2006me_danieldossantos
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ANLISE DE VIGAS DE CONCRETO ARMADO UTILIZANDO MODELOS DE BIELAS E TIRANTES
Daniel dos Santos
Dissertao apresentada Escola de
Engenharia de So Carlos da Universidade de So
Paulo, como parte dos requisitos para obteno do
ttulo de Mestre em Engenharia de Estruturas.
ORIENTADOR: Jos Samuel Giongo
So Carlos
2006
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A grande virtude persistir por mais um
momento, quando tudo parece perdido.
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Ao querido tio Euclydes Pereira (in memorian) que, apesar de
no ter sido engenheiro civil, amava como poucos essa profisso.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar sempre presente em minha vida, zelando por mim e
mostrando-me o melhor caminho a tomar, mesmo que, nele, existam inmeras
barreiras necessrias para o meu crescimento.
Aos meus pais, que dedicaram sua vida exclusivamente criao dos
filhos, pela doao e apoio incondicionais. Certamente ns, eu e meu irmo,
nunca poderemos retribuir altura tamanha dedicao.
Ao Jos Samuel Giongo que, muito mais que orientador, por muitos
anos foi meu tutor, um verdadeiro pai em So Carlos. Agradeo imensamente
pela pacincia, pela compreenso e, especialmente, pelo apoio nos momentos
difceis. Agradeo tambm pelos ensinamentos no s relativos a engenharia,
mas tambm a tica pessoal e profissional, poltica, economia, educao e
todos os demais setores que fazem parte de nossas vidas.
minha Mi, pelo amor e pela compreenso interminveis.
Ao meu irmo Michel, meu espelho para agir corretamente, por suas
dicas na elaborao da dissertao.
Aos amigos de So Carlos Moacir, Anibal, Fredo, Julio e Slow, pelo
companheirismo, pelas boas risadas e pelos inesquecveis momentos felizes
que pude desfrutar ao longo desses anos.
Ao Pan e ao Mario, acima de tudo pela amizade, mas tambm pelo
constante e irrestrito apoio e pelos momentos que deixam essa vida menos
dura.
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Aos demais companheiros de So Carlos, em especial ao Z Srgio,
Ricardinho, Gordo, Pedro, Anselmo, Sudano e Gustavo, pelas dicas,
conselhos e trocas de conhecimento que contriburam com esse trabalho.
A toda a minha famlia, que sempre me apoiou e que foi imprescindvel
nos momentos difceis.
Ao tio Pereira (in memorian), meu grande incentivador nessa profisso.
Aos professores do Departamento de Engenharia de Estruturas da
EESC-USP, que muito contriburam para o meu crescimento profissional.
Aos funcionrios do Departamento de Engenharia de Estruturas da
EESC-USP, pela competncia na realizao de seus servios e por estarem
sempre dispostos a ajudar.
CAPES, pelo apoio financeiro pesquisa.
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Sumrio
I
SUMRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................... IX
LISTA DE TABELAS .................................................................................. XII
RESUMO.....................................................................................................XV
ABSTRACT...............................................................................................XVII
1 INTRODUO.........................................................................................1
1.1 PRELIMINARES ...............................................................................1
1.2 OBJETIVO ........................................................................................2
1.3 JUSTIFICATIVA................................................................................2
1.4 MTODOS E TCNICAS..................................................................3
1.5 APRESENTAO DA DISSERTAO ............................................4
2 AS VIGAS E O MODELO DE BIELAS E TIRANTES..............................5
2.1 PRELIMINARES ...............................................................................5
2.2 ANLISE ESTRUTURAL ..................................................................6
2.2.1 INTRODUO...........................................................................6
2.2.2 POSIES DE VIGAS E LAJES...............................................8
2.2.3 DESENHOS PRELIMINARES DE FORMAS.............................9
2.3 MECANISMOS DE RUNA EM VIGAS (FUSCO, 1984) ...................9
2.3.1 GENERALIDADES ....................................................................9
2.3.2 TIPOS DE RUNA ....................................................................10
2.4 A ANALOGIA CLSSICA DA TRELIA..........................................11
2.4.1 PRELIMINARES ......................................................................11
2.4.2 HIPTESES BSICAS............................................................12
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Sumrio
II
2.4.2.1 Posio relativa dos banzos .......................................13
2.4.2.2 Inclinao das diagonais () .......................................13
2.4.2.3 Inclinao da armadura transversal () ......................13 2.4.2.4 Limitao da tenso na armadura transversal ............14
2.4.2.5 Deslocamento do diagrama de momentos fletores.....14
2.5 ANALOGIA DA TRELIA GENERALIZADA: PRINCIPAIS
IMPERFEIES DA TRELIA CLSSICA ......................................................15
2.6 MODELO PLSTICO DE TRELIA................................................17
2.7 DEDUO DAS EXPRESSES SEGUNDO O CDIGO MODELO
CEB-FIP (1990) ................................................................................................18
2.7.1 GENERALIDADES ..................................................................18
2.7.2 CONDIES PARA APLICAO DOS MODELOS ...............19
2.7.3 EXPRESSES PARA DIMENSIONAMENTO .........................19
2.7.3.1 Banzo tracionado ........................................................21
2.7.3.1.1 Fora solicitante de clculo ..................................21
2.7.3.1.2 Fora resistente de clculo...................................22
2.7.3.1.3 Condio de segurana........................................23
2.7.3.2 Banzo comprimido ......................................................23
2.7.3.2.1 Fora solicitante de clculo ..................................23
2.7.3.2.2 Fora resistente de clculo...................................24
2.7.3.2.3 Condio de segurana........................................24
2.7.3.3 Bielas ..........................................................................24
2.7.3.3.1 Fora solicitante de clculo ..................................24
2.7.3.3.2 Fora resistente de clculo...................................25
2.7.3.3.3 Condio de segurana........................................26
2.7.3.4 Trao na armadura transversal .................................26
2.7.3.4.1 Fora solicitante de clculo ..................................26
2.7.3.4.2 Fora resistente de clculo...................................26
2.7.3.4.3 Condio de segurana........................................26
2.7.4 DETERMINAO DA INCLINAO DAS BIELAS .................27
2.8 O MODELO DE BIELAS E TIRANTES ...........................................28
2.8.1 HISTRICO.............................................................................28
2.8.2 CONSIDERAES INICIAIS SOBRE O MODELO.................30
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Sumrio
III
2.8.3 PRINCPIOS BSICOS DO MODELO DE BIELAS E
TIRANTES .............................................................................................32
2.8.4 DEFINIO GEOMTRICA DO MODELO .............................34
2.8.5 REGIES CONTNUAS (B) E DESCONTNUAS (D) ..............35
2.8.6 TIPOS FUNDAMENTAIS DE NS ..........................................37
2.8.7 PARMETROS DE RESISTNCIA DAS REGIES NODAIS.40
2.8.7.1 SCHLAICH & SCHFER (1988, 1991) .......................41
2.8.7.1.1 N N1 ...................................................................42
2.8.7.1.2 N N2 ...................................................................42
2.8.7.1.3 N N3 ...................................................................43
2.8.7.1.4 N N4 ...................................................................44
2.8.7.1.5 N N5 ...................................................................44
2.8.7.1.6 N N6 ...................................................................45
2.8.7.1.7 N N7 ...................................................................46
2.8.7.1.8 N N8 ...................................................................46
2.8.7.1.9 N N9 ...................................................................47
2.8.7.2 MACGREGOR (1988).................................................48
2.8.7.3 Apndice A do ACI 318 (2002) ...................................49
2.8.8 PARMETROS DE RESISTNCIA DAS BIELAS ...................49
2.8.8.1 Norma canadense CSA-A-23.3-94 (1994) ..................49
2.8.8.2 Resistncia das bielas segundo SCHLAICH &
SCHFER (1988, 1991).........................................................................50
2.8.8.3 Resistncia das bielas segundo o Apndice A do ACI
318 (2002) ....................................................................................50
2.8.9 PARMETROS DE RESISTNCIA DOS TIRANTES..............51
3 COMPORTAMENTO E VERIFICAO DE VIGAS SEGUNDO AS NORMAS PROPOSTAS ..................................................................................52
3.1 CRITRIOS DA NBR 6118:2003 ....................................................52
3.1.1 GENERALIDADES ..................................................................52
3.1.2 VERIFICAO DO ESTADO LIMITE LTIMO........................53
3.1.2.1 Modelo de clculo I .....................................................53
3.1.2.2 Modelo de clculo II ....................................................54
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Sumrio
IV
3.1.3 ARMADURA MNIMA E ESPAAMENTOS ............................55
3.1.4 RELAO ENTRE A NBR 6118:2003 E O CDIGO MODELO
CEB-FIP (1990) .............................................................................................55
3.1.4.1 Verificao da compresso diagonal do concreto.......56
3.1.4.1.1 NBR 6118:2003 ....................................................56
3.1.4.1.2 MC CEB-FIP (1990) .............................................56
3.1.4.1.3 Compatibilizao ..................................................57
3.1.4.2 Clculo da armadura transversal ................................58
3.1.4.2.1 NBR 6118:2003 ....................................................58
3.1.4.2.2 MC CEB-FIP (1990) .............................................58
3.1.4.2.3 Compatibilizao ..................................................58
3.2 CRITRIO DO EUROCODE 2 (1992).............................................59
3.2.1 GENERALIDADES ..................................................................59
3.2.2 VERIFICAO DA RUPTURA DO CONCRETO.....................60
3.2.3 CLCULO DA ARMADURA TRANSVERSAL .........................60
3.2.4 ARMADURA MNIMA E ESPAAMENTO...............................60
3.3 CRITRIO DO ACI 318M (1995) ....................................................61
3.3.1 GENERALIDADES ..................................................................61
3.3.2 CONTRIBUIO DO CONCRETO..........................................62
3.3.3 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA TRANSVERSAL.......63
3.3.4 ARMADURA MNIMA E ESPAAMENTO...............................64
4 DETERMINAO DO COMPRIMENTO DE ANCORAGEM DAS ARMADURAS DAS VIGAS..............................................................................65
4.1 INTRODUO................................................................................65
4.2 FUNDAMENTOS TERICOS - RECOMENDAES DA FIB (1999)..
....................................................................................................66
4.2.1 MODELAGEM ANALTICA DO COMPRIMENTO DE
ANCORAGEM .............................................................................................66
4.2.1.1 Idealizaes e simplificaes assumidas na
modelagem ....................................................................................66
4.2.2 APROXIMAES DO MC CEB-FIP (1990) PARA
MODELAGEM DE EMENDA ............................................................................67
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Sumrio
V
4.2.2.1 Relao simplificada entre a tenso de aderncia e o
escorregamento da armadura ................................................................67
4.2.2.2 Equao diferencial da emenda..................................67
4.2.2.3 Resistncia de clculo do concreto.............................69
4.2.2.4 Comprimento bsico de transferncia.........................70
4.2.3 MODELOS ANALTICOS AVANADOS PARA CLCULO DO
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM ................................................................70
4.2.4 IMPORTNCIA DA LIGAO ENTRE BARRA DE AO E
CONCRETO PARA A SEGURANA ESTRUTURAL.......................................72
4.2.5 REGIES DE ANCORAGEM ..................................................72
4.2.5.1 Comportamento da ancoragem de barras retas,
ganchos, curvas, laos e telas soldadas ................................................72
4.2.5.2 Comprimento de ancoragem necessrio ....................73
4.2.5.3 Comprimento mnimo de ancoragem..........................74
4.2.5.4 Ancoragem de feixe de barras ....................................74
4.2.6 DISPOSITIVOS DE ANCORAGEM .........................................74
4.2.7 ANCORAGEM FORA DO APOIO E NO APOIO......................75
4.2.7.1 Ancoragem fora do apoio............................................75
4.2.7.2 Ancoragem no apoio ...................................................76
4.2.8 EMENDAS DE BARRAS EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS..76
4.2.8.1 Emendas por traspasse de barras tracionadas...........76
4.2.8.2 Comprimento necessrio para emendas por traspasse
de barras tracionadas ............................................................................77
4.3 ADERNCIA ...................................................................................79
4.3.1 ANLISE DA ADERNCIA COMO INDICADO EM NORMAS 79
4.3.1.1 Introduo ...................................................................79
4.3.1.2 Condies de aderncia .............................................79
4.3.1.3 Tenso de aderncia entre a armadura e o concreto .80
4.3.1.3.1 Clculo da tenso de aderncia de clculo na
ancoragem segundo o Eurocode 2 (1992) .........................................80
4.3.1.3.2 Clculo da tenso de aderncia de clculo na
ancoragem segundo a NBR 6118:2003..............................................81
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Sumrio
VI
4.3.1.4 Valores das tenses de aderncia de projeto segundo o
Eurocode 2 (1992) e segundo a NBR 6118:2003 ..................................82
4.3.2 ANCORAGEM .........................................................................83
4.3.2.1 Introduo ...................................................................83
4.3.2.2 Comprimento bsico de ancoragem ...........................83
4.3.2.2.1 Comprimento bsico de ancoragem segundo o
Eurocode 2 (1992) .............................................................................83
4.3.2.2.2 Comprimento bsico de ancoragem segundo a
NBR 6118:2003 .............................................................................84
4.3.2.2.3 Comprimento bsico de ancoragem segundo o ACI
318 (1995) .............................................................................84
4.3.2.3 Mtodos de ancoragem ..............................................85
4.3.2.3.1 Recomendaes segundo o Eurocode 2 (1992) ..85
4.3.2.3.2 Recomendaes segundo a NBR 6118:2003 ......85
4.3.2.4 Dimetros mnimos dos pinos de dobramento............86
4.3.2.5 Armadura transversal..................................................86
4.3.2.6 Comprimento de ancoragem necessrio ....................87
4.3.2.6.1 Comprimento de ancoragem necessrio segundo o
Eurocode 2 (1992) .............................................................................87
4.3.2.6.2 Comprimento de ancoragem necessrio segundo a
NBR 6118:2003 .............................................................................88
4.3.2.6.3 Comprimento de ancoragem necessrio segundo o
ACI 318 (1995) .............................................................................89
4.3.3 EMENDAS POR TRASPASSE PARA BARRAS OU FIOS......89
4.3.3.1 Arranjo das emendas..................................................89
4.3.3.2 Armadura transversal..................................................90
4.3.4 ANCORAGEM DE ESTRIBOS E DE ARMADURA DE
CISALHAMENTO .............................................................................................90
5 O PROGRAMA CAST ...........................................................................92
5.1 CONCEITOS GERAIS ....................................................................92
5.2 A MODELAGEM NO CAST (2000) PASSO-A-PASSO...................93
5.2.1 DESCRIO DO PROJETO ...................................................94
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Sumrio
VII
5.2.2 DEFINIO DO ELEMENTO ESTRUTURAL..........................95
5.2.3 OBTENO DAS FORAS NO MODELO DE BIELAS E
TIRANTES .............................................................................................95
5.2.4 DEFINIO DAS PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS........96
5.2.5 VERIFICAO DAS TENSES ..............................................98
6 MODELAGENS DAS VIGAS E ANLISE DOS RESULTADOS ..........99
6.1 ROTINA PARA VERIFICAES DE VIGAS DE CONCRETO
ARMADO DE SEES RETANGULARES SUBMETIDAS A FLEXO
SEGUNDO A NBR 6118:2003..........................................................................99
6.2 MODELOS VB - VIGAS DE CONCRETO ARMADO BIAPOIADAS
SUBMETIDAS A CARREGAMENTOS UNIFORMEMENTE DISTRIBUDOS 102
6.2.1 MODELO VB1 - PROPRIEDADES INICIAIS .........................104
6.2.1.1 Propriedades gerais ..................................................104
6.2.1.2 Determinao de kc, ks e As ......................................105
6.2.1.3 Clculo de Md,lim, Vd,u e Vd,min ....................................105
6.2.1.4 Verificao das bielas segundo o MC CEB-FIP (1990)...
..................................................................................105
6.2.1.5 Verificao das bielas segundo a NBR 6118:2003 ...107
6.2.1.6 Resultados da modelagem .......................................107
6.2.2 MODELO VB2 - VB1 COM ACRSCIMO DE
CARREGAMENTO .........................................................................................124
6.2.2.1 Geometria e aes....................................................124
6.2.2.2 Determinao de kc, ks e As ......................................124
6.2.2.3 Clculo de Md,lim, Vd,u e Vd,min ....................................125
6.2.2.4 Verificao das bielas segundo o MC CEB-FIP (1990)...
..................................................................................125
6.2.2.5 Verificao das bielas segundo a NBR 6118:2003 ...126
6.2.2.6 Resultados da modelagem .......................................126
6.2.3 MODELO VB3 - MUDANDO-SE A INCLINAO DAS BIELAS..
...........................................................................................135
6.2.3.1 Geometria e aes....................................................135
6.2.3.2 Determinao de kc, ks e As ......................................135
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Sumrio
VIII
6.2.3.3 Clculo de Md,lim, Vd,u e Vd,min ....................................135
6.2.3.4 Verificao das bielas segundo o MC CEB-FIP (1990)...
..................................................................................136
6.2.3.5 Verificao das bielas segundo a NBR 6118:2003 ...137
6.2.3.6 Resultados da modelagem .......................................137
6.3 MODELO VF: VIGA DE CONCRETO ARMADO COM FURO NA
ALMA SUBMETIDA A CARREGAMENTO UNIFORMEMENTE DISTRIBUDO E
A CARREGAMENTOS PONTUAIS ................................................................145
6.3.1 Introduo..............................................................................145
6.3.2 Resultados da modelagem ....................................................146
7 CONSIDERAES FINAIS E SUGESTES PARA FUTURAS PESQUISAS...................................................................................................164
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..........................................................168
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Lista de figuras
IX
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Tipos de runa segundo FUSCO (1984).....................................11
Figura 2.2 - Cobertura do diagrama de fora de trao solicitante pelo
diagrama resistente [NBR 6118:2003]...............................................................15
Figura 2.3 - Modelo fundamental da alma [MC CEB-FIP, 1990]...................18
Figura 2.4 - Esquemas para deduo das foras nos membros da trelia
[MC CEB-FIB, 1990]..........................................................................................20
Figura 2.5 - Processo do caminho de carga..................................................32
Figura 2.6 - Modelo de bielas e tirantes aplicado a um apoio em dente de
uma viga............................................................................................................34
Figura 2.7 - Regies (B) e (D) para uma viga................................................36
Figura 2.8 - Regies (B) e (D) e modelo de trelia para uma viga
(SILVA & GIONGO, 2000).................................................................................36
Figura 2.9 - Exemplo bsico de ns contnuos e ns singulares em modelo
de bielas e tirantes.............................................................................................37
Figura 2.10 - N N1 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........42
Figura 2.11 - N N2 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........43
Figura 2.12 - N N3 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........43
Figura 2.13 - N N4 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........44
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Lista de figuras
X
Figura 2.14 - N N5 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........45
Figura 2.15 - N N6 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........45
Figura 2.16 - N N7 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........46
Figura 2.17 - N N8 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........47
Figura 2.18 - N N9 segundo SCHLAICH & SCHFER (1988; 1991)..........48
Figura 5.1 - Todos os passos da modelagem no CAST (2000)....................94
Figura 6.1 - VB1 - Carregamento e comprimento efetivo............................104
Figura 6.2 - VB1 - A trelia e seus elementos.............................................108
Figura 6.3 - VB1 - Aplicao das foras aos ns.........................................110
Figura 6.4 - Propriedades dos elementos....................................................111
Figura 6.5 - Propriedades dos ns..............................................................111
Figura 6.6 - VB1 - Foras nos membros da trelia......................................116
Figura 6.7 - VB1 - Fatores de utilizao dos elementos..............................116
Figura 6.8 - VB1 - Disposio das armaduras dos tirantes da
trelia...............................................................................................................121
Figura 6.9 - VB1 - Resumo..........................................................................123
Figura 6.10 - VB2 - Foras nos membros da trelia....................................129
Figura 6.11 - VB2 - Fatores de utilizao dos elementos............................129
Figura 6.12 - VB2 - Disposio das armaduras dos tirantes da
trelia...............................................................................................................133
Figura 6.13 - VB2 - Resumo........................................................................134
Figura 6.14 - VB3 - Foras nos membros da trelia....................................139
-
Lista de figuras
XI
Figura 6.15 - VB3 - Fatores de utilizao dos elementos............................139
Figura 6.16 - VB3 - Disposio das armaduras dos tirantes da
trelia...............................................................................................................143
Figura 6.17 - VB3 - Resumo........................................................................144
Figura 6.18 - VF - Carregamento e comprimento efetivo............................146
Figura 6.19 (a-e) - VF - Foras nos membros da trelia......................150-151
Figura 6.20 (a-d) - VF - Fatores de utilizao dos elementos..............152-153
Figura 6.21 (a-e) - VF - Disposio das armaduras dos tirantes da
trelia........................................................................................................161-162
Figura 6.22 - VF - Resumo..........................................................................163
-
Lista de tabelas
XII
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Limites inferior e superior para o ngulo formado entre as
diagonais comprimidas e a armadura longitudinal da viga................................40
Tabela 3.1 - Taxas mnimas de armadura transversal w,min segundo o Eurocode 2 (1992).............................................................................................61
Tabela 4.1 - Tenso de aderncia de projeto fbd segundo o
Eurocode 2 (1992).............................................................................................82
Tabela 4.2 - Tenso de aderncia de projeto fbd segundo o a
NBR 6118:2003.................................................................................................82
Tabela 4.3 - Dimetros mnimos dos pinos de dobramento segundo o
Eurocode 2 (1992).............................................................................................86
Tabela 4.4 - Dimetros mnimos dos pinos de dobramento segundo a
NBR 6118:2003.................................................................................................86
Tabela 5.1 - Propriedades dos ns segundo as normas e expresses
disponveis no CAST (2000)..............................................................................96
Tabela 5.2 - Propriedades das bielas segundo as normas e expresses
disponveis no CAST (2000)..............................................................................97
Tabela 6.1 - Rotina para o clculo da rea de armadura transversal em
vigas.................................................................................................................100
Tabela 6.2 - VB1 - Propriedades geomtricas dos elementos....................108
-
Lista de tabelas
XIII
Tabela 6.3 - VB1 - Propriedades geomtricas dos ns...............................109
Tabela 6.4 - VB1 - Propriedades dos elementos.........................................112
Tabela 6.5 - VB1 - Propriedades dos ns....................................................113
Tabela 6.6 - VB1 - Fatores de utilizao dos elementos da trelia.............117
Tabela 6.7 - VB1 - Fatores de utilizao dos ns da trelia........................118
Tabela 6.8 - VB1 - Armaduras necessrias para a viga determinadas pelo
CAST (2000)....................................................................................................121
Tabela 6.9 - VB2 - Propriedades dos elementos.........................................126
Tabela 6.10 - VB2 - Propriedades dos ns..................................................128
Tabela 6.11 - VB2 - Fatores de utilizao dos elementos da trelia...........129
Tabela 6.12 - N2 - Fatores de utilizao dos ns da trelia........................130
Tabela 6.13 - VB2 - Armaduras necessrias para a viga determindas pelo
CAST (2000)....................................................................................................133
Tabela 6.14 - VB3 - Propriedades dos elementos.......................................137
Tabela 6.15 - VB3 - Propriedades dos ns..................................................138
Tabela 6.16 - VB3 - Fatores de utilizao dos elementos da trelia...........140
Tabela 6.17 - VB3 - Fatores de utilizao dos ns da trelia......................141
Tabela 6.18 - VB3 - Armaduras necessrias para a viga determindas pelo
CAST (2000)....................................................................................................143
Tabela 6.19 - VF - Propriedades dos elementos.........................................146
Tabela 6.20 - VF - Propriedades dos ns....................................................148
Tabela 6.21 - VF - Fatores de utilizao dos elementos da trelia..............153
-
Lista de tabelas
XIV
Tabela 6.22 - VF - Fatores de utilizao dos ns da trelia........................155
Tabela 6.23 - VF - Armaduras necessrias para a viga determindas pelo
CAST (2000)....................................................................................................160
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Resumo
XV
RESUMO
SANTOS, D. (2006). Anlise de vigas de concreto armado utilizando modelos
de bielas e tirantes. So Carlos. Dissertao (Mestrado) Escola de
Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.
O modelo de bielas e tirantes apresenta como uma de suas vantagens
a generalidade, ou seja, capaz de representar, de modo aproximado, porm
realista e sistemtico, grande parte dos elementos de concreto estrutural da
atualidade. Alm disso, permite ao engenheiro fcil visualizao fsico-intuitiva
do comportamento do concreto estrutural. Por outro lado, o modelo ainda tem
um enorme potencial no aproveitado. Ainda no se tem um critrio exato para
determinao dos ns e das sees transversais das bielas de alguns
elementos. Apesar de haver certas incertezas no caso de vigas-parede e
principalmente de blocos de fundao, nas vigas esses elementos do modelo
podem ser determinados sem grandes dificuldades. Possivelmente, a soluo
seria variar as dimenses das bielas e as posies dos ns, ambas hipotticas,
a fim de confrontar vrias situaes com resultados experimentais. Da a
grande importncia da difuso do modelo de bielas e tirantes: um maior
nmero de anlises de modelagens e de resultados de ensaios levar a um
maior domnio sobre o modelo. Este trabalho consiste na anlise de vigas de
concreto armado utilizando modelos de bielas e tirantes. So apresentados os
conceitos que levaram concepo do modelo, desde a Analogia Clssica da
Trelia, chegando aos critrios para verificao dos elementos da trelia e s
recomendaes atuais de normas e pesquisadores. Com o auxlio do programa
computacional CAST (2000), foram modeladas quatro vigas, sendo as trs
primeiras biapoiadas sem descontinuidades e a quarta com balano e
-
Resumo
XVI
descontinuidade geomtrica (abertura na alma). A primeira viga biapoiada teve
algumas de suas caractersticas iniciais alteradas a fim de gerar o segundo e o
terceiro modelos, procurando-se estabelecer limites de carregamentos e
anlises comparativas. Os resultados das modelagens permitiram
comparaes com os resultados das verificaes realizadas segundo os
critrios da NBR 6118:2003 e do MC CEB-FIP (1990) e, permitiram tambm,
identificar os aspectos de maior dificuldade na concepo de um modelo de
bielas e tirantes e os pontos crticos dos mesmos, nos quais h maior
possibilidade de falha nas verificaes.
Palavras-chave: concreto armado, modelo de bielas e tirantes, viga.
-
Abstract
XVII
ABSTRACT
SANTOS, D. (2006). Analysis of reinforced concrete beams using strut and tie
models. So Carlos. Dissertao (Master Degree Thesis) Escola de
Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo.
One of the main advantages presented by the strut-and-tie model is
generality. This model is able to approximately represent, in a realistic and
systematic way, the majority of todays reinforced concrete elements.
Furthermore, it allows the physics-intuitive visualization of the behavior
presented by structural concrete. On the other hand, its potentials are not fully
explored yet. Up to date, there is no accurate criterion for the determination of
nodes and transverse sections of some strut elements. Despite presenting
some uncertainties related to the determination of wall-beams (and mainly of
foundation blocks), the model can determine beams without major difficulties.
Probably, the key is to vary the dimensions of the struts and the positions of the
nodes, both hypothetical, in order to confront various situations with
experimental data. Hence, it is very important to diffuse the strut-and-tie model:
the bigger the number of modeling analysis and experimental data, the better
the comprehension of the model. This work aims to analyze reinforced concrete
beams employing the strut-and-tie model. Here are presented the concepts that
led to the development of the model, ranging from the Truss Classic Analogy to
the criteria employed to verify truss elements and the recommendations from
researchers and established standards (rules or norms). Four examples of
beams were modeled. Three of them were double-based and the fourth
presented balance and no geometric discontinuity (with an opening). Some of
the characteristics of the first double-based beam were altered in order to
-
Abstract
XVIII
generate the second and the third model, thus establishing loading limits and
comparative analysis. The modeling allowed comparisons between the
verifications performed in accordance with the NBR 6118:2003 and MC CEB-
FIP criteria. It also allowed the identification of major difficulties and critical
aspects related to the development of struts and ties, the ones that are most
prone to failure in the verification process.
Keywords: reinforced concrete, strut and tie model, beam.
-
Captulo 1 Introduo
1
1 INTRODUO
1.1 PRELIMINARES
Ao se projetar vigas de concreto armado, o procedimento empregado
o que utiliza o dimensionamento relativo teoria da flexo (momento fletor e
fora cortante). Porm, no s no aspecto cientfico, mas tambm em outros
aspectos, como prtico e at didtico, o clculo de vigas de concreto armado
utilizando o modelo de bielas e tirantes pode ser muito valioso. Este modelo
tem como principais vantagens a melhor visualizao do comportamento da
estrutura, podendo-se verificar de modo mais claro a distribuio das tenses,
e a facilidade na identificao das regies mais solicitadas da estrutura. O
modelo tambm permite que o projetista o utilize em toda a estrutura, tanto nas
regies sem descontinuidades, quanto nas regies com descontinuidades.
O trabalho pretendeu desenvolver rotina de projeto para vigas de
concreto armado adotando o modelo de bielas e tirantes. Para isso foi feita
extensa reviso bibliogrfica, considerando os trabalhos publicados desde o
incio das pesquisas at os mais recentes, que levaram ao desenvolvimento de
programas computacionais. Para as modelagens utilizou-se o programa
computacional CAST, Computer Aided Strut-and-Tie (2000), especfico para
clculo de estruturas de concreto simples, armado ou protendido, utilizando os
princpios do modelo de bielas e tirantes. Com isso, visou-se garantir a
segurana dos banzos comprimido e tracionado, de tal modo que para este se
considere a retirada de servio das barras longitudinais da armadura. Os ns,
as diagonais comprimidas e os estribos tiveram suas seguranas verificadas
com as condies de resistncia do concreto e das barras ou fios de ao. Por
fim, os comprimentos de ancoragem foram convenientemente considerados.
-
Captulo 1 Introduo
2
1.2 OBJETIVO
Esta pesquisa visou o dimensionamento de vigas de concreto armado
utilizando-se modelos de bielas e tirantes. Procurou-se atentar para todos os
critrios de verificao necessrios para se garantir a segurana da viga tanto
em servio como nos estados limites ltimos. Pretendeu-se, desse modo,
elaborar uma opo de verificao para vigas.
O objetivo geral que se pretendeu atingir com esta dissertao foi
apresentar, estudar e avaliar as prescries das normas em relao s vigas
de concreto armado e, em seguida, com o auxlio do programa computacional
CAST, Computer Aided Strut-and-Tie (2000), propor um mtodo para o
dimensionamento de vigas de concreto armado em que no necessrio fazer
a decalagem do diagrama de momentos fletores para a determinao dos
pontos de interrupo das barras da armadura longitudinal, como feito pelo
modo tradicional.
1.3 JUSTIFICATIVA
A proposta de se analisar soluo alternativa para o projeto de
estruturas de concreto armado estimulou este trabalho.
Um dos elementos estruturais mais comuns em vrios tipos de
construes, a viga elemento fundamental de sustentao da maioria das
edificaes de concreto armado. Ao mesmo tempo, o modelo de bielas e
tirantes uma das mais geniais idias de concepo e anlise estrutural do
sculo XX e at da prpria histria do concreto. Esse modelo passou por
evolues e at hoje usado e proposto por cdigos e normas para o clculo
de estruturas no usuais de concreto armado, apesar de poder ser usado,
tambm, para dimensionar estruturas usuais, como vigas biapoiadas sem
descontinuidades geomtricas.
-
Captulo 1 Introduo
3
Em virtude da falta de trabalhos desse gnero, pode ser de grande
importncia esta pesquisa, que analisa, compara e discute o dimensionamento
de vigas usuais submetidas a flexo simples segundo algumas das principais
Normas em vigncia, bem como segundo um programa especializado em
resolver estruturas pelo modelo de bielas e tirantes.
A proposta de se encontrar um mtodo alternativo para a determinao
dos pontos de interrupo das barras da armadura longitudinal, sem a
necessidade do j tradicional cobrimento do diagrama de momentos fletores
da viga, parece oportuna e surge como valiosa alternativa para os usurios de
programas computacionais.
1.4 MTODOS E TCNICAS
Este trabalho analisa o comportamento de vigas de concreto armado,
tomando-se por base os critrios da NBR 6118:2003, do ACI 318M (1995), do
EUROCODE 2 (1992), do Cdigo de Recomendaes da fib (1999) e do MC
CEB-FIP (1990). Posteriormente, compara os resultados obtidos com
simulao feita em computador utilizando o programa CAST (2000), o qual,
utilizando-se especificamente dos princpios do modelo de bielas e tirantes,
permite realizar verificaes de estruturas de concreto.
Em relao ao dimensionamento de vigas, foi realizado um estudo que
abrange desde a analogia de trelia, proposta por MRSCH no incio do sculo
XX, passando pelas grandes contribuies de SCHLAICH & SCHAFER (1987,
1988, 1991) e chegando ao dimensionamento segundo cada uma das normas.
Apresentam-se, ento, exemplos de verificao de vigas de concreto armado
submetidas a flexo.
Em seguida discutem-se alguns aspectos relativos ao comportamento
e modelagem de vigas de concreto armado utilizando-se o programa
computacional CAST (2000). Posteriormente, sero apresentados os
resultados das modelagens realizadas e as concluses em relao aos
resultados obtidos, pretendendo-se avaliar o mtodo proposto.
-
Captulo 1 Introduo
4
1.5 APRESENTAO DA DISSERTAO
O Captulo 1 apresenta preliminares em relao utilizao do modelo
de bielas e tirantes, os objetivos deste trabalho, as justificativas que
estimularam a elaborao do mesmo e os mtodos empregados em seu
desenvolvimento.
No Captulo 2 so abordados aspectos gerais da anlise estrutural, os
possveis mecanismos de ruptura das vigas, as analogias das trelias Clssica
e Generalizada, as hipteses de Bernoulli e so deduzidas as expresses para
dimensionamento segundo o MC CEB-FIP (1990). Em seguida, h uma
apresentao do histrico do modelo de bielas e tirantes e todas as
caractersticas relativas s verificaes pertinentes ao modelo.
O Captulo 3 apresenta as verificaes necessrias s vigas
submetidas a esforos de flexo, segundo a NBR 6118:2003, o MC CEB-FIP
(1990), o Eurocode 2 (1992) e o ACI 318M (1995).
No Captulo 4 foi realizada extensa abordagem da ancoragem das
barras das armaduras das estruturas de concreto armado e de todos os
critrios necessrios para o clculo do comprimento de ancoragem de barras
nas mais diversas situaes.
O Captulo 5 faz uma abordagem geral do CAST (2000), desde seu
histrico, passando por suas caractersticas peculiares, at a descrio de
todas as etapas necessrias na modelagem.
As modelagens das vigas VB1, VB2, VB3 VF constam no Captulo 6,
que apresenta as propriedades geomtricas e dos materiais, as condies de
contorno, os modelos de trelias definidos, as solicitaes e as tenses nos
elementos, de todos os quatro modelos.
Por fim, no Captulo 7 so relacionadas consideraes finais com base
nos resultados obtidos e so fornecidas sugestes para pesquisas futuras
utilizando modelos de bielas e tirantes.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
5
2 AS VIGAS E O MODELO DE BIELAS E TIRANTES
Este captulo apresenta a fundamentao terica que possibilitou o
desenvolvimento do trabalho. Em resumo, apresentam-se a seguir os
fundamentos tericos a respeito da anlise estrutural, do comportamento e
verificao de vigas pelas normas propostas, do modelo de bielas e tirantes e
da determinao do comprimento de ancoragem das armaduras das vigas.
2.1 PRELIMINARES
O projeto usual de vigas de concreto armado realizado, com os
esforos solicitantes momento fletor e fora cortante , com os critrios de
verificao do equilbrio das resultantes internas no concreto comprimido e nas
barras das armaduras tracionadas. Ao se estudar o equilbrio da trelia de
MRSCH, idealizada no sculo retrasado, podem ser determinados os
deslocamentos no diagrama de momentos fletores, a fim de estabelecer os
corretos pontos de interrupo das barras longitudinais da viga. Segundo a
NBR 6118:2003, o dimensionamento das armaduras longitudinais deve
conduzir a um conjunto de esforos resistentes (NRd, MRd) que constituam
envoltria dos esforos solicitantes (NSd, MSd) determinados na anlise
estrutural.
O modelo de bielas e tirantes, por sua vez, analisa a viga como um
todo, sem a necessidade de separar os esforos solicitantes e as foras
internas para equilibr-los, constituindo-se em modelo mais realista. Assim,
permite que a determinao dos comprimentos das barras longitudinais seja
realizada de maneira mais simples que do que pelo modo tradicional - anlise
do momento fletor resistido por barra e considerao do diagrama de
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
6
momentos fletores deslocado. Ao se aplicar o modelo, os pontos de interrupo
das barras longitudinais podem ser determinados facilmente, de acordo com as
foras aplicadas em cada barra do banzo da trelia, ou seja, determina-se a
rea de armadura necessria para resistir a fora resultante em cada tramo do
banzo que esteja tracionado. Sabendo-se que a fora varia para cada barra da
trelia, os pontos de interrupo das barras da armadura longitudinal podem
ser definidos, portanto, pelos ns da trelia interna da viga.
A anlise da segurana da viga adotando o modelo de bielas e tirantes
permite as verificaes relativas aos banzos tracionado e comprimido, s
diagonais comprimidas, aos pendurais e s regies nodais.
Para uso corrente pelos projetistas, para as verificaes das vigas de
concreto armado utilizando o modelo de bielas e tirantes, necessrio elaborar
rotina de projeto que considere convenientemente:
1. a segurana das regies nodais;
2. as verificaes das diagonais comprimidas, considerando os critrios
de resistncia do concreto;
3. as verificaes dos pendurais (estribos), considerando os critrios de
resistncia das barras ou fios de ao;
4. os comprimentos de ancoragem das armaduras longitudinais.
2.2 ANLISE ESTRUTURAL
2.2.1 INTRODUO
A rigor, as estruturas precisam ser tratadas como tridimensionais, uma
vez que todos os seus elementos trabalham conjuntamente. Tal procedimento,
embora conduza a um projeto mais refinado, dificulta a determinao dos
esforos solicitantes, em virtude do alto grau de hiperestaticidade da estrutura,
exigindo o emprego de recursos computacionais sofisticados.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
7
Alternativamente, o clculo dos esforos solicitantes feito por
processos simplificados, aceitos pelas normas, considerando os elementos
estruturais separadamente, fazendo-se as correes necessrias para garantir
a segurana dos elementos isolados e da estrutura como um todo.
O sistema estrutural de uma edificao precisa ser projetado de modo
que ele seja capaz de resistir no s s aes verticais, mas tambm s aes
horizontais que possam provocar efeitos significativos ao longo da sua
existncia.
As aes verticais so constitudas por: peso prprio dos elementos
estruturais; pesos prprios de revestimentos e de paredes divisrias, alm de
outras aes permanentes; aes variveis decorrentes da utilizao, cujos
valores vo depender da finalidade do edifcio, e outras aes especficas,
como por exemplo, a massa de equipamentos.
As aes horizontais, onde no h ocorrncia de abalos ssmicos,
constituem-se, basicamente, da ao do vento.
A distribuio das aes verticais tem incio nas lajes, que suportam,
alm de seus pesos prprios, outras aes permanentes e as aes variveis
de uso, incluindo, eventualmente, peso de paredes que se apiam diretamente
sobre elas. As lajes transmitem essas aes para as vigas, por meio das
reaes de apoio.
As vigas suportam seus pesos prprios, as reaes provenientes das
lajes, peso de paredes e, ainda, aes de outros elementos que nelas se
apiam como, por exemplo, as reaes de apoio de outras vigas. As vigas,
assim como as lajes, trabalham flexo e transmitem as aes para os
elementos verticais - pilares e paredes estruturais - por meio das respectivas
reaes.
Os pilares e as paredes estruturais recebem as reaes das vigas que
neles se apiam, as quais, juntamente com o peso prprio desses elementos
verticais, so transferidas para os andares inferiores e, finalmente, para o solo,
por meio dos elementos de fundao.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
8
As aes horizontais devem igualmente ser absorvidas pela estrutura e
transmitidas, passo a passo, para a fundao. O caminho dessas aes tem
incio nas paredes externas do edifcio, onde atua o vento. Esta ao
resistida por elementos verticais de grande rigidez, tais como prticos, paredes
estruturais e ncleos, que formam a estrutura de contraventamento. Os pilares
de menor rigidez pouco contribuem na resistncia s aes laterais e, portanto,
podem ser ignorados na anlise da estabilidade global da estrutura.
As lajes exercem importante papel na distribuio das foras
decorrentes do vento entre os elementos de contraventamento, pois possuem
rigidez praticamente infinita em seu plano, promovendo, assim, o travamento
do conjunto.
2.2.2 POSIES DE VIGAS E LAJES
A estruturao segue com o posicionamento das vigas nos diversos
pavimentos. Alm daquelas que ligam os pilares, formando prticos, outras
vigas podem ser necessrias, seja para dividir um painel de laje com grandes
dimenses, seja para suportar uma parede divisria e evitar que ela se apie
diretamente sobre a laje.
comum, por questes estticas e com vistas a facilidades no
acabamento e ao melhor aproveitamento dos espaos, adotar larguras de vigas
em funo da largura das alvenarias. As alturas das vigas ficam limitadas pela
necessidade de prever espaos livres para aberturas de portas e de janelas.
Como as vigas delimitam os painis de laje, suas disposies precisam
levar em considerao o valor mdio econmico do menor vo das lajes, que,
para lajes macias, da ordem de 3,5 metros a 5,0 metros. O posicionamento
das lajes fica, ento, praticamente definido pelo arranjo das vigas.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
9
2.2.3 DESENHOS PRELIMINARES DE FORMAS
De posse do arranjo dos elementos estruturais, passa-se ao pr-
dimensionamento, cujo propsito a determinao aproximada das alturas das
lajes e das dimenses das sees transversais dos pilares e das vigas.
As larguras das vigas so adotadas para atender condies de
arquitetura ou construtivas. Sempre que possvel, as vigas ficam embutidas nas
alvenarias e permitem a passagem de tubulaes. Costuma-se adotar para as
vigas no mximo trs pares de dimenses diferentes para as sees
transversais.
Em edifcios residenciais, conveniente que as alturas das vigas no
ultrapassem 60 cm, para no interferir nos vos de portas e de janelas. Por
exemplo, pode-se adotar, para as vigas mais solicitadas, com vos maiores ou
aquelas que fazem parte dos prticos de contraventamento, as dimenses 25
cm x 60 cm. As outras vigas podem ter dimenses inferiores, como 20 cm x 50
cm ou 20 cm x 40 cm. Essas dimenses podem ser adotadas em funo do
pr-dimensionamento e devem, posteriormente, ser verificadas nos clculos
definitivos.
A fase de estruturao do edifcio termina com a elaborao dos
desenhos preliminares das formas de todos os pavimentos, contendo as
dimenses estimadas no pr-dimensionamento, a partir das quais calculam-se
os vos efetivos de lajes e vigas, necessrios para iniciar o clculo dos
esforos solicitantes nesses elementos.
2.3 MECANISMOS DE RUNA EM VIGAS (FUSCO, 1984)
2.3.1 GENERALIDADES
O colapso de vigas de concreto armado pode ocorrer segundo aes
normais ou aes tangenciais. Entende-se que no dimensionamento e
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
10
verificao a runa desses elementos deve ocorrer somente por solicitaes
normais, e nunca por solicitaes tangenciais.
O estado limite ltimo para solicitaes normais pode ocorrer ou por
ruptura do concreto, ou por deformao plstica excessiva da armadura
longitudinal.
Por outro lado, para solicitaes tangenciais o estado limite ltimo
ocorre por escoamento da armadura transversal ou por esmagamento das
diagonais comprimidas. Em vista disso, a runa pode ser frgil e, por isso,
precisa ser evitada.
2.3.2 TIPOS DE RUNA
Segundo FUSCO (1984) os tipos de runa de vigas de concreto armado
submetidas a solicitaes cisalhantes so:
1. Runa por fora cortante-compresso: tpico de peas subarmadas
transversalmente. A runa no frgil, pois ocorre escoamento da armadura
transversal e fissurao excessiva (Figura 2.1 - a);
2. Runa por fora cortante-trao: tpico de peas superarmadas
transversalmente. A runa frgil, pois ocorre esmagamento das bielas de
concreto antes que a armadura transversal entre em escoamento (Figura 2.1 -
b);
3. Runa por fora cortante-flexo: ocorre pela diminuio da espessura
do banzo comprimido da pea, quando as fissuras diagonais se estendem at
ele. Essa diminuio pode provocar acrscimo de tenses e,
conseqentemente, esmagamento do concreto. Geralmente a seo de runa
se localiza em regies de elevadas foras concentradas (Figura 2.1 - c);
4. Runa por flexo da armadura longitudinal: ocorre quando h
deficincias localizadas na armadura longitudinal de trao, como
espaamento ou ancoragem de armadura transversal incorretos (Figura 2.1 -
d).
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
11
Figura 2.1 - Tipos de runa segundo FUSCO (1984)
2.4 A ANALOGIA CLSSICA DA TRELIA
2.4.1 PRELIMINARES
A trelia clssica de MRSCH foi concebida no incio do sculo XX e,
desde ento, vem sendo utilizada como base para o dimensionamento de vigas
de concreto armado. Apesar de algumas pesquisas sugerirem alteraes em
sua teoria, seu aspecto geral foi mantido e est distante de ser superado, pois
Runa foracortante-compresso
Runa fora
Runa fora
cortante-trao
cortante-flexo
Runa por f lexoda armadura longitudinal
a)
b)
c)
d)
de trao
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
12
o mecanismo resistente desses elementos estruturais pode ser associado ao
de trelias.
A Analogia Clssica da Trelia faz a analogia entre uma viga de
concreto armado, depois de fissurada, e uma trelia de banzos paralelos e,
apesar de apresentar certas imperfeies, resultantes da incompatibilidade
entre modelo e viga real, ainda hoje empregada em grande escala. Nas
ltimas dcadas propostas vm sendo feitas por pesquisadores e engenheiros
sugerindo alteraes no modelo original, a fim de aperfeio-lo e,
principalmente, ajustar os resultados experimentais aos tericos.
Atualmente, como importantes incrementos ao modelo de MRSCH,
destacam-se os modelos de bielas e tirantes, nos quais os elementos ou
regies da viga real so denotados como elementos da trelia. Neste caso, as
armaduras transversais so os montantes tracionados da trelia, atuando
tipicamente como tirantes na viga de concreto armado. Por sua vez, as
diagonais comprimidas, situadas entre duas fissuras consecutivas, trabalham
como as barras das diagonais comprimidas da trelia, atuando como as bielas.
Por fim, citam-se os banzos da trelia, nos quais a armadura longitudinal de
trao da viga funciona como o banzo tracionado e a faixa superior de concreto
como o banzo comprimido.
Em relao a ambos os modelos, sero relacionadas suas
consideraes bsicas e principais imperfeies, procurando justific-las,
terminando por exibir o dimensionamento segundo as normas NBR 6118:2003
e ACI 318M (1995), bem como do Eurocode 2 (1992) e as prescries do
Cdigo de Recomendaes da fib (1999).
2.4.2 HIPTESES BSICAS
As hipteses admitidas pela trelia clssica baseiam-se no panorama
fissurado da viga, a partir do qual se pode determinar o mecanismo de
funcionamento da mesma.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
13
2.4.2.1 Posio relativa dos banzos
O modelo prope uma trelia de banzos paralelos em quase toda a
extenso da viga, sendo que apenas nas regies dos apoios o banzo superior
inclina-se at se encontrar com o inferior.
2.4.2.2 Inclinao das diagonais ()
As diagonais comprimidas apresentam inclinao menor ou igual a
45 em relao ao eixo longitudinal da viga, sendo que varia conforme a
largura da alma e a taxa de armadura transversal. A delimitao das diagonais
se d segundo as fissuras, pois cada diagonal est compreendida no espao
entre duas fissuras. Experimentalmente, observa-se que as inclinaes das
fissuras diminuem em direo aos apoios, valendo aproximadamente 90 na
regio central da viga. Porm, os modelos de clculo determinam um ngulo de
inclinao e consideram-no constante em toda a extenso da viga.
O ngulo de inclinao mnimo especificado segundo cada norma,
porm usualmente admite-se = 45, a fim de simplificar as consideraes
para o dimensionamento. A NBR 6118:2003 apresenta dois modelos de
clculo: o modelo I, que considera o ngulo = 45, e o modelo II, que
considera o ngulo arbitrado livremente entre 30 e 45.
2.4.2.3 Inclinao da armadura transversal ()
A armadura transversal pode apresentar inclinao entre 45 e 90 em relao ao eixo longitudinal da pea. Na prtica, a grande maioria dos
casos apresenta armadura transversal na posio vertical, ou seja, com = 90, em funo da dificuldade de modelagem das barras da armadura com
diferentes inclinaes. Porm, pode-se citar que tais inclinaes, apesar de no
usuais, melhoram a eficincia da armadura transversal.
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Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
14
2.4.2.4 Limitao da tenso na armadura transversal
Segundo a NBR 6118:2003, a tenso nas barras da armadura
transversal fywd precisa respeitar os seguintes limites:
Estribos: fywd = fyd = fyk / s 435 MPa (2.1)
Barras dobradas: fywd = 0,70 fyd = 0,70 fyk / s 435 MPa (2.2)
sendo:
s = 1,15
2.4.2.5 Deslocamento do diagrama de momentos fletores
Os esforos solicitantes relativos flexo que atuam em uma viga de
concreto de alma cheia no so exatamente iguais aos atuantes numa trelia.
Na viga de concreto armado a resultante de compresso, que atua no banzo
comprimido, e a de trao, que atua na armadura tracionada, para uma mesma
seo, so proporcionais ao momento fletor atuante. Sendo assim, na viga, por
se tratar de um elemento geometricamente contnuo, as intensidades das
foras atuantes nos banzos variam ponto a ponto, ou seja, a cada diferena
infinitesimal de espao. Por outro lado, na trelia as foras apresentam valores
constantes entre dois ns consecutivos, ou seja, em cada uma de suas barras.
Por conta dessa diferena, precisa-se realizar uma translao a do
diagrama de momentos fletores de clculo, a fim de compatibilizar modelo e
viga real. Para o modelo II da NBR 6118:2003, tal translao admite os valores
dados pela seguinte expresso:
a = (z / 2) (cotg - cotg) + st / 2 (2.3) sendo:
z = distncia entre a resultante de compresso e a de trao nos
banzos (brao de alavanca);
= inclinao da armadura transversal;
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
15
= inclinao das bielas de concreto comprimido;
st = espaamento longitudinal entre os estribos.
Para vigas no modelo I, ou seja, com estribos a 90 e inclinao das
bielas igual a 45, a expresso anterior resulta:
a = st / 2 (2.4)
A figura a seguir indica a decalagem do diagrama de momento fletor
sugerida pela NBR 6118:2003.
Figura 2.2 - Cobertura do diagrama de fora de trao solicitante pelo
diagrama resistente [NBR 6118:2003]
2.5 ANALOGIA DA TRELIA GENERALIZADA: PRINCIPAIS
IMPERFEIES DA TRELIA CLSSICA
A necessidade de se generalizar a Analogia da Trelia Clssica pelo
fato de se levar em considerao, dentre outros fatores, principalmente a
hiperestaticidade da viga real. Podem ser estabelecidos trs fatores como os
principais responsveis pela diferena entre os valores das tenses calculadas
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
16
teoricamente, segundo a trelia clssica, e os observados experimentalmente.
So eles:
1. Alta hiperestaticidade da viga de concreto armado;
2. Posio relativa dos banzos, que no so paralelos;
3. Diferena na inclinao das fissuras, pois na viga real a inclinao
menor que a admitida por MRSCH.
As bielas diagonais so aproximadamente 20 vezes mais rgidas que
os montates tracionados, ou seja, a armadura transversal. Portanto, elas
deveriam absorver uma parcela maior de tenses que a determinada pela
trelia clssica. Alm disso, h engastamento na ligao entre biela e banzo
comprimido, pois trata-se de uma massa contnua de concreto, o que contraria
a teoria, no que diz respeito s ligaes nas trelias. Isso significa que as bielas
trabalham tambm a flexo, aliviando os montantes ou as diagonais
tracionadas. Observa-se experimentalmente que, como conseqncia desse
fator, a armadura transversal ser menos solicitada medida que maior for a
largura da alma da viga. Os valores das tenses de compresso calculadas
nas bielas segundo a teoria da trelia clssica, no caso de estribos a 90, so
de 10% a 20% menores que as observadas experimentalmente em ensaios de
vigas, comprovando a validade da hiptese da hiperestaticidade. No caso de
estribos inclinados tal diferena aumenta para 60%, em mdia.
Com relao inclinao dos banzos, verifica-se que na viga real o
banzo comprimido inclinado, o que possibilita a absoro direta de uma
parcela da fora cortante atuante.
As fissuras e, por conseqncia, as diagonais comprimidas apresentam
inclinao menor que 45 nos trechos mais solicitados.
A Analogia Generalizada de Trelia resulta em menores taxas de
armadura transversal, porm deve-se atentar para a possibilidade de
esmagamento das diagonais comprimidas, pois nesse caso elas encontram-se
mais solicitadas.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
17
2.6 MODELO PLSTICO DE TRELIA
O modelo plstico de trelia consiste em um banzo tracionado e outro
comprimido, bielas com inclinao com a horizontal e estribos. Em conseqncia ao efeito de leque, foras concentradas e reaes so
transmitidas aos estribos por bielas radiais, formando um campo de tenses de
compresso constitudo por bielas de inclinao constante.
Uma das hipteses da trelia plstica que toda a fora cortante deve
ser resistida por estribos, sendo que, em projeto, o ideal seria proporcionar um
arranjo da armadura transversal tal que todos os seus ramos atingissem o
escoamento simultaneamente, quando a fora de ruptura fosse alcanada.
Desse modo, uma fora igual a Asw.fyd seria transmitida pela fissura, sendo Asw
a soma das reas dos ramos da armadura transversal compreendida entre
duas fissuras. Dessa forma, a trelia se tornaria estaticamente determinada.
Como a viga real projetada de modo a alcanar o escoamento dos
estribos anteriormente ao esmagamento do concreto, o modelo depende da
plastificao dos estribos, porm independe da plastificao do concreto. Um
modelo de trelia to mais adequado a uma determinada viga quanto mais se
aproximar da situao real. Vigas de concreto armado sofrem redistribuies
de foras internas, partindo do estado elstico no-fissurado, mudando para o
estado elstico fissurado e chegando at o estado plstico fissurado. Se o
modelo de trelia adotado considerar deformao excessiva para atingir
plastificao completa, a trelia poder romper-se prematuramente.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
18
2.7 DEDUO DAS EXPRESSES SEGUNDO O CDIGO
MODELO CEB-FIP (1990)
2.7.1 GENERALIDADES
A proposta do Cdigo Modelo CEB-FIP (1990) a utilizao dos
modelos para vigas de concreto armado submetidas a ao de fora cortante e
momento fletor.
Para o dimensionamento da armadura transversal, o MC CEB-FIP
(1990) define verificaes das aes atuantes e das foras resistentes nos
tirantes da armadura transversal. Visando a otimizao da distribuio das
barras da armadura longitudinal, o cdigo tambm prope verificaes das
aes atuantes e das foras resistentes nos banzos tracionado e comprimido.
O modelo fundamental de um trecho tpico da alma de uma viga
mostrado na Figura 2.3. O brao de alavanca representado por z e se
estende desde o centro geomtrico do banzo comprimido at o centro
geomtrico do banzo tracionado, trecho no qual os momentos fletores mantm
o mesmo sinal e podem ser considerados iguais ao valor na seo de momento
fletor Md mximo. O (menor) ngulo formado entre as bielas e os banzos (ou o
comprimido, ou o tracionado) representado por e o (menor) ngulo formado entre os tirantes e os banzos (ou o comprimido, ou o tracionado)
representado por .
Figura 2.3 - Modelo fundamental da alma [MC CEB-FIP, 1990]
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
19
2.7.2 CONDIES PARA APLICAO DOS MODELOS
Segundo o CEB-FIP (1990), so condies bsicas para aplicao dos
modelos de bielas e tirantes:
1. necessrio que haja adequada ancoragem da armadura de
cisalhamento nos banzos superior e inferior;
2. Estribos precisam ter inclinao mnima de 45 e barras dobradas de
30 em relao ao eixo da viga;
3. Os espaamentos longitudinal e transversal entre os ramos da
armadura podem ser no mximo iguais a 0,75 d ou 800 mm, sendo d a altura
til da viga;
4. A fim de limitar as aberturas das fissuras de cisalhamento, a taxa
mecnica de armadura transversal wsw no pode ser inferior a 0,2, como
indicado nas expresses seguintes:
wsw = Asw fyk / (bw s fctm sen) 0,2 (2.5)
ou seja:
yk
wctm
sw
fsen.bf2,0
sA (2.6)
com (fctm = resistncia mdia trao do concreto), calculado por:
2/3ck
ctm 10f1,4f
= (2.7)
2.7.3 EXPRESSES PARA DIMENSIONAMENTO
A Figura 2.4, apresentada a seguir, fundamental na demonstrao
das solicitaes externas e as conseqentes reaes internas observadas na
seo transversal de uma viga de concreto armado submetida flexo.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
20
B1
A
21
2
z (co tg +co tg )
1 B 2
1
A
2
FS c
M d
Nd
Vd
Fs t
S cF
stF
z2 (co tg + co tg )
B
A
s twF
z /2(co
tg +
cotg
)se
n
z co s s tF
S cF
S cwF
R cVd
z (co tg +c o tg )se n
c
z (co tg + co tg )
Fst
S cF
a )
b ) c)
d ) e)
f)
z (co tg + c o tg )
Figura 2.4 - Esquemas para deduo das foras nos membros da trelia
[MC CEB-FIB, 1990]
A seguir apresentam-se as expresses para o dimensionamento,
baseadas na Figura 2.4. Note-se que a simbologia adotada pelo MC CEB-FIB
(1990) ser alterada, neste trabalho, a fim de que os termos e as respectivas
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
21
expresses que eles constituem estejam de acordo com os utilizados no Brasil.
Sendo assim, sero realizadas as seguintes substituies:
FSc por RSc (fora solicitante de compresso no concreto banzo comprimido);
FRc por RRc (fora resistente de compresso no concreto banzo comprimido);
FSt por RSt (fora solicitante de trao na armadura banzo tracionado);
FRt por RRt (fora resistente de trao na armadura banzo tracionado);
FScw por RScw (fora solicitante de compresso na alma);
FRcw por RRcw (fora resistente de compresso na alma);
FStw por RStw (fora solicitante de trao na alma).
FRtw por RRtw (fora resistente de trao na alma).
2.7.3.1 Banzo tracionado
2.7.3.1.1 Fora solicitante de clculo
Segundo a Figura 2.4 - a, ao se passar uma seo vertical 1-1 pelo
ponto B e ao se calcular o momento fletor para as foras externas que atuam
esquerda do ponto A, obtm-se:
MA = Md + Vd (z cotg) + Nd (z - zs) (2.8)
sendo:
zs = distncia da linha de ao de Nd ao centro de gravidade da
armadura de trao.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
22
Por meio de uma seo A-B em uma fissura diagonal de inclinao pode-se obter o momento fletor em A segundo os esforos internos (
esquerda):
MA = RSt z + Rstw (z / 2) (cotg + cotg) sen (2.9)
sendo:
RSt = fora solicitante no banzo tracionado;
RStw = fora resultante em um trecho z (cotg + cotg) da armadura transversal (Figura 2.4 - c).
Fazendo o equilbrio das foras verticais na Figura 2.4 - c, obtm-se:
RStw sen = Vd RStw = Vd / sen (2.10) Substituindo (2.10) em (2.9) e igualando a (2.8), obtm-se:
RSt z + (Vd / sen) (z / 2) (cotg + cotg) sen = Md + Vd z cotg + Nd (z - zs) (2.11)
RSt z = Md + Vd z cotg - (Vd / 2) z (cotg + cotg) + Nd (z - zs) (2.12)
RSt z = Md + Nd (z - zs) + (Vd / 2) z (cotg - cotg) (2.13)
) cotg cotg(2V
z)zz(N
zM
R dsddSt ++= (2.14)
sendo Nd positiva para trao e negativa para compresso.
No caso de aes aplicadas na face superior da viga, na seo de
momento mximo (na seo de Md,max, Vd = 0, para vigas biapoiadas):
z)zz(N
zM
R sdmax,dSt+ (2.15)
2.7.3.1.2 Fora resistente de clculo
RRt = As fyd (2.16)
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
23
2.7.3.1.3 Condio de segurana
RSt RRt (2.17)
Portanto:
ydsdsdd fA) cotg cotg(
2V
z)zz(N
zM ++ (2.18)
2.7.3.2 Banzo comprimido
2.7.3.2.1 Fora solicitante de clculo
Na Figura 2.4 - b, passando uma seo vertical 2-2 pelo ponto A, o
momento fletor em virtude das foras externas que atuam direita de B vale:
MB = Md - Nd zs - Vd z cotg (2.19)
Por meio de uma seo diagonal A-B, pode-se obter o momento fletor
em B, em funo das foras internas ( direita):
MB = RSc z - RStw (z / 2) (cotg +cotg) sen (2.20) sendo:
RSc = fora solicitante no banzo comprimido.
Igualando (2.19) a (2.20) e substituindo (2.10) em (2.20), obtm-se:
Md - Nd zs - Vd z cotg = RSc z - (Vd / sen) (z / 2) (cotg + cotg) sen (2.21)
RSc z = Md - Nd zs - (Vd / 2) z (cotg - cotg) (2.22)
) cotg cotg(2V
zz.N
zM
R dsddSc = (2.23)
No caso de aes aplicadas na face superior da viga, na seo de
momento mximo (na seo de Md,max, Vd = 0, para vigas biapoiadas):
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
24
zzN
zM
R sdmax,d
Sc = (2.24)
2.7.3.2.2 Fora resistente de clculo
RRc = fcd1 Ac + fycd Asc (2.25)
sendo:
Asc = rea da armadura longitudinal comprimida, no caso de armadura
dupla;
Ac = rea da seo transversal do banzo comprimido, igual a:
+
=xbh)bb(
xbxb
A
wfwf
f
w
c
Acima so fornecidos os valores de Ac para (1) seo retangular, (2)
seo T com a linha neutra cortando a mesa e (3) seo T com a linha neutra
cortando a alma, respectivamente, sendo x a altura da linha neutra.
2.7.3.2.3 Condio de segurana
RSc RRc (2.26)
Portanto:
scycdccd1dsdd AfAf) cotg cotg(
2V
zz.N
zM + (2.27)
2.7.3.3 Bielas
2.7.3.3.1 Fora solicitante de clculo
No esquema mostrado na Figura 2.4 - e, fazendo o equilbrio das
foras verticais, obtm-se:
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
25
Rc sen = Vd Rc = Vd / sen (2.28) sendo:
Rc = resultante na biela de concreto das tenses atuantes no
trecho z (cotg + cotg) sen.
+=
sen) cotgcotg(zbR
w
cc (2.29)
Substituindo (2.28) em (2.29), tem-se:
+= 2wd
c sen) cotg cotg(zbV (2.30)
Analisando-se a Figura 2.4 - d, mostra-se que:
= coszbR
w
Scwc (2.31)
sendo:
RScw = resultante na biela diagonal das tenses atuantes no
trecho (z cos). Igualando (2.30) a (2.31), obtm-se:
=+ coszbR
sen) cotg cotg(zbV
w
Scw2
w
d (2.32)
+=
sen) cotg cotg(sencosVR dScw (2.33)
+
= cotg cotg cotg
senVR dScw (2.34)
2.7.3.3.2 Fora resistente de clculo
Segundo esquema mostrado na Figura 2.4 - d, tem-se:
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
26
RRcw = fcd2 bw z cos (2.35)
2.7.3.3.3 Condio de segurana
RScw RRcw (2.36)
Portanto:
+
cos z b f cotg cotg cotg
senV
w2cdd (2.37)
2.7.3.4 Trao na armadura transversal
2.7.3.4.1 Fora solicitante de clculo
RStw = Vd / sen (2.38)
2.7.3.4.2 Fora resistente de clculo
Pelo esquema mostrado na Figura 2.4 - f, a quantidade de barras da
armadura transversal distribudas num trecho de comprimento z (cotg + cotg) pode ser obtida por:
nmero de barras = n = z (cotg + cotg) / s (2.39)
sendo:
s = espaamento dos estribos medido ao longo do eixo da pea.
Assim, a fora resistente definida por:
RRtw = Asw n fyd (2.40)
RRtw = Asw fyd z (cotg + cotg) / s (2.41)
2.7.3.4.3 Condio de segurana
RStw RRtw (2.42)
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
27
Vd / sen < Asw fyd z (cotg + cotg) / s (2.43) Portanto:
Asw / s > Vd / fyd z (cotg + cotg) sen (2.44)
Para armadura transversal vertical ( = 90):
Asw / s > Vd / fyd z cotg (2.45)
2.7.4 DETERMINAO DA INCLINAO DAS BIELAS
No projeto da viga, o ngulo formado entre as bielas e o eixo longitudinal do elemento pode ser arbitrado livremente no intervalo min max = 45.
medida que o ngulo escolhido se aproxima do valor mximo, 45,
maior a taxa de armadura transversal necessria e, por outro lado, menor a
tenso nas bielas. Contrariamente, ao se adotar um valor de prximo a min diminui-se a rea de armadura transversal, resultando, porm, em acrscimo
nas tenses de compresso atuantes nas bielas. Em vista disso, sugere-se a
adoo de valores da inclinao das bielas () os mais prximos possveis de min, pois as tenses de compresso so verificadas diretamente, pois deve-se apenas garantir que tais tenses estejam dentro dos limites estabelecidos. O
valor mnimo que pode ser utilizado para a inclinao das bielas varia de acordo com as normas, os cdigos e os pesquisadores. O MC CEB-FIP (1990)
recomenda utilizar inclinao mnima min = 18,4 (cotgmin = 3). Esse valor mnimo sugerido pelo MC CEB-FIP (1990) est relacionado a casos de vigas
em flexo-compresso, situao usual de vigas protendidas.
Porm, alguns pesquisadores discordam desse valor, justificando ser
um valor muito baixo. Sugestes baseadas em investigaes experimentais
indicam valores para inclinao mnima das bielas comprimidas em torno de
min = 26,5. A NBR 6118:2003 admite, em seu modelo de clculo II, no qual a inclinao das diagonais de compresso pode ser diferente de 45, valor
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
28
mnimo igual a 30. Admite ainda que a parcela complementar Vc sofra reduo
com o aumento de VSd.
Deve-se salientar que bielas com baixas inclinaes resultam em alta
tenso na armadura transversal entre o incio da fissurao e o estado limite
ltimo, alm de requererem maior comprimento de ancoragem da armadura
longitudinal. Nesse caso, o controle da fissurao pode ser limitante no projeto
podendo, ento, impedir valores de prximos a min. Alm disso, aconselha-se no utilizar pequenas inclinaes em elementos submetidos a trao axial.
Por fim, cita-se que valores de prximos a 45 indicam que a armadura tracionada atuar sem auxlio do concreto, ao passo que, ao se aproximar de seu valor mnimo, igual a 30, passam a atuar os mecanismos alternativos ao
de telia.
2.8 O MODELO DE BIELAS E TIRANTES
2.8.1 HISTRICO
Uma das grandes idias do sculo XX, em se tratando de vigas de
concreto armado, a Analogia de Trelia, surgiu nos primrdios do sculo XX,
criada por E. Mrsch, e foi se aprimorando ao longo dos anos. A Analogia de
Trelia Clssica, a qual sugere uma analogia entre a viga de concreto armado
e a trelia, foi uma das idias mais duradouras da histria do concreto armado.
Durante dcadas, pesquisadores apenas sugeriram modificaes no modelo,
porm mantendo seus conceitos bsicos, ou seja, a idia bsica de MRSCH
se mantm at os dias de hoje, mesmo apesar das sugestes e modificaes
propostas por pesquisadores que buscaram adaptar melhor o modelo original
aos resultados experimentais.
Resultados de ensaios levaram adoo da Trelia de Mrsch
Generalizada, em que a inclinao das bielas comprimidas em relao ao eixo
da viga variava de acordo com os comportamentos observados nos ensaios.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
29
Uma grande evoluo se observou nos anos 80, quando SCHLAICH &
SCHFER (1988), pesquisadores de Stuttgart, Alemanha, passaram a aplicar
os modelos de bielas e tirantes em outros elementos estruturais, como vigas-
parede, consolos, sapatas, blocos de fundao, ligaes entre viga e pilar,
aberturas em vigas e apoios em dente.
MARTI (1985) utilizou-se da teoria da plasticidade e de critrios
bsicos, que envolviam conceitos de ns, bielas, tirantes, arcos e leques, para
propor a aplicao dos modelos ao dimensionamento das armaduras
longitudinais e transversais de uma viga.
Assim sendo, pode-se dizer que o modelo de bielas e tirantes teve
significativo avano e ampla divulgao somente a partir da dcada de 80,
quando Schlaich, Schfer e Marti conduziram generalizao da Analogia da
Trelia e criaram uma base cientfica refinada, proporcionando considervel
avano para uma aplicao racional dos modelos em vigas.
Mais tarde, COOK & MITCHELL (1988), analisando resultados de
ensaios, confirmaram a adequao dos modelos ao projeto de consolos, vigas-
parede e vigas com descontinuidades geomtricas.
TJHIN & KUCHMA (2002) discutiram avanos e desafios do
dimensionamento utilizando o modelo de bielas e tirantes com o auxlio de
programas computacionais.
SOUZA (2004) analisou amplamente o dimensionamento de elementos
de concreto armado com descontinuidades, no apenas pelo modelo de bielas
e tirantes, o qual o autor denomeia Mtodo das Bielas, como tambm pelo
Mtodo Corda-Painel. Em seu trabalho foram realizadas anlises em relao
determinao de parmetros polmicos, como a resistncia adequada para
bielas e ns, bem como a configurao geomtrica das regies nodais
dependente das foras que nelas atuam.
Vigas com aberturas em suas almas foram dimensionadas por
RONCATTO & CAMPOS (2005), utilizando programa computacional
desenvolvido pelos prprios autores. O programa Furos em Vigas de
Concreto capaz de estabelecer de forma automatizada o modelo de bielas e
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
30
tirantes mais adequado para a situao sob anlise, determinar as solicitaes
nos elementos, realizar as verificaes de bielas e ns e as reas de
armaduras necessrias para os tirantes.
2.8.2 CONSIDERAES INICIAIS SOBRE O MODELO
A intensificao e a divulgao das pesquisas durante a dcada de 80
abriu definitivamente as portas para que outros pesquisadores comeassem a
estudar, investigar e aplicar o mtodo. De acordo com a ASCE-ACI (1998),
grande variedade de parmetros para a resistncia das bielas e das regies
nodais foram, ento, propostos com base em pesquisas de mbito
experimental. Esse fato contribuiu consideravelmente para o entendimento do
modelo de bielas e tirantes, possibilitando ampla discusso e gerando cada vez
mais resultados experimentais para a determinao dos seus parmetros mais
significativos.
Sabe-se que a maioria dos procedimentos para a anlise e o clculo
estrutural das quais dispem os escritrios de projeto realiza anlises globais e
anlises locais dos elementos estruturais, tais como os pilares, as lajes e as
vigas. Entretanto, sabe-se tambm que a qualidade e a confiabilidade de um
projeto estrutural, em geral, esto relacionadas no com seu comportamento
global, mas sim com a preciso com que so dimensionadas as regies de
descontinuidade de seus elementos isoladamente. O que se verifica,
corriqueiramente, o uso de mtodos e rotinas consagrados e confiveis para
o dimensionamento da maior parte dos elementos, mas isso no acontece
quando se trata de regies descontnuas, pois tais regies geralmente so
projetadas por modelos relativamente simples e ainda no consagrados,
baseados, muitas vezes, na experincia do projetista. O modelo de bielas e
tirantes um mtodo racional cientificamente comprovado, recomendado pela
norma brasileira e por diversas outras normas internacionais para o
dimensionamento de regies descontnuas de elementos de concreto armado,
que atende s necessidades de tais anlises.
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
31
A NBR 6118:2003 aborda superficialmente o modelo de bielas e
tirantes, permitindo sua utilizao no dimensionamento de vigas-parede,
consolos e dentes Gerber.
Por outro lado, uma das normas mais completas e abrangentes em se
tratando de modelos de bielas e tirantes a norma espanhola EHE (1999). H
captulos especficos que determinam as regies B e D, outros para
determinao dos parmetros de resistncia das bielas, ns e tirantes e outros
para a anlise de estruturas no-usuais, nos quais so fornecidos modelos
simplificados para se analisar vigas-parede, consolos, sapatas e blocos sobre
estacas.
Apesar de o CEB-FIP Model Code (1978) j tratar do modelo de bielas
e tirantes, somente na verso de 1990 que foram disponibilizadas
informaes suficientes para se desenvolver projetos de elementos estruturais
utilizando o modelo.
No modelo de bielas e tirantes as bielas so representadas por campos
de tenses de compresso, resistidas pelo concreto, e os tirantes so
representados por campos de tenses de trao, usualmente resistidas pela
armadura. Ocasionalmente, o concreto pode absorver as tenses de trao,
desde que sejam respeitadas as condies de segurana relativas resistncia
a trao do concreto.
Buscando-se representar a estrutura real, constri-se um modelo
idealizado, o qual constitudo por barras, comprimidas e tracionadas, unidas
por ns. As foras nas bielas e nos tirantes so calculadas por equilbrio entre
as foras atuantes internas e externas.
O processo do caminho de carga permite que se criem modelos
analisando-se os fluxos de tenses na estrutura. Utilizando mtodos
numricos, como o mtodo dos elementos finitos, podem ser expressas as
tenses elsticas e suas direes principais, o que permite uma direta
determinao do modelo. As bielas podem ter as direes das linhas mdias
dos campos de compresso e os tirantes as linhas mdias dos campos de
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
32
trao. Um exemplo simplificado do processo do caminho de carga, e suas
etapas bsicas, pode ser observado na viga-parede da Figura 2.5.
Figura 2.5 - Processo do caminho de carga
A norma canadense CSA-A23.3-94 (1994) entende que, aps
significativa fissurao, as trajetrias principais das tenses de compresso no
concreto aproximam-se de linhas retas, as quais podem ser tomadas como
bielas, os tirantes representam a armadura principal de trao e as regies
nodais so definidas pelas regies de encontro entre bielas e tirantes. O
Cdigo Modelo CEB-FIP (1990) indica que, desde que as armaduras sejam
dimensionadas de acordo com os campos de tenses elsticas, as verificaes
em servio no precisam ser efetuadas.
2.8.3 PRINCPIOS BSICOS DO MODELO DE BIELAS E TIRANTES
Pode-se entender o modelo de bielas e tirantes como um modelo de
trelia mais abrangente. Esse modelo tem por base o mecanismo resistente
das vigas de concreto armado, resultando em representaes dos campos de
trao e compresso das mesmas. Os campos comprimidos so as diagonais
-
Captulo 2 As vigas e o modelo de bielas e tirantes
33
de concreto limitadas por duas fissuras consecutivas e o banzo comprimido de
concreto (banzo superior, no caso de carregamento na face superior da viga), o
qual pode apresentar barras de ao no caso de vigas com armadura dupla. Os
campos tracionados correspondem armadura transversal (pendurais ou
montantes das trelias) e ao banzo tracionado (banzo inferior, no caso de
carregamento na face superior da viga), composto pela armadura longitudinal
da viga. O modelo prope analisar a viga de concreto armado como uma
trelia, estrutura formada por barras, em que as bielas e os tirantes esto
ligados por ns, como mostrado na Figura 2.8 - b.
Em outras palavras, o modelo consiste na representao discreta dos
campos de tenso de trao e dos campos de tenso de compresso nos
elementos estruturais, sendo que as bielas representam os campos principais
de compresso e os tirantes representam os campos principais de trao. A
trao pode ser absorvida por uma ou mais camadas de armadura. As bielas e
os tirantes so interligados por elementos pontuais denominados de ns, os
quais do origem s regies nodais. Estas, por suas vezes, constituem um
volume de concreto que envolve os pontos de interseco dos elementos do
modelo. A Figura 2.6 apresenta um modelo de bielas e tirantes aplicado a um
apoio em dente de uma viga, com todos os seus elementos bsicos descritos.
O modelo de bielas e tirantes adotado funo da geometria da
estrutura e das aes atuantes em seu contorno. Segundo SILVA & GIONGO
(2000), normalmente pode-se obter a geometria do modelo analisando-se os
seguintes aspectos:
1. tipos de aes atuantes;
2. ngulos entre bielas e tirantes;
3. reas de