2€¦  · web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos...

21
FACULDADES CATHEDRAL CURSO BACHAREL EM DIREITO A BOA-FÉ OBJETIVA NOS CONTRATOS

Upload: phungthuan

Post on 08-Oct-2018

232 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

FACULDADES CATHEDRALCURSO BACHAREL EM DIREITO

A BOA-FÉ OBJETIVA NOS CONTRATOS

BOA VISTA/RRAGOSTO/2010

Page 2: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

FACULDADES CATHEDRALCURSO BACHAREL EM DIREITO

ACADÊMICOS

FRANCISCA ELADIA CAVALCANTE DE ABRANTESFRANCISCO MÁRIO BRITO

JEFFERSON BRITONATHALÍE BARBOSA DUARTE LOPES

A BOA-FÉ OBJETIVA NOS CONTRATOS

BOA VISTA/RRAGOSTO/2010

SUMÁRIO

Trabalho para fins de conhecimento e avaliação da disciplina Direito Civil III, ministrada pelo Prof. Vilmar Antônio da Silva.

Page 3: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

1-INTRODUÇÃO........................................................................................4

2-DESENVOLVIMENTO.............................................................................5

2.1 - A Boa-Fé Objetiva nos Contratos............................................................52.2 - A Boa-Fé contratual no atual Código Civil. A Boa-Fé Objetiva.................52.3 - Proibição do comportamento contraditório: “Venire contra factum pro-prium”.........................................................................................................62.4 - Funções da Boa-Fé...............................................................................72.5 - A Boa-Fé Objetiva e o Artigo 422 do Código Civil..,................................82.6 - Posições do TJ-RR, STF e STJ................................................................9

3- CONCLUSÃO.......................................................................................13

4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS.........................................................14

Page 4: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

1.INTRODUÇÃO

O Novo Código estabeleceu uma sistemática da boa-fé nunca antes experimentada na legislação pátria: a boa-fé objetiva geral, como requisito de validade a todo e qualquer contrato.

Os contratos com a sua característica de bilateralidade têm na boa-

fé uma norma que condiciona e legitima toda a experiência jurídica, desde a

interpretação dos mandamentos legais e das cláusulas contratuais até as suas

últimas conseqüências.

Daí a necessidade da boa-fé ser analisada como conditio sine qua

non para a realização da justiça ao longo da aplicação dos dispositivos

emanados das fontes do direito, legislativa, consuetudinária, jurisdicional e

negocial. Em primeiro lugar, importa registrar que a boa-fé apresenta dupla

faceta, a objetiva e a subjetiva. Já a boa-fé objetiva apresenta-se como uma

exigência de lealdade, modelo objetivo de conduta, arquétipo social pelo qual

impõe o poder-dever que cada pessoa ajuste a própria conduta a esse

arquétipo, obrando como obraria uma pessoa honesta, proba e leal.

Outrossim, a interpretação das leis e dos contratos seja para cada

caso concreto. Pois, isto tem uma função social. Com isto quero dizer que a

adoção da boa-fé como condição matriz do comportamento humano, põe a

exigência de uma “hermenêutica jurídica”, que se distingue a qual se distingue

pelo exame da totalidade das normas pertinentes a determinada matéria.

Page 5: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

Para tanto apresentaremos uma síntese da boa-fé objetiva nos contratos e sua funções para que os contratos cumpram a sua verdadeira função social entre os povos na sociedade atual.

Page 6: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

1. DESENVOLVIMENTO

2.1 – A Boa-fé Objetiva nos contratos

A Boa-fé compõe um princípio geral, aplicável ao direito. DELGADO1 a descreve como:

A boa-fé objetiva é concedida como uma regra de conduta fundada na honestidade, na retidão, na lealdade e, principalmente, na consideração de que todos os membros da sociedade são juridicamente tutelados, antes mesmo de serem partes nos contratos. O contratante é pessoa e como tal deve ser tutelado.

No âmbito dos contratos, o princípio da boa-fé sustenta o dever de as partes agirem conforme a economia e finalidade do contrato, ou seja, com lealdade e confiança recíprocas. Significa uma atuação refletindo, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, seus direitos e agindo com lealdade, sem abuso, cooperando para atingir o fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das partes.

Como visto, a boa-fé objetiva dos contratos está diretamente relacionada com as condutas dos contratantes, ou seja, com comportamento ético, padronizado, sintonizado com os padrões constitucionais.

2.2 – Boa-fé contratual no atual Código Civil

Os contratantes são obrigados a seguir, os princípios da probidade e da boa- fé, tanto na conclusão como na execução.

O objetivo é que nenhum dos contratantes insira conteúdo sem a boa- fé necessária. A má-fé inicial deve ser examinada e punida, todas as clausulas devem ter um padrão de conduta geralmente aceito em seu tempo. É importante que se diferencie da boa-fé subjetiva, nesta ultima deriva do reconhecimento da ignorância do agente a respeito de determinada circunstância, tendo em vista o grau de conhecimento que possui de um negócio, para ele seu estado de consciência deve ser considerado.

Page 7: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

1DELGADO, José Augusto. O contrato de seguro e o princípio da boa-fé: questões controvertidas. São Paulo: Método, 2004. p. 126.

No código vigente, há três funções nítidas no conceito de boa-fé objetiva: função interpretativa (art.113); função de controle dos limites do exercício de um direito (art.187); e função de integração do negócio jurídico (art.421).

Em qualquer situação, não deve ser desprezada a boa-fé subjetiva, o que não se nega o direito de o credor poder cobrar o seu crédito, entretanto não poderá exceder - se nessa conduta, pois estará praticando um ato ilícito.

A boa-fé objetiva é uma responsabilidade pré – contratual, como a contratual e a pós contratual.

2.3 – Proibição do comportamento contraditório: “Venire contra factum proprium”

A expressão "venire contra factum proprium" nada mais é que a vedação do comportamento contraditório, baseando-se na regra da pacta sunt servanda, sendo este último, o princípio que preserva a autonomia da vontade, a liberdade de contratar e a segurança jurídica do nosso ordenamento jurídico, o qual passa a ser uma força obrigatória, uma regra, uma vez quem manifestada a vontade, as partes ficam vinculadas e geram os direitos e obrigações, sujeitando-se a estes do mesmo modo que qualquer norma legal.

Assim, a Boa-fé objetiva, como forma contraditória teria a chamada má-fé objetiva, que é denominada de Proibição do comportamento contraditório, ou em latim, “Venire contra factum proprium”.

VENOSA2 dá uma definição feita por Stiglitz, que conceitua como:

“Circunstância de um sujeito de direito buscar favorecer-se em processo judicial, assumindo conduta que contradiz outra que a precede no tempo e assim constitui um proceder injusto e, portanto inadmissível.(Stiglitz, 1990:491).”

Para a caracterização de um suposto comportamento contraditório, é óbvia a necessidade de prática de dois comportamentos, pelo indivíduo, lícitos em si e em tempo diverso. Ademais, deve ser ressaltado que esta incoerência só é vedada no

Page 8: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

momento em que puder violar as expectativas criadas numa contraparte ou terceiro e causar-lhe prejuízos.2VENOSA, Sílvio de Salvo. Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos.7ª Ed. São Paulo:Ed. Atlas S/A, 2007. p. 349.

Pode-se ainda, ao falar da proibição do comportamento contraditório, classificá-lo, o que seria nada mais que demonstrar as formas que se podem acontecer o “Venire contra factum proprium”. O doutrinador Menezes Cordeiro3, propõe que a casuística da vedação do comportamento contraditório seja classificada em três grupos básicos:

“A pessoa que manifeste a intenção de não praticar determinado ato e, depois, o pratique, pode ser condenada, em certas circunstâncias, ainda quando o ato em causa seja permitido, por integrar o conteúdo de um direito subjetivo. Pode ordenar-se a vasta casuística existente em três grupos. [...] Num primeiro, o titular-exercente manifesta a intenção de não exercer um direito potestativo, mas exerce-o. No segundo, o titular-exercente indicia não ir exercer um direito subjetivo comum, mas exerce-o. No terceiro, finalmente, a pessoa age ao abrigo de uma permissão genérica de atuação e não de um direito subjetivo, potestativo ou comum; neste âmbito – autonomia privada, liberdade de deslocação, por exemplo – declara não ir tomar determinada atitude, mas acaba por assumi-la. Esta hipótese de ‘venire contra factum proprium’ não tem sido suficientemente esclarecida pela doutrina e jurisprudência. De fato, ela prende-se com a possibilidade de constituição de obrigações através de comportamentos concludentes ou com a simples discussão em torno dos modos de produzir declarações negociais. [...]

2.4 – Funções da Boa-fé

A Boa-fé objetiva possui as seguintes funções: interpretativa; função de controle dos limites do exercício de um direito e função de integração do negócio jurídico.

a) A Função Interpretativa

Abrange tanto a interpretação subjetiva quanto a objetiva. A interpretação subjetiva permite elucidar a intenção dos contratantes. Já a interpretação objetiva possibilita a análise de suas condutas, conforme os padrões éticos exigidos. A base legal interpretativa encontra-se no Art. 113 do Código Civil.

Page 9: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

“Art. 113, CC – Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.”

3CORDEIRO, Antônio Manuel da Rocha e Menezes. Da boa fé no direito civil. Coimbra: Almedina, 2001, p. 747 a 749.

Page 10: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

b) A Função de controle dos limites do exercício de um direito

Função limitativa tem o papel de limitar o exercício do direito em busca de impedir ou sancionar o abuso de direito. Restringe o exercício de direitos subjetivos contratuais. O indivíduo não pode exercer um direito que implique o anulamento da parte contrária. O artigo 187 do Código Civil trata sobre o tema:

“Art. 187, CC – Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.”

c) A Função de integração do negócio jurídico

A Função integrativa é o elemento de complementação dos contratos, trazendo para o contrato deveres acessórios, anexos, laterais que garantam o melhor cumprimento do pactuado, independentemente da vontade das partes. Neste aspecto, a boa-fé objetiva cria uma prestação diversa da principal fixada pelas partes. Exemplos nítidos de deveres anexos é o dever de informação, de cooperação, de eqüidade, de lealdade e o de sigilo. Os indigitados deveres existem desde a fase pré-contratual e se estendem mesmo após o contrato, como verificamos no recall. Na hipótese de violação desses deveres acessórios, ocorrerá violação positiva do contrato, gerando sua resolução e a obrigação de reparar perdas e danos, sendo a responsabilidade nesses casos objetiva.

“Art. 441, CC – A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato.”

2.5 - A Boa-fé Objetiva e o Artigo 442 do Código Civil

Dá-se um sentido do princípio da boa-fé objetiva sob a análise do artigo 422 do Novo Código Civil, pelo qual “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e da boa-fé”.

Page 11: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

O artigo 422 do Novo Código Civil, este consagra a necessidade da partes manterem em todas as fases contratuais, sua conduta dentro da mais estrita boa-fé.

A boa-fé que está prevista no artigo 422, escrita no texto legal, é a boa-fé objetiva – aquela relacionada com a conduta de colaboração -, ou a subjetiva – relacionada com a ignorância de um vício, ou com a intenção. Entendemos que a boa-fé que se encontra escrita nominalmente no dispositivo legal é a subjetiva.

Podemos citar a diferença entre a boa - fé objetiva e a subjetiva. No que concerne à boa - fé subjetiva , também denominada boa-fé crença, sua concepção se acha ligada ao voluntarismo e ao individualismo que informam o Código Civil de 1916, podendo ser definida como um estado psicológico contraposto à má-fé, em que há ausência de má-fé, fundada em um erro de fato, ou melhor, em um estado de ignorância escusável. É traduzida como um estado íntimo, de crença, um estado de ignorância de uma pessoa que se julga titular de um direito, mas que, em verdade, é titular exclusivamente de seu juízo e imaginação.

Já a boa - fé objetiva , também denominada boa-fé lealdade, significa o dever de agir de acordo com determinados padrões, socialmente recomendados, de correção, lisura e honestidade. Trata-se de uma regra de conduta, a ser seguida pelo contratante, pautada na honestidade, na retidão, na lealdade e, principalmente, na consideração para com os interesses legítimos e expectativas razoáveis do outro contratante, visto como um membro do conjunto social.

2.6 – Posições do TJ-RR, STF e STJ

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

Trata-se, inegavelmente, de relação de consumo (vide § 2.º do art. 3.º do CDC, Súmula n.º 297 – STJ e ADIn n.º 2.591) e, portanto, a responsabilidade civil é objetiva. Também, porque as normas do Banco Central do Brasil e da Comissão de Valores Imobiliários não tem “força” para revogar a algum dispositivo do Código de Defesa do Consumidor.

Page 12: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

O fato é incontroverso. Resta-nos a apreciação a respeito do nexo de causalidade e do resultado.O Magistrado de 1.º Grau inverteu o ônus da prova durante o despacho saneador (fl. 190), portanto, coube ao BASA a obrigação de provar que o Autor-Apelante teve plena ciência da possibilidade do BANCO SANTOS S.A. sofrer intervenção e de todo o valor investido ficar indisponível.De acordo com o que consta nos autos, não há prova alguma de que o Consumidor realmente soubesse da iminência da interdição. Principalmente, porque, como reconheceu o próprio Réu-Apelado na contestação, o Consumidor “Aplica no referido fundo de investimento desde novembro/2004, conforme demonstram os extratos acostados” (fl. 32), e a notícia de que seu investimento estaria indisponível surgiu em dezembro/2004 (fl. 31).Percebe-se, de plano, que a intervenção no BANCO SANTOS S.A. ocorreu ao mesmo tempo ou imediatamente após a aplicação , e o Consumidor, como é óbvio, jamais investiria seu patrimônio em um fundo se soubesse que ele, em menos de um mês, estaria indisponível.O BASA – BANCO DA AMAZÔNIA S/A, como instituição financeira, tem todo o conhecimento técnico e logístico para verificar o risco de investimento em determinadas outras instituições, mas, mesmo assim, preferiu aplicar o patrimônio do Autor naquela que estava na iminência de sofrer intervenção.Essa situação afasta um dos argumentos do Recorrido de que o Consumidor sabia do risco, e investiu no fundo BASA SELETO por sua própria conta. Também não há prova alguma de que o Consumidor teve conhecimento do prospecto anexado ao autos (fl. 137-141).Como bem disse o Juiz de Direito:“O consumidor, neste caso, confiou na instituição financeira, ciente apenas dos riscos normais de um investimento, isto é, a possibilidade de lucrar menos do que o esperado ou até mesmo de sofrer prejuízo. Porém, qualquer consumidor, se soubesse claramente que seu dinheiro seria investido em uma instituição na iminência de ser liquidada e que por isso poderia perder todo seu dinheiro, jamais faria a aplicação” (fl. 284).Houve claramente, no caso em análise, um abuso por parte do Réu-Apelado em relação à confiança depositada pelo Consumidor-Recorrente, ou seja, uma violação ao princípio da boa-fé objetiva.Embora o resultado, no caso de dano moral, seja presumido pela ocorrência do fato (in re ipsa), não se pode ignorar o nexo de causalidade, ou seja, se ele (fato) está apto, abstrata e razoavelmente, a causar o resultado, e se é possível realmente esse resultado existir.Em regra, o inadimplemento contratual não gera dano moral. Nesse sentido:“CIVIL. DANO MORAL. O só inadimplemento contratual não caracteriza o dano moral. Agravo regimental provido em parte.” (STJ, AgRg no Ag 605.950/RJ, Rel. Min. ARI PARGENDLER, 3.ª T., j. 15.02.2007, DJ 19.03.2007 p. 318).Existe exceção a essa regra, quando ao mesmo tempo do inadimplemento há um abuso. Sobre isso:

“DIREITO CIVIL. PLANO DE SAÚDE. COBERTURA. RECUSA INJUSTIFICADA. DANO MORAL. POSSIBILIDADE.

- Mero descumprimento contratual não gera dano moral. Entretanto, se há recusa infundada de cobertura pelo plano de saúde -, é possível a condenação para indenização psicológica.” (STJ, AgRg no Ag 846.077/RJ, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, 3.ª T., j. 05.06.2007, DJ 18.06.2007 p. 263)

“AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANO MORAL. PLANO DE SAÚDE. RECUSA INDEVIDA NA COBERTURA DE CIRURGIAS.

O reconhecimento, pelas instâncias ordinárias, de circunstâncias que excedem o mero descumprimento contratual torna devida a reparação moral.

Recurso especial não conhecido.” (STJ, REsp 714.947/RS, Rel. Min. CESAR ASFOR ROCHA, 4.ª T., j. 28.03.2006, DJ 29.05.2006 p. 256).

“CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Telefone. Descumprimento do contrato. Indenização.O descumprimento do "contrato de promessa de assinatura de linha telefônica" por parte da companhia fornecedora do serviço deve ser sancionado com a condenação ao pagamento da indenização por danos sofridos pelo usuário. Art. 22 do CDC.Recurso conhecido e provido.” (STJ, REsp 419.252/RJ, Rel. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, 4.ª T., j. 05.09.2002, DJ 25.11.2002 p. 240)No caso em análise, não houve apenas um mero descumprimento contratual. O BASA omitiu a informação de que investiria o patrimônio o Consumidor num banco prestes a sofrer intervenção. Aconteceu, aqui, um abuso (quebra) de confiança, porque a instituição financeira descumpriu sua obrigação de informar, desrespeitando o princípio da boa-fé objetiva. E esse fato configura o abuso ensejador do dano moral.Des. ALMIRO PADILHA Relator

Page 13: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

Diário do Poder Judiciário, ANO X - EDIÇÃO 3692, Boa Vista-RR, 20 de Setembro de 2007, p. 05. Resumo Estruturado: (Número do Processo:10070080832, Julgado em: 11/09/2007, Publicado em: 20/09/2007, ano: , Edição: 0, Página: 0, Classe: Apelação Cível )

A Súmula nº 23 do Supremo Tribunal Federal e a incongruência da vedação de indenização frente ao princípio da boa-fé, ao direito de propriedade e à vertente da teoria dos atos próprios, denominada venire contra factum proprium.

O presente artigo resulta da análise do teor da Súmula 23 do Supremo Tribunal Federal, que, fundada em um único julgado, proferido nos idos de 1962, estabelece a vedação de indenização da obra, regularmente licenciada, em área objeto de declaração de utilidade pública para efeitos expropriatórios. Examina-se no trabalho a extensão do entendimento sumular e, também, o comando impresso pelos artigos 10 e 26, parágrafo1º, do Decreto-lei nº 3.365, de 21.06.41, trazendo à discussão a validade intrínseca da Súmula 23 do Supremo Tribunal Federal, analisando as especificidades dos princípios da segurança jurídica, da boa-fé e da proibição do venire contra factum proprium, aplicados especificamente às relações entre Administração e os cidadãos.

"CIVIL. INDENIZAÇÃO. MORTE. CULPA. MÉDICOS. AFASTAMENTO. CONDENAÇÃO. HOSPITAL. RESPONSABILIDADE. OBJETIVA. IMPOSSIBILIDADE. 1- A responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação técnico-profissional dos médicos que neles atuam ou a eles sejam ligados por convênio, é subjetiva, ou seja, dependente da comprovação de culpa dos prepostos, presumindo-se a dos preponentes. Nesse sentido são as normas dos arts. 159, 1521, III, e 1545 do Código Civil de 1916 e, atualmente, as dos arts. 186 e 951 do novo Código Civil, bem com a súmula 341 - STF (É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto.). 2 -Em razão disso, não se pode dar guarida à tese do acórdão de, arrimado nas provas colhidas, excluir, de modo expresso, a culpa dos médicos e, ao mesmo tempo, admitir a responsabilidade objetiva do hospital, para condená-lo a pagar indenização por morte de paciente. 3 - O art. 14 do CDC, conforme melhor doutrina, não conflita com essa conclusão, dado que a responsabilidade objetiva, nele prevista para o prestador de serviços, no presente caso, o hospital, circunscreve-se apenas aos serviços única e exclusivamente relacionados com o estabelecimento empresarial propriamente dito, ou seja, aqueles que digam respeito à estadia do paciente (internação), instalações, equipamentos, serviços auxiliares (enfermagem, exames, radiologia), etc e não aos serviços técnicos-profissionais dos médicos que ali atuam, permanecendo estes na relação subjetiva de preposição (culpa). 4 - Recurso especial conhecido e provido para julgar improcedente o pedido" (STJ, Resp. 258389 / SP, Rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, 4ª T., j. 16/06/2005, p. DJ 22.08.2005).

DANO MORAL - CONSUMIDOR

Nossa Corte, por sua Jurisprudência, tem fixado a observância dos princípios que informam a defesa do consumidor, como o da boa-fé objetiva, da informação, do não-enriquecimento sem causa, da proibição da fixação de obrigações iníquas e

abusivas, da equidade, da interpretação das cláusulas de forma mais benéfica ao consumidor, da moralidade, da proporcionalidade, da facilitação da defesa do

consumidor, da transparência, da veracidade das informações e da relatividade do pacta sunt servanda. Confira-se:

Page 14: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

- "Abordagem de cliente por segurança de supermercado – Injusta acusação de furto, perpetrada na frente de várias pessoas – Dever de indenizar –

desnecessidade da prova do prejuízo - condenação, porém em valor exagerado – redução do quantum debeatur para 150 (cento e cinqüenta salários mínimos)."

(TJRR, AC 035/99, Rel. Des. Ricardo Oliveira, DPJ 2428)

- "Ação Indenizatória, devolução de cheque por falta de fundos, mesmo existindo saldo suficiente – danos morais reconhecidos" (TJRR, AC 022/00, Rel. Des. José

Pedro DPJ 2118)

- "Responsabilidade Civil – Transporte Aéreo – Desembarque de criança efetuado pela empresa aérea em local diverso do acordado – Percepção tardia do equívoco –

Dano moral caracterizado – Dever de indenizar – Desnecessidade de prova do prejuízo – Indenização que não está limitada a tarifa prevista no Código brasileiro de Aeronáutica, revogado, nessa parte, pelo Código de Defesa do Consumidor – Valor

arbitrado com moderação, atentando-se para as peculiaridades do caso." (TJRR, AC 036/00, Rel. Des. Ricardo Oliveira, DPJ 2566).

- "Dano moral – Ocorrência – Devolução indevida de cheque por instituição financeira – Desnecessidade da prova do prejuízo – Indenização arbitrada em

salários mínimos – Admissibilidade" (TJRR, AC 051/99, Des. Ricardo Oliveira, DPJ 2276)

Com duas décadas de atraso o Egrégio SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA sedimentou a Jurisprudência sobre o CREDITAMENTO DO ICMS pela aquisição de mercadorias que, a posteriori, teve as respectivas Notas Fiscais consideradas inidôneas pelo Fisco Estadual, pelos contribuintes de boa fé.

 Somente em abril de 2010 a 1ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) pacificou o entendimento da Corte em relação “à possibilidade do uso de créditos do ICMS decorrentes de operações de compra de mercadorias cujas notas fiscais foram declaradas posteriormente inidôneas pelo Fisco - as chamadas notas frias. No julgamento de um recurso repetitivo, proposto pelo Estado de Minas, a Corte definiu que a empresa tem direito ao crédito do imposto ao demonstrar apenas que a operação de fato ocorreu e que o cadastro do vendedor da mercadoria estava regular no Sistema Integrado de Informações Sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços (Sintegra) na época da aquisição. A controvérsia é responsável por inúmeros processos administrativos e judiciais propostos pelas empresas que contestam a exigência do Fisco da "devolução" dos créditos já aproveitados nas situações em que foi constatada a existência de notas frias”.

 Entendemos que, para evidenciar que o contribuinte agiu de boa fé, em casos análogos, basta provar que realmente houve o negócio, com a comprovação do pagamento da operação comercial que precedeu o aproveitamento do ICMS oriundo da Nota Fiscal considerada – posteriormente - inidônea pelo Fisco.

 Saliente-se que, quando uma empresa adquire mercadorias, os itens do negócio que interessam às partes são: A MERCADORIA, o PREÇO e as condições da ENTREGA daquilo que foi adquirido, assim como o cumprimento das cláusulas ajustadas pelas partes envolvidas na transação comercial.

 A praxe comercial, na compra a vista, é o comerciante receber a mercadoria e faz o pagamento no ATO da entrega. O adquirente da mercadoria, de posse da NOTA FISCAL de compra, se credita do ICMS, nos termos do RICMS de seu estado.

 Quem está no mercado vê a confiança crescer entre comprador e vendedor, diante de reiterados negócios, cumpridas as obrigações comercial, não havendo motivos para existir desconfiança.

 Portanto, no dia a dia da vida comercial somente se exigem referências comerciais de quem queira comprar à prazo. Ao contrário, não se exige o mesmo para o VENDEDOR de mercadorias, uma vez que somente o ESTADO tem o PODER COERCITIVO, para averiguar – entre outros - a vida de quem vende mercadorias. Não pode o CONTRIBUINTE comprador “entrar” na empresa VENDEDORA e vasculhar sua situação enquanto contribuinte de tributos e contribuições.

Page 15: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

 Tanto na esfera administrativa como na judicial o entendimento no sentido de se aproveitar o ICMS, de NOTA FISCAL considerada INIDÔNEA, vem desde a década de 1980, conforme se verifica pelo teor das ementas aqui colecionadas.

3 – CONCLUSÃO

Embora não se mostrando como totalmente inovador, o instituto da boa-fé foi renovado com a entrada em vigor do CC/2002.

De fato, a nova lei implementou o preceito da boa-fé nas relações contratuais que, apresentando-se agora com um caráter de objetividade, passou incisivamente a exigir que os contratantes hajam sempre com lealdade e respeito recíproco, não devendo uma parte aproveitar da eventual condição econômico - social da outra para conseguir maiores benefícios, que não os estipulados na contratação.

Nesse sentido, não se pode negar que o instituto da boa - fé seja um dos de maior importância na atual sistematização dos contratos. Afinal, sem conduta ética e honesta, ou seja, sem boa-fé, não há como os contratantes preocuparem-se não só com os próprios interesses, mas também com aqueles de toda a coletividade, alcançado a tão almejada justiça contratual.

Sem dúvidas a boa-fé objetiva representa hoje o guia principal do novo direito dos contratos, desejoso de mais justiça e menos desigualdades nas mais diversas formas de contratação.

Page 16: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito
Page 17: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito

4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

VENOSA, Sílvio de Salvo – Direito Civil – Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos – 7. Ed, Volume II, São Paulo: Editora Jurídico Atlas, 2007.

GAGLIANO, Pablo Stolze e Filho, Rodolfo Pamplona – Novo Curso de Direito Civil – 5. Ed, Volume IV, São Paulo: Editora Saraiva, 2009.

DELGADO, José Augusto. O contrato de seguro e o princípio da boa-fé: questões controvertidas. São Paulo: Método, 2004.

CORDEIRO, Antônio Manuel da Rocha e Menezes. Da boa fé no direito civil. Coimbra: Almedina, 2001.

HTTP://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6027. ACESSO EM 19/08/2010.

Page 18: 2€¦  · Web viewfaculdades cathedral. curso bacharel em direito. a boa-fÉ objetiva nos contratos. boa vista/rr. agosto/2010. faculdades cathedral. curso bacharel em direito