2001 chempor pessoa et al

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  • 7/24/2019 2001 Chempor Pessoa Et Al

    1/9

    Sntese e aracterizao de um Superplastificante para eto

    M. B. Pessoa \ P. Bnto 1, F. Pinho de Almeida2, M. F. Coelho2, R. Pereira da Costa2 e A. portuga

    1

    Departamento de Engenharia Qufmica Faculdade de Cincias e Tecno/ogia da Universidade de Combra. Plo 1/ Pinhal de

    Marrocos. 3030 290 Coimbra

    Portugal

    2

    BRESFOR. Indstria do Fonnol

    SA.

    Estrada da

    SaCO/ ,

    3830 Gafanha da Nazar

    PottugaI

    RESUMO

    A maior parte das estruturas da construo civil exigem um betio fresco com elevados niveis de trabalhabilidade. Estes

    nveis so conseguidos com a adio de uma quant idade de gua vir ias vezes superior

    teoricamente necc:ssria, limitando

    as propriedades fisicas do beto resultante. A soIuio para este problema consiste na adio, na mistura inicial. de

    substncias fluidificanlcs, que proporcionem uma diminuiio da quantidade de gua. Estas substncias so conhecidas por

    supcrplast if icantes ou agentes redutores de gua de alta gama.. Estes adit ivos so compostos qumicos base de pol meros

    orgnicos solveis em gua, que contm grupos sulfito ligados is cadeias polimricas em intervalos regulares. A maior

    parte das formulaes comerciais per tencem s seguintes f :mu1ias: condcnsados de melamina-formaldedo sulfooados

    SMF , condensados de naftaleno-formaldedo sulfonados SNF e linhosulfonatos modificados MLS . Mais recentemente.,

    surgiram no mercado produtos de natureza diferente conhecidos por polmeros de ter carbOJdlico CE . Na prtica, as

    partculas de cimento aderem umas s outras, delimilando gua no seu interior. Deste modo, parte da superficie das

    partculas de cimento no fica disponivel para a hidratao, nem mesmo a gua que permanece no interior. Como

    consequncia, a mistura toma-se muito viscosa e origina betes com baixas resistncias mecnicas. Os superplasti ficantes

    vo provocar a disperso dos aglomerados de partculas, reduzindo assim a viscosidade da pasta. aumentando a

    traba1habil idade e as resis tncias mecnicas. No presente trabalho foram sintet izados condensados SMF em trs etapas

    reaccionais consecutivas: meti lolao, sulfonao e polimerizao. O processo foi desenvolvido em meio aquoso. onde o

    pH do meio o parmetro operatrio mais importante . Outras condies operatrias, nomeadamente a temperatura e a

    proporo de reagentes, tm tambm que ser tomadas em considerao. As condies processuais foram ajustadas por

    forma a melhorar as propriedades mecnicas do beto. Procedeu-se caracterizao do produto f inal por espectroscopia

    FT/R Fourier rransfonn /nfrared e cromatografia GFC Gel Filtration Chromatography . O mecanismo de actuaAo dos

    supcrplastificantes foi identificado e estudado recorrendo a tcnicas de microscopia ptica.

    Palavras-cbave: superplastificante. beto. sntese, caracterizao, microscopia ptica, FT/R. GFC.

    INTRODUO

    O cimento Portland um ligante hidrulico: mistura em p que dispersa em gua, formando

    uma pasta, que posteriormente endurece e no se desintegra, em virtude de processos e

    reaces de hidratao. Quando combinado com areia e pedra mida agregados inertes d

    origem ao chamado beto, material extremamente rgido e muito resistente compresso.

    A maior parte das estruturas da construo civil exigem um beto fresco com elevados nveis

    de trabalhabilidade. Este termo genrico da tecnologia do beto designa a maior ou menor

    facilidade com que o beto transportado e colocado. Entre as principais propriedades

    elementares que intervm na trabalhabilidade destacam-se, entre outras, o ngulo de atrito

    interno, a coeso, a viscosidade ou a massa volmica.1

    Os elevados nveis de trabalhabilidade so conseguidos com a adio de uma quantidade de

    gua vrias vezes superior teoricamente necessria, limitando as propriedades fsicas do

    beto resultante, A soluo para este problema consiste na adio de substncias fluidificantes

    na mistura inicial. Estes aditivos so compostos qumicos

    base de polmeros orgnicos e so

    conhecidos como superplastifcantes ou agentes redutores de gua de alta gama.

    I

    As principais vantagens da utilizao dos superplastificantes no beto so as seguintes: alta

    trabalhabilidade, resultando assim uma fcil colocao sem diminuir a consistncia ou a

    resistncia final; altas resistncias mecnicas para uma trabalhabilidade normal, mas menores

    Autor para o qual a correspondncia deve ser endereada:

    Tel.: +351239798741; Fax: +351239798703; E-mail: [email protected]

    1539

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    T8 Emerging TechnoJogies

    quantidades de gua; misturas com menos cimento, mas com trabalhabilidade e resistncias

    normais.

    Ora na prtica, as partculas de cimento aderem umas s outras delimitando gua no seu

    interior. Deste modo, parte da superfcie das partculas no fica disponvel para a hidratao,

    nem mesmo a gua que permanece no interior. Como consequncia, a mistura toma-se muito

    viscosa e origina betes com baixas resistncias mecnicas. Os superplastificantes vo

    provocar a disperso dos aglomerados de partculas, reduzindo assim a viscosidade da pasta,

    aumentando a trabalhabilidade do beto e as suas resistncias mecnicas.2

    Estes materiais so polmeros lineares solveis em gua que contm grupos sulfito ligados s

    cadeias polimricas em intervalos regulares. A maior parte das formulaes comerciais

    pertencem s seguintes fann1ias: condensados de melamina-formaldedo sulfonados (SMF),

    condensados de naftaleno-formaldedo sulfonados (SNF) e linhosulfonatos modificados

    (MLS).3 Mais recentemente, surgiram no mercado produtos de natureza diferente conhecidos

    por poImeros de ter carboxlico (CE). Os produtos penencentes s fanulias SMF, SNF e

    MLS, so os mais comercializados, sobretudo sob a forma de sais de sdio. As respectivas

    estruturas qumicas so apresentadas na Figura 1.

    a

    n

    b

    f

    rHOH J

    c Q f f f Q

    H NaS 3 H HO OCH3

    n

    lei

    Fillura J - Estruturas molt culares dos SU1Jt rvlast ificantes sob a forma dI: sais dI: . ,dio la) SMF. ibi SNF.lc) MLS.

    A razo AlC (relao entre as quantidades de gua e cimento, em massa) um parmetro

    fundamental na avaliao da resistncia mecnica do beto e da sua trabalhabilidade. Este

    factor directamente proporcional trabalhabilidade, mas inversamente proporcional

    resistncia mecnica. Deste modo, para um beto se' muito resistente, deve incluir um

    substncia redutora de gua na sua composio, por forma a baixar a razo

    AlC,

    aumentando

    as resistncias e mantendo um elevado nvel de trabalhabilidade. Os superplastificantes

    podem induzir uma reduo de gua da ordem dos 25 , sem afectar a trabalhabilidade.1

    No presente trabalho foram sintetizados condensados SMF em trs etapas reaccionais

    consecutivas: metilolao, sulfonao e polimerizao.~5 O processo foi desenvolvido em

    meio aquoso e foram identificadas as condies operatrias mais importantes. Estas foram

    ajustadas por forma a melhorar as propriedades mecnicas e a capacidade de escoamento das

    pastas de cimento.

    Os produtos finais foram caracterizados por espectroscopia

    FTlR Fourier Transform

    lnfrared)

    e cromatografia

    GFC Gel Filtration Chromatography).

    As suas propriedades foram

    comparadas com as de um produto comercial da mesma natureza qumica. O mecanismo de

    actuao dos superplastificantes foi identificado e estudado recorrendo a tcnicas de

    microscopia ptica.

    1540

    M. Pessoa, P. Brito, F. Almeia, M. Coelho, R. Costa, A. Portugal 2

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    Sntese e Caracterizao de um Superplastificante para Beto

    PRO EDIMENTO EXPERIMENT L

    Sntese de condensados SMF

    As propores mais comuns de reagentes so as seguintes para I mole de melamina): 35 - 45

    moles de gua, 2,8 - 3,2 moles de formaldedo e 1,10 - 1,35 moles de Na2S03.

    Na primeira etapa faz-se reagir a melamina e o formaldedo. Trata-se duma reaco de

    metilolao da melamina, isto , de condensao de uma molcula de melamina com trs

    molculas de formaldedo. A reaco tem lugar em meio aquoso, com um pH na gama 8 - lO,

    a 55 0e. O tempo de reaco ronda os 30 minutos. O pH ajustado com NaOH 30 ainda

    antes da adio de melamina

    soluo aquosa de formaldedo.

    Segue-se a etapa de sulfonao do trimetilol melamina. O agente sulfonante utilizado foi

    Na2S03. O pH

    mantido na gama 11 - 12,5. A temperatura do meio no deve ultrapassar os

    80

    e

    O tempo de reaco

    cerca de 45 minutos.

    A terceira e ltima etapa do processo de sntese, a polimerizao, foi condicionada a dois

    estgios: o primeiro em ambiente muito cido, onde favorecida a condensao, e o segundo

    em ambiente neutro, para estabilizao das cadeias. Para tal a soluo arrefecida para 50C

    e o pH reduzido para a gama

    3 -

    4 com H2S04 A soluo deve permanecer nestas condies

    durante cerca de 90 minutos. No fmal deste perodo neutralizada com NaOH 30 .

    Finalmente

    aquecida para 80C e assim permanece durante aproximadamente 60 minutos.

    No fmal a soluo arrefecida para a temperatura ambiente, filtrada para eliminar alguns

    slidos existentes e, por fim, ajustado o pH para a gama 10 - 12.

    Testes de escoamento

    Para comparar a capacidade de disperso dos vrios produtos recorreu-se ao mtodo da Taa

    Ford. Esta tcnica consiste na medio do tempo de escoamento duma mistura, contida num

    recipiente metlico de 250

    em3,

    atravs de um orificio de dimetro conhecido, existente na

    parte inferior do recipiente. A quantidade de superplastificante a adicionar mistura foi

    determinada tendo em conta a concentrao de slidos em cada produto. A fluidez de cada

    pasta condicionou a escolha do dimetro do orificio. Foram testados dois tipos de dosagem de

    gua, cimento e superplastificante.

    Microscopa ptica

    O efeito dispersante dos superplastificantes foi identificado ao microscpio ptico. O aparelho

    utilizado foi um Olympus BH2 UMA com um sistema de aquisio de imagem Olympus

    CUE-CCD.

    As pastas de cimento, com e sem aditivo, foram colocadas em lamelas de vidro e

    fotografadas a diferentes ampliaes.

    spectroscopia FTIR

    A estrutura qumica dos produtos foi estudada por espectroscopia de infravermelhos, tcnica

    analtica muito til na identificao deste tipo de compostos.6 Os espectros foram obtidos a

    partir de amostras slidas dos produtos secos, em discos de KBr, com uma concentrao entre

    0,2 e 0,3 . O espectrmetro utilizado foi um

    NICOLET 750

    para uma banda espectral entre

    4000

    e

    400

    em-I.

    romatografia GF

    A cromatografia de filtrao gel GFC foi a tcnica utilizada para determinar a distribuio

    de pesos moleculares dos produtos sintetizados. Esta tcnica baseada no princpio da

    M. Pessoa, P. Hnto, F. Almeida, M. Coelho, R. Costa, A. Portugal

  • 7/24/2019 2001 Chempor Pessoa Et Al

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    T8 Emerging Technologies

    cromatografia de excluso por tamanho molecular SEC Size Exclusion Chromatography ,

    em meio aquoso. As anlises foram realizadas num equipamento composto por uma bomba da

    K.NAUER acoplada a um refractmetro LC-25 da PERKIN-ELMER. O sistema de colunas

    utilizado era constitudo por uma associao de uma pr-coluna com duas colunas PL Aquagel

    OR-30 (8 J.Jm da POLYMER lABORATORIES. O enchimento destas colunas est preparado

    para separar molculas com pesos moleculares na gama 100 - 30 000.

    Foi demonstrado que utilizando gua desionizada, as interaces electrostticas entre a fase

    estacionria e as molculas de polmero condicionam a separao por excluso molecular.7

    Deste modo, foi necessria a utilizao de solues aquosas de sais como fase mvel para

    eliminar os efeitos da excluso inica. O eluente que proporcionou a melhor separao foi

    urna soluo aquosa de

    NaN03

    0,3

    Me

    NaH2P04 0,01

    M

    com pH = 9,8. O caudal de eluio

    foi 1 mUmin, para urna concentrao das amostras de 1 . Antes das anlises, todos os

    produtos foram submetidos a dilise em gua com membranas de celulose

    Spectra/Por 1 000.

    RESULT DOS E DIS USSO

    ondensados SM

    As propores relativas de reagentes foram modificadas de ensaio para ensaio (ver Tabela 1).

    Contudo, a maior modificao registou-se na quantidade de gua, que por sua vez se traduz

    em importantes diferenas de concentrao do produto final.

    Tabela 1- Propores relativas de reagentes. para uma mole de melamina.

    Reagente Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3

    Formaldedo 3,2 3,2 3.2

    Na2S03 0.96 1.2 1,2

    Agua 43.0 40.0 32.0

    Para uma reaco ser bem sucedida fundamental um controlo apertado do pH do meio,

    sobretudo na etapa de sulfonao. Se esta etapa no bem sucedida pode pr em causa todo o

    processo. Aps a adio de

    NazS03

    o pH deve ser mantido abaixo de 13, a uma temperatura

    de cerca de

    80C,

    caso contrrio tem lugar uma reaco irreversvel, altamente exotrmica,

    que faz precipitar a melamina. Na Tabela II so apresentados os valores de pH, as quantidades

    de reagentes utilizadas e as quantidades de cido e de base adicionadas durante os acertos de

    pH, para cada etapa reaccional.

    Tabela II

    Qllantidades de reagentes e valores de pH para cada etapa reaccional.

    Metilolajo

    Sulfonajo

    Pollmerlzaio

    54

    1 650

    m/

    de gua

    uantidade

    376 m/ de formol 55

    297 g de Na2S~

    100 m/ de HzSO.50 /

    de reagentes

    20 m/ de NaOH 30

    100 m/de NaOH 30

    296

    Q

    de melamina

    w

    pH Inicial

    10,70

    0.72

    .98/6060.72

    2,32

    ,78/641

    100 m/de

    Quantidade

    1 297 ml de formol 37

    H2SO.50

    300 m/ de H2SO.50 /

    de reagentes

    30 ml de NaOH 30

    300 m/de NaOH 30

    756 9 de Na2S03

    30 9 de melamina

    w

    pH Inicial

    9,40

    0.06

    ,50/6.08

    0,06

    2,68

    ,50/6.67

    120 m/de

    uantidade

    1 297 m/ de formol 37

    H2SO. 50

    170 m/de HzSO.50

    lo/

    de reagentes

    15m/ de NaOH 30

    250 m/ de NaOH 30

    56 9 de Na2S03

    30 a

    de meiamina

    pH Inicial

    10,06

    .02/6.92

    9,47

    0.06

    1,45

    4.05/6,34

    M. Pessoa, P. Brito, F. Almeida, M. Coelho, R. Costa, A. Portugal 4

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    Aditivo

    Controlo

    Comercial SMF

    SMF1

    SMF2

    SMF3

    M. Pessoa, P. Brito, F. Almeida, M. Coelho, R. Costa, A. Portugal

    Sntese

    e

    Caracterizao

    de um

    Superplastificante

    para

    Beto

    Para ~a primeira caracterizao dos produtos das reaces foram analisadas as seguintes

    propnedades das solues finais: percentagem de slidos, viscosidade, pH e densidade. Os

    resultados obtidos so apresentados na Tabela

    m.

    Tabela III Caractersticas dos produtos finais.

    roduto

    or

    Slidos

    H

    Viscosidade

    ensidade

    a 2S C cp

    2S C

    MF1

    zul

    9,9

    2.05

    ,5

    ,18

    MF2

    erde

    3,9

    0,01

    0,0

    ,24

    MF3.'Tlarelo1,5

    0,14

    1.0

    ,30

    Os valores de pH da Tabela

    m

    correspondem aos valores de ajuste depois do arrefecimento e

    filtrao das solues finais. Os diferentes valores de concentrao de polmero e de sais

    residuais sero responsveis pelas diferentes coloraes das solues finais.

    Capacidade de escoamento das pastas de cimento

    As dosagens das duas pastas testadas correspondem a I) uma mistura muito fluida, com a

    dosagem mxima de superplastificante, e 2) uma mistura com a razo NC muito baixa e uma

    dosagem de aditivo intermdia. Os resultados dos testes de escoamento, bem como as

    respectivas dosagens utilizadas, so apresentados na Tabela IV.

    Tabela IV

    Resultados dos testes de escoamento e respectivas dosa ens.

    Tempo de escoamento (s)

    Mistura 1 Mistura 2

    Taa Ford 4 mm Taa Ford 6 mm

    Raz.Io

    Ale z

    0.4 Raz.Io

    AIC

    0.3

    :11.2 . de aditivo :tO.a . ele _

    sem escoamento sem escoamento

    16,55 21,38

    16,98 20,30

    17,09 16,32

    17.65 29,21

    Tal como esperado, as misturas sem superplastificante ensaios de controlo) no conseguiram

    escoar atravs do orificio da Taa Ford. No que respeita ao primeiro teste, o produto

    comercial foi aquele que conseguiu menores tempos de escoamento, isto , melhores

    propriedades de disperso das partculas de cimento. Contudo, os tempos de escoamento das

    misturas com as resinas laboratoriais estiveram muito prximos deste valor. Quanto segunda

    mistura, os resultados foram surpreendentes: os produtos SMFl e SMF2 conseguiram

    menores tempos de escoamento que o produto comercial; o SMF2 melhorou em mais de 20

    o escoamento da pasta de cimento. O produto SMF3 foi aquele que proporcionou os piores

    resultados, em ambas as misturas.

    Visualizao do efeito dispersante

    As propriedades dispersantes dos superplastificantes provocam, de facto, um incremento

    evidente no escoamento das pastas de cimento. Para alm do aumento da trabalhabilidade do

    beto verifica-se tambm uma melhoria das propriedades mecnicas, uma vez que a mistura

    toma-se mais homognea e as partculas de cimento ficam mais disponveis para as reaces

    de hidratao. Atravs de um microscpio ptico foi possvel visualizar este efeito e assim

    perceber o aumento de mobilidade das partculas em gua. Nas imagens da Tabela V so

    comparadas pastas de cimento e gua com e sem superplastificante. Tal como foi referido, os

    aglomerados de partculas so mais pequenos e em menor nmero nas misturas com este tipo

    de aditivos.

    5

    1543

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    T8 Emerging Technologies

    r cteriz o qumic

    Na Figura 2 so apresentados os espectros de infravermelho dos produtos S~1F1 SMF2 e

    SMF3 simultaneamente com o espectro de um produto comercial de natureza S~1F. De uma

    primeira anlise destes espectros podem retirar se as seguintes informaes: sinal forte

    alargado para todos os produtos. na banda espectral compreendida entre 3000 e 3700

    em-I

    correspondente aos grupos OH de terminao das cadeias polimricas e conse~uentes

    ligaes por pontes de hidrognio e s aminas secundrias; entre 1300 e 1750 cm- esto

    localizados os sinais correspondentes ao anel melamnico; as ligaes dos grupos sulfito e as

    pontes metileno ter das cadeias polimricas sero responsveis pelos sinais bem

    diferenciados a 1200 e 1050 em-I, respectivamente.

    a b ei

    Figura 2 Espectros de infravermelho dos produtos SMFl a , SMF2 b e SMF3 c , comparados com o de um produto comercial.

    Da anlise dos espectros das Figuras 2 verifica se que os produtos laboratoriais tm a mesma

    natureza qumica do produto comercial ou seja tratam se de condensados de melamina-

    formaldedo sulfonados. Estes resultados esto de acordo com o que se verificou nos testes de

    5

    M. Pessoa P. Brito F. Almeida M. Coelho R. Costa A. Portugal

    6

  • 7/24/2019 2001 Chempor Pessoa Et Al

    7/9

    Sfntese

    e

    Caracterizao

    de um

    Superplastificante

    para

    Beto

    escoamento do cimento, onde estes produtos se aproximaram das performances dispersantes

    do produto comercial.

    As diferenas encontradas, em algumas bandas espectrais, ficaro a dever-se, sobretudo,

    existncia de sais nas resinas laboratoriais, nomeadamente sulfato de sdio. Este sal uma

    consequncia dos acertos de pH com H2S04 e NaOH. Aps submeter os produtos SMFI,

    SMF2 e SMF3 a um processo de dilise em gua foram repetidas as anlises

    FTIR.

    As

    comparaes entre os vrios espectros so apresentadas nas Figuras 3.

    til ::

    V

    ~~\y1lj~

    - - - - - - -1_

    {Qft

    ~ ~ ~

    Figura

    3-

    Espectros de infravermelho dos produtos SMF I a , SMF2 b e SMF3 c , aps dilise,

    comparados com o de um produto comercial.

    Comparando os espectros dos produtos antes e aps dilise podemos concluir que a

    quantidade de sais suficiente para influenciar a anlise FTIR e explicar as sobreposies de

    sinais verificadas entre 1050 e 1200 em ] Supe-se agora que os espectros da Figura 3

    comparam exclusivamente as molculas de polmero sem sais residuais. Deste modo,

    podemos confirmar as semelhanas estruturais entre as resinas laboratoriais e o produto do

    mercado.

    Determinao dos pesos

    mo/ecula~es

    Na Figura 4 so apresentados os cromatogramas

    GFC

    dos produtos laboratoriais e do produto

    comercial.

    mln

    Figura

    4 -

    Cromatogramas dos produtos.

    Os picos relativos aos polmeros encontram-se entre os 10 e os 17 minutos. No entanto, os

    primeiros picos para o SMFl e o SMF2 aparecem fora do limite de linearidade das colunas,

    tratando-se de pesos moleculares superiores a 30 000, que so todos excludos numa gama de

    tempos de eluio muito apertada.

    A calibrao do sistema foi feita com amostras de polietilenoglicol PEG . A recta de

    calibrao e a respectiva equao apresentada na Figura 5. Na Figura 6 so apresentadas as

    distribuies dos pesos moleculares dos produtos.

    7

    M. Pessoa, P. Brito, F. Almeida, M. Coelho, R. Costa, A. Portugal

    5 5

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    8/9

    ComrOd$Mf

    ___ SMFl

    ,

    --SMF1

    ---.Mf,

    /'

    ,

    ;

    T8

    Emerging Technologies

    ,....

    IIp

    dE

    .-

    R

    ..-

    '-

    .......

    ..........

    ~

    u

    i

    .

    11

    lO

    ,

    >

    E

    ,

    ,

    I

    .,

    .,

    IODO 1aooo

    IIW

    Figura

    5 -

    Recta de calibrao do sisrema Figura

    6 -

    Disrribuiesdos pesos moleClllresdos prodlltos

    Da anlise da Figura 6 verifica-se que os produtos S:MFI e SMF2 possuem fraces de

    molculas com pesos moleculares superiores a 30 000 e este ser o limite de Iinearidade das

    colunas utilizadas. Por outro lado, o SMF3 e o produto comercial tm distribuies com pesos

    moleculares .mais baixos, dentro da gama de linearidade. Deste modo, s foi possvel

    determinar valores mdios para estes dois produtos ver Tabela VI).

    Tabela V1 Pesos moleculares mdios e ndices de polidispersividade

    Produto w w

    Comercial SMF 8 225 1,33

    SMF3 5 359 1,28

    ON LUS S

    Neste trabalho foram demonstradas as propriedades dispersantes dos superplastificantes de

    natureza S:MF. O aumento da capacidade de escoamento das pastas de cimento aps a adio

    deste tipo de substncias foi verificado nos testes de escoamento e observado ao microscpio

    ptico.

    Os espectros

    FTIR

    confirmaram a presena de sais residuais em quantidades significativas nos

    produtos sintetizados. bem como as semelhanas estruturais com o produto comercial.

    Podemos ento supor que a linha de produo deste rroduto inclui um processo de separao

    de sais, ou um mtodo sem a adio de grandes quantl.bdes de cido e base.

    A etapa de polimerizao deve ser estudada com maior pormenor, por forma

    fi

    controlar os

    pesos moleculares e a estudar a sua influncia na trabalhabilidade do beto. Ficou

    demonstrado que estas propriedades esto relacio:1adas: para uma mistura fluida razo

    NC = 0,4) existe um valor ptimo para o peso molecular do produto; para misturas mais

    secas razo A/C = 0.3), o aumento do peso molecuw.r proporciona melhores desempenhos no

    escoamento.

    546

    M. Pessoa, P. Brito, F. Almeida, M. Coelho, R. Costa. A. Portugal 8

  • 7/24/2019 2001 Chempor Pessoa Et Al

    9/9

    Sntese

    e

    Caracterizao

    de um

    Superplastificante

    para

    Beto

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