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L I M I N A R

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FORTALEZA-CE, TERÇA-FEIRA, 10 de abril de 2007

CEARÁ12

Secretaria nacional dá apoio a famílias de vítimas de violênciaJUSTIÇA ] Familiares dos estudantes de medicina mortos, em Iguatu, e de um comerciante assassinado, em 2002, no município de Horizonte, se reuniram, ontem, em Fortaleza,

com o assessor da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República. Na reunião na Assembléia, eles exigiram justiça e o fi m da impunidade aos agressores

F oi o desejo de justiça e a luta pelo fim da impu-nidade que uniram on-tem as famílias dos dois

irmãos estudantes de medicina mortos em Iguatu, no mês passa-do, e de um comerciante vítima de pistoleiros, em Horizonte, em 2002. Em reunião com o assessor da Secretaria Especial dos Direi-tos Humanos (SEDH) da Pre-sidência da República, Regino Pinho, e representantes de Co-missões dos Direitos Humanos da Assembléia Legislativa (AL) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os familiares rece-beram o apoio das instituições.

“A secretaria especial veio à Fortaleza, por determinação do ministro Paulo Vannuchi (SEDH), para elaborar um rela-tório sobre o caso do comercian-te Zildécio e escutar a família dos dois estudantes assassinados, e disponibilizar sua instancias para que a família encaminhe as denúncias para que a comis-são da SEDH possa investigar e tomar as devidas providências”, explicou Regino Pinho.

Nelson Benevides Teixeira, pai dos estudantes de medicina Leonardo, 24, e Marcelo Moreno

Teixeira, 26, assassinados no dia 17 de março deste ano, em Iguatu, por um capitão da Polícia Militar, fez coro por justiça com Zuleida Fernandes, irmã do comerciante Zildécio Lopes da Silva, assassi-nado em 17 de junho de 2002, em Horizonte. Em comum, os casos têm o envolvimento de policiais militares. Os irmãos foram mor-tos por um capitão da PM e um dos supostos mandantes do as-sassinato do comediante é uma policial militar.

“Vivemos em um país com tanta violência por conta da im-punidade. Por isso estamos aqui, para clamar por justiça. Vou lutar até o último dia da minha vida em busca de justiça”, defendeu Bene-vides. “Minha luta por justiça vem de longe, sempre buscando apoio do Judiciário, das autoridades. Es-pero que as coisas agora tomem rumos diferentes, que o caso seja resolvido, que justiça seja final-mente feita”, disse a professora aposentada Zuleida Fernandes.

As famílias relataram seus dra-mas, os encaminhamentos que estão sendo dados pelo Judiciá-rio local e afirmaram temer que os casos caiam no esquecimento

e os assassinos saiam impunes. “Eu fui participar de uma reu-nião de uma dessas associações de familiares de parentes vítimas da violência e fiquei com medo, pois só se fala em impunidade. Quantos casos estão aí, sem re-solução. Mas vou lutar até o fim, não tenho medo. Aquele homem

matou dois colegas de trabalho, dois alunos, dois amigos, isso é muito duro para um pai”, desa-bafou Benevides.

Na ocasião, o advogado da fa-mília dos estudantes, Mário Ba-rata, afirmou que irá pedir a in-serção de algumas testemunhas do duplo homicídio no Programa

Estadual de Proteção a Testemu-nhas (Provita), pois estas estão com medo de prestar depoimen-to contra o major.

À noite, os familiares das víti-mas e o assessor da SEDH parti-ciparam da Reunião Ordinária da Comissão de Direitos Humanos da OAB. “A OAB está acompa-nhando o caso do assassinato dos jovens desde o início. A OAB par-ticipa, em conjunto com a SEDH, dando apoio institucional para a resolução não só desse caso como de outros casos de violência”, de-clarou o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem, João Ricardo Vieira.

Hoje, representantes da Co-missão dos Direitos Humanos se reunirão, às 9h30min, na Corre-gedoria de Polícia do Estado do Ceará. À tarde, eles se encontra-rão com a juíza e a promotora da Comarca de Horizonte e com o superintendente da Polícia Civil. Amanhã, a reunião será com o presidente do Tribunal de Justi-ça do Ceará, desembargador Fer-nando Ximenes, e com o procu-rador-geral do Estado, Fernando Oliveira, e, à tarde, participarão de uma audiência na Comissão de Direitos Humanos da AL.

A defensoria pública da comar-ca de Iguatu (395 quilômetros de Fortaleza) ajuizou uma ação civil pública (ACP) para que o abrigo domiciliar do município tenha ali-mentação para as oito crianças e adolescentes que moram no local. Segundo o documento, faltam itens como feijão, leite, de higiene bucal, como creme dental, além de talhe-res e colheres. O autor da ação foi o defensor público em exercício da comarca de Iguatu, Raimundo Fábio Ivo Gomes. Segundo denún-cias do Conselho Tutelar local, al-gumas crianças chegaram a fugir.

O documento foi remetido à Justiça de Iguatu, que concedeu liminar, no último dia 4 de abri, determinando que o município forneça a alimentação e material adequados ao abrigo, sob pena de multa de R$ 10 mil por dia ao município, e de R$ 2 mil ao admi-nistrador. No entendimento do juiz da comarca de Iguatu, Wotton Ricardo Pinheiro da Silva, “é impe-rativo legal o cuidado e a atenção que as autoridades devem dispen-sar às crianças e aos idosos”.

De acordo com a secretaria da ação social de Iguatu, Jacirene Gonçalves Lima, a prefeitura ainda não recebeu nenhum comunicado oficial da Justiça. “É justamente por serem crianças que não deixa-mos faltar alimentação, e o abrigo foi reformado ainda em 2005”, as-segura. Segundo ela, as crianças e adolescentes do abrigo tiveram de ser excluídas do convívio familiar por maus-tratos e outros motivos.

Prefeitura é obrigada a dar comida a abrigo

RELEMBRE OS CASOS

O duplo homicídio dos estudantes de medicina ocorreu no dia 17 de março passado, em frente a uma churrascaria, no município de Iguatu. Segundo o depoimento de testemunhas, Marcelo Teixeira teria urinado próximo ao veículo do capitão PM Daniel Gomes Bezerra, que foi tomar satisfações, pois dentro do carro se encontravam a namorada do militar e uma criança. O capitão teria passado a agredir Marcelo, quando o irmão, Leonardo Teixeira, foi em seu socorro. Segundo ainda o depoimento das testemunhas, o militar sacou um revólver, que estaria escondido no tornozelo, e teria efetuado os disparos. Um tiro em cada irmão.

No dia 17 de junho de 2002, o comerciante Zildécio Lopes da Silva saiu do município de Quixadá, onde residia, para negociar a venda de um caminhão em Horizonte. Ao chegar na cidade, ele foi morto por dois pistoleiros. Um deles estava no mesmo veículo que o comerciante, fi ngindo ser um comprador do carro. Na época do crime, sete pessoas foram indiciadas, mas apenas os dois pistoleiros foram denunciados pelo Ministério Público e estão presos. Este ano, a 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, concedeu um habeas corpus ao comerciante William Moreira Bento e à policial civil Amílria Cardoso de Menezes, apontados como os mandantes do assassinato.

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#Data: 070410 #Clichê: Primeiro #Editoria: Ceará
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Erramos
ERRAMOS O correto na matéria, é: os irmãos foram mortos por um capitão da PM e um dos supostos mandantes do assassinato do “comerciante”. A mulher apontada como mandante do crime é policial civil.