2009 - a hierarquia e os cargos de chefia no dpf

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A monografia teve a pretensão de estudar, diante da legislação nacional edoutrina disponível, o instituto da hierarquia e sua correta aplicação no âmbito doserviço público civil da União. Buscou-se, através de pesquisa bibliográfica,conceituar e identificar os fundamentos que devem ser observados e obedecidospela autoridade competente para o correto emprego do instituto no serviço públicocivil da União. A ordenação hierárquica corresponde a uma relação de superioridadee de inferioridade, de chefia e de subordinação, entre órgãos ou, entre servidoresque integram uma carreira ou, entre cargos comissionados e funções de confiança,identificando-se a relação de acordo com a complexidade e grau deresponsabilidade, respectivamente, das competências e atribuições de cada um.Confirmou-se que para existir uma ordem hierárquica no serviço público civilprescinde-se de ordenamento legal. Ficou constatado que a hierarquia não vemsendo observada e obedecida no âmbito da Polícia Federal, em conformidade comos regulamentos existentes na Instituição.

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ACADEMIA NACIONAL DE POLCIA PS-GRADUAO EM GESTO DE POLTICAS DE SEGURANA PBLICA

JLIO CSAR RIBEIRO DUTRA

A HIERARQUIA E OS CARGOS DE CHEFIA NO DPF

Braslia 2008

JLIO CSAR RIBEIRO DUTRA

A HIERARQUIA E OS CARGOS DE CHEFIA NO DPF

Trabalho de Concluso de Curso apresentado Academia Nacional de Polcia como exigncia parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Gesto de Polticas de Segurana Pblica.

Braslia 2008

Ficha Catalogrfica DUTRA, Jlio Csar Ribeiro Dutra A Hierarquia e os cargos de Chefia no DPF / Jlio Csar Ribeiro Dutra. Braslia: ANP / 2008. 99 f.; 30 cm. Trabalho de Concluso de Curso apresentado Academia Nacional de Polcia como exigncia parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Gesto de Poltica de Segurana Pblica. 1. Direito Administrativo. 2. Hierarquia. 3 Carreira Policial Federal. 4. Cargos de Chefia. 5 Atos Administrativos. 6. Princpios Fundamentais da Administrao Pblica I. Academia Nacional de Polcia, Ps-Graduao em Gesto de Poltica de Segurana Pblica, Especializao. II. Ttulo.

JLIO CSAR RIBEIRO DUTRA

A HIERARQUIA E OS CARGOS DE CHEFIA NO DPF

Trabalho de Concluso de Curso submetido banca examinadora da Academia Nacional de Polcia como exigncia parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Gesto de Polticas de Segurana Pblica. Aprovado em 18/novembro/2008

Examinador 1: Fernando de Jesus Souza, Perito Criminal Federal, Doutor.

Examinador 2: Jomar Barbosa Pinto, Delegado de Polcia Federal, Especialista.

Examinador 3: Bruno Rodrigues Trindade, Perito Criminal Federal, Mestre.

Obs.: Original assinado e arquivado na ACADEMIA NACIONAL DE POLCIA

Braslia 2008

Chegando o momento de dar os primeiros passos para finalizar a carreira escolhida, hora de parar e olhar para o passado. Refletir e buscar encontrar em nossa prpria histria profissional, quem foi que deixou uma marca para ser lembrada e no esquecida. Foram muitos os policiais com quem tive o prazer de trabalhar. Mas, apenas um traou o caminho profissional a ser seguido pelo jovem policial que iniciava sua carreira no inicio da dcada de oitenta. Montou e liderou com maestria uma das melhores equipes de represso a entorpecentes que j passou por esta Polcia Federal, da qual, tive o privilgio de integrar. Enxergou potencial em um jovem policial, que nem este sabia existir. Soube ensinar e extrair daquele, o melhor para a Instituio a qual escolheu para servir. Por isso e por tudo que ele fez e vem fazendo para o Departamento de Polcia Federal, dedicado este humilde trabalho ao Mestre da arte de fazer polcia, o Delegado de Polcia Federal,

DR. GETULIO BEZERRA SANTOS

A profisso polcia sempre conseguiu tirar o homem policial do aconchego de suas famlias. Como dizia minha saudosa me (tambm mulher de policial): a mulher mais ciumenta era a polcia, pois tirava seu homem de casa. Por mais este tempo que a profisso subtraiu de minha famlia, peo perdo, e sempre, a gratido de minha amada esposa Sozinha, e filhas Juliana e Marina, pela pacincia, compreenso, completa dedicao e carinho que me foram doados nestes ltimos meses, por mais uma vez ser to presente e, ao mesmo tempo ausente em nosso lar.

Reviso de Contedo: Delegada de Polcia Federal Mirtes Spitale de Queiroz, Professora do Centro de Estudos Superiores de Itabira - Faculdade de Direito em Minas Gerais. Reviso Ortogrfica: Professor Hugo de Moura, da Academia de Polcia Militar de Minas Gerais. Orientao de Normas Tcnicas da ABNT: Delegado de Polcia Federal Daniel Daher, da Academia Nacional de Polcia do Departamento de Polcia Federal.

A verdade a melhor camuflagem. Ningum acredita nela. Max Frich

RESUMOEsta monografia teve a pretenso de estudar, diante da legislao nacional e doutrina disponvel, o instituto da hierarquia e sua correta aplicao no mbito do servio pblico civil da Unio. Buscou-se, atravs de pesquisa bibliogrfica, conceituar e identificar os fundamentos que devem ser observados e obedecidos pela autoridade competente para o correto emprego do instituto no servio pblico civil da Unio. A ordenao hierrquica corresponde a uma relao de superioridade e de inferioridade, de chefia e de subordinao, entre rgos ou, entre servidores que integram uma carreira ou, entre cargos comissionados e funes de confiana, identificando-se a relao de acordo com a complexidade e grau de responsabilidade, respectivamente, das competncias e atribuies de cada um. Confirmou-se que para existir uma ordem hierrquica no servio pblico civil prescinde-se de ordenamento legal. Ficou constatado que a hierarquia no vem sendo observada e obedecida no mbito da Polcia Federal, em conformidade com os regulamentos existentes na Instituio. Palavras-Chave: Direito Administrativo. Hierarquia. Carreira Policial Federal. Cargos de Chefia. Atos Administrativos. Princpios Fundamentais da Administrao Pblica.

ABSTRACTThis monograph had the pretension to study, ahead of the national legislation and available doctrine, the institute of the hierarchy and its correct application in the scope of the civil public service of the Union. One searched, through bibliographical research, to appraise and to identify the beddings that must be observed and be obeyed by the competent authority for the correct job of the institute in the civil public service of the Union. The hierarchic ordinance corresponds to an inferiority and superiority relation, of commands and subordination, between agencies or, between servers who integrate a career or, between commissioned positions and functions reliable, identifying relation to it in accordance with the complexity and degree of responsibility, respectively, of the abilities and attributions of each one. One confirmed that to exist a hierarchic order in the civil public service it is done without legal order. He was evidenced that the hierarchy does not come being observed and obeyed in the scope of the Federal Policy, in compliance with the existing regulations in the Institution. Keywords: Administrative law. Hierarchy. Federal Police Career. Positions of Command. Administrative Acts. Basic Principles of the Public Administration.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASNome Academia Nacional de Polcia Antonio Cury Celso Antnio Bandeira de Mello Constituio Federal de 1988 Departamento de Polcia Federal Departamento Federal de Segurana Pblica Departamento Regional de Polcia de Braslia Egon Bockmann Moreira Guarda Especial de Braslia Hely Lopes Meirelles Humberto Piragibe Magalhes e Christovo Piragibe Malta Jos Armando Costa Marcio Pestana Maria Sylvia Zanella Di Pietro Ministrio da Justia Polcia Federal Abreviatura ANP Cury Bandeira de Mello CF/88 DPF DFSP DRPB Egon Moreira GEB Hely L. Meirelles Magalhes & Malta Armando Costa M. Pestana Zanella Di Pietro M.J. PF

SUMRIOINTRODUO .......................................................................................................... 11 1 CONTEXTUALIZAO DO TEMA DA PESQUISA ............................................... 17 1.1 A Polcia Federal.............................................................................................. 17 1.2 A Carreira Policial Federal ............................................................................... 18 1.3 A Estrutura organizacional da Polcia Federal ................................................. 20 1.4 Os cargos de assessoramento e funes gratificadas..................................... 21 1.5 Justificativas para pesquisar o tema ................................................................ 23 2 HIERARQUIA ......................................................................................................... 29 2.1 Hierarquia no servio pblico........................................................................... 30 3 A HIERARQUIA NA POLCIA FEDERAL ............................................................... 37 3.1 A hierarquia funcional ...................................................................................... 37 3.2 A hierarquia e os cargos de chefia................................................................... 43 4 O ATO ADMINISTRATIVO ..................................................................................... 52 4.1 Os princpios da Administrao Pblica........................................................... 57 4.2 Os atos administrativos e os atos de nomeao e designao para preenchimento dos cargos comissionados e funes de confiana no DPF. ........ 63 CONSIDERAES FINAIS ...................................................................................... 66 REFERNCIAS ......................................................................................................... 78 ANEXOS ................................................................................................................... 82

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INTRODUOCom a aprovao e promulgao da Constituio Federal de 1988, iniciouse uma nova fase nos registros da histria brasileira. O Brasil se apresentava ao mundo como um pas, onde, em tese, poder-se-ia viver em um Estado Democrtico de Direito, assegurado por direitos, garantias individuais e sociais, at ento, ainda no exercidos. O texto constitucional estabelece princpios bsicos e regras genricas de suma importncia para a organizao da sociedade e do prprio Estado, com bases mais justas, e adaptado ao anseio de uma sociedade, quela poca, carente de garantias no exerccio de direitos to prolatados em doutrinas polticas de natureza democrtica. Pela primeira vez, o cidado em relao s constituies anteriores, passa a ter um lugar privilegiado em detrimento da prpria organizao poltica do Estado Brasileiro. Uma Constituio no s a Lei Fundamental de uma Nao, mas h de se constituir no verdadeiro instrumento de cidadania. Passaram-se duzentos anos para o Pas se submeter forma da Declarao dos Direitos do Homem concebida na Frana em 1789: primeiro o homem como cidado, e depois o Estado como organizao:CF/1988: TTULO II Dos Direitos e Garantias Fundamentais

CAPTULO I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS Art. 5. Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: (BRASIL, 1988, grifo nosso).

E a partir dessa viso de submisso os constituintes deram uma nova roupagem aos direitos e garantias individuais e sociais. Desta vez, diferentes das cartas passadas, os direitos e garantias individuais e sociais se encontram relacionados logo no princpio da Carta Poltica:Tipograficamente hierarquizada a precedncia e a preeminncia do homem, colocando no umbral da Constituio e catalogando-lhe o nmero no superado, s no Artigo 5 de 77 incisos e 104 dispositivos... . 1 , (FERRAZ, 2008, p. 2) 1 Trecho do discurso do Dr. ULISSES GUIMARES, DD. Presidente da Constituinte, realizado na data de promulgao (05/OUT/88) da atual Constituio Federal;

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Neste sculo XXI, muitos dos adolescentes e jovens das dcadas de 70 e 80, agora adultos, ocupam cargos e se encontram integrados ao Sistema Administrativo do Estado. Alguns se vangloriam por terem, naquela poca, sonhado com liberdade e justia vigorando no pas e proclamam, como justificativa de sonhos realizados, que na juventude lutaram contra o regime ditatorial vigente. Entretanto, alguns daqueles mesmos jovens, entrincheirados hoje sob um suposto poder que lhes foi outorgado ou conquistado, insistem em manter prticas regulamentares do mesmo regime que vangloriam tanto terem ajudado a derrotar. Evitar o cometimento de injustias , ainda, obrigao da Autoridade Pblica:A Administrao Pblica e os seus agentes devem obedincia irrestrita Carta Magna. A sua inobservncia e desobedincia, principalmente, por aqueles que so detentores de poder, atitude grave e fere os princpios do Estado Democrtico de Direito institudos pela atual Constituio, colocando em dvida se essas autoridades encontram-se atualizadas com os ideais da moderna sociedade liberal brasileira. (DUTRA, 2005, p. 11).

Dentre tantos direitos assegurados aos cidados da Repblica na Constituio de 1988, assegurou-se, inclusive, o anseio daqueles brasileiros que de uma forma ou de outra, desejam participar da estrutura administrativa do pas. O acesso aos cargos necessrios para o pleno funcionamento da mquina pblica s ocorrer se respeitadas as regras de um concurso pblico autorizado em lei para a carreira almejada. E de uma simples leitura do inciso IV do Art. 37 da CF/88, que, explicitamente, se constata uma primeira restrio aos poderes outorgados a um gestor pblico: durante o prazo improrrogvel previsto no edital de convocao, aquele aprovado em concurso pblico de provas ou, de provas e ttulos, ser convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira. O Administrador no pode exercer livre arbtrio: deve sempre observar e obedecer a uma ordem temporal de realizao dos concursos pblicos para um mesmo cargo, a fim de poder convocar um candidato a ocupar a vaga pblica a que concorreu.Destaque-se que esta imposio necessria para coibir prtica reprovvel em que entidades estatais abrem concursos pblicos oferecendo inmeras oportunidades de trabalho, auferindo com isso vultosas quantias referentes s taxas de inscries para depois, simplesmente abandonar os aprovados

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na angustiante espera por uma nomeao incerta. (SANTANA, 2007, p. 5).

Do texto constitucional, implicitamente, h de se concluir que o gestor no s dever observar a ordem temporal da realizao dos concursos, como, tambm, havendo mais vagas, observar a respectiva ordem de classificao do candidato em seu concurso, para no criar uma preterio do pior classificado, em detrimento do melhor. E tanto assim que, no incio da dcada de 60, o Supremo Tribunal Federal, em sua Smula de nmero 15, j havia regulamentado esta matria, sepultando de vez qualquer discusso sobre o assunto: Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato aprovado tem direito nomeao, quando o cargo for preenchido sem observncia da classificao. (BRASIL, 1963).Impe-se de plano afirmar, a fim de se fazer justia histrica aos juristas que compunham o Supremo Tribunal Federal quando da edio da referida smula, que o texto constitucional ento vigente no trazia em seu bojo disposio semelhante que foi inserida no artigo 37, IV da Carta de 1988, que estabeleceu prioridade de nomeao do aprovado em concurso pblico sobre aqueles aprovados em concursos ulteriores. (SANTANA, 2007, p. 1).

E no atual regime do servidor pblico civil federal (Lei n 8.112, de 11 de dezembro de 1990)2 o direito foi definitivamente assegurado, em seu 10 artigo:A nomeao para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prvia habilitao em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos, obedecidos ordem de classificao e o prazo de sua validade. (BRASIL, 1990, grifo nosso).

Interessante, ainda, notar o cuidado do legislador, indicando uma maior severidade na observao deste mandamento por parte do gestor responsvel para efetivar a nomeao de servidor policial federal habilitado em curso de formao, tendo sido consignado no artigo 7 da Lei n 4.878, de 03 de dezembro de 19653, a palavra RIGOROSA: A nomeao obedecer rigorosa ordem de classificao dos candidatos habilitados em curso a que se tenham submetido na Academia Nacional de Polcia. (BRASIL, 1965, grifo nosso). Concurso pblico uma modalidade de licitao atravs da qual se selecionam os melhores candidatos ao ingresso no servio pblico. O mestre do Direito Administrativo nacional, Hely L. Meirelles, o definiu com estas palavras:2 3 Dispe sobre o regime jurdico dos servidores pblicos civis da Unio, das autarquias e das fundaes pblicas federais; Dispe sobre o Regime Jurdico Peculiar aos Funcionrios Policiais Civis da Unio e do Distrito Federal;

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O concurso pblico o meio tcnico posto disposio da Administrao Pblica para obter-se a moralidade, eficincia e aperfeioamento do servio pblico e, ao mesmo tempo, propiciar igual oportunidade a todos os interessados que atenda aos requisitos da lei, fixados de acordo com a natureza e complexidade do cargo ou emprego, consoante determina o Art. 37, II, da CF. (MEIRELLES, 2008, p. 440, grifo nosso).

E reforando a aplicao na realizao de concursos pblicos dos princpios aplicveis aos processos licitatrios, cabe registrar o interessante e pertinente comentrio consignado em texto elaborado pelo Promotor de Justia do Ministrio Pblico do Estado do Mato Grosso, Dr. Ricardo Santana:Tanto as licitaes pblicas para a contratao de obras e servios quanto os concursos pblicos para preenchimento de cargos e empregos pblicos repousam sobre a mesma base finalstica: o oferecimento de iguais oportunidades aos membros da sociedade para que com a Administrao seja entabulada relao jurdica. (SANTANA, 2007, p. 5, grifo nosso).

A partir das premissas IGUALDADE DE CONDIES E OPORTUNIDADES e OBEDINCIA ORDEM DE CLASSIFICAO, que se pretende introduzir um aprofundamento sobre o instituto da hierarquia na Administrao Pblica Civil e de sua observao e obedincia por parte dos gestores da PF. A Polcia Federal um dos principais rgos estatais que, dentre outras atribuies, tem o dever de cumprir e fazer cumprir leis. Seus gestores no podem de forma alguma abster-se de observar e obedecer aos princpios constitucionais e normas infraconstitucionais reguladoras, jamais permitindo sejam acarretados quaisquer tipos de dano tanto para o servidor, como para a prpria administrao. O presente estudo de extrema relevncia no s para a PF como, tambm, para qualquer instituio pblica que tem em sua estrutura organizacional a hierarquia e disciplina como bases fundamentais4. O que se pretende: verificar se os ocupantes dos cargos de gesto da Polcia Federal estariam observando e se submetendo s normas que, explcita ou implicitamente, regulamentam o instituto da hierarquia na Instituio. Se, quando no exerccio das atribuies inerentes s suas funes de chefia ou cargos de direo e assessoramento, indicam, designam ou nomeiam servidores para o exerccio de cargos comissionados ou funes de confiana subordinadas aos seus. Verificar, inclusive, se poderiam ser consideradas arbitrariedades e4 Lei n 4.878/65 (Dispe sobre o Regime Jurdico Peculiar aos Funcionrios Policiais Civis da Unio e do Distrito Federal): Art. 4 A funo policial, fundada na hierarquia e na disciplina, ...;

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desmandos por parte desses gestores, e principalmente, tolhimento a direitos de servidores policiais ocupantes dos cargos superiores da carreira, quando estes se virem preteridos de indicaes, designaes ou nomeaes por policiais titulares de cargos e classes inferiores aos seus para o exerccio de cargos comissionados e funes de confiana. O objetivo geral desta pesquisa a identificao dos referenciais legais os quais devero se sujeitar o gestor ao indicar, designar e nomear um subordinado para ocupar cargo de direo e assessoramento ou de funo de chefia. Nosso objetivo especfico, comprovada a ocorrncia de arbitrariedades e desmandos, apresentar sugestes para limitar e impor restries aos poderes dos gestores da Instituio para indicar, designar ou nomear seus subordinados. Trata-se de uma pesquisa bibliogrfica e documental. Foram consultadas leis e demais normas pertinentes ao tema, pesquisados autores que atuam na rea jurdica, monografias, e, artigos informativos e jornalsticos que tratam sobre a matria. Para um melhor entendimento do estudo e sendo necessrio apresentar e elaborar conceitos, buscamos em dicionrios jurdicos e da lngua ptria, significados e origens etimolgicas de palavras utilizadas nas definies analisadas. A fim de se levar a efeito o presente estudo, optou-se pela seguinte estruturao: Na primeira seo, contextualizamos o matria; Na segunda seo, so inseridos conceitos que permitiro ao leitor entender melhor o instituto da hierarquia e sua aplicao na administrao pblica; Na terceira seo, apresentamos a hierarquia funcional, administrativa e organizacional da Polcia Federal; Na quarta seo, expomos o Ato Administrativo e os princpios fundamentais que norteiam a administrao pblica; Nas Consideraes finais, conclumos os trabalhos, a partir da linha de raciocnio elaborada, e, terminamos, indicando algumas sugestes tema da pesquisa e

apresentamos as justificativas que levaram o autor a pesquisar sobre a

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para a regulamentao da matria junto a Administrao da PF; Ao final da monografia, encontram-se as referncias bibliogrficas, e os anexos.

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1 CONTEXTUALIZAO DO TEMA DA PESQUISAAo leitor, para fins de uma boa compreenso do tema a ser pesquisado, necessrio ter informaes sobre a origem do Departamento de Polcia Federal para a administrao pblica, como, tambm, a ele ser apresentado os principais elementos, objetos desse estudo, que compem o rgo, quais sejam: a Carreira Policial Federal, a estrutura organizacional da instituio e o quantitativo de cargos de assessoramento e funes gratificadas disponibilizadas.

1.1 A Polcia FederalA Polcia Federal tem como marco de sua criao o Decreto-Lei n 6.378 do Distrito Federal, de 28 de maro de 1944, quando a antiga Polcia Civil da Capital Federal (que funcionava na Cidade do Rio de Janeiro/RJ) foi transformada no Departamento Federal de Segurana Pblica. Em meados da dcada de 1950, a futura sede da Capital Federal se encontrava em fase de construo acelerada no planalto central do Estado de Gois. Para fins de manuteno da ordem no territrio da construo de Braslia e nos ncleos onde habitavam os operrios, o rgo responsvel pela administrao da nova capital montou uma fora policial denominada Guarda Especial de Braslia. Estando a cidade em obras, ocorreu um rpido e descontrolado crescimento populacional e, com ele, toda sorte de delinqncia. A situao exigiu a criao de uma fora policial organizada. Como soluo, o Governo do Estado de Gois sancionou a Lei n 2.364, de 09 de dezembro de 1958, criando o Departamento Regional de Polcia de Braslia, ficando a este subordinada a GEB. Em 1960, a estrutura organizacional do DFSP foi transferida para a cidade de Braslia. Entretanto, como grande parte de seu efetivo optou em permanecer integrado aos quadros do Departamento Estadual de Segurana Pblica do recmcriado Estado da Guanabara, o DFSP, devido carncia de pessoal, recebeu e incorporou em seu quadro o efetivo do DRPB. Naquela poca, j se buscava uma estrutura para o rgo, calcada em moldes mais avanados. Somente com a sano da Lei n 4.483, em 16 de

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novembro de 19645, reorganizou-se o ento DFSP, conferindo ao rgo atuao em todo o territrio nacional. A partir da edio da Constituio Federal de 1967, ficou estabelecido em seu artigo 210 que o DFSP passaria a ser denominado Departamento de Polcia Federal. No inciso VIII do Art. 8 do texto, onde foram relacionadas suas atribuies, o rgo foi referido apenas por Polcia Federal. Esta terminologia foi mantida na Emenda Constitucional n 1, de 17 de outubro de 1969, que praticamente substituiu a Constituio Federal de 1967. Com a promulgao da Constituio Federal de 1988, a denominao Polcia Federal permaneceu na novel Carta Magna, instituindo o rgo como permanente, estruturado em carreira, organizado e mantido pela Unio:TTULO V DA DEFESA DEMOCRTICAS DO ESTADO E DAS INSTITUIES

CAPTULO III DA SEGURANA PBLICA Art. 144 A segurana pblica, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs dos seguintes rgos: I ... 1 A Polcia Federal, instituda por lei com rgo permanente, organizado e mantido pela Unio e estruturado em carreira... (BRASIL, 1988, grifo nosso). Polcia Federal;

Do texto constitucional, duas so as referncias etimolgicas indicadoras de que a POLCIA FEDERAL dever apresentar-se em uma estrutura organizacional com natureza hierarquizada: a palavra carreira e a organizado.

1.2 A Carreira Policial FederalA estrutura funcional da Carreira Policial Federal simples. Atualmente, o quadro permanente da PF tem por base legal: Decreto-Lei n 2.251, de 26 de fevereiro de 19856, posteriormente alterado pela Lei n 9.266, de 15 de maro de

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Reorganiza o Departamento Federal de Segurana Pblica, e d outras providncias; Dispe sobre a criao da Carreira Policial Federal e seus cargos, fixam os valores de seus vencimentos e d outras providncias; Posteriormente, foi editado o Decreto-Lei n 2.320/87 regulamentando o ingresso nas categorias funcionais da Carreira Policial Federal e dando outras providncias;

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19967, e, reorganizado pelo disposto na Lei no 11.095, de 13 de janeiro de 20058. A Carreira Policial Federal composta por cinco cargos pblicos de natureza estritamente policial: Delegado de Polcia Federal, Perito Criminal Federal, Agente de Polcia Federal, Escrivo de Polcia Federal e Papiloscopista Policial Federal. Cada cargo se subdivide em quatro classes, sendo a inicial a de Terceira Classe, em seguida a Segunda Classe, posteriormente, a Primeira Classe, e, no final da carreira, a Classe Especial: Quadro 01 - Carreira Policial Federal:

Dados extrados de acordo com o texto da Lei 11.095/2005.

A promoo ou progresso (mudana de classe inferior para superior) na PF disciplinada pelo Decreto n 2.565, de 28 de abril de 19989. O cargo da classe inicial preenchido a partir de aprovaes em regular concurso pblico e respectivo curso de formao profissional realizado na ACADEMIA NACIONAL DE POLCIA. Para promoo s classes posteriores (2 e 1), necessria a ocorrncia de dois requisitos: avaliao de desempenho satisfatrio e cinco anos (ininterruptos) de efetivo exerccio na classe em que estiver posicionado. A classe final, o servidor policial s alcanar passados no mnimo 15 (quinze anos) de efetivo exerccio. Alm dos dois citados requisitos, dever, ainda,

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Reorganizam as classes da Carreira Policial Federal, fixa a remunerao dos cargos que as integram e d outras providncias; Dispe sobre a remunerao dos cargos das Carreiras ... da Policial Federal, de que trata a Lei n 9.266, de 15 de maro de 1996, ..., e d outras providncias; Disciplina o instituto de progresso a que se refere o pargrafo nico do art. 2 da Lei n 9.266, de 15 de maro de 1996, e d outras providncias;

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realizar e concluir o Curso Superior ou Especial de Polcia10: Quadro 02 - Requisitos para acessos na Carreira Policial Federal:CLASSE ESPECIAL 1 2 3 TIPO DE ACESSO Promoo Promoo Promoo Concurso Pblico REQUISITOS Avaliao + tempo servio + Curso Superior/Especial de Polcia Avaliao + tempo servio Avaliao + tempo servio Curso formao profissional Dados extrados de acordo com o Dec. n 2.565/98.

1.3 A Estrutura organizacional da Polcia FederalCom base nos estudos da cincia da administrao, as estruturas organizacionais de uma instituio ou empresa podem ser representadas de forma grfica e abreviadas por organogramas. Em princpio, dentre outros objetivos, um organograma tem por finalidade representar os nveis administrativos que compem uma organizao e suas vias hierrquicas. O organograma organizacional administrativo11, divulgado no site do DPF, apresenta a organizao da Instituio estruturada em diversos nveis e setores, e estes subdivididos entre si por diversos subsetores. A estrutura parece complexa, pelo tamanho do rgo, mas sob ponto de vista doutrinrio da cincia de administrao simples ou tradicional. Analisando o organograma, constata-se que o rgo apresenta uma caracterstica de natureza estrutural administrativa classificada como staff-and-line. Este modelo segue as caractersticas bsicas de uma estrutura linear12 (unidade de comando e o princpio de escalonamento hierrquico) distinguindo-se desta, pela existncia de rgos de staff junto aos gerentes de linha, os quais tm a funo de assessoramento e de aconselhamento ao executivo ao qual esto ligados:

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Ministrados pela ANP/DPF, atualmente denominados Curso de Gesto de Polticas de Segurana Pblica e Curso de Execuo de Polticas de Segurana Pblica, sendo ambos reconhecidos pelo MEC como Cursos de Ps-graduao latu senso; DEPARTAMENTO DE POLCIA FEDERAL. Organograma organizacional administrativo. Veja-se ANEXO A s fls. 83; Estrutura Linear: Modelo onde se demonstra claramente a unidade de comando e o princpio de escalonamento hierrquico. Estrutura baseada na organizao dos antigos exrcitos, tendo as seguintes caractersticas: a chefia a fonte exclusiva de autoridade, as ordens seguem pela via hierrquica e cada empregado recebe ordens de um s chefe imediato. (CURY, 2005, p. 230);

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So caractersticas da estrutura staff-and-line: Os dirigentes podem dispor, em todos os nveis, segundo as necessidades da organizao, de um rgo de estudo, pesquisas, informaes, sugestes etc., denominado staff com a finalidade de lhe prestarem assessoramento; O staff exerce somente autoridade de idias, exceto quanto ao pessoal de sua estrutura interna, que integral; Conquanto haja duas fontes de autoridade, apenas uma se projeta diretamente sobre cada empregado, que a dos chefes de unidades de linha; Cada empregado recebe ordens de um nico chefe imediato; O staff pode ser unipessoal, multipessoal, com estrutura em linha ou colegiado. (CURY, 2005, p. 231-232).

A organizao hierarquizada, de tal forma que os subsetores respondem por suas tarefas perante os setores superiores, e estes, por sua vez, respondem ao gestor mximo da instituio. O DPF pertence organizao do Poder Executivo Federal, integrando a estrutura regimental do Ministrio da Justia, como um de seus rgos especficos. A estrutura administrativa do DPF constituda por uma DIREO-GERAL e, subordinadas diretamente a esta, encontram-se rgos denominados centrais e descentralizados. A Direo-Geral do DPF e os rgos Centrais tm suas sedes na Capital Federal, e os demais rgos descentralizados (correspondem s 27 Superintendncias Regionais de Polcia Federal), sediados um em cada Capital de um Estado da Federao. As estruturas organizacionais das Superintendncias Regionais seguem o mesmo padro do rgo central. Alm de setores e servios de apoio tcnico e administrativo, sob a subordinao direta dos Superintendentes Regionais, para cumprimento das atividades fins do DPF, encontram seus assessores mediatos (Dois Delegados Regionais e um Corregedor) e, sob a subordinao destes, delegacias especializadas e ncleos de servios. Alm desses setores e subsetores, no mbito da circunscrio das regionais, sob subordinao direta dos Superintendentes, existem, sediadas em alguns municpios do Estado, delegacias descentralizadas.

1.4 Os cargos de assessoramento e funes gratificadasA Constituio Federal de 1988, em seu artigo 37, inciso V estabelece:

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As funes de confiana, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei, destinam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento. (BRASIL, 1988).

As funes de confiana e os cargos de comisso so de livre nomeao e exonerao pela autoridade competente, representando um acrscimo salarial geralmente na forma de gratificao pago ao servidor efetivo que exerce atribuio de chefia, direo ou assessoramento. A funo de confiana tambm chamada de funo gratificada e deve ser instituda quando no se justificar a criao do cargo comissionado.Os cargos de provimento em comisso (cujo provimento dispensa concurso pblico) so aqueles vocacionados para serem ocupados em carter transitrio por pessoa de confiana da autoridade competente para preench-los, a qual tambm pode exonerar ad nutum, isto , livremente, quem os esteja titularizando. (MELLO, 1995, p. 160).

No DPF, os cargos comissionados e funes gratificadas disponibilizados pelo Ministrio da Justia so aqueles estabelecidos no Decreto n 6.061, de 15 de maro de 200713: Quadro 03: Quantitativo de cargos e funes gratificadas disponibilizadas para o DPF:

DECRETO n. 6.061/2007 - (ANEXO II) GRATIFICAES DAS/FUNES GRATIFICADAS DISPONIBILIZADAS PARA O DPF CDIGO QUANTIDADE FINALIDADE (DENOMINAO DO CARGO OU FUNO) GRATIFICAO DAS 101.6 1 DIRETOR-GERAL DO DPF DAS 101.5 7 CORREGEDOR-GERAL e DIRETORES DOS RGOS CENTRAIS CHEFE-DE-GABINETE, COORDENADORES GERAIS e DAS 101.4 12 DIRETORES (ANP, INC/DITEC e INI) DAS 101.3 39 SUPERINTENDENTES REGIONAIS e COORDENADORES DAS 101.2 44 CHEFES DE DIVISO DELEGADOS REGIONAIS, CORREGEDORES REGIONAIS e DAS 101.1 152 CHEFES-DE-SERVIOS DAS 102.4 1 ASSESSOR DE CONTROLE INTERNO DAS 102.3 1 ASSESSOR TCNICO DAS 102.2 10 ASSISTENTE DAS 102.1 2 ASSISTENTE TCNICO CHEFIAS DE DELEGACIAS ESPECIALIZADAS e DE NUCLEOS FG 3 562 DE SERVIOS CHEFIAS DE DELEGACIAS DESCENTRALIZADAS e de SETORES FG 2 230 DE SERVIOS

Dados extrados do ANEXO II ao Dec. n 6.061/07.14 13 14 Veja-se ANEXO B s fls. 84/86; A norma no estipulou a denominao ou finalidade para as funes gratificadas disponibilizadas (FGs 2 e 3). As denominao ou finalidade dessas funes foram consignadas no quadro 06 a partir de dados extrados do organograma estrutural do DPF;

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Pela denominao da Autoridade a quem se destinam as gratificaes disponibilizadas, h de se presumir uma ordem hierarquizada entre os servidores nomeados/designados para o exerccio das respectivas atribuies.

1.5 Justificativas para pesquisar o temaNo perodo de 2004/2007, na sede da Superintendncia Regional da Polcia Federal em Minas Gerais se encontravam lotados cinqenta e um delegados federais: sete na classe especial, quatorze na 1 classe, vinte e nove na 2 classe e, um na 3 classe. Naquela poca, ao se analisar o quadro do efetivo de Delegados Federais lotados na sede da Regional, com as normas e princpios que regulamentam o instituto da hierarquia no DPF e, com aqueles que por indicao do gestor, ocupavam os cargos comissionados e funes gratificadas existentes, constatou-se: 1) Dos delegados posicionados na classe especial: Um era o Superintendente Regional, o 2 posto na ordem hierrquica da regional (Delegado Regional Executivo) foi ocupado por um delegado especial aposentado/convidado, e outro exercia o cargo de Delegado Regional de Combate ao Crime Organizado; Um ficou com as responsabilidades da Representao Regional da Interpol e outro era chefe da Delegacia de Represso a Crimes Previdencirios; Dois delegados no ocupavam nenhum cargo ou funo de confiana. Na gria policial, ERAM LOTADOS NO CORREDOR, e certamente, com potencial e experincia profissionais que possuam no estavam sendo aproveitados adequadamente pela Administrao15. 2) Dos delegados posicionados na 1 classe: O sexto na escala hierrquica de sua classe16 e dcimo terceiro na escala15 Destaca-se, ainda, que um j integrava os quadros da Policial Federal h quase trinta anos, inclusive, j havia exercido o cargo de DREX em outra congnere, atuado em investigaes Policiais de natureza complexa e presidido comisses disciplinares, respectivamente, por indicao e nomeao do, ento Diretor-Geral do DPF; O Corregedor quando nomeado para ocupar este cargo, poca, tinha pouco mais de 06 anos de efetivo exerccio na PF, havia sido promovido 1 classe no ano de sua indicao e nomeao e, anteriormente ao exerccio das novas atividades, na SR/MG teve por nica lotao a DELEMIG/SR/MG;

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hierrquica geral da SR/MG, foi indicado e nomeado para ocupar e exercer as atribuies do cargo de Corregedor Regional (3 posto da Regional), em detrimento a cinco delegados federais situados na classe especial; Dois delegados exerciam funes de chefia em delegacias especializadas; Onze delegados no ocuparam nenhuma funo de confiana daquela gesto, tendo sido mantidos lotados na Delegacia Regional Executiva: sete presidindo inquritos Policiais (a maior parte com investigaes rotineiras de ilcitos fazendrios) e quatro cumpriam jornada de 24/72 hs em escala de planto. 3) Dos Delegados posicionados nas classes inferiores (2 e 3): Oito ocupavam e exerciam funes de chefias em delegacias

especializadas, em detrimento a dois delegados especiais e dez da 1 classe; Seis delegados (dos mais novos na casa) foram lotados diretamente no gabinete do gestor, dos quais trs presidiam inquritos, supostamente, de maior complexidade, um foi mantido como assessor direto e secretrio do gestor e no presidia inquritos e, dois ficaram responsveis pelas atividades e atribuies do Ncleo de Inteligncia da Superintendncia. Da situao noticiada e mantida at o final daquela gesto, diversas dvidas (todas vinculadas no observncia e obedincia aos princpios que regem o instituto da hierarquia) poderiam vir a serem suscitadas e, dentre tantas citamos: a) Qual iseno teria o ento, Corregedor-Regional, especialmente, em relao s Autoridades que se encontravam nas classes especiais, quando tivesse que se manifestar contrria a estas e, ainda, correndo o risco de no futuro, ter que trabalhar sob a subordinao delas? b) Com referncia competncia da Corregedoria de correicionar inquritos policiais, como deveria demonstrar iseno, sem quebrar o princpio da hierarquia, ao analisar, avaliar e manifestar opinio sobre a instruo dos procedimentos presididos por Autoridades das classes superiores a sua, se o chefe do Ncleo de Correies, poca de sua indicao para a funo, tratava-se de delegado recm nomeado?

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c)

As Autoridades de 2 classe, ocupantes das funes de chefias nas delegacias especializadas (subordinadas a DREX ou DRCOR), sem sequer, terem completado naquele perodo seus estgios probatrios, e com to pouco tempo de casa e experincias policiais, dispunham de conhecimento e experincias necessrias para orientar e dirimir as dvidas dos delegados de classes, tempo de servio e experincia profissional superiores a elas, que porventura estivessem na presidncia de inquritos policiais pertinentes s suas especializadas? E neste caso, teriam as autoridades de classes superiores o dever de procurar aquelas chefias para solicitar orientaes?

d)

Seriam as chefias das delegacias especializadas que determinariam, planejariam e coordenariam as operaes policiais que envolvessem investigaes de natureza vinculadas s suas delegacias, e que, entretanto, se encontrassem, tambm, vinculadas a inquritos presididos por autoridades de classes superiores a elas?

e)

E as avaliaes para fins de promoo? Teria sentido um delegado de classe inferior (2 ou 3 classe) que ocupasse a chefia das especializadas, avaliar para efeitos de promoo delegados de classes superiores e de maior tempo de casa do que eles, e que estivessem lotados em suas delegacias? No se sabe quais teriam sido os critrios utilizados pelo ento gestor, para

optar em abrir mo da experincia profissional das Autoridades Policiais de classes superiores, quebrando irrefutavelmente o instituto da hierarquia na sua administrao. Dentro de um dos princpios que regem a hierarquia (complexidade de atribuies e aumento de responsabilidades para cargos/funes classificadas como superiores) a gesto, da poca, antecipou atribuies e responsabilidades a delegados federais de classes inferiores, sem que estes preenchessem os requisitos necessrios, aos lhes confiar cargos e funes que caberiam s Autoridades com mais experincia e situados nas classes superiores. Mas sabe-se que fato semelhante tambm ocorreu em outras regionais, como, tambm, a situao subsistia nas sedes dos rgos centrais do DPF. E pior,

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no se tratava de prtica inovadora para a poca, pois o acontecimento no era novidade na Polcia Federal, tendo, inclusive, sido noticiado em trabalho acadmico:Afora esta questo, verifica-se que grande parte dos delegados que ascenderam classe especial h bastante tempo, esto sendo preterido nas designaes para as funes de chefia por Delegados mais novos, alguns recm-egressos no cargo de Delegado de Polcia Federal, o que alm de ser fator de desmotivao do quadro funcional, acarreta a quebra da hierarquia, com conseqente violao das normas que dispem sobre a hierarquia e disciplina. Tal fato, numa organizao fundada na hierarquia e na disciplina, traz como conseqncia a disputa autofgica pelo poder, a politizao do rgo cuja natureza essencialmente tcnica, alm do desprestgio da autoridade, cujo princpio no momento em que desprezado, fatalmente levar a Instituio prpria dissoluo se no houver resoluo do quadro. (ROSA, 2000, p. 30-31).

Uns dos argumentos mais utilizados pelos ocupantes dos cargos de gesto no DPF para justificarem a escolha de quaisquer servidores da carreira policial para ocuparem cargos e funes subalternas tem por fundamento a interpretao dada a 2 parte da norma descrita no Inciso II do Art. 37 da CF/88: ... as indicaes para a ocupao das funes so de livre escolha e confiana de quem ocupa o cargo de direo. (BRASIL, 1988). Do argumento padro alegado, pode-se extrair a mesma interpretao e aplicao amoral que fazem os polticos, costumeiramente, ao indicarem e nomearem parentes e afins para seus assessores e auxiliares diretos.A interpretao verbal fica ao alcance de todos, seduz e convence os indoutos, impressiona favoravelmente os homens de letras, maravilhados com a riqueza de conhecimentos filosficos e primores de linguagem ostentados por quem , apenas, um profissional de Direito. (MAXIMILIANO, 1979, p. 112).

A conseqncia dissoluo da instituio prevista pelo Delegado Rosa em sua pesquisa pode at no vir a ocorrer de forma to trgica, mas o assunto j comea a extrapolar os meios internos da Instituio e ser divulgado em mdia: Veteranos se rebelam contra poltica de renovao da PF - Delegados com 30 anos de carreira esto sendo substitudos por jovens (FENAPEF, 2008). bvio que constrangimentos morais so inerentes queles servidores que se vem envolvidos e se sentem preteridos em um direito. A partir desses fatos emergiu a deciso de pesquisar a miude a questo. Em verdade, no se encontrou nenhuma regulamentao explcita para a situao questionada. O desconhecimento de trabalhos doutrinrios e/ou cientficos

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que abordem a matria, to objetivamente, aumentou e motivou a elaborao desta pesquisa, para buscar compreender e entender melhor os fundamentos contidos nas normas que, em tese, regulamentam o instituto da hierarquia no DPF. Poder-se-ia indicar qualquer trabalho doutrinrio elaborado pelos

administrativistas brasileiros conhecidos para justificar as razes de se perseguir entender melhor o instituto da hierarquia e sua aplicao. Constata-se que desde o mestre Hely L. Meirelles, ou qualquer um de seus seguidores e/ou oponentes doutrinrios, a doutrina administrativista trata o Instituto da Hierarquia, apenas, como base para se estruturar as organizaes e carreiras do setor pblico, e que dele emergem poderes inerentes ao administrador. Egon Moreira indica que a principal preocupao daquele que estuda o direito administrativo no ho de serem as prerrogativas da Administrao, mas o direito dos administrados (MOREIRA, 2003, p. 62, grifo do autor). Refora-se esta assertiva, quando muitos doutrinadores da cincia do direito administrativo moderno vm defendendo que no se podem deixar os administrados merc dos administradores. O Direito Administrativo se funda no entrosamento dos termos prerrogativas da Administrao e direitos dos Administrados:So os elementos deste binmio que, a nosso ver, se encontram expressados, respectivamente, no que denominamos supremacia do interesse pblico e indisponibilidade dos interesses pblicos pela Administrao. (MELLO, 1995, p. 26).

Desses

ensinamentos,

justifica-se

destacar

das

bases

doutrinrias

consultadas uma classificao elaborada por Armando Costa, com relao aos tipos de distores negativas verificadas em pessoas que detm o poder hierrquico administrativo17: O indulgente, pusilnime, despersonalizado, imitador, poltico, temeroso, vaidoso intransigente, o autoritrio, sdico e vingativo (COSTA, 1981, p. 22-27). Na vida, como no direito, todo ato praticado enseja uma conseqncia. Tudo que se faz h de ser considerada coisa permitida ou proibida pelo direito vigente. Assim, nas relaes humanas e nas da sociedade moderna, tanto os atos

17

A obra de natureza administrativa disciplinar, no afastando por isto a vinculao da classificao elaborada com o instituto da hierarquia;

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cometidos, como os fatos gerados estaro envolvidos por uma atmosfera jurdica. Portanto, quando um chefe ou dirigente da atualidade toma uma deciso contrria a princpios que regem a convivncia de uma sociedade humana, prima facie, h de se poder identificar naquele uma das distores negativas relacionadas na classificao elaborada. Dessas assertivas, em confronto com as normas infraconstitucionais que regulamentam a matria instituto da hierarquia no DPF emerge o seguinte problema: O INSTITUTO DA HIERARQUIA EST SENDO OBSERVADO PELOS DIRIGENTES DA POLCIA FEDERAL, AO EXERCEREM O ATO DE INDICAR PARA OCUPAR CARGOS DE CHEFIA SUBORDINADOS AO SEU? Do problema suscitado e na ausncia de uma normatizao institucional objetiva que delimita os poderes dos dirigentes quando estes tm que indicar qual servidor ir ocupar os cargos subordinados sua administrao, verificou-se a possibilidade de se configurar uma quebra de hierarquia dentro da Instituio. Diante disto, elaborou-se como hiptese bsica: DA FORMA COMO OS GESTORES DA PF, SISTEMATICAMENTE, VM INDICANDO SERVIDORES PARA OCUPAREM CARGOS DE CHEFIAS SUBALTERNAS ESTO DEIXANDO DE OBSERVAR E OBEDECER AOS PRINCPIOS QUE REGEM O INSTITUTO DA HIERARQUIA. E como hiptese secundria: DA FORMA COMO OS GESTORES DA PF, SISTEMATICAMENTE, VM INDICANDO SERVIDORES PARA OCUPAREM CARGOS DE CHEFIAS SUBALTERNAS, TM SIDO OBSERVADOS OS PRINCPIOS QUE REGEM O INSTITUTO DA HIERARQUIA.

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2 HIERARQUIANo vernculo da lngua ptria, encontram-se vrias definies para a palavra hierarquia:Hierarquia [Do b.-lat. hierarchia, 'hierarquia eclesistica' (< gr. hiers, 'sagrado', + gr. arch, 'comando', 'autoridade', + gr. -a), retomando a prosdia gr.] Substantivo feminino. 1. Ordem e subordinao dos poderes eclesisticos, civis e militares. 2. Graduao da autoridade, correspondente s vrias categorias de funcionrios pblicos; classe. 3. Fig. Srie contnua de graus ou escales, em ordem crescente ou decrescente; escala: hierarquia de valores. Inform. Na orientao a objetos (q. v.), organizao de classes, que indica suas subordinaes com relao herana. 4. Rel. Ordem e subordinao dos diferentes coros dos anjos. [Var.: jerarquia.] 5. Hierarquia militar. 1. Ordenao da autoridade, em diferentes nveis, dentro da estrutura das foras armadas. (FERREIRA, 1997, p. 895).

No dicionrio jurdico de Magalhes & Malta a palavra definida por:1. HIERARQUIA: graduao, ordem de importncia; na hierarquia das fontes de direito a constituio ocupa o lugar mais importante; 2. HIERARQUIA JURISDICIONAL: Ordem de importncia dos Tribunais: ex.: no Brasil o Supremo Tribunal Federal ocupa o lugar mais alto na hierarquia jurisdicional; 3. HIERARQUIA MILITAR: Ordem de importncia das autoridades militares: ex.: na hierarquia militar os generais ficam acima dos coronis. (MAGALHES & MALTA, 1997, p. 441).

Em um texto cujo tema hierarquia nas famlias, o instituto foi definido:A Hierarquia uma Fora, uma Lei que atua em todos os sistemas. Ela tem a ver com a ordem nas posies, com o lugar que cada um ocupa dentro do sistema. Nas organizaes ou empresas tambm esta Fora atua. E quando no respeitada, criam-se emaranhamentos. (BRAGA, 2007, p.1).

Em uma pesquisa cujo tema trata da HIERARQUIA E DA DISCIPLINA: A hierarquia como um conceito funcional a relao de subordinao e mando entre os agentes do Estado; Organicamente, a estrutura vertical de rgos que exercem as atividades pblicas. (ROSA, 2000, p. 17). Cury em sua obra utiliza a definio elaborada por Jules Henri Fayol, este um dos tericos clssicos da Cincia da Administrao:HIERARQUIA: segundo Fayol, a srie de chefes que vai da autoridade superior aos agentes inferiores. Destarte, a hierarquia corresponde a uma

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forma de organizao social que tem por caracterstica: 1. 2. Graduao rgida da autoridade; Definio exata das atribuies de cada estrato. (CURY, 2005, p. 168).

Hely L. Meirelles define HIERARQUIA como sendo a relao de subordinao existente entre vrios rgos e agentes do Executivo, com a distribuio de funes e a gradao da autoridade de cada uma. (MEIRELLES, 2008, p. 123). O elemento comum entre tantas definies: HIERARQUIA uma organizao ou ordenao entre coisas, entidades, instituies, rgos, servios, cargos, pessoas, sendo estas diferenciadas como superiores e inferiores, maiores e menores, mandantes e mandados, chefes e subalternos, etc.

2.1 Hierarquia no servio pblicoToda vez que hierarquia assunto entre servidores da PF, geralmente, para se situar dentro de uma compreenso do instituto, fazem-se comparaes com a estrutura funcional de uma organizao hierrquica militar. Por certo, tal comparao inevitvel, pois, a Instituio Polcia no Brasil, tem suas origens em fileiras da carreira militar:Em 13 de maio de 1809, dia do aniversrio do Prncipe Regente, D. Joo VI criou a Diviso Militar da Guarda Real de Polcia da Corte (DMGRP), sendo esta formada por 218 guardas com armas e trajes idnticos aos da Guarda Real Portuguesa. Era composta por um Estado-Maior, 3 regimentos de Infantaria, um de Artilharia e um esquadro de Cavalaria. (POLCIA MILITAR, 2008).

A Polcia Federal, inclusive, j possuiu militares em seus quadros quando, ainda na dcada de sessenta, foi integrado na estrutura organizacional do DFSP o efetivo que compunha a GEB: Em 21 de abril de 1960, a GEB contava com o efetivo de sete oficiais, 23 sargentos, 58 cabos, 325 soldados, perfazendo o total de 413 homens... (60 anos DPF a servio do Brasil, 1994, p. 44). Outro ponto comum: ambas as instituies, Polcia e Organizaes Militares, tm por bases fundamentais a hierarquia e a disciplina. Portanto, nada obsta em se buscar um primeiro entendimento sobre o instituto da hierarquia no servio pblico para a Polcia Federal, na legislao que cuida dos interesses das organizaes militares do Pas.

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na Lei n 6.880, de 9 de dezembro de 198018, que se estabelece a definio e uma regulamentao da hierarquia funcional nas instituies militares brasileiras:Art. 14. A hierarquia e a disciplina so a base institucional das Foras Armadas. A autoridade19 e a responsabilidade crescem com o grau hierrquico. 1 A hierarquia militar a ordenao da autoridade, em nveis diferentes, dentro da estrutura das Foras Armadas. A ordenao se faz por postos ou graduaes; dentro de um mesmo posto ou graduao se faz pela antigidade no posto ou na graduao. O respeito hierarquia consubstanciado no esprito de acatamento seqncia de autoridade. (BRASIL, 1980, grifo nosso).

Alguns elementos da norma merecem serem destacados, em face do objeto do presente estudo: 1) 2) 3) A autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierrquico; A ordenao da autoridade, em nveis diferentes; A ordenao dentro de um mesmo posto ou graduao se faz pela antigidade no posto ou na graduao; 4) O respeito hierarquia consubstanciado no esprito de acatamento seqncia de autoridade. Na seara da cincia da administrao, alm de se ensinar como representar em um organograma os nveis administrativos que compem uma organizao e suas vias hierrquicas, Cury elaborou uma diviso hierrquica calcada nas habilitaes, competncias ou conhecimento dos indivduos:1. Do ponto de vista do processo decisrio:

a) Cpula: administrador, isto , aquele que coordena, escolhe a estratgia, planeja e exerce a funo de relaes pblicas; b) Nvel intermedirio: dirigentes (executivos), isto , superintendentes diretores, aqueles que coordenam e supervisionam; c) 2. a) Supervisores de linha: chefes de seo. Do ponto de vista dos requisitos profissionais: Instruo superior;

18 19

Dispe sobre o Estatuto dos Militares; A autoridade a faculdade investida a uma pessoa dentro de uma organizao para que possa dar ordens e instrues e exigir que as mesmas sejam cumpridas. (Liderana de Equipe, Apostila Mdulo01, 2008);

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b) c)

Instruo tcnica ou mdia; Instruo primria. (CURY, 2005, p. 169).

Outro dado interessante sugerido na doutrina da cincia de Administrao (a qual, nos tempos atuais, defende a substituio de chefes por lderes) que para se estruturar uma carreira do profissional de Organizao & Mtodos (O & M), impe-se ao perfil do candidato, alm de formao especializada, um tempo mnimo de experincia, tanto na rea de administrao, como tambm no exerccio da atividade de organizaes e mtodos: Quadro 04: A carreira do analista de O & M:Cargo/funo: Analista de O&M Formao Tempo de experincia

Mster

Snior

Jnior

Curso superior de administrao Curso de doutorado na rea de administrao Em torno de 15 anos de Curso de mestrado na rea de experincia profissional, administrao sendo 10 na rea de Cursos de especializao no campo de O & administrao, com 5, pelo M menos, em O & M Cursos de especializao no campo das cincias comportamentais Cursos de especializao no campo de administrao Curso superior de administrao Curso de doutorado ou de mestrado em administrao Em torno de 10 anos de experincia profissional, Cursos de especializao no campo de O & sendo 5 na rea M administrativa com pelo Cursos de especializao no campo de menos 3 em O & M administrao ou de cincias do comportamento Cursos de microinformtica Curso superior de administrao ou 2 Grau completo Com mais de 3 anos de experincia em alguma Curso de especializao em O & M e atividade de O & M atividades afins Conhecimentos de microinformtica. Dados extrados da obra de CURY, 2005, p. 141.

Zanella Di Pietro ensina que a organizao administrativa tem dois pressupostos fundamentais: a distribuio de competncias20 e a hierarquia, sendo esta estabelecida pelo direito positivo como uma relao de coordenao e subordinao entre os vrios rgos que integram a Administrao Pblica. Da organizao hierrquica estabelecida nas normas, emerge-se uma srie de poderes,20 Competncia define-se pelo conjunto de atribuies das pessoas jurdicas, rgo e agentes, fixadas pelo direito positivo. (DI PIETRO, 2000, p.188);

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dentre estes, o de dar ordens aos subordinados, implicando um dever de obedincia para estes ltimos:Hierarquia corresponde a uma relao pessoal, obrigatria, de natureza pblica, que se estabelece entre titulares de rgos hierarquicamente ordenados; uma relao de coordenao e subordinao do inferior frente ao superior, implicando um poder de dar ordens e o correlato dever de obedincia. Vale dizer que o ordenamento hierrquico fixado pela lei, e que desse ordenamento resulta uma relao de coordenao e subordinao, que implica os j referidos poderes para a Administrao. (DI PIETRO, 2000, p. 92-93, grifo nosso).

M. Pestana indica que a hierarquia possui ntida funo organizacional e funcional, instalando os agentes e rgos pblicos em camadas de importncias, encargos, responsabilidades e funes, de maneira que, quanto mais elevada seja a posio, maiores responsabilidades e encargos de coordenao sero ali identificados; reversamente, quanto mais inferior, menores responsabilidades sero surpreendidas, no obstante invariavelmente presente a subordinao que se contrape respectiva coordenao. (PESTANA, 2008, p. 209). Bandeira de Mello trabalhou o tema hierarquia, definindo-a como: vnculo de autoridade que une rgos e agentes, atravs de escales sucessivos, numa relao de autoridade, de superior a inferior, de hierarca a subalterno. Ensina, ainda, sobre os poderes advindos ao hierarca, conferindo a este uma contnua e permanente autoridade sobre toda atividade administrativa, consistindo tais poderes em:a) Poder de comando, que o autoriza a expedir determinaes gerais (instrues) ou especficas a um dado subalterno (ordens), sobre o modo de efetuar os servios; b) Poder de fiscalizao, graas ao qual inspeciona as atividades dos rgos e agentes que lhe esto subordinados; c) Poder de reviso, que lhe permite, dentro dos limites legais, alterar ou suprimir as decises dos inferiores, mediante revogao, quando inconveniente ou inoportuno o ato praticado, ou mediante anulao, quando se ressentir de vcio jurdico; d) Poder de punir, isto , de aplicar as sanes estabelecidas em lei aos subalternos faltosos; e) Poder de dirimir controvrsias de incompetncia, solvendo os conflitos positivos (quando mais de um rgo se reputa competente) ou negativos (quando nenhum deles se reconhece competente); f) Poder de delegar competncias ou de avocar, exercitveis nos termos da lei. (MELLO, 1995, p. 81).

Diante de tantas informaes e conceitos, inconteste poder afirmar que

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para haver Hierarquia no Servio Pblico, seja em organizaes estruturais de instituies civis e militares, ou entre servidores, prescinde-se de previso legal. E assim, que a norma prev para o Poder Executivo Federal:Lei n 5.645, de 10 de dezembro de 197021 Art. 5 Cada Grupo ter sua prpria escala de nvel a ser aprovada pelo Poder Executivo, atendendo, primordialmente, aos seguintes fatores: I II III Importncia da atividade para o desenvolvimento nacional. Complexidade e responsabilidade das atribuies exercidas; e Qualificaes requeridas para o desempenho das atribuies.

Pargrafo nico. No haver correspondncia entre os nveis dos diversos Grupos, para nenhum efeito. (BRASIL, 1970).

a norma, para todos os casos, que determinar ou indicar quem ser superior e inferior, quem ser o chefe e o subordinado, quem mandar e obedecer em razo dos graus de complexidade e de responsabilidades atribudos a cada rgo institudo, ou cargo ou funo criados e ocupados efetivamente, ou temporariamente. Quadro 05: Evoluo do nvel hierrquico no Poder Executivo Federal:

Lei n 5.645 de 10/SET/1970. Art. 5 Cada Grupo ter sua prpria escala de nvel a ser aprovada pelo Poder Executivo, atendendo, primordialmente, aos seguintes fatores: I Importncia da atividade para o desenvolvimento nacional. II Complexidade e responsabilidade das atribuies exercidas; e, III Qualificaes requeridas para o desempenho das atribuies.

MAIOR

Menor

De acordo com interpretao da Lei n 5.645, de 10 de dezembro de 1970.

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Estabelece as diretrizes para a classificao de cargos do Servio Civil da Unio e das autarquias federais, e d outras providncias;

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Os graus de complexidade e de responsabilidades aumentaro, medida que o posicionamento verificado na estrutura organizacional da instituio ou na graduao do cargo efetivo ou de provimento ocupado sejam superiores ao ponto inicial. Concluses: 1) 2) Para cada cargo criado, haver de ter atribuies previstas em lei; A graduao no cargo ser classificada como superior ou de chefia quanto mais complexa e de maior responsabilidade forem as atribuies previstas; 3) (a contrario sensu) A graduao no cargo ser classificada como inferior ou subalterna quanto menos complexa e de menor responsabilidade forem s atribuies previstas. Portanto, em uma instituio pblica, quem tenha cargos efetivos organizados em carreira, para cada nvel desta, haver de ter previso legal das atividades autorizadas a serem realizadas. E quanto maior for o nvel do cargo, maior grau de responsabilidades e mais complexas sero as atribuies relativas a este. Raciocnio semelhante ocorrer no caso de instituies que tenham, em sua organizao estrutural administrativa, diversos rgos com vinculao hierrquica entre si. Para cada rgo da estrutura organizacional, dever ser atribuda em norma sua respectiva competncia. a complexidade e o grau de responsabilidades atribudas em cada competncia que indicar na estrutura organizacional que compe a Instituio qual ser o rgo superior, inferior, ou se estaro em um mesmo nvel. Assim, quanto maior for o nvel de posicionamento na estrutura do rgo, mais complexas, de maiores responsabilidades e de maior importncia sero suas competncias. A linha de raciocnio permanece e dever ser aplicada aos cargos comissionados ou funes gratificadas criados e disponibilizados para a instituio. As atribuies relativas a cada cargo comissionado ou funo gratificada devero ser prescritas em norma. As atribuies devero adequar-se s competncias dos rgos aos quais se vincularem. O cargo comissionado ou funo gratificada ser superior ou inferior, de chefia ou subordinado, ou ser de mesmo nvel a outro, de acordo com a complexidade e grau de responsabilidades a eles atribudas.

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O servidor policial que for indicado, nomeado ou designado para cargo comissionado ou funo gratificada dever estar posicionado em um nvel de sua carreira, cujas atribuies sejam compatveis com as competncias tanto do rgo como as das atribuies outorgadas ao dirigente deste, de maneira a formar um conjunto que possibilite cumprir os fins, para os quais o cargo comissionado ou funo de confiana foram criados. Como concluso: quando um servidor efetivo de determinado cargo for indicado e nomeado para exercer cargo de direo ou funo gratificada, as atribuies legais dos dois cargos, ou do cargo efetivo e da funo ho de ter correlao e adequao conforme a complexidade e o grau de responsabilidades das atividades a serem exercidas.

37

3 A HIERARQUIA NA POLCIA FEDERAL3.1 A hierarquia funcionalExiste uma diferena tnue entre o uso corriqueiro das palavras profisso e carreira. De dicionrio ptrio, destacaram-se definies de interesse a esta pesquisa:CARREIRA [Do lat. vulg. carraria, i. e., via carraria, 'caminho de carro');. profisso: carreira militar. carreira diplomtica. (Ordenao dos postos, em nveis decrescentes, dos funcionrios efetivos do Ministrio das Relaes Exteriores do Brasil); Fazer carreira:. Alcanar boa posio social e/ou profissional. (FERREIRA, 1997, p. 358). PROFISSO [Do lat. professione.]: Atividade ou ocupao especializada, e que supe determinado preparo: a profisso de engenheiro; a profisso de motorista; Profisso liberal. - Profisso de nvel superior caracterizada pela inexistncia de qualquer vinculao hierrquica e pelo exerccio predominantemente tcnico e intelectual de conhecimentos. (FERREIRA, 1997, p. 1398).

PROFISSO uma atividade especfica na sociedade, e CARREIRA o conjunto dos nveis profissionais a serem atingidos por acesso ou promoo ao longo do tempo em determinada atividade. Pode-se, ainda, chamar de profisso a escolha por uma formao, ou seja, uma rea para atuao ou a atividade que ser exercida. Depois de formado, o profissional passa a trabalhar e colocar em prtica o que aprendeu. evoluo individual do profissional d-se o nome de carreira. Diz respeito ao sucesso do indivduo, ou sua colocao na hierarquia de uma empresa. Como exemplo pode citar os Office-boys, que muitas vezes so promovidos e promovidos, galgando cargos mais elevados que em conjunto com seus estudos, o faz tornar-se gerente ou at mesmo diretor. A CF/88, ao instituir a Polcia Federal, determinou sua estruturao em carreira. Como visto no item 1.2 deste trabalho, a estrutura funcional da Carreira Polcia Federal simples e composta por cinco cargos pblicos de natureza estritamente Policial: Delegado de Polcia, Perito Criminal, Escrivo de Polcia, Agente de Polcia e Papiloscopista Polcia. Cada cargo dividido em quatro nveis, sendo o nvel inicial denominado Terceira Classe, e o final da carreira a Classe Especial. Uma primeira ordenao em uma hierarquia funcional direta, explicitamente, se encontra estabelecida na carreira: Os cargos de Agentes, Escrives e

38

Papiloscopistas so inferiores aos cargos dos Delegados e Peritos, portanto, so os ocupantes daqueles cargos diretamente subordinados a estes em qualquer situao.Decreto-Lei n 2.320, de 26 de janeiro de 198722 Art. 1 A Carreira Polcia Federal far-se- nas categorias funcionais de Delegado de Polcia Federal, Perito Criminal Federal, Censor Federal23, Escrivo de Polcia Federal, Agente de Polcia Federal e Papiloscopista Polcia Federal, mediante progresso funcional, de conformidade com as normas estabelecidas pelo Poder Executivo. 1 As categorias funcionais de Delegado de Polcia Federal, Perito Criminal e Censor Federal so classificadas como categorias de nvel superior. 2 As categorias funcionais de Escrivo de Polcia Federal, Agente de Polcia Federal e Papiloscopista Polcia Federal so classificadas como categorias de nvel mdio. (BRASIL, 1987).

No h uma relao hierrquica funcional entre os ocupantes dos cargos de delegados e peritos, estabelecendo-se somente uma subordinao administrativa, com relao ao nvel ocupado pelo servidor: um delegado ocupante da 1 Classe ser superior a um perito da 2 Classe ou, um perito de classe especial ser superior ao delegado de 1 classe. Ao escolher por profisso a atividade POLICIAL FEDERAL, o candidato, depois de aprovado em regular concurso pblico e concluir o curso de formao profissional do cargo almejado, sendo nomeado e tomando posse, inicia sua carreira na 3 classe. Trabalhando e colocando em prtica o que aprendeu, sua evoluo individual na profisso dar-se- medida que passa o tempo. Atingindo os requisitos exigidos (avaliao satisfatria e 5 anos de efetivo exerccio), promovido para as classes seguintes (2 e 1), e ser promovido ao topo da carreira (classe especial) aps mais cinco anos de efetivo exerccio, avaliao satisfatria e aprovao no Curso Superior ou Especial de Polcia. No havendo percalos durante sua evoluo profissional, o servidor, em um prazo mnimo de 15 anos, percorrer toda carreira prevista para o cargo ocupado: O ordenamento jurdico que regulamenta a Carreira Policial Federal,

22 23

Dispe sobre o ingresso nas categorias funcionais da Carreira Policial Federal e d outras providncias; A partir da CF/88, e a inteligncia de seu Art. 21, inciso XVI c/c Art. 23 do Ato das Disposies Constitucionais Transitrias, os titulares destes cargos no mais tiveram atribuies no DPF e, posteriormente, a Lei 9.688/98 declarou a extino dos cargos de Censor Federal, e disps sobre o aproveitamento dos servidores remanescentes nos cargos de Perito Criminal e de Delegado de Polcia Federal;

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explicitamente, ordena de forma cristalina os nveis de cada cargo especfico, no deixando margens de dvidas de qual classe superior ou inferior ou, de quem estaria subordinado a quem.Decreto-Lei n 2.320, de 26 de janeiro de 1987 Art. 2 A hierarquia na Carreira Policial Federal se estabelece primordialmente das classes mais elevadas para as menores... . (BRASIL, 1987).

da evoluo na carreira que se delineia a ordem hierrquica entre as classes de cada cargo, consubstanciando-se esta na subordinao dos cargos inferiores aos superiores: Os ocupantes de terceira classe so subordinados e inferiores aos de 2, 1 e Especial; os de segunda aos de 1 e Especial e, este ltimo, superior a todas. Ao recorrer norma (Portaria n 523, do Ministro de Estado de Planejamento de 28 de julho de 198924) que atribui a cada cargo da carreira as caractersticas especficas de suas atividades, constata-se a inteligncia do artigo 5 e seu inciso II da Lei n 5.645/70. A hierarquizao entre as classes se formaliza. Para cada cargo, as classes superiores apresentam atividades especficas mais complexas e com maior grau de dificuldades do que as atividades atribudas s classes inferiores. No caso do Delegado de Polcia Federal, so caractersticas especficas de cada atividade a serem praticadas pelos ocupantes de cada classe, conforme quadro abaixo: Quadro 06:CLASSES ESPECIAL

Caractersticas especficas das atribuies do cargo de Delegado de Polcia Federal:CARACTERISTICAS ESPECIFICAS Atividades de nvel superior, envolvendo DIREO, SUPERVISO COORDENAO, ASSESSORAMENTO E CONTROLE, no mais alto nvel de hierarquia da administrao Policial federal, bem como articulao e intercmbio Policial a nvel internacional. Atividades de nvel superior, envolvendo PLANEJAMENTO, SUPERVISO, ORIENTAO, COORDENAO, EXECUO E CONTROLE no mbito das investigaes, operaes Policiais e da segurana das atividades do rgo e respectivas instalaes, bem como estudos visando modernizao da Instituio e dos trabalhos policiais e intercmbio policial internacional. Continua...

1 CLASSE

24

Aprova, na forma dos Anexos I e II que integram a Portaria, as caractersticas de classes pertinentes aos cargos de nvel superior e mdio da Carreira Policial Federal, do Departamento de Polcia Federal, de que tratam os Decretos-Lei n. 2.251, de 26 de fevereiro de 1985 e n 2.320, de 26 de janeiro de 1987;

40

Continuao Quadro 06:CLASSES

Caractersticas especficas das atribuies do cargo de Delegado de Polcia Federal:CARACTERISTICAS ESPECIFICAS Atividades de nvel superior, envolvendo ORIENTAO E EXECUO DE TRABALHOS relacionados com as atividades e com o desempenho do rgo, a instaurao e presidncia de procedimentos policiais de investigao e a participao em procedimentos disciplinares, bem como, em grau auxiliar, planejamento e estudos preliminares, predominantemente tcnicos, com vistas preveno e a represso de ilcitos penais. Esta classe foi criada pela Lei n 11.095 de 13 de janeiro de 2005.25 Dados extrados a partir do texto da Portaria n 523, de 28 de julho de 1989.

2 CLASSE

3 CLASSE

Como se constata a olhos vistos, no caso dos delegados (como nos demais cargos da carreira), medida que o servidor vai alcanando um nvel superior, estabelece-se de imediato o aumento de complexidade em suas novas atribuies e um maior grau de responsabilidades nas atividades a serem desempenhadas com relao s caractersticas especficas da classe anterior. Quadro 07: Progresso na carreira do cargo de Delegado Federal em razo do aumento da complexidade e grau de responsabilidades das novas atribuies:

Dados extrados a partir do texto da Portaria n 523, de 28 de julho de 1989.

25

A norma criou o cargo de 3 Classe, indicando-o como cargo inicial da carreira, mas no especificou suas atribuies. At o trmino desta pesquisa, no foi editada nenhuma norma atribuindo atividades especificas a esta classe;

41

A ordenao das classes da Carreira Policial Federal em nveis diferentes se encontra organizada em norma especfica, tal e qual nas instituies de natureza militar, e adequando-se ao determinado no artigo 5, inciso II da Lei n 5.645/70. E obedece-se ao mandamento: medida que o ocupante do cargo Policial sobe de nvel em sua carreira, aumenta sua autoridade em razo do aumento de complexidade e grau de responsabilidade das atividades exigidas nas classes superiores. No satisfeito o legislador, ainda fez constar no Regime Pblico dos Policiais Civis Federais26 outro tipo de vinculao hierrquica: aquela onde os servidores so ordenados de acordo com o seu tempo efetivo de servio pblico. Trata-se de simples conseqncia estrita obedincia ao mandamento constitucional que regulamenta o chamamento de candidatos aprovados, nos concursos pblicos por eles realizados. A norma organiza servidores posicionados em uma mesma classe, permitindo identificar quem ter preferncia a quem, a fim de exercer ou ser beneficiado por direitos e benefcios concedidos em lei. No regime jurdico em vigor da PF, Decreto n 59.310, de 23 de setembro de 196527, esse tipo de ordenao denominada ANTIGUIDADE, estando previsto e regulamentado nos artigos 79 e 80:Art. 79 A antiguidade de classes ser contada:

I Nos casos de nomeao, readmisso, transferncia a pedido, reverso ou aproveitamento, a partir da data em que o funcionrio entrar no exerccio do cargo; II Nos casos de promoo e readaptao, a partir de sua vigncia;

III No caso de transferncia "ex officio", considerando-se o perodo de exerccio que o funcionrio possua na classe quando foi transferido. Art. 80 Quando ocorrer empate na classificao por antiguidade ter preferncia, sucessivamente: 1 2 3 o funcionrio de maior tempo de servio pblico federal; o de maior tempo de servio pblico; o de maior prole;

26 27

Lei n 4.878 de 03 de dezembro de 1965; Dispe sobre o regime jurdico dos Funcionrios Policiais Civis do Departamento Federal de Segurana Pblica e da Polcia do Distrito Federal, na forma prevista no artigo 72 da Lei n 4.878/65;

42

4

o mais idoso.

1 Quando se tratar de classe inicial, o primeiro desempate ser feito pela classificao alcanada no curso para ingresso na srie de classes, representadas pelas mdias finais apuradas pela Academia Nacional de Polcia. (BRASIL, 1965).

A Polcia Federal, tendo como um de seus fundamentos a hierarquia, e diante desse tipo de ordenao, at em face da rigorosa obedincia ordem de classificao prevista em seu regime jurdico, h de caracterizar, tambm, dentre os policiais posicionados em uma mesma classe, uma ordenao de forma a poder identificar quem ser superior a quem, ou quem estar subordinado a quem. A antiguidade na carreira policial se identifica tendo como referncia: 1. Na classe inicial, primeiramente, a data de posse no cargo e, havendo empate, busca-se verificar as mdias finais (classificao) apuradas pela ANP/DPF no curso de formao profissional realizado. Nas classes seguintes, tem-se por base a data de vigncia da progresso, e, havendo empate, o primeiro critrio de desempate ser do servidor que tiver maior tempo de servio na seara federal28.

2.

Constata-se, assim, a semelhana e adequao dos elementos contidos que regulamentam a hierarquia funcional nas instituies militares brasileiras, sendo aqueles os mesmos elementos contidos nas normas que regulamentam a hierarquia na Polcia Federal: Quadro 08: Comparativo entre os elementos da hierarquia nas instituies militares e na Polcia Federal: POLCIA FEDERALA autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierrquico. A ordenao da autoridade, em nveis (classes) diferentes A ordenao dentro de uma mesma classe se faz pela antigidade na classe. O respeito hierarquia consubstanciado no esprito de acatamento seqncia de autoridade.

INSTITUIES MILITARESA autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierrquico. A ordenao da autoridade, em nveis diferentes. A ordenao dentro de um mesmo posto ou graduao se faz pela antigidade no posto ou na graduao. O respeito hierarquia consubstanciado no esprito de acatamento seqncia de autoridade.

Da, poder-se concluir que so princpios que regem a hierarquia funcional na Polcia Federal:28 Em nosso entendimento, uma incoerncia da Lei, pois a primeira referncia em caso de empate, pela lgica, seria considerar o servidor mais antigo na classe que foi promovido, aquele que tivesse maior tempo de servio na classe anterior;

43

a)

O

aumento

da

complexidade

das

atividades

e

do

grau

de

responsabilidades atribudas a cada cargo efetivo; e, b) O tempo efetivo de servio na classe em que se encontrar o servidor.

E, finalmente, quanto ordenao dos cargos efetivos no Departamento de Polcia Federal, afirmar: I. NA POLCIA FEDERAL, A ORDENAO HIERRQUICA ENTRE OS CARGOS DE SUA CARREIRA OCORRER DE ACORDO COM O AUMENTO DA COMPLEXIDADE DAS ATIVIDADES E DO GRAU DE RESPONSABILIDADES ATRIBUIDAS CLASSE EM QUE SE ENCONTRAR O SERVIDOR, CRESCENDO ASSIM SUA AUTORIDADE. II. ESTANDO O SERVIDOR POSICIONADO EM UMA MESMA CLASSE QUE OUTRO, TAMBM HAVER UMA ORDEM HIERRQUICA A SER OBSERVADA E OBEDECIDA, DE ACORDO COM O TEMPO DE SERVIO EFETIVO NA POSIO QUE SE ENCONTRAREM, A FIM DE ESTABELECER NAQUELES QUE TIVEREM MAIS TEMPO DE SERVIO EM SUA CLASSE UMA SUPERIORIDADE HIERRQUICA SOBRE AQUELES QUE TIVEREM MENOR TEMPO.

3.2 A hierarquia e os cargos de chefiaO poder de mando ou responsabilidades administrativas pela gesto do DPF no diretamente atribudo aos titulares dos cargos efetivos da Carreira Policial Federal. Como visto no item 1.4 deste trabalho, no DPF, as funes de direo, chefia e assessoramento (cargos comissionados e funes gratificadas) so aquelas estabelecidas no Decreto n 6.061, de 15 de maro de 200729, e que foram disponibilizadas pelo Ministrio da Justia. No caso do DPF: Quem indica quem ir ocupar o cargo de Direo-Geral da PF o Ministro da Justia, pois o Departamento da Polcia Federal faz parte da estrutura regimental de seu Ministrio. O ato de nomeao assinado pelo Ministro29 Veja-se ANEXO B s fls. 84/86;

44

Chefe da Casa Civil da Presidncia da Repblica; O Diretor-Geral do DPF quem indica os ocupantes das seis diretorias e a Corregedoria Geral previstas na alnea g do artigo 2 do Decreto 6061/1985, as Superintendncias Regionais e as adidncias das embaixadas30. O ato de nomeao assinado pelo Ministro Chefe da Casa Civil da Presidncia da Repblica; Quanto aos demais cargos comissionados, seus ocupantes so indicados pelos dirigentes dos rgos inferiores Direo-Geral, aonde os servidores iro atuar. O Diretor-Geral, em homologando as indicaes, remete solicitao para o Senhor Secretrio-Executivo do Ministrio da Justia, que assina e manda publicar no dirio oficial os respectivos atos de nomeaes; Quanto s funes gratificadas (cargos de chefia), os seus ocupantes so indicados pelo gestor do rgo aonde os servidores iro atuar. O DiretorGeral, em homologando a indicao, o Diretor de Gesto de Pessoal assina e manda publicar no dirio oficial o respectivo ato de designao. No caso, os servidores que iro exercer as atividades inerentes a esses cargos (DAS) e funes (FGs) so nomeados ou designados de acordo com as regras dos incisos I, II (2 parte) e V do Art. 37 do texto constitucional:CONSTITUIO FEDERAL/1988 Art. 37 A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia e, tambm, ao seguinte: I os cargos, empregos e funes pblicas so acessveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei; II a investidura em cargo ou emprego pblico depende de aprovao prvia em concurso pblico de provas ou de provas e ttulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvada as nomeaes para cargo em comisso declarado em lei de livre nomeao e exonerao; ... 30 Adido: Pessoa no pertencente aos quadros diplomticos designada para servir junto a uma embaixada como representante de interesses especficos Exemplos: adido cultural, adido militar, adido de imprensa, adido policial, etc. Os adidos policiais federais acreditados juntos s representaes diplomticas brasileiras no exterior so subordinados administrativamente aos chefes das misses diplomticas e vinculados tecnicamente ao Diretor-Geral (Art. 44 da Portaria n 1825/2006 do Ministrio da Justia);

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V as funes de confiana, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comisso, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condies e percentuais mnimos previstos em lei, destinam-se apenas s atribuies de direo, chefia e assessoramento; (BRASIL, 1988, grifo nosso).

No quadro 03 do Item 1.4 (quantitativo de cargos e funes gratificadas disponibilizadas para o DPF) desta pesquisa, em consonncia com o que se est estudando, pela ordenao, codificao das gratificaes ali indicadas e pela denominao das Autoridades a quem se destinam as gratificaes disponibilizadas, h de se presumir a existncia de uma hierarquizao entre os servidores designados e nomeados para o exerccio das respectivas atribuies. Quer dizer, os cargos que tiverem suas atribuies de maior complexidade e grau de responsabilidades, em tese, sero considerados superiores queles com menor grau de complexidade e responsabilidades: Quadro 09: Evoluo do nvel hierrquico dos cargos em comisso (DAS) e Funes Gratificadas (FGs) disponibilizadas ao DPF pelo M.J., em razo do aumento da complexidade e grau de responsabilidades das novas atribuies a serem exercidas pelo ocupante do cargo:

DAS101.6

DAS101.3

DAS102.1

FG2

DAS e FGs no DPF

FG3

De acordo com interpretao do Dec. n 6.061/2007.

O raciocnio se refora ao se buscar nas normas regulamentadoras respectivas as atribuies especficas de cada cargo comissionado e funes

46

gratificadas existentes no DPF 31: QUADRO 10: Normas que regulamentam as atribuies especficas de cada cargo comissionado e funo gratificada existentes no DPF:DECRETO 6.061 15 de maro de 2007 Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comisso e das Funes Gratificadas do Ministrio da Justia, e d outras providncias PORTARIA N 1.825 Ministrio da Justia, de 13 de outubro de 2006. Aprova o Regimento Interno do Departamento de Polcia Federal RIDPF, na forma do Anexo a esta Portaria Competncia no se presume; entretanto, uma vez assegurada, entende-se conferida com a amplitude necessria para o exerccio do poder ou desempenho da funo a que se refere lei. (MAXIMILIANO, 1979, p. 265).

Desta forma, afirma-se que trs ordenaes hierrquicas concorrem, concomitantemente, no Departamento de Polcia Federal, e todas mantm sintonia com o disposto artigo 5, inciso II da Lei n 5.645/70: 1. A primeira, ESTRUTURAL32: A ordenao verificada no organograma estrutural da Instituio, onde os rgos que constituem o DPF so disponibilizados em nveis hierrquicos. Constata-se a adequao entre os nveis apresentados no organograma com o aumento da complexidade e grau de responsabilidades indicadas nas competncias atribudas a cada rgo pelas normas contidas no Decreto n 6.061/2007, Anexo I, Captulo II, Art.2, inciso II, alnea g, e Captulo III, Seo II, Art. 29 a 36, c/c Portaria n 1.825/2006 do Ministrio da Justia, em seu Captulo II, Art. 2 e Captulo III; 2. A segunda, FUNCIONAL: A ordenao verificada em razo do disposto no Decreto-Lei n 2.251/1985 c/c Art. 2 do Decreto-Lei n 2.320/1987 c/c Portaria n 523/1989, do Ministrio do Planejamento; 3. A terceira, ADMINISTRATIVA: A ordenao verificada em razo da obedincia e observao as atribuies descritas nas normas do Decreto n 6.061/2007, em seu Anexo I, Captulo IV, Sees III a V, c/c a Portaria n 1.825/2006 MJ, em seu Captulo IV, artigos 28 a 41. Em todas elas, as denominaes superiores ou inferiores, hierrquicas ou31 32 Veja-se no ANEXO C s fls. 87/99, relao individualizada de todas as atribuies especficas; Veja-se item 1.3 da pesquisa;

47

subordinadas, mais importantes ou menos importantes, sero caracterizadas a partir da verificao e anlise dos graus de responsabilidades e do aumento de complexidades nas atividades especficas ou competncias atribudas, previstas nas normas que regulamentam o funcionamento do DPF, para cada rgo, classe do cargo efetivo da carreira policial e, dos cargos comissionados ou funes gratificadas disponibilizados para a Instituio. No h como negar: para ocupar os cargos comissionados e funes de confiana disponibilizadas para o DPF, o servidor policial indicado, nomeado ou designado dever estar situado em um nvel de sua carreira (cargo e classe), cujas atribuies ou atividades especficas apresentem correspondncia com as atribuies e competncias do cargo comissionado ou funo gratificada a serem exercidas. Para um esclarecimento do que seja maior complexidade e grau de responsabilidade da atribuio a ser exercida, dever-se- identificar nas normas citadas a principal conduta (ou aes) a ser exercida pelo ocupante do cargo.H enunciados sobre o acto cujo sentido o comando, a permisso, a atribuio de um poder ou competncia. O sentido dessas proposies, porm, no o de um enunciado sobre um facto da ordem do ser, mas uma norma da ordem do dever-ser, quer dizer, uma ordem, uma permisso, uma atribuio de competncia. (KELSEN, 1979, p. 25).

Assim, a conduta principal ser identificada pelo ncleo33 da norma regulamentadora que especifica as competncias, atribuies e atividades de, respectivamente, cada rgo que compe a estrutura da instituio, cada cargo funcional e de cada cargo comissionado e das funes gratificadas. Exemplificando: O rgo Gabinete do Diretor-Geral, na estrutura organizacional, se encontra no pice, no nvel mais alto do organograma estrutural da Instituio. O cargo comissionado de Diretor-Geral do DPF o cargo administrativo de maior importncia no mbito da Instituio. Para o exerccio das atribuies inerentes a este cargo de dirigente maior, dever o servidor policial federal indicado ter permisso descrita em norma para PLANEJAR, DIRIGIR, COORDENAR, ORIENTAR, ACOMPANHAR E AVALIAR a execuo das atividades dos diversos rgos que compem o33 Ncleo: O centro, o ponto central, a parte principal, de um todo. Na teoria da tipicidade, ncleo o verbo existente na descrio legal, in abstrato, de um crime. (MAGALHES, 1997, p. 623);

48

Departamento34. Portanto, ao se consultar as atividades especficas de cada classe dos cargos efetivos que compem a Carreira Policial Federal, ali sero constatadas que somente um servidor que estiver posicionado no nvel CLASSE ESPECIAL do cargo de DELEGADO DE POLCIA FEDERAL poder exercer estas atribuies, pois o nico cargo da carreira que autoriza ou se atribui ao servidor exercer as atividades de DIREO, SUPERVISO, COORDENAO, ASSESSORAMENTO E CONTROLE NO MAIS ALTO NVEL DE HIERARQUIA DA ADMINISTRAO POLICIAL FEDERAL. E desta situao j se pode extrair uma limitao ao poder de indicao que tem o ocupante do cargo de MINISTRO DA JUSTIA. No havendo previso legal para que o cargo de Diretor-Geral do DPF tenha de ser preenchido ou ocupado por servidor da Carreira Policial Federal, tem o Ministro de Estado o poder assegurado na Constituio para escolher qualquer pessoa de sua confiana35 para ocupar e exercer as atividades inerentes a esse cargo comissionado. Entretanto, caso venha a indicar um servidor da Carreira Policial Federal para exercer o cargo de DIRETOR-GERAL da Polcia Federal, no poder escolher qualquer policial pertencente aos quadros da carreira. S poder exercer as atribuies de dirigente do DPF um servidor titular do cargo de delegado de polcia federal e que esteja ocupando o nvel da classe especial. desta forma que sero observados os princpios que regem o instituto da hierarquia no DPF, e obedecidas as normas que o regulam no mbito da instituio. Ainda, dando prosseguimento estrutura organizacional da PF, analisandose o organograma e o texto do decreto que organiza o Ministrio da Justia, identificaram-se outros rgos e cargos considerados de mais alto nvel na hierarquia da Administrao Policial Federal. Pelo teor do Art. 2, inciso I, alnea g do Decreto n 6.061/2007 so os seguintes:1. 2. 3. Diretoria-Executiva; Diretoria de Combate ao Crime Organizado; Corregedoria-Geral de Polcia Federal;

34 35

Art. 45 do Decreto n 6.061/2007; O cargo de Diretor-Geral do DPF j foi ocupado por General e Coronel do Exrcito e, Delegado de Polcia Civil do Estado de So Paulo;

49

4. 5. 6. 7.

Diretoria de Inteligncia Policial; Diretoria Tcnico-Cientfica; Diretoria de Gesto de Pessoal; e Diretoria de Administrao e Logstica Policial. (BRASIL, 2007).

E no exame do organograma, por estarem subordinados e vinculados diretamente ao Gabinete do Diretor-Geral, ainda podem ser considerados como integrados ao mais alto nvel da hierarquia da Instituio, as Superintendncias Regionais e Adidncias nas embaixadas36. Desta forma, o Diretor-Geral ao indicar servidores (tem que ser ocupante da Carreira Policial Federal) para ocupar os cargos relacionados no Art. 2, inciso I, alnea g do Decreto n 6.061/2007, dever se submeter e obedecer aos princpios da hierarquia e s normas que o regulamentam no mbito da Instituio. Est obrigado a observar se os Policiais (delegados ou peritos) indicados ocupam o nvel da classe especial de seus cargos. E, ainda, especificamente, quanto ao cargo de Diretor Tcnico-Cientifico, s poder indicar servidor titular da classe especial de Perito Criminal, pois, no mbito da criminalstica, somente servidor titular desse cargo efetivo poder exercer as atividades especficas de Direo, Planejamento, Superviso, Orientao, Coordenao e Controle. E assim, toda vez que ocorrer a necessidade de indicar servidor policial para ocupar cargo comissionado ou designado para exercer uma funo gratificada disponibilizados para a Polcia Federal, a autoridade competente dever verificar se o nvel (classe) do cargo ocupado adequado, e se atribuies da classe guardam relao com as atribuies e competncias atribudas ao cargo comissionado ou funo gratificada a ser exercido. Caso a autoridade no o faa, estar deixando de observar os princpios que regem o instituto da hierarquia e desobedecendo s normas que o regulamentam no mbito do DPF. E de pronto, ao serem observados os princpios do instituto da hierarquia e obedecidas s normas que o regulamentam no mbito da PF, j se restringe, com relao36

ao

exerccio

das

atribuies

dos

cargos

comissionados

(DAS)

Portaria 1825/2006 do Ministro da Justia: Art. 44. Os adidos policiais federais acreditados juntos s representaes diplomticas brasileiras no exterior so subordinados administrativamente aos chefes das misses diplomticas e vinculados tecnicamente ao Diretor-Geral. Art. 45. As Superintendncias Regionais so subordinadas administrativamente ao DiretorGeral e vinculadas tcnica e normativamente s Unidades Centrais;

50

disponibilizados para a instituio, a indicao de servidores Policiais que estejam ocupando os nveis de 3 e 2 classe de seus cargos, pois, o servidor de terceira classe37 nem sequer tem atribuies especficas previstas em norma. Quanto aos de 2 classe, estes possuem, apenas, AUTORIZAO LEGAL para exercerem as seguintes atividades especficas: Quadro 11: Caractersticas especficas das atribuies dos cargos de 2 Classe da Carreira Policial Federal:ATIVIDADES ESPECFICAS ORIENTAO E EXECUO de trabalhos relacionados com as atividades e com o desempenho do rgo. EXECUO de exames periciais. EXECUO de operaes Policiais. Relativas ao CUMPRIMENTO das formalidades legais necessrias aos procedimentos Policiais de investigao ou disciplinares e demais servios cartorrios. EXECUO de coleta, classificao e subclassifi