20081215 acao artigo_10_wam

14
Ministério Público do Estado de Pernambuco Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública da Capital. Ministério Público do Estado de Pernambuco, representado pelos Promotores de Justiça que a presente subscrevem, no uso de suas atribuições legais em defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais indisponíveis, notadamente do patrimônio público, diante do que consta das peças de informação em anexo (Inquérito Civil Conjunto nº 04/2007), na forma e com fundamento nos artigos 37, 127 e 129, III, da Constituição da República combinados com os artigos 1º, inciso IV e 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 (Lei da Ação Civil Pública); 1º e 25, inciso IV, alínea a da Lei nº 8.625, de 12 de fevereiro de 1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); 1º e 4º, inciso IV, alínea a da Lei Complementar nº 12, de 27 de dezembro de 1994 (Lei Orgânica do Ministério Público do Estado de Pernambuco) e nos dispositivos legais adiante invocados, vem à presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA pelas razões de fato e de direito adiante aduzidas contra Maria Luiza Martins Aléssio, Secretária de Educação, Esporte e Lazer do Município do Recife, casada, inscrita no CPF/MF sob o número 074.706.494-68; Edna Maria Garcia da Rocha Pessoa, Assessora Executiva da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Município do Recife, casada, inscrita no CPF/MF sob o número 166.336.444-34; Marília Lucinda Santana de Siqueira Bezerra, ex-Diretora Administrativa e Financeira da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Município do Recife, casada, inscrita no CPF/MF sob o número 024.918.314-57; Gustavo Luiz Leite, ex-Gerente de Engenharia e Obras da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Município do Recife, casado, inscrito no CPF/MF sob o número 931.997.084-04; Alexandre El Deir, Gerente de Serviços e Obras de Engenharia da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Município do Recife, casado, inscrito no CPF/MF sob o número 252.463.994-00; Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 1 de 14

Upload: charles-lima

Post on 20-Jul-2015

42 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública da Capital.

Ministério Público do Estado de Pernambuco, representado pelos Promotores deJustiça que a presente subscrevem, no uso de suas atribuições legais em defesa dosinteresses difusos, coletivos e individuais indisponíveis, notadamente do patrimôniopúblico, diante do que consta das peças de informação em anexo (Inquérito CivilConjunto nº 04/2007), na forma e com fundamento nos artigos 37, 127 e 129, III, daConstituição da República combinados com os artigos 1º, inciso IV e 5º da Lei nº 7.347,de 24 de julho de 1985 (Lei da Ação Civil Pública); 1º e 25, inciso IV, alínea a da Lei nº8.625, de 12 de fevereiro de 1993 (Lei Orgânica Nacional do Ministério Público); 1º e4º, inciso IV, alínea a da Lei Complementar nº 12, de 27 de dezembro de 1994 (LeiOrgânica do Ministério Público do Estado de Pernambuco) e nos dispositivos legaisadiante invocados, vem à presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃOCIVIL PÚBLICA pelas razões de fato e de direito adiante aduzidas contra

Maria Luiza Martins Aléssio, Secretária de Educação, Esporte e Lazer do Municípiodo Recife, casada, inscrita no CPF/MF sob o número 074.706.494-68;

Edna Maria Garcia da Rocha Pessoa, Assessora Executiva da Secretaria deEducação, Esporte e Lazer do Município do Recife, casada, inscrita no CPF/MF sob onúmero 166.336.444-34;

Marília Lucinda Santana de Siqueira Bezerra, ex-Diretora Administrativa eFinanceira da Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Município do Recife, casada,inscrita no CPF/MF sob o número 024.918.314-57;

Gustavo Luiz Leite, ex-Gerente de Engenharia e Obras da Secretaria de Educação,Esporte e Lazer do Município do Recife, casado, inscrito no CPF/MF sob o número931.997.084-04;

Alexandre El Deir, Gerente de Serviços e Obras de Engenharia da Secretaria deEducação, Esporte e Lazer do Município do Recife, casado, inscrito no CPF/MF sob onúmero 252.463.994-00;

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 1 de 14

Page 2: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

WAM Construções e Serviços Ltda, inscrita no CNPJ/MF sob o número03.312.322/0001-64;

Tókio Construções, inscrita no CNPJ/MF sob o número 05.966.679/0001-91;

Construtora CSF Da Silva e Filho Ltda, inscrita no CNPJ/MF sob o número03.998.352/0001-76

1. DOS FATOS

Em face de representação formulada pelo Sindicato dos Professores da Rede Municipaldo Recife - Simpere, a Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania – Defesa eProteção do Patrimônio Público e Promoção e Defesa do Direito Humano à Educação –instaurou o Inquérito Civil Conjunto nº 04/2007 para apurar as condições em que seencontravam a estrutura física (conservação e adequação) dos prédios onde funcionamas escolas e creches da rede pública municipal de ensino; a superlotação das salas deaula (m2 por aluno); o fornecimento e a qualidade da merenda oferecida aos alunos darede pública municipal de ensino.

Na instrução do citado procedimento, foram requisitadas à Secretaria de Educação,Esporte e Lazer do Município do Recife informações sobre os processos de reformade escolas e creches municipais, bem como foram ouvidos os engenheiros Alexandre ElDeir e Gustavo Luiz Leite, além das gestoras Maria Luiza Martins Aléssio e MaríliaLucinda Santana de Siqueira Bezerra.

De igual modo, foram solicitados documentos constantes da Auditoria Especial nº0602025-2 (Relatório Preliminar de Auditoria - DOC. 01), ora em tramitação noTribunal de Contas do Estado, a qual tem por objeto a contratação direta de empresas deengenharia para serviços de reformas das escolas e creches municipais no exercíciofinanceiro de 2006. Tal solicitação foi atendida através do Processo de Destaque nº0704182-2 (Decisão TC nº 1402/07- DOC. 02).

Do conjunto probatório verifica-se que, no exercício financeiro de 2006, a Secretaria deEducação emitiu 239 Notas de Empenho em favor de 92 empresas para a reforma de195 unidades educacionais, no valor total de R$ 2.010.921,14 (dois milhões, dez mil,novecentos e vinte e um reais e catorze centavos), conforme relação de notas deempenho emitidas no referido exercício financeiro para contratação direta de serviços eobras de engenharia com fundamento no art. 24, inciso I, da Lei nº 8.666/93 (DOC. 03).

O Relatório da Auditoria Especial nº 0602025-2 tem a seguinte conclusão:

Diante da existência das irregularidades relatadas ao longo deste relatório e tendo emvista o que dispõe o art. 7º da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), osautos deste processo deverão ser encaminhados ao Ministério Público. Além disso, asirregularidades relatadas, independente da devolução, são passíveis de aplicação de

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 2 de 14

Page 3: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

multa prevista no artigo 73, da Lei Orgânica do TCE/PE nº 12.600/2004, alterada pelaLei nº 12.640/2004.

4. Quadro de detalhamento de débitos

Item Irregularidade Legislação Infringida Valor passível dedevolução (R$)

3.1

Estabelecimentos queapresentaram osserviços liquidados epagos, mas nãoexecutados.

3.2

Estabelecimentos queapresentaram osserviços liquidados epagos, mas executadosparcialmente.

CF, a Lei 10.172/01 que aprova oPlano Nacional de Educação, a Leide Diretriz e Bases da EducaçãoNacional, os Princípios daAdministração Pública e a Lei4.320/64.

145.360,67

41.214,40

3.3 Outras irregularidades

3.4

Contratação deempresas semcomprovação daRegularidade Fiscal

Lei nº 9.012/95 e o art. 195, § 3º daCF/88.

Total 186.575,07

Entre tais contratações foi realizada a cotação relativa aos serviços de engenharia parareforma da Escola Municipal Adauto Pontes. Para tanto, a Gerência de Engenharia eObras coletou propostas das empresas WAM Construções e Serviços Ltda, TókioConstruções e Construtora CSF Da Silva e Filho Ltda.

Porém, as três propostas apresentadas para a execução de reforma na Escola MunicipalAdauto Pontes eram idênticas na formatação da carta e da planilha de composição decustos (DOC. 04)

Tais “coincidências”, embora visíveis sem muito esforço, foram ignoradas peloengenheiro responsável pela coleta de propostas.

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 3 de 14

Page 4: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

Conforme os depoimentos dos Engenheiros Gustavo Leite1 (DOC. 05) e Alexandre ElDeir2 (DOC. 06) tais cotações constituíam mera formalidade, não havendo o examedetido das propostas. E mais: era comum e do conhecimento dos gestores públicos oajuste entre empresas ‘convidadas’ a realizar ditos serviços de engenharia.

Em conseqüência, em 17 de março de 2006, através da NEOP 2006NE01763 (DOC.07), foi realizada a contratação da empresa WAM Construções e Serviços Ltda para arealização dos seguintes serviços de engenharia na Escola Municipal Adauto Pontes:

Quantidade Valor Unitário Descrição

58,3 8,91 escavacao manual em terra

2,2 950,00 concreto armado pronto

48,0 18,50 alvenaria de tijolos de 6 furos

160,0 43,06 estrutura de cobertura em madeira

1 Depoimento prestado pelo Engenheiro Gustavo Luiz Leite: ... ficava a cargo de sua gerênciarealizar cotação de preços com empresas para definir aquela que seria responsável pela execuçãodos serviços;

(...) Que apresentadas ao depoente as propostas firmadas pelas empresas Aripuana Serviços eComércio, Construtora Tóquio e WAM Construções e Serviços relativamente a serviço a serexecutado na Escola Municipal André de Melo conforme a nota fiscal 2006.01764, este reconhecee afirma perceber uma identidade na apresentação formal das três empresas que concorreramentre si para o referido serviço, evidenciando que foram feitas por idêntica pessoa;

(...) Que apresentada a proposta da empresa Senconsulte Locação de Veículos e Construção para osserviços previstos na Escola Arraial Novo do Bom Jesus, conforme Neop nº 2006.06506, onde consta,na proposta da empresa acima referida , assentado carimbo e assinatura do representante dorepresentante de sua concorrente na mesma cotação a empresa Forbes, o depoente identifica comomais um caso de ajuste entre concorrentes; que apresentadas as propostas das empresas TWMConstruções, Construtora Move Terra Ltda e M Campelo Construções para serviços a seremexecutados na Creche João Eugênio, conforme nota de empenho 2006.07998, o depoente declarantevê também grande similaridade entre as propostas, inclusive o mesmo erro de grafia no endereço daescola, de modo a se inferir novamente que tratou-se de justificativa para permitir a contrataçãodireta de empresa.

2 Depoimento prestado pelo Engenheiro Alexandre El Deir: Que a realização das cotações ficava acargo do declarante e seu chefe imediato, Dr. Gustavo Leite

(...) que diante das propostas elaboradas pelas empresas WAM Construções e Serviços, ConstrutoraTóquio e CSF – Construtora da Silva e Filho Ltda referentes ao serviço de reforma na EscolaMunicipal Adauto Pontes conforme a nota de empenho 2006.07163, o depoente confirma haversimilaridade entre o formato das propostas apresentadas pelas três empresas; que esclarece que erapossível à época existir ajuste entre as empresas, de modo que elas pudessem partilhar entre si epelo preço entre elas combinado a execução do serviço.

(...) Razão pela qual acredita que as propostas de preços coletadas tenham sido meramente para comporo procedimento da nota de empenho em favor da WAM Construções; que o depoente não descarta apossibilidade de uma única empresa coletar as demais propostas e apresentar à Administração; quea situação de similaridade entre as propostas apresentadas pelas empresas Aripuana Serviços eComércio Ltda., Construtora Toque e WAM Construções; que reconhece também a possibilidade deajuste entre as empresas Senconsult, Forbes e Stillus na elaboração da proposta referente à nota deempenho 2006.06506; que reconhece o declarante que tal fato (ajuste entre as empresasconcorrentes) acontecia com relativa constância a ponto da própria Diretoria ter mencionado oalto grau de similaridade entre as propostas de preços coletadas.

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 4 de 14

Page 5: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

140,0 22,97 cobertura com telha ceramica

3,0 120,94 esquadria de ferro tipo basculhante

10,7 50,00 vidro plano, comum liso transparente

96,0 3,17 chapisco com argamassa de cimento e areia

A execução de tais serviços foi atestada pelos Engenheiros Gustavo Leite e AlexandreEl Deir e, em razão disto, ocorreu a liquidação e pagamento da despesa em 22 de marçode 2006.

Contudo, conforme consta do Relatório Preliminar de Auditoria elaborado pelosAuditores do Tribunal de Contas do Estado nos autos da Auditoria Especial nº0602025-2, tais serviços, embora pagos, não foram executados.

No item 3.1 do referido Relatório consta o seguinte:

Escola Municipal Adauto Pontes – Jordão (fls. 231 a 246) (Nota de Empenho:2006.01763; Valor: 14.802,31; Empresa: W.A.M. Construções e Serviços Ltda; Datada Liquidação: 22/03/2006; Data da Visita: 03/01/2007)

Os serviços não foram executados. Portanto o valor de R$ 14.802,31 (catorze mil,oitocentos e dois reais e trinta e um centavos) é passível de devolução aos cofrespúblicos.

A escola já havia sido objeto de auditoria na prestação de contas do exercício de 2005,uma vez que a Secretaria de Educação contratou a empresa Aripuanã Serviços eComércio Ltda através do processo de dispensa nº 13/2005 para a reforma da estruturada Escola Municipal Adauto Pontes, no valor global de R$ 60.864,76 (sessenta mil,oitocentos e sessenta e quatro reais e setenta e seis centavos), tendo como fundamentoo inciso IV, do art. 24, da Lei 8.666/93, pois a escola apresentava problemasestruturais, comprometendo a segurança dos alunos. Entretanto, o processo nãoapresentava a justificativa para a escolha do executante e os serviços tinham sidoexecutados parcialmente, faltando terminar os banheiros masculino e feminino. Após anotificação, a Secretaria de Educação concluiu os serviços. Mas não executou osserviços detalhados na nota de empenho de 2006 nas dependências da escola.

Ou seja: quando da visita dos auditores à referida unidade de ensino (dez meses após aliquidação da despesa), os serviços não haviam sido realizados pela WAMConstruções e Serviços Ltda (Termo de Inspeção nº /07 - DOC. 08).

Outro ponto indicado pelo Relatório da Auditoria Especial do Tribunal de Contas doEstado diz respeito à contratação de empresas sem comprovação de RegularidadeFiscal.

Consta do citado Relatório:

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 5 de 14

Page 6: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

Durante a análise da prestação de contas das despesas realizadas com as reformas dosestabelecimentos objeto dessa auditoria, constatou-se que estavam ausentes entre osdocumentos de liquidação das despesas as Certidões Negativas de Débitos e osCertificados de Regularidade Fiscal das empresas contratadas.

A equipe de auditoria verificou, através dos sites da Receita Federal e da Dataprev,que a maioria destas empresas não possuía a Certidão Conjunta de Débitos Relativos aTributos Federais (DOC. 09) e a Certidão Negativa de Débito da Previdência Social(doc. 10):

Estabelecimento Empresa contratada CNPJ

CertidãoConjunta(ReceitaFederal)

Certidão Negativa(Previdência)

EM AdautoPontes

WAM Construções eServiços Ltda.

33123220001-64 não possui (fls.246)

vencida (fls. 245)

Notadamente em relação à medição fictícia ocorrida é importante ressaltar oconhecimento e a aprovação das mesmas pelas demandadas.

Maria Luiza Martins Aléssio3 (DOC. 11) afirmou que o que de fato ocorreu foi aexecução de serviços de engenharia em outras unidades escolares conforme Quadro 1constante da sua defesa junto ao TCE.

Marília Lucinda Santana de Siqueira Bezerra4 (DOC. 12) por seu turno, informouperante esta Promotoria de Justiça que [ela depoente] em conjunto com a SecretáriaMaria Luiza Martins Aléssio e Edna Garcia autorizaram o procedimento acimareferido.

3 Depoimento prestado por Maria Luiza Martins Aléssio: que reintera neste momento os termosapresentados na defesa apresentada junto ao TCE, no sentido de que de fato embora constasse nanota de empenho como se o serviço de engenharia tivesse sido executado nas escolas referidas, o quede fato ocorreu foi a execução de serviços de engenharia em outras unidades escolares conformeQuadro 1 constante da sua defesa junto ao TCE (...)

Que a tomada de decisão em relação à substituição de escolas era da depoente a partir doslevantamentos realizados pela gerência de engenharia e encaminhada pela Diretoria Financeira,professora Marília.

4 Depoimento prestado por Marília Lucinda Santana de Siqueira: que embora constando o atestodos engenheiros Alexandre El Deir e Gustavo Leite nas notas fiscais relativas aos empenhosdestacados pelo TCE o serviço não foi executado naquelas unidades referidas na nota de empenho;que o procedimento acima adotado fora guiado pela emergência na restauração das unidadeselencadas (...)

Que em face desta motivação a depoente em conjunto com a Secretária Maria Luiza Martins Aléssio eEdna Garcia autorizaram o procedimento acima referido.

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 6 de 14

Page 7: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

Relevante também a motivação de tais atos: Fugir ao controle interno exercido pelaSecretaria Municipal de Finanças5 ou contornar a realização de carta convite para talserviço de engenharia6 7.

Como conseqüência, restou o absoluto descontrole sobre o que, quanto, onde e quandofoi feito em termos de manutenção física das unidades de ensino municipais. Estecontrole, se houve, por certo não constou da liquidação da despesa – resumindo-se adeclaração das empresas de que fizeram o serviço e, ainda, declaração dos engenheirosno sentido de que o atesto originalmente dado nos documentos fiscais não sãoverdadeiros e que os serviços teriam ocorrido em outra unidade de ensino.

Tais fatos são reconhecidos inclusive nos próprios depoimentos prestados por MariaLuiza Martins Aléssio8 e Marília Lucinda Santana de Siqueira Bezerra9 peranteesta Promotoria de Justiça.

2. DO DIREITO

O artigo 37, XXI, da Constituição da República, dispõe que as obras, serviços, comprase alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegureigualdade de condições a todos os concorrentes.

5 Depoimento prestado por Maria Luiza Martins Aléssio: que em razão disto houve a opção de sedeterminar a realização do serviço e não a anulação de empenho e elaboração de novo empenhopara seu atendimento; que acrescenta que o tempo médio de empenhamento junto à Secretaria deFinanças é de aproximadamente 15 dias e, na hipótese de cancelamento, quando se faz necessário aapresentação de justificativa junto à Secretaria de Finanças este tempo tende a aumentarsignificativamente.

6 Depoimento prestado pelo engenheiro Gustavo Luiz Leite: que acrescenta ainda o depoente que nãoforam emitidas notas fiscais e empenhos em relação a estas últimas unidades porque somando-seos serviços já executados em tais unidades com os serviços pagos mediante as notas de empenhoacima referidas ultrapassariam o valor de R$ 15.000,00; que para assim proceder seria necessáriocarta convite e não seria possível a contratação direta.

7 Depoimento prestado pelo engenheiro Alexandre El Deir: que o depoente afirma que as escolasonde os serviços foram efetivamente executados provavelmente já tinham atingido a cota de R$15.000,00 (quinze mil reais) relativos à contratação direta de obra e serviços de engenharia sem anecessidade de carta convite.

8 Depoimento prestado por Maria Luiza Martins Aléssio: que a depoente não recorda se junto com adefesa do TCE consta cópia de ofício de diretores das unidades escolares referidas no Quadro 1solicitando reparos de engenharia nos respectivos prédios.

9 Depoimento prestado por Marília Lucinda Santana de Siqueira: que a depoente não recorda se taisrelatórios de engenharia foram anexados à Auditoria Especial do TC quando da apresentação dasua defesa (...)

Que em relação às medições relativas aos serviços elencados na Auditoria Especial do TC acimareferida, a depoente esclarece que os controles provavelmente se davam de maneira interna do Setorde Engenharia, não acompanhando os documentos de liquidação de despesas; que não sabe informarcomo se dava exatamente o ajuste entre o valor constante nas notas de empenho e o valor do serviçoefetivamente executado nas outras escolas.

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 7 de 14

Page 8: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

O referido instituto, à luz do dispositivo constitucional, é regrado pela Lei nº 8.666/93; aqual, em seu artigo 3º dispõe que a licitação destina-se a garantir a observância doprincípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para aAdministração e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípiosbásicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, dapublicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,do julgamento objetivo e dos que lhe são correlatos.

Conforme leciona Lucas Rocha Furtado, além da busca pela proposta mais vantajosa, alicitação deve realizar o princípio da isonomia. É evidente que a Administração deverábuscar nas propostas apresentadas pelos licitantes aquela que melhor realize seusinteresses imediatos. Porém, a busca deste fim, isto é, a busca de maiores vantagens,não autoriza a violação das garantias individuais ou o tratamento mais favorecido àdeterminada empresa ou a particular em detrimento dos demais interessados emparticipar do processo. A lei, ao afirmar que a licitação visa igualmente à realizaçãodo princípio da isonomia, procura evitar tratamento discriminatório injustificado entreos possíveis interessados10.

No entanto, ao se contrastar a contratação empreendida pela Secretaria de Educaçãocom as normas pertinentes contidas no Estatuto de Licitações, observa-se o acentuadodesvio empreendido por aquele órgão na referida contratação.

Com efeito, o artigo 15, III, dispõe as compras, sempre que possível, deverão submeter-se às condições de aquisição e pagamento semelhantes às do setor privado.

Como assinala Marinês Restelatto Dotti, conforme se depreende das normas acimatranscritas e da orientação do Tribunal de Contas da União, a Administração deveestimar os custos necessários à satisfação das suas necessidades. Mas essa estimativanão pode fazer-se em termos meramente aparentes, de modo a favorecer o mau uso derecursos públicos. A referência à adoção de um orçamento detalhado indica anecessidade de considerar concretamente todos os fatores de formação dos custos docontrato, assim considerados os preços praticados pelo mercado11.

Ora, conforme já evidenciado, a Secretaria de Educação não promoveu adequadacotação de preços, aceitando propostas de empresas de fachada ou em nítido conluioentre os proponentes. Fato inclusive reconhecido pelos demandados.

Em outra mão e independentemente dos vícios decorrentes do processo de contratação,é de se observar as irregularidades cometidas quando da execução orçamentário-financeira das referidas despesas.

10 Lucas Rocha Furtado, in Curso de Licitações e Contratos Administrativos, Editora Fórum, 2007,página 31

11 Marinês Restelatto Dotti in A promoção da ampla pesquisa de preços nas contratações públicas –eficiente gestão de recursos públicos e efetividade no controle de despesas

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 8 de 14

Page 9: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

A realização de despesas públicas é regida pela Lei nº 4.320/6412, a qual determina asetapas de prévio empenho13, liquidação14, ordem de pagamento15 e o pagamentopropriamente dito16.

Segundo Kiyoshi Harada, a realização de despesas, além de observar os princípiosconstitucionais pertinentes, deve ser presidida pelo princípio da legalidade. [...] Aprimeira providência para efetuar uma despesa é seu prévio empenho, que significa oato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação depagamento pendente de implemento de condição (art. 58). O empenho visa garantir osdiferentes credores do Estado, na medida em que representa reserva de recursos narespectiva dotação inicial ou no saldo existente. É importante lembrar que o empenho,por si só, não cria obrigação de pagar, podendo ser cancelado ou anuladounilateralmente. O empenho limita-se a diminuir do determinado item orçamentário aquantia necessária ao pagamento do débito, o que permitirá à unidade orçamentária(agrupamento de serviços com dotações próprias) o acompanhamento constante daexecução orçamentária, não só evitando as anulações por falta de verba, como tambémpossibilitando o reforço oportuno de determinada dotação, antes do vencimento dadívida17.

No caso concreto, a Secretaria de Educação, Esporte e Lazer do Município doRecife desconsiderou por completo a Lei nº 4.320/64.

Segundo o servidor Alexandre El Deir, em alguns casos as empresas iniciavam osserviços de reparos mesmo antes da elaboração da nota de empenho; que afirma o

12 Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estadoobrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.

13 Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho. § 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será dispensada a emissão da nota de empenho. § 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar. § 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento.

14 Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por baseos títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

§ 1° Essa verificação tem por fim apurar: I - a origem e o objeto do que se deve pagar; II - a importância exata a pagar; III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. § 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base: I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II - a nota de empenho; III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

15 Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que adespesa seja paga.

Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelosserviços de contabilidade

16 Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituídospor estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento.

17 Kiyoshi Harada, in Direito Financeiro e Tributário, Editora Atlas, 16ª Edição, página 56-57

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 9 de 14

Page 10: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

depoente ter conhecimento de que tal procedimento não corresponde à sistemáticaestabelecida pela legislação para a execução de despesa orçamentária (empenhamentoprévio, realização do serviço e liquidação da despesa), contudo, as urgênciasenfrentadas na gestão dos imóveis relativos às unidades de ensino municipais impeliamos gestores municipais, mesmo conscientes do não cumprimento do disposto nalegislação pertinente, a executar a despesa de tal forma.

Ainda de acordo com os depoimentos colhidos, observa-se que, em decorrência daausência de planejamento para obras de engenharia, era comum autorizar-se a execuçãode serviços para uma Escola A e, por critérios não muito claros de urgência, optar-sepela realização de serviços em uma Escola B.

Nestes casos, ao invés de anular a Nota de Empenho dos serviços de engenharia naEscola A e confeccionar uma nova Nota de Empenho para execução dos serviços deengenharia na Escola B, ocorria a “opção” por realizar os (outros e diferentes) serviçosde engenharia na Escola B, para tal fazendo uso do Laudo, Orçamento e Nota deEmpenho confeccionados para Escola A.

Tal agir, assumidamente, tinha o escopo de burlar a necessidade de justificar, perante aSecretaria de Finanças, a alteração das Escolas destinatárias dos serviços de engenharia,procedendo à anulação da primeira Nota de Empenho e a emissão de uma segunda Notade Empenho.

Ora, a correta liquidação das despesas públicas não é uma alternativa a ser seguida ounão pelo Administrador Público.

É dever, munus, obrigação daquele que administra recursos públicos seguir os ditamesda Lei nº 4320/64, por força do princípio da legalidade previsto no artigo 37 daConstituição da República.

A ausência de planejamento acerca dos serviços de engenharia e a ausência de critériosclaros para o atendimento das unidades de ensino, em conjunto com a promiscuidadeescancarada na escolha das empresas (materializada nas propostas de preço inidôneas egrosseiras, apresentadas pela firmas e aceitas sem cerimônia pelos gestores), além doabsoluto descontrole na medição dos serviços e na execução orçamentário-financeirarevelou-se terreno fértil para o malbaratamento de recursos públicos no montante de R$186.575,07 (cento e oitenta e seis mil, quinhentos e setenta e cinco reais e setecentavos), conforme verificado na Auditoria Especial nº 0602025-2 do Tribunal deContas do Estado.

Afinal é conseqüência lógica que, utilizando-se planilha de serviços de uma escola paraproceder à medição e pagamento de serviços (supostos e diversos) realizados em outraunidade de ensino, paga-se pelo que não foi feito em nítido prejuízo ao erário público.

Da Improbidade Administrativa

O artigo 37, da Constituição Federal dispõe que a administração pública direta,indireta ou fundacional de qualquer dos poderes da União, dos Estados e dosMunicípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 10 de 14

Page 11: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

publicidade e (...) § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensãodos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e oressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da açãopenal cabível.

Regulamentando citado dispositivo constitucional, foi promulgada em 02 de junho de1992, a Lei nº 8.429/92, que, em seu artigo 10, afirma que constitui ato de improbidadeadministrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa,que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dosbens e haveres das entidades referidas no artigo 1º desta Lei, e notadamente:

XI – liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influirde qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII – permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente.

Emerson Garcia, com maestria, sustenta que não raras vezes se constatará que aregularidade formal do procedimento licitatório e do contrato administrativo que osucedeu rivaliza com a inexistência do objeto contratado, apresentado-se como merosadminículos para encobrir a prática de um ato simulado. Tal ocorrerá quando o objetodo contrato já tiver sido executado pelo Poder Público ou mesmo por terceiro,destinando-se o segundo contrato unicamente a conferir ares de legitimidade aorepasse de receitas públicas ao contratado, simulando-se o pagamento de uma obra oude um serviço que nunca foi executado.

Adiante, conclui que com isto, a empresa se locupleta às custas do Poder Público18.

À vista do relatado, a contratação de serviços de engenharia através da Nota deEmpenho 2006NE01763, através de cotação de preços realizado mediante conluio dasempresas pesquisadas, bem como a sua liquidação sem a efetiva prestação do serviçoconfiguram atos de improbidade administrativa, previstos nos artigos 10, inciso XI eXII, da Lei 8.429/92.

A punição para aqueles que cometem atos de improbidade administrativa como osmencionados acima está definida no artigo 12, inciso II, da Lei nº 8.429/92:

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas, previstas nalegislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintescominações:

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valoresacrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda dafunção pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento demulta civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o PoderPúblico ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta ouindiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sóciomajoritário, pelo prazo de cinco anos;

18 Emerson Garcia, in Improbidade Administrativa, Lumem Juris, página 376

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 11 de 14

Page 12: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

Da Responsabilidade dos Réus

Os cinco primeiros demandados, na qualidade de servidores públicos, respondem portodos os atos de improbidades administrativas praticados por força dos artigos 1º e 2º daLei nº 8.429/92.

Pelo apurado, os demandados são responsáveis por todas as ilegalidades cometidas, asquais redundaram em prejuízo da ordem de R$ 14.802,31 (catorze mil, oitocentos edois reais e trinta e um centavos).

As demandadas Maria Luiza Martins Aléssio, Edna Maria Garcia da Rocha Pessoae Marília Lucinda Santana de Siqueira Bezerra, na qualidade de ordenadoras dedespesas determinaram e autorizaram a liquidação da despesa sem a execução dosserviços.

Os demandados Gustavo Luiz Leite e Alexandre El Deir, por seu turno, realizaram adita cotação, conscientes da sua irregularidade. E ainda: atestaram como executadosserviços de engenharia não realizados.

A empresa WAM Construções e Serviços Ltda também responde por ato deimprobidade administrativa ex vi o disposto no artigo 3º da Lei nº 8.429/9219, vez quefoi beneficiada diretamente através do pagamento da NEOP sem a realização do serviçode engenharia.

As empresas Tókio Construções e Construtora CSF Da Silva e Filho Ltda tambémrespondem por ato de improbidade administrativa ex vi o disposto no artigo 3º da Lei nº8.429/92, vez que concorreram diretamente, através da apresentação de propostasidênticas à da empresa WAM Construções e Serviços Ltda de modo a permitir a suacontratação direta, nos termos e condições que melhor lhe conviessem.

3. DOS PEDIDOS

1. Do Pedido de Mérito

Ante todo o exposto, depois de autuada e recebida a presente petição inicial com osdocumentos que a instruem (arts. 282/283 do Código de Processo Civil), requer oMinistério Público a Vossa Excelência seja julgada procedente a presente ação:

i. Nos termos do art. 12, inciso II, da Lei n. 8.429/92, para condenar: 1. Os demandados Maria Luiza Martins Aléssio, Edna Maria Garcia da

Rocha Pessoa e Alexandre El Deir na perda da função pública,suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos, pagamento demulta civil equivalente a duas vezes o valor do dano e proibição decontratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais

19 Art. 3º. As disposições desta Lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agentepúblico, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquerforma direta ou indireta.

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 12 de 14

Page 13: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio depessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

2. Os demandados Marília Lucinda Santana de Siqueira Bezerra eGustavo Luiz Leite na suspensão dos direitos políticos de cinco a oitoanos, pagamento de multa civil equivalente a duas vezes o valor do danoe proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ouincentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que porintermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazode cinco anos;

3. as empresas-demandadas WAM Construções e Serviços Ltda, TókioConstruções e Construtora CSF Da Silva e Filho Ltda, no pagamentode multa civil equivalente a duas vezes o valor do dano e proibição decontratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscaisou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio depessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

4. todos os demandados, solidariamente, ao ressarcimento integral do danono valor de R$ 14.802,31 (catorze mil, oitocentos e dois reais e trinta eum centavos).

ii. Sejam os valores relativos às multas civis destinados aos cofres da Fazenda doMunicípio do Recife

2. Dos Requerimentos Finais

Como medida de ordem processual, requer a notificação e posterior citação para que,querendo, apresentem respostas, no prazo legal, sob pena de presumirem-se verdadeirosos fatos ora alegados (art. 17 da Lei n. 8.429/1992) dos demandados:

Maria Luiza Martins Aléssio, com endereço na Estrada de Aldeia, Km 6, LoteamentoChã de Peroba, Granja Maturi, s/nº, Aldeia, Camaragibe, PE;

Edna Maria Garcia da Rocha Pessoa, com endereço na Rua Teles Júnior, nº 1558,apartamento 201, Rosarinho, Recife;

Marília Lucinda Santana de Siqueira Bezerra, com endereço na Rua Casa Forte, 65,apartamento 801, Casa Forte, Recife;

Gustavo Luiz Leite, com endereço na Rua Francisco da Cunha, 359, apartamento 504,Boa Viagem, Recife;

Alexandre El Deir, com endereço na Rua Eládio Ramos, 168, apartamento 101, BoaViagem, Recife;

WAM Construções e Serviços Ltda, na pessoa da sua Sócia-Administradora WalbaAlves de Melo, inscrita no CPF/MF sob o número 792.158.904-91, com endereço naRua Venicius de Moraes, 177 B, Novo do Carmelo, Camaragibe, PE.

Tókio Construções, na pessoa do seu Sócio-Administrador Moacir Antonio da Silva,inscrito no CPF/MF sob o número 811.532.014-53, com endereço na rua da Aurora,

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 13 de 14

Page 14: 20081215 acao artigo_10_wam

Ministério Público do Estado de PernambucoPromotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital

555, Boa Vista e na Rua Dr Malaquias Gonçalves da Rocha, 62, Casa B, Água Fria,ambos no Recife.

Construtora CSF Da Silva e Filho Ltda, na pessoa do seu Sócio-AdministradorRobson Carlos Lima dos Passos, inscrito no CPF/MF sob o número 062.713.464-56,com endereço na Rua da Auroda, 555, Santo Amaro, e na Rua Roberto Kennedy, 165,Ipsep, ambos no Recife, PE.

A intimação do Município do Recife, com sede no Cais do Apolo, 925, Bairro doRecife, nesta cidade, na pessoa do seu Procurador-Chefe, para que, querendo,intervenha nos autos no pólo ativo ou passivo desta ação;

Requer, por derradeiro:

1. O recebimento da presente ação sob o rito ordinário;

2. Isenção de custas, emolumentos, honorários e outras despesas na conformidadedo que dispõe o artigo 18 da LACP;

3. Condenação dos Réus no pagamento das custas processuais, honoráriosadvocatícios, estes calculados à base de 20% (vinte por cento) sobre o valor totalda condenação e demais cominações de direito decorrentes da sucumbência;

4. A produção de todos os meios de prova em direito permitidos.

Dá à causa o valor de R$ 14.802,31 (catorze mil, oitocentos e dois reais e trinta e umcentavos).

Nestes Termos P. Deferimento

Recife, 15 de dezembro de 2008.

Charles Hamilton Santos Lima26º Promotor de Justiça de Defesa da Cidadania daCapital

Lucila Varejão Dias Martins15ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadaniada Capital

Eleonora Marise Silva Rodrigues28ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadaniada Capital

Katarina Morais de Gusmão29ª Promotora de Justiça de Defesa da Cidadaniada Capital com exercício cumulativo no cargo de22º Promotor de Justiça de Defesa da Cidadania daCapital

Rua 1º de Março nº 100 – Santo Antonio – Recife/PE – CEP: 50010-070 – Fone (81) 3419-7195 14 de 14