidade de ação ou de reação em uma

situação na qual apresentam várias opções. A teoria da decisão oferece um modelo

matemático de uma decisão levando-se em conta o valor e a probabilidade dos

resultados possíveis. A tomada de decisão envolve mecanismos cognitivos em todas as

suas fases e mais especificamente os mecanismos de memória, de atenção e de

inteligência.

d) Imaginação do movimento: elaboração consciente da sequência de movimentos a

ser executada, e que já foi anteriormente treinada mediante determinada situação;

e) Memória motora: conjunto de experiências motoras vividas a curto, médio e longo

prazo, poderá contribuir para a escolha do comportamento tático adequado a

determinado momento do jogo.

10

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f) Velocidade de reação: capacidade de responder a um determinado estímulo (sonoro

visual etc.) em determinado intervalo de tempo;

g) Emoções: conjunto dos aspectos afetivos e sociais presentes no momento do jogo,

podendo ser reflexo da atitude da torcida, dos companheiros da equipe e dos

adversários.

h) Sentido de formação tática: conhecimento teórico e prático de tática e das possíveis

variações dela em sua equipe e na equipe adversária; capacidade de abstração em

relação ao problema apresentado;

i) Regulação do movimento: capacidade de dosar corretamente a intensidade de

utilização de cada um dos elementos necessários à realização de um volume.

O desenvolvimento dos componentes supracitados, por meio de uma

sistematização do treinamento, pode colaborar na formação de uma identidade tática dos

praticantes de futebol, que de acordo com Paoli (2008) devem apresentar características

táticas como: capacidade de realizar coberturas; sentido de formação e disciplina tática;

jogador com características de marcação, armação e finalização; capacidade de

percepção, antecipação e tomada de decisão diante das diversas situações do jogo em

função do adversário e dos companheiros; versatilidade para executar funções ofensivas

e defensivas; capacidade de jogar em espaços reduzidos; capacidade de ocupar com

inteligência e disposição os espaços livres; capacidade de alterar e adaptar seu

posicionamento e sua função independente dos sistemas de jogo utilizados; capacidade

de marcar e desmarcar-se; e capacidade de organizar sua equipe em campo.

Assim, o componente tático torna-se fator de grande importância na

obtenção de resultados positivos, sendo considerado um dos fatores mais ricos e

variáveis dentro de uma partida de futebol. Fica claro que a chamada “inteligência

tática” é um processo em longo prazo, que deve ser trabalhado durante vários anos de

treinamento buscando a evolução constante dos princípios táticos individuais e

coletivos. A identidade tática é o resultado de um processo de preparação que busca

alcançar os melhores índices de performance da maneira mais eficaz.

2.4 Princípios da Tática

2.4.1 Princípios da Tática Ofensiva

11

Page 20: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

De maneira geral, no futebol, o objetivo de uma equipe é fazer gols. Para

conseguir marcar gols uma equipe não pode se valer apenas da simples posse de bola. A

obtenção de gols é fruto das oportunidades criadas pelos jogadores através de

movimentações individuais e coletivas coordenadas, com e sem bola, passes e

finalizações. Os espaços deixados pela defesa, à frente, dentro e atrás da suas linhas

devem ser explorados, além disso, a equipe no ataque deve criar espaços para a

progressão da bola e dos seus jogadores. Os princípios de ataque devem ser utilizados

para tal tarefa.

Este estudo trata dos princípios da tática defensiva, mas serão citados e

descritos os princípios da tática ofensiva para um melhor entendimento do assunto.

Segundo Paoli (2008) os princípios da tática ofensiva são:

a) Apoio:

É fundamental na posse de bola, sendo que o jogador em posse da bola

deve ter companheiros em posição ideal para receberem o passe (posição de apoio). E,

sempre que possível o maior número de alternativas devem ser apresentadas ao jogador

que está em posse de bola, tendo companheiros atrás, à frente e aos lados em condições

favoráveis para o recebimento do passe devendo o jogador com a bola procurar de

preferência o melhor ângulo para o passe.

Deve-se também procurar a superioridade numérica – ter mais

companheiros que adversários próximos à bola. Caberá ainda a quem for receber o

passe, procurar sempre a melhor colocação, o melhor ângulo, ou seja, estar desmarcado.

b) Profundidade:

No ataque, para se conseguir a penetração, é importante que a equipe

tenha pelo menos um jogador mais adiantado possível. Este atacante deve sempre

procurar ir para cima do último defensor e tentar levar ou empurrar para trás a defesa,

criando assim mais espaço no meio do campo e facilitando a penetração.

c) Abertura:

12

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Quando os jogadores se posicionam bem abertos e bem distribuídos no

espaço de jogo, eles criam espaços e condições para a penetração, além de obrigarem a

se abrirem também.

d) Mobilidade:

Ataques bens sucedidos exigem movimentações inteligentes,

coordenação e “timing”. De um modo geral, o jogador que não se movimenta é

facilmente marcado; já aquele que se movimenta causa sempre enormes dificuldades à

defesa adversária e ainda mais para o seu marcador direto, que é obrigado a se

preocupar em manter sob controle o atacante e a bola. O jogador que se movimenta

durante toda ação ofensiva sempre traz benefícios à equipe, pois se for acompanhado, o

atacante abre espaços para os seus companheiros e caso não seja acompanhado, pode

receber livre a bola. Assim, todo tipo de movimento é válido, seja a corrida em

diagonal, as ultrapassagens por trás da defesa, os dribles ou outros. O objetivo é

desorganizar a defesa adversária.

e) Infiltração:

O objetivo é passar a bola para frente, verticalmente, e também receber a

bola nas costas do oponente, isto é, atacar os espaços atrás dos defensores. É importante

para que se concretize a penetração, que os jogadores saibam usar os espaços criados.

Pode ser conseguida através de uma jogada individual ou de uma combinação de passes

curtos e longos.

f) Criatividade:

Nos desportos coletivos de alto nível nota-se claramente que as equipes

vencedoras encontram um equilíbrio entre as jogadas treinadas e as de criatividade.

Quando se tem jogadores criativos e habilidosos – e que tomam decisões – os gols

acontecem com mais frequência.

Os sistemas defensivos são treinados para enfrentar o previsível, nenhum

deles é desenvolvido para lidar com o inesperado (criatividade), especialmente se vier

junto com a habilidade, velocidade de raciocínio (decisões rápidas). No campo são os

13

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jogadores que tomam as decisões e os princípios de ataque ferramentas que eles devem

aprender como e quando usá-las.

Este princípio resume-se basicamente numa mudança de atitude e ação

buscando o inesperado e o incomum, usando todos os recursos técnicos.

Após a descrição dos princípios da tática ofensiva chega-se ao foco deste estudo; os

princípios da tática defensiva e sua descrição e em seguida o treinamento em forma de

jogo.

2.4.2 Princípios da Tática Defensiva

Partindo da idéia de que uma das situações mais complicadas para uma

equipe durante a partida de futebol é não ter a posse de bola e, portanto, terá que

proteger seu gol e buscar o grande objetivo de uma equipe nesta situação, o desarme.

Para estas ações serem bem sucedidas são treinadas várias situações entre formas de

retorno defensivo, coberturas, balanços defensivos, escolha de jogadores para a pressão

do homem da bola, indução do adversário para determinada região do campo de jogo

etc.

Cientes de todas as características do jogo defensivo no futebol, os

treinadores buscam trabalhar com seus atletas de forma que não exista um sistema único

de defesa, como já foi dito uma boa equipe deve saber se defender de várias maneiras,

mas uma equipe consciente se adapta a cada situação independente de uma orientação

ou não do comando técnico. Esta consciência vem através dos princípios defensivos que

serão descritos abaixo.

a) Retardamento/Pressão

É um dos princípios mais importantes para uma boa defesa. Aproximação

rápida do adversário para evitar que aconteça uma jogada aguda ou que a bola seja

passada a outro jogador, fazendo com que este se preocupe com a bola e não com

jogada que pretende fazer, ganhando-se tempo para a reorganização da equipe.

A idéia básica é diminuir o tempo e o espaço dos adversários, impedindo-

os de jogar. Ela começa assim que a bola é perdida, e o objetivo é recuperar a posse de

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bola, impedindo assim que o adversário jogue, faça um passe para frente ou organize

um contra-ataque. A pressão tem que continuar até que a bola seja recuperada.

Uma pressão bem feita exige coordenação, determinação, preparo físico

e, sobretudo, disposição mental, que induza os oponentes ao erro ou pelo menos retarde

as jogadas, obrigando-os a jogar para os lados ou para trás.

b) Recuperação

Assim que se perde a posse de bola e um jogador sai para dar o combate

(fazer a abordagem) ao adversário que está com a bola, os companheiros devem recuar,

procurando se posicionar atrás da linha da bola e do oponente, aproximando-se para

fazer a linha de cobertura.

O objetivo é ter toda a equipe posicionada entre a bola e a linha do gol,

cobrindo os espaços atrás dos companheiros envolvidos nas jogadas.

c) Cobertura

É a ajuda que se dá a um companheiro envolvido numa jogada

(pressionando), posicionando-se por trás entre a bola e o oponente.

d) Equilíbrio

Enquanto a pressão e a cobertura estão focadas na área do campo onde a

bola se encontra o equilíbrio cobre o resto do campo de jogo, procurando manter a

equipe bem distribuída em áreas longe da bola.

Dentro de outro conceito temos: equilíbrio é procurar sempre ter

vantagem numérica em todas as zonas da área de jogo. Se todos apertam efetivamente a

marcação, fica mais fácil efetuar a cobertura e, por consequência, manter o equilíbrio.

e) Compactação

É a formação que visa manter a equipe compactada em suas linhas

defendendo ou atacando, jogando como um bloco e não deixando espaços para o

adversário.

2.5 Fases do Jogo

15

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2.5.1 Fase Ofensiva

De maneira geral o jogo de futebol é cíclico apresentando três fases: a

fase ofensiva, defensiva e a fase de transição.

Segundo Quinha (2001), no jogo de futebol coexistem, em relação

dialética, dois processos (fases) fundamentais perfeitamente distintos: o processo

ofensivo e o processo defensivo – que refletem conceitos, objetivo, princípios e

comportamentos técnico-tácticos diferentes (figura 5). Os processos ofensivos e

defensivos são determinados pela condição – posse ou não da bola: a equipe que tem a

posse da bola ataca – está em processo ofensivo; a equipa que não tem a posse da bola

defende – está em processo defensivo. Neste contexto, todo o jogador, seja qual for a

sua função dentro do sistema de jogo da equipe, terá sempre um potencial ofensivo

quando a sua equipe tem a posse da bola e um potencial defensivo quando a sua equipe

não tem a posse da bola.

Todavia, há que ter consciência que os comportamentos técnico-tácticos

dos jogadores devem refletir constante e simultaneamente uma intenção ofensiva e uma

intenção defensiva independentemente da equipe a que pertencem ter ou não a posse de

bola.

Esta dualidade de intenções e objetivos deve estar presente em todos os

comportamentos técnico-tácticos de todos os jogadores.

O processo ofensivo é objetivamente determinado pela posse da bola.

Começa quando uma equipe ganha a posse da bola ou mesmo antes e termina quando

perde a posse da mesma. Contém um fim positivo, pois é só através dele que o jogo de

futebol pode ter uma conclusão lógica – o gol que conduz à vitória. É para este objetivo

que todos os jogadores das duas equipes em confronto, quando de posse da bola, devem

direcionar as suas intenções e ações.

2.5.2 Fase Defensiva

Teodorescu (1984) citado por Quinha (2001) defende que o processo

defensivo representa a fase do jogo durante a qual uma equipe luta para entrar de posse

da bola tendo em vista a realização das ações ofensivas. Objetivamente, começa com a

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perda de posse da bola e termina com a sua recuperação. O processo defensivo,

contrariamente ao processo ofensivo, encerra em si uma intenção negativa uma vez que,

enquanto dura, a equipe não poderá concretizar o objetivo do jogo – o gol. Por isso, este

processo deverá ser encarado sempre como uma forma de recurso, pelo que deve ser

abandonado o mais depressa possível. A equipe que defende não deve esperar que

adversário na sua fase ofensiva cometa erros perdendo a posse de bola. Ela deve

retrucar sempre e em qualquer zona do campo, de forma a obrigar a equipe que ataca a

cometer erros e a preocupar-se, não apenas com a construção das ações ofensivas, mas

também com a conservação da bola e com a proteção do seu gol (Teodorescu, 1984).

2.5.3 Transição Ofensiva

A fase de transição se constitui em dois momentos do jogo: a transição

ataque-defesa ou transição defensiva que acontece a partir do momento em que a equipe

perde a posse de bola, já a transição ofensiva defesa-ataque ou transição ofensiva se

caracteriza quando há a recuperação da mesma. As transições decorrem em períodos de

tempo muito curtos, porém, segundo Garganta, (1997) “constata-se um maior volume

de jogo de transição (mais de 95%) em detrimento da finalização”.

Sendo o futebol, uma modalidade com muitos anos, tendo atingido um

nível de rendimento, em que os detalhes diferenciam o poder das equipes, denota-se

importante, para as mesmas, a preparação detalhada destes momentos de transição.

Deste modo, o conceito de transição no futebol, começa a despertar interesse em

estudos recentes. Segundo Castelo (2003), a transição defesa – ataque encontra-se

dependente de dois aspectos fundamentais. O primeiro está relacionado com as atitudes

e os comportamentos dos jogadores no momento logo após a recuperação da posse de

bola, no que respeita a quatro questões fundamentais: Primeira quem (todos os

jogadores da equipe); Segundo quando (momento imediato após a recuperação à posse

de bola); Terceiro onde (em qualquer espaço do jogo); e Quarto como (ocupando

espaços apropriados, estabelecer linhas de passe, utilizar mudanças rápidas de ritmo e

direção e executando procedimentos técnico-tácticos individuais e coletivos). Por outro

lado, o segundo aspecto, está dependente da rápida transição do centro de jogo, desde a

zona de recuperação da posse de bola em direção a espaços dominantes de finalização.

17

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2.5.4 Transição Defensiva

Para Guilherme Oliveira (2004) o momento de transição ataque-defesa é

caracterizado pelos comportamentos que a equipe deve assumir durante os segundos

após se perder a posse de bola. Estes segundos revelam-se de particular importância

uma vez que ambas as equipes se encontram momentaneamente desorganizadas para as

novas funções que têm que assumir, e, como tal, ambas tentam aproveitar as

desorganizações adversárias.

2.6 Treinamento em Forma de Jogo

A tática deve ser treinada em todos os níveis de aprendizagem, assim

como os outros componentes inerentes ao jogo de futebol, condição física, técnica,

motivação entre outros. Desta forma, o treinador conseguirá resultados mais

satisfatórios de seus atletas e assim, um maior rendimento da equipe com um todo.

Nesse sentido, Greco (1992) define dois momentos importantes no

processo ensino-aprendizagem-treinamento:

– executar e aprender um repertório bem diversificado de opções de comportamento,

que deverá ser ordenado em diferentes campos de ação e de resultados. A repetição do

plano de ação, conservando as características da situação básica, facilitará a

estabilização do conhecimento e acelerará a sua recordação em um complexo de

situações semelhantes;

– exercício das tarefas de jogo em forma isolada em diferentes tipos de ação.

Sobre os objetivos do treinamento da tática, Barbanti (1994) preconiza

que o treinamento tático deve objetivar:

– estimular pensamentos táticos em situações padronizadas de decisão através de

observações;

– melhorar a capacidade de fintar o oponente;

– fortalecer a vontade tática para suceder através de sobrecargas de treino planejada;

– desenvolver a capacidade de avaliar os riscos em relação ao sucesso que depende da

tática;

– desenvolver uma alta tolerância para a frustração.

18

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Após ser compreendida a importância da tática bem desenvolvida e

apreendida, existem as atividades em forma de jogo que auxiliam de forma contundente

na compreensão por parte dos atletas, desenvolvendo assim sua consciência tática. Além

disso, o processo de ensino-treinamento-aprendizagem pode ser facilitado, fazendo os

treinamentos menos maçantes, proporcionando aos atletas atividades mais dinâmicas,

interessantes e impactando de sobremaneira na melhora individual e coletiva dos

treinados.

Um dos métodos mais eficientes na motivação dos alunos/atletas são os

jogos adaptados que quando trabalhados de forma simultânea com os conteúdos

ministrados, contribuem para a melhoria da aprendizagem (GUERRA, 1996 e

GARGANTA, 2002). O ensino e treinamento dos fundamentos técnicos e das

movimentações táticas defensivas e ofensivas tornam-se mais atraentes, assim como a

aprendizagem mais dinâmica. Os alunos resolvem problemas, encontrando diversas

soluções e desenvolvendo seu raciocínio através de estímulos e desafios. Contudo, o

jogo deve desenvolver-se num programa integral, devendo ser praticado de uma forma

construtiva e não como uma série de atividades sem sentido, tendo como objetivos o

desenvolvimento de capacidades físicas, coordenativas e intelectuais. É necessário

promover condições para que o aluno possa se apropriar destes em momentos de lazer,

dando vazão as sua necessidades de movimento e expressão (COSTA et al, 2008).

Os jogos permitem a repetição de determinados momentos e de uma

partida, para que cada aluno tenha maior contato com a bola e se envolva mais vezes na

resolução de um desafio técnico ou tático. Consequentemente aumenta a intensidade da

aula/treino tornando-a mais interessante. Através da variação do número de alunos, um

exercício de passe pode ser simplificado. Ao mesmo tempo, a desproporção numérica

intensifica o trabalho de defesa (COSTA et al, 2008).

Partindo deste posicionamento chega-se a importância dos jogos

adaptados como método de treinamento no processo de ensino-aprendizagem-

treinamento dos esportes, pois o entusiasmo de aprendizagem e a prontidão de entrada e

de rendimento geralmente são grandes (GARGANTA, 2002).

Os jogos adaptados têm um papel fundamental, na medida em que

proporcionam uma formação multilateral e contribuem para a assimilação dos

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fundamentos técnicos e das movimentações táticas básicas do futebol (COSTA et al,

2008).

As movimentações executadas com ou sem a posse de bola são fatores

que incidem sobre o desempenho de um atleta. Ao jogador não basta apenas uma

capacidade técnica e tática individual é importante que este também esteja integrado ao

jogo de forma coletiva. Os jogos condicionados de acordo com Leães (2003)

contribuem no desenvolvimento tático de jogador, pois o mesmo tem uma participação

constante nas situações que ocorrem durante o jogo. Os jogos condicionados exercitam

as situações que acontecem várias vezes durante as partidas, contribuindo para a

formação tática do atleta, sendo um ótimo estímulo para o processo de ensino-

aprendizagem.

Durante a fase de formação básica de atletas de futebol tanto o

condicionamento como os elementos técnico-táticos podem ser estimulados a partir de

exercícios em forma de jogo. No entanto, deve-se estar atento para que não seja

promovida uma especialização precoce durante o período em que os alunos devem

experimentar o maior número de experiências possível, a fim de se desenvolver técnica

e taticamente de forma completa. Tiegel (1994) estabelece que é preciso atenção com os

iniciantes na inserção de exercícios para o aperfeiçoamento dos movimentos

paralelamente, para que o atleta, mesmo diante da velocidade do jogo, possa jogar

corretamente. Atletas iniciantes precisam, portanto, de um treinamento que lhes garanta

uma boa base técnica, de modo que a sua velocidade de ação não seja composta apenas

pela velocidade e capacidade de reação, mas, principalmente pela perspicácia em

reconhecer a situação presente e a resolução mais adequada.

Segundo Tiegel (1994), pode-se considerar que, além dos aspectos

táticos, o jogador precisa, através do jogo e do treinamento, aprender e dominar as

estratégias táticas. Estas noções complementam os conhecimentos de jogo do jogador e

devem entrar na elaboração de plano de treinamento e competição, porém, o treinador

deve também introduzir no treino e em suas análises de jogo, situações de “táticas de

jogo”, para que o jogador as solucione. Desta forma, alguns pontos devem ser

destacados no que é referente aos exercícios em forma de jogo e sua aplicabilidade em

relação ao atleta. O fato de compreender o significado do comportamento tático do jogo,

além de reconhecer o comportamento individual, de equipe e dos adversários através de

20

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conhecimentos teóricos de jogo, possibilita aos jogadores pontos básicos de seu

desenvolvimento alcançando padrões mais eficientes. Criar resoluções táticas variadas e

verbalizá-las numa discussão com a equipe e o treinador, também se aplica à realidade

do treinamento de exercícios em forma de jogo. Tanto na formação de jogadores de alto

rendimento no futebol como na aprendizagem é de grande importância a utilização de

exercícios em forma de jogo, como forma de treinamento pela aproximação da

realidade.

O treinamento em forma de jogo possibilita que o jogador seja

confrontado diversas vezes com as situações que encontrará no jogo, desta forma os

estímulos são mais frequentes fazendo com que ele raciocine mais vezes sobre o

problema, levando assim a criação de várias formas de resolução diferentes para

situações semelhantes. Além disso, o maior contato com a bola durante o exercício

trabalha também a componente técnica, fazendo que esta seja treinada de forma

integrada à situação de jogo. Com tudo isso o treino torna-se mais intenso e

interessante.

Os exercícios em formas de jogo podem ser classificados segundo suas

características, como; número de jogadores envolvidos (superioridade e inferioridade

numérica), materiais utilizados, a fim de criar variações na estrutura das regras, como a

dimensão do gol, do campo de jogo através de áreas delimitadas.

Atento a isso Tiegel (1994) preconiza os seguintes tipos de jogos:

– Jogos com zonas delimitadas e sem gols;

– Exercícios em forma de jogo com um gol;

– Exercícios em forma de jogo com dois gols;

– Jogos com atacantes em superioridade numérica;

– Jogos com defensores em superioridade numérica;

– Jogos com vários jogadores neutros;

– Jogos com zonas divididas e zonas de descanso;

– Jogos com alternativas de comportamento (ação, atitude)

– Jogos em condições modificadas no que ser refere à organização (dimensões das

traves, regras);

– Jogos com dois gols alternando três equipes;

– Exercícios visando particularmente alguns aspectos técnicos.

21

Page 30: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

Tiegel (1994) ainda preconiza que os processos cognitivos nos esportes

coletivos estão na percepção, internalização, decisão, ação e no controle das jogadas.

Percepção significa reconhecer e selecionar as informações relevantes, e decidir,

considerando a relação entre essas informações e os elementos colhidos através da

experiência de jogo. A velocidade, exatidão e variabilidade do desempenho, como o

controle motor, dependem daquilo que vulgarmente é chamado de “intimidade com a

bola”, “ginga”, “arte” e “antecipação”. Com isso é importante para a o atleta de futebol

vivenciar o máximo de experiências possível, sejam cognitivas e/ou motoras, quer seja

nos treinamentos ou durante os jogos. Porém, existem formas de aperfeiçoar esta

vivência do atleta, no que diz respeito aos aspectos cognitivos e motores. Trata-se de

um controle, sistematização e organização prévia planejada de determinadas ações.

Sendo assim, o treinamento em forma de jogo promove ao jogador toda a gama de

experiências necessárias ao seu desenvolvimento, considerando principalmente os

aspectos técnicos e táticos.

Através do treinamento em forma de jogo é possível treinar de várias

maneiras, porém, é preciso que a base técnica do atleta tenha sido trabalhada de maneira

correta. Diferente disto o treinamento da tática fica prejudicado. A tática está

intimamente ligada ao domínio e a automatização da técnica, pois ao dominar a técnica

de jogo o atleta não mais se preocupa com ela durante uma ação tática ficando assim

focado apenas na bola, nos seus companheiros e adversários podendo assim criar

situações para a marcação do gol e/ou a recuperação de posse de bola. Durante os

exercícios em forma de jogo observa-se o jogo de futebol como ele realmente acontece,

obedecendo aos objetivos dos exercícios, portanto, para níveis mais elevados os

treinamentos técnicos analíticos podem ser descartados por não representarem a real

situação enfrentada pelo atleta durante a partida. Treinos de finalização sem marcação

não servem para dar o real estímulo haja vista que no futebol de hoje dificilmente o

jogador finaliza sem marcação.

A grande vantagem da utilização do treinamento em forma de jogo no

futebol é que este trabalha o jogo como um todo. Através de tal método as várias

nuances do jogo podem ser trabalhadas, pois haverá sempre a bola, companheiros e

adversários como numa partida real. Assim, consegue-se sempre manter o limiar de

22

Page 31: 2011 - Proposta de Jogos Reduzidos Para o Desenvolvimento Das Transições Ofensivas e Defensivas No Futebol (Monografia Lemos)

motivação garantindo assim a disposição dos atletas para o treinamento e conseguindo a

extração de melhores desempenhos por parte do treinador.

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ANEXO 2 (passar para branco no final do trabalho)1

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4

5

6

7

3. METODOLOGIA

9

10

11

No plano empírico, o estudo se caracteriza como uma pesquisa

qualitativa, de natureza exploratória, buscando maiores informações sobre o

treinamento em forma de jogo visando o desenvolvimento tático de uma equipe na fase

de transição. O trabalho teve as seguintes fases: primeira fase – Análise crítica da

literatura referente ao treinamento tático do futebol, juntamente com a experiência

prática do autor; segunda fase – Construção de jogos reduzidos para o desenvolvimento

da no treinamento tático da transição ofensiva e defensiva; terceira fase – Aplicação dos

jogos nos treinamentos das equipes de futebol masculino do Ubaense Futebol Clube,

procurando identificar a viabilidade da aplicação dos mesmos nas sessões de

treinamento, comissão técnica e os atletas foram consultados a respeito da viabilidade

ou não da aplicação dos exercícios. As atividades foram filmadas e analisadas, o que

proporcionou a correção e uma nova aplicação, para que se pudesse alcançar o objetivo

de propor a metodologia de treinamento.

Após a aplicação dos jogos, foi possível perceber que a metodologia

proposta é viável para utilização nos treinamentos, com o objetivo de despertar nos

mesmos, funções táticas a serem realizadas durante os treinos e jogos.

Ressalta-se que o objetivo do estudo é propor jogos para o

desenvolvimento tático da equipe na fase de transição, e não analisar se esses jogos

oferecem um incremento no aperfeiçoamento do conhecimento tático, pois essa pode ser

uma etapa subsequente do presente estudo.

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ANEXO 21

2

3

4

5

6

7

4. PROPOSTA DE ATIVIDADES EM FORMA DE JOGO PARA O DESENVOLVIMENTO DA TRANSIÇÃO

9

10

11

A elaboração de uma sequência pedagógica é uma tentativa de

operacionalização do desenvolvimento tático da transição. Segundo Mourinho (2003)

no futebol de hoje, os dois momentos mais importantes do jogo são; o momento em que

se perde a bola e o momento em que se ganha à bola. O mesmo treinador classifica o

momento de perda da posse de bola como o momento chave para se defender bem

argumentando que independentemente de como se defenda (homem-a-homem,

individualmente ou à zona) são poucas as equipas que sofrem golos quando estão bem

posicionadas defensivamente. Assim, para este treinador, o momento de perda da posse

de bola é o momento crítico na organização defensiva uma vez que, em sua opinião, a

maior parte dos gols e das situações de risco acontece em momentos de transição. Visto

isso, reconhecendo a importância desse conteúdo no planejamento tático de uma equipe

de alto rendimento, esse estudo visa estimular os treinadores a trabalhar a partir de uma

sequência pedagógica fundamentada na literatura e na experiência prática do autor.

Após a revisão de literatura foi proposto que na fase transição há em

quatro momentos sendo eles: O primeiro é Mudança Comportamental trata-se do

processo no qual o atleta muda de atitude de acordo com a fase do jogo. Segundo

Carvalhal(2010) passar de um momento de ataque para um momento defensivo e vice-

versa trata-se de uma mudança brutal no nosso organismo. O nosso lado cognitivo sofre

uma alteração profunda neste momento, de ter a bola e pretender fazer gol, para não a

ter e evitar um gol adversário. Voltamos a insistir, este é um momento muito particular,

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porque o momento de transição defensiva depende muito da velocidade (pensamento e

ação) com que o jogador reage à perda da bola. Ou seja, é um momento individual que

deve estar subordinado a uma idéia coletiva. Para desenvolver essa seqüência

pedagógica foi escolhido o método em forma de jogo visto que há uma otimização do

processo já que os momentos subseqüentes; o segundo de percepção e o terceiro de

tomada de decisão estão completamente ligados ao aspecto cognitivo do atleta e a

utilização desse método segundo Paoli e Grasseli (2006) o treinamento em forma de

jogo possibilita variações e objetivos ilimitados e que as capacidades cognitivas e

motoras são amplamente desenvolvidas. E o ultimo momento, a execução é o mais

complexo, pois ele é dependente de uma passagem eficiente de todos os momentos

anteriores para que ele seja realizado com sucesso, logo é importante não queimar

etapas passando por cada momento a fim de, obter um desempenho tático de alto nível.

Figura 1: Os processos da transição.

As atividades para o desenvolvimento da transição foram elaboradas

primeiramente para com o mínimo de variações possíveis entre fases respeitando as

etapas e a complexidade de cada momento.

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Jogos de Transição Ofensiva

4.1 Mudança Comportamental

Figura 2: Diagrama do Jogo de Mudança comportamental.

OBJETIVO: Acelerar o atleta a mudar do comportamento ofensivo ao defensivo.

MATERIAIS UTILIZADOS: 5 bolas, 1 cone.

NÚMERO DE PARTICIPANTES: 15 atletas de linha e 2 goleiros.

DESENVOLVIMENTO: Uma situação de 1 x 1 na qual um atleta ataca e outro defende

o gol, a partir do momento que a definição da jogada seja por finalização ou por tomada

de bola o atleta que participava do momento ofensivo.

VARIAÇÕES: Aumento do numero de atletas para 2 X 2, 3X3 4X4.

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4.2 Percepção

Figura 3: Diagrama do Jogo de Percepção.

OBJETIVO: Estimular a percepção e a visão do jogo do atleta buscando o feedback do

mesmo.

MATERIAIS UTILIZADOS: 4 bolas, 3 gols móveis.

NÚMERO DE PARTICIPANTES: 18 atletas de linha e 2 goleiros.

DESENVOLVIMENTO: Um jogo de 8 x 8 na qual, a equipe azul tem que buscar o gol

já a vermelha tenta defender o gol e ultrassar a linha de fundo criada, enquanto isso os 2

atletas do azul que estão fora do jogo observam e após 1 minuto o jogo é paralisado para

que eles sejam questionados a respeito da forma como a equipe está realizando a

transição e como o adversário está postado como a equipe dele está posicionada e

posteriormente 2 atletas do azul trocam com os 2 que estavam observando.

VARIAÇÕES: Aumento ou diminuição dos atletas em jogo e observando.

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4.3 Tomada de Decisão

Figura 4: Diagrama do Jogo de Tomada de decisão.

OBJETIVO: Estimular tomada de decisão do atleta a partir da situação de jogo .

MATERIAIS UTILIZADOS: 1 gol móvel, 6 bolas.

NÚMERO DE PARTICIPANTES: 20 atletas de linha e 3 goleiros.

DESENVOLVIMENTO: São 2 jogos ocorrendo simultaneamente Um jogo de 2 x 2 na

qual azul para o jogo jogando contra a vermelha, .

VARIAÇÕES: Aumento ou diminuição dos atletas em jogo e de atletas observando.

29

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4.4 Execução

Figura 5: Diagrama do Jogo de Execução.

OBJETIVO: Estimular a percepção e a visão do jogo do atleta buscando o Feedback do

mesmo.

MATERIAIS UTILIZADOS: 4 bolas, 5 cones.

NÚMERO DE PARTICIPANTES: 18 atletas de linha e 2 goleiros.

DESENVOLVIMENTO: Um jogo de 8 x 8 na qual, a equipe azul tem que buscar o gol

já a vermelha tenta defender o gol e ultrassar a linha de fundo criada, enquanto isso os 2

atletas do azul que estão fora do jogo observam e após 1 minuto para-se o jogo, para

que eles sejam questiandos a respeito da forma como a equipe está realizando a

transição e como o adversário está postado, posteriormente 2 atletas do azul trocam com

os 2 que estavam observando.

VARIAÇÕES: Aumento ou diminuição dos atletas em jogo e de atletas observando.

30

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Jogos de Transição Defensiva

4.5 Mudança Comportamental

Figura 6: Diagrama do Jogo de tomada de decisão.

OBJETIVO: Estimular a percepção e a visão do jogo do atleta buscando o Feedback do

mesmo.

MATERIAIS UTILIZADOS: 4 bolas, 5 cones.

NÚMERO DE PARTICIPANTES: 18 atletas de linha e 2 goleiros.

DESENVOLVIMENTO: Um jogo de 8 x 8 na qual, a equipe azul tem que buscar o gol

já a vermelha tenta defender o gol e ultrapassar a linha de fundo criada, enquanto isso os

2 atletas do azul que estão fora do jogo observam e após 1 minuto para-se o jogo, para

que eles sejam questionados a respeito da forma como a equipe está realizando a

transição e como o adversário está postado, posteriormente 2 atletas do azul trocam com

os 2 que estavam observando.

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VARIAÇÕES: Aumento ou diminuição dos atletas em jogo e de atletas observando.

4.6 Percepção

Figura 7: Diagrama do Jogo de tomada de decisão.

OBJETIVO:Estimular a percepção e a visão do jogo do atleta buscando o Feedback do

mesmo.

MATERIAIS UTILIZADOS: 4 bolas, 3 gols móveis.

NÚMERO DE PARTICIPANTES: 18 atletas de linha e 2 goleiros.

DESENVOLVIMENTO: Um jogo de 8 x 8 na qual, a equipe azul tem que buscar o gol

já a vermelha tenta defender o gol e ultrapassar a linha de fundo criada, enquanto isso os

2 atletas do azul que estão fora do jogo observam e após 1 minuto para-se o jogo, para

que eles sejam questionados a respeito da forma como a equipe está realizando a

transição e como o adversário está postado, posteriormente 2 atletas do azul trocam com

os 2 que estavam observando.

VARIAÇÕES: Aumento ou diminuição dos atletas em jogo e observando.

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4.7 Tomada Decisão

Figura 8: Diagrama do Jogo de tomada de decisão.

OBJETIVO: Estimular a percepção e a visão do jogo do atleta buscando o Feedback do

mesmo.

MATERIAIS UTILIZADOS: 4 bolas, 5 cones.

NÚMERO DE PARTICIPANTES: 18 atletas de linha e 2 goleiros.

DESENVOLVIMENTO: Um jogo de 8 x 8 na qual, a equipe azul tem que buscar o gol

já a vermelha tenta defender o gol e ultrapassar a linha de fundo criada, enquanto isso os

2 atletas do azul que estão fora do jogo observam e após 1 minuto para-se o jogo, para

que eles sejam questionados a respeito da forma como a equipe está realizando a

transição e como o adversário está postado, posteriormente 2 atletas do azul trocam com

os 2 que estavam observando.

VARIAÇÕES: Aumento ou diminuição dos atletas em jogo e de atletas observando.

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4.8 Execução

Figura 9: Diagrama do Jogo de Execução.

OBJETIVO: Estimular os atletas de forma coletiva trabalhar todos os processos da

transição de na sua forma de complexidade.

MATERIAIS UTILIZADOS: 10 bolas.

NÚMERO DE PARTICIPANTES: 20 atletas de linha e 2 goleiros.

DESENVOLVIMENTO: Um jogo de 11 x 11 na qual, a equipe azul tem como objetivo

atacar quando tiver a posse de bola e a após o estimulo do treinador a equipe deve

realizar a transição defensiva de forma rápida e eficiente, já a equipe vermelha defende

e imediatamente após o estimulo ela passa a atacar da forma mais adequada possível.

VARIAÇÕES: Aumento ou diminuição do numero de bolas.

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ANEXO 2 (passar para branco)1

2

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4

5

6

7

5. CONCLUSÃO

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10

11

O desenvolvimento de um determinado comportamento tático ideal em

atletas de uma equipe exige por parte de toda comissão técnica; muito estudo e

observação além do conhecimento prático e teórico. Os fatores técnico, físico e

principalmente a capacidade cognitiva dos atletas são essenciais para uma nova

implementação tática a partir de uma idéia de jogo fomentada pelo treinador e por toda

comissão.

Através da proposta apresentada neste estudo, foi possível perceber que o

treinamento tático da transição em forma de jogo se apresenta como uma alternativa

eficiente e motivadora na preparação e formação de atletas, pois apresenta desafios que

possuem a complexidade encontrada nas partidas, estimulando-o físico, técnico, tática e

cognitivamente além de colocá-lo frente a tais situações com maior frequência nutrindo

a memória motora dos atletas com vários estímulos alternados.

A transição é uma importante fase do jogo, seu treinamento não só é

possível como essencial para o aperfeiçoamento tático da equipe. Entender e estimular o

treinamento desse conteúdo tático é promover ao atleta o maior entendimento do jogo

de futebol. Uma equipe bem treinada é capaz de tornar ações individuais em ações

grupais e coletivas com grande eficácia. Quanto melhor treinada a equipe menor o

tempo de transição aumentando a possibilidade de bons resultados.

Com o treinamento em forma de jogo foi possível o desenvolvimento das

capacidades táticas relativas à transição de forma otimizada, acelerando e adequando as

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tomadas de decisões para as diversas situações com as quais será defrontado durante

essa fase no jogo de futebol. Percepções do comportamento tático da sua equipe e do

adversário, consciência da importância coletiva e individual durante os jogos,

antecipação das ações que serão tomadas pelos adversários e planejamento prévio de

suas ações, dessa forma será possível perceber rapidamente soluções táticas adequadas e

inadequadas.

Desta maneira, este trabalho pretende mostrar aos profissionais e

estudantes da área de esportes coletivos, com destaque para o futebol, uma proposta

para desenvolver a transição ofensiva e defensiva a partir do método em forma de jogo,

para assim alcançar o melhor desenvolvimento dos componentes táticos individuais e

coletivos. Este método, além disso, proporcionará ao atleta um desenvolvimento global

e sistematizado nas diversas categorias do futebol dando ainda ao treinamento muita

dinamicidade, causando nos atletas um maior interesse e aumento do repertório motor.

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ANEXO 2 (Passar para branco)1

2

3

4

5

6

7

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

9

10

11

BARBANTI, V. J. Dicionário de educação e do esporte. São Paulo: Manole, 1994.

BAYER, C. O ensino dos desportos coletivos. Lisboa: Dinalivro, 1994.

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Porto, 2003.

OLIVEIRA, J. Conhecimento Específico em Futebol – Contributos para a definição de

uma matriz dinâmica do processo ensinoaprendizagem/treino do jogo. Dissertação de

Mestrado. FCDEF-UP. Porto, 2004.

PAOLI, P. B.; GRASSELI, A. S. Jogos adaptados na iniciação do futebol de campo.

Viçosa – MG: BD Empreendimentos, Canal Quatro, 2006. (Desenvolvimento de

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PAOLI, P. B. Material didático da disciplina Treinamento Tático do curso de pós-

graduação em Futebol da Universidade Federal de Viçosa, 2008.

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