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Diretoria de Fauna e Recursos PesqueirosCoordenao-Geral de Gesto de Recursos Pesqueiros - CGREPRelatrioPerspectivas do Meio Ambiente para o Brasil

Geo BrasilRecursos Pesqueiros: Pesca Extrativista e Aqicultura Coordenao: Jos Dias Neto - IBAMA/BSB Elaborao: Jos Dias Neto - IBAMA/BSB Suzana Anita Saccardo-IBAMA/SP Geraldo Bernardino - IBAMA/CEPNOR-PA Colaborao: - Coordenao Geral do Programa REVIZEE - SQA/MMA - Centro de Pesquisa e Gesto de Recursos Pesqueiros do Litoral Norte - CEPNOR/IBAMA - Centro de Pesquisa e Gesto de Recursos Pesqueiros do Litoral Nordeste - CEPENE/IBAMA - Centro de Pesquisa e Gesto de Recursos Pesqueiros do Litoral Sudeste/sul - CEPSUL/IBAMA - Centro de Pesquisa e Gesto de Recursos Pesqueiros Lagunares e Estuarinos - CEPERG/IBAMA - Centro de Pesquisa e Gesto de Recursos Pesqueiros Continentais - CEPTA/IBAMA - Coordenao de Estudos e Pesquisas Pesqueiras - COPES/CGREP - Alberto Biriba dos Santos, Geraldo Cllio Batista dos Santos e Joaquim Benedito da Silva Filho Braslia, novembro de 2001 Captulo 2 Tema: Recursos Pesqueiros: Pesca Extrativa e Aqicultura I - Estado

1 - Potencialidades 1.1 - Do Mar que banha a Costa Brasileira O Brasil possui cerca de 8.500 km de linha real de litoral e um certo nmero de ilhas e se estende desde o Cabo Orange (5 N) at o Chu (34 S), situando-se na maior parte, nas regies tropicais e subtropicais (CNIO, 1998). As ltimas revises bibliogrficas sobre as principais caractersticas e potencialidades do mar que banha a costa do Brasil foram feitas por (Dias-Neto & Mesquita, 1988; Matsuura, 1995, FEMAR/SECIRM-MMA, 1996; Lana et. al.,1996; Paiva, 1996; CNIO, op. cit.). As condies ambientais do mar que banha a costa brasileira so determinadas, basicamente, pela ocorrncia de trs correntes: (1) a Corrente da Costa Norte do Brasil, que flui para Nordeste; (2) a Corrente do Brasil, que flui em direo ao sul, ambas resultantes da Corrente Sul-Equatorial que vem da costa da frica e, ao se encontrar com o continente brasileiro, na altura de Joo Pessoa, bifurca-se nas duas direes mencionadas; (3) a Corrente das Malvinas (Figura 2). As duas primeiras apresentam caractersticas comuns, uma vez que so de temperatura e salinidade altas e pobres em sais nutrientes. Estes parmetros, associados alta profundidade da termoclina nas reas percorridas pelas correntes, no permitem que os sais nutrientes alcancem a zona trfica, para favorecer a produo primria, tornando a produtividade do mar baixa nestas regies. A Corrente das Malvinas, com baixa temperatura e salinidade, penetra a regio costeira do Rio Grande do Sul e, atingindo a altura do paralelo 34-36 S, encontra-se com a Corrente do Brasil, formando a Convergncia Subtropical. Esta corrente possui alta concentrao de sais nutrientes. A produtividade da regio Norte incrementada em funo do rio Amazonas. Este despeja um grande volume de gua doce, com elevada quantidade de material de origem terrestre em suspenso, a qual ao se depositar sobre a plataforma continental da foz daquele rio, faz com que a costa dos estados do Par e Amap apresente alta produtividade, especialmente de comunidades do fundo do mar. A regio Nordeste, por sua vez, dada a predominncia das caractersticas da Corrente do Brasil, apresenta baixa produtividade de recursos pesqueiros. Nas regies Sudeste e Sul, a influncia da massa de gua da Corrente das Malvinas, a ocorrncia de ressurgncias ou a penetrao da gua Central do Atlntico Sul ACAS, possibilitam uma maior abundncia de pescado, especialmente at a altura de Cabo Frio. As ressurgncias ocorrem em decorrncia da combinao de fatores como mudanas na direo da Corrente do Brasil, topografia de fundo e efeito dos ventos predominantes na rea. As primeiras tentativas de estimar o potencial de produo de

pescado marinho e estuarino, ao longo da costa brasileira so creditadas a Laevastu (1961) e a Richardson (1964). Considera-se que as mesmas servem apenas como indicadores de reas e recursos pesqueiros mais promissores. Valores detalhados e de melhor preciso foram estimados por Hempel (1971), os quais apontaram um total de 1.725 x 10 t/ano (Paiva, 1996). Yesaki (1971) cuidou apenas dos recursos de peixes demersais ao longo da costa do Brasil. As estimativas apresentadas por Neiva & Moura (1977) e Dias-Neto & Mesquita (1988) distinguiram as regies e ambientes (pelgico e demersal). Ambas consideraram os recursos at 200 m de profundidade e apontaram um potencial total variando entre 1.400 x 10 e 1.700 x 10 t/ano, com destaque para as regies sul e norte e menor participao da regio nordeste. As caractersticas dominantes tropicais e subtropicais contribuem para determinar a inexistncia de estoques densos, explicando a concentrao do esforo pesqueiro sobre aquelas poucas espcies que oferecem condies, em termos de concentrao e potencial, de suportar uma atividade econmica sustentada e mais rentvel. A conseqncia imediata, na ausncia de medidas de ordenamento eficientes, tem sido a depleo e queda na rentabilidade econmica verificadas para importantes estoques ao longo da costa brasileira (MMA/IBAMA, 2001). Objetivando suprir lacunas de conhecimento sobre o potencial de recursos em toda a Zona Econmica Exclusiva-ZEE, o Programa "Avaliao do Potencial Sustentvel de Recursos Vivos na Zona Econmica Exclusiva" - Programa REVIZEE resultou do detalhamento da meta principal a ser alcanada pelo IV Plano Setorial para os Recursos do Mar (PSRM), que vigorou no perodo 1994/1998. O V PSRM, com vigncia para o perodo de 1999 a 2003, manteve o Programa como linha de "pesquisa prioritria", em suas estratgias de ao (CIRM, 1999). A coordenao de sua execuo, a cargo do Ministrio do Meio Ambiente - MMA, tem como estratgia bsica o envolvimento da comunidade cientfica nacional, especializada em pesquisa oceanogrfica e pesqueira, atuando de forma multidisciplinar e integrada. Correntes Martimas do Costa Brasileira (modificado - Matsuura, 1995).

Por ainda encontrar-se em plena execuo, no existem, at o momento, resultados consolidados no que se refere a potenciais pesqueiros, para a rea total de nenhuma das quatro regies do Programa. Est, entretanto, previsto para o ano de 2003 essa consolidao para cada regio e para toda a ZEE brasileira. As informaes preliminares indicam, mesmo assim que, embora haja possibilidade de aumento da produo pesqueira nacional, no provvel que se obtenha qualquer resultado indicativo da presena de estoques de grande magnitude. A despeito da constatao da limitao da ZEE brasileira, em termos de produtividade, h indcios da presena de novos recursos que, mesmo com provveis rendimentos restritos, podero abrir novas frentes de trabalho para a diversificao do esforo de pesca. (MMA/IBAMA, 2001). 1.2 - Das guas Continentais As maiores e principais bacias fluviais existentes no Brasil so a Amaznica, Paran, So Francisco, do Nordeste e do Leste (Menezes, 1972; Paiva, 1983; Petrere, 1989), nas quais ainda so deficientes as informaes bsicas sobre as relaes filogenticas dos peixes e seus hbitos de reproduo, alimentao e crescimento. A simples descrio taxonmica e estudos sobre ciclo de vida tem se limitado s espcies comerciais de maior porte e importncia comercial (Petrere, 1994).

Poucas so as referncias sobre o potencial pesqueiro de guas continentais: para a bacia Amaznica situa-se em torno de 425 a 1.500 mil toneladas/ano (Petrere et al, 1992). Com relao aos grandes barramentos hidroeltricos, Paiva (1976) estimou que o potencial pesqueiro das 46 maiores represas brasileiras da ordem de 123.091 toneladas/ano. No tocante aos audes do Nordeste, as capturas potenciais para os audes como um todo foram estimadas em 130.000 t/ano (Paiva, 1983). 1.3 - Aqicultura O Brasil possui - seja em produo ou em consumo - um grande potencial de mercado para os produtos aqucolas. Apesar desse potencial, historicamente, o pas tem participado no cenrio mundial da atividade de forma tmida para quem detm 12% da gua doce do planeta, 3,5 milhes de km2 de Zona Econmica Exclusiva, 8.500km de costa, alm de clima, diversidade de espcies aquticas, mercados com demanda insatisfeita interna e externamente, disponibilidade de infra-estrutura de apoio e outras condies extremamente favorveis (Bernardino, 2001). Os diagnsticos e as prospeces que emergem dos trabalhos sobre a aquicultura brasileira, evidenciam que esta ser uma das atividades de maior importncia nos prximos anos, contribuindo desta forma para o desenvolvimento da competitividade e sustentabilidade do agronegcio brasileiro. Esses dados, associados vastido de seu territrio, possibilitam ao pas ser o que apresenta o maior potencial do mundo para a produo de pescado atravs da aqicultura (Castagnolli, 1996). Quanto ao nmero de espcies cultivadas, ao contrario do que ocorre nos principais pases produtores, onde cultivado um reduzido nmero de espcies, pelo menos 62 espcies vm sendo utilizadas comercialmente ou experimentalmente na aqicultura brasileira, sendo peixes (51), crustceos (5), moluscos (4), anfbios (1) e algas (l) (Bernardino, op. cit.). Por outro lado, continua esse autor, a gerao e adaptao de tecnologia apropriada para as diferentes espcies cultivadas, exige um trabalho observacional e experimental complexo, composto por inter-relaes que devem ser conhecidas com o mximo de detalhamento em todos os elos da cadeia produtiva, e isto s ocorrer com seleo de espcies prioritrias, disponibilidade de infra-estrutura laboratorial, recursos humanos capacitados e programas de aqicultura regionais e bem gerenciados. Assim, por que no Brasil, pas que detm grande biodiversidade, ocorre a introduo de espcies exticas para a aqicultura? Sem dvida a resposta est no nvel incipiente do conhecimento das espcies nativas. Embora potencialmente exista uma quantidade enorme de espcies que podem ser cultivadas, apenas poucas tm sido estudadas e um menor nmero destas poderiam ser

consideradas razoavelmente domesticadas e para as quais as tecnologias de cultivo avanaram a um nvel que d ao aqicultor alguma segurana de sucesso. No por acaso que as espcies mais cultivadas no Brasil - carpas, tilpias, trutas, camares marinhos e ostras - so as mesmas mais cultivadas em todo mundo. So tambm as espcies mais estudadas e, portanto, que tm tecnologia de produo definida. Isso evidencia o ponto fundamental para no se introduzir ou translocar espcies e concentrar esforos e recursos para que se definam quais os peixes brasileiros mais adequados piscicultura. Deve-se considerar, ainda, alm do potencial zootcnico intrnseco das espcies, as preferncias do mercado e condies regionais. O cultivo de molusco bivalve, no obstante ser uma atividade recente no Brasil, vem-se consolidando de forma integrada ao desenvolvimento responsvel da aquicultura. As produes de ostra de mangue Crassostrea rhizophorae, ostra do Pacifico Crassostrea gigas, mexilho Perna perna e vieira ou pecten Notipecten nodosus tiveram inicio nos finais de 70, 80, e 90, respectivamente. A produo nacional de mexilhes em 2000 foi de 2.500 toneladas e ostras 1,3 milhes de dzias. No caso especifico de mexilhes, a produo nacional oriunda do cultivo em 1990 era de apenas 120 toneladas, sendo hoje o Brasil o maior produtor das Amricas. A situao do Estado de Santa Catarina a que melhor representa o setor, existem 1050 malacultores, organizados em 18 associaes e 4 cooperativas (Proena, 1999). Apesar do grande nmero de vantagens comparativas e competitivas encontrados nesta cadeia, o setor carece de aes que venham a solucionar alguns problemas que se apresentam, entre os quais: (a) variaes nas tcnicas de produo e desconhecimento do custo de produo; b) falta de certificao sanitria (necessria para a comercializao estadual da produo); c) baixa capacidade gerencial dos produtores para operarem as unidades de beneficiamento; d) ausncia de uma mentalidade cooperativista; e) falta de um esquema gil de distribuio do produto; f) poluio visual causada pela falta de padronizao das estruturas, prejudicando a explorao do turismo no litoral; g) inexistncia de estudos para determinao da capacidade de carga das reas de cultivo, levando a prejuzos ambientais, incidncia de doenas, aumento do tempo de cultivo e mortalidade (Ostrensky, 2001) O Brasil tem as melhores vantagens comparativas do mundo para desenvolver, de forma sustentvel e competitiva para desenvolver a carcinicultura marinha. Em 1997, a produo era de 3.600 toneladas, em uma rea de 3.548hectares, e ocupava o 18 entre todos os pases produtores, participando somente com 0,5% da produo mundial. J no ano 2000, sua produo alcanou 25.000 toneladas, em uma rea de 6.250 hectares, ou seja, um aumento de 594% da produo, acompanhado de um incremento somente de

76,2% da expanso de rea, em quatro anos, passando a contribuir com 3,1% da produo mundial e ocupando o 8 lugar na srie mundial. A regio nordeste destaca-se na produo. A produtividade, em 1996, era de 906kg/ha/ano, em 2000, atingiu 4.000kg/h/ano e em 2001 algumas empresas que j usam tecnologia mais intensiva esto conseguindo produtividade de 8.000 a 10.000kg/ha/ano (Bernardino, op. cit.). Preliminarmente, cabe ressaltar que esta produtividade, para o caso do camaro extremamente alta, mesmo comparando com os pases mais tradicionais. Este rpido avano pode ser associado a introduo, em 1993, do camaro branco Litopennaeus vanamei, produo de raes de alta qualidade, `a melhoria das tcnicas de cultivo, melhoria de qualidade das ps larvas e disponibilidade de reas propcias (BNB, 2001 e Madrid, 2001). Prximas Pginas

Diretoria de Fauna e Recursos PesqueirosCoordenao-Geral de Gesto de Recursos Pesqueiros - CGREPRelatrioPerspectivas do Meio Ambiente para o Brasil

Geo BrasilRecursos Pesqueiros: Pesca Extrativa e Aqicultura 2 - Comportamento Geral da Produo A srie histrica oficial disponvel sobre a produo nacional de pescado, para o perodo de 1960 a 1999 mostra uma tendncia de crescimento at 1985, quando atingiu cerca de 971.500t, sendo 760.400t (78%) oriundas das guas martimas e 221.100t (22%) do ambiente continental. A partir de ento, registrou-se um continuo decrscimo, quando, em 1990, a produo foi de apenas 640.300t, das quais 435.400t (68%) e 204.900 t (32%), respectivamente, foram capturadas em guas marinhas e continentais. Os ltimos anos da srie parecem apontar para uma tnue recuperao, sendo que em 1999 obteve-se uma produo total de 744.600t, das quais 445.000t (60%) do mar e 299.600t (40%) das guas continentais. Parece relevante destacar que esta recuperao pode dever-se ao incremento da produo continental, j que a oriunda do ambiente martimo, apesar de alguma flutuao, mostrou uma tendncia de estagnao (Figura 1).

Dias-Neto & Dornelles (1996), ao analisar o acentuado decrscimo da produo total em 1990, assim como da participao da produo martima em relao continental, apresentam pelo menos dois motivos como possveis causas: 1) a sobrepesca pela qual passam os principais recursos pesqueiros, especialmente a sardinha-verdadeira na regio sudeste; 2) a metodologia de coleta dos dados ou possvel duplicao de coletado de deles, o que resultava na superestimativa da produo. Em decorrncia do exposto, esses autores ponderam ainda, que a produo total de pescado do Brasil dificilmente teria chegado a ultrapassar a casa das 850.000t e, em conseqncia, a pesca martima tambm no deve ter ultrapassado a casa das 650.000t. Ainda sobre essa questo, Paiva (1997) ressalta a grande dificuldade para que se tenha boa estatstica da pesca brasileira, seja pela coexistncia de dois sistemas de produes (o artesanal e o industrial), seja porque o primeiro atua sobre um elevado nmero de espcies, com pequenas quantidades capturadas de cada uma, e ampla disperso dos locais de desembarques. At 1994, o comportamento da produo total brasileira era ditado pelo desempenho da pesca martima (Figura 1). A partir desse ano a produo das guas continentais passou e exercer uma influncia mais significativa no comportamento da produo total. relevante ponderar que essa influncia decorreu do incremento que a mesma apresentou nos ltimos cinco anos da srie. Este, por sua vez, decorreu do significativo crescimento da produo oriunda da aqicultura de guas continentais, que passou de 400t, ou cerca de 0,5% da produo total, em 1994, para 114.100t, ou cerca de 18,9%, em 1999. Por sua vez, a pesca extrativa parece encontrar-se estagnada ou, at, em decrscimo (Tabela 01). Quanto, especificamente, a pesca extrativa continental, considerando-se o perodo de 1994 a 1999 (tabela 1), constata-se uma tendncia decrescente. A maior produo foi de 210.277.5t, em 1996, e a de 1999 foi de 185.471,5t. Desta ltima, 98% correspondem a peixes e 2% a crustceos e representou 25% da produo pesqueira nacional naquele ano (IBAMA, 2000).

Dentre as causas de declnio da produo pesqueira continental incluem-se o desmatamento, o garimpo, a poluio de origem domstica, industrial e de insumos aplicados agricultura; a construo de barragens (usinas hidroeltricas) e aterros; a canalizao de rios e crregos que altera os habitats disponveis para alimentao e desova. Infelizmente, muitos dos instrumentos que vem sendo utilizados correntemente para mitigar esses problemas tm se constitudo em fontes de novos prejuzos para a manuteno dos estoques pesqueiros, como por exemplo, o repovoamento de reservatrios com espcies exticas de peixes (Petrere, 1994). Paiva (op. cit.), considerando somente a produo brasileira de pescado estuarino/marinho, para o perodo de 1980 a 1994, calculou uma mdia anual de 600.000 t/ano, sendo cerca de 240.000 t/ano (40%) para a pesca artesanal e 360.000 t/ano (60%) para a pesca industrial. Tabela 01 - Produo por ambiente e total (em toneladas) e participao relativa (%) da pesca extrativa e da aqicultura martima e de gua doce, no perodo de 1994 a 1999. t x 1.000ANO 1994 1995 1996 1997 1998 1999 PESCA EXTRATIVA AQUICULTURA MARINHA CONTINENTAL TOTAL MAR AGUA DOCE TOTAL % 494,3 203,2 697,5 99,5 3,4 0.4 3,8 0,5 413.7 193,0 606,7 92,9 5,4 40,8 46,2 7,1 422,2 210,3 632,5 91,2 8,5 52,2 60,7 8,8 465,7 178,9 644,6 88,0 10,2 77,5 87,7 12,0 432,6 174,2 606,8 85,4 15,3 88,6 103,9 14,6 418,5 185,5 604,0 81,1 26,5 114,1 140,6 18,9 TOTAL 701,3 652,9 693,2 732,3 710,7 744,6

Fonte: IBAMA (2001) A pesca industrial mais importante nas regies sudeste e sul, que so justamente as mais ricas do pas (Paiva, op. cit.) e que receberam mais incentivos fiscais. A pesca artesanal mais representativa no norte e nordeste. Torna-se relevante destacar que a pesca artesanal continua desempenhando um importante papel no cenrio da pesca nacional. Considerando-se que a quase totalidade da pesca extrativa continental de pequena escala ou artesanal, pode-se inferir que, ainda nos dias de hoje, essa pesca responsvel por cerca de 60% da toda a produo extrativa nacional. Em termos da participao regional na produo estuarino-marinha, e considerando o perodo de 1980 a 1994, Paiva (op. cit.) obteve a seguinte mdia: Sudeste: 38,6%; Sul: 34,1%; Norte: 15,6, e Nordeste: 11,7%. O comportamento da produo para a pesca extrativa marinha pode ser considerado "preocupante" e deve merecer ateno por parte dos responsveis pela gesto pesqueira nacional, especialmente quando se considera a perspectiva de sua sustentabilidade (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.; Paiva, op. cit.). J a evoluo da produo total da aqicultura nos ltimos anos parece indicar um futuro bastante promissor, passando de 40.000t em 1994 (Castagnolli, 1996) para cerca de 140.600 toneladas, em 1999, (Tabela 1) correspondendo a um aumento de 263%. Em mdia a aqicultura vem crescendo a taxas de 29,2% ao ano, portanto 4,4 vezes superiores s taxas de crescimento da produo mundial no mesmo perodo. Com isto o

Brasil vem subindo gradativamente no ranking internacional estabelecido pelo FAO, tendo passado de 35 lugar, em 1991, para o 26 em 1999. No entanto, o Brasil contribui apenas com cerca de 0,2% da produo mundial de pescado. Quanto participao das regies na produo total da aqicultura do Pas, em 1999, a regio sul continua ocupando o primeiro lugar, com 55,5% do total, seguida pelo sudeste, com 16,7%, a nordeste com 14,4%, a centro-oeste com 9,1% e a norte com 4,4%. Entre os Estados do sul e sudeste, a produo de pescado esta concentrada no Rio Grande do Sul, com a maior produo (21,6%), Santa Catarina (18,9%), Paran (14,9%) e So Paulo (9,5%). A principal explicao para o fato da produo aqcola ser mais significativa nas Regies Sudeste e Sul, apesar do clima dessas regies serem desfavorveis para o cultivo de espcies como a carpas (Cyprinus spp.), tilpias (Oreochromis nilticus e Tilaoia rendalli) e catfish, so, certamente, o uso de tecnologias apropriadas, a disponibilidade de insumos e a mobilizao das associaes de produtores. 3 - Importncia Social e Econmica 3.1 - Da Pesca Extrativa A pesca no Brasil situa-se entre as quatro maiores fontes de protena animal para o consumo humano no pas. Adicionalmente, as ultimas estimativas indicam que esta atividade responsvel pela gerao de 800 mil empregos diretos, sem falar no fato de que o parque industrial composto por cerca de 300 empresas relacionadas captura e ao processamento. No entanto, os indicadores oficiais que consideram apenas aspectos como a infra-estrutura de apoio pequena produo, o parque industrial, a comercializao e distribuio do pescado e a mo-de-obra envolvidas na pesca extrativa nacional apresentam esta atividade como pouco expressiva no contexto scio-econmico do pas. Porm ao se considerar o aspecto da gerao de empregos e fonte de alimentos para um contingente de brasileiros que vivem no litoral do pas e reas ribeirinhas (na realidade a pesca nacional uma das poucas atividades que absorve mo-de-obra de pouca ou nenhuma qualificao, que seja de origem urbana ou rural - em alguns casos, a nica oportunidade de emprego para certos grupos de indivduos, principalmente para a populao excluda), pode-se verificar a importncia dessa atividade. Esses fatos demonstram que a pesca brasileira um componente fundamental para a socioeconomia brasileira. 3.2 - Da Aqicultura A aqicultura no Brasil uma atividade que envolve 98.557 produtores, instalados numa rea de 78.552hectares, o que perfaz uma rea media de 0,80 hectares/propriedade. A produo media de 1,46 toneladas/ha (Bernardino, op. cit.). A heterogeneidade dos sistemas de produo torna a media global um dos indicadores de desempenho com pouco poder de explicao. Entretanto, esses dados indicam que a aqicultura brasileira, com exceo do setor da carcinicultura, sustentada principalmente por pequenos produtores. Longe de ser um problema, esse fato pode ser encarado como positivo, pois a maioria dos grandes produtores mundiais de organismos aquticos cultivados, so pases cuja a produo realizada em pequenas propriedades (Valenti, 2000). II - Presso

1 - Da Pesca Extrativa A pesca martima no Brasil pode ser classificada, segundo sua finalidade ou categoria econmica, em pesca amadora, pesca de subsistncia, pesca artesanal ou de pequena escala e pesca empresarial/industrial. A pesca amadora praticada ao longo de todo o litoral brasileiro, com a finalidade de turismo, lazer ou desporto, e o produto da atividade no pode ser comercializado ou industrializado. A pesca de subsistncia exercida com o objetivo de obteno do alimento, no tendo finalidade comercial e praticada com tcnicas rudimentares (Dias-Neto & Dornelles, 1996). A pesca artesanal (ou de pequena escala) contempla tanto as capturas com o objetivo comercial associado obteno de alimento para as famlias dos participantes, como o da pesca com o objetivo essencialmente comercial. Pode, inclusive, ser alternativa sazonal ao praticante que se dedica durante parte do ano agricultura pescador/agricultor (Dias-Neto & Dornelles, 1996). Diegues (1983) afirma que a pesca artesanal ou de pequena escala parte de um processo de trabalho baseado na unidade familiar, ou no grupo de vizinhana. Tem como fundamento o fato de que os produtores so proprietrios de seus meios de produo (redes, anzis etc.). A embarcao, predominantemente de pequeno porte, no , necessariamente, um meio de produo, mas de deslocamento, em funo do que o pescador no proprietrio, paga, em parte de sua produo, uma renda que se assemelha renda da terra paga pelo agricultor meeiro. O proprietrio da embarcao tambm, normalmente, um pescador que participa como os demais de toda a faina de pesca. Porm tambm significativa a interferncia de intermedirios, que resulta em se apoderar de significativa parte da renda desses pescadores, conforme se aborda posteriormente. Diegues (op. cit.) subdivide a pesca empresarial/industrial em duas subcategorias: a desenvolvida por armadores de pesca e a empresarial ou industrial. A pesca empresarial desenvolvida por armadores de pesca caracteriza-se pelo fato de os proprietrios das embarcaes e dos petrechos de pesca - os armadores - no participarem de modo direto do processo produtivo, funo delegada ao mestre da embarcao. Estas so de maior porte e raio de ao que aquelas utilizadas pela pequena escala, exigem uma certa diviso de trabalho entre os tripulantes - mestre, cozinheiro, gelador, maquinista, pescador, etc. Alm dos seus motores propulsores, dispem ainda de certos equipamentos auxiliares pesca, exigindo algum treinamento formal para determinadas funes que, no entanto, no substituem completamente o saber-fazer dos pescadores e, sobretudo, do mestre, que o emprega da mesma forma que os pescadores de pequena escala, grupo social do qual, em geral, provm. A mo-de-obra continua, como na pesca de pequena escala, a ser remunerada pelo sistema de partes, ainda que para algumas funes possam existir formas de assalariamento complementar. Na pesca industrial, a empresa proprietria tanto das embarcaes como dos apetrechos de pesca. organizada em diversos setores e, em alguns casos, integra verticalmente a captura, o beneficiamento e a comercializao. As embarcaes dispem de mecanizao no s para deslocamento, mas tambm para o desenvolvimento das fainas de pesca como o lanamento e recolhimento redes, e, em alguns casos, beneficiamento do pescado a bordo, o que no acontece com as artesanais. A mo-de-obra embora recrutada, em sua maioria, entre pescadores de pequena escala ou nos barcos de armadores, necessitam de treinamento especfico para a operao da maquinaria que vem substituir de maneira

mais profunda o saber-fazer adquirido pela tradio. pratica comum o regime de salrio mensal ou semanal, embora apenas como um piso mnimo, pois ainda predomina o pagamento de partes que passam a ser calculadas sobre o valor global da produo. A peca continental , dominantemente, de subsistncia ou artesanal. A ltima apresenta caractersticas similares quelas descritas anteriormente para a pesca artesanal martima. O processo de comercializao da produo da pesca artesanal dominado por uma rede de intermediao. Esta vai do atravessador individual, geralmente algum da comunidade que se especializou na compra e venda de pescado, at os representantes de empresas que compra e financia a produo. Como o excedente dessa comercializao reduzido e irregular, torna-se difcil a acumulao de capital interna atividade. Assim observa-se uma dependncia dos produtores a essa fonte de financiamento, seja no adiantamento em espcie, na abertura de crdito nos pontos de abastecimento de rancho, gelo e leo combustvel, seja nas casas de materiais de pesca (Diegues, op. cit.). Dias-Neto & Dornelles (op. cit.), ao analisar o comportamento das exportaes e importaes brasileiras, no perodo de 1985 a 1994, destacam que apesar das flutuaes, as primeiras apresentaram uma tendncia de decrscimo. As quantidades passaram de 62.130t, em 1985, para 35.561t, em 1994. Os valores variando de US$ 176 milhes, em 1985, para US$ 168 milhes, em 1994. Os dados de exportao dos anos de 1998 e 1999 mostram que as quantidades foram de 31.635t e 36.361t, enquanto os valores foram de US$ 121 milhes e US$ 137 milhes, respectivamente, aparentando, portanto, uma leve recuperao no ltimo ano (IBAMA, 2000 e 2001). J as importaes de pescado, segundo aqueles autores, apresentaram uma forte tendncia de crescimento no volume, passando de 38.624t em 1985, para 157.462t, em 1994. Os valores apresentaram tendncias semelhantes, partindo de US$ 45 milhes, em 1985, para atingir 229 milhes, em 1994. Os dados de 1998 e 1999 mostraram que a tendncia de crescimento continuou, apesar do decrscimo ocorrido nesse ltimo ano. As quantidades atingiram 197.366t e 168.960t, enquanto os valores chegaram a cerca de US$ 433 milhes e US$ 288 milhes, respectivamente (IBAMA, 2000 e 2001). 2 - Da Aqicultura Conforme j abordado, as condies ambientais disponveis no Pas, aliadas ao avano internacional das tecnologias de cultivo, a possibilidade de uso de espcies nativas e exticas, a crescente e insatisfeita demanda por pescados e produtos derivados, dentre outros, so os maiores indcios do incremento da presso da aquicultura. A demanda interna por alimentos dever aumentar, primordialmente, em decorrncia do crescimento populacional e do incremento da renda per capita. Para se ter uma idia, considerando a estimativa de uma populao brasileira de cerca de 184 milhes, em 2005 (IBGE, 1996), associada a um consumo de per capita de 7,0 kg/pescado/ano (Bernardino, op. cit), seria necessrio uma produo total de 1.288.000 toneladas, em 2005, o que representaria um acrscimo no volume total de pescado hoje produzido de cerca 543.500 toneladas. Prximas Pginas

Diretoria de Fauna e Recursos PesqueirosCoordenao-Geral de Gesto de Recursos Pesqueiros - CGREPRelatrioPerspectivas do Meio Ambiente para o Brasil

Geo BrasilRecursos Pesqueiros: Pesca Extrativa e Aqicultura III - Impactos 1 - Da Pesca Extrativa Marinha sobre os principais Recursos Explotados A atividade pesqueira exercida em um ambiente complexo e sujeito a uma srie de efeitos internos e externos, cuja correlao ainda hoje no bem conhecida. Assim, o ambiente aqutico e, conseqentemente, os seres vivos que o habitam, sofrem influncias de oscilaes climticas e oceanogrficas naturais, tornando difceis s previses em termos de pesca (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.). Dentre os vetores de impacto ambiental, destaca-se a poluio de origem domestica, industrial e de insumos aplicados agricultura; a construo de barragens e aterros; a canalizao de rios; o desmatamento; a destruio de recifes, dentre outros, que afetam diretamente o ambiente aqutico e sua produtividade natural. Variaes de longo termo em ambientes marinhos e de gua doce so uma das grandes ameaas para a sustentabilidade das pescarias. Tais mudanas afetam a produo, especialmente o recrutamento, de forma direta, causando distrbios nos sistemas de manejo, uma vez que os cientistas no conseguem distinguir os impactos climticos dos pesqueiros (Walters & Parma, 1996). Como exemplos, a FAO (1995) apresenta uma srie de casos de incremento das populaes de peixes, entre meados dos anos setenta e at a metade dos anos oitenta, ressaltando que parecem constituir uma pauta muito ampla e uniforme em numerosos ecossistemas marinhos distribudos em diferentes oceanos do planeta. Para a pesca brasileira no existem estudos abrangentes e aprofundados sobre estas relaes, existindo apenas alguns estudos de casos isolados como para a pesca da lagosta e da sardinha, no

ambiente marinho, em trabalhos como o de Rossi-Wongtschowski et al. (1996), que apresentaram hipteses sobre as possveis causas das flutuaes na populao de sardinha brasileira, em termos de fenmenos regionais, mudanas climticas de longa escala e aspectos relacionados prpria pescaria. Parece relevante destacar, entretanto, que no caso especfico da pesca martima brasileira, as questes ambientais e demais atividades antrpicas no so as principais causadoras da depleo dos estoques, embora em alguns pontos isolados do litoral isso possa vir a acontecer (Marrul-Filho, 2001). O mesmo parece que no pode ser dito para o ambiente continental. A grave situao da pesca extrativa marinha, descrita inicialmente, foi resultado do comprometimento da renovao dos estoques, ou da sobrepesca dos principais recursos pesqueiros nacionais, alguns dos quais j na dcada de 70, como j alertavam Silva (1972) e Diegues (1983), respectivamente para o camaro-rosa do sudeste-sul e a sardinha-verdadeira. Anlises considerando informaes mais recentes indicam que acima de 80 % dos principais estoques esto em nvel de explorao plena, em grau de explorao acima do seu nvel de sustentabilidade ou j se encontram em fase de esgotamento ou de recuperao devido presso do esforo de pesca aplicado aos mesmos (Dias-Neto & Dornelles, op. cit). Descreve-se abaixo uma sntese da situao dos recursos estuarinos e marinhos que suportam as principais pescarias brasileiras, conforme distribuio espacial representada na Figura 3: q O camaro-rosa da costa Norte (Farfantepenaeus subtilis e Farfantepenaeus brasiliensis) responsvel pela principal pescaria da Costa Norte do Brasil. Apresentou uma tendncia de crescimento at 1987, quando se capturou 10.037t (peso inteiro) e o nmero de barcos em operao atingiu 250 ou o mximo permitido. A partir de ento a tendncia foi decrescente, com ressalvas para os anos de 1993 e 1994, sendo que a produo de 1999, foi de 5.089t (peso inteiro). At 1996 se considerava que este era um dos nicos recursos em que a gesto promovida pelo Estado era bem sucedida. Na atualidade so elevadas as possibilidades de que o recurso encontre-se em fase de sobrepesca de recrutamento (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.; IBAMA, 2001). Os demais tipos de camares do Nordeste (Litopenaeus schmitti, Farfantepenaeus subtilis e Xiphoepenaeus kroyeri), so capturados ao longo de toda a costa nordestina e, mais particularmente, nos esturios e reentrncias (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.). A produo total dos noves estados da regio, nos ltimos cinco anos variou de 15.295t, em 1995, a 16.428t, em 1999 (IBAMA, op. cit.) q As lagostas (Panulirus argus e Panulirus laevicauda) so os

mais importantes recursos pesqueiros da regio Nordeste. A produo obtida com a pesca destes recursos apresentou uma tendncia de crescimento at 1979, quando atingiu 11.032t. No ano de 1980, a produo caiu para cerca de 8.000 t, e passou-se a enfrentar um perodo de elevada instabilidade que durou at 1989, sendo que em 1983 e 1986 foram obtidas produes crticas e da ordem de 5000 t e 4440 t, respectivamente. De 1986 at 1991 houve recuperao da produo que chegou a 11.059 t (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.) e posterior decrscimo, com cerca de 6.000 t nos anos de 1998 e 1999 (IBAMA, 2000). Estes recursos encantram-se em elevado nvel de sobrepesca em reas isoladas, possibilitando pescarias com resultados bastante instveis e com lato grau de incertezas quanto a sustentabilidade dos seus usos. q O pargo (Lutjanos purpureus), , historicamente, um importante recurso para a pesca do Nordeste e, mais recentemente, para o Norte. A produo obtida da pesca deste recurso apresentou um crescimento at 1967, decrescendo nos trs anos seguintes, sendo que a partir de 1971 reiniciou um perodo de incrementos que se estendeu at, 1977, quando a produo foi de 7.547t. A partir desse ano a produo flutuou em torno de 5.000t, at 1984, quando passou a novos decrscimos, sendo que as produes de 1988 e 1990 foram de apenas cerca de 1.600t, perodo em que se considera que recurso passou a enfrentar sobrepesca ou, mesmo, colapso (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.; e Paiva, op. cit.). No perodo de 1991 a 1999 a produo apresentou uma tendncia de significativa recuperao, sendo que a do ltimo ano foi recorde e de 9.790t (IBAMA, op. cit.). O comportamento da produo dos ltimos anos pode dever-se a conjugao de dois fatores: a recuperao do recurso em reas sobrepescadas e a expanso a rea total de captura. Entretanto a acentuada participao de jovens nos desembarques tem sido motivo de preocupao dos especialistas. q O caranguejo-u (Ucides cordatus) considerado um dos componentes mais importantes da fauna dos manguezais, sendo encontrado ao longo do litoral brasileiro desde o Oiapoque (Amap) at Laguna (Santa Catarina) (Costa, 1979; Melo, 1996). Nos estados do Maranho e do Par encontram-se as mais extensas reas do ecossistema manguezal (Schaeffer-Novelli et al, 1990), e ambos estados contriburam com cerca de 50% da produo total controlada de caranguejo-u em toda a regio norte e nordeste nos anos de 1998 e 1999, cujos valores mdios foram da ordem de 9.700t; j no Sudeste e Sul, no mesmo perodo, a produo atingiu valores de apenas 632t, em 1998 (IBAMA, op. cit.). q A sardinha-verdadeira (Sardinella brasiliensis) suporta a

principal pescaria industrial na regio Sudeste e Sul do Brasil (220 a 290 S). O recurso apresentou um pico de produo de 228 mil toneladas em 1973, quando a frota era de cerca de 200 barcos. Nos anos seguintes, as capturas variaram de 90 a 140 mil t e a partir de 1987 ocorreu um acentuado declnio, que chegou a 32 mil t em 1990 (Saccardo & Rossi-Wongtschowski, 1991; IBAMA, 1993a, 1994b; Cergole, 1995; Rossi-Wongtschowski et al., 1995). A partir de 1994, a produo voltou a crescer, alcanando 118 mil t em 1997, com declnio leve em 1998 (82 mil t) e brusco em 1999 (25 mil t) (IBAMA, 2001). Estudos com base em uma srie histrica de 21 anos (1977-1997) evidenciaram dois perodos favorveis ao estoque (1980-1984 e 1989-1994) e dois desfavorveis (1985-1989 e 1995 em diante). O ano de 1997 parece ser o incio de um novo perodo desfavorvel, culminando com uma baixssima produo em 1999. Ciclos decadais envolvendo perodos favorveis e desfavorveis comeam a ficar evidente para a sardinha brasileira, a exemplo de outros estoques da Califrnia e do Japo (Cergole et al, no prelo). A situao atual considerada como a de mais srie crise de colapso do recurso. q Os peixes demersais do Sudeste e Sul, com destaque para corvina (Micropogonias furnieri), castanha (Umbrina canosai), pescada olhuda (Cynoscion guatucupa, sin. C. striatus), pescadinha real (Macrodon ancylodon) e pargo rosa (Pagrus pargus), e em menor grau, de elasmobrnquios como cao bico doce (Galeorhinus galeus), cao anjo (Squatina spp) e viola (Rhinobatus horkelli) (Haimovici et al, 1996; Vooren et al, 1990), so responsveis.por importantes pescarias. A produo das quatro primeiras espcies, nos estados de So Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, cresceu at 1977, quando atingiu 53.669t. A partir de ento apresentou algumas flutuaes, decrescendo acentuadamente, em 1988, quando os desembarques foram de apenas 24.934t, verificando-se, em seguida um perodo de recuperao, mas jamais voltado casa das 50 mil toneladas (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.). A produo dos ltimos cinco anos tem variado entre 30 e 40 mil toneladas (IBAMA, op. cit.). Segundo o GPE destes recursos, a partir de 1984, as quatro principais espcies encontram-se plenamente explotadas ou at mesmo sobrepescadas. q A pesca comercial de camares nas regies Sudeste e Sul do Brasil dirigida para as seguintes espcies: rosa (Farfantepenaeus brasiliensis e F. paulensis), branco (Litopenaeus schmitti), sete-barbas (Xiphoepenaeus kroyeri), barba-rua (Artemesia longinaris) e santana (Pleoticus muelleri). A pesca dos camares do gnero Farfantepenaeus praticada sobre dois extratos populacionais, atuando o

q

segmento industrial sobre o estoque de adultos reprodutores, na plataforma continental, e o segmento artesanal sobre as populaes de juvenis em fase de crescimento, nos esturios e baas (D'Incao, 1991). As demais espcies so camares cujos ciclos de vida tem lugar exclusivamente no oceano (Valentini et al, 1991b, 1991c; D'Incao, op. cit.). Dentre os camares, o recurso de maior importncia econmica o camaro-rosa (Valentini et al, 1991a). O comportamento da produo total ditado pelo volume de capturas efetuado pela pesca artesanal, sendo que a produo recorde aconteceu em 1972 (16.629 t), com os outros picos tambm coincidindo, assim como uma das menores produo, a de 1994, de apenas 2.072 t (IBAMA, 1995 a). A produo total do camaro-rosa do Sudeste/Sul em 1998 foi a menor da srie histrica e de apenas 1.901t. A de 1999 foi de 2.143t (IBAMA, op. cit.). A situao deste recurso e considerada crtica (Dias Neto, 1999a). O camaro sete-barbas capturado no Sudeste e Sul do Esprito Santo a Santa Catarina. O comportamento dos desembarques totais deste recurso mostra uma tendncia de crescimento at 1973 (13.954 t), com decrscimos e recuperao at o novo recorde atingido em 1982 (15.580 t). A partir de ento se registrou um perodo de flutuaes, com tendncia sempre decrescente da produo at 1991 (4.657 t). Recuperando-se novamente em seguida, atingindo valores de 7.119 t em 1997. A produo de 1999 foi de apenas 4.116t, a mais baixa dos ltimos trinta anos (IBAMA, op. cit.). A situao do recurso considerada preocupante (Dias Neto, 1999a). A pesca de atuns e afins no Brasil uma das mais complexas, seja pela variedade de mtodos de captura que utiliza, seja pela quantidade de espcies envolvidas, alm de ser praticada ao longo de toda a costa (Dias Neto, 1996). As espcies mais importantes so: o bonito-listrado (Katsuwonus pelamis), as albacoras (Thunnus albacares, T. alalunga, T. atlanticus), o espadarte (Xiphias gladius), o dourado (Coryphaena hyppurus), a cavala (Scomberomorus cavalla), a serra (Scomberomorus brasiliensis), os agulhes (Istiophorus albicans, Makaira nigricans e Tetrapterus albidus) e vrias espcies de tubares, dentre outras. A pesca de atuns no Brasil tem apresentado um desenvolvimento modesto se considerarmos que a atividade foi iniciada em fins da dcada de 50 e, em 1995, o Brasil aparece com uma produo da ordem de 30.000 t, situando-se, portanto, com uma participao de cerca de 5% da captura total do Atlntico e mares adjacentes, conforme demonstram as estatsticas oficiais da ICCAT (IBAMA, 1998 a). Os dados dos anos de 1996 e 1997 mostram um crescimento expressivo da produo total, mas a participao brasileira na captura total

do Atlntico continua em nveis modestos (IBAMA, 1997). A produo total, incluindo caes, de 1998 e 1999 foi de 44.236t e 39.262t, respectivamente (IBAMA, 2000 e 2001). A situao de explorao das espcies mais importantes em toda a rea do Atlntico Sul, segundo informaes da ICCAT, a exceo do bonito-listrado, de plena explotao para umas ou de sobrepesca para outras (Dias-Neto, 1999a).2 - Da Pesca Extrativa Continental A situao da pesca continental no Brasil analisada, a seguir, por bacia hidrogrfica.q

A Bacia Amaznica tem sido analisada por diversos autores (Bailey & Petrere, 1989; Merona, 1990; Santos & Ferreira (1999); Isaac & Ruffino in IBAMA, 2000). Ela pode ser caracterizada como dotada de grande heterogeneidade espacial e temporal, elevada diversidade especfica e alto rendimento. O acompanhamento da pesca comercial, que realizada em um raio entre 100 e 1000 km a partir de grandes centros urbanos, revela que esta incide sobre um grande nmero de espcies (Bailey & Petrere (1989). A composio das captura apresenta uma significativa variao espacial e temporal, dominando, entretanto a curvina (Plagioscion squamosissimus), os grandes cicldeos, especialmente os tucunars (nome cientfico), os proquilodontdeos, com destaque para os jaraquis (Semaprochilodus insignis e S. taeniatus), o curimat (Prochilodus nigricans), os anostomdeos e hemiodontdeos, e o tambaqui (Colossoma macropomum) (Petrere, 1978 a, 1978 b, 1982; Bailey & Petrere, 1989). Ressalta-se que a nica pescaria de gua doce na Amaznia direcionada industria a da piramutaba (Brachyplatystoma vaillanti), que se restringe foz do rio Amazonas e o pescado destina-se exportao para o sul do Pas ou para o exterior. q No caso especfico da piramutaba, a maior produo aconteceu em 1977 (28.829t), apresentando uma tendncia de decrscimo com algumas flutuaes at 1992, quando a produo foi de apenas 7.070t (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.). A produo de 1999 foi de 22.087t (IBAMA, op. cit.) e se considera que o recurso se encontre em fase de recuperao de um elevado grau de sobrepesca. H ainda a pescaria de peixes ornamentais, exercida principalmente na bacia do rio Negro, cujos exemplares so destinados essencialmente exportao (Estados Unidos, Alemanha e Japo), com marcante predomnio do cardinal tetra (Paracheirodon axelrodi). A pescaria em reservatrios realizada essencialmente por pescadores profissionais e tem uma composio especfica varivel, especialmente no incio da explotao sendo, gradativamente, dominada pelo tucunar

(Cichla monoculus). Avaliaes do "status" dos recursos pesqueiros da Amaznia os tm considerado, como um todo, sub-explotados (Bailey, 1981; Petrere, 1983; Welcomme, 1990), porm com riscos localizados ou especficos. Bailey & Petrere (1989) relatam o declnio da captura de espcies de maior porte em reas prximas aos maiores centros urbanos. A depleo dos estoques de algumas espcies desembarcadas em Manaus demonstrada por Bittencourt (1991), para quem a pesca nesta regio j est sendo operada em pontos prximos ao nvel de produo mxima sustentvel. Bailey & Petrere (1989) acreditam que a extino de espcies, mesmo em condies de sobrepesca, ser improvvel caso as condies ambientais sejam mantidas. A crescente ocupao antrpica na Amaznia vem, no entanto, colocando em risco os estoques e o rendimento pesqueiro nesta regio; as perturbaes ambientais decorrentes desta ocupao relacionam-se construo de barragens, garimpagem e desmatamento. q Na Bacia do Nordeste, o Rio Parnaba (rea de 362.000 km2) constitui-se em uma importante regio de pesca, situando-se entre os estados do Maranho e Piau. As pescarias artesanais nos lagos de vrzea da baixada maranhense, influenciados pelos rios Pindar, Graja e Mearim, so altamente sazonais porque eles secam quase completamente no vero. Na poca da vazante so capturadas: a curimat (Prochilodus lacustris, P. cearensis, P. argenteus), a pescada (Plagioscion sp) e os piaus (Schizodon sp, Leporinus sp), principalmente com tarrafas. A produtividade varia de 50-250 kg/homem/ano, o que representa nmeros relativamente baixos (Paiva, 1973, 1976). Nos audes pblicos do nordeste os recursos pesqueiros mais importantes capturados no perodo de 1977 a 1986 foram a tilpia do Nilo (Tilapia niloticus, 26%), a pescada do Piau (Plagiosion squamosissimus, 22%), os camares (Macrobrachium spp, 11%), o tucunar comum (Cichla ocellaris, 10,9%) e a curimat comum (Prochilodus cearensis, 6,4%) (Paiva et al, 1994). q Na Bacia do rio Paran, a composio do pescado apresenta, tambm, uma notvel heterogeneidade espacial e temporal. Assim, nos trechos mais livres da bacia , o pescado composto principalmente por espcies migradoras de maior porte como o pintado (Pseudoplatystoma corruscans), dourado (Salminus maxillosus), barbado (Pinirampu pirinampu), piaparas (Leporinus elongatus e L. obtusidens), mandi (Pimelodus maculatus) e, mais recentemente, o armado (Pterodora granulosus) (Petrere & Agostinho, 1993), com amplo domnio dos dois primeiros. J nos reservatrios dos trechos superiores da basia, a pesca dominada pela curvina (Plagiosion squamosissimus), mandis (Pimelodus maculatus e

Iheringichtyhys labrosus), curimbas (Prochilodus lineatus), pequenos caracdeos (Astyanax spp, Moenkhausia intermedia) e trara (Hoplias malabaricus) (Torloni et al, 1991; Correa etal, 1193; Carvalho Jr et al, 1993 a,b, Moreira et al, 1993). No reservatrio de Itaipu, os desembarques so compostos por cerca de 50 espcies, das quais cinco contribuem com 78% do rendimento anual (1.600 tons). So elas a sardela (25%), corimba (19%), curvina (16%), armado (14%) e cascudo preto Rhinelepis aspera (4%) (Agostinho et al., 1993b). Os dados de rendimento pesqueiro e composio do pescado permitem evidenciar que (a) as grandes espcies migradoras, tidas como "nobres" na pesca comercial, tm seus estoques depauperados nos segmentos superiores da bacia; (b) reservatrios dotados de trechos livres a montante e/ou com grandes tributrios laterais, mantm um estoque explotvel de espcies migradoras de mdio porte; (c) os trechos livres da bacia comportam ainda estoques considerveis de grandes migradores (Agostinho, 1993). q A pesca na bacia do So Francisco foi exercida no ano de 1985 por aproximadamente 26.000 pescadores (Planvasf, 1989). A produo de pescado para este perodo foi estimada em 26.100t (Sato & Godinho, no prelo). Nos trechos livres da bacia, as espcies dominantes nas pescarias so as migradoras de grande porte, como o pintado (P corruscans), curimat (Prochilodus marggravii), dourado (Salminus brasiliensis) (Sato & Godinho, no prelo). Embora com certa importncia no reservatrio de Sobradinho, as espcies migradoras, com exceo do curimat, so inexpressivas na pesca do reservatrio de Trs Marias, onde domina espcies sedentrias de porte mdio e de menor valor comercial (Agostinho, 1993). A bacia do So Francisco conta com 11 represamentos e tem uma rea alagada que corresponde a cerca de 23,3% da rea represada no Pas (Planvasf, 1989; Sato & Godinho, no prelo). Este quadro relevante ao se considerar o preocupante estado de conservao da ictiofauna nesta bacia, particularmente em relao aos estoques das espcies reoflicas. Na bacia do Leste, da boca do So Francisco at o extremo sul de Santa Catarina, foram listadas 285 espcies das quais 95% so endmicas (Bizerril, 1994). Nessa bacia ocorrem as maiores concentraes urbanas do pas com grande impacto sobre essa importante ictiofauna. Seus rios, como o Paraba, Doce e Jequitinhonha, so comparativamente curtos, e os principais recursos pesqueiros so a trara (Hoplias malabaricus) e vrios bagres (Pimelodidae) (Petrere, 1989). q Deve-se ainda mencionar a Bacia no alto rio Paraguai, onde as pescas profissionais e esportivas so tradicionais e incidem essencialmente sobre grandes migradores, como o cachara

(Pseudoplatystoma fasciatus), o pintado (P.corruscans), o pacu (Piaractus mesopotamicus) e a curimba (Prochilodus lineatus), sendo metade da produo da pesca exportada para outras regies, principalmente para o estado de So Paulo; os desembarques foram estimados em 7.505t para o ano de 1983 (Petrere & Agostinho, 1993). Silva (1986) acredita, no entanto, que a pesca clandestina no Mato Grosso do Sul deva alcanar cerca de 50% dos desembarques oficiais. Ferraz de Lima (1993) acredita que a atividade pesqueira possa estar comprometendo os estoques desta bacia. 3 - Da Aqicultura A aqicultura depende fundamentalmente dos ecossistemas nos quais est inserida, e estes devem ser mantidos em equilbrio para possibilitar a manuteno da atividade. E vital entender que a preservao ambiental parte do processo produtivo. Visto por esse ngulo, o impacto da aqicultura sobre os ecossistemas de primordial importncia na avaliao de sua sustentabilidade, porque um ecossistema alterado reage sobre o sistema de produo e pode afet-lo at sua inviabilizao. Entretanto os ecossistemas aquticos so os mais difceis de manejar adequadamente e controlar suas degradaes. A gua, sendo recurso natural fundamental nesses ecossistemas que muitas vezes atingem extensas reas compostas por vrios pases, pode ser sujeita a polticas diferentes: permite vrios usos, portanto assume importncia diferente e abriga numerosas espcies aquticas, muitas sequer conhecidas. A utilizao desse recurso para a produo de alimento, como acontece com os sistemas agrcolas, invariavelmente resulta na alterao da estabilidade dos ecossistemas. Na verdade, como cultura produtora de alimento, os impactos ambientais causados pela aqicultura de um pais ou de uma regio esto intimamente relacionados com o modelo de manejo e sistemas de produo adotados. A aqicultura, como outras atividades agropecurias, desenvolve-se em reas que originalmente eram parte de um ecossistema natural; com a chegada dos projetos aqcolas e sua prticas de criao e manejo, demarcando seus estabelecimentos, estas partes dos ecossistemas passaram a funcionar como agroecossistemas, que so uma frao do ecossistema que tem seus ciclos biogeoquimicos intencionalmente alterados pelo homem, com o objetivo de aumentar a produtividade de alguns organismos nativos ou possibilitar a produo de organismos exgenos (Campanhola et. al., 1996). Alm do mais, como a populao brasileira continua aumentando, vlido afirmar que para atender a crescente demanda de produtos aqcolas, h duas alternativas: 1) a incorporao de novas reas no processo de produo; ou 2) o aumento da produtividade nas reas j utilizadas. Incluindo ainda a importao, existem na realidade trs vias

alternativas seguidas no Brasil, j que o pas o maior importador de pescado da Amrica latina (Bernardino, op. cit.). No pode ser esquecido, entretanto, que os maiores entraves verificados at o momento para a aqicultura so as questes relativas poluio causada pelas fazendas, disseminao de enfermidades entre os organismos cultivados e destes para os selvagens, dependncia dos suprimentos mundiais de farinhas e leo de peixe (componentes bsicos das raes de peixes de animais carnvoros), e os conflitos pelo uso da terra e da gua. Em funo disto, os produtores vem sofrendo presses significativas por parte da opinio pblica e comeam a adotar medidas voltadas ao desenvolvimento sustentvel da atividade, como a utilizao de raes menos poluentes, reduo no uso de produtos qumicos, medidas sanitrias preventivas, reciclagem de gua e reduo de ingredientes de origem animal nas dietas. Essas exigncias sugerem diversas linhas de pesquisa, sobretudo aquelas relacionadas com "tecnologias limpas" de produo, com melhoramento gentico dos produtos alimentcios e com a qualidade em geral (Carvalho & Chamas, 1999). No caso especfico da carcinicultura marinha, embora hoje tecnologicamente vivel, corre o risco de no ser sustentvel se no for revertido o ritmo da degradao que produz durante a implantao e funcionamento dos projetos. Ento, ao se avaliar os problemas da aqicultura costeira, deve ser considerada a natureza dos mltiplos usos dos mangues e a necessidade de preservao dos mesmos (Lisboa, 1999). O processo de gerao, divulgao e adoo de biotecnologias tem se constitudo em um dos fatores importantes para o incremento da aqicultura em todo o mundo, superando as expectativas e sendo largamente empregados nas produes de hbridos, triplides e reverso sexuais, com perspectivas de maior utilizao medida em que estas espcies tornam-se cada vez mais domesticadas. No entanto, mais recentemente, a engenharia gentica tem dado nfase aos estudos para produzir organismos aquticos alterados ou para produzir novos que realizem funes desejadas ou programadas, visando incrementar a tolerncia temperatura, elevar resistncias s enfermidades, aumentar o crescimento, influenciar na regulao osmtica e no comportamento e metabolismo geral, doenas etc. Cabe salientar, que todo o potencial desta tecnologia deve ser encarado enfrentando-se as questes relacionadas com a legislao sobre o tema, a segurana para o ambiente, a sade humana, a propriedade intelectual e a tica cientifica. A Organizao Mundial da Sade (apud Cecarelli & Figueira, 1999) estimou a existncia de 39 milhes de pessoas em todo mundo infectadas com parasitas transmitidos pela ingesto de peixes e crustceos de gua doce, crus ou mau cozidos. Esses autores

ponderam que embora a utilizao de excremento de animais na criao de peixes tenha sofrido avanos tecnolgicos e contribua significativamente na produo mundial de pescado, preciso nunca esquecer que os mesmos contem uma variedade de patgenos virais, protozorios e helmintos, que podem ser transmitidos para o homem pela gua ou organismos aquticos, podendo representar um grande perigo para a sade publica. Prximas Pginas

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GEO BRASILRecursos Pesqueiros: Pesca Extrativa e Aqicultura 4 - Conflitos pelo uso dos Recursos relevante destacar, ainda, o lado de conflito e de competio entre a pesca artesanal e industrial. Nesse contexto, cita-se o exemplo da pesca no Estado do Par, onde a disputa pelo espao da produo e o conflito que ela provoca, em decorrncia da destruio que os barcos industriais impem sobre as redes e espinhis dos pequenos produtores ao passarem sobre estes aparelhos arrastando suas pesadas redes, bem como ao provocarem o afundamento de embarcaes de menor porte. Nesses casos, historicamente, o Estado posiciona-se, face ao conflito, de maneira claramente favorvel aos empresrios capitalistas, seja se omitindo de uma clara luta entre dois segmentos diferentes e antagnicos, seja colocando as prioridades econmicas acima dos conflitos de classe, reforando a dominao dos empresrios sobre os pequenos produtores. O Estado, atravs de estratgias induzidas, provocou um aumento da concentrao de capitais, ao investir maciamente nas grandes empresas. Ignorou, ainda, a riqueza e complexidade das formas organizativas endgenas da pequena produo. Tomou como requisito dual - antigo versus moderno - como esferas independentes de atividades e considerou o pequeno pescador como indivduo reacionrio, inculto e predador, incapaz de assimilar os padres tecnolgicos aspirados pelo Estado e a burguesia industrial (Loreiro, 1985). Na regio sudeste/sul h o caso da pesca com isca-viva, executada pela frota atuneira que pesca bonito-listrado, que desencadeou uma srie de conflitos com os pescadores artesanais e turistas. Pescaria iniciada no final da dcada de 70 e que se desenvolveu rapidamente nos anos 80. A captura da isca-viva, no seu incio, foi realizada pelas traineiras, com redes de cerco. Posteriormente, surgiram

pequenas frotas de cerqueiros especializadas na captura e venda da isca. Em funo da comercializao paralela do excedente de isca, esta atividade foi proibida. Os atuneiros foram obrigados a capturar as suas prprias iscas. Pequenas redes de cerco foram adaptadas frota, que passou a atuar sobre os abundantes cardumes de pequenos pelgicos, mas sempre em regies abrigadas. Na poca, a sardinha-verdadeira, muito abundante e com uma tima sobrevivncia, foi adotada como a melhor isca viva. As manjubas so mais frgeis e necessitam de um manuseio mais cuidadoso aps a captura, j que morrem com muita facilidade. Com a recuperao dos estoques da sardinha, entre 1993 e 1996, as crticas e presses sobre a pesca da isca-viva diminuram. Hoje, com a nova crise, as crticas e conflitos voltaram. Especialmente na ltima dcada, a pesca artesanal no Esturio da Lagoa dos Patos e complexo lagunar Mirim-Mangueira, no Rio Grande do Sul, tem vivenciado a franca diminuio dos estoques pesqueiros e dificuldades para a pesca e os pescadores. As razes dessa situao tem sido o uso de equipamentos predatrios e esforo de pesca acentuado, bem como a presena de pescadores de outras regies que exploram o ambiente com grande intensidade dado o carter temporal de sua permanncia. Aes de gesto na rea esto sendo implementadas com sucesso (CEPERG/IBAMA, 2001). Conflitos entre diferentes grupos de pescadores para os recursos pesqueiros continentais so citados por Agostinho et al (1994) aps a formao do Reservatrio de Itaipu, localizado no Alto Rio Paran na divisa Brasil-Paraguai em meados da dcada de 80. Segundo esse autor, um grupo de pescadores conhecidos como "barrageiros" com alto poder de captura (grande quantidade de aparelhos de pesca) e com caracterstica de atuao temporria (1 a 2 anos) em reservatrios recm-formados, eram financiados por grandes peixarias do Estado de So Paulo causando conflitos com os pescadores e suas associaes locais. IV - Respostas Um primeiro aspecto que se considera a seguir est relacionado com o modelo de desenvolvimento adotado. A tentativa de modernizar a pesca, iniciada no final da dcada de 60 e que se estende at o incio dos anos 80, estava atrelado ao modelo econmico vigente, concentrador de capital, exportador, superdimensionado, tecnologicamente intensivo e ecologicamente predador. O capital estatal via incentivos fiscais e creditcios teve neste processo, enorme papel e importncia. A aplicao deste modelo para o setor pesqueiro no Brasil enfrentou rapidamente srios problemas relacionados com a sustentabilidade dos recursos explotados. A racionalidade ambicionada e posta em prtica neste modelo, pode ser comparada com aquela apontada por Habermas (1987) como "Razo Instrumental", imediatista, que conduziu

explorao sem limites, com resultados conhecidos e desastrosos, conforme demonstram os dados estatsticos de produo j comentados. O conhecimento utilizado nesta grande empreitada pode ser classificado como "mimtico", tal o nvel de acriticismo com que foi importado, assimilado e posto em funcionamento pelos planejadores de poca. O modelo proposto para o setor pesqueiro brasileiro pode ser classificado como "produtivismo tardio", visto que no inicio dos anos 70, o clube de Roma j fazia a crtica deste modelo. O mesmo acontecendo com o movimento ecolgico e ambientalista internacional. Na realidade durante as dcadas de 70 e 80 verificou-se o apogeu e o declnio da pesca nacional (CNIO, op. cit.). O mesmo aconteceu com os principais instrumentos de suporte gesto, como os incentivos ou subsdios, a pesquisa, a estatstico e, inclusive, os aspectos legais. Conforme j discutido, o resultado do uso deste modelo foi o comprometimento de cerca de 80% dos principais recursos pesqueiros marinhos e significativos impactos naqueles de guas continentais, j no final da dcada de 80. A pesquisa passou por srias dificuldades a partir da segunda metade dos anos 80 e incio dos anos 90. A rede de gerao de dados estatsticos tambm a partir de meados dos anos oitenta passou a ser desmontada, levando a que entre 1990 e 1994 no existissem dados consolidados sobre a produo total da pesca nacional. O que s foi possvel recuperar em 1995, atravs de estimativas. A regulamentao da pesca, especialmente nos anos oitenta foi bastante desrespeitada tanto pelos usurios dos recursos como pelos gestores. J a fiscalizao foi dominantemente insuficiente e ineficiente, levando a que a gesto de ento tenha, no mximo, adiado a crise ou o colapso das principais pescarias (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.). O desastroso resultado das polticas implementadas por aquele modelo levou, ainda, a uma insatisfao generalizada, o que contribuiu significativamente para a extino, em 1988, da Superintendncia do Desenvolvimento da Pesca - SUDEPE, autarquia vinculada ao Ministrio da Agricultura e do Abastecimento - MA. O incio dos anos 90 aconteceu sobre a gide de um novo marco. A pesca passa a ser gerida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis - IBAMA, vinculado ao Ministrio do Meio Ambiente - MMA, rgo que passou a considerar os recursos pesqueiros como parte dos recursos ambientais. Optou-se, ento, pela implementao de planos e programas que visaram a recuperao dos recursos pesqueiros em situao de sobrepesca ou ameaados de exausto (Dias-Neto, 1999b), bem como a recuperao da economicidade de suas

pescarias. Assim, principalmente nos anos de 1991 a 1995, ocorreu a negociao, definio e implementao de fortes medidas visando a recuperao dos recursos. Com isto bons resultados foram colhidos. A pesca da sardinha recuperou a produo de 32.000t, em 1990, para 117.642t, em 1997. A da piramutaba recuperou-se de 7.070t, em 1992, para 21.558t, em 1997. A do pargo que havia chegado a 1.612t, em 1990, recuperando-se para 6.085t, em 1997, dentre outras (Dias-Neto, 1999a). Apesar dos bons resultados, uma srie de desgastes foi-se acumulando no perodo. Os usurios dos recursos ambientais estavam acostumados a uma postura menos comprometida com o uso sustentvel e mais paternalista e no gostaram das mudanas. Forte foi, tambm, o impacto causado pelo fim das benesses dos incentivos e subsdios, ento no mais existentes. Este descontentamento teve repercusses junto mquina estatal e foi agravado pelo "cabo de guerra" que passou a existir entre as vrias instncias do Poder Executivo que passaram a concorrer ou competir pela gesto dos recursos pesqueiros (Dias-Neto, 1999b). Tudo foi muito bem explorado pelos imediatistas ou defensores do uso dos recursos a qualquer custo e isso, somado desinformao de parte da sociedade, e principalmente dos tomadores de deciso, favoreceu o surgimento e consolidao de grupos de presso que levaram o governo a tomar uma gama de decises. Estas decises foram, em parte, desnecessrias, ou at conflitantes e absurdas, como a diviso das competncias de gesto de alguns recursos pesqueiros entre dois Ministrios (Agricultura e Meio Ambiente), no final de 1998 e incio de 1999, situao essa que foi considerada por alguns setores como um retrocesso (Dias-Neto, 1999b). Estas decises aconteceram na rea administrativa, legal e gerencial e podem ser traduzidas como resultado do desconhecimento ou da falta de compromisso com a sustentabilidade no uso dos recursos no mdio e longo prazo. Isto propiciou uma total reverso dos resultados positivos que vinham sendo alcanados, com elevadas dificuldades, como no caso da sardinha. Favoreceu, ainda, o comprometimento de outros, como o do camaro da costa norte, at ento considerado o nico exemplo positivo de gesto de uma pescaria no Brasil (veja item 2.1, d). Assim, os anos 90 chegam ao seu final com uma total reverso de alguns resultados positivos alcanados na primeira metade da dcada, quando foi implantada uma moldura institucional e de competncias que chegou a ser chamada de "anarquia oficializada" (Dias-Neto, 1999b). Fortaleceu-se, tambm, um conflito de paradigmas na gesto do uso dos recursos, dentro e fora do Estado. Isto entre os saudosos das polticas desenvolvimentistas do passado e os defensores de trabalho fundamentado em princpios e bases ambientais e voltados ao uso sustentvel.

Os resultados desse perodo indicam, portanto, elevados prejuzos, especialmente e mais uma vez, sustentabilidade no uso dos recursos, onde os pequeno pescadores foram, certamente, os mais afetados. Nos dois ltimos anos teve continuidade o confuso processo de diviso das competncias do Poder Executivo em relao gesto da atividade pesqueira. Prximas Pginas

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Geo BrasilRecursos Pesqueiros: Pesca Extrativa e Aqicultura CAPTULO 4 Perspectivas Futuras: Recursos Pesqueiros Embora ainda haja espao para aumento da produo nacional atravs da pesca extrativa, os dados preliminares obtidos pelo REVIZEE sugerem que no provvel que se obtenha qualquer resultado indicativo da existncia de novos estoques pesqueiros de grande magnitude. No caso das guas jurisdicionais brasileiras, a pesca sustentada por ecossistemas marinhos de regies tropicais e subtropicais, considerados de baixa produtividade primria, apesar da elevada biodiversidade. A despeito da constatao da limitao da ZEE brasileira, em termos de produtividade, h indcios da presena de novos recursos que, mesmo com provveis rendimentos restritos, podero abrir novas frentes de trabalho para a diversificao do esforo de pesca. No se deve perder de vista que um dos caminhos mais eficientes para o incremento da produo nacional pode ser via a implementao de medidas de gesto que favorea a recuperao dos recursos que se encontram em sobrepesca ou colapso, como a sardinha. So fortes os indcios do redirecionamento do comportamento dos segmentos sociais conservadores. Estes, aparentemente, apropriaram-se do discurso ambientalista apenas superficialmente e como tentativa de continuar promovendo o uso dos recursos ambientais de forma insustentvel. Prtica que tem se agravado no atual momento de crise porque passa o Estado e que vem encontrando eco em algumas reas do governo, o que pode vir a fortalecer o retorno das velhas prticas que tantos malefcios causou a atividade e aos recursos pesqueiros. Ou, na melhor das hipteses,

acirrar confrontos entre antigos e novos paradigmas, onde todos sairo perdendo. O risco que se corre hoje o de que propostas tecnicamente infundadas passem a dominar o cenrio poltico nacional. Voltando a tona, assim, propostas megalomanacas que se no forem mal intencionadas so, no mnimo, demaggicas. Isto por apoiar-se em algumas verdades, como a de um pas continental, com 8.500 km de costa, mas serem associadas a algumas inverdades, como um imenso potenciais do seu mar e, portanto, com possibilidade de mais que duplicar a produo nacional de pescado. Especialmente se apoiadas por significativos e bondosos incentivos do Estado. Revelando, finalmente, o seu maior interesse. Filme, alis, j velho conhecido daqueles que verdadeiramente entendem e defendem uma pesca nacional fundamentada na realidade ditada pelas condies ambientais do pas e dissociado de um paternalismo patrimonialista e malfico. Dias-Neto (1999b) pondera que indiscutvel que o discurso megalomanaco como o "desenvolvimentista" ou de "Brasil Grande" bem mais agradvel e fcil de ser aceito. Caminho que, certamente, tem sido trilhado pela maioria dos gestores da pesca no Brasil. Especialmente para "vender" aos incautos ou desinformados propostas desse quilate. O difcil perceber que seus resultados negativos so injustamente divididos por toda a sociedade. Bursztyn (1994), lembra que a crise fiscal e de endividamento pblico impede ou dificulta, hoje, que as velhas formas de garantia da legitimidade das estruturas de poder sejam asseguradas pelas prticas tradicionais de favores pblicos: simplesmente esgotaram-se as fontes de verbas. Na dvida, seria mais oportuno que o gestor brasileiro assimilasse a importante lio de que no convm que as pessoas se habituem a receber o po das mos do governo, porque, menor escassez, mordero a mo que as alimenta (Burke, apud Rosanvallon,1997). Agrava esta constatao, as evidncias de que os sinais de avanos alcanados nos anos 90, esto sendo rapidamente anulados pelas aes promovidas por uma insustentvel prtica do Estado Brasileiro, que parece resultar da utilizao dos mtodos patrimonialistas associados queles neoliberais (Dias-Neto, 1999b). Quanto aqicultura, vrias so as limitaes que tm dificultado o desenvolvimento da cadeia produtiva no Brasil, dentre as quais se destacam: grande nmero de espcies cultivadas, falta de sistema de produo competitivos; carncias de mo de obra capacitada; falta de profissionalismo e ausncia de modernas tcnicas de manejo alimentar, sanitrio e ambiental; ausncia de estudos visando melhoramento gentico; baixa organizao dos produtores para comercializao dos seus produtos; baixa efetividade dos servios de assistncia tcnica: falta de um programa de financiamento para

custeio da produo; falta de adoo de pratica de qualidade de produto, baixa capacidade gerencial que se aplica para toda cadeia produtiva; falta de exigncias de produto com certificados de origem e de qualidade; falta de marketing institucional do produtos e competitividade (Bernardino, op. cit.). Para a harmonia entre a produo de organismos aquticos e a preservao ambiental possa ser alcanada nas condies brasileiras, nada mais sensato do que acompanhar as tendncias internacionais adotando o "Cdigo de Conduta para o Desenvolvimento da Aqicultura Responsvel" (FAO, 1995). A base desse cdigo de conduta so as "Boas Praticas de Manejo", que devero ser identificadas atravs da cadeia produtiva da aqicultura e posteriormente introduzidas em cada um dos elos dessa cadeia industria de insumos, aqicultores, industria de processamento e consumo. importante destacar que os cdigos de conduta devero ser elaborados a partir de um processo participativo que rena aqicultores, representantes da industria de insumos, da industria de processamento, dos rgos de pesquisa e de gesto ambiental. A finalidade desse trabalho conjunto que esses cdigos, socialmente elaborados, venham a ser efetivamente adotados pelos rgos ambientais como parte das regulamentaes da cadeia produtiva da aqicultura nos prximos anos (Queiroz & Kitamura, 2001). Especificamente quanto carcinicultura, a continuidade na evoluo da qualidade e quantidade de camares produzidos no Brasil est vinculada introduo de um programa de ordenamento e fomento que tenha metas confiveis, alcanveis e que contribuam para solues dos problemas do setor, com destaque para a anlise estatstica; o controle da qualidade do meio ambiente, dos insumos e do produto; as pesquisas integradas sobre manejo, biossegurana, biotecnologia e mercado, e a parceria plena entre os setores publico e privado. Portanto, o desafio imposto no apenas o contnuo progresso de aperfeioamento tecnolgico que garanta a rentabilidade e produtividade da aqicultura e aqindustria, mas sobretudo colocar na ordem-do-dia as diretrizes que reflitam uma nova reorientao de possveis vias de desenvolvimento que conjuguem crescimento econmico, com equidade social e uma abordagem preventiva, contando com o decisivo apoio do Estado, da iniciativa privada e da sociedade, para a preservao do meio natural. CAPTULO 5 Concluses: Recursos Pesqueiros A produo da pesca extrativa nacional encontra-se estagnada e o setor pesqueiro sobrevive, h mais de uma dcada, sobre o constante fantasma da crise. Mais de 80% dos principais recursos pesqueiros marinhos encontram-se plenamente explotados ou sob excesso de

explotao, ou at esgotados, ou se recuperando de tal nvel de utilizao (Dias-Neto & Dornelles, op. cit.). Este quadro s se agravou nos ltimos anos. J o comportamento da produo oriunda dos recursos de guas continentais de declnio. O quadro resumido anteriormente pode decorrer das evidncias de at o final dos anos 80 os recursos pesqueiros serem considerados, dominantemente, como um recurso econmico. A gesto era orientada por prticas fundamentadas nas verdades terrestres, mais apropriadas para a agricultura. Somente a partir do incio dos anos 90 a gesto passou a ser fundamentada em princpios ambientais e considerando os recursos como parte do ecossistema aqutico. Esta, alm de mais consistentes com as verdades relacionadas com a atividade pesqueira, representou uma mudana positiva de paradigma. Essa mudana de paradigma foi, na realidade, um reflexo mais geral e relacionado com a incorporao por parte do setor pblico da proteo ao meio ambiente. Preocupao pblica em quase todos os pases, nos ltimos 30 anos. No Brasil tomou uma conotao mais abrangente no final da dcada de 80 e anos 90, resultando nos impactos positivamente j mencionados. O grave, entretanto, que h alguns anos se enfrenta dificuldades, conforme as, em parte, j mencionadas. Um entendimento possvel o de que at o presente as ditas reas ambientais do pas, tanto do poder pblico, quanto da sociedade ou do terceiro setor, ainda no consideram ou incluem os recursos pesqueiros, como um recurso ambiental. Em decorrncia, tambm no os incluram nas suas agendas de problemas ou preocupaes e, como tal, merecedores de ateno quanto a sua depleo ou esgotamento. Ressalvas devem ser feitas para algumas "bandeiras" como baleias, peixe-boi, tartarugas, que apesar de importantes, ainda esto longe de serem suficientes, e tm um carter relacionado "espcies em extino". Lembrando que os demais, alm do valor intrnseco, como recurso ambiental, so o suporte gerao de alimento, emprego e riquezas, no curto, mdio e longo prazo. Especialmente quando explotado na perspectiva de uso sustentvel. Problema adicional reside no fato de se estar trabalhando com recursos "invisveis". Isto dificulta, ao leigo, o entendimento dos efeitos decorrente de seus usos. Adiciona-se a infundada expectativa, dominante at recentemente, do paradigma de um potencial ilimitado. Especificamente quanto aqicultura, inegvel o seu grande potencial de expanso no Brasil. Entretanto , tambm, inquestionvel que seu crescimento deva acontecer respeitando a manuteno da qualidade do meio ambiente e a equidade social, dentre outras condicionantes.

Nesse contexto, nunca demais lembrar que o rpido crescimento da carcinicultura marinha nos ltimos anos vem sendo alvo de crticas por parte de segmentos representativos da sociedade devido destruio de manguezais, poluio da gua, salinizao da gua doce e outros impactos ambientais. Esses impactos ambientais so inegveis e resultam principalmente do mal planejamento e da m gesto de alguns produtores e das instituies governamentais envolvidas, mais do que propriamente de uma conseqncia natural dessa atividade. Como acontece com outros pases, se conduzida apropriadamente, a carcinicultura marinha no prejudicial ao meio ambiente (Queiroz & Kitamura, 2001). Pelo exposto, premente a necessidade de formulao de uma Poltica Nacional para o setor que promova a compatibilizao entre a tendncia de crescimento acentuado da aqicultura em curto prazo com a preservao do meio ambiente, condicionante indispensvel ao desenvolvimento sustentvel da atividade. Veja as Referncias Bibliogrficas

Diretoria de Fauna e Recursos PesqueirosCoordenao-Geral de Gesto de Recursos Pesqueiros - CGREPRelatrioPerspectivas do Meio Ambiente para o Brasil

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