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“20 CONSIDERAÇÕES TÁTICAS RESULTANTES DAS INVESTIGAÇÕES PARA BOMBEIROS” v O presente documento foi traduzido por: ANTONIO FIZ, bombero Ayto. Salamanca v Revisto por: ARTURO ARNALICH, oficial-bomberos CERN JUAN CARLOS CAMPAÑA, sargento- bomberos Ayto. Madrid ROBERTO CAMPOS, cabo-bomberos Ayto. Zaragoza JUAN CARLOS MUÑOZ, jefe de dotación-CEIS Guadalajara v Traduzido a portugês por: PAULO ALMEIDA, Sapador Bombeiro de Vila Nova de Gaia v Revisto por: RUI DIAS, Sapador Bombeiro de Vila Nova de Gaia HUGO FIGUEIREDO, Sapador Bombeiro de Vila Nova de Gaia O documento original está disponivel em: http://ulfirefightersafety.com/news_blog/new-training-top-20- tactical-considerations-from-firefighter-research/

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“20 CONSIDERAÇÕES TÁTICAS RESULTANTES DAS

INVESTIGAÇÕES PARA BOMBEIROS”

v O presente documento foi traduzido por:

ANTONIO FIZ, bombero Ayto. Salamanca

v Revisto por:

ARTURO ARNALICH, oficial-bomberos CERN

JUAN CARLOS CAMPAÑA, sargento-

bomberos Ayto. Madrid

ROBERTO CAMPOS, cabo-bomberos Ayto.

Zaragoza

JUAN CARLOS MUÑOZ, jefe de dotación-CEIS

Guadalajara

v Traduzido a portugês por:

PAULO ALMEIDA, Sapador Bombeiro de Vila

Nova de Gaia

v Revisto por:

RUI DIAS, Sapador Bombeiro de Vila Nova de

Gaia

HUGO FIGUEIREDO, Sapador Bombeiro de

Vila Nova de Gaia

O documento original está disponivel em: http://ulfirefightersafety.com/news_blog/new-training-top-20-

tactical-considerations-from-firefighter-research/

“20 considerações táticas para bombeiros”

v Steve Kerber, diretor do UL no Instituto de investigação para a

segurança do bombeiro, explica os objetivos das táticas centrando o

conteúdo e informa-nos dos autores

Underwriters Laboratories (UL) realizou investigações com Serviços de

Bombeiros durante quase uma década.

A Nossa missão no Instituto de Investigação para a Segurança do Bombeiro (FSRI) é aumentar o

conhecimento dos bombeiros para que possam prestar um melhor serviço á sociedade que protegem, assim

como reduzir as suas lesões e mortes mantendo-os seguros enquanto realizam o seu trabalho. E este é

também o propósito deste singular documento sobre as 20 considerações táticas derivadas das referidas

investigações para bombeiros.

Temas como o colapso de estruturas, a evolução e extinção de incêndios, ventilação, incêndios em

caves, etc., estudaram-se com detalhe para examinar a dinâmica do fogo, assim como também as táticas de

luta contra incêndios.

Estes estudos geraram informação, dados e observações que bombeiros e técnicos dos Estados

Unidos e do resto do mundo converteram em considerações táticas. As considerações táticas são ferramentas

que se podem utilizar e compartilhar de tal forma que os bombeiros possam unir á sua experiência e integrar

nos procedimentos operativos dos seus respetivos Serviços.

Esta integração de conhecimentos e experiência vai permitir aos bombeiros uma melhor avaliação

das suas tarefas, táticas e estratégias, assegurando assim uma maior eficácia e eficiência. A grande conquista

da ciência é que uma vez que se entende como funcionam as coisas, pode-se também comprender aquilo que

ainda não se tenha experimentado.

Ganhar experiência no seu Serviço de Bombeiros é uma tarefa muito complexa: é mais do que ir aos

incêndios. É compreender o que está a acontecer diante de ti e ao teu redor, questões que nem sempre se

podem ver ou sentir. Inclusivamente aquilo que possas observar está a ser afetado pela dinâmica do fogo, o

ambiente estrutural ou as ações de outros bombeiros no Teatro de Operações.

Ninguém num incêndio pode realmente conhecer as condições de todo o edificio. Simplesmente

nunca podes saber o suficiente -nem há tempo-, e sem duvida não deves permitir-te o luxo de esperar a

aprender unicamente através da experiência.

“20 considerações táticas para bombeiros”

Por diversas razões, o nosso ambiente formativo nem sempre reproduz a realidade. Então, como

sabemos que utilizamos as melhores táticas? A investigação, a recolha de dados e a repetição podem ajudar-

nos precisamente a isso.

Assim como o cenário de trabalho dos bombeiros se altera, desenvolvem-se novas tecnologías e

novas táticas para fazer face ás novas ameaças; e a investigação pode ser um banco de provas real que nos

ajude a entender o impacto de todas estas mudanças.

Porque a investigação por si mesma não é a resposta. Deve ser adicionada a experiência, o

conhecimento e o interesse dos bombeiros por colcarem em prática o que tenham aprendido e adecuado ás

particularidades dos seus respetivos Serviços (pessoal, equipamento, tempo de resposta…).

A eficiência do bombeiro está na evolução. Não há uma resposta para hoje nem tão pouco vamos

resolver-la amanhã; é um processo que se encontra em curso no qual todos necessitamos investir.

Das investigações e projetos levados a cabo na última década configuraram-se várias considerações

táticas, compartilhadas por quatro experientes membros dos Serviços de Bombeiros: Derek Alkonis, Todd

A. Harms, Sean Gray y Peter Van Dorpe.

Para mais informações sobre de onde vêm estas considerações e conhecer mais sobre outras, visita

ULfirefightersafety.com

“Sinceramente, Steve Kerber”

Steve Kerber é o director da UL Firefighter Safety Research Institute (FSRI). Dirigiu o

serviço de formação e investigação em incêndios nas áreas de ventilação, colapso

estrutural e dinâmica de incêndios. Trabalhou 13 anos no Serviço de Bombeiros, onde

Kerber passou a maior parte do tempo no parque escola do Departamento de

Incêndios no Condado do Príncipe George em Maryland. Obteve a sua licenciatura e

master no curso de engenharia de proteção de incêndios da Universidade de Maryland e atualmente está a

trabalhar no seu doutoramento na Universidade de Lund, na Suécia. Kerber foi nomeado, com o titulo

honorífico de Chefe de batalhão do Departamento de Incêndios da cidade de Nova York; e em 2014 foi

nomeado pelo IFSI and Fire Engineering George D., instrutor do ano .

“20 considerações táticas para bombeiros”

Não servirão de nada os grandes avanços tecnológicos relacionados com os nossos equipamentos de intervenção, ARICA, câmaras térmicas, etc., se os bombeiros não adquirem conhecimentos nem realizam os treinos necessários acerca da sua utilização e das suas limitações

A) CERTOS TIPOS DE TREINOS E FORMAÇÃO, UNIDOS A UMA SÓLIDA

COMPREENSÃO DA TECNOLOGIA, PODEM PREPARAR MELHOR OS

BOMBEIROS PARA OS DESAFIOS QUE APRESENTAM OS NOVOS CENÁRIOS DE

INCÊNDIOS

1. Nada substitui o conhecimento

Como bombeiros, ás vezes ficamos surpreendidos com a ajuda que os equipamentos e a tecnologia

representam na realização do nosso trabalho, porém com o conhecimento fundamental para o levar a cabo. O

facto é que nenhuma tecnologia pode substituir a necessidade do conhecimento do bombeiro na sua

profissão.

Posicionamentodocenário

Considerações Tácticas 1–4

Foto de FIREGROUND360°

“20 considerações táticas para bombeiros”

Para que um bombeiro seja capaz de aproveitar a tecnologia para uma utilização mais eficiente

precisa de saber para quê usá-la, saber como a usar e conhecer as suas limitações: o conhecimento é a chave.

E no contexto dos incêndios estruturais, o conhecimento significa entender como se desenrolam os

fogos em espaços fechados. Isso implica manter esses conhecimentos atualizados; significa compreender as

investigações de UL e NIST (Instituto Nacional de Tecnología y Normativa), assim como aplicar as

conclusões táticas para salvar mais vidas e proteger mais bens.

Derek Alkonis

No atual ambiente de incêndios as estruturas feitas de materiais de construção ligeiros são capazes de emitir a energia suficiente para alcançar o estado de flashover em menos de 7 minutos, podendo causar um repentino colapso estrutural

2. O teu local de trabalho alterou-se: necessitas evoluir

Os incêndios estruturais alteraram-se com o passar dos tempos. Há 40 anos as estruturas construíam-

se com madeiras de grande espessura e o mobiliário interior era composto maioritariamente por fibras

naturais, o que fazia que num incêndio o fogo evoluia lentamente até um flashover. Comparativamente

com os incêndios de hoje, na generalidade os bombeiros tinham tempo para fazer a busca de vitimas,

localizar o foco de incêndio e extinguí-lo antes de que a intensidade deste superasse a capacidade de

resposta das equipas de extinção para o seu controlo.

Foto de Michael Daley

“20 considerações táticas para bombeiros”

As táticas de extinção de incêndios utilizadas pelas gerações anteriores de bombeiros baseavam-se

nas condições construtivas e nas garantias de segurança do ambiente em que se encontravam as equipas

de bombeiros.

Atualmente, os bombeiros enfrentam os incêndios com uma problemática diferente. O cenário é

formado por estruturas feitas com materiais de construção ligeiros, pisos diáfanos, janelas de vidro duplo

e mobiliário construído com materiais capazes de libertar energia suficiente para originar um flashover

numa habitação em 7 minutos ou menos.

Condições de incêndio que aumentam na intensidade tão rapidamente que requerem um maior

conhecimento do comportamento e da dinâmica do fogo.

Derek Alkonis

3. Segue as regras de treino com fogo real

Ler sobre os novos ambientes estruturais e as modernas táticas de luta contra o fogo é uma coisa

contudo, há uma forma prática onde possam ser observados os novos cenários e os bombeiros possam

controlar o fogo utilizando táticas atualizadas de extinção de incêndios? Sim e não.

Se estás a pensar em recriar um cenário de incêndio atual queimando mobiliário moderno dentro dum

edificio de betão ou de estrutura metálica, vais na direção errada. A atual norma NFPA 1403 deixa claro que

deverão utilizar-se, nos incêndios de formação, combustiveis da classe A feitos de madeira. Isto significa

Os edificios de incêndio são uma boa maneira de ensinar aos bombeiros a dinâmica de incêndios em ambiente/contexto atual. Contudo devemos assegurar-nos que os nosssos programas de treino de fogo real são realizados conforme a NFPA 1403

Foto Cortesia Phoenix FireDepartment

“20 considerações táticas para bombeiros”

que experimentar treino com fogo real numa situação igual -não similar-, a um incêndio real numa

construção com paredes, janelas e mobiliário moderno simplesmente não é possível.

O ambiente formativo e a realidade possuem demasiados elementos diferentes, o que faz com que o

incêndio também seja diferente. Portanto, a nossa capacidade para ensinar técnicas de extinção e ventilação

está limitada.

Os instrutores devem informar os alunos das limitações das experiências formativas. Devem explicar

que, apesar das destrezas necessárias para a extinção e ventilação podem ser similares as dum incêndio real,

o fogo que está a ser controlado é diferente.

Quando só se queimam produtos de madeira numa estrutura de betão, o fumo tem um

comportamento diferente: a quantidade de calor libertado por unidade de tempo é menor, e também se sabe

onde se encontra o foco de incêndio para o extinguir.

Isto não significa que não tenha valor utilizar o fogo real em treinos como experiência para educar

melhor os bombeiros sobre o comportamento do fogo, ou o reconhecimento e controlo dos percursos do

fluxo de gases.

Se o treino é levado a cabo por instrutores capacitados e qualificados, há muito que aprender na

observação sobre como se desenvolvem os incêndios em recintos diferentes dum cenário real: praticando

treino dinâmico e funcional e avaliando as condições do incêndio, identificando onde se encontra o fogo e

para onde se move o fluxo de gases, praticando aplicar água no incêndio a localização mais eficaz e o mais

rapidamente possivel, treinando o establecimento de linhas de água até á porta e o controlo desta para evitar

a entrada de ar, praticando arrefecer o interior com jatos de água e por último, e o mais importante, treinando

a coordenação de ataque interior ao incêndio e ventilação, onde as equipas trabalhem de forma coordenada.

Agora: antes de se entrar na formação dos seus bombeiros utilizando fogo real no treino, considere a

possibilidade de começar uma etapa prévia utilizando as ferramentas existentes tendo em consideração os

recursos e tecnologías que oferece o mercado atual; comece a formar o seu pessoal nas recentes

investigações sobre a dinâmica do fogo de UL e NISH; então, configure a formação sem fogo real com base

nas tarefas necessárias para controlar a trajetória do fluxo de gases de incêndio, busca e resgate de vitimas,

arrefecimento do ambiente, extinção e ventilação.

“20 considerações táticas para bombeiros”

CARATERISTICAS FOGO E TREINO FOGO REAL

Materiais de Construção Cimento, aço, embora as

estruturas adquiridas possam ser

como as reais

Madeira, paredes de gesso ,

metal e tijolo

O desenho da planta

da vivienda

Comumente fixas, embora

alguns tenham paredes diviórias

móveis

tetos normalmente baixos

Grande variedade. Muitas

viviendas na atualidade são

desenhadas com espaços abertos

e tetos altos

Tipos de combustiveis

(conteúdo)

Classe A. Combustão lenta e

baixo potencial de calor radiado

De qualquer classe

Movéis modernos e casa com

produtos quimicos

Combustiveis que emitem mais

energia que os combustiveis de

madeira

Disposição do combustivél Edificios de incêndio desenhados

com pontos de incêndio

localizados

Em qualquer local

Muito variável

Estas oportunidades de formação sem fogo real que incorporam as tecnologías disponiveis

melhorarão as suas habilidades em ambiente seguro e previsivel onde se podem levar a cabo múltiplas

repetições de controlo da trajetória do fluxo de gases e extinção do incêndio.

Derek Alkonis

4. Compreende as transferências de calor através do equipamento de proteção

Uma das lições mais importantes que os bombeiros devem entender é o uso e limitações do

equipamento de proteção individual (EPI). Enquanto os fabricantes continuam a melhorar a ergonomia e os

níveis de proteção térmica do nosso EPI, ainda temos que ter em conta dois fatores críticos: saturação e

acumulação de calor e temperatura.

A proteção térmica proporcionada pelos nossos EPI`s está essencialmente desenhada para

proporcionar o nivel mínimo de proteção necessária para a luta e controlo do incêndio.

“20 considerações táticas para bombeiros”

A maior parte desta proteção térmica supõe-se que será utilizada como a proteção necessária que nos

permita sair com segurança se as condições do ambiente onde nos encontrar-mos se alterar.

Portanto, devemos trabalhar dentro dos niveis de proteção em conformidade aos EPI`s que nos foram

fornecidos, evitando dentro do possivel superar os mesmos.

Outro ponto crítico a ter em conta é que os nossos EPI estão especialmente desenhados para absorver

calor, como sistema de proteção. Mas quando estes equipamentos passam a estar sobre-expostos a elevadas

temperaturas em operações prolongadas, já não podem proporcionar o mesmo nivel de proteção. Neste

ponto, o nosso equipamento chegou ao seu limite, e imediatamente se torna vulneravél a queimaduras

térmicas.

Embora não possamos controlar as limitações térmicas do nosso equipamento, a fim de reduzir a

probabilidade de sofrer lesões térmicas podemos, sem dúvida, melhorar a eficiência operacional, com a

aplicação das táticas corretas.

Sean Gray

Imagem Cortesia UL

pele

Barreiradehumidade

Capatérmica

Capaexterna camisa

arTransferência do calor através do equipamento

de proteção

“20 considerações táticas para bombeiros”

B) A INVESTIGAÇÃO PROPORCIONA NOVOS CONHECIMENTOS SOBRE AS ETAPAS

DE DESENVOLVIMENTO DOS INCÊNDIOS E A TRAJETÓRIA DO FLUXO DE

GASES, E COMO AS TÁTICAS DE EXTINÇÃO DEVEM EVOLUIR COM A

FINALIDADE DE CONTROLAR A PROPAGAÇÃO DO INCÊNDIO

5. O desenvolvimento do incêndio altera-se quando este passa a estar limitado pela ventilação

Uma das primeiras coisas que todos os bombeiros aprendem sobre incêndios é o triângulo do fogo. O

fogo necessita combustivel, calor e oxigénio para sobreviver.

Muitos dos nossos instrutores, que começaram na profissão á décadas, mostraram-nos as etapas de

desenvolvimento dum incêndio, onde este crescia gradualmente no tempo, liberando calor durante um

período aproximado de 20 minutos, para finalmente evoluir bruscamente quando a habitação tenha a

quantidade adequada de combustivel aquecido sem queimar, oxigénio e temperatura para se converter num

flashover. A gráfica (ou curva de temperatura-tempo) assemelha-se a um grande salto de esquí, onde surge

um aumento drástico da temperatura e logo uma fase de queda brusca desta.

Foto de Glen Ellman Considerações táticas 5–10

Dinâmica de incêndios

“20 considerações táticas para bombeiros”

Os incêndios que envolviam combustiveis tradicionais, seguiam uma curva tempo-temperatura que progredia até a sua etapa de total desenvolvimento, culminando em flashover. Os incêndios controlados pela ventilação de hoje em dia atingem o seu ponto máximo, chegam a estar limitados pela ventilação e de novo atingem um pico de intensidade com uma nova ventilação (seja acidental ou iniciada pelo Serviço de Bombeiros)

As etapas de desenvolvimento dos incêndios de hoje em dia são essencialmente as mesmas, com um

pequeno incremento. Caso o fogo avance lentamente com um grande aumento sustentado da taxa de

libertação de calor no seu desenvolvimento a flashover, é provável que os incêndios atuais se extingam

devido á falta de oxigenio disponivel, entrem em declinio e então aumentem bruscamente de novo com uma

maior libertação de calor quando se introduz mais oxigenio. Este segundo aumento da temperatura é o

resultado dum flashover induzido pela ventilação.

O crescimento do incêndio está relacionado, sem duvida, com a quantidade de combustivél e calor

que está disponivel, mas é a quantidade de oxigenio o que marca a diferença em como o fogo permite

libertar calor tão rapidamente. Controlando o oxigenio terás controlado o incêndio.

Derek Alkonis

6. O fogo flui de alta pressão a baixa pressão

Num recinto fechado, o fogo atua como uma bomba. Á medida que arde, os gases quentes (alta

pressão) acumulam-se no teto e movem-se até as zonas de baixa pressão, criando uma via de fluxo dos gases

de incêndio até ao exterior.

Imagem Cortesia UL

“20 considerações táticas para bombeiros”

O ar exterior (que transporta o oxigenio), introduz-se pelas partes baixas através das aberturas do

edificio (portas, janelas, teto…). Equanto o fogo tiver entrada de ar desde o exterior, continuará o incêndio.

Este é um principio importante: um incêndio numa habitação com mobiliário moderno crescerá em

proporção direta ao oxigenio disponivel. Quanto mais oxigenio estiver disponivel, mais rapidamente o fogo

libertará energia térmica e maior será o risco de rápido desenvolvimento do mesmo.

Derek Alkonis

O fluxo de gases é o volume entre uma entrada e uma saída, que permite o movimento de calor e fumo desde a zona de maior pressão dentro do incêndio, até á area de menor pressão acessível pelas portas ou janelas abertas

7. A ausência de evidências não significa nada

Quando os equipamentos de intervenção chegam num primeiro momento ao cenário do incêndio sem

evidências de fumo ou fogo na estrutura, devem estar conscientes e estar alerta sobre a possibilidade de estar

perante condições de incêndio limitado pela ventilação. Quanto se praticar uma abertura, as equipas devem

ler o edificio.

Durante a investigação duma série de incêndios residenciais em UL, observavam-se condições de

fumo denso expulso desde o edificio, o que indicava um fogo bem desenvolvido no interior da estrutura.

Quando se reduziram os niveis de oxigenio no seu interior, as condições no exterior passaram dum fumo

denso a um fumo mais ligeiro, apesar do incêndio continuar.

Imagem cortesia Swedish Rescue Services Aency

“20 considerações táticas para bombeiros”

Investigação do NIST sobre o desenvolvimento do incêndio num edificio: Minuto 3:31: O incêndio arde livremente antes da chegada do Serviço de Bombeiros. É importante observar os sinais exteriores do fumo, indicando um incêndio que arde livremente com todo o oxigenio necessário. Minuto 4:02: O Serviço de Bombeiros chega ao cenário. O incêndio chega ao seu estado de controlado pela ventilação, com uma diminuição da pressão interior do edificio, manifestando poucos ou nenhuns sinais de fumo visivel ao exterior. Minuto 5:08: O Serviço de Bombeiros força a porta de entrada e prepara-se para entrar. O incêndio recebe uma corrente de ar fresco desde a porta de entrada aberta (fluxo de gases) e rapidamente retorna ao seu estado de livre combustão, alcançando eventualmente condições de flashover

Os edificios de construção moderna são tão herméticos que o fogo consome todo o oxigenio

disponivel ficando limitado pela ventilação. Janelas duplas e triplas, melhor isolamento e novas tecnologias

criam um “sindrome do edificio hermético”, que pode inicialmente não mostrar sinais de fumo ou mostrar-se

de forma muito limitada, enquanto que no interior está um incêndio que necessita oxigenio.

No passado, o crescimento dum incêndio progredia lentamente desde o seu inicio até ao seu

desenvolvimento total. Á medida que o oxigénio e o combustivel se esgotavam, o fogo começava então a

decair. Qualquer que fosse a situação, o Serviço de Bombeiros encontrava-se numa destas etapas e iniciava o

ataque ao incêndio.

Todd Harms

8. Mantém o vento pelas tuas costas

Quando se entra numa estrutura ou se inicia o ataque ao fogo, o conhecimento da direção do vento é

um fator crítico. Os ventos superiores a 8 km/h afetam diretamente a velocidade de desenvolvimento do

incêndio, podendo colocar em potencial perigo a segurança da equipa de intervenção na sua progressão.

Imagens Cortesia NIST

“20 considerações táticas para bombeiros”

Saber se o vento está pelas tuas costas ou se vais contra este é um fator chave; ir contra ele é como

lutar contra a corrente numa chaminé. Conforme a intensidade do vento assim crescerá o incêndio, e também

a sua velocidade de propagação.

Todd Harms

9. O fluxo de gases e a extinção devem ser considerados simultâneamente

Durante anos temos treinado os bombeiros para abrir a agulheta só quando chegam ao foco de

incêndio. Diziamos que passariam as distintas partes não afetadas do edificio, sem se desviarem jamais,

porque não queriamos “empurrar” o fogo a outras zonas da estrutura, não afetadas.

Insistimos para que a busca e resgate de vitimas fosse a primeira tarefa, inclusivé mesmo que isso

significa-se um aumento do incêndio: hoje os incêndios requerem um enfoque diferente. A extinção dum

incêndio de evolução rápida num cenário atual requer que antes de encontrar o fogo avaliemos como será

afetado o fumo, o incêndio e as nossas capacidades para levar a cabo a busca e resgate; o que significa que

necessitamos saber onde se encontra o fogo e até onde se move o fluxo de gases. Uma vez que tenhamos

esta informação, estaremos em melhor posição para tomar decisiões sobre a melhor forma de limitar o seu

desenvolvimento e dispor de mais tempo para as vitimas.

Quando se inicia a entrada numa estrutura ou se inicia o ataque ao incêndio, é fundamental controlar o fluxo de gases sempre que for possivel, e ter o vento pelas tuas costas.

Foto de Jon Androwski

“20 considerações táticas para bombeiros”

Limitar o crescimento do incêndio requer aplicar água ao fogo desde a posição mais eficiente e

limitar a quantidade de oxigenio que o alimenta: é assim simples. Quanto mais rápido for o bombeiro na

aplicação de água sobre o fogo (o que em certas ocasiões implica a aplicação de água desde o exterior), e

mais rapidamente possa o bombeiro restringuir a qantidade de oxigenio (fechando portas para cortar a

trajetória do fluxo de gases), produzir-se-ão menos gases tóxicos, menos calor e um menor crescimento do

incêndio.

Adicionar algo de ventilação coordenada com as operações e já tem uma luta contra incêndios

moderna e eficiente. Qual é o resultado? Uma melhor capacidade de sobrevivência das vitimas e das equipas

de resgate.

Derek Alkonis

Quanto mais rápido possa o bombeiro limitar a qantidade de oxigenio que alimenta o incêndio (fechando a porta para cortar o fluxo de gases), este terá um menor crescimento, produzirá menos gases tóxicos e menos calor

Foto de Glen Ellman

“20 considerações táticas para bombeiros”

10. A água não empurra o fogo

De todas as considerações táticas que tenham saído do trabalho de UL/NIST, as que parecem gerar

mais controvérsia são aquelas que fazem referência á aplicação de jatos de água desde o exterior do edificio.

Muitos bombeiros sentiram-se muito incomodados, e talvez alguns inclusivé se tenham ferido quando se

encontravam em local indevido, no momento dum ataque com água. Na maior parte das ocasiões em que se

produziu um acidente, o ataque ao incêndio realizava-se desde o exterior do edificio.

A ninguém devería surpreender que tal situação se descreva como “impulsionar o fogo contra nós”.

O conceito de “empurrar o fogo” (com maior ou menor precisão, “empurrar os produtos de combustão”)

num ataque com água também se apoia em alguns textos que acentaram nas bases para a luta moderna

contra incêndios, em particular nas obras de Lloyd Layman, assim como também Keith Royer y Floyd W.

Layman fala habitualmente do movimento de gases de incêndio ao longo dum edificio na aplicação

de correntes de água ao fogo. O que muitos de nós temos esquecido, ou talvez nunca tivemos a oportunidade

de aprender, é que as afirmações de Layman são feitas sobre o suposto de utilizar o ataque com um cone de

água pulverizada num interior durante o ataque inicial.

Em “ataque e extinção de incêndios em interiores” -afirma Little sem lugar a equivocos-, não se

poderá avançar para a melhoria do uso tático de água na extinção de incêndios até que os Serviços de

Bombeiros reconheçam a ineficácia da aplicação de jatos sólidos de água: o progresso exige que se aplique

água em forma de particulas finamente divididas.

Também é importante observar que a afirmação, tantas vezes repetida, mas rara vez comprendida, de

que “sempre atacar o fogo desde o lado não afetado do edificio”, se baseou no mesmo tipo de supostos.

Recordemos que estes autores levaram a cabo a sua investigação na década de 1940 e 1950.

Layman nunca disse que era a água quem empurrava os produtos da combustão; na realidade ele

nunca afirmou claramente o que era. É evidente que algo causou o movimento desses gases (e esse algo é o

ar). É possivel arrastar suficiente ar numa corrente de água para causar a interrupção e/ou a deslocação dos

gases de incêndio num interior, fazendo assim que pareça que é a água que empurra o fogo. Temos utilizado,

como enfoque prático, o trabalho de Layman, Roger, Nelson e outros para desenvolver “regras de ouro” que

nos ajudem a aplicar aos incêndios atuais o que eles aprenderam. Estas regras servir-nos-ão mais ou menos

até que nos esqueçá-mos do alicerce sobre o qual se construíram.

“20 considerações táticas para bombeiros”

Também nos arriscamos em as utilizar em situações para as quais não foram destinadas. Quantos de

vós estáis ainda ensinando ou promovendo a utilização de cone de água pulverizada durante as etapas

iniciais de ataque ao fogo interior? Eu pergunto isto: tendo em conta a possibilidade de utilizar um ataque

diferente ao que defendia Layman, Não deverias tomar um outro olhar para as "regras" que acompanharam a

sua abordagem?

Contrariamente ao que muitos de nós assumimos, nem UL nem NIST demostraram que a água não

empurra o fogo: na verdade, eles nunca tentaram provar nada. O que pretenderam fazer é aprender através

da observação e da medição.

No caso das correntes de aplicação de água ao fogo, o que observaram e mediram até agora inclui

que todas as correntes de aplicação de água deslocam ar, contudo a referida quantidade, independentemente

do caudal que se utilize, varia muito e depende da:

1º.forma da corrente de água (jato, cone, cortina…)

2º.quantidade de movimento que se aplica á corrente

Em suma, a variação na quantidade de ar arrastado não só é mensurável, porém o seu efeito sobre o

movimento dos gases de incêndio ao longo dum edificio pode ser significativo.

A minha observação e a experiência poderiam dar-me indicação que o fogo está a ser empurrado pela

aplicação de água, mas provavelmente isso deve-se a que posso ver a água, mas não o ar.

O que nos ajuda a entender as observações e medições no laboratário é que o ar preso num jato de

névoa ou no movimento circular dum jato direto, pode inverter a direção dos gases de incêndio, causando o

que parece ser “estar a ser empurrado o fogo”.

O que temos aprendido através da observação e medição, que pode ser demostrado em incêndios de

forma repetida é que a água não está a empurrar os gases; é o ar que arrastra. E sempre trato de o transmitir

desta forma: alguma vez utilizaste o cone de água pulverizada para ventilar uma habitação? surpreende o

bem que funciona? Funciona igualmente de fora para dentro como de dentro para fora.

Há outra parte importante desta questão que tem pouco que a ver com a entrada de ar, mas continua a

ser uma parte fundamental na compreensão da utilização de correntes de água exteriores durante um ataque

ofensivo a um incêndio. Tem a ver com a forma da corrente e do movimento da agulheta.

“20 considerações táticas para bombeiros”

Cones de névoa, correntes retas com incursão de movimentos enérgicos (como treinamos para fazer

no interior), ou ataques realizados demasiado afastados do ponto de entrada, podem taponar a abertura

evitando a ventilação de gases de incêndio e vapor de água produzido. De facto, com a corrente de ar podes

taponar a abertura duma janela ou duma porta. Se os gases já não podem sair para o exterior, onde irão?

(para alguma parte, devem sair).

Durante muito tempo ensinou-se que os jatos exteriores empurram o incêndio para o interior e colocam em risco as potenciais vitimas/ocupantes. Repetidos testes demonstraram o contrário. O meio mais efetivo de extinção é colocar água (de forma correta) sobre o incêndio desde a posição mais rápida e segura possivel.

Por tanto, vamos a unir as peças:

Se quero utilizar um ataque exterior ao fogo para baixar a sua intensidade antes ou enquanto estou a

realizar a entrada no edificio, devo ser capaz de minimizar a deslocação do ar e aumentar ao máximo os

litros/min. que quero colocar no foco de incêndio. Conseguir isso é simples e fácil de aplicar:

Foto de Glen Ellman

“20 considerações táticas para bombeiros”

- Não (e queremos dizer NÃO) utilizar cones de água pulverizada desde o exterior durante um ataque

ofensivo.

- Unicamente se aplicarão jatos de água diretos para minimizar a entrada de ar.

- Colocar-se tão próximo do objetivo quanto possivél. Isto permite posicionar o jato de água num

ângulo muito agudo, o que ajuda a minimizar a entrada de ar, assegurando que a corrente de água

não bloqueia a abertura.

- Manter um movimento minimo da agulheta. Dirigir o mais direto ao teto possivel, junto á janela,

com vista a que a água chegue á maior superficie do compartimento, movendo a agulheta lentamente

de lado a lado.

- Não há um tempo concreto e determinado; manter a linha aberta até obter o efeito desejado,

controlando os gases da combustão e o fogo suprimidos.

- Observar que o fumo e os gases de incêndio devem continuar a sair pela abertura. Enquanto o

sairem, você está a ser eficiente.

- Após a descida da intensidade do fogo, posicionar-se no interior ou utilizar uma segunda linha para o

fazer. Resta o fogo no interior do edificio que há que apagar.

Os estudos de UL/NIST ajudam-nos a entender muitas coisas sempre e quando estamos abertos a

eles. Uma das questões mais subtis que ajudaram a entender o nosso ponto de vista é a importância de eleger

as palavras. As nossas frases e regras gerais têm por objetivo transmitir ideas complexas de forma mais

simples e aplicaveis: por tanto, devem ser tecnicamente precisas. Necessitamos revisioná-las de vez em

quando para nos assegurarmos de que ainda nos servem.

Espero que rápido chegue o dia que a frase “empurrando o fogo” já não tenha nenhum significado

nos Serviços de Bombeiros.

Há que descartar frases como "nunca jogues água no fumo" ou "ar de reserva para quando realmente

precisas". São frases enfáticas e não apenas uma questão de semântica. O termo passou a ser tomado

literalmente como aplicado -tão ao pé da letra-, a ponto de dar origem a decisões erradas e pior, usadas para

proibir os bombeiros de usarem uma tática comprovada para salvar vidas.

Peter Van Dorpe

“20 considerações táticas para bombeiros”

C) OS AUTORES ABORDAM ONDE INICIAR A EXTINÇÃO, OS MELHORES PONTOS

DE ACESSO PARA ATACAR O FOGO, E A FORMA DE GERIR OS INCÊNDIOS

DEBAIXO DE COBERTURAS

11. Começa o ataque ao incêndio onde se encontra o fogo

Se utilizarmos as lições aprendidas nos estudos sobre ventilação, incêndios em coberturas e caves, e

extrapolarmos a luta contra incêndios no seu conjunto, levar-nos-á a declaração anterior.

Contudo, isto não é sempre tão óbvio ou fácil como parece; por exemplo, o acesso exterior ao nivel

inferior duma habitação (por exemplo, a saída duma cave), com terreno em inclinação e outros

obstáculos, podem dissuadir os bombeiros de iniciarem o ataque ao nivel apropiado da habitação.

Foto de Jay K. Bradish

Consideraçes táticas 11–13

Ataque inicial ao

fogo.

“20 considerações táticas para bombeiros”

Estes mesmos obstáculos podem dificultar e, em alguns casos inclusivé impedir, uma adecuada

avaliação 360º da zona.

A inclinação do terreno e outros obstáculos pode dissuadir os bombeiros de iniciarem o ataque num ponto de acesso a nivel inferior (isto é, uma saída duma cave). No entanto, sempre que possivél deve –se iniciar o ataque ao incêndio ao nível apropriado de habitação.

Se o teu Serviço não planificou, escreveu, e posteriormente treinou um plano SOS para este tipo de

situações, não te surpreendas quando a equipa de primeira intervenção fica presa na trajetória do

fluxo de gases ascendendo pelas escadas interiores até ao ponto de entrada no nivel superior, num

incêndio abaixo de cota.

Os incêndios em caves de viviendas (residenciais, unifamiliares…) não devem considerar-se

rotineiros; devem ser considerados potencialmente perigosos. Como consequência, devem de ser

planificados: revisão da colocação das equipas, carga de água em mangueiras, ferramentas, atribuição de

funções…

Eras capaz de fazer um avanço e posterior ataque a um incêndio de forma eficiente? Se não, trabalha

nisso.

Peter Van Dorpe

Foto de Jay Bradish

“20 considerações táticas para bombeiros”

12. Aplica água aos beirais nos incêndios de coberturas

Os incêndios sob coberturas assemelham-se muito com os incêndios abaixo do nivel de solo: acesso

limitado, muito combustivél, espaços ocultos e uma alta possibilidade de condições de ventilação limitada

com rápida transição a flashover. Tanto as coberturas habitáveis como os pequenos espaços utilizados

unicamente para o armazenamento ou inclusivamente completamente selados e sem acesso, apresentam

problemas similares.

Um dos muitos beneficios desta investigação foi capacidade de observar e medir (e portanto

aprender) coisas que simplemente não podemos aprender no local de incêndio. Surpreendeu-me, e creio que

inclusivamente os investigadores, se inteirarem de que nos incêndios de coberturas, o combustivél que mais

contribui ao crescimento e desenvolvimento do fogo é a parte inferior da cobertura do telhado.

Quando páras a pensar nisso, isto faz sentido. Os espaços abaixo do nivel do solo (parte oculta em

todos os casos) estão desenhados para facilitar o fluxo de ar e manter a zona seca; com frequência o fluxo de

ar move-se ao longo da parte inferior da cobertura. Os incêndios que começam em qualquer local da

cobertura sentir-se-ão atraídos por este fluxo de ar, ardendo mais facilmente.

Ambas as experiências de laboratório e de estrutura realizadas mostram que o ataque através dos beirais é a forma mais eficiente de enviar água á parte inferior da cobertas do teto

Foto de JJ Cassetta

“20 considerações táticas para bombeiros”

Tanto em laboratório como em experiências em estruturas confirma-se que a forma mais eficiente de

colocar água por baixo da cobertura é através dos beirais. Se estes não forem acessíveis devido á altura, a

topografía, as técnicas construtivas ou qualquer outra razão, um acesso rápido pode ser mediante a criação

duma abertura ao longo duma parede exterior desde o interior da estrutura.

Para mim, a maior lição dos estudos da UL/NIST, e dos estudos de incêndios por baixo de coberturas

na generalidade, é ter conseguido uma melhor apreciação de como a configuração do combustivél (tanto o

conteúdo como os materiais de construção), o desenho construtivo e as táticas de extinção de incêndios

podem ser combinados para ajudar ou prejudicar os nossos esforços na extinção.

A pergunta mais importante que há a responder durante o ataque ao fogo é: o que é que realmente

está arder aqui e qual é a forma mais rápida de lhe colocar água? Isto é especialmente acertado para os fogos

de coberturas.

O risco de flashover ou backdraft é muito elevado neste tipo de incêndios. Deve-se tentar arrefecer o

espaço e humedecer o combustivél tanto quanto for possivel, ao mesmo tempo que se limitam as aberturas

que alimentariam com ar o incêndio.

O teu ambiente construtivo pode parecer muito diferente dos utilizados nos estudos contudo a física,

e consequentemente os principios, são os mesmos. Nos incêndios debaixo das coberturas a pergunta a

responder é: como posso obter a máxima penetração de água com a mínima abertura? Com frequência, a

resposta será: “através dos beirais”. Se estes não forem acessíveis, encontra o cria o equivalente mais

próximo.

Peter Van Dorpe

13. A porta mais próxima da “autobomba” não deve marcar a colocação da linha de ataque

Limitemos esta parte da exposição ás viviendas unifamiliares, onde se apresentam a maior parte de

vidas humanas e propriedades nos EE:UU. Frequentemente a linha de ataque ao incêndio era montada a

partir da porta principal. Na maior parte das ocasiões é onde deve estar situada mas, porquê?

Se não entendermos o porquê desta regra, nunca saberemos quando se deve fazer uma excepção á

mesma. Se o teu “porquê” é que “essa é a porta que vai dar a rua e por isso colocamos a nossa

autobomba á chegada, resultando assim na forma mais rápida de introduzir-nos na vivenda e iniciar um

ataque interior ofensivo”, então o teu pensamento está perigosamente incompleto para fazer o que estás a

fazer.

“20 considerações táticas para bombeiros”

A razão para utilizar, por defeito, a porta principal como via de acesso á vivenda tem a ver com a

distribuição interior, e não com a situação da porta da rua. Apesar de que muitos estadounidenses não

utilizarem a porta principal da sua vivenda para entrar ou sair da sua casa diariamente, a maioria dos

lares nos EE.UU. estão a ser desenhados como se o fizessem. O resultado final desta prática é que a

maior parte das viviendas são mais facilmente acessiveis desde a porta principal e por isso a porta

principal converteu-se, por defeito, no nosso ponto de entrada.

Não devemos perder de vista o facto de que o desenho das viviendas está a evoluir pouco a pouco

com os nossos hábitos de uso e a planificação da construção de urbanizações junto a lagos, rios, etc., e

frequentemente terão uma orientação muito diferente relativamente á rua. Portanto, a relação duma porta

de entrada com a colocação á chegada da nossa autobomba, embora nos possa orientar como um dos

mais prováveis meios de acesso ao interior da vivienda, não deve marcar a colocação inicial da linha de

ataque.

Eu vivo junto a um pequeno lago, nos suburbios de Chicago. A vivienda está orientada para o lago.

Se entrares pela minha porta principal levar-te-á até á cave, e a um quarto que antes fazia parte da

garagem. Para chegar á zona habitada é preciso rodar 180º e depois duas viragens de 90º e subir um

lanço de escadas. Duas voltas e meia mais para chegar aos quartos não é a forma mais rápida de aceder.

Resumindo: a forma mais rápida de colocar água num incêndio na cozinha de minha casa é através

das janelas do lado B. e a forma mais rápida de colocar água na parte habitada do piso de baixo é através

das janelas situadas nas laterais A, B ou D. E o mesmo ocorre com os dormitórios de nivel superior. A

forma mais rápida para o acesso e busca em todas as partes do interior é através da porta da cobertura, no

lado C.

O importante é que a distribuição da minha casa na realidade não é tão fora do usual; simplesmente

não está orientada á rua, o que é o habitual. Este é o meu ponto de vista: a linha e portanto a colocação

da instalação, deve basear-se na situação e tamanho do fogo, no que sabes ou podes saber durante o

reconhecimento sobre o interior do edificio, e não na proximidade da porta de entrada á autobomba. A

melhor opção é colocar água o quanto antes: planeia iniciar o ataque ao fogo com isto em mente e

tomarás as melhores decisões no local de incêndio.

“20 considerações táticas para bombeiros”

D) A VENTILAÇÃO HORIZONTAL E VERTICAL, UNIDA AOS ESFORÇOS DE

COORDENAÇÃO NA EXTINÇÃO, MELHORAM AS CONDIÇÕES DO INCÊNDIO

TANTO A BOMBEIROS COMO A CIVIS POR IGUAL

14. Forçar a porta de entrada deve ser considerado como ventilar

Atualmente, as construções de edificios e os cenários de incêndios são muito diferentes. As

caraterísticas das construções modernas estão orientadas para a eficiência energética e a redução de custos

em aquecimento e arrefecimento para o propietário da vivienda.

As casas estão hermeticamente seladas, com janelas de vidro duplo e isolamentos exteriores

herméticos. O crescimento e propagação do fogo são mais rápidos que nunca, devido á abundância de

materiais sintéticos; porém, o oxigénio no compartimento diminui rapidamente.

Foto de Jarod Trow

Considerações táticas 14–18

Coordenar a ventilação

“20 considerações táticas para bombeiros”

Os sinais exteriores iniciais destes incêndios limitados pela ventilação que inicialmente apresentam

condições de fumo denso são, á chegada do Serviço de Bombeiros, muito limitados ou de pouca densidade

de fumo.

Enquanto os bombeiros forçam a abertura da porta principal (é introduzida uma corrente de ar a um

incêndio carente oxigenio), as condições deterioram-se rapidamente. Esta ventilação inicial pode conduzir a

um desenvolvimento repentino e potencialmente explosivo do incêndio. Se não se está preparado, a

possibilidade de lesões do bombeiro serão maiores.

Os bombeiros têm que estar completamente prontos, com uma linha de ataque e preparados para esta

alteração repentina de condições. Forçar a porta de entrada necessita a mesma consideração que qualquer

outra forma de ventilação horizontal.

Realmente nunca pensamos desta forma, mas a porta de entrada é uma abertura consideravél e

afetará o fluxo de gases do incêndio.

Equanto os bomberios forçam a abertura da porta principal, as condições deterioram-se rapidamente. Esta ventilação inicial conduz a um desenvolvimento repentino e potencialmente explosivo do incêndio. Os bombeiros devem estar preparados com uma linha de ataque e prontos para combater estas condições rapidamente cambiantes

Foto de FIREGROUND360°

“20 considerações táticas para bombeiros”

Como tal, a ventilação coordenada e inclusivamente a abertura da porta principal, devém ser

controladas e coordenadas com o resto de atividades de suporte no local de incêndio.

O controlo da porta é um componente chave para controlar o crescimento do fogo. Antes de

entrarem, as equipas de intervenção necessitam um plano de ação, um plano de fuga, peças faciais

colocadas, com uma linha de ataque carregada e disposta para colocar água no local.

A medida que se abre a porta, uma rápida observação das condições dará á equipa de primeira

intervenção uma ideia das condições interiores e do potencial risco dum incêndio limitado pela ventilação. O

que faz o fumo? de que cor é? está a sair do edificio ou está a entrar uma rápida corrente de ou para o

interior?

Ao entrar no edificio devemos estar conscientes de que poderemos encontrar-nos na trajectória do

fluxo de gases de incêndio que, basicamente, significa que o fogo venha até nós procurando o caminho que

menor resistência oferece.

Todd Harms

15. O controlo da porta limita o ar e o tamanho do fogo

Pessoalmente, a lição mais importante que recebi, para além dos estudos de UL/NIST,

provavelmente foi que subestimei a importância do controlo da ventilação em incêndios estruturais. Sempre

pensei na ventilação como algo que estava aí para introduzir quanto mais rápido melhor. Agora vejo a

ventilação como algo que tenho de controlar.

Se tratar de concentrar as lições de todos os estudos numa só frase, esta sería: “temos que travar as

nossas operações de ventilação e acelarar as nossas operações de extinção”. Isto não é uma decisão

qualquer; é uma questão de tempo e sincronização.

O fluxo de ar na base do incêndio deve manter-se ao minimo pelo menos até que estejamos prontos

para colocar água eficientemente no incêndio. A forma mais óbvia de o fazer é limitar a abertura de janelas

até que a equipa de intervenção possa ventilar.

No entanto, os estudos mostram claramente que uma porta totalmente aberta é ventilação mais que

suficiente para que se desenvolva um flashover numa habitação em 90 segundos ou inclusivé em menos.

“20 considerações táticas para bombeiros”

O controlo (por exemplo, fechando parcialmente) dessa porta enquanto procuramos ou avançamos

até ao foco de incêndio pode atrasar eficazmente o seu crescimento evitando assim que condições de

ventilação limitada transitem a flashover: não há que subestimar o impacto duma porta aberta.

O controlo da porta (mesmo que parcial), á medida que procuramos e/ou avançamos até ao foco do incêndio, pode retardar eficazmente o crescimento do incêndio e evitar que um incêndio limitado pela ventilação evolua a uma situação de flashover

Por outra parte, creio que faremos um trabalho excelente ensinando os nossos bombeiros a utilizarem

o controlo da porta como um meio de proteção dos ocupantes e deles mesmos durante as operações de

busca.

Pensa nisto: a todos nos foi ensinado a fazer a busca imediatamente e fechar a porta ao entrar numa

habitação durante as operações de VEIB (ventilar, entrar, isolar e buscar), bloqueando desta forma o fluxo

de gases que criamos sobre a área de entrada e a de busca ou isolamento da zona de incêndio. Então: porque

não ensinamos esta mesma técnica quando estamos a levar a cabo buscas compartimento por compartimento

no interior?

Na minha mente, o protocolo de busca interior seria algo assim como isto: Entra na habitação, fecha

a porta, localiza e abre a janela, busca e localiza por áreas, deixa cada porta fechada na habitação. Quando

esta estiver ventilada, busca a fundo no resto da habitação; sai da mesma, fecha a porta que fica para trás de

ti e passa ao seguinte compartimento. Desta forma, as buscas serão muito mais rápidas.

Arrastar-se pelo perímetro duma habitação enquanto esta se continua a encher de gases tóxicos não

me parece uma muito boa ideia. Há, de facto, numerosos acidentes no local de incêndio que poder-se-iam ter

evitado se nos tivessemos ensinado a nós mesmos, de forma sistemática, a isolar a nossa posição do incêndio

sempre que fosse possivel á medida que avançamos pelo edificio em busca de vitimas ou para extinguir o

fogo.

Imagem Cortesia UL

“20 considerações táticas para bombeiros”

Muitos dos nossos irmãos de outros países, em particular os da Alemanha, utilizam de forma

rotineira o que eles chamam “antiventilação” como uma técnica de extinção. As equipas avançam com as

linhas de água por diante, com cortinas suspensas que utilizam para compartimentar a área do incêndio do

resto do edificio.

Isto não só detem a propagação de gases de incêndio, como também inicia a extinção do fogo

limitando o fluxo de ar na zona de incêndio. Alguém se recorda do triângulo do fogo? As equipas que levam

as linhas de água continuam, passam afastando momentâneamente a cortina que está a isolar o resto da

estrutura para seguir com a extinção do incêndio. O que é que não gosto desta tática? O controlo da porta

(acesso) interior e exterior, tem que ser uma das partes “fundamentais” na luta contra o fogo de interiores.

Peter Van Dorpe

16. Nunca fique sem água entre o fogo e onde se pretende ir

Uma das primeiras questões que devemos començar a reconhecer e compreender é que o ponto de

entrada –dum modo geral a porta principal-, é uma abertura de ventilação ou via de fluxo de gases, a menos

que a controlemos e a fechemos por trás de nós. Num tipico cenário de incêndio a equipa de intervenção

abre a porta principal e observa as condições e as alterações que se podem estar a desenvolver no interior.

Reconheçamos que o ponto de entrada é agora considerado como uma via de fluxo de gases e que

qualquer atraso no avanço até ao fogo com a porta aberta permitirá que o incêndio cresça e se desenvolva. É

Antes de abrir a porta, as equipas devem asegurar-se de que estão preparados para a intervenção-EPI completo e linhas de água preparadasem carga.

Foto de Tom Carmody

“20 considerações táticas para bombeiros”

fundamental que controlemos a trajetória do fluxo de gases limitando a quantidade de ar que alimenta o

fogo.

Antes de abrir a porta, as equipas devem assegurar-se de que estão preparadas para trabalhar:

instalação totalmente estabelecida e em carrega. Se necessário forçar a porta, proceder em conformidade

devidamente preparados para entrar. Uma vez que as equipas estejam prontas, efetuar a abertura da porta e

avançar até ao fogo.

Todd Harms

17. A ventilação oportuna e coordenada leva a uma melhoria das condições

A necessidade de ventilar nos incêndios atuais é tão importante como era no passado. Mas hoje, mais

que nunca, a ventilação deve ser coordenada com as equipas que trabalham no interior.

Antigamente, enquanto se estava a trabalhar no interior dum incêndio, podias ouvir a equipa de auto

escada fazendo uma abertura de ventilação no telhado; sentias o calor a ascender e ter melhor visibilidade

uma vez que a equipa de auto escada perfurava até á parte interior da cobertura. Havia um verdadeiro

sentimento de alivio.

Sempre nos disseram que a ventilação provocaria um maior crescimento do incêndio, mas que estava

bem porque havia uma linha pressurizada e podias colocar água sobre o fogo de forma imediata.

Foto de Jarod Trow

“20 considerações táticas para bombeiros”

Com os combustiveis modernos sintéticos de hoje em dia, a ventilação pode criar um crescimento

rápido e perigoso do incêndio e vulnerabilizar a segurança das equipas de intervenção. Portanto, é

fundamental que o ataque ao incêndio e a ventilação se coordenem com mais eficácia do que se fazia no

passado. A margem de erro é menos indulgente e pode ser potencialmente desastroso para a equipa da

frente.

Todd Harms

18. Na coordenação da ventilação vertical com o ataque ao incêndio deve ocorrer o mesmo que

com a ventilação horizontal

Tudo se reduz a controlar o fluxo de oxigénio dentro e fora da estrutura. É por isso que, junto com a

abertura da porta principal, é fundamental que coordenemos a ventilação vertical com as linhas de ataque

inicial para uma operação organizada e com êxito.

Foto de Peter Danzo

“20 considerações táticas para bombeiros”

Ventilar a estrutura sem uma linha á mão no local para controlar ou extinguir de imediato o incêndio

poderia dar origem a um crescimento rápido e não controlado do fogo, diminuindo as capacidades das

equipas de ataque. Por isso, a equipa de controlo/ataque ao fogo deve estar posicionada (preferivelmente a

aplicar água ao incêndio) quando se solicita a ventilação. Em poucas palavras: é necessário que a ventilação

vertical e o ataque inicial ocorram de forma simultânea.

Todd Harms

Considerações tácticas 19-20

Imágens térmicas

e

incêndios em caves Foto de Glen Ellman

“20 considerações táticas para bombeiros”

E) É TÃO IMPORTANTE ENTENDER O PAPEL E AS LIMITAÇÕS DAS CÂMARAS

TÉRMICAS COMO AS TÉCNICAS APROPRIADAS PARA O CONTROLO DOS

INCÊNDIOS EM CAVES

19. As câmaras térmicas não podem assegurar a integridade estrutural

Muitos livros de texto dos Serviços de Bombeiros reforçam que as câmaras térmicas devem ser

consideradas no reconhecimento para ajudar a indicar as possibilidades de colapso estrutural. Porém, os

investigadores demonstraram o contrário.

As câmaras térmicas são uma peça muito importante do equipamento a ter em conta no local de

incêndio. De facto, habitualmente apoiámo-nos nelas pela valiosa informação que nos podem proporcionar.

Mas também há que possuir um profundo conhecimento da sua utilização e limitações.

As câmaras térmicas identificam fontes de calor em tons de cinza, e á medida que a temperatura vai

aumentando mostraram diferentes cores que vão de amarelo a vermelho. Ao tentar avaliar as condições num

interior, uma leitura com câmara térmica deve ser considerada como uma peça mais das várias no

reconhecimento e avaliação, e nunca o único indicador para prever um flashover ou um potencial colapso.

As câmaras térmicas melhoraram em clareza e definição melhorando as nossas capacidades para

reconhecer os sinais críticos do desenvolvimento de incêndios e as vias dos fluxos de gases. Outro ponto

crítico a considerar quando se utilizam câmaras térmicas é o facto de identificarem as temperaturas

superficiais.

Como qualquer tecnologia, as câmaras térmicas têm limitações. As provas demonstraram que revestimentos do solo comum (cerámicas, tapetes, pisos flutantes...), podem mascarar os sinais de colapso do solo. Usa esta tecnologia para levar a cabo o teu reconhecimento e avaliação da situação (estado do incêndio) e busca de vitimas

Foto de Glen Ellman

“20 considerações táticas para bombeiros”

As temperaturas da superficie nos reconhecimentos (tapetes, recheios de espuma…) podem mostrar

pouco ou nenhum sinal de calor e por tanto descartar-se qualquer possivel sinal de advertência de colapso

estrutural.

É fundamental identificar as condições na cave antes de começar as operações no piso superior desta.

As câmaras térmicas podem ser uma grande ferramenta para determinar se há um incêndio na cave, mas não

devem ser utilizadas para determinar a integridade duma estrutura.

Em grande parte as investigações levadas a cabo, não se virão através das câmaras térmicas sinais

nem indicações evidentes que se pudessem considerar um indicador previsivel de colapso estrutural. A

chave aqui baseia-se em conhecer os teus equipamentos e recordar que a câmara térmica é uma das muitas

ferramentas que temos na mala, das que se utilizam para que nos ajudem a ser mais efetivos nos incêndios.

Sean Gray

20. Incêndios em caves: não te deixes surpreender e ou ficar preso na via de fluxo de gases

Os incêndios em caves podem ser extremamente dificeis de controlar e extinguir uma vez que o

incêndio tenha superado a etapa inicial. As possibilidades de acesso e ventilação são muito limitadas, os

planos de planta frequentemente estão incorretos, e as cargas de combustível podem ser extraordinárias e

imprevisíveis. Os bombeiros sofreram acidentes e mortes neste tipo de incêndios quando o solo debaixo

deles colapsou ou quando ficaram presos na trajetória do fluxo de gases.

Uma breve aplicação de água desde o exterior pode fazer decair o incêndio e reduzir as temperaturas, permitindo o acesso dos bombeiros e avançar até á cave e outras partes da estrutura

Imagem cortesia de UL

“20 considerações táticas para bombeiros”

Em muitas zonas, o enfoque tradicional dos incêndios em caves e ocupações residenciais tem sido

progredir a linha de ataque pelas escadas interiores. Porquê faze-lo desta forma? Por três razões:

Ø Frequentemente é mais acessível, e ás vezes o único acesso

Ø Queremos “cortar a progressão do incêndio” pelo interior das escadas e no resto da estrutura

Ø Queremos evitar “empurrar” o fogo pelo interior das escadas ao avançar com a linha desde uma zona

alternativa.

Todas estas razões são válidas, mas não nos impedem o exercicio de algumas opções. Vamos olhar

para cada uma delas:

- Em primeiro lugar: se bem que é importante a entrada na cave para a busca e completa extinção do

fogo, é ainda mais acabar com a origem do problema o mais precocemente possivel. Colocando-nos

com a nossa agulheta entre o incêndio e o resto do edificio, não se consegue nada; colocar água no

foco de fogo, sim o consegue. Um disparo rápido (aplicação de água) á cave incendiada através

duma porta ou uma janela exterior fazem com que o baixar pelas escadas e o avanço pelo interior do

edificio seja muito mais rápido.

- Em segundo lugar: establecemos os meios de ação no edificio para cortar o avanço do incêndio pelas

escadas interiores. De certo modo, temos contestado isto anteriormente. A água no mesmo foco de

fogo detém o seu avanço muito mais eficazmente que o fazer através do fluxo de gases. Também, a

propagação do incêndio duma cave ao resto da vivienda produz-se em grande parte através de

espaços perdidos, espaços fechados, condutos de tubagem, etc., e não pelas escadas interiores. As

aberturas simplesmente proporcionam combustivél e um melhor movimento do fluxo de gases que as

escadas interiores. As experiências ajudam-nos a compreender isto, proporcionando dados e

medições que demonstram que a água que flui desde a parte alta das escadas tem pouco impacto,

enquanto as condições na cave continuam a piorar.

- Em terceiro lugar: vamos considerar a ideia errada acerca de empurrar o fogo com a água no

contexto do avanço dum incêndio pelas escadas interiores da cave. Os bombeiros que tiveram más

experiências com a progressão do fogo pelo interior das escadas, em poucas ocasiões subestimaram a

contribuição que a ventilação, intencionada como não, tenha contribuido no resultado. Se algo

aprendi dos estudos da UL/NIST foi uma maior compreensão dos efeitos da ventilação em incêndios

estruturais.

“20 considerações táticas para bombeiros”

- Temos que redefinir a ventilação como “controlo do ar” e não como “abertura”. Mas não é melhor

necessariamente, sobretudo quando ainda não se conseguiu o controlo do fogo. Empurrar até baixo o

incêndio através das escadas interiores como primeira tática, pode funcionar bem nas etapas iniciais

de crescimento do fogo, mas quando um incêndio alcançar condições de ventilação limitada ou que

já tenha transitado a flashover, empurrar este escadas abaixo é extremamente perigoso e não pode ser

uma opção rápida para o controlo de fogo. Enquanto lutas lentamente escadas abaixo, tudo está a

piorar atrás e acima de ti, e o edificio vai-se consumindo á tua volta.

u

Contrastando com os nossos métodos tradicionais de fazer avançar uma linha até baixo pelas escadas da cave, as provas demonstraram que uma tática mais eficaz é colocar água no incêndio desde uma posição exterior (quando for possivel). Uma vez que o fogo baixe de intensidade, os bombeiros devem realizar a entrada e a extinção completa pelo interior

Isto foi demonstrado em investigações de incêndios da NIOSH e NIST, e posteriormente foi validado

com as experiências da UL/NIST. Mesmo quando se possa ter êxito, a questão é que demora mais que com

outras alternativas.

Procura a forma mais rápida de atingir os teus objetivos!

Peter Van Dorpe

Foto de Steve Silverman

“20 considerações táticas para bombeiros”

UL’s Firefighter Safety Research Institute (FSRI) dedica-se a aumentar o conhecimento de bombeiros

para reduzir as lesões e mortes em serviço e das comunidades que servem.

Contact

UL Firefighter Safety Research Institute

Underwriters Laboratories Inc.

6200 Old Dobbin Lane, Suite 150

Columbia, MD 21045

(847) 664-3329

Email: [email protected]

ULfirefightersafety.com

“20 considerações táticas para bombeiros”

The BullEx Story

v Os bombeiros contam com BullEx para qualquer tipo ou tamanho de treinamento com fogo

real, desde a prevenção de incêndios de base para sua comunidade á formação de bombeiros a

grande escala.

“20 considerações táticas para bombeiros”

Para mais informações sobre BullEx, visita http://bullex.com.

A informação para esta publicação foi facilitada pela Firehouse Magazine, Bullex y el UL Firefighter

Safety Research Institute.