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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO TRIÂNGULO MINEIRO Campus Uberaba MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS IVONE MARIA DE MELO CARNEIRO FORMAÇÃO DO RESPONSÁVEL TÉCNICO PARA A INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA: ANÁLISE PROSPECTIVA DOS PAPÉIS INSTITUCIONAIS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA, CONSELHOS PROFISSIONAIS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE UBERABA MG. UBERABA, MG 2016

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Page 1: 2 IVONE MARIA DE MELO CARNEIRO Formação do responsável técnico para a indústria alimentícia: análise prospectiva dos papéis institucionais da Vigilância Sanitária, Conse

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

DO TRIÂNGULO MINEIRO – Campus Uberaba

MESTRADO PROFISSIONAL EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

ALIMENTOS

IVONE MARIA DE MELO CARNEIRO

FORMAÇÃO DO RESPONSÁVEL TÉCNICO PARA A INDÚSTRIA

ALIMENTÍCIA: ANÁLISE PROSPECTIVA DOS PAPÉIS

INSTITUCIONAIS DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA, CONSELHOS

PROFISSIONAIS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR DE

UBERABA – MG.

UBERABA, MG 2016

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IVONE MARIA DE MELO CARNEIRO

Formação do responsável técnico para a indústria alimentícia:

análise prospectiva dos papéis institucionais da Vigilância

Sanitária, Conselhos Profissionais e Instituições de Ensino

Superior de Uberaba – MG.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós – Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba, como requisito para conclusão e obtenção do Título de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Orientadora:

Profa. Dra. Déborah Santesso Bonnas

UBERABA, MG 2016

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FICHA CATALOGRÁFICA

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IVONE MARIA DE MELO CARNEIRO

FORMAÇÃO DO RESPONSÁVEL TÉCNICO PARA A INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA:

ANÁLISE PROSPECTIVA DOS PAPÉIS INSTITUCIONAIS DA VIGILÂNCIA

SANITÁRIA, CONSELHOS PROFISSIONAIS E INSTITUIÇÕES DE ENSINO

SUPERIOR DE UBERABA – MG.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós – Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro – Campus Uberaba, como requisito para conclusão e obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos.

Aprovada em __________/__________/_____________

Banca Examinadora

__________________________________________________________________

Profa. Dra. Déborah Santesso Bonnas (Orientadora) – IFTM, Campus

Uberlândia/MG

__________________________________________________________________

Profa. Dra. Fernanda Barbosa Borges Jardim – IFTM, Campus Uberaba/MG

___________________________________________________________________

Profa. Dra. Priscila Cristina Bizam Vianna – UFTM/Uberaba/MG

UBERABA, MG 2016

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Dedico aos profissionais da área de alimentos, aos trabalhadores de Vigilância Sanitária, dos Conselhos de Classe Profissionais e Instituições de Ensino Superior. Que este estudo possa mobilizar abertura de novo espectro de reflexão sobre a articulação entre Vigilância Sanitária, Conselhos de Classe Profissionais e Instituições de Ensino Superior para a formação dos profissionais da área de alimentos e consequentemente para a produção de alimentos seguros ao consumo.

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AGRADECIMENTOS Durante essa longa jornada encontrei pessoas que realmente se interessam

em contribuir para a formação profissional dos graduandos da área de alimentos,

são os professores (as): Fernanda Barbosa B. Jardim (IFTM - campus Uberaba),

Selma Sanches Dovichi (UFTM), Priscila C. B. Vianna (UFTM), Ana Cristina de

Souza (UFTM), Mauro Luiz Begnini (UNIUBE), Márcio Ferraz Cunha (UNIUBE),

Paulo Cezar B. Campagnol (ex-coordenador do mestrado do IFTM), Carlos A.

Alvarenga (IFTM), aos quais agradeço imensamente pelo apoio e receptividade

durante a coleta de dados.

Aos reitores da Universidade de Uberaba (UNIUBE - campus Uberaba),

Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e Instituto Federal do Triângulo

Mineiro (IFTM - campus Uberaba), agradeço pela abertura das portas destas

instituições para que eu pudesse fazer desses locais uma morada temporária, e aos

graduandos que voluntariamente responderam aos questionários.

Ao CRQ/MG, CREA/MG e CRN/MG, obrigada pelo empenho ao prestar as

informações requeridas e aos colegas dos Núcleos de VISA's estaduais e Joana

Dalva da Diretoria de Vigilância Sanitária de Alimentos, o meu muito obrigada, sem a

colaboração de vocês este trabalho ficaria sem ricas informações.

Ao Núcleo de Vigilância Sanitária de Uberaba obrigada pelos subsídios

materiais, pela dispensa para participar das atividades do mestrado. Agradeço aos

colegas por ouvir tanto sobre esse projeto e em especial agradeço à Gisele R. R. da

Cunha, Maria Sandra B. Siqueira e Maurício de Oliveira, este último ponto chave

para que eu pudesse concluir esse mestrado, pois desde quando tudo era apenas

uma ideia ele já colaborava para sua formatação, portanto considero que ele, entre

todos, participou comigo desta conquista.

Ao meu marido Flávio José Carneiro pelo amparo constante em todos os

momentos de minha vida, sobretudo neste último ano em que passei por situações

de extrema ansiedade e à minha mãe, Dona Divina Luzia Fernandes, que se

manteve firme nas orações para que eu pudesse superar todos os obstáculos.

A minha orientadora, Deborah Santesso Bonnas, que me concedeu o apoio

necessário nessa caminhada.

Finalmente agradeço a Deus pela oportunidade de me trazer até aqui, pois

sem Deus nada somos.

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RESUMO

Faz parte do rol de requisitos para o controle da qualidade dos alimentos o uso

dos conhecimentos científicos e técnicos, que balizam o surgimento de profissões

que atendam as demandas do mercado, dos cidadãos e, sobretudo das indústrias

alimentícias quanto aos requisitos para o alimento seguro, delineando o nicho

laboral de Responsáveis Técnicos – RT’s. Enquanto as Instituições de Ensino

Superior - IES atestam a habilitação técnica-científica através do diploma, os

conselhos profissionais a comprovam mediante a emissão da carteira profissional,

ao passo que as normatizações sanitárias, aplicadas pela Vigilância Sanitária -

VISA, definem as competências e habilidades deste profissional nas indústrias

alimentícias e as boas práticas para produção dos alimentos. Nesse processo

temporal da formação acadêmica à atuação no mercado de trabalho, constroem-se

três ângulos de um triângulo, três universos (IES – VISA – Conselhos Profissionais),

que se vertem ao RT, se complementam e se implicam mutuamente requerendo um

conjunto de habilidades e competências. O objetivo dessa pesquisa foi apresentar

um diagnóstico das matrizes curriculares dos cursos superiores de Uberaba – MG

que habilitam o RT para indústria alimentícia sob a ótica da ética profissional e

legislação sanitária; avaliar a eficiência dos currículos na formação dos graduandos

para atuação como RT´s; avaliar a articulação entre IES - VISA - conselhos

profissionais sob a percepção dos coordenadores de curso, graduandos, técnicos da

VISA estadual e representantes dos conselhos profissionais. A pesquisa foi

realizada no período de julho/2014 a janeiro/2016. Foram aplicados questionários

aos coordenadores dos cursos das graduações em engenharia química, engenharia

de alimentos, nutrição e tecnologia em alimentos das IES de Uberaba/MG; a 118

alunos destes cursos; aos conselhos profissionais respectivos e aos técnicos dos

serviços de VISA de Minas Gerais. Os dados foram organizados em quadros,

Gráficos e tabelas, originando painel de bordo que evidenciou nas matrizes

curriculares a ausência de disciplinas que subsidiem os egressos para implantação

das normas sanitárias. Sobre os graduandos, 56% desconhecem assuntos previstos

nestas normas; 86,2% nunca tiveram contato com profissionais da VISA na

graduação e 53,4% desconhecem os procedimentos padronizados operacionais

mínimos de implantação nas indústrias. Sobre os Coordenadores, 50% declararam

não haver momentos de discussões com conselhos e 100% disseram não ocorrer

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discussões com a VISA. Sobre os Conselhos, 66,7% afirmaram não ocorrer

discussões com a VISA e com todas as IES de suas abrangências. Sobre a VISA,

85,2% afirmaram não haver discussões com as IES, 88,9% dos serviços de VISA

não oferecem estágios para graduandos da área de alimentos, 92,6% não se

reúnem com conselhos de classe, entre outras. Foi elaborado um Manual Técnico

abordando requisitos, desde a aprovação de projeto arquitetônico à concessão de

alvará sanitário, necessários à adequação das indústrias alimentícias junto à

VISA.Conclui-se que a articulação entre a tríade é uma linha tênue e quase

imperceptível, contudo há interesse entre as partes em viabilizar a articulação. Este

estudo não se encerra, ficando várias vertentes para próximas pesquisas.

Palavras-chaves: Articulação. Vigilância Sanitária. Conselhos Profissionais. Instituições de Ensino Superior. Indústrias Alimentícias.

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ABSTRACT

It is a part of the list of requirements for the quality control of food the use of

scientific and technical knowledge, which mark the emergence of professions that

attend the demands of the market, citizens and especially the food industry as the

requirements for safe food, delineating the labor niche for Technical Responsible.

While the Higher Education Institutions attests to the technical-scientific qualification

by diploma, Professional Councils prove by issuing the professional card, whereas

the sanitary norms applied by the Sanitary Surveillance, defines the skills and

abilities of this professional in the food industry and good practices for food

production. In this temporal process from academic training to the performance in the

labor market, are constructed three angles of a triangle, three universes (Higher

Education Institutions – Sanitary Surveillance - Professional Councils) that converge

to the Technical Responsible, they complement and mutually imply, requiring a group

of skills and competencies. The objective of this research was to present a diagnosis

of curriculum matrices of the Higher Education Institutions in Uberaba/MG that

enable the Technical Responsible to the food industry over the optics of the

professional ethics and health legislation; evaluate the effectiveness of curricula in

the training of university students to act as Technical Responsible; evaluate the

relation between Higher Education Institutions - Sanitary Surveillance - Professional

Council in the perception of the course coordinators, university students, technicians

of the State Sanitary Surveillance and representatives of the Professional Councils.

Research period: July / 2014 to January / 2016. Questionnaires were applied to the

coordinators of the courses of the degrees in chemical engineering, food

engineering, nutrition and food technology on the Higher Education Institutions in

Uberaba / MG; 118 university students of these courses; to their Professional Council

and to the technicians of the Sanitary Surveillance of Minas Gerais state. The data

were organized in charts, graphs and tables, resulting one dashboard where is

evidenced the absences of disciplines on the Course Curriculum, that support the

graduates to implement the sanitary standards. About the university students, 56%

have no knowledge about issues foreseen on those norms; 86,2% never had contact

with professionals of Sanitary Surveillance during the course and 53,4% have no

knowledge about the minimum operational standardized procedures to the

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implantation on the food industry. About the coordinators, 50% have said there is no

moments of discussions with Professional Councils and 100% have said there is no

discussions with Sanitary Surveillance. About the Professional Councils, 66.7% have

said there is no discussions with Sanitary Surveillance and Higher Education

Institutions in their jurisdiction. About Sanitary Surveillance, 85.2% have said there is

no discussions with the Higher Education Institutions, 88.9% of the Sanitary

Surveillance services do not offer internships for students of the food area, 92.6%

have said there is no meet with Professional Councils, among others. It was

prepared Technical Manual where is approached the requirements, starting on the

approval of architectural design until the granting of sanitary charter, that are

necessary to the adequacy of the food industry on the Sanitary Surveillance. Since

there are no studies that seek to investigate this linkage there is no way to compare

the results. This study does not end, leaving several aspects for future research.

Key Words: Link. Sanitary Surveillance. Professional Councils. Higher Education Institutions. Food industry.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura triangular da interação com o RT......................................... 19

Figura 2. Esquema das influências temporais na formação do egresso da área de alimentos........................................................................................................

37

Figura 3. Municípios jurisdicionados à SRS/URA................................................ 40

Figura 4. Macrorregiões de Saúde de Minas Gerais............................................ 43

Figura 5. Representação percentual da percepção dos alunos sobre a articulação entre VISA e IES e normatização sanitária.........................................

80

Figura 6. Representação percentual da percepção dos alunos sobre a articulação entre conselhos profissionais e IES...................................................

83

Figura 7. Representação percentual da percepção dos coordenadores sobre a articulação entre conselhos profissionais e IES...................................................

85

Figura 8. Representação percentual da percepção dos coordenadores sobre a articulação entre VISA e IES................................................................................

87

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LISTA DE TABELAS Tabela 1. População da pesquisa, amostra, número de questionários respondidos e percentual de adesão........................................................

46

Tabela 2. Distribuição percentual dos graduandos segundo o sexo e idade........................................................................................................

75

Tabela 3. Distribuição numérica segundo frequência de marcações que retratam a lembrança dos graduandos sobre assuntos discutidos na graduação que estão implícitos nas normas sanitárias..................................................................................................

76

Tabela 4. Distribuição numérica dos graduandos segundo frequência das respostas aos questionários sobre assuntos previstos nas normas sanitárias..................................................................................................

77

Tabela 5. Distribuição percentual das respostas dos Conselhos Profissionais acerca da articulação com as IES.......................................

89

Tabela 6. Distribuição percentual de respostas dos Conselhos Profissionais acerca da articulação com a VISA.......................................

91

Tabela 7. Perfil dos participantes da VISA............................................... 92

Tabela 8. Distribuição percentual das respostas da VISA acerca da interface com as IES................................................................................

93

Tabela 9. Distribuição percentual das da VISA acerca da interface com os Conselhos Profissionais.......................................................................

93

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Competências, Habilidades e POP's previstos nas normas sanitárias versus PPC's: assuntos não previstos nas matrizes curriculares.....................

70

Gráfico 2. Proporções de respostas corretas, incorretas e em branco dos graduandos sobre as normas sanitárias especificadas na tabela 4.......................

79

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Número de RT's por graduação cadastrados nas indústrias de alimentos inspecionadas pelo NUVISA/SR/URA.................................................

45

Quadro 2. Engenharia de alimentos/IES "A": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001...............................................................................

49

Quadro 3. Engenharia de alimentos/IES "A": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção de POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA.........................

50

Quadro 4. Engenharia química/IES "A": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001.............................................................................................................

53

Quadro 5. Engenharia química/IES "A": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA......................................

54

Quadro 6. Nutrição/IES "A": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001.............................................................................................................

57

Quadro 7. Nutrição/IES "A": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA..........................................

58

Quadro 8. Engenharia química/IES "B": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001.............................................................................................................

61

Quadro 9. Engenharia química/IES "B": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA.......................................

63

Quadro 10. Nutrição/IES "B": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001..............................................................................................................

65

Quadro 11. Nutrição/IES "B": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA..........................................

66

Quadro 12. Tecnologia de alimentos/IES "C": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001..................................................................................

68

Quadro 13. Tecnologia de alimentos/IES "C": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA.........................

69

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle BPF – Boas Práticas de Fabricação CEP – Comitê de Ética e Pesquisa CFQ – Conselho Federal de Química CFN – Conselho Federal de Nutricionistas CONFEA – Conselho Federal de Engenharia e Agronomia CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia CRN – Conselho Regional de Nutricionistas CRQ – Conselho Regional de Química DVA – Doenças Veiculadas por Alimentos ENADE – Exame Nacional do Ensino Médio FONAPRACE – Fórum Nacional de Pró-reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis FUNED – Fundação Ezequiel Dias IES – Instituições de Ensino Superior MS – Ministério da Saúde MG – Minas Gerais NUVISA – Núcleo de Vigilância Sanitária OMS – Organização Mundial de Saúde PPC – Projeto Pedagógico Curricular PDR – Plano Diretor de Regionalização PDVISA – Plano Diretor de Vigilância Sanitária PIQ – Padrão de Identidade e Qualidade POP – Procedimento Operacional Padronizado RDC – Resolução da Diretoria Colegiada RT – Responsável Técnico SES – Secretaria de Estado de Saúde SRS – Superintendência Regional de Saúde URA – Uberaba VISA – Vigilância Sanitária

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................... 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 22

2.1 O PAPEL DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR NA FORMAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS..........

25

2.2 PAPEL DOS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS NO ÂMBITO DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA...................................

2.2.1 Normas sanitárias sobre os RT's e indústrias de alimentos ...................... 2.2.1.1 Portaria nº 1.428, de 26 de novembro de 1993 .............................. 2.2.1.2 Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997............................................. 2.2.1.3 Resolução n° 23, de 15 de março de 2000...................................... 2.2.1.4 Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002.........................

27 30 30 32 33 33

2.3 O PAPEL DOS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS DAS INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS NO ÂMBITO DOS CONSELHOS PROFISSIONAIS......................

2.3.1 Impacto das normas dos conselhos profissionais sobre os egressos da área de alimentos....................................................................................................... 2.3.1.1 Conselho Regional de Nutricionistas de Minas Gerais - CRN/MG.... 2.3.1.2 Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais - CREA/MG................................................................................................................. 2.3.1.3 Conselho Regional de Química de Minas Gerais - CRQ/MG............

35

35 36

36 36

3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................... 39

3.1 SELEÇÃO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO..................................................... 39

3.2 SELEÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - IES........................ 40

3.3 PESQUISA EXPLORATÓRIA E DE CAMPO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - IES REALIZADAS COM OS COORDENADORES DOS CURSOS.............................................................................................................

40 3.4 PESQUISA EXPLORATÓRIA E DE CAMPO APLICADA OS GRADUANDOS... 41

3.5 ESCOLHA DOS CONSELHOS PROFISSIONAIS............................................... 42

3.6 PESQUISA DE CAMPO E EXPLORATÓRIA NOS CONSELHOS PROFISSIONAIS..................................................................................................

42

3.7 ESCOLHA DOS SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA - VISA ................... 43

3.8 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS..................................................... 44

3.9 ELABORAÇÃO DE MATERIAL TÉCNICO SOBRE VIGILÂNCIA SANITÁRIA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS..............................................................................

44

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................ 45

4.1 RESPONSÁVEIS TÉCNICOS CADASTRADOS NO NUVISA/SRS/URA............ 45

4.2 CURSOS DE GRADUAÇÃO PESQUISADOS.................................................... 45

4.3 CONSELHOS DE CLASSE PROFISSIONAIS PESQUISADOS.......................... 46

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17

4.4 POPULAÇÃO DA PESQUISA E PERCENTUAL DE ADESÃO........................... 46

4.5 ANÁLISE CRÍTICA DOS PROJETOS PEDAGÓGICOS CURRICULARES - PPC, SOB A ÓTICA DA INCLUSÃO DE ASSUNTOS RELACIONADOS ÀS NORMAS DOS CONSELHOS PROFISSIONAIS E DE VISA....................................

47 4.5.1 Engenharia de Alimentos - IES "A"............................................................. 47 4.5.2 Engenharia Química - IES "A" .................................................................... 51 4.5.3 Nutrição - IES "A"........................................................................................ 55 4.5.4 Engenharia Química - IES "B"..................................................................... 59 4.5.5 Nutrição - IES "B"........................................................................................ 64 4.5.6 Tecnologia de alimentos - IES "C"............................................................... 67

4.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS SOBRE A PERCEPÇÃO DOS ALUNOS ACERCA DOS TEMAS NORMATIZAÇÕES SANITÁRIAS E ÉTICA PROFISSIONAL...................................................................

74 4.6.1 Perfil dos graduandos segundo sexo e idade.............................................. 74 4.6.2 Graduandos e suas percepções sobre as normas sanitárias...................... 75 4.6.3 Graduandos e suas percepções sobre as normas dos conselhos profissionais...............................................................................................................

83

4.6.4 Participação das IES - interpretando a articulação com os conselhos profissionais................................................................................................................

84

4.6.5 Participação das IES - interpretando a articulação com a VISA.................. 86 4.6.6 Participação dos conselhos profissionais.................................................... 89 4.6.6.1 Interpretando a articulação com as IES............................................ 89 4.6.6.2 Interpretando a articulação com a VISA........................................... 90 4.6.7 participação dos Núcleos Estaduais de Vigilância Sanitária e Diretoria de Vigilância Sanitária de Alimentos ...............................................................................

91

4.6.7.1 Interpretando a articulação com os conselhos profissionais e VISA 91

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 96

REFERÊNCIAS........................................................................................................... 98

APÊNDICE A. Questionário para Graduandos da área de alimentos e afins............ 108

APÊNDICE B. Questionário Coordenadores das graduações da área de alimentos e afins.....................................................................................................................

111

APÊNDICE C. Questionário Conselhos de Classe Profissionais............................... 113

APÊNDICE D. Questionário Vigilância Sanitária....................................................... 117

APÊNDICE E. Instrutivo sobre Vigilância Sanitária........................................... 119

ANEXO A. Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE............................. 194

ANEXO B. Parecer Substanciado do Comitê de Ética e Pesquisa - CEP.................. 196

ANEXO C. Ofício ATVS nº 749/2014/SRS/Uberaba - Apresentação mestranda, projeto e solicitação de parceria.................................................................................

200

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18

1. INTRODUÇÃO

A produção dos alimentos para atender às necessidades sociais, advindas de

várias frentes de interesses, considerando a qualidade higiênico-sanitária como fator

de segurança alimentar, é um desafio para as indústrias e profissionais do setor.

Faz parte do rol de requisitos para o controle da qualidade dos alimentos o uso

dos conhecimentos científicos e técnicos, os quais balizam o surgimento de

profissões que atendam as demandas do mercado, dos cidadãos e, sobretudo das

indústrias de alimentos quanto aos requisitos para o alimento seguro, delineando,

portanto, o nicho laboral de Responsáveis Técnicos – RT’s em indústrias de

alimentos (REZENDE, 2007). Grifa-se também que as empresas não mais

disponibilizam um emprego tradicional, mas sim trabalho, passando a procurar um

profissional que ofereça soluções para os diversos problemas que as empresas e a

sociedade possam enfrentar (RUEDA et al., 2004).

A pluralidade das indústrias alimentícias que utilizam aparatos tecnológicos

avançados, ou ainda que produzam alimentos com alto grau de manipulação,

exigindo um rigoroso controle de segurança e qualidade, alavanca a necessidade de

conhecimento amplo por parte dos RT's, considerando ainda que o mercado

consumidor espera pagar por um alimento que não atenda tão somente às suas

necessidades nutricionais, mas que não lhe cause nenhum dano ou agravo.

Nesse escopo, os RT's tem a função de colaborar de forma direta no controle

de qualidade da indústria e garantir a esta, e consequentemente aos consumidores,

o alimento elaborado com padrão de qualidade e dentro das normas sanitárias,

prestando seus serviços sem negligenciar as boas práticas de fabricação, evitando

para si embargos civis, criminais e éticos por possíveis danos que possam vir

ocorrer ao consumidor, se caracterizada sua culpa por imperícia, imprudência ou

omissão enquanto coordenador do processo produtivo (COMISSÃO TÉCNICA DE

ALIMENTOS, 2013).

Para assumir o cargo de RT na indústria de alimentos e ter a atribuição de

implantar e supervisionar as boas práticas de fabricação, as quais tratam das

práticas que garantam a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos

alimentícios com regulamentos técnicos específicos (BRASIL, 2002), para os

graduados em Instituições de Ensino de Nível Superior - IES, não bastará o diploma

Page 19: 2 IVONE MARIA DE MELO CARNEIRO Formação do responsável técnico para a indústria alimentícia: análise prospectiva dos papéis institucionais da Vigilância Sanitária, Conse

19

adquirido após o cumprimento de regras de frequência e percentuais mínimos de

aproveitamento.

Enquanto a escola atesta a habilitação técnica-científica por meio do diploma,

os conselhos profissionais a comprovam legalmente mediante a emissão da carteira

profissional (CREA, 2005), ao passo que as normatizações sanitárias, aplicadas pela

vigilância sanitária - VISA, definem as atribuições desse profissional nas indústrias

de alimentos e as boas práticas para sua produção.

Nesse processo temporal da formação acadêmica à atuação no mercado de

trabalho, constroem-se três ângulos de um triângulo (SEVERINO, 2000), três

universos (IES – VISA – Conselhos Profissionais), conforme Figura 1, que se vertem

ao RT, se complementam e se implicam mutuamente requerendo deste um conjunto

de habilidades e competências.

Figura 1. Estrutura triangular da interação entre IES ,VISA, conselhos profissionais e RT.

Fonte: Da autora

O espaço entre a formação acadêmica e o exercício profissional é onde os

requisitos da tríade, IES - VISA - conselhos profissionais, efetivamente se fecham

formando o triângulo já citado, que se converge ao atendimento dos arranjos

produtivos e legais, com vistas à produção do alimento seguro, centrada na

pertinência da atuação dos RT's, confirmando e comprovando a necessidade de

abrir diálogos entre as partes dirimindo os eventuais conflitos entre o controle do

exercício profissional, controle sanitário e formação acadêmica.

IES

VISA Conselhos

Profissionais

s

RT

indústrias

de

alimentos

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Certos de que essa articulação pode contribuir para a adequação dos

alimentos ao consumo, cumpre divulgar que nos anos de 2000 a 2013 foram

instaurados diversos processos administrativos sanitários contra indústrias

localizadas em municípios sob a jurisdição da Superintendência Regional de Saúde

de Uberaba - SRS/URA, motivados por resultados insatisfatórios das análises

realizadas em amostras de alimentos (pimenta do reino moída, orégano, pão de

queijo congelado, snacks, queijos, linguiças, amendoim, etc.), coletados para análise

fiscal, analisadas pelo laboratório oficial de referência do Estado de Minas Gerais, a

Fundação Ezequiel Dias - FUNED (NUVISA, 2014).

Os alimentos analisados apresentaram irregularidades tais como: rotulagem

em desacordo com as normas pertinentes; contaminações microbiológicas; uso de

corantes proibidos; níveis elevados de aflatoxinas; teor de sódio e gordura maior do

que aquele veiculado na rotulagem; fragmentos de insetos, entre outros, fatos tais

que representam risco para a saúde da coletividade (NUVISA/SRS/URA, 2014).

Entre as justificativas apresentadas pelas indústrias infratoras alegou-se

desconhecimento sobre: obrigatoriedade de licenciamento da empresa pela VISA;

registro da empresa junto aos conselhos de classe profissionais e regularização do

RT junto ao respectivo conselho (para as que contavam com esse profissional);

obrigatoriedade de ter um RT habilitado; adequação da rotulagem; e, cadastro dos

produtos isentos da obrigatoriedade de registro e do registro obrigatório de outros no

Ministério da Saúde/MS (NUVISA/SRS/URA, 2014).

Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa foi identificar os papéis das IES,

VISA e conselhos profissionais na formação do responsável técnico para a indústria

alimentícia no município de Uberaba, Minas Gerais, dimensioná-los e entender como

se processa a articulação entre esta tríade, com o intuito de melhor orientar as

atividades de ensino, pesquisa, extensão, revisão das normatizações, substanciando

o exercício profissional dos graduandos da área de alimentos e afins.

Para tanto, a pesquisa se propôs a apresentar um diagnóstico das matrizes

curriculares dos cursos superiores de Uberaba – MG que habilitam o responsável

técnico para indústria alimentícia sob a ótica da ética profissional e legislação

sanitária; avaliar a eficiência dos currículos na formação dos graduandos para

atuação como RT´s; avaliar a articulação entre IES, VISA e conselhos profissionais

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sob a ótica dos coordenadores de curso, graduandos, coordenadorias da vigilância

sanitária estadual e representantes dos conselhos profissionais.

Cumpre ressaltar que esta pesquisa foi inovadora para a área de alimentos,

não sendo encontradas pesquisas semelhantes.

A partir de dados obtidos, e ainda como objetivo complementar da pesquisa foi

elaborado um instrutivo técnico que aborda requisitos necessários à adequação das

indústrias de alimentos junto à vigilância sanitária.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Dados e informações (elaboração/organização de dados) são necessários para

desenvolvimento do pensamento, mas o conhecimento não se limita ao simples

acúmulo de dados e informações, exigindo interfaces e conexões de todos os tipos

(LEVY, 1993).

A interface/articulação pode ser entendida como um espaço de comunicação,

pois o mundo está habitado por diversas entidades com capacidade comunicativa

(OLIVEIRA; BARANAUSKAS, 1999), contudo para interfacear/articular é preciso

conhecer.

Conhecer é apreender o significado e apreender o significado de um objeto ou

de um acontecimento é vê-lo em suas relações com outros objetos ou

acontecimentos (FORESTI, 1997). Assim, os significados constituem feixes de

relações, que se articulam em teias, em redes, construídas social e individualmente

e em permanente estado de atualização (MACHADO, 1994).

Alguns esforços vêm sendo alavancados para a articulação entre a VISA e

outros órgãos, como o eixo IV do Plano Diretor de Vigilância Sanitária - PDVISA,

publicado em 2007 pela ANVISA, aborda a produção do conhecimento, pesquisa e

desenvolvimento tecnológico (BRASIL, 2007). Este eixo define a importância do

fomento à produção e disseminação do conhecimento em VISA, com a participação

de outros atores sociais, tais como conselhos de classe e IES.

Uma de suas diretrizes trata da consolidação do campo de VISA nos espaços

acadêmicos de formação e produção científica, ensino e pesquisa e reconhecimento

dela como campo de pesquisa (BRASIL, 2007).

Um exemplo de cooperação muito positiva ocorreu em 1997, quando por meio

de Edital nº4/97 a Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação e

Cultura convocou as IES para discutirem com a sociedade científica, ordens e

associações profissionais, associações de classe, setor produtivo e outros setores

envolvidos para moldar propostas para a elaboração das Diretrizes Curriculares,

conduta que ensejou um alto nível de participação dos segmentos institucionais,

advindo ricas e ponderáveis contribuições da sociedade, das universidades, das

faculdades, de organizações profissionais, de organizações docentes e discentes,

enfim, da comunidade acadêmica e científica, e com a ampla participação dos

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setores públicos e privados em seminários, fóruns e encontros de debates (BRASIL,

2002).

A colaboração, traduzida nessa articulação, para a produção do alimento

seguro e consequentemente para a promoção da saúde é um acordo voluntário

entre dois ou mais parceiros que decidem trabalhar em cooperação para obter um

conjunto de resultados de saúde compartilhados (BRASIL, 2006).

As muitas faces do alimento seguro levam à máxima de que no campo da

produção de alimentos não se permitem falhas ou interesses escusos que coloquem

em risco à saúde da coletividade atribuindo-se relevância em valorizar as inspeções

sanitárias, as fiscalizações do exercício profissional, o conhecimento científico e

técnico, o saber fazer, o cumprimento das normatizações e o profissional RT, como

fatores determinantes da qualidade e segurança dos alimentos (BRASIL, 2007).

Conforme preconizado no art. 98 da Lei nº 13.317/99, Código de Saúde do

Estado de Minas Gerais,

“considera-se infração sanitária (...) a desobediência ou inobservância do disposto nas normas legais, regulamentares e outras que, por qualquer forma, se destinem a promover, proteger, preservar e recuperar a saúde” e, em seu parágrafo 1º dispõe que “responderão pelas infrações sanitárias (...) os responsáveis administrativos ou os proprietários dos estabelecimentos sujeitos à fiscalização mencionados nesta lei, e se houver, os responsáveis técnicos, na medida de sua responsabilidade pelo evento danoso” [grifo nosso] (MINAS GERAIS, 1999).

É fato que um alimento produzido e distribuído sem a observância de todos os

requisitos que garantam sua qualidade e segurança representa uma potencial

externalidade, ou seja, ao circular no mercado, o alimento põe em risco não apenas

a comunidade que pertence ao município ou à unidade federada onde a indústria

está instalada, mas constitui um perigo para todas as comunidades por onde esse

alimento é distribuído, comercializado e consumido (LUCCHESE, 2001).

Os técnicos da área de alimentos dos serviços de VISA do Estado de Minas

Gerais, durante as inspeções sanitárias realizadas em indústrias de alimentos,

sediadas em diversos municípios, constataram o desconhecimento, pelos

responsáveis legais e técnicos das indústrias, estes últimos nem sempre existentes

no quadro de funcionários, das legislações as quais seus produtos e seus

responsáveis legais e técnicos estavam submetidos (MINAS GERAIS, 2012).

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As irregularidades ora constatadas culminaram em processos administrativos

sanitários com implicação de responsabilidade solidária aos RT's das indústrias

infratoras, fato que deve reforçar a preocupação deste com a qualidade e segurança

dos alimentos, pois além dos danos que possam vir a ser causados aos

consumidores, do abalo da imagem da indústria, há responsabilização administrativa

e, dependendo do caso, criminal desse profissional (MINAS GERAIS, 2012).

Pautando-se por tais constatações há de se pensar que os futuros RT's devem

ser direcionados ao conhecimento das normatizações sanitárias e do exercício

profissional, ao menos àquelas de principal interesse, na graduação. Portanto, as

IES tem grande responsabilidade no esforço de alinhar conhecimento técnico ao

conhecimento regulatório sanitário, sendo este último que regula o licenciamento e

funcionamento das indústrias de alimentos. Acrescenta-se que as aprendizagens

mais significativas e duradouras são as que decorrem de experiências concretas e

da experimentação ativa, implicando o envolvimento direto dos formandos em

atividades e contextos reais de trabalho (KNOWLES, 1980; KOLB, 1984; LAVE;

WENGER, 1991; SCHÖN, 1992, 1995 apud VIEIRA et al., 2011).

A Organização Mundial da Saúde/OMS (2007) estima que ocorra por ano 1,8

milhões de óbitos por Doenças Veiculadas por Alimentos - DVA's no mundo, e no

Brasil de 2.000 a 2.015 foram notificados à Secretaria de Vigilância em Saúde do

Ministério da Saúde 10.666 surtos de DVA’s, com 209.240 pessoas doentes e

registro de 155 óbitos (BRASIL, 2015). Os dados assustam e acredita-se que

apenas 10% dos casos de DVA’s são efetivamente notificados e investigados.

A ocorrência das doenças de origem alimentar é um dos problemas que mais

afligem os RT's, pela qualidade dos alimentos comercializados (RIBEIRO, 2008) e o

poliedro da segurança alimentar reforça a necessidade de congregar várias

organizações na garantia do alimento seguro, comentário realizado por Nitzke al.

(2009) quando tratava da questão da segurança alimentar sob uma visão

interdisciplinar e complexa.

Com vistas a instrumentalizar o RT para esse mercado e, sobretudo para

produção do alimento seguro e de qualidade, a tríade IES - VISA - conselhos

profissionais desempenham papéis bem definidos, de forma pontual ou contínua,

porém interfaceados, importando-se descrever um pouco sobre cada uma destas

organizações e sobre o que a legislação sanitária atribui a esse profissional.

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2.1 O papel das instituições de ensino superior na formação dos responsáveis

técnicos das indústrias de alimentos

Farah (1995) considerava que historicamente vários fatores vinham

contribuindo para acarretar a situação crítica na educação do Brasil, destacando

como um deles a centralização das decisões na esfera federal quanto à definição

dos conteúdos curriculares, excluindo a comunidade e os profissionais envolvidos

nesse processo.

Na atualidade, a legislação que estabelece as diretrizes e bases da educação

nacional, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, considera que a educação

abrange não somente o conhecimento adquirido dentro das instituições de

ensino, mas abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida

familiar, nas organizações da sociedade civil [grifo nosso], entre outras e ainda

que a educação tem por finalidade preparar o indivíduo para o exercício da

cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).

Logo após a promulgação da Lei retromencionada, têm-se vivido períodos de

expectativas e incertezas, notadamente quanto às políticas curriculares para a

formação profissional nos mais variados campos do saber, e todas as decorrências

que essas tensões supõem, seja em relação aos rumos a serem desconstruídos

pelas instituições no que se refere aos projetos pedagógicos seja no que diz respeito

aos docentes em suas práticas cotidianas de trabalho (FARTES, 2008).

As tensões vividas pelos docentes e gestores das IES são plenamente

justificáveis, sobretudo porque esse ambiente acadêmico, um cenário específico e

especializado, forma indivíduos para o mercado de trabalho, é onde se processa um

espaço para a produção do conhecimento, mas não se trata de qualquer

conhecimento (FARTES, 2008).

Trata-se de conhecimento significativo que precisa dar conta do avanço da

fronteira da ciência e tecnologia, da cultura e também dos problemas atuais que

atingem a comunidade, pois é reconhecido, também pelos serviços prestados à

sociedade (BEHRENS,1998; TRIGUEIRO, 2001 apud RIBEIRO, 2008).

Esse cenário para a construção dos projetos pedagógicos e matrizes

curriculares passa a obedecer a diretrizes gerais e todos os cursos devem ser

autorizados através de um ato formal de reconhecimento pelo Ministro da Educação

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para que essas IES possam emitir diplomas reconhecidos e válidos nacionalmente

(BRASIL, 2002).

A diretriz curricular para o ensino de graduação irá definir os princípios,

fundamentos, condições e procedimentos de formação profissional, estabelecidos

pela Câmara de Educação Superior para aplicação em âmbito nacional na

organização, desenvolvimento e avaliação dos projetos pedagógicos dos cursos de

graduação das instituições (BRASIL, 2002).

Elenca-se também o perfil do formando nos diversos cursos de graduação na

área de alimentos a fim de dotar o profissional dos conhecimentos requeridos para o

exercício de determinadas competências e habilidades, e, cada graduação terá

resolução específica que defina suas Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL,

2003).

Ficou assegurada às IES ampla liberdade na composição da carga horária a

ser cumprida para a integralização dos currículos, assim como na especificação das

unidades de estudos a serem ministradas, assegurando, porém, uniformidade

mínima profissionalizante a todos quantos colassem graus profissionais, por curso,

diferenciados apenas em relação às disciplinas complementares e optativas

(BRASIL, 2003).

As unidades curriculares estudadas nos cursos de graduação irão definir

qualificações profissionais futuras e os diplomas de cursos superiores reconhecidos,

quando registrados, terão validade nacional como prova da formação recebida por

seu titular (BRASIL, 2013), porém a formação acadêmica recebida não se traduz na

garantia de registro em determinado conselho de classe profissional ou a atribuições

profissionais preestabelecidas que sejam específicas de uma dada profissão, por

força de lei e outros dispositivos.

Sendo assim, percebe-se que as IES têm o papel de fornecer conhecimentos

básicos, detalhados e especializados de forma aprofundada, diga-se tratar do

momento mais crítico da formação do indivíduo para o trabalho, onde este constrói

seu perfil profissional com base no que lhe é oferecido para estudo (BRASIL, 2013).

Do exposto, ao elaborarem os planos de ensino e projetos pedagógicos dos

cursos superiores, sem prejuízo do respectivo perfil profissional de conclusão

identificado, deverão ser consideradas as atribuições privativas ou exclusivas das

profissões regulamentadas por lei (BRASIL, 2007), bem como podem inserir, ao seu

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critério, as legislações sanitárias e profissionais, os quais futuramente estarão

submetidos seus graduandos, quando de sua entrada no mercado de trabalho da

área de alimentos.

2.2 O papel dos responsáveis técnicos das indústrias de alimentos no âmbito

da vigilância sanitária

Enquanto as IES se fazem presentes no momento crítico da formação do

indivíduo para o mercado de trabalho, um marco inicial de moldagem de habilidades

que são inerentes a cada ser, associadas aos conhecimentos técnicos que lhe são

repassados, a VISA tem o privilégio de acompanhar a evolução deste indivíduo,

enquanto RT, dentro das indústrias de alimentos, de forma contínua (BRASIL, 2013).

Entre as atividades básicas da VISA, estão a fiscalização, inspeção, educação

sanitária, normatização e o monitoramento da qualidade dos alimentos expostos à

venda, tendo ainda a função de ser mediadora entre os interesses econômicos e os

interesses da saúde. Estará sempre monitorando a evolução das indústrias e

consequentemente daqueles que nelas atuam (BRASIL, 2007).

Os fatores contínuos que levam a VISA a estar presente na vida profissional

dos RT's das indústrias de alimentos se balizam pelas regras (leis, portarias,

resoluções ou outra hierarquia legislativa) e pelos avanços tecnológicos do setor

produtivo, e estes devem ser fruto do conhecimento, porém, a articulação de

produção de saberes na área entre as IES, institutos de pesquisa, setor regulado,

nas organizações da sociedade é um desafio para uma atuação mais presente e

consistente desta política de proteção (NETO et al., 2006 apud RIBEIRO, 2004).

Entre as preocupações do Ministério da Saúde - MS e ANVISA, identifica-se a

questão de estabelecer diretrizes, definições e condições gerais para o

funcionamento das indústrias de alimentos, visando o cumprimento das Boas

Práticas de Fabricação de Alimentos - BPF's, a fim de garantir a segurança do

alimento produzido, eliminando ou minimizando riscos à saúde do consumidor

(VARGAS, 2014).

As atribuições conferidas ao RT através das legislações vêm de encontro a tais

preocupações e, portanto reitera-se que a VISA influencia continuamente a atuação

deste profissional no exercício de sua função.

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Como exemplo cita-se a Portaria nº 1.428/93 e Portaria nº 326/97

(BRASIL,1993; BRASIL, 1997), a primeira, considerada um divisor de águas na

VISA, aborda que os estabelecimentos na área de alimentos devem adotar, sob

responsabilidade técnica, as suas próprias boas práticas de produção, controles de

qualidade, dentre outros e define que o exercício da responsabilidade técnica deve

ser feito no sentido de atender as exigências legais e outros requisitos básicos

relacionados à compreensão, capacidade e competência para elaborar documentos

e implantar controles dentro das indústrias de alimentos. A segunda define

responsável técnico como o profissional habilitado a exercer atividade na área de

produção de alimentos e respectivos controles de contaminantes que possam

intervir com vistas à proteção da saúde.

Para exercer seu poder de polícia, disciplinando os

diversos segmentos do mercado sob vigilância sanitária em todo o país, a ANVISA estabelece normas específicas para cada tipo de produto ou serviço que pode ter algum impacto para a saúde da população. Essas normas têm força de lei e são obrigatórias para todos os envolvidos no setor produtivo. Há também regulamentos que especificam como deve ser o processo de produção na indústria [grifo nosso]. Eles são conhecidos como Boas Práticas de Fabricação que visam garantir a qualidade do produto final (...). De modo geral as Boas Práticas tem como objetivo garantir que as instalações, os profissionais, a higienização local, as matérias-primas, os equipamentos, o controle de qualidade, o armazenamento, o transporte e outros processos sejam realizados de acordo com os padrões de higiene, segurança e qualidade (BRASIL, 2007b).

Ambos os requisitos normativos vem de encontro ao que se define na Lei

8.080/90 (BRASIL, 1990) que trata VISA como um conjunto de ações capazes de

eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários

decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de

serviços, abrangendo todas as etapas e processos, da produção ao consumo.

Sendo o campo de atuação da VISA bastante amplo, visto que opera desde a

comunicação e promoção da saúde, gerenciando o risco sanitário no cotidiano dos

indivíduos pelo fato de lidar com produtos e serviços que interagem com as pessoas,

ocorre o envolvimento de vários atores sociais, tais como o poder público, as

organizações, os trabalhadores e a população, todavia

no campo da vigilância sanitária, controle e fiscalização se confundem. Mas controle é mais amplo, pois inclui a fiscalização e se

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estende desde a regulamentação até ações educativas, e de informações ao consumidor. Fiscalização é ação verificadora do cumprimento da norma, e se dá, muitas vezes, mediante a inspeção de estabelecimentos, atividades e ambientes (COSTA E ROZENFELD, 2000).

Com tantas atribuições de importância no cenário econômico Lucchese (2001)

percebeu que a VISA era uma área fascinante e muito importante para a saúde

pública, por buscar o controle dos riscos sanitários, além disso, a VISA

interage no desenvolvimento do conhecimento científico (...) porque a informação científica e a técnica de trabalho são essenciais para o desenvolvimento de suas atividades, exigindo-se versatilidade e constante atualização de conhecimento (STEINBACH et al., 2012).

Se tantas são as regras para seguir, então deve haver um responsável dentro

das indústrias de alimentos para garantir os seus cumprimentos e aplicação uma vez

que "para que haja saúde é fundamental que os alimentos sejam produzidos em

quantidade e com qualidade apropriadas ao equilíbrio orgânico, o qual representa

um fator de resistência às doenças” (GERMANO; GERMANO, 2001) e o responsável

em mediar os fatores quantidade e qualidade é o RT, sem se esquecer do papel da

alta direção da indústria, a qual “deve assegurar que responsabilidades e

autoridades sejam definidas e comunicadas dentro da organização para se

assegurar a operação e manutenção eficazes do sistema de gestão de qualidade e

segurança de alimentos” (DIAS et al., 2010).

Dias et al. (2010) reforçam que um sistema de gestão da qualidade é uma

ferramenta que possibilita a uma organização alcançar e controlar sistematicamente

o nível de desempenho de qualidade e segurança de alimentos, contudo o

estabelecimento e operação de um sistema de gestão da qualidade e segurança de

alimentos isoladamente não irá resultar em redução imediata dos riscos de

segurança desses alimentos, mas proporcionará um melhor gerenciamento desses

riscos.

Antes de qualquer implantação de sistemas de gestão da qualidade, os RT's

devem se inteirar de todas as legislações aplicáveis à sua regulamentação

profissional, à atividade econômica da indústria e aos alimentos que se queira

manipular e harmonizar as técnicas de produzir com a contextualização legal.

A preocupação com a quantidade, qualidade e segurança dos alimentos deve nortear os trabalhos dos responsáveis técnicos das

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indústrias de alimentos. No Brasil, os regulamentos relacionados à qualidade e à segurança dos alimentos são estabelecidos por normas federais, estaduais e municipais (...) é importante ressaltar que as atualizações são dinâmicas e os profissionais devem se manter atualizados em relação às novas publicações de seu segmento de atuações (...). O desenvolvimento de um sistema de gestão da qualidade e segurança dos alimentos representa uma abordagem “pró-ativa”, sistemática e lógica para lidar com problemas de segurança de alimentos ao invés de uma abordagem “reativa”, parcial que viole a segurança dos alimentos (DIAS et al., 2010).

Ao abordar irregularidades no setor alimentício a VISA deve contar com o apoio

de vários segmentos da sociedade, entre esses as IES e os conselhos profissionais

e sua articulação se solidifica ao ponto que poderá requerer a qualquer tempo, por

exemplo, uma ação dos órgãos fiscalizadores do exercício da profissão, isso quando

se tratar, dentre outros, de usos de procedimentos sem comprovação científica,

propaganda enganosa, condutas que adentrem o campo da ética (EDUARDO,

1998).

2.2.1 Normas sanitárias sobre os RT's e indústrias de alimentos

Serão descritas a seguir as normas sanitárias que estabelecem os requisitos

de responsabilidade técnica no âmbito das indústrias alimentícias.

2.2.1.1 Portaria nº 1.428, de 26 de novembro de 1993

Norma de extrema relevância para o setor de alimentos, com amplitude

nacional, aplicável a toda e qualquer indústria de alimentos, estabelecendo dentre

outras as diretrizes para o estabelecimento de boas práticas de produção de

alimentos (BRASIL, 1993).

Determina que os estabelecimentos relacionados à área de alimentos

adotem, sob responsabilidade técnica, as suas próprias Boas Práticas de Produção,

seus programas de qualidade, e atendam aos Padrões de Identidade e Qualidade -

PIQ's para produtos e serviços na área de alimentos. Trata sobre o Sistema de

Análise e Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC, define Boas Práticas

como normas de procedimentos para atingir determinado PIQ de um produto, cuja

eficácia e efetividade devem ser avaliadas através da inspeção e/ou da investigação

(BRASIL, 1993).

Destaca a Figura do RT como responsável pela implementação desta norma

e grifa a importância da articulação dos serviços de VISA com os conselhos de

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classe visando à implementação da responsabilidade técnica de profissionais que

atuam na área de alimentos (BRASIL, 1993).

Responsabilidade Técnica passa a ser definida como aquela exercida por

agentes mencionados nos termos do Decreto nº 77.052, de 19 de janeiro de 1976

(BRASIL, 1976), observadas as infrações dos itens XIX (industrializar produtos de

interesse sanitário sem assistência de RT legalmente habilitado), XXV (exercer

profissões e ocupações relacionadas com a saúde sem a necessária habilitação

legal) e XXVI (cometer o exercício de encargos relacionados com a promoção,

proteção e recuperação da saúde a pessoas sem a necessária habilitação legal) da

Lei 6.437, de 20, de agosto de 1977 (BRASIL, 1977).

Outro marco desta norma foi tratar do exercício da responsabilidade técnica

no sentido de atender as exigências legais e requisitos básicos como (BRASIL,

1993):

compreensão dos componentes do Sistema APPCC;

capacidade de identificação e localização de Pontos Críticos de Controles

(PCCs) em fluxogramas de processos;

capacidade de definir procedimentos, eficazes e efetivos, para os controles

dos PCCs;

conhecimento da ecologia de microrganismos patogênicos e deterioradores;

conhecimento da toxicologia alimentar;

capacidade para selecionar métodos apropriados para monitorar (PCCs),

incluindo estabelecimento de planos de amostragem e especificações;

capacidade de recomendar o destino final de produtos que não satisfaçam

aos requisitos legais;

As competências e autoridades requeridas para o RT são:

elaborar as Boas Práticas de Fabricação e Boas Práticas de Prestação de

Serviços na área de alimentos;

responsabilizar pela aprovação ou rejeição de matérias-primas, insumos,

produtos semi-elaborados e produtos terminados, procedimentos, métodos ou

técnicas, equipamentos ou utensílios, de acordo com normas próprias

estabelecidas nas Boas Práticas de Fabricação de alimentos;

avaliar a qualquer tempo registros de produção, inspeção, controle e de

prestação de serviços, para assegurar-se de que não foram cometidos erros,

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e se esses ocorreram, que sejam devidamente corrigidos e investigadas suas

causas;

supervisionar os procedimentos de fabricação para certificar-se de que os

métodos de produção e de prestação de serviços, estabelecidos nas Boas

Práticas de Fabricação de alimentos estão sendo seguidos;

adotar métodos de controle de qualidade adequados, bem como

procedimentos a serem seguidos no ciclo de produção e/ou serviço que

garantam a identidade e qualidade dos mesmos;

adotar o método de APPCC - Avaliação de Perigos e Determinação de

Pontos Críticos de Controle, para a garantia de qualidade de produtos e

serviços.

2.2.1.2 Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997

Normatiza sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas práticas de

fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. Sua

aplicação ocorre em estabelecimentos onde se realiza qualquer uma das atividades

de: produção/industrialização, fracionamento, armazenamento e transportes de

alimentos industrializados. Também trata sobre BPF’s (BRASIL, 1997).

Pontua claramente sobre o RT, como segue (BRASIL, 1997):

Pessoal Tecnicamente Competente/Responsabilidade Técnica: é o

profissional habilitado a exercer atividade na área de produção de alimentos e

respectivos controles de contaminantes que possa intervir com vistas à

proteção da saúde;

Produção: a produção deve ser realizada por pessoal capacitado e

supervisionada por pessoal tecnicamente competente;

Responsabilidade Técnica e supervisão: o tipo de controle e supervisão

necessário depende do risco de contaminação na produção do alimento. Os

responsáveis técnicos devem ter conhecimento suficiente sobre as boas

práticas de produção de alimentos para poder avaliar e intervir nos possíveis

riscos e assegurar uma vigilância e controle eficazes;

Controle de alimentos: o RT deve usar metodologia apropriada de avaliação

dos riscos de contaminação dos alimentos nas diversas etapas de produção

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contidas no presente regulamento e intervir sempre que necessário, com

vistas a assegurar alimentos aptos ao consumo humano.

2.2.1.3 Resolução nº 23, de 15 de março de 2000

O ano de 2000 para a área de alimentos tratou da desburocratização dos

registros de alimentos junto à ANVISA/MS. Esta norma introduziu o manual de

procedimentos básicos para registro e dispensa da obrigatoriedade de registro de

produtos pertinentes à área de alimentos. Em 2010 teve a lista de categorias de

alimentos dispensados de registro atualizada através da Resolução RDC nº 27, de

06 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010). Tratou de estabelecer responsabilidade para

a empresa a qual deverá estabelecer as BPF's, o Manual de Boas Práticas de

Fabricação e o APPCC.

2.2.1.4 Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002

Aplica-se a toda e qualquer indústria de alimentos dispondo sobre o

regulamento técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados - POP's e a lista

de verificação das Boas Práticas de Fabricação (BRASIL, 2002).

Estabelece minimamente oito (08) POP's, são eles (BRASIL, 2002):

1. Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios;

2. Controle da potabilidade da água;

3. Higiene e saúde dos manipuladores;

4. Manejo dos resíduos;

5. Manutenção preventiva e calibração de equipamentos;

6. Controle integrado de vetores e pragas urbanas;

7. Seleção das matérias-primas, ingredientes e embalagens;

8. Programa de recolhimento de alimentos.

O Manual de Boas Práticas de Fabricação é traduzido como o documento que

descreve as operações realizadas pelo estabelecimento, incluindo, no mínimo, os

requisitos sanitários dos edifícios, a manutenção e higienização das instalações, dos

equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o controle

integrado de vetores e pragas urbanas, controle da higiene e saúde dos

manipuladores e o controle e garantia de qualidade do produto final (BRASIL,

2002).

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34

Após análise das normas pode-se concluir que todas as indústrias de

alimentos passíveis de licenciamento pela VISA estarão submetidas a elas, sem

prejuízo das demais. Obrigatoriamente deverão cumpri-las para obter a concessão

do Alvará Sanitário, documento expedido por intermédio de ato administrativo

privativo do órgão sanitário competente, contendo permissão para o funcionamento

dos estabelecimentos sujeitos ao controle sanitário (MINAS GERAIS, 2014).

Crê-se que os conteúdos básicos inseridos nessas normas gerais sejam

tratados na graduação, preparando o egresso para lidar com esses preceitos legais

ao ser admitido na indústria como RT, detendo as habilidades e competências nelas

definidas.

Isso reforça a importância das articulações fundamentada na afirmação de que

a produção do conhecimento nunca é fixa e finita. É na dinâmica do processo e

desenvolvimento profissional que os saberes transcendem espaços delimitados.

Desse modo a sociedade do conhecimento produz conhecimentos incessantemente,

não sendo constituída somente de experts, mas um espaço em que as culturas do

conhecimento interpenetram e tecem redes de capilaridade, atuando sobre os

profissionais e suas identidades (CETINA,1999 apud FARTES, 2008).

A articulação entre VISA, IES e conselhos profissionais podem constituir essa

rede de capilaridade. Embora esta tríade seja vista como três marcos temporais da

transição para o trabalho que se interpenetram de forma dinâmica, isto substancia

na relação que o indivíduo vai estabelecendo com o mundo da formação e

profissional (VIEIRA et al., 2011), subsidiando a atuação deste indivíduo no mercado

de trabalho.

2.3 O papel dos responsáveis técnicos das indústrias de alimentos no âmbito

dos conselhos profissionais

O profissional de nível superior, ao entrar no mercado de trabalho e assumir a

função de RT em indústrias de alimentos deve ser legalmente habilitado e inscrito no

órgão fiscalizador de sua profissão, os conselhos de classe profissionais. Esses por

sua vez atestarão sua competência técnica através de um certificado de

responsabilidade técnica, ou outro documento de igual valor, sobretudo, “como é

sabido, os conselhos exercem nos respectivos campos de atuação o poder de

polícia das profissões, zelando pela integridade e disciplina profissional em favor do

interesse geral da sociedade” (COSTA; VALENTE, 2008).

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35

Convém referir que a finalidade de vincular o exercício da profissão à inscrição

ou ao registro no conselho profissional correspondente é sempre a proteção da

coletividade, defesa dos interesses econômicos, políticos sociais ou trabalhistas

porquanto, como dito, é pela inscrição que se aferem as condições e a

habilitação para o exercício da profissão [grifo nosso] e se sujeita o inscrito à

fiscalização técnica e ética, dentro dos padrões da regulamentação da profissão

firmados para a proteção daqueles valores supremos, ligados ao seu exercício

(GAMBA, 2001; CREA, 2005).

O Decreto Federal 20.931/1932, que norteava as condições específicas de

algumas profissões da área de saúde, foi fonte original de toda legislação específica

que trata do controle do exercício profissional que veio a ser seguido pelas diversas

categorias profissionais (BRASIL, 1932).

A Constituição Federal, no capítulo que trata dos Direitos e Garantias

Individuais, reza em seu artigo 5º, inciso XIII “é livre o exercício de qualquer

trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei

estabelecer”. O texto constitucional acima transcrito é, portanto, claro e

inquestionável no sentido de que as restrições ao exercício profissional só podem

decorrer a partir do estabelecido em lei (BRASIL, 1988).

A Resolução do Conselho Federal de Nutrição - CFN nº 419/2008, que trata

da assunção da responsabilidade técnica do nutricionista considera como dever do

profissional colaborar para o cumprimento da legislação sanitária e define

responsável técnico, em seu art. 2º, como profissional habilitado que assume o

planejamento, a coordenação, direção, supervisão e avaliação na área de

alimentação e nutrição (BRASIL, 2008).

Após registro no conselho de classe, pelos profissionais em suas respectivas

áreas de atuação, estes ficam submetidos aos princípios elencados nos códigos de

ética instituídos para cada categoria e, sobretudo se comprometem a seguir todas as

normas que privilegiam a saúde da coletividade e a pautar sua atuação em

princípios que garantam, nesse caso, a segurança dos alimentos expostos à venda

no mercado consumidor (BRASIL, 2008; CREA, 2005).

2.3.1 Impacto das normas dos conselhos profissionais sobre os egressos da área de

alimentos

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36

São relacionadas a seguir as normas que definem as atribuições dos RT's nas

indústrias de alimentos de acordo com respectivos conselhos profissionais.

2.3.1.1 Conselho Regional de Nutricionistas de Minas Gerais – CRN/MG

As atribuições do nutricionista na área de indústrias de alimentos são previstas

na Resolução do Conselho Federal de Nutricionistas nº 380/2005 no item V do

Anexo II (CFN, 2005).

Prevê dentre outras atribuições gerenciarem projetos de desenvolvimento de

produtos alimentícios, controlarem a qualidade de gêneros e produtos alimentícios.

2.3.1.2 Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais –

CREA/MG

As atribuições dos engenheiros de alimentos, tecnólogos de alimentos e

engenheiros químicos são previstas na Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973

(BRASIL, 1973), entre estas estão a padronização, mensuração e controle de

qualidade. Individualmente para o engenheiro químico ainda são previstas atividades

de tratamento de água e instalações de tratamento de água industrial e de rejeitos

industriais, já para os outros dois profissionais estão claramente definidas as

atividades de acondicionamento, preservação, distribuição, transporte e

abastecimento de produtos alimentares, seus serviços afins e correlatos.

2.3.1.3 Conselho Regional de Química de Minas Gerais – CRQ/MG

As atribuições dos engenheiros químicos, de alimentos e tecnólogos de

alimentos são previstas pela Resolução Normativa nº 36, de 25 de abril de 1974 e

Resolução Normativa nº 254, de 13 de dezembro de 2013. Aquelas relacionadas às

indústrias de alimentos, dentre outras são: a elaboração, controle de qualidade ou

preservação de produtos de origem animal, vegetal e mineral; ao controle de

qualidade e tratamento de água de qualquer natureza; laboratórios de análises que

realizam exames de caráter químico-biológico, bromatológico, químico-toxicológico

ou químico legal; a fabricação, fracionamento ou importação de ingredientes

destinados à alimentação ou seus aditivos tecnológicos, nutricionais ou sensoriais

destinados a alimentação humana ou animal, e bem assim, a realização de análises

Page 37: 2 IVONE MARIA DE MELO CARNEIRO Formação do responsável técnico para a indústria alimentícia: análise prospectiva dos papéis institucionais da Vigilância Sanitária, Conse

37

químicas, físico-químicas, microbiológicas, de aditivos, resíduos e contaminantes

eventuais desses produtos (BRASIL, 1974; 2013).

Orienta-se que o graduando utilize-se destas normas, somadas às sanitárias,

para deixar as graduações com conhecimentos para tais implantações. Ainda há

normas específicas de cada conselho que preveem questões éticas de relevância

fundamental para a atuação profissional que demandam leitura minuciosa.

Ao tempo que se resgata o diálogo, ou fortalece o que já existe, se propicia um

processo comparativo de habilidades requerido por uma tríade de órgãos: VISA –

conselhos profissionais – IES, promovendo parcerias para desenhar um rol mínimo

de habilidades que seja coerente com o que é requerido do responsável técnico,

diferenciando-o e valorizando-o no seu nível de atuação, que o coloca em situação

de extrema responsabilidade, uma vez que em qualquer organização, o ser humano

é, sem dúvida, o diferencial mais importante e complexo, com características e

necessidades variadas, emoções, cultura, criatividade, atitudes imprevisíveis, etc.

(ALEVATO; ARAÚJO, 2009).

Após discorrer sobre cada componente da tríade e entender que as influências

exercidas são temporais, da formação acadêmica ao mercado de trabalho, e sem

desconsiderar a possibilidade de outras influências sobre a formação e atuação

profissional do egresso da área de alimentos, tal como o incentivo da família, o

próprio mercado econômico, entre outros, pode-se construir o esquema colocado na

Figura 2.

Figura 2. Esquema das influências temporais na formação do egresso da área de alimentos

Fonte: Da autora

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Discorrendo sobre a Figura 2, ela traduz o caminho percorrido pelo indivíduo

antes da opção pela graduação, onde fatores extrínsecos: a família, o mercado

econômico, a localidade, entre outros; fatores intrínsecos: a vocação, o

envolvimento, influenciam previamente a formação profissional. O indivíduo

estabelece interação com as IES (t0), que subsidia o conhecimento técnico-científico-

ético em determinado intervalo de tempo, continuando suas portas abertas para

futuros esclarecimentos e outras qualificações; com os Conselhos Profissionais (t1)

que regulamentam sua atuação ética, fiscalizando e disciplinando o exercício

profissional; com a VISA (t2), concretamente quando de fato esse profissional

assume o papel de responsável técnico na indústria alimentícia e por sua vez as

normas sanitárias definem suas competências. As setas evidenciam a rede que

envolve esse indivíduo, e apontam a interdependência, mesmo que não

programada, no que se refere a exigir deste profissional um conjunto de habilidades

e responsabilidades que se interfaceiam.

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39

3. MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi compreendido entre julho de 2014 a janeiro de 2016.

A investigação adotou como estratégia metodológica o estudo de caso,

descritivo e exploratório e, como objeto, a compreensão da articulação, no município

de Uberaba/MG, entre Instituições de Ensino Superior, Vigilância Sanitária e

Conselhos Profissionais na formação dos responsáveis técnicos de indústrias

alimentícias.

O estudo contou com apoio do Núcleo de Vigilância Sanitária da

Superintendência Regional de Saúde de Uberaba da Secretaria de Estado de Saúde

de Minas Gerais – NUVISA/SRS/URA/SES/MG (fornecimento de material de

consumo, logística para realização das entrevistas e aplicação dos questionários,

intermediação junto às instituições de ensino e conselhos profissionais, acesso a

bancos de dados e documentos das indústrias de alimentos licenciadas por este,

entre outros), respeitando o princípio do sigilo.

Foram assinados Termos de Consentimento Livre e Esclarecido pelos

participantes (Anexo A).

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa – CEP do Centro

Universitário do Triângulo – UNITRI, conforme consta no Anexo B, para que fosse

analisado em relação ao cumprimento dos requisitos éticos necessários para a

realização de pesquisa, envolvendo seres humanos. Preservou-se o anonimato de

todos os respondentes dos questionários aplicados. Não houve conflitos de

interesse para a realização desta pesquisa.

Foi elaborado ofício, subscrito pelo coordenador de Vigilância em Saúde da

SRS/URA, e posterior encaminhamento aos reitores das IES e representantes dos

conselhos, tratando da apresentação da pesquisadora, projeto de pesquisa e

solicitação de parceria, documento disponível no Anexo C.

3.1 Seleção dos cursos de graduação

Pesquisa foi realizada no banco de dados do NUVISA/SRS/URA, constituída

de pastas das indústrias licenciadas diretamente por este serviço de VISA, para

identificação da formação acadêmica dos responsáveis técnicos atuantes em tais

estabelecimentos.

Os responsáveis técnicos identificados foram engenheiros químicos,

engenheiros de alimentos, nutricionistas e tecnólogo em alimentos. Portanto, os

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cursos pesquisados foram engenharia química, engenharia de alimentos, nutrição e

tecnologia de alimentos.

Considerando que O NUVISA/SRS/URA tem jurisdição sob 27 municípios,

conforme Figura 3, ambos tendo Uberaba como ponto focal de educação superior,

as IES localizadas nesse polo educacional habilitam indivíduos desses municípios

para atuar em indústrias alimentícias, sobretudo dos municípios circunvizinhos, fato

que coloca os dados buscados no NUVISA/SRS/URA como representantes da

realidade de formação dos profissionais contratados pelas indústrias nessa região.

Figura 3. Municípios jurisdicionados à SRS/URA.

Fonte: imagem adaptada de MALACHIAS et al., 2013, p. 37

3.2 Seleção das Instituições de Ensino Superior - IES

Realizou-se levantamento das IES de Uberaba que ministram os cursos de

nutrição, engenharia de alimentos, engenharia química e tecnologia de alimentos,

pesquisando as páginas da internet das IES existentes em Uberaba. Foram

identificadas três IES que ofereciam os cursos pesquisados, Universidade de

Uberaba - UNIUBE, Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM e Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro - IFTM.

3.3 Pesquisa exploratória e de campo nas Instituições de Ensino Superior –

IES, realizada com os coordenadores dos cursos

O fato de não ter sido encontrados trabalhos publicados semelhantes a esse,

os questionários aplicados aos alunos e coordenadores foram inovadores, com

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abordagens construídas sob a ótica dos objetivos dessa pesquisa, seguindo

orientações metodológicas de construção de Manzato e Santos (2008) e Vieira

(2009). O questionário aos coordenadores foi aplicado pela pesquisadora e,

possuíram três partes para preenchimento, sendo:

1. Perfil do Participante: identificou o respondente, o curso e a instituição;

2. Sobre Ética e Regulamentação Profissional: possibilitou a verificação da

existência ou não da articulação entre as IES e conselhos profissionais, opinião dos

coordenadores acerca desse assunto, utilizando-se questões sem indução,

prioritariamente com respostas fechadas qualitativas, binárias e de múltipla escolha,

contudo a cada questão abria-se um campo para desenvolver comentários e

complementações, caso o respondente achasse necessário;

3. Sobre Vigilância Sanitária: possibilitou a verificação da existência ou não da

articulação entre as IES e VISA, a opinião dos coordenadores acerca desse assunto,

utilizando-se questões sem indução, prioritariamente com respostas fechadas

qualitativas e quantitativas, binárias e de múltipla escolha, e a cada questão era

permitido desenvolver comentários.

O questionário está disponível no Apêndice A.

3.4 Pesquisa exploratória e de campo aplicada aos graduandos

O grupo de graduandos, tidos como população da pesquisa, foi selecionado

segundo critério estabelecido pelo ENADE – Exame Nacional da Educação Superior

para avaliar o desempenho dos graduandos em relação às competências previstas

nas diretrizes curriculares, padronizando envolver àqueles que concluíram no

mínimo 75% (setenta e cinco por cento) da carga horária da graduação (ENADE,

2015).

O questionário aplicado aos alunos possuíram três partes para

preenchimento, sendo:

1. Perfil do Participante: não apresentou campo para preenchimento do nome

do respondente e da IES, garantindo o anonimato. Solicitou informações sobre

idade, sexo, período do curso, natureza da IES;

2. Sobre Ética e Regulamentação Profissional: possibilitou a verificação do

contato do graduando com os conselhos e temas relacionados nas matrizes

curriculares dos cursos, opinião sobre as abordagens de ética e

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regulamentação profissional na graduação. Utilizou-se de respostas

qualitativas, fechadas e de múltipla escolha;

3. Sobre Vigilância Sanitária: possibilitou a verificação do contato do graduando

com a VISA, a opinião acerca desse assunto, utilizando-se questões sem

indução, prioritariamente com respostas fechadas qualitativas e de múltipla

escolha. A questão 1 garantiu a marcação de assuntos que o egresso

lembrava de terem sido tratados na graduação, estes identificados em diversas

matrizes curriculares. Essa questão vinculou-se diretamente às questões 6 a

17, permitindo a comparação entre o estudado e o proposto pelas normas

sanitárias (Anexo B).

Os alunos aderiram voluntariamente e os questionários foram aplicados

pessoalmente pela pesquisadora, à exceção de um dos cursos, onde fora aplicado

por professora da IES. Não foram permitidas consultas a dispositivos móveis ou

outro instrumento.

3.5 Escolha dos conselhos profissionais

Os conselhos profissionais pesquisados foram os Conselhos Regionais de

Nutricionistas, Química, Engenharia e Agronomia, onde os egressos dos cursos

identificados poderiam solicitar o registro profissional. Os conselhos possuem

abrangência de atuação no Estado de Minas Gerais e ficam sediados na cidade de

Belo Horizonte, MG.

3.6 Pesquisa de campo e exploratória nos conselhos profissionais

Os questionários foram enviados via e-mail, aos representantes definidos

pelos diretores dos conselhos, após contato telefônico. O questionário pode ser

visualizado no Apêndice C.

O instrumento foi estruturado, seguindo modelo daqueles já citados nesse

estudo, contudo em quatro partes: Perfil do participante, Interface com as IES,

Interface com a VISA e Responsabilidade Técnica na Indústria de Alimentos.

Construído com questões fechadas, qualitativas, binárias, de múltipla escolha e

questões abertas. Objetivou-se identificar a articulação entre os conselhos e IES, e,

conselhos e VISA, e, esclarecimentos sobre responsável técnico nas indústrias

alimentícias.

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43

3.7 Escolha dos serviços de Vigilância Sanitária - VISA

Foram selecionados todos os serviços estaduais de VISA, harmonizando com a

abrangência territorial dos conselhos profissionais.

Embora retrate-se aqui a articulação das IES de Uberaba/MG com o

NUVISA/SRS/URA, é relevante verificar a relação das demais VISAs com outras IES

localizadas no Estado, importando-se em pontuar que possíveis graduandos

formados pelas IES de Uberaba estejam atuando em outros municípios do Estado

de Minas Gerais, sob jurisdição de outras regionais de saúde.

Na Figura 4, estão ilustradas as abrangências territoriais dos Núcleos de

Vigilância Sanitária Estadual, os quais estão sob a gestão da Diretoria de Vigilância

Sanitária de Alimentos - DVA, sediada em Belo Horizonte/MG.

Figura 4. Macrorregiões de Saúde de Minas Gerais

Fonte: Imagem adaptada de MALACHIAS et. al., 2013, p.276

Os Núcleos Estaduais de VISA - NUVISA e Diretoria de Vigilância Sanitária

de Alimentos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais autorizaram a

realização da pesquisa com as referências técnicas da área de alimentos.

Foram enviados por e-mail, após esclarecimentos telefônicos, questionários

(Apêndice D) aos técnicos da área de alimentos dos Núcleos de Vigilância Sanitária

de Minas Gerais e Diretoria de Vigilância Sanitária de Alimentos - DVA.

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O questionário foi estruturado em três partes: Perfil do Participante, sendo

requerido tempo de atuação na VISA para mensurar a quanto tempo existe ou não a

articulação entre a tríade pesquisada; Interface com as IES; Interface com os

Conselhos Profissionais. As questões foram fechadas, qualitativas, binárias, de

múltipla escolha e questões abertas. Foi possível investigar também sobre a opinião

acerca dessa articulação, e, de quem parte a iniciativa para as discussões, caso

existam.

3.8 Análise e interpretação dos dados

Os dados foram tratados utilizando-se a estatística descritiva com base nos

objetivos da pesquisa e à luz do referencial utilizado pelas instituições de ensino,

conselhos de classe e legislações sanitárias e organizados no formato de Gráficos,

tabelas e quadros, de forma a permitir leitura dos pontos harmônicos e conflitantes.

3.9 Elaboração de material técnico sobre vigilância sanitária na indústria de

alimentos

Após análise comparativa entre requisitos da legislação e conselhos

profissionais, sobre competências necessárias para a assunção de responsabilidade

técnica e sua integração aos dados coletados nas IES, foi elaborado um instrutivo

onde foram abordados requisitos sobre licenciamento, registro e dispensa da

obrigatoriedade de registros de alimentos, análise e aprovação de projeto

arquitetônico, dentre outras questões básicas que ampliam o conhecimento dos

responsáveis técnicos e outros profissionais (docentes, discentes, Núcleo de

Inovação Tecnológica, trabalhadores dos conselhos profissionais e das indústrias,

entre outros) sobre as normas sanitárias. Inicialmente, serão editados, em gráfica,

300 (trezentos) exemplares do material que será disponibilizado ao público desta

pesquisa, Núcleos de Inovação Tecnológica – NIT, serviços de VISA, e outros

órgãos de interesse.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Responsáveis Técnicos cadastrados no NUVISA/SRS/URA

Foram identificados como RT's das indústrias de alimentos licenciadas pelo

NUVISA/SRS/URA os profissionais graduados nos cursos de Nutrição, Engenharia

Química, Engenharia de Alimentos e Tecnologia de Alimentos, citados no Quadro 1,

sendo esses os quatro cursos objeto da pesquisa:

Quadro 1. Número de RT's por graduação, cadastrados nas indústrias de alimentos inspecionadas/licenciadas pelo NUVISA/SRS/URA

Número de RT's Graduação

10 Nutrição

07 Engenharia Química

04 Engenharia de Alimentos

01 Tecnologia de Alimentos

Fonte: NUVISA/SRS/URA, 2015

As indústrias de atuação desses RT´s estão instaladas em Araxá,

Carneirinho, Perdizes, Itapagipe e Conquista, municípios estes que têm como polo

educacional as IES de Uberaba para as graduações pesquisadas.

As indústrias localizadas nesses territórios são inspecionadas e licenciadas

diretamente pelo NUVISA/SRS/URA pelo fato de tais municípios não possuírem

profissional qualificado para esta função e ainda não haver tido interesse em

assumir junto ao Estado de Minas essa atividade.

As atividades econômicas desses estabelecimentos são a produção de

açúcar, torrefação e moagem de café, batatas chips e palha, batata pré-frita

congelada e flocos de batata, farináceos, doces de frutas, biscoitos de polvilho,

snacks, cookies, pratos prontos congelados, gelados comestíveis, entre outros.

4.2 Cursos de graduação pesquisados

Foram identificadas em Uberaba três (03) IES que ministram os cursos de

nutrição, engenharia de alimentos, engenharia química e tecnologia de alimentos as

quais foram codificadas nesse estudo como IES “A”; IES “B” e IES “C”.

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Todas as IES autorizaram as coletas de dados, disponibilizando projetos

pedagógicos curriculares, planos de ensino (quando solicitados), e organizaram

horários para aplicação dos questionários aos graduandos.

Levou-se em média quarenta (40) minutos entre a aplicação e recolhimento dos

questionários aos graduandos. Foram respondidos 118 questionários, cada um com

22 questões, somando 2.596 respostas compiladas.

4.3 Conselhos de classe profissionais pesquisados

Os Conselhos Regionais de Classe de Nutricionistas - CRN, Química - CRQ e

Engenharia - CREA, autorizaram a coleta de dados.

4.4 População da pesquisa e percentual de adesão

A partir dos resultados obtidos estabeleceu-se a população da pesquisa

descrita na Tabela 1.

Tabela 1. População da pesquisa, amostra, números de questionários respondidos e percentual de adesão.

População Amostra Questionários

respondidos

Percentual

de adesão

Conselhos Regionais de:

Química

Engenharia e Agronomia

Nutricionistas

01

01

01

01

01

01

100%

100%

100%

TOTAL 03 03 100%

Coordenadores dos Cursos:

Engenharia de alimentos

Engenharia química

Nutrição

Tecnologia em alimentos

01

02

02

01

01

02

02

01

100%

100%

100%

100%

TOTAL 06 06 100%

VISAs Estaduais:

NUVISAS

DVA/SES/MG

28

01

26

01

92,8%

100%

TOTAL 29 27 93,1%

Graduandos que cumpriram 75% ou mais

dos componentes curriculares gerais:

(continua)

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47

Fonte: dados da pesquisa

4.5 Análise crítica dos Projetos Pedagógicos Curriculares - PPC sob a ótica da

inclusão de assuntos relacionados às normas dos conselhos profissionais e

de VISA

4.5.1 Engenharia de Alimentos – IES “A”

O PPC analisado do curso foi publicado em 2013. A graduação teve início em

2010 e forma bacharéis em engenharia de alimentos, oferecendo as disciplinas na

modalidade presencial, com duração mínima de dez semestres e, máxima de

dezoito. O turno de funcionamento é integral e a matriz curricular compõe-se de

conteúdos básicos, núcleos profissionalizantes e núcleo de conteúdos específicos.

Prevê dentro do objetivo do curso, que o profissional considere a ética e a legislação

(PPC, 2013).

Quanto ao perfil do egresso, dentre outras atribuições pretende que tenha

capacidade para atuar no desenvolvimento de produtos e de processos da

indústria alimentícia e de bebidas, em escala industrial, desde a seleção da

matéria-prima, de insumos e de embalagens até a distribuição e o armazenamento;

identificar, formular e resolver problemas relacionados à indústria de alimentos; atuar

no controle de qualidade e na garantia da qualidade dos produtos e processos e que

considere aspectos referentes à ética, à segurança, à legislação e aos

impactos ambientais [grifo nosso] (PPC, 2013).

Já no que se refere às competências e habilidades o engenheiro de alimentos

deverá desenvolver e/ou utilizar novas ferramentas e técnicas; avaliar criticamente a

operação e a manutenção de sistemas; compreender e aplicar a ética e a

responsabilidade profissional; entre outros (PPC, 2013).

Verificados o objetivo do curso, as competências, habilidades e perfil do

egresso percebeu-se que o curso de engenharia de alimentos da IES “A” alinha-se

ao perfil de competências e habilidades previstas na Portaria nº 1.428/93, requeridos

dos RT's das indústrias de alimentos. Para tanto, são necessários conhecimentos

Engenharia de alimentos

Engenharia química

Nutrição

Tecnologia em alimentos

15

110

15

11

09

83

15

11

60%

75,5%

100%

100%

TOTAL 151 118 78,1%

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prévios, os quais estão expressos na Resolução RDC nº 275/2002 e Portaria nº

326/97 (BRASIL, 1993; BRASIL, 2002; BRASIL, 1997).

Do exposto analisou-se a matriz curricular verificando quais componentes

englobam temas previstos nas normas já citadas.

Na matriz curricular, duas (02) disciplinas que tratam sobre ética profissional

foram identificadas, harmonizando às questões éticas tratadas pelos diversos

conselhos profissionais. São elas: Introdução às Engenharias, ministrada no 1º

período e Legislação, Direito Ambiental e Ética Profissional, matéria eletiva (UFTM,

2013), porém esta última de livre escolha do graduando.

Nos Quadros 2 e 3, estão dispostos os requisitos propostos nas normas

sanitárias utilizadas nesse estudo e os componentes da matriz curricular que

subsidiam o RT na elaboração, implantação e supervisão desses requisitos nas

indústrias alimentícias.

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Quadro 2. Engenharia de alimentos/IES "A": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1.428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001 (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Competências e Habilidades previstas pelas normas de VISA Disciplinas da Matriz Curricular

Elaborar, implantar e monitorar o sistema de APPCC (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Gestão da Qualidade na Indústria de Alimentos; Higiene e Legislação na Indústria de Alimentos.

Conhecimento sobre microbiologia de alimentos (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997, Brasil, 2001)

Microbiologia Básica; Microbiologia de Alimentos I; Microbiologia de Alimentos II; Tecnologia de Leite e Derivados.

Conhecimentos sobre toxicologia alimentar (BRASIL, 1993) Química e Biquímica de Alimentos; Toxicologia de Alimentos.

Estabelecer planos de amostragem (BRASIL, 1993; BRASIL, 2001) Probabilidade e Estatística para Engenharia; Química Analítica II; Análise de Alimentos; Análise sensorial; Gestão da Qualidade na Indústria de Alimentos; Controle Estatístico da Qualidade (eletiva).

Capacidade de recomendar a destinação final de produtos não conformes (BRASIL, 1993)

Controle Ambiental.

Elaborar, implantar e supervisionar as Boas Práticas de Fabricação (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Higiene e Legislação na Indústria de Alimentos.

Avaliar registros da produção, inspeção, controle, corrigir erros e investigar causas (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Princípios da Tecnologia de Alimentos; Controle de Processos Industriais; Instrumentação (eletiva); Higiene e Legislação na Indústria de Alimentos.

Aprovar ou rejeitar matérias-primas, insumos, produtos semi-elaborados e terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos ou utensílios (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Bioquímica I; Química e Bioquímica de Alimentos; Matérias-Primas Alimentícias; Instalações Industriais; Introdução à Ciência dos Materiais; Medidas Elétricas (eletiva); Controle de Processos Industriais; Metrologia (eletiva); Refrigeração e Cadeia de Frio; Microestrutura e Tratamento Térmico de Metais (eletiva).

Adotar métodos de controle da qualidade (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Princípios de Tecnologia de Alimentos; Administração e Organização; Tecnologia de óleos e gorduras; Tecnologia de Produtos Cárneos; Gestão da Qualidade na Indústria de Alimentos; Controle Estatístico da Qualidade (eletiva).

Fonte: dados da pesquisa

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Quadro 3. Engenharia de alimentos/IES "A": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA (BRASIL, 2002)

POP’s (BRASIL, 2002) Disciplinas da Matriz Curricular

Higienização das Instalações, Equipamentos, Móveis e Utensílios

Higienização e Legislação na Indústria de Alimentos; Tópicos Especiais em Higiene Industrial (eletiva).

Controle de Potabilidade da Água Tratamento da água de abastecimento; Ciências do Ambiente; Química Analítica I.

Higiene e Saúde dos Manipuladores

Microbiologia I (microbiologia normal do homem e mecanismos regulatórios); Microbiologia de Alimentos II (estudo dos microrganismos indicadores e patogênicos ao homem veiculados por alimentos e água, características DTA’s); Planejamento e Projetos na Indústria de Alimentos I (aspectos higiene e segurança); Tópicos Especiais em Higiene Industrial, eletiva (controle DVA no processamento de alimentos).

Manejo dos Resíduos Química Analítica II, Controle Ambiental; Legislação, Direito Ambiental e Ética Profissional (eletiva); Resíduos Sólidos: Gestão e Tratamento (eletiva).

Manutenção Preventiva e Calibração de equipamentos

Instrumentação (eletiva); Ensaios Mecânicos (eletiva); Metrologia (eletiva); Microestrutura e Tratamentos Térmico de Metais (eletiva); Controle Processos Industriais; Instalações Industriais; Refrigeração e Cadeia de Frios; Química Analítica I; Planejamento e Projeto da Indústria de Alimentos I; Introdução à Ciência de Materiais; Fenômeno de Transporte; Cinética e Cálculo de Reatores (eletiva); Eletricidade Aplicada à Engenharia; Cristalização (eletiva).

Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas Não identificado este tema na matriz curricular.

Seleção de Matérias-Primas, Ingredientes e Embalagens

Bioquímica I (estrut. Carboidratos, lipídeos, proteínas, enzimas); Tecnologia de bebidas, (eletiva); Química e Bioquímica de Alimentos; Matérias-primas alimentícias; Embalagens para a Indústria de Alimentos (rotulagem); Características Embalagens Poliméricas (eletiva).

Programa de Recolhimento de Alimentos Não identificado esse tema na matriz curricular.

Fonte: dados da pesquisa

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4.5.2 Engenharia Química – IES “A”

O PPC analisado do curso foi publicado em 2013. A graduação teve início em

2010 e forma bacharéis em engenharia química, oferecendo as disciplinas na

modalidade presencial, com duração mínima de dez semestres e, máxima de

dezoito. O turno de funcionamento é integral, a matriz curricular é composta por

núcleo de conteúdos básicos, núcleo de conteúdos profissionalizantes e núcleo de

conteúdos específicos (PPC, 2013).

O objetivo do curso prevê que o engenheiro químico tenha habilidades para

possibilitar o projeto e a condução de experimentos e a interpretação de resultados,

avaliando diferentes aspectos das atividades de Engenharia, como: viabilidade

econômica, impactos sociais e ambientais; adquirir um conhecimento humanístico e

da realidade social do país, visando atender as expectativas da nação,

considerando, em suas atividades, a ética, a segurança, a legislação e os

impactos ambientais [grifo nosso] (PPC, 2013); entre outros.

Quanto ao perfil do egresso, pretende que tenha capacidade para atuar em

indústrias de produtos ao consumidor (alimentos, fármacos, fertilizantes,

biocombustíveis, etc.); em indústrias que produzem equipamentos; em empresas

prestadoras de serviços; em empresas e laboratórios de pesquisa científica e

tecnológica, dentre outras, considerando a ética, a segurança e os impactos

socioambientais [grifo nosso] (PPC, 2013).

No que se refere às competências e habilidades o engenheiro químico deverá

compreender e aplicar a ética e a responsabilidade profissional; ser capaz de

compreender a realidade e intervir nesta, transformando-a por meio da produção

(PPC, 2013), etc..

Verificadas as competências, habilidades e perfil do egresso percebe-se que

a graduação em engenharia química forma profissionais para atuar também em

indústrias de alimentos os quais deverão submeter-se às normas dos conselhos

profissionais e de VISA, assim foram verificadas possíveis disciplinas que englobam

temas previstos nas normas tratadas em tópicos anteriores.

Questões relacionadas à ética profissional foram identificadas em duas (02)

disciplinas, Introdução às Engenharias, ministrada no 1º período e Legislação,

Direito Ambiental e Ética Profissional, matéria eletiva (PPC, 2013). Tais matérias são

comuns à engenharia de alimentos.

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Já as competências e habilidades previstas nas normas sanitárias e outros

temas legalmente obrigatórios de implantação nas indústrias e sua identificação na

matriz curricular estão expressas nos Quadros 4 e 5.

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Quadro 4. Engenharia Química/IES "A": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1.428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001 (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Competências e Habilidades previstas pelas normas de VISA Disciplinas da Matriz Curricular

Elaborar, implantar e monitorar o sistema de APPCC (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Não identificado esse tema na matriz curricular.

Conhecimento sobre microbiologia de alimentos (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Bioquímica Industrial (Noções de microbiologia industrial, Metabolismo microbiano, Conceitos básicos de cinética enzimática e microbiana, Estudo dos principais processos enzimáticos e biológicos de interesse tecnológico); Microbiologia Básica (microbiota normal homem e mecanismos regulatórios) (eletiva).

Conhecimentos sobre toxicologia alimentar (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Não identificado esse tema na matriz curricular.

Estabelecer planos de amostragem (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997) Probabilidade e Estatística para Engenharia; Química Analítica II (amostragem); Laboratório de Estatística (eletiva); Controle Estatístico da Qualidade (eletiva); Planejamento de Experimentos (eletiva).

Capacidade de recomendar a destinação final de produtos não conformes (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Ciências do Ambiente; Desenvolvimento Sustentável e Cidadania (relação homem-natureza, sustentabilidade); Avaliação dos Impactos Ambientais (eletiva); Planejamento e Gestão Ambiental (eletiva); Gestão de Efluentes sólidos, líquidos e gasosos (eletiva).

Elaborar, implantar e supervisionar as Boas Práticas de Fabricação (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Parcialmente 1.

Fundamentos de Engenharia de Processos; Química Orgânica II; Físico-Química II; Química Analítica I; Termodinâmica para Engenharia Química II; Engenharia Bioquímica I; Operações Unitárias I; Operações Unitárias II; Engenharia Bioquímica; Operações Unitárias III; Gestão da Produção da Indústria Química; Tecnologia de açucar e álcool.

Avaliar registros da produção, inspeção, controle, corrigir erros e investigar causas (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Operações Unitárias I; Operações Unitárias II; Operações Unitárias III; Desenvolvimento de Processos Químicos I; Metrologia (eletiva); Gestão de Projetos (eletiva).

Aprovar ou rejeitar matérias-primas, insumos, produtos semi-elaborados e terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos ou utensílios (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Mecânica de Materiais; Bioquímica Industrial (Biomoléculas: carboidratos, lipídios e proteínas); Química Analítica II (tratamento de resíduos químicos); Refrigeração e Cadeia de Frio (eletiva); Metrologia (eletiva).

Adotar métodos de controle da qualidade (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997) Administração e Organização (Introdução aos sistemas de gestão da qualidade); (continua)

1 Conforme item 2.9 da RDC nº 275/2002/Anvisa BPF envolve descrever as operações realizadas pelo estabelecimento, incluindo, no mínimo, os requisitos sanitários dos edifícios, a manutenção e

higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios, o controle da água de abastecimento, o controle integrado de vetores e pragas urbanas, controle da higiene e saúde dos manipuladores e o controle e garantia de qualidade do produto final (BRASIL, 2002).

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Controle de Processos Químicos I; Gestão da Produção da Indústria Química (ferramentas gerenciais para o controle da qualidade); Controle de Processos Químicos II; Controle Estatístico da Qualidade, (eletiva); Gestão de Projetos (eletiva)

Fonte: dados da pesquisa

QUADRO 5. Engenharia Química/IES "A": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA (BRASIL, 2002)

POP’s (BRASIL, 2002) Disciplinas da Matriz Curricular

Higienização das Instalações, Equipamentos, Móveis e Utensílios Projetos e Instalações Industriais (higiene das instalações).

Controle de Potabilidade da Água Ciências do Ambiente.

Higiene e Saúde dos Manipuladores Microbiologia Básica (microbiota normal homem e mecanismos regulatórios) (eletiva).

Manejo dos Resíduos

Desenvolvimento Sustentável e Cidadania (relação homem-natureza, sustentabilidade); Química Analítica II (tratamento de resíduos químicos); Avaliação dos Impactos Ambientais (eletiva); Legislação, Direito Ambiental e Ética Profissional (eletiva); Planejamento e Gestão Ambiental (eletiva); Gestão de efluentes sólidos, líquidos e gasosos (eletiva).

Manutenção Preventiva e Calibração de Equipamentos

Mecânica de Materiais; Termodinâmica para engenharia Química I; Eletricidade Aplicada à Engenharia; Introdução à Ciências dos Materiais; Materiais da Indústria Química; Operações Unitárias I; Operações Unitárias II; Projetos e Instalações Industriais (seleção e especificação de equipamentos); Refrigeração e Cadeia de Frio (eletiva); Metrologia (eletiva); Desenho de Máquinas (eletiva)

Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas Não identificado esse tema na matriz curricular.

Seleção de Matérias-Primas, Ingredientes e Embalagens Parcialmente (Não aborda sobre embalagens) Projetos e Instalações Industriais (Plano de armazenamento de matérias-primas).

Programa de Recolhimento de Alimentos Não identificado esse tema na matriz curricular.

Fonte: dados da Pesquisa

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4.5.3 Nutrição – IES “A”

O PPC analisado do curso foi publicado em 2009. Não consta o início de

oferecimento do curso. Formam bacharéis em nutrição, a modalidade é presencial,

com duração de oito semestres. Não cita sobre o turno de funcionamento e a matriz

curricular é composta por núcleo básico, núcleo de formação humanística e núcleo

profissionalizante (PPC, 2009).

O objetivo do curso prevê que os nutricionistas sejam capazes de atuar em

todas as áreas da nutrição e alimentação, incluindo as áreas de Nutrição Clínica,

Nutrição em Saúde Pública e Administração nos Serviços de Alimentação e Nutrição

[grifo nosso] (PPC, 2009); dentre outras.

Espera-se que a graduação em nutrição forme um profissional com perfil

generalista, humanista e crítico, capacitado para atuar em todas as áreas do

conhecimento em que a alimentação e a nutrição sejam fundamentais à promoção,

manutenção, recuperação da saúde e à prevenção de doenças de indivíduos ou

grupo populacionais da cidade de Uberaba e Região (PPC, 2009).

Contribuindo para a melhoria da qualidade de vida proporcionará ao

egresso a inclusão no mercado de trabalho, considerando as características

regionais da indústria, saúde e educação, em expansão, que necessitará de

prestadores de serviço nas seguintes áreas: Saúde Coletiva, Nutrição Clínica,

Alimentação Coletiva, Indústria de Alimentos, Docência e Pesquisa, Marketing em

Alimentação e Nutrição [grifo nosso] (PPC, 2009).

Sobre as competências e habilidades o nutricionista deverá analisar os

problemas existentes e procurar solucioná-los dentro de princípios éticos/bioéticos;

aplicar os conhecimentos sobre a composição, propriedades e transformações dos

alimentos e seu aproveitamento pelo organismo humano na atenção dietética; atuar

em políticas e programas de educação, segurança e vigilância nutricional, alimentar

e sanitária, visando a promoção da saúde em âmbito local, regional e nacional;

atuar na formulação e execução de programas de educação nutricional, de

vigilância nutricional, alimentar e sanitária [grifo nosso) (PPC, 2009); etc..

Verificadas as competências, habilidades e perfil do egresso podemos afirmar

que a graduação está alinhada com o que dita as normas dos conselhos

profissionais e de VISA, assim foram verificadas possíveis disciplinas que englobam

temas previstos nas normas dos respectivos órgãos.

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Quanto às questões relacionadas à ética profissional foram identificadas as

seguintes disciplinas: Bioética, II Período; Prática Orientada III (Discussão da

atuação de nutricionistas frente à defesa do consumidor, bibliografia: Resolução nº

141/48 do CFN); Educação Nutricional, V Período (responsabilidade e limites do

nutricionista na educação nutricional atendendo ao código de ética profissional);

Exercício Profissional, VI Período (PPC, 2009).

As competências e habilidades previstas nas normas sanitárias e outros

temas legalmente obrigatórios de implantação nas indústrias e sua identificação na

matriz curricular estão expressas nos Quadros 6 e 7.

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Quadro 6. Nutrição/IES "A": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1.428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001 (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Competências e Habilidades previstas pelas normas da VISA (BRASIL,

1993;BRASIL,1997;BRASIL,2001) Disciplinas da Matriz Curricular

Elaborar, implantar e monitorar o sistema APPCC (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Microbiologia, Higiene e Controle dos Alimentos (APPCC. Legislação sanitária dos alimentos e aplicações na saúde coletiva); Administração de Serviços de Alimentação e Nutrição (APPCC).

Conhecimento sobre microbiologia de alimentos (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Microbiologia; Parasitologia; Bromatologia.

Conhecimento sobre toxicologia alimentar (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997) Bromatologia; Vigilância Alimentar e Nutricional (as ações de vigilância sanitária, toxicológica e de informação nutricional dos alimentos).

Estabelecer planos de amostragem (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997, BRASIL, 2001) Bioestatística.

Capacidade de recomendar a destinação final de produtos não conformes (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Tecnologia de Alimentos (aditivos, controle de qualidade de produtos industrializados).

Elaborar, implantar e supervisionar as Boas Práticas de Fabricação (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Prática Orientada III (Análise crítica da legislação brasileira sobre alimentos, com enfoque na rotulagem); Técnica Dietética I (seleção e aquisição de alimentos); Tecnologia de Alimentos (aditivos, controle de qualidade de produtos industrializados); Administração em Serviços de Alimentação e Nutrição I (controle de estoque, produção, distribuição, controle higiênico - sanitário); Prática Orientada (Manual de Boas Práticas – bibliografia: BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 275 de 21 outubro de 2002); Administração de Serviços de Alimentação e Nutrição VI (APPCC).

Avaliar registros da produção, inspeção, controle, corrigir erros e investigar causas (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Administração em Serviços de Alimentação e Nutrição I (controle de estoque, produção, distribuição, higiênico sanitário).

Aprovar ou rejeitar matérias-primas, insumos, produtos semi-elaborados e terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos ou utensílios (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Química Orgânica; Técnica Dietética I (seleção e aquisição de alimentos); Prática Orientada (Manual de Boas Práticas – bibliografia: BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 275, de 21 outubro de 2002).

Adotar métodos de controle da qualidade (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997) Tecnologia de Alimentos (aditivos, controle de qualidade de produtos industrializados).

Fonte: dados da Pesquisa

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Quadro 7. Nutrição/IES "A": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA (BRASIL, 2002)

POP’s (BRASIL, 2002) Disciplinas da Matriz Curricular

Higienização das Instalações, Equipamentos, Móveis e Utensílios

Prática Orientada2,(Manual de Boas Práticas) – bibliografia: BRASIL,

Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002).

Controle de Potabilidade da Água

Prática Orientada (Manual de Boas Práticas) – bibliografia: BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002).

Higiene e Saúde dos Manipuladores Microbiologia; Parasitologia; Epidemiologia; Microbiologia, Higiene e Controle dos Alimentos.

Manejo dos Resíduos Prática Orientada (Manual de Boas Práticas – bibliografia: BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002).

Manutenção Preventiva e Calibração de equipamentos Prática Orientada (Manual de Boas Práticas – bibliografia: BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002).

Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas Prática Orientada (Manual de Boas Práticas – bibliografia: BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002).

Seleção de Matérias-Primas, Ingredientes e Embalagens Técnica Dietética I (seleção e aquisição de alimentos); Administração em Serviços de Alimentação e Nutrição I (controle de estoque, produção, distribuição, higiênico sanitário).

Programa de Recolhimento de Alimentos Prática Orientada (Manual de Boas Práticas – bibliografia: BRASIL, Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002).

Fonte: dados da Pesquisa

2 Trata de carga horária prática, cita Manual de BPF e referencia a RDC nº 275/2002, não foram visualizados esses temas específicos na matriz curricular, voltados para indústria de alimentos, e

não foi identificada a abordagem desta norma em outras disciplinas, abre-se o seguinte questionamento: Será que os temas serão bem trabalhados apenas em carga horária prática?

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4.5.4 Engenharia Química – IES “B”

O PPC analisado do curso foi publicado em 2015. A graduação teve início em

2008 e forma bacharéis em engenharia química. A modalidade é presencial, com

duração de 10 etapas, cada uma semestral, ministrado no período noturno

(UNIUBE, 2015).

Dentre os objetivos do curso está a capacidade de identificar, organizar,

formular e solucionar problemas ligados a produção de materiais para a

fabricação de produtos químicos, as transformações físico-química das substâncias,

a fabricação de produtos químicos derivados de petróleo, metais, minérios,

produtos alimentícios e sintéticos de um modo em geral [grifo nosso] (UNIUBE,

2015).

Sobre as competências e habilidades segue algumas que pretende ser

demonstradas pelo engenheiro químico formado na IES “B”: desenvolver e/ou utilizar

novas ferramentas e técnicas em processos industriais; supervisionar a operação e

a manutenção de sistemas industriais (UNIUBE, 2015).

Quanto às questões relacionadas à ética profissional cita-se também que a

estrutura do curso está em consonância com a Lei Federal nº 5.195/96 que

regulamenta o exercício da profissão de Engenheiro; Resolução do CONFEA nº

1.010/2005 que regulamenta o exercício da profissão de engenheiro no Brasil; a

Resolução nº 218 do CONFEA, que discrimina atividades das diferentes

modalidades da engenharia e das atribuições do Engenheiro Químico (UNIUBE,

2015).

Quantos as disciplinas que referenciam ética profissional na matriz curricular

foram identificadas as que seguem: Gestão de Projetos e Pessoas I (Deveres e

responsabilidades do engenheiro perante a legislação civil trabalhista e ambiental,

conscientização e compromisso do engenheiro com a ética e com a sociedade) de

modalidade semi-presencial; Legislação e Direito Ambiental, matéria optativa

(Política Nacional do Meio Ambiente); Legislação Ambiental (responsabilidade

administrativa civil e criminal decorrentes de danos ambientais), modalidade não

presencial (UNIUBE, 2015).

Após verificadas as competências e habilidades reitera-se que a IES “B”

pretende que o egresso atue nas indústrias de alimentos, assim seguem Quadros 8

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e 9, que retratam as possíveis disciplinas que norteiam o RT a cumprir as normas

sanitárias.

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Quadro 8. Engenharia Química/IES "B": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1.428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001 (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Competências e Habilidades previstas pela VISA (BRASIL, 1993;BRASIL,1997;BRASIL,2001)

Disciplinas da Matriz Curricular

Elaborar, implantar e monitorar o sistema de APPCC (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Não identificado esse tema na matriz curricular.

Conhecimento sobre microbiologia de alimentos (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Não identificado esse tema na matriz curricular.3

Conhecimento sobre toxicologia alimentar (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997) Não identificado esse tema na matriz curricular.

Estabelecer planos de amostragem (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Métodos, Ferramentas Computacionais e Tecnológicas II (Conceitos básicos de estatística, noções de probabilidade, amostragem, metodologias do tratamento e análise de dados estatísticos); Química Analítica Qualitativa e Quantitativa (coleta de amostras até expedição de resultados analíticos).

Capacidade de recomendar a destinação final de produtos não conformes (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Instrumentação Industrial e Controle de Processos; Análise de Processos Industriais (estudo das principais reações e processos químicos).

Elaborar, implantar e supervisionar as Boas Práticas de Fabricação (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Parcialmente. Química Orgânica (possibilita conhecer os compostos orgânicos, reações e propriedades físicas e químicas das moléculas orgânicas); Análise Instrumental (voltada aos processos químicos: conceitos e técnicas, aparelhos analíticos); Operações Unitárias em Indústria Química II (conceitos e técnicas essenciais para as operações de separação, purificação, cristalização e secagem de produtos); Bioquímica (biomoléculas: metabolismo e hidrólise química e enzimática); Instrumentação Industrial e Controle de Processos; Análise de Processos Industriais (estudo das principais reações e processos químicos); Fundamentos Microbiológicos (microbiologia do tratamento de água e efluentes, fermentação e biorremediação); Análise dos Mecanismos de Corrosão na Indústria Química (noções de composição química das tubulações, principais mecanismos de corrosão); Tratamento de Águas e Efluentes; Tecnologia de Bebidas alcoólicas; Tecnologia das Fermentações. (continua)

3 Obs. Há hoje em processo de revisão a RDC nº 12/2001/Anvisa. Assuntos relacionados a serem discutidos na graduação, entre outros seriam microrganismos patogênicos causadores de

Doenças Transmitidas por Alimentos, a exemplo a Salmonella sp.. Deterioração dos Alimentos, Fatores intrínsecos e extrínsecos que favorecem a multiplicação de microrganismos nos alimentos, Toxinfecção alimentar, etc.

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Avaliar registros da produção, inspeção, controle, corrigir erros e investigar causas (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Química Orgânica (possibilita conhecer os compostos orgânicos, reações e propriedades físicas e químicas das moléculas orgânicas); Análise Instrumental (voltada aos processos químicos: conceitos e técnicas, aparelhos analíticos); Operações Unitárias em Indústria Química II (conceitos e técnicas essenciais para as operações de separação, purificação, cristalização e secagem de produtos); Bioquímica (biomoléculas: metabolismo e hidrólise química e enzimática); Instrumentação Industrial e Controle de Processos; Análise de Processos Industriais (estudo das principais reações e processos químicos); Fundamentos Microbiológicos (microbiologia do tratamento de água e efluentes, fermentação e biorremediação); Análise dos Mecanismos de Corrosão na Indústria Química (noções de composição química das tubulações, principais mecanismos de corrosão); Tratamento de Águas e Efluentes; Tecnologia de Bebidas alcoólicas; Tecnologia das Fermentações.

Aprovar ou rejeitar matérias-primas, insumos, produtos semi-elaborados e terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos ou utensílios (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997)

Química Orgânica (possibilita conhecer os compostos orgânicos, reações e propriedades físicas e químicas das moléculas orgânicas); Análise Instrumental (voltada aos processos químicos: conceitos e técnicas, aparelhos analíticos); Operações Unitárias em Indústria Química II (conceitos e técnicas essenciais para as operações de separação, purificação, cristalização e secagem de produtos); Bioquímica (biomoléculas: metabolismo e hidrólise química e enzimática); Instrumentação Industrial e Controle de Processos; Análise de Processos Industriais (estudo das principais reações e processos químicos); Fundamentos Microbiológicos (microbiologia do tratamento de água e efluentes, fermentação e biorremediação); Análise dos Mecanismos de Corrosão na Indústria Química (noções de composição química das tubulações, principais mecanismos de corrosão); Tecnologia de Bebidas alcoólicas; Tecnologia das Fermentações.

Adotar métodos de controle da qualidade Não identificado esse tema na matriz curricular.

Fonte: dados da pesquisa

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Quadro 9. Engenharia Química/IES "B": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA (BRASIL, 2002)

POP’s (BRASIL, 2002) Disciplinas da Matriz Curricular

Higienização das Instalações, equipamentos, móveis e Utensílios

Parcialmente. Obs. Não aborda sobre utensílios, móveis, direciona para cuidados com tubulações “formas de prevenção e tratamento dos sistemas corrosivos” na Análise dos Mecanismos de Corrosão na Indústria Química – etapa 8. Não foi visualizada na Matriz Curricular disciplina que abordasse sobre escolha de saneantes para a indústria de alimentos, princípios gerais da higiene (limpeza, desinfecção), controles possíveis para se verificar a eficácia dos procedimentos de higienização, tal como verificação de pH em água de enxágue, registros dos procedimentos de higienização, diluições de saneantes, etc..

Controle de Potabilidade da Água Tratamento de Águas e Efluentes (conceitos, processos de tratamento e Instalações); Fundamentos Microbiológicos.

Higiene e Saúde dos Manipuladores

Parcialmente. Obs: Na matriz curricular há a disciplina Saúde, Segurança e Meio Ambiente – etapa 8 que aborda sobre legislação e normas técnicas relacionadas à saúde, segurança e meio ambiente, EPI. Contudo a Higiene e Saúde dos Manipuladores deve prever higienização de mãos, uniformes, condutas durante a manipulação dos alimentos, exames médicos específicos que não estavam previstos nas legislações trabalhistas uma vez que nestas legislações preconiza somente a saúde dos trabalhadores e não a inocuidade dos alimentos, higiene pessoal, etc..

Manejo dos Resíduos Química Ambiental e Gerenciamento de Resíduos.

Manutenção Preventiva e Calibração de equipamentos

Mecânica de Sólidos I (resistências dos materiais); Análise Instrumental (processos químicos: conceitos, técnicas, aparelhos analíticos); Análise dos mecanismos de corrosão na Indústria Química (principais mecanismos de corrosão, formas de prevenção e tratamento de sistemas corrosivos) .

Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas Não identificado esse tema na matriz curricular

Seleção de Matérias-Primas, Ingredientes e Embalagens Não identificado esse tema na matriz curricular. Algumas disciplinas podem contribuir para esse controle, contudo não observou-se nenhum tema voltado para o que a legislação dispõe como necessário.

Programa de Recolhimento de Alimentos Não identificado esse tema na matriz curricular.

Fonte: dados da pesquisa

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4.5.5 Nutrição – IES “B”

O PPC analisado do curso foi publicado em 2014. A graduação teve início em

1997 e forma bacharéis em nutrição. A modalidade é presencial, com duração de

mínima de 9 semestres, ministrado no período noturno (UNIUBE, 2014).

Dentre os objetivos do curso está o estímulo para aplicar a atenção dietética e

garantir a segurança alimentar, contribuindo decisivamente para a melhoria da

qualidade de vida dos cidadãos e compromissado com a formação de uma

sociedade justa e com atuação sempre pautada nos princípios de ética e

humanidade [grifo nosso] (UNIUBE, 2014).

Sobre as competências e habilidades seguem algumas que pretendem ser

demonstradas pelo nutricionista formado na IES “B”: a capacidade de aplicar

conhecimentos sobre a composição, propriedades e transformações dos alimentos e

seu aproveitamento pelo organismo humano, na atenção dietética; atuar em

políticas e programas de educação, segurança e vigilância nutricional,

alimentar e sanitária, visando à promoção da saúde em âmbito local, regional e

nacional; atuar na formulação e execução de programas de educação nutricional, de

vigilância nutricional, alimentar e sanitária; exercer controle de qualidade dos

alimentos em sua área de competência [grifo nosso] (UNIUBE, 2014).

Quanto à disciplina que referencia ética profissional na matriz curricular foi

identificada uma (01) denominada ética e bioética, que referencia o código de ética

profissional (UNIUBE, 2014).

As competências e habilidades previstas nas normas sanitárias e outros

temas legalmente obrigatórios de implantação nas indústrias e sua identificação na

matriz curricular estão expressas nos Quadros 10 e 11.

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Quadro 10. Nutrição/IES "B": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001 (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Competências e Habilidades previstas pelas normas de VISA (BRASIL, 1993; BRASIL,1997; BRASIL,2001)

Disciplinas da Matriz Curricular

Elaborar, implantar e monitorar o sistema de APPCC (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Não identificado esse tema na matriz curricular.

Conhecimento sobre microbiologia de alimentos (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Etiologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias; Bromatologia; Microbiologia Geral e de Alimentos.

Conhecimento sobre toxicologia alimentar (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997) Técnicas Dietéticas I (modificações decorrentes do preparo dos alimentos, aspectos nutricionais relacionados ao pré-preparo e à cocção).

Estabelecer planos de amostragem (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997; BRASIL,2001)

Bioestatística.

Capacidade de recomendar a destinação final de produtos não conformes (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Meio Ambiente e Saúde .

Elaborar, implantar e supervisionar as Boas Práticas de Fabricação (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Higiene dos Alimentos (VISA dos alimentos); Tecnologia e Legislação de Alimentos.

Avaliar registros da produção, inspeção, controle, corrigir erros e investigar causas (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Técnicas Dietéticas I (Aquisição, pré-preparo, cocção e conservação dos alimentos); Técnicas Dietéticas II.

Aprovar ou rejeitar matérias-primas, insumos, produtos semi-elaborados e terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos ou utensílios (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Técnicas Dietéticas I; Técnicas Dietéticas II.

Adotar métodos de controle da qualidade (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Parciamente. Alimentação Coletiva II (Introdução ao controle de qualidade. A série de normas ISO 9000 e as normas brasileiras. Sistemas de controle de qualidade e sua aplicação em unidades de alimentação, contudo não direciona para indústrias de alimentos)

Fonte: dados da pesquisa

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Quadro 11. Nutrição/IES "B": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA (BRASIL, 2002)

POP’s (BRASIL, 2002) Disciplinas da Matriz Curricular

Higienização das Instalações, equipamentos, móveis e Utensílios Higiene dos Alimentos (VISA dos alimentos).

Controle de Potabilidade da Água Parcialmente

4.

Higiene dos Alimentos (VISA dos alimentos); Etiologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias.

Higiene e Saúde dos Manipuladores Etiologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias; Higiene dos Alimentos (VISA dos alimentos).

Manejo dos Resíduos Higiene dos Alimentos (VISA dos alimentos); Meio Ambiente e Saúde.

Manutenção Preventiva e Calibração de equipamentos Não identificado esse tema na matriz curricular.

Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas Higiene dos Alimentos (VISA dos alimentos).

Seleção de Matérias-Primas, Ingredientes e Embalagens Técnicas Dietéticas I; Técnicas Dietéticas II; Tecnologia e Legislação de Alimentos (embalagens, rotulagem).

Programa de Recolhimento de Alimentos Não identificado esse tema na matriz curricular.

Fonte: dados da pesquisa

4 O controle da potabilidade da água deve prever questões tais como: O sistema de abastecimento é público ou fonte alternativa? Se de fonte alternativa recebe cloro? O cloro é monitorado

diariamente? a fonte alternativa é captação profunda ou superficial? A fonte alternativa possui outorga? Sobre os reservatório: constituição/integridade, comprovante de higienização, higienização própria (comprovante de treinamento) ou de terceiros (empresa com alvará sanitário)? Mapeamento do sistema de distribuição e pontos de coleta? Atende aos padrões de potabilidade previstos na Portaria 2.914/2011/MS; necessita de filtros? (BRASIL,2002; BRASIL, 2011)

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4.5.6 Tecnologia de Alimentos – IES “C”

O PPC analisado foi publicado em 2011. A graduação teve início em 2007 e

forma bacharéis em tecnologia de alimentos. A modalidade é presencial, com

duração de seis (06) semestres no mínimo e doze (12) semestres no máximo,

ministrado no período matutino (PPC, 2011).

Como objetivos do curso estão a preparação de profissionais com uma visão

técnico-científica ampla e atualizada dentro das atividades agroindustriais; formar

profissionais com atitude ética; promover melhorias no processo produtivo e de

controle de qualidade da indústria de alimentos e fornecer instrumentos para

aplicação da legislação vigente [grifo nosso] (PPC, 2011).

Dentro do perfil profissional o tecnólogo de alimentos deverá controlar as

técnicas e os processos utilizados na fabricação e assegurar a qualidade do

processo, exercendo controle rigoroso em cada uma das etapas de produção

aplicando os princípios éticos e ambientais (PPC, 2011).

Sobre as competências e habilidades espera-se que o tecnólogo de alimentos

esteja apto, dentre outras a gerenciar os processos relacionados à aquisição de

matéria-prima, beneficiamento, industrialização e conservação de alimentos;

elaborar, aplicar e monitorar programas de controle de qualidade; aplicar a

legislação reguladora de produtos, processos, resíduos e atividades inerentes

à industrialização; compromisso com a ética profissional [grifo nosso] (PPC,

2011).

Quanto à disciplina que referencia ética profissional na matriz curricular foi

identificada uma (01) denominada Ética e Cidadania, 2º período (PPC, 2011).

As competências e habilidades previstas nas normas sanitárias e outros

temas legalmente obrigatórios de implantação nas indústrias e sua identificação na

matriz curricular estão expressas nos Quadros 12 e 13.

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Quadro 12. Tecnologia de Alimentos/IES "C": disciplinas com assuntos vinculados aos conteúdos da Portaria nº 1428/93, Portaria nº 326/97 e Resolução RDC nº 12/2001 (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997; BRASIL, 2001)

Fonte: dados da pesquisa

Competências e Habilidades previstas pelas normas da VISA (BRASIL,

1993; BRASIL,1997; BRASIL,2001)

Disciplinas da Matriz Curricular

Elaborar, implantar e monitorar o sistema de APPCC (BRASIL. 1993; BRASIL,

1997)

Microbiologia de Alimentos (APPCC).

Conhecimento sobre microbiologia de alimentos (BRASIL. 1993; BRASIL,

1997; BRASIL, 2001)

Introdução à Tecnologia de Alimentos (deterioração dos alimentos); Microbiologia Geral; Microbiologia de Alimentos (objetivo: interpretar as normas, técnicas e padrões microbiológicos, de alimentos conforme acordo com a legislação vigente).

Conhecimento sobre toxicologia alimentar (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997) Fundamentos da Nutrição (alterações nutricionais no processamento de alimentos); Química de Alimentos (Toxicantes naturais).

Estabelecer planos de amostragem (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997) Estatística Básica; Análise de Alimentos; Estatística Aplicada; Análise Sensorial de Alimentos.

Capacidade de recomendar a destinação final de produtos não conformes

(BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Gestão Ambiental.

Elaborar, implantar e supervisionar as Boas Práticas de Fabricação (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Introdução à Tecnologia de Alimentos (BPF’s); Tecnologia de Frutas e Hortaliças; Tecnologia de Amidos e Panificação; Tecnologia de Bebidas; Tecnologia de Leite e Derivados; Tecnologia de carnes e Pescados; Tecnologia de óleos e gorduras; Tecnologia da cana-de-açucar, café se soja.

Avaliar registros da produção, inspeção, controle, corrigir erros e investigar causas (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Introdução à Tecnologia de Alimentos (BPF’s); Controle de Qualidade na Indústria de Alimentos.

Aprovar ou rejeitar matérias-primas, insumos, produtos semi-elaborados e terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos ou utensílios (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997)

Introdução à Tecnologia de Alimentos (BPF’s); Química Orgânica; Química Analítica; Tecnologia de Frutas e Hortaliças; Bioquímica de Alimentos; Tecnologia de Amidos e Panificação; Tecnologia de Bebidas; Tecnologia de Leite e Derivados; Tecnologia de carnes e Pescados; Tecnologia de óleos e gorduras; Tecnologia da cana-de-açucar, café se soja; Controle de qualidade da indústria de alimentos.

Adotar métodos de controle da qualidade (BRASIL. 1993; BRASIL, 1997) Controle de Qualidade na Indústria de Alimentos.

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Quadro 13. Tecnologia de Alimentos/IES "C": disciplinas com assuntos que auxiliam a construção dos POP's da RDC nº 275/2002/ANVISA (BRASIL, 2002)

POP’s (BRASIL, 2002) Disciplinas da Matriz Curricular

Higienização das Instalações, Equipamentos, Móveis e Utensílios Higienização na Indústria de Alimentos.

Controle de Potabilidade da Água

Introdução à Tecnologia de Alimentos (A água para Indústria de Alimentos); Microbiologia de Alimentos (análise microbiológica da água); Gestão Ambiental.

Higiene e Saúde dos Manipuladores

Segurança no Trabalho; Microbiologia dos Alimentos (Conceitos gerais sobre toxinfecções alimentares e estudo dos microorganismos indicadores, patogênicos e deteriorantes).

Manejo dos Resíduos Gestão Ambiental.

Manutenção Preventiva e Calibração de equipamentos Segurança no Trabalho; Instalações e Equipamentos Industriais e Operações Unitárias.

Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas Higienização na Indústria de Alimentos (controle de insetos e roedores).

Seleção de Matérias-Primas, Ingredientes e Embalagens Introdução à Tecnologia de Alimentos; Embalagens para alimentos (legislação de rotulagem).

Programa de Recolhimento de Alimentos Não identificado esse tema na matriz curricular.

Fonte: dados da pesquisa

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No Gráfico 1, são apresentadas as competências e habilidades previstas para

o RT nas normas sanitárias e suas correspondências com os assuntos que

subsidiam a elaboração dos POP's obrigatórios para implantação nas indústrias

alimentícias que não foram localizados nas matrizes curriculares dos cursos

pesquisados (BRASIL, 1993; BRASIL,1997; BRASIL,2002).

Gráfico 1. Competências, Habilidades e POP's previstos nas normas sanitárias versus PPC's: assuntos não previstos nas matrizes curriculares

Fonte: dados da pesquisa

Os dados observados no Gráfico 1 repercutem uma preocupação dos órgãos

de VISA, pois a ausência de disciplinas que subsidiem os egressos para

implantação das normas sanitárias nas indústrias pode dificultar sua atuação no

mercado de trabalho. É proposta destes órgãos que as estratégias educacionais

incluam a utilização de ferramentas que ampliam o acesso à educação em vigilância

sanitária (ANVISA, 2013). Portanto seguem algumas reflexões:

1. Programa de Recolhimento de Alimentos (BRASIL, 2002; BRASIL, 2015):

em cinco graduações, das seis pesquisadas, não se observou a abordagem

desse tema: engenharia química/IES "A", engenharia de alimentos/IES "A",

engenharia química/IES "B", nutrição/IES "B" e tecnologia de alimentos/IES

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"C". O programa de recolhimento de produtos deve ser documentado na

forma de procedimentos operacionais, estabelecendo-se as situações de

adoção do programa, os procedimentos a serem seguidos para o rápido e

efetivo recolhimento do produto, a forma de segregação dos produtos

recolhidos e seu destino final, além dos responsáveis pela atividade

(BRASIL, 2002) e em 2015, a ANVISA reforça a obrigatoriedade de cumprir

esse POP (BRASIL, 2015), o qual deve ser estabelecido pelo responsável

técnico, solidariamente com o responsável legal da indústria;

2. Controle de vetores e pragas urbanas (BRASIL, 2002): não foi visualizada

essa temática em três das matrizes curriculares: engenharia de

alimentos/IES "A", engenharia de química/IES "A" e engenharia química/IES

"B". Discute-se que este controle deve ocorrer de forma permanente na

indústria, a qual deve adotar medidas preventivas e pontuais (combate

químico), estas últimas quando necessário. As empresas que realizarem

atividades como manipulação, preparação, distribuição, exposição à venda,

produção/industrialização, fracionamento, armazenamento, transportes e

entrega de alimentos preparados e/ou industrializados ao consumo humano

são obrigadas a ter um POP sobre controle de vetores e pragas urbanas.

Neste POP, deverá estar discriminada a forma de controle a ser

estabelecida pela empresa: física e/ou química (MATIAS, 2007). Esse tema

deve ser examinado minuciosamente e mensurada a possibilidade de

integração à matriz curricular;

3. Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC

(BRASIL, 1993): não identificado esse tema em três matrizes curriculares,

engenharia química/IES "B", engenharia química/IES "A" e nutrição/IES "B".

A implantação do APPCC se faz obrigatória pela Portaria nº 1.428/1993

(BRASIL, 1993) e é um sistema que pode ser utilizado como ferramenta da

gestão da qualidade auxiliando o progresso e sucesso da empresa

alimentícia. O APPCC é baseado em uma série de etapas características de

cada produto a ser monitorado, desde a obtenção da matéria-prima até a

chegada do produto ao consumidor. Nesse caminho, são analisados os

perigos físicos, químicos e biológicos envolvidos no processo, determinando

os pontos críticos de controle e suas respectivas medidas de prevenção.

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Entre as suas vantagens estão o aumento da competitividade da empresa

no mercado interno e externo, adequação de suas atividades facilitando a

normalização em nível internacional, além da redução dos custos

operacionais (DIAS, BARBOSA, COSTA, 2010);

4. Toxicologia Alimentar (BRASIL,1993): em duas matrizes curriculares,

engenharia química/IES "A" e engenharia química/IES "B", não foi

identificada essa temática. A toxicologia atualmente desperta para novas

áreas de estudo anteriormente negligenciadas, e que tem revelado

cooperação decisiva na incidência de câncer e outras doenças crônico-

degenerativas. Discute-se muito sobre a evolução da toxicologia de

alimentos e demonstra que alimentos "naturais" nem sempre são seguros

(HIRSCHBRUCH, TORRES, 1998), cabendo rever a importância deste

tema nas IES;

5. Adotar métodos de controle de qualidade (BRASIL, 1993; BRASIL, 1997):

não identificada essa temática na matriz curricular da graduação em

engenharia química/ IES "B". A qualidade é uma vantagem competitiva

importante para a indústria e a gestão da qualidade é entendida como a

abordagem adotada e o conjunto de práticas utilizadas para obter-se, de

forma eficiente e eficaz, a qualidade pretendida para o produto. A gestão da

qualidade de uma empresa envolve seus processos e se estende aos

fornecedores e clientes. O controle do processo é um enfoque preventivo

centrado no acompanhamento e controle das variáveis do processo que

podem influir na qualidade final do produto (TOLEDO, BATALHA e

AMARAL, 2000), portanto assunto de importância para os egressos da área

de alimentos;

6. Seleção de matérias-primas, ingredientes e embalagens: não identificada

essa temática na matriz curricular da graduação em engenharia

química/IES "B". A obtenção de matérias-primas, ingredientes e

embalagens de boa qualidade, de fornecedores regulares junto aos órgãos

de inspeção, garantir condições adequadas de armazenamento, dentre

outros, representam impacto positivo no produto final (MINAS GERAIS,

1999). O graduando deve ter a absoluta certeza que a seleção destes itens

constitui a primeira etapa do controle de qualidade e deverão ser

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estabelecidos instrumentos para a verificação de pontos críticos no ato do

recebimento, tal como: data de validade das matérias-primas e ingredientes,

integridade das embalagens, higiene do entregador, condições de

transporte, etc. (SANTOS JÚNIOR, 2008). Do exposto o estabelecimento de

critérios para a seleção de fornecedores de matérias-primas, ingredientes e

embalagens pode-se reduzir as fontes de contaminação (TONDO e BARTZ,

2011), fato de extrema relevância de discussão nas graduações da área de

alimentos.

Inquieta-se também identificar nos cursos de engenharia de alimentos e

engenharia química, da IES “A”, disciplinas capazes de imbuir o graduando com

conhecimentos sobre potabilidade da água, manejo de resíduos, sejam eletivas, ou

seja, cabe ao aluno a decisão por cursá-las, bem como a disciplina sobre Higiene e

Saúde dos Manipuladores que também é eletiva no curso de engenharia química da

IES “A”, uma vez que perante aos Conselhos de Classe os dois egressos são

considerados aptos a atuar como responsáveis técnicos em indústrias alimentícias,

respondendo pelas Boas Práticas de Fabricação.

Cumpre destacar que no mundo os resíduos sólidos vêm sendo produzidos em

quantidades crescentes, inclusive com características cada vez mais agressivas,

resultando, portanto, numa tendência de serem descartados na natureza produtos

artificiais para os quais ela não será preparada para absorvê-los, assim as

graduações da área de alimentos devem efetivamente fazer valer os objetivos que

tratam da responsabilidade com o meio ambiente identificando soluções que possam

melhorar o nível da qualidade ambiental em seu processo produtivo (BLOEDORN et

al., 2015) e é necessário estimular os graduandos na busca de soluções para essa

vertente.

Sobre a potabilidade da água, deveria ser assunto obrigatório nas graduações

da área de alimentos, pois a água deve ser uma das principais substâncias

controladas dentro da indústria de alimentos, por ser utilizada em todos os

processos de fabricação dos alimentos, a fim de manter a qualidade microbiológica e

físico-química dos insumos utilizados e do produto final, promovendo, deste modo,

eficácia, segurança e credibilidade dos alimentos fornecidos à população em geral

(MIERZWA ; HESPANHOL, 2005).

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As matérias eletivas, de livre escolha dos alunos, podem ser vistas por estes

como de menor importância curricular, ficando o alerta aos coordenadores dos

cursos sobre a sensibilização dos graduandos quando da fase de opção por esta ou

aquela matéria.

Tais resultados demonstram que os currículos analisados precisam ser revistos

e atualizados com vistas a melhor preparar o profissional em sua futura atuação

como responsável técnico nas indústrias de alimentos.

4.6 Análise dos resultados dos questionários sobre a percepção dos alunos

acerca dos temas normatizações sanitárias e ética profissional

O questionário aplicado aos alunos foi desenvolvido considerando as matrizes

curriculares, as competências e habilidades requeridas pela normatização sanitária e

evidencia a opinião destes alunos acerca dos temas propostos.

Foram realizadas três leituras consecutivas de cada folha de resposta desses

questionários pela pesquisadora, com resultados marcados e organizados

manualmente, depois transferidos para tabelas do Excel onde se calculou os

percentuais de cada resposta.

A consistência de algumas informações a partir de questões inter-

relacionadas também foi verificada.

Quando uma questão era deixada em branco, significava que o graduando

declarava não ter conhecimento suficiente para responder a questão, fato que

garantiu equilíbrio para uma análise adequada e não tendenciosa dos dados.

4.6.1 Perfil dos graduandos segundo sexo e idade

Ao analisar o percentual de mulheres nas graduações, 57,6%, este estudo

alinha-se com a participação feminina na população economicamente ativa que se

realizou com o crescimento da sua escolaridade. Comparativamente aos homens,

no final dos anos 1990, as mulheres apresentavam maior grau de instrução: em

média, um ano a mais de estudo. É verdade que ambos os sexos aumentaram sua

escolaridade, mas a população feminina experimentou um avanço mais significativo

(MARQUES, et al., 2004) e no Brasil constata-se que as mulheres perfazem o grupo

predominante, em todas as regiões, sendo que no Brasil a proporção é de 53,0%

(FONAPRACE, 2004).

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Os dados sobre faixa etária e sexo dos graduandos encontram-se na tabela 2.

Tabela 2: Distribuição percentual dos graduandos segundo sexo e idade

Já a maioria dos estudantes está na faixa etária entre 20 a 25 anos, totalizando

68% do público alvo, coerente com o achados do II Perfil Socioeconômico e Cultural

dos Estudantes de Graduação das Instituições Federais de Ensino Superior - IFES,

que infere representação dos estudantes até 25 anos em torno de 77,6% dos

estudantes das IFES brasileiras, demonstrando estudantes majoritariamente jovens

(FONAPRACE, 2004).

4.6.2 Graduandos e suas percepções sobre as normas de Vigilância Sanitária

Vários assuntos previstos nas normas sanitárias (BRASIL, 1993; BRASIL,

BRASIL, 1997; BRASIL, 2000; BRASIL, 2001; BRASIL, 2002; BRASIL, 2010;

BRASIL, 2014; BRASIL, 2015) foram identificados nas matrizes curriculares, contudo

restava saber se o graduando lembrava-se desses temas de principal importância na

definição de suas competências dentro das indústrias de alimentos. Na tabela 3 ,

está representada essa referência dos graduandos sobre temas abordados durante

Características Número %

Sexo

Feminino 68 57,6%

Masculino 50 42,4%

TOTAL 118 100%

Grupos de Idade

20 Ⱶ 23 33 28%

23 Ⱶ 26 47 40%

26 Ⱶ 29 11 9,3%

29 Ⱶ 32 11 9,3%

32 Ⱶ 35 08 7%

35 Ⱶ 38 03 2,5%

38 Ⱶ 41 02 2%

41 Ⱶ 44 01 1%

47 Ⱶ 50 01 1%

TOTAL 117* 100%

*Obs. Um dos alunos do curso de tecnologia de alimentos não respondeu sua idade.

Fonte: dados da pesquisa

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a graduação e na tabela 4, estão traduzidos todos os resultados de perguntas

específicas sobre conteúdos básicos, definidos pelas normas, vinculados aos temas

abordados.

Na tabela 4, são retratadas as questões exatamente com os dizeres que foram

colocados nos questionários aplicados aos alunos. Estas questões foram do tipo

verdadeiro (V), falso (F) ou deixar em branco quando não tiver conhecimento sobre

o assunto, culminando na retratação da realidade do conhecimento.

As duas tabelas permitem o cruzamento entre a referência ao assunto

abordado na graduação com o entendimento efetivo pelos graduandos de conteúdo

básico desse assunto, fato necessário à atuação desse egresso como RT em

indústrias alimentícias.

Tabela 3. Distribuição numérica segundo frequência de marcações que retratam a lembrança dos graduandos sobre assuntos discutidos na graduação que estão implícitos nas normas sanitárias

QUAIS ASSUNTOS FORAM DISCUTIDOS NA GRADUAÇÃO?

POPULAÇÃO (118 graduandos)

FREQUÊNCIA DE MARCAÇÕES

Padrões microbiológicos de alimentos 95

Contaminantes alimentares 69

Rotulagem de alimentos 41

Boas Práticas de Fabricação – BPF's 50

Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC 51

Controle da potabilidade da água 86

Manejo de resíduos (lixo) 77

Controle de vetores e pragas urbanas 37

Aditivos e coadjuvantes de tecnologia 48

Categoria de alimentos que são obrigatórios de registro pela ANVISA/MS 32

Novos alimentos e novos ingredientes 25

Embalagens 44

Elementos macroscópicos em alimentos 31

Outros 1

Fonte: dados da pesquisa

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77

Tabela 4. Distribuição numérica dos graduandos segundo frequência das respostas dadas aos questionamentos sobre assuntos previstos normas sanitárias

CONHECIMENTO SOBRE NORMAS SANITÁRIAS

TOTAL DE RESPOSTAS (118 graduandos = 1180 respostas)

Respostas Corretas

Respostas Incorretas

Respostas em Branco

Alimentos diet necessitam ser registrados pela ANVISA/MS 01 93 24 Projetos arquitetônicos das indústrias de alimentos devem ser submetidos à análise e aprovação da VISA previamente à construção, reforma ou ampliação.

80

08

30 Conforme normatização sanitária apenas a implantação das Boas Práticas de Fabricação – BPF’s é obrigatória, uma vez que a implantação do Programa de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC é opcional. 62 14 42 São dizeres obrigatórios de rotulagem para a maior parte das categorias de alimentos: Denominação de venda do alimento; Lista de ingredientes (quando necessário); Conteúdos líquidos; Identificação da origem; Nome ou razão social e endereço do importador, no caso de alimentos importados; Identificação do lote; Prazo de validade; Instruções sobre o preparo e uso do alimento (quando necessário); a expressão “Contém Glúten” ou “Não contém Glúten”; informação nutricional (quando necessário)

62

14

42 A legislação sanitária não impõe limites quantitativos de uso para aditivos, portanto todos os aditivos podem ser utilizados em quantidades aleatórias nos alimentos, a critério do responsável técnico da indústria. 76 05 37 Nos alimentos prontos ao consumo é permitida a quantidade máxima de 5 UFC (cinco unidades formadoras de colônia) de Salmonella sp. por cada 25 g do alimento. 24 13 81 O corante Tartrazina é utilizado em uma grande variedade de alimentos, pode ser utilizado em quantidades aleatórias, sem limites de uso e informar sua presença no rótulo do alimento é facultativo. 48 09 61 Caso um alimento produzido sem observância das boas práticas de fabricação cause dano ao consumidor responderá por esse dano junto à Vigilância Sanitária exclusivamente o dono da empresa uma vez que legalmente o responsável técnico não poderá ser penalizado.

69 09 40 O polietileno tereftalato ou PET é um polímero que possui propriedades termoplásticas, ou seja, pode ser reprocessado várias vezes pelo mesmo processo ou por processo de transformação. As embalagens de PET pós consumo reciclado para contato com alimentos, têm obrigatoriedade de registro na ANVISA/Ministério da Saúde previamente à sua comercialização.

53

18 47

(Continua)

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78

Na área de alimentos Contaminação é entendida como “presença de substâncias ou agentes estranhos, de origem biológica, química ou física que sejam considerados nocivos ou não para a saúde”, contudo atualmente permite-se em alguns alimentos a presença de um certo limite de fragmentos de insetos. 43 36 39

TOTAL DE RESPOSTAS 518 219 443 Fonte: dados da pesquisa

A opção que trata sobre a Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle -

APPC, marcada incorretamente e/ou deixada em branco por um percentual de

47,5% dos graduandos (Tabela 4), tema trabalhado em 50% das matrizes

curriculares avaliadas (Gráfico 1), denotam coerência entre os dados obtidos por

este estudo, pois os percentuais encontrados estão alinhados, considerando que

praticamente metade dos graduandos não souberam responder essa questão.

Outra informação citada na Tabela 4, que requer estudo mais aprofundado, é o

fato que 79,6% dos graduandos não souberam responder sobre a quantidade

máxima permitida de Salmonella sp. nos alimentos prontos ao consumo. Embora 95

graduandos (Tabela 3), um percentual de 80% do público pesquisado, haver

declarado ter estudado sobre padrões microbiológicos de alimentos na graduação.

Evidencia-se, ainda, que a temática sobre microbiologia foi visualizada nas matrizes

curriculares dos cursos pesquisados.

No Gráfico 2, é proporcionada uma leitura rápida sobre o conhecimento dos

graduandos acerca dos assuntos propostos nas normas sanitárias (BRASIL, 1993;

BRASIL, BRASIL, 1997; BRASIL, 2000; BRASIL, 2001; BRASIL,2002; BRASIL,

2010; BRASIL, 2014; BRASIL, 2015)

.

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79

Fonte: dados da pesquisa

A proposta desses questionários foi avaliar se os conhecimentos adquiridos na

graduação poderiam ser utilizados como base para sua atuação enquanto RT, no

que tange às competências e habilidades previstas nas normas sanitárias. Também

buscou perceber se o conhecimento sobre os requisitos para a formação do RT

poderiam ser provenientes de outras fontes de informações durante a graduação,

que não a matriz curricular, podendo ser suprida na forma de capacitação, palestras,

mini-cursos, etc..

Pode-se inferir que as lacunas dos conhecimentos observados na matriz

curricular tem reflexo na formação do profissional e apenas em poucos tópicos,

supridas por outras fontes de informação.

Reforça-se a importância dos diálogos e constituir essa articulação entre os

setores, educacional e profissional é uma proposta da alta cúpula da Educação

(BRASIL, 2006), pois a falta de conhecimento sobre os desafios nas especificidades

das respectivas áreas de atuação parece ser bastante comum ao final da graduação

(GONDIM, 2002; PERRONE; VICKERS, 2003 apud TEIXEIRA et al., 2005).

Na Figura 5, estão representadas as proporções de cada aspecto analisado

sobre a percepção dos alunos acerca da articulação entre a VISA e IES e sobre as

normatizações sanitárias. Possibilita a retração da opinião de um público que

futuramente se candidatará à vaga de RT em indústrias localizadas não somente em

Uberaba, mas em qualquer parte do país, onde as normas sanitárias também são

vigentes, às vezes complementadas por aquelas das esferas estaduais e municipais.

44%

56%

Respostas corretas

Respostas incorretas e em branco

Gráfico 2. Proporções de respostas corretas, incorretas e em branco dos graduandos sobre as normas

sanitárias especificados na tabela 4

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Figura 5. Representação percentual da percepção dos alunos sobre a articulação entre VISA e IES e normatizações sanitárias

Obs. D.E. = Disciplina Específica; D.V.D. = Distribuída em Várias Disciplinas Fonte: dados da pesquisa

Obs. D.E: Disciplina Específica; D. V. D: Distribuída em Várias Disciplinas Fonte: dados da pesquisa

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Sobre a abordagem de legislações sanitárias na graduação (Gráfico 1) as

respostas com maiores frequências de citação foram aquelas que versaram sobre

disciplina específica (15,3%), distribuída em várias disciplinas (25,4%) e não foram

abordadas legislações na graduação (44,9%), sobretudo essa última alternativa foi

marcada com maior frequência pelos alunos do curso de engenharia química.

Ao citarem a abordagem em disciplina específica não trata de nenhuma

nominada como Vigilância Sanitária, mas como: Higiene na Indústria de Alimentos;

Controle de Qualidade, que versam sobre assuntos retratados pelas normas

sanitárias, entre outras.

O fato de 44,9% dos egressos que irão competir para uma vaga de RT no

mercado de trabalho declararem não haver sido abordadas legislações sanitárias na

graduação (Gráfico 1) requer um estudo mais aprofundado, pois dentro dessa lógica

o responsável técnico da área de alimentos deve dominar uma gama vasta de

conhecimentos e habilidades, tarefa que é árdua para o meio acadêmico, porém

mais árduo será para o profissional se as IES, os conselhos de classe profissionais e

a VISA não se unirem para mediar espaços que possibilitem uma visão geral do

contexto de regulamentações a que estarão inseridos, reforçando ainda mais a

afirmativa que o RT deve possuir habilidades, conhecimentos e capacidades que

vão muito além do necessário em sua área profissional, devendo ser um indivíduo

polivalente (MAGALHÃES, 1997, apud RUEDA, 2004).

Sobre a opinião destes graduandos acerca da abordagem de legislações

sanitárias na graduação (Gráfico 2), a maioria (91,5%) afirmou ser importante

discutir sobre as normas sanitárias na graduação até porque desde que a vigilância

sanitária assumiu um comportamento de forte orientação técnica, as atuações em

parceria passaram a ser necessárias (SOTO et al., 2006) e acerta a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA quando investe na Instituição de Ensino

como parceira na produção do conhecimento e, acerta a Instituição de Ensino

quando acolhe a ideia que propõe a integração entre os espaços de ensino,

pesquisa e o de trabalho (RIBEIRO, 2008).

Alinhando a informação de que 91,5% dos graduandos declaram ser

importante discutir sobre legislações sanitárias na graduação (Gráfico 2), com a

informação de que 44,9% declaram que estas normas não foram abordadas (Gráfico

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82

1) e ainda apenas 4,2% dos graduandos tiveram acesso às palestras proferidas por

representantes da VISA (Gráfico 2), reforça-se o distanciamento entre VISA e IES.

Dentro da perspectiva de obter respostas ainda mais precisas e coerentes

sobre a possível articulação entre VISA e IES foi proposto que estes marcassem

também o número de vezes que tiveram contato com representantes da VISA no

campus da IES (Gráfico 3), nota-se a coerência entre as respostas dos graduandos,

pois 86,2% destes apontaram como “zero (0) vezes” a presença de representante da

VISA na graduação para discutir sobre legislação sanitária, reforçando o

distanciamento já citado.

Somando-se aqueles que não conhecem a documentação para licenciamento

sanitário com os que não sabiam que as indústrias necessitam deste licenciamento

obteve-se um percentual de 87,3% contra 8,5% que declararam conhecer estes

documentos (Gráfico 4), sendo o primeiro um percentual liquidante.

Os que declaram conhecer parcialmente a documentação comentaram que

atuam na área de alimentos profissionalmente, e tiveram contato com os serviços de

VISA nas indústrias, por isso já tem esse conhecimento.

Resgatando a matriz curricular e os assuntos de VISA que os graduandos

lembram ter discutido na graduação, já tratados em tópicos anteriores, foram

questionados sobre os POP's mínimos obrigatórios para implantação em toda e

qualquer indústria de alimentos. Nas opções de resposta foram sugeridas: 01 opção

com o conjunto de POP's falsos; 01 com o conjunto de POP's verdadeiros e outra

que versava: "não conheço todos os POP's mínimos obrigatórios exigidos pela

Resolução RDC nº 275/2002/ANVISA", semelhante a essas opções o

questionamento foi estendido aos Novos Alimentos e Novos Ingredientes.

Foi uma constante os maiores percentuais se concentrarem nas marcações da

opção errada e na falta de conhecimento sobre os POP's, somando 79,7% das

respostas (Gráfico 5), semelhante ao assunto sobre Novos Alimentos e Novos

Ingredientes, cujo percentual foi de 84,7% (Gráfico 6), aliando-se ao estudo de

Avena (2004 apud OLIVEIRA et al., 2007) que citava que um dos grandes desafios

do ensino superior brasileiro é a sua função estratégica de fornecer subsídios para

que a inserção do indivíduo no mercado de trabalho seja imediata, produtiva e

comprometida com o bem-estar social. Embora diversos estudos detectem o efeito

da formação universitária no aumento da empregabilidade e no salário médio do

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profissional, percebe-se na estrutura curricular da maioria dos cursos uma lacuna na

formação do graduando que não recebe orientação voltada à prática e a questões

das normas sanitárias.

4.6.3 Graduandos e suas percepções sobre Conselhos Profissionais

Pondera-se que a avaliação da qualidade do ensino superior exige muito mais

do que um teste dos conhecimentos “técnicos” socializados durante a graduação. É

fundamental que o graduado saiba exatamente onde atuar, como seu perfil

profissional se encontra regulamentado e o que lhe é permitido ou não desempenhar

(OLIVEIRA et al., 2007).

Com relação a percepção dos alunos sobre a articulação entre conselhos

profissionais e IES segue a representação percentual dos dados obtidos (Figura 6).

Figura 6. Representação percentual da percepção dos alunos sobre a articulação entre conselhos profissionais e IES

Fonte: dados da pesquisa

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Os dados mostraram que aproximadamente um quarto dos graduandos

(25,4%) consideraram a abordagem sobre ética na graduação satisfatória, enquanto

os demais (74,6%) consideram parcialmente satisfatória, insatisfatória ou não se

lembram dessa discussão durante a graduação (Gráfico 1), fato que requer um

estudo mais aprofundado, junto aos graduandos, para diagnosticar os assuntos que

estes consideram deficientes e subsidiem a elaboração de estratégias para

implementar discussões dessa natureza nas graduações.

Já sobre a presença de representantes dos conselhos nas graduações para

esclarecer sobre registro e regulamentação profissional 64,4% dos graduandos

nunca tiveram essa oportunidade de contato, pois marcaram a opção zero (0) vezes

(Gráfico 2), fato também que pode ter colaborado para que um total de 85,6%

desconheçam a documentação e procedimentos para registro profissional (Gráfico

4).

O percentual de 77,9% da população total dessa pesquisa, que afirmaram

nunca terem lidos seus códigos de ética (Gráfico 3) corroboram com os estudo de

Oliveira et al. (2007) que infere que aspectos ligados à ética e à regulamentação

profissional tendem a ser largamente ignorados em prol de uma formação cada vez

mais técnica, mesmo considerando que para o recém-formado o conhecimento da

legislação pertinente à sua profissão é tão importante quanto o conteúdo científico

acumulado ao longo do curso.

Oliveira et al. (2007) exigem que o saber utilize esses conhecimentos de

forma sistematizada, assimilável e utilizável pela sociedade. Um profissional – seja

qual for sua área de atuação – que desconhece os parâmetros básicos da sua área

de atuação certamente estará em desvantagem em sua inclusão no mercado.

4.6.4 Participação das IES - interpretando a articulação com os Conselhos

Profissionais

Todas as IES de Uberaba que ofertam os cursos pesquisados participaram da

pesquisa, o que possibilitou traçar o perfil municipal da articulação entre a tríade.

Os Gráficos se referem às respostas obtidas de 100% dos coordenadores dos

cursos pesquisados, sendo 02 coordenadores dos cursos de engenharia química, 02

coordenadores dos cursos de nutrição, 01 coordenador do curso de tecnologia de

alimentos e 01 do curso de engenharia de alimentos, portanto a representatividade

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percentual expressa nos Gráficos sobrecai sobre o denominador 6. Os resultados

estão representados na Figura 7.

Figura 7. Representação percentual da percepção dos coordenadores sobre a articulação entre Conselhos Profissionais e IES

Fonte: dados da pesquisa

Fonte: dados da pesquisa

Após leitura dos Gráficos percebe-se que 50% dos coordenadores declaram

ocorrer momentos de discussões regulares com os representantes dos conselhos

profissionais (Gráfico 1), já 50% dos coordenadores declaram que as discussões

entre alunos e representantes dos conselhos não ocorrem e apenas 16,7%

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afirmaram que estes encontros com alunos são regulares (Gráfico 5), sendo

necessário investigar os fatores que dificultam esses momentos de discussão.

Um percentual de 83,3% dos coordenadores declararam utilizar normas dos

conselhos profissionais na atualização dos PPC's (Gráfico 2) e 100% consideram

relevante viabilizar a interface com os conselhos profissionais (Gráfico 3), sobretudo

ao definir as competências e habilidades do egresso.

Sobre as discussões entre alunos e conselhos profissionais, 50% dos

coordenadores informaram que representantes dos conselhos estiveram uma (01)

vez nas IES durante a graduação, 33,3% informaram a presença destes

representantes por duas (02) vezes durante a graduação (Gráfico 4). Comparando-

se essa informação com aquelas colocadas pelos alunos sobre o mesmo

questionamento, há certa discrepância, pois 64,4% declararam não haver tido

contato com representantes dos conselhos durante a graduação (Gráfico 2 da Figura

6).

Ponderamos que vários fatores podem ter ocasionado essa incoerência, tal

como as visitas dos Conselhos podem ter sido realizadas aos graduandos nos

períodos iniciais da graduação, os quais podem diferir entre um aluno e outro. Tal

informação também é considerada relevante, pois quanto mais perto da conclusão

dos cursos, mais maduros os alunos estariam para absorver e usar as informações

que acabam se tornando nulas quando ministradas em épocas desfavoráveis.

Conforme ressalta Vianna (2004, apud OLIVEIRA et al., 2007) a universidade

com seus cursos, programas, currículos e disciplinas precisa criar condições para

funcionar satisfatoriamente, pois, para a realização dos seus objetivos básicos,

necessita de uma estrutura curricular e de um ambiente profissionalizante que

constantemente se renove e atualize os seus conhecimentos e relações com

aqueles que podem contribuir para a formação dos seus alunos.

4.6.5 Participação das IES - interpretando a articulação com a VISA

Os coordenadores dos cursos tem governabilidade para articular com todos

os atores capazes de acrescentar conhecimentos aos graduandos, seja

intermediando palestras, oficinas, realizando visitas técnicas ou qualquer outra forma

capaz de contribuir com a formação profissional dos egressos. A partir da Figura 8,

pode ser visualizado como os coordenadores percebem a articulação com a VISA.

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Figura 8. Representação percentual da percepção dos coordenadores sobre a articulação entre

VISA e IES

Fonte: Dados da pesquisa

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Percebe-se que não ocorrem diálogos regulares entre VISA e IES,

considerando que 100% dos coordenadores afirmaram não ocorrer momentos de

discussão (Gráfico 1 da Figura 8). A articulação ainda é incipiente e quase

imperceptível considerando, sobretudo, que esta afirmativa é validada pelas

respostas dadas ao questionamento que se refere a discussões entre VISA e

graduandos, onde os coordenadores respondem tratar de momentos eventuais

(33,3%) e ou inexistentes (66,7%), uma vez que não ocorrem (Gráfico 5). Ressalta-

se a coerência entre as respostas onde 4 coordenadores (66,7%) disseram que

representantes da VISA nunca tiveram na IES para discutir sobre normatização

sanitária com os graduandos (Gráfico 4).

Sobre estudos que permeassem a inserção de disciplina exclusiva de VISA na

graduação, apenas 01 coordenador (16,7%) afirmou haver estudos sobre essa pauta

(Gráfico 6), contudo 83,3% deles apontam que consideram relevante viabilizar a

interface entre IES e VISA (Gráfico 3), sobretudo ao definir as competências e

habilidades dos egressos.

Um percentual de 83,3% dos coordenadores citaram que utilizam as

legislações sanitárias na atualização dos PPC's (Gráfico 2), contudo ao analisar as

matrizes curriculares, a maioria das disciplinas, de todos os cursos não trazem em

sua referência bibliográfica citação das normas sanitárias e outras não englobam

temas relacionados em seus planos de estudos. Oliveira et al. (2007) ressalta que

quando o aluno se envolve desde cedo em atividades práticas, de resolução de

problemas, envolvendo a comunidade externa, certamente criará oportunidades de

conhecer melhor sua “real” atuação, além da acadêmica. Ribeiro e Matté (2010)

informam que a integração da VISA à universidade é cada vez mais necessária para

que essa também cumpra seu compromisso social pelo ensino e pesquisa pautados

nas necessidades da população.

Nota-se também a coerência entre as respostas prestadas pelos

coordenadores nos Gráficos 4 e 5, nos quais os percentuais são os mesmos para

as afirmativas quanto aos momentos de discussão entre VISA e graduandos.

Embora não haja referência das normas na grande maioria das matrizes

curriculares, observa-se assuntos que possibilitam ao graduando atender as normas

sanitárias e dos conselhos profissionais no que se refere à construção das

competências e habilidades do egresso requeridas para atuação nas indústrias de

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alimentos, mas há lacunas entre o que se ensina nas IES e o que é requerido pelas

normas sanitárias ao RT, já tratadas Gráfico 1.

4.6.6 Participação dos Conselhos Profissionais

4.6.6.1 Interpretando a articulação com as IES

Foram aplicados questionários aos Conselhos Regionais de Classe de

Engenharia e Agronomia, Química e Nutricionistas, ambos sediados em Belo

Horizonte, com território de atuação em todo o Estado de Minas Gerais. Buscou-se

saber como se processa a relação destes Conselhos com as IES. Os resultados

estão apresentados na tabela 5.

Tabela 5. Distribuição percentual das respostas dos Conselhos Profissionais acerca da articulação com as IES

Fonte: dados da pesquisa

Sobre a Tabela 5, após análise das respostas complementares aos

questionamentos nela citados, cumpre comentar:

1. A periodicidade em que se dão os momentos de discussão com as IES. Um

respondeu que ocorre quando o curso é cadastrado, outro citou que as

discussões são semestrais e o último diz ter uma agenda regional que

programa encontros anuais;

2. Ocorrência de momentos de discussões com todas as IES de sua

abrangência. Dois conselhos responderam que não ocorrem em todas, já

QUESTÕES PROPOSTAS

AMOSTRA (03 Conselhos de Classe)

Opções de respostas

SIM NÃO São realizados momentos de discussão entre o Conselho profissional e IES/Coordenadorias dos cursos de graduação na área de alimentos? 100,0% 0,0% Ocorrem tais momentos de discussão em todas as IES da área de abrangência do Conselho? 33,3% 66,7% Os Conselhos Profissionais tem acesso ao Ministério da Educação - MEC para discutir sobre a matriz curricular das graduações da área de alimentos? 0% 100% Os projetos pedagógicos curriculares das graduações são analisados periodicamente por este Conselho Profissional? 33,3% 66,7% Este Conselho considera relevante viabilizar a interface entre IES e Conselhos Profissionais? 100,0% 0,0%

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90

um respondeu que ocorrem em todas as IES que disponibilizam os cursos

nele registrados;

3. Motivação para que as discussões ocorram. Foi unânime a resposta que a

iniciativa parte dos conselhos profissionais;

4. Quando e em quais IES de Uberaba ocorrem encontros para discutir sobre

registro profissional, ética e outros de interesse. Um dos conselhos

respondeu que os encontros ocorrem quando é solicitado ao conselho, não

há período específico da graduação para que os esclarecimentos ocorram e

nos dias atuais não ocorreu nenhum encontro. O segundo conselho relatou

que não é possível quantificar quantas vezes esses encontros ocorreram,

que se entende que é importante esclarecer informações gerais a qualquer

período da graduação e que em Uberaba encontros ocorreram na

Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM, sendo liderados por

Fiscal da delegacia representante de Uberlândia.

Todos os conselhos entendem que é importante viabilizar a interface com as

IES, contudo apenas os Conselhos federais tem contato com o Ministério da

Educação e Cultura para possíveis discussões acerca da formação profissional, não

há discussões locais sobre essa pauta.

Comparando as respostas dos conselhos com aquelas dadas pelas IES

também são observadas inconsistências. As IES dizem que as motivações para que

as reuniões ocorram partem delas, já os conselhos dizem partir deles, mas quando

se questiona sobre onde ocorreram as discussões em Uberaba, um dos conselhos

não sustenta a informação de que a motivação das reuniões parte dele e informa

que vão até as IES de Uberaba quando solicitados.

4.6.6.2 Interpretando a articulação com a VISA

Os questionários aplicados proporcionaram dados esclarecedores acerca da

articulação entre conselhos profissionais e VISA, bem como trata de fornecer

subsídios para tomadas de decisões em prol da criação de redes de contato com

vistas a imbuir os egressos de informações necessárias sobre sua futura vida

profissional (Tabela 6).

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Tabela 6. Distribuição percentual das respostas dos Conselhos Profissionais acerca da articulação com a VISA

Fonte: dados da pesquisa

Dois conselhos comentaram que os contatos com a ANVISA são realizados

pelos Conselhos Federais. Sobre a periodicidade de discussões com a VISA um dos

conselhos comentou que não há frequência definida e que o contato com as VISA's

dos municípios é mais facilitado do que com os Núcleos Estaduais, e não existe uma

agenda definida entre as partes para tratar sobre assuntos comuns, como a atuação

do RT na indústria de alimentos.

Todos os conselhos (100%) afirmaram considerar relevante a interface com a

VISA, fato que denota abertura por parte dos conselhos para diálogos.

4.6.7 Participação dos Núcleos Estaduais de Vigilância Sanitária e Diretoria de

Vigilância Sanitária de Alimentos

4.6.7.1 Interpretando a articulação com os Conselhos Profissionais e VISA

Foram aplicados 28 questionários aos Núcleos Estaduais de Vigilância

Sanitária/NUVISA e 01 à Diretoria de Vigilância Sanitária de Alimentos da Secretaria

de Estado de Saúde de Minas Gerais. Destes foram devolvidos vinte e sete (27), ou

seja, houve aceitação de 93,1% dos serviços de estaduais de VISA localizados nas

macrorregiões de saúde de Minas Gerais. Apenas os NUVISA’s de São João Del

Rei e Pedra Azul não contribuíram com esta pesquisa.

Os dados retratam a percepção de profissionais que atuam a mais de 05 anos

na área de fiscalização de alimentos, fato que permite avaliar um tempo relevante

sobre a temática pesquisada.

QUESTÕES PROPOSTAS

AMOSTRA (03 Conselhos de

Classe)

Opções de Respostas

SIM NÃO São realizados momentos de discussão entre o Conselho Profissional e Vigilância Sanitária? 33,3% 66,7% Os Conselhos Profissionais tem acesso à Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA para discutir sobre legislações da área de alimentos? 0,0% 100,0% Este Conselho considera relevante viabilizar a interface entre VISA e Conselhos Profissionais? 100,0% 0,0%

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92

Na Tabela 7, é retratado o perfil dos participantes da VISA.

Tabela 7. Perfil dos Participantes da VISA

Fonte: dados da pesquisa

Pontua-se ainda que apenas 11, dos 27 respondentes que atuam na área de

alimentos das VISA's estaduais têm formação específica nesta área, conforme

exposto na tabela acima.

Através da Tabela 8, é possível discutir sobre a articulação entre VISA e IES,

considerando a percepção por parte dos técnicos da área de alimentos e na tabela 9

Características Quantidade

Sexo

Mulheres 19

Homens 08

Total 27

Formação Acadêmica

Farmácia bioquímica 02

Medicina veterinária 09

Biologia 04

Nutrição 02

Farmácia 03

Odontologia/direito 01

Enfermagem 02

Técnico em enfermagem 01

Arquitetura e urbanismo 01

Direito 01

Engenharia química 01

Tempo de Serviço (anos)

05 Ⱶ 08 08

08 Ⱶ 11 03

11 Ⱶ 14 05

14 Ⱶ 17 02

17 Ⱶ 20 01

20 Ⱶ 23 03

23 Ⱶ 26 02

26 Ⱶ 29 03

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estão as respostas vinculadas à articulação com os conselhos profissionais, como

seguem:

Tabela 8. Distribuição percentual das respostas da VISA acerca da articulação com as IES

Fonte: dados da pesquisa

Tabela 9. Distribuição percentual das respostas de VISA acerca da articulação com os Conselhos

Profissionais

QUESTÕES PROPOSTAS

AMOSTRA (27 serviços de VISA)

Opções de Respostas

SIM NÃO PARCIALMENTE BRANCO

São realizados momentos de discussão entre os Conselhos Profissionais e este serviço de VISA? 7,4% 92,6%

0,0% 0,0%

Este serviço de VISA considera relevante viabilizar a interface com os Conselhos Profissionais? 85,6 % 0,0% 7,2% 7,2%

Fonte: dados da pesquisa

Percebe-se que 85,2% dos técnicos de VISA não realizam momentos de

discussões com as IES (Tabela 8), enquanto que 92,6% (Tabela 9) declaram não

haver articulações com os conselhos profissionais. Analisando os questionários,

quando os técnicos de VISA marcaram SIM para o questionamento sobre a

existência de momentos de discussão entre VISA/IES/Conselhos Profissionais,

QUESTÕES PROPOSTAS

AMOSTRA (27 serviços de VISA )

Opções de Respostas

SIM NÃO BRANCO

São realizados momentos de discussão entre VISA e IES/Coordenadorias dos cursos de graduação da área de alimentos (nutrição, engenharia química, engenharia de alimentos, tecnologia de alimentos) localizadas nos municípios de sua abrangência? 11,1%

85,2%

3,7% Alguma IES já solicitou deste serviço de VISA a indicação de normas sanitárias para elaboração da grade/matriz das graduações da área de alimentos (engenharia química, engenharia de alimentos, nutrição e tecnologia de alimentos)? 7,4% 92,6% 0,0% Este serviço de VISA considera relevante viabilizar a interface com as IES? 88,9% 7,4% 3,7% Há algum programa de estágio para alunos dos cursos da área de alimentos neste serviço de VISA? 11,1% 88,9% 0,0%

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acrescentaram que tais momentos ocorrem de forma eventual, não sendo regulares

com agendamentos bloqueados, ou seja, podem ou não ocorrer, a depender de

algum fato que motive o encontro.

Na Tabela 8, é demonstrada que a grande maioria dos técnicos de VISA,

92,6%, nunca foram procurados pelas IES para obterem esclarecimentos gerais

sobre as normas sanitárias e que 88, 9% das VISA's estaduais não oferecem

estágios para alunos dos cursos pesquisados, fatos que merecem estudos e

discussões posteriores e é fato que mais de 80% dos técnicos entrevistados

consideram relevante manter uma interface entre a tríade.

Considerando o tempo de serviço desses técnicos no serviço de VISA estadual

percebe-se que há mais de cinco anos essa articulação entre a tríade é

insignificante.

Esse distanciamento deve ser visto como uma inquietação que poderia ser

minorada com as parcerias efetivas, que substanciará a atuação do profissional da

área de alimentos. Considerando que as IES habilitam técnico-cientificamente o

responsável técnico, visto que as pesquisas científicas podem contribuir com a

produção do conhecimento em vigilância sanitária (RIBEIRO, 2008), e que os

conselhos de classe exercem papel relevante na atuação profissional, a

aproximação entre a tríade poderia melhor orientar as atividades de ensino,

pesquisa e extensão de forma a estarem em sintonia com as atividades observadas

pelos serviços de vigilância sanitária (RIBEIRO, 2008), conselhos profissionais e

vice-versa.

Por não haver trabalhos que buscassem investigar essa articulação, não há ao

que comparar os resultados obtidos nesta pesquisa.

4.7 Instrutivo sobre Vigilância Sanitária na Indústria de Alimentos

O instrutivo (APÊNDICE E) foi desenvolvido levando em consideração a

experiência da autora em mais de quatorze anos de atuação em Vigilância Sanitária,

e informações coletadas no Núcleo de Vigilância Sanitária da Superintendência

Regional de Saúde de Uberaba, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais

– NUVISA/SRS/URA/SES/MG.

O material, denominado Mãos a Regularização Sanitária: Indústria de

Alimentos e Vigilância Sanitária em Território Mineiro tem o objetivo de orientar

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sobre a regularização sanitária das indústrias de alimentos no Estado de Minas

Gerais.

O conteúdo aborda legislações básicas, de aplicação compulsória a quaisquer

indústrias de alimentos instaladas no Estado de Minas Gerais, sob inspeção da

VISA. Define conceitos e importância de VISA, trata sobre questões de

responsabilidade técnica na indústria alimentícia, licenciamento sanitário,

subsidiando o entendimento sobre os passos a serem seguidos para a regularização

sanitária, desde a aprovação de projeto arquitetônico à concessão do Alvará

Sanitário, documento este expedido por intermédio de ato administrativo privativo do

órgão sanitário competente, contendo permissão para o funcionamento dos

estabelecimentos sujeitos ao controle sanitário (MINAS GERAIS, 2014).

Os assuntos foram definidos considerando as fragilidades encontradas nas

matrizes curriculares pesquisadas, e o distanciamento entre IES e VISA, traduzindo-

se em fonte de consulta, com linguagem clara e objetiva, sobre assuntos que

colaboram para a produção de alimentos seguros ao consumo e na instrução dos

profissionais da área de alimentos sobre questões exigidas pela VISA. Pretende

direcionar todos aqueles que irão atuar ou atuam na área de alimentos, sejam eles

alocados nas Instituições de Ensino, indústrias de alimentos ou órgãos de interesse,

acrescentando temas sobre Boas Práticas de Fabricação de Alimentos - BPF e

assuntos de interesse veiculados no site da ANVISA.

Obviamente, não há a pretensão de esgotar o tema Vigilância Sanitária na

Indústria de Alimentos, mas sim ampliar os conhecimentos dos profissionais da área,

pautando-se pelas normas sanitárias vigentes.

Este instrutivo encontra disponível como Apêndice desta dissertação de

mestrado, disponível no site do Instituto Federal do Triangulo Mineiro - campus

Uberaba, link: http://www.iftm.edu.br/uberaba/cursos/posgraduacao-stricto-

presencial/alimentos/dissertacoes/, e após edição em gráfica apresentará uma

programação visual agradável à leitura e de fácil manuseio, tiragem inicial de 300

exemplares. Serão distribuídos para as VISA's Estaduais, Instituições de Ensino

Superior de Uberaba e região do Triângulo Mineiro que ofertam cursos da área de

alimentos, Conselhos de Classe Profissionais, graduandos que responderam aos

questionários, entre outros. O instrutivo será revisado anualmente, com envio de

copias às Instituições de Ensino e Conselhos de Classe Profissionais.

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5. CONCLUSÃO

Pontuamos que este estudo não teve qualquer intenção de avaliar a qualidade

dos cursos pesquisados, nem teve a pretensão de criticar as estruturas curriculares,

os coordenadores dos cursos, os profissionais dos conselhos e da vigilância

sanitária, mas contribuir para o debate sobre o compromisso com a formação dos

graduandos da área de alimentos.

O objetivo da pesquisa foi alcançado visto que possibilitou a construção de um

painel de bordo abrangente e claro que permitiu a leitura da relação existente entre

cada órgão pesquisado. Podem-se ver os três lados do triângulo individualmente e

comparar os pontos harmônicos e conflitantes em suas respostas.

Percebeu-se que a articulação entre VISA - Conselhos Profissionais e IES é

uma linha tênue e praticamente imperceptível, pois mesmo quando as discussões

entre as partes ocorreram, foram eventuais, sem definição de estratégias que

priorizassem o incremento de disciplinas em andamento ou tivessem qualquer outra

metodologia que contribuísse efetivamente para a formação profissional.

Verificou-se que assuntos previstos nas normas sanitárias ainda não são

traduzidos em conteúdos das matrizes curriculares e que a grande maioria dos

graduandos desconhecem pontos de suma importância, previstos nessas normas,

para sua atuação como RT's das indústrias alimentícias e ainda não se informam

sobre questões éticas definidas nos códigos de seus conselhos de classe.

Muitas das discussões, conforme informado pelos entrevistados, ocorrem em

nível Federal (Ministério da Educação, Ministério da Saúde/ANVISA, Conselhos

Federais), porém não encontramos referências que caracterizassem plano

estratégico elaborado por esses entes.

Sabe-se que as IES já carregam um fardo extremamente massacrante, haja

vista que atualmente as universidades baseiam-se em um modelo – ensino,

pesquisa e extensão – que pressupõe uma estrutura complexa, com suas

faculdades, institutos, departamentos, além de múltiplos órgãos necessários ao

cumprimento de sua missão e ao atendimento de suas especificidades; desse modo,

a avaliação é algo que se impõe para fins de planejamento e ação.

Pretendendo intervir no distanciamento identificado, sobretudo entre VISA e

IES, foi elaborado um instrutivo, Mãos a Regularização Sanitária: Indústria de

Alimentos e Vigilância Sanitária em Território Mineiro, de apoio e descentralização

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de informações sobre regularização sanitária, pretendendo ser subsídio na formação

e atuação dos profissionais da área de alimentos, consequentemente impactando na

qualidade e segurança dos alimentos oferecidos ao consumo. O instrutivo será

disponibilizado às Instituições de Ensino Superior que ofertam cursos na área de

alimentos, conselhos de classe profissionais, órgãos de interesse e graduandos que

participaram da pesquisa, informando sobre assuntos sanitários de aplicação

compulsória em qualquer indústria de alimentos instalada no Estado de Minas

Gerais.

Embora o distanciamento entre as partes fora identificado, constatou-se o

interesse da tríade e dos graduandos pela concretização da articulação. Contudo é

fato que não faz parte da agenda de compromissos dos mesmos momentos de

discussões regulares sobre a formação profissional dos futuros RT's de indústrias

alimentícias, impedindo dimensionar a frequência de conversações.

É necessário avaliar, planejar e agir para garantir a articulação, podendo ser

instituído grupo de trabalho composto por representantes da tríade, com encontros

programados, alicerçando a construção da articulação, que por sua vez seria

traçada, a nível local - município de Uberaba, considerando a formação

complementar e extracurricular, com foco direcionado aos graduandos que já estão

na reta final da graduação, mais amadurecidos para o mercado de trabalho.

O cumprimento desta função exige que um dos atores tome frente na

organização de uma agenda de discussão e que se monitorem constantemente as

necessidades múltiplas e variadas que possam surgir, evitando desperdícios de

tempo e recursos, e proporcione subsídios para a melhoria dos currículos, pois a

articulação tende a proporcionar a capacitação ampla desse egresso para o

trabalho.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO. Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Engenharia de Alimentos. Uberaba, MG. 2013. 151p.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO. Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Nutrição - Bacharelado. Uberaba, MG. 2009. 110p.

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APÊNDICE A

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APÊNDICE B

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APÊNDICE C

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APÊNDICE D

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APÊNDICE E

Orientações Gerais para Profissionais da

Área de Alimentos

MÃOS À REGULARIZAÇÃO

SANITÁRIA:

Indústrias de Alimentos e

Vigilância Sanitária em

Território Mineiro

Ivone Maria de Melo Carneiro Organizadora

Déborah Santesso Bonnas

Fernanda Barbosa B. Jardim

Maurício de Oliveira

Colaboradores

Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM/Uberaba Núcleo de Vigilância Sanitária da

Superintendência Regional de Saúde de Uberaba NUVISA/SRS/URA-MG

2016 (Versão 1)

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APRESENTAÇÃO

Este instrutivo foi desenvolvido a partir da minha experiência em mais de

quatorze anos de atuação em Vigilância Sanitária, e de informações coletadas no

Núcleo de Vigilância Sanitária da Superintendência Regional de Saúde de Uberaba,

da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais – NUVISA/SRS/URA/SES/MG.

O material tem por objetivo orientar a regularização sanitária das indústrias de

alimentos no Estado de Minas Gerais e apresentar informações e conceitos

relacionados à Vigilância Sanitária para subsidiar a atuação dos profissionais da

área de alimentos. Para outras localidades (fora do Estado de Minas Gerais) é

provável que haja normas específicas sobre essa pauta.

Obviamente, não há a pretensão de esgotar o tema “Vigilância Sanitária na

Indústria de Alimentos”, mas sim ampliar os conhecimentos dos profissionais da área

de alimentos, pautando-se pelas normas sanitárias vigentes.

Este instrutivo encontra disponível como Anexo da dissertação de mestrado

"Formação do responsável técnico para a indústria alimentícia: análise prospectiva

dos papéis institucionais da Vigilância Sanitária, Conselhos Profissionais e

Instituições de Ensino Superior de Uberaba – MG", disponível no site do Instituto

Federal do Triangulo Mineiro - campus Uberaba, link: http://www.iftm.edu.br/uberaba/cursos/posgraduacao-stricto-presencial/alimentos/dissertacoes/ .

Foram impressas, em gráfica, trezentos (300) exemplares destinados a

arquivamento nas bibliotecas das Instituições de Ensino Superior de Uberaba/MG,

que ofertam cursos na área de alimentos e afins, aos conselhos de classe

profissionais, profissionais da VISA dos municípios sob jurisdição do NUVISA, e

alunos e coordenadores que responderam ao questionário proposto na dissertação

de mestrado da organizadora deste instrutivo.

Foi elaborado por:

Ivone Maria de Melo Carneiro, graduada em Biologia pela Universidade do

Cerrado Patrocínio – UNICERP (2004), tendo finalizado a graduação como aluna

destaque da turma. Cursou especialização latu sensu em Saúde Pública pela

UNICERP (2005), especialização latu sensu em Microbiologia pela Universidade de

Uberaba – UNIUBE (2009) e é mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos pelo

Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM campus Uberaba (2016). Atuou como

fiscal sanitário, do quadro efetivo da Prefeitura Municipal de Monte Carmelo, entre

os anos de 1999 a 2006. Desde 2009 é servidora pública efetiva da Secretaria de

Estado de Saúde de Minas Gerais, atuando profissionalmente na área de Vigilância

Sanitária, como Autoridade Sanitária, lotada no Núcleo de Vigilância Sanitária da

Superintendência Regional de Saúde de Uberaba/MG - NUVISA/SRS/URA/MG.

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Colaboradores:

Deborah Santesso Bonnas, Profa. Dra. do Instituto Federal do Triângulo

Mineiro – IFTM Uberlândia, Maurício de Oliveira – mestre em Ciência e Tecnologia

das Radiações, Minerais e Materiais, Autoridade Sanitária e coordenador da

Vigilância em Saúde da SRS/URA e Fernanda Barbosa Borges Jardim Profa. Dra.

do Instituto Federal do Triângulo Mineiro - IFTM campus Uberaba.

Boa leitura e mãos à regularização!

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Dedico aos profissionais da área de alimentos.

Que este material possa ser um novo espectro de reflexão

sobre Vigilância Sanitária, permitindo que pontos de

distanciamento se convertam em pontos de aproximação.

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LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APPCC - Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (HACCP -

Hazard Analysis and Critical Control Point)

ASO - Atestado de Saúde Ocupacional

BPF - Boas Práticas de Fabricação (GMP – Good Manufacturing Practices)

CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica

CONASS - Conselho Nacional de Secretários de Saúde

CRT - Certificado de Responsabilidade Técnica

CS - Código de Saúde

DIEF - Diretoria de Infraestrutura Física

DAE - Documentos de Arrecadação Estadual

DOU - Diário Oficial da União

DVA - Diretoria de Vigilância de Alimentos

FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

GRS - Gerência Regional de Saúde

GRU - Guia de Recolhimento da União

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas

IMA - Instituto Mineiro de Agropecuária

INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

LMT - Limite Máximo de Tolerância

MG - Minas Gerais

NBR - Norma Brasileira Regulamentadora

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NUVISA - Núcleo de Vigilância Sanitária

MBPF - Manual de Boas Práticas de Fabricação

MRA - Avaliação de Risco Microbiológico

OMC - Organização Mundial do Comércio

OMS - Organização Mundial de Saúde

PAS - Processo Administrativo Sanitário

PCMSO - Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional

PEP - Ponto de Envenenamento Permanente

PROGVISA/MG - Programa de Monitoramento da Qualidade dos Alimentos

comercializados em Minas Gerais

POP/PPHO - Procedimentos Operacionais Padronizados/Procedimentos

Padrão de Higiene Operacional

RDC - Resolução da Diretoria Colegiada

RT - Responsável Técnico

SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SES - Secretaria de Estado de Saúde

SISBI/POA - Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal

SIF - Serviço de Inspeção Federal

SIM - Serviço de Inspeção Municipal

SRS - Superintendência Regional de Saúde

TQM - Gerenciamento da Qualidade Total

VISA - Vigilância Sanitária

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SUMÁRIO

1. VIGILÂNCIA SANITÁRIA (VISA): CONHECENDO UM POUCO MAIS

1.1 Evolução

1.2 Conceitos e importância

1.3 Âmbito de atuação

2. INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA: AUTORIZAÇÃO PARA PRODUZIR E COMERCIALIZAR

2.1 Microempreendor Individual, Agricultura Familiar e Empreendedor da

Economia Solidária: Controvérsias à parte, inclusão produtiva com segurança

sanitária

2.2 O que é avaliado pela VISA durante uma inspeção sanitária?

3. RESPONSABILIDADE TÉCNICA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

3.1 Quem poderá ser o Responsável Técnico - RT?

3.2 O que o Responsável Técnico - RT precisa verificar?

4. LICENCIAMENTO SANITÁRIO - O ALVARÁ

4.1 Quem concede o Alvará Sanitário, o Estado ou o Município?

4.2 Há cobrança de taxas para solicitação da Licença Sanitária?

4.3 Documentos necessários para a solicitação da Licença Sanitária

5. PASSOS PARA REGULARIZAÇÃO SANITÁRIA: ABRINDO O DIÁLOGO COM OS RESPONSÁVEIS TÉCNICOS E DEMAIS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE ALIMENTOS

5.1 Conhecer a situação da Indústria frente a VISA

5.2 Projeto arquitetônico

5.3 Montagem de Processo para Solicitação/ Concessão ou Renovação do

Alvará Sanitário

5.4 Discussão do Relatório de Inspeção Técnica

5.5 Comunicação de Início de Fabricação de Produtos Dispensados de

Registro - Anexo X ou Registro de Alimentos

5.5.1 Produtos dispensados da Obrigatoriedade de Registro

5.5.2 Registro e demais procedimentos administrativos referentes ao registro

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de produtos pertinentes ao Ministério da Saúde/ANVISA

5.6 Verificando o rótulo

6. CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES QUE TODO PROFISSIONAL DA ÁREA DE ALIMENTOS PRECISA SABER

6.1 Indústrias que possuam em suas dependências unidades de laboratório de

controle de qualidade, ambulatório, refeitório/cozinha industrial

6.2 Serviços prestados por terceiros em indústria de alimentos

6.3 Controle de vetores e pragas urbanas e manejo de resíduos.

6.4 É obrigatório possuir nas dependências da indústria laboratório de controle

de qualidade?

6.5 Processo Administrativo Sanitário – PAS

6.6 Saneantes e graxas na indústria de alimentos

6.7 Aditivos e coadjuvantes de tecnologia

6.8 Novos alimentos e novos ingredientes

6.9 Alimentos com alegação de propriedades funcionais ou de saúde

6.10 Garantia da Qualidade na Indústria de Alimentos.

6.10.1 Boas Práticas de Fabricação – BPF

6.10.2 Procedimentos Operacionais Padronizados - POP

6.10.3 Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC

6.11 Rastreabilidade na indústria de alimentos

6.12 Controle Sanitário dos Alimentos pós-mercado

6.13 Higiene das mãos na indústria de alimentos

6.14 Indústrias clandestinas

REFERÊNCIAS.

ANEXO A - Categorias de Alimentos Dispensados de Registro: preenchendo o

Anexo X da Resolução nº 23/2000

ANEXO B - Lista de documentos para requerer o Alvará Sanitário

ANEXO C - Programa físico-funcional mínimo para Indústria de Alimentos

(Anexo 10 da DIEF/SES/MG)

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ANEXO D - Documentos para protocolo de Projetos Arquitetônicos

ANEXO E - Check list para verificação dos dizeres de rotulagem

APÊNDICE A - Orientações para emissão do Documento de Arrecadação

Estadual – DAE

APÊNDICE B - Telefones e e-mails de contato dos NUVISA do Estado de

Minas Gerais

APÊNDICE C - Sites de Interesse

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1. VIGILÂNCIA SANITÁRIA: CONHECENDO UM POUCO MAIS 1.1 Evolução

Achados arqueológicos mostravam que os egípcios, os sumérios e os

babilônios já adotavam medidas para prevenir doenças como o controle dos

alimentos, a higiene pessoal, a limpeza das cidades (ANVISA, 2007).

O poder público sempre procurou responder ao risco sanitário, determinando

regras que disciplinassem comportamentos e relações e exercendo a fiscalização de

seu cumprimento (COSTA, 1999). Podemos reconhecer nessas ações as origens de

parte daquelas que hoje são desenvolvidas pela área da Saúde Pública que, no

Brasil, são desenvolvidas pela Vigilância Sanitária (VISA). Diz-se que a VISA é a

face mais complexa da Saúde Pública (COSTA, 2009).

No Brasil, o desenvolvimento dessas ações ganhou organicidade no início no

século XVIII, seguindo o modelo e os regimentos adotados por Portugal. Mas, foi

com a chegada da família real que se incrementaram as intervenções de cunho

sanitário e se estruturou a Saúde Pública, com foco na contenção de epidemias e

inserção do país nas rotas de comércio internacional (CONASS, 2007). Assim, por

meio da promulgação de leis, da estruturação e reformas de serviços sanitários e

dos rearranjos da estrutura do Estado, a intervenção sanitária foi institucionalizada

no país.

Este subsetor da Saúde organizou suas ações tendo como esteio o poder de

polícia, cuja face mais visível é a fiscalização e a aplicação de penalidades,

complementada por outras ações de natureza administrativa, regulatória e

informativa.

Em 1961, foi regulamentado o Código Nacional de Saúde e no final dos anos

1960 foi editado o Decreto-Lei nº 986/69 que estabeleceu as normas básicas para os

alimentos (BRASIL, 1969). Na década seguinte, houve uma intensa produção

legislativa e foram estabelecidos os fundamentos para a ação e organização da

VISA. Destaca-se a Lei nº 6.437/77, que configura as infrações sanitárias e as

penalidades (BRASIL, 1977). Vale lembrar que tanto o Decreto-Lei nº 986/69 e a Lei

nº 6.437/77, embora com algumas alterações, estão em vigência na atualidade e são

boas fontes de consulta (BRASIL, 1969; BRASIL, 1977).

Ao longo das décadas, com as mudanças sociais e econômicas do Brasil a

VISA expandiu suas atribuições e foi assumindo aspectos importantes na sociedade.

O movimento da Reforma Sanitária, a VIII Conferência Nacional de Saúde de 1986 e

a Conferência Nacional de Saúde do Consumidor foram determinantes na

reformulação do fazer e pensar da VISA. Ações de prevenção e redução de riscos à

saúde sobressaíram, com destaque para o controle das infecções hospitalares e o

monitoramento da qualidade do sangue, hemoderivados e serviços de diálise. Essas

Atividades foram incluídas àquelas já existentes como o registro e controle dos

alimentos (CONASS, 2007).

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Em 1999 foi criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA,

através da publicação da Lei nº 9.782, ligada administrativamente ao Ministério da

Saúde e responsável pela coordenação do sistema nacional de VISA. Contudo as

ações de VISA são desenvolvidas pelas três esferas de governo – federal - estadual

- municipal, com atribuições bem definidas (BRASIL, 1999).

Desde a criação do Sistema Único de Saúde – SUS, em 1990, tem-se

realizado um esforço para que os municípios assumam sua responsabilidade na

realização das ações de VISA, pois se crê que quanto mais próximo os agentes de

fiscalização estejam dos problemas, com mais eficácia, eficiência e oportunidade

gerencia-se o risco sanitário (BRASIL, 1990).

Na VISA, o risco é avaliado em processos, procedimentos, ambientes,

produtos e serviços de interesse da saúde e suas ações visam inibir ou minimizar

efeitos indesejáveis à saúde da população (COSTA, 2009).

O olhar da sociedade sobre a VISA, na maioria das vezes, é indiferente.

Porém, o órgão desempenha ações cotidianas no setor de produtos e serviços,

tendo como missão garantir a segurança alimentar e dos serviços de saúde.

1.2 Conceito e importância Conforme disposto no artigo 75 da Lei nº 13.317/99 que institui o Código de

Saúde do Estado de Minas Gerais entende-se por Vigilância Sanitária o conjunto

de ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos e agravos à saúde e de

intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e da

circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo o

controle de todas as etapas e processos da produção de bens de consumo que se

relacionam direta ou indiretamente com a saúde, bem como de sua utilização

(MINAS GERAIS, 1999).

Dentre estabelecimentos sujeitos ao controle sanitário estão os serviços de

saúde e os serviços de interesse da saúde. Entre os serviços de interesse da saúde

estão os que produzem, beneficiam, manipulam, fracionam, embalam, reembalam,

acondicionam, conservam, armazenam, transportam, distribuam, importam,

exportam ou vendem alimentos, bebidas, matérias-primas alimentares, produtos

dietéticos, aditivos, coadjuvantes, artigos e equipamentos que entrem em contato

Poder de Polícia, o que é isso?

É o poder exercido por autoridades sanitárias que permite limitar e controlar os

direitos individuais, assegurados em lei, em benefício do bem estar da coletividade. No uso

regular do poder de polícia, a VISA expede regulamentos e demais normas para o exercício

dos direitos e atividades que afetam a coletividade (COSTA, 2009). É isso aí!

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com alimentos (MINAS GERAIS, 1999). Nesses serviços de interesse da saúde

estão compreendidas as indústrias de alimentos.

À VISA compete “gerenciar” riscos associados às diversas atividades com

esses bens e evitar que sejam produzidas ou ampliadas nocividades para a

população e o ambiente. Esse gerenciamento de riscos pode-se se dar através da

fiscalização, inspeção sanitária, educação sanitária, dentre outras ações pautadas

no princípio da precaução (CONASS, 2007). Um bom exemplo das ações de VISA

pautadas no referido princípio são os programas de monitoramento dos Estados e

ANVISA, que utilizam tecnologias laboratoriais para analisar a qualidade sanitária

dos alimentos comercializados. Outro ponto importante é a função mediadora que a

VISA exerce entre os interesses econômicos e os interesses da saúde, protegendo a

saúde dos consumidores.

A VISA confere as condições higiênico-sanitárias nas indústrias de alimentos,

constatada a regularidade concede-se o alvará sanitário, documento que garante

que foram observadas, pelos fiscais sanitários, condições de infraestrutura física,

boas práticas de industrialização, equipamentos entre outros aspectos. Confirmada

a suficiência para desempenhar o que se propõe, fica a cargo da indústria a

responsabilidade pela garantia da qualidade dos alimentos produzidos. Contudo

caso a indústria não mantenha condições adequadas à industrialização de

alimentos, cometa infrações sanitárias e descumpra as normas que lhe cabem,

poderá sofrer processo administrativo sanitário e ser interditada cautelarmente, se o

risco for iminente para a saúde pública.

Sobre o alvará sanitário falaremos no item 4.3.

1.3 Âmbito de atuação Os produtos alimentícios são regulamentados e inspecionados por dois

ministérios: o Ministério da Saúde – MS e o Ministério da Agricultura Pecuária e

Abastecimento (MAPA). Cabe ao MAPA a regulamentação dos produtos de origem

animal. O Ministério da Saúde através da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) é responsável pelo registro e/ou notificação de categorias de alimentos

específicas e definidas pela Resolução RDC nº 27/2010 e do licenciamento dos

respectivos fabricantes (ISNP, 2011; BRASIL, 2010b).

Assim há uma divisão de competências entre o Ministério da Agricultura e

Ministério da Saúde, vamos a eles:

Saiba mais!

Risco: é a probabilidade de ocorrência de efeitos adversos relacionados a objetos

submetidos a controle sanitário. (...) A legislação mais recente procura utilizá-lo na forma de expressões

mais precisas, tais como fatores de risco, grau de risco, potencial de riscos, grupos de risco,

gerenciamento de risco e risco potencial (COSTA, 2000).

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Ministério da Agricultura: licenciam as indústrias que realizam as atividades

ou industrializam produtos de origem animal são inspecionadas e licenciadas pelos

órgãos da agricultura. A depender do território de comércio que se queira atingir a

indústria deverá procurar um dos seguintes órgãos de fiscalização: Serviço de

Inspeção Federal – SIF (território brasileiro), Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA

(território estadual), Serviço de Inspeção Municipal – SIM (território municipal) ou

Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal – SISBI/POA

(território brasileiro).

Exemplos de atividades e produtos passíveis de inspeção e licenciamento

pelo Ministério da Agricultura:

Abate de animais de quaisquer espécie;

Industrialização de produtos de origem animal: embutidos, carne de sol, ovos em conserva, doce de leite, iogurtes, hamburguers, leites, queijos e derivados;

Pescados (abate e industrialização);

Entrepostos de ovos;

Polpas de frutas;

Bebidas alcóolicas;

Refrigerantes;

Sucos de frutas;

Mel (extração, envase).

Ministério da Saúde/Vigilância Sanitária: Agora vamos falar das categorias

de alimentos e embalagens passíveis de inspeção e licenciamento pela VISA, que

estão previstas nos Anexos I e II da Resolução – RDC nº 27/2010/ANVISA

(BRASIL, 2010b), como segue:

ANEXO I: Alimentos e Embalagens Isentos da Obrigatoriedade de Registro

Sanitário

CÓDIGO CATEGORIA

100115 Açúcares e Produtos para Adoçar

4200047 Aditivos Alimentares

SABENDO UM POUCO MAIS...

Apesar dos produtos de origem animal não serem passíveis de fiscalização sanitária na origem

(industrialização), todos serão inspecionados pela VISA no comércio varejista, como as carnes nos

açougues, doce de leite na mercearia (BRASIL, 1989). E lembre-se: desde a hora em que o cidadão acorda e

durante todo o dia ele lida com objetos, produtos e serviços que interferem na sua saúde. O creme dental

que utiliza, os produtos na mesa do café da manhã, os medicamentos que porventura consome, o material

de limpeza que utiliza em sua casa, as creches e as escolas onde os filhos passam boa parte do dia, a

academia de ginástica onde faz atividade física, tudo isso são exemplos de serviços ou produtos que fazem

parte do dia-a-dia e que podem, em maior ou menor grau, trazer riscos à saúde (CONASS, 2007). O fato é

que interagimos com estabelecimentos inspecionados pela VISA todos os dias, é tudo tão natural que não

damos conta dessa percepção de que alguém está cuidando de nós, certo?

.

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4100114 Adoçantes Dietéticos

4300164 Águas Adicionadas de Sais

4200020 Água Mineral Natural e Água Natural

4200038 Alimentos e Bebidas com Informação Nutricional Complementar

4300083 Alimentos para Controle de Peso

4300078 Alimentos para Dietas com Restrição de Nutrientes

4300086 Alimentos para Dietas com Ingestão Controlada de Açúcares

4300088 Alimentos para Gestantes e Nutrizes

4300087 Alimentos para Idosos

4300167 Balas, Bombons e Gomas de Mascar

4100018 Café, Cevada, Chá, Erva-Mate e Produtos Solúveis

4100166 Chocolate e Produtos de Cacau

4200055 Coadjuvantes de Tecnologia

4200071 Embalagens

4300194 Enzimas e Preparações Enzimáticas

4100042 Especiarias, Temperos e Molhos

4200012 Gelados Comestíveis e Preparados para Gelados Comestíveis

4200123 Gelo

4200098 Mistura para o preparo de Alimentos e Alimentos Prontos para o Consumo

4100158 Óleos Vegetais, Gorduras Vegetais e CremeVegetal

4300151 Produtos de Cereais, Amidos, Farinhas e Farelos

4300196 Produtos Proteicos de Origem Vegetal

4100077 Produtos de Vegetais (exceto palmito), Produtos de Frutas e Cogumelos

Comestíveis

4000009 Vegetais em Conserva (palmito)

4100204 Sal

4200101 Sal Hipossódico/Sucedâneos do Sal

4300041 Suplemento Vitamínico ou Mineral

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ANEXO II: Alimentos e Embalagens com Obrigatoriedade de Registro Sanitário

4300032 Alimentos com Alegação de Proproedade Funcional ou de Saúde

4300033 Alimentos Infantins

4200081 Alimentos para Nutrição Enteral

4300031 Embalagens Nocas e Tecnologias (recicladas)

4300030 Novos Alimentos e Novos Ingredientes

4300090 Substâncias Bioativas e Probióticas Isoladas com Alegação de Propriedades

Funcionais ou de Saúde.

Consulte o ANEXO A deste instrutivo, pois os códigos trazidos por esta norma

são utilizados no preenchimento de formulários previstos na Resolução nº

23/2000/ANVISA.

Cabe lembrar que órgãos do poder público, como o Ministério

Público/Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor - PROCON e

Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO podem

compartilhar responsabilidades no controle e fiscalização dos alimentos.

Agora que já sabemos identificar quando uma empresa é licenciada pela

Vigilância Sanitária, sigamos então às minúcias da regularização sanitária.

2. INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA: AUTORIZAÇÃO PARA PRODUZIR E COMERCIALIZAR

As indústrias de alimentos estão no grupo de serviços de interesse da saúde

e só poderão funcionar após emitida sua Licença Sanitária ou Licença de

Funcionamento, nomeada pela VISA do Estado de Minas Gerais como Alvará

Sanitário, expedido pela autoridade competente (artigo 85 da Lei nº 13.317/99

AINDA NA DÚVIDA?

Há indústrias que irão fabricar produtos passíveis de licenciamento pelo Ministério da Agricultura e pelo

Ministério da Saúde. Como exemplo citamos a indústria que produz doce de frutas (inspecionada pela VISA) e

polpa de fruta e doce de leite (inspecionada pelos órgãos do Ministério da Agricutura). Essa indústria deverá

requerer o licenciamento nos dois serviços de inspeção e seguir as orientações prestadas pelos dois órgãos.

Provavelmente serão requeridas áreas de produção distintas para os produtos da VISA e do Ministério da

Agricultura, podendo porém compartilhar alguns ambientes, contudo há de se esperar a aprovação de projeto

arquitetônico pelos dois órgãos fiscalizadores. Orienta-se aprovar primeiro em um e depois apresentar esse

projeto no outro. Se ainda está com dificuldades em saber quais produtos são licenciados pela VISA, procure a

Vigilância Sanitária de seu município. Eles irão fornecer as informações necessárias, ou se preferir acesse o site

http://portal.anvisa.gov.br, Em ASSUNTOS clique em Alimentos (canto esquerdo da tela) – Legislação –

Legislação por Categoria de Produto – pesquise o alimento lendo os regulamentos técnicos específicos e veja em

qual categoria este alimento se enquadra.

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CS/MG), com validade de um ano a partir de sua emissão devendo sua renovação

ser requerida no mínimo cento e vinte dias antes do término de sua vigência (MINAS

GERAIS, 1999).

A concessão ou renovação do alvará sanitário fica condicionada ao

cumprimento de requisitos técnicos e à inspeção da autoridade sanitária

competente, podendo este ser suspenso, cassado ou cancelado, no interesse da

saúde pública, sendo assegurado ao proprietário do estabelecimento o direito de

defesa em processo administrativo instaurado pela autoridade sanitária.

Mais adiante falaremos um pouco mais sobre o Alvará Sanitário.

2.1 Microempreendor Individual, Agricultura Familiar e Empreendedor da

Economia Solidária: Controvérsias à parte, inclusão produtiva com

segurança sanitária

A Anvisa tem se empenhado no sentido de promover maior integração das

ações do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), junto ao

empreendedores de baixa renda, contribuindo para criar novas oportunidades de

desenvolvimento local, uma vez que o Estado está empenhado em promover a

inclusão social e produtiva.

No intuito de trazer os “clandestinos” para a formalidade os agentes sanitários

tem papel primordial no processo da inclusão produtiva, pois na medida em que

estão em contato direto com a população, podem informar, orientar e esclarecer

sobre esse assunto. Ideal seria que o empreendedor procurasse previamente, ao

início das atividades, o serviço de vigilância sanitária, assim já começaria fazendo o

certo e com certeza diminuiria custos no seu negócio. Contudo é comum os

empreendedores, antes de buscarem a formalização, já desempenharem suas

atividades produtivas na informalidade.

A formalização do empreendimento abre várias portas, desde a participação

em licitações ao acesso às linhas de créditos para ampliação das atividades.

A Lei Federal 11.598/07 que criou a Rede Nacional para Simplificação do

Registro e Legalização de Empresas e Negócios – REDESIM determinou a

simplificação de requisitos de segurança sanitária, para que o empreendimento

possa iniciar suas atividades logo após o registro, desde que não apresente altos

riscos para a saúde humana.

Em 2013 a Anvisa publicou a RDC nº 49 que trata da regularização para o

exercício de atividade de interesse sanitário do microempreendedor individual, do

empreendimento familiar rural e do empreendimento econômico solidário, alguns

podendo exercer atividades em residências (BRASIL, 2013). Teve como objetivo

auxiliar na erradicação da pobreza no Brasil, por meio da geração de trabalho,

emprego, renda e inclusão social, no que tange ao SNVS.

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As atividades econômicas consideradas de baixo risco podem começar ou

continuar suas atividades imediatamente, sendo licenciados automaticamente e

depois serem inspecionados pela VISA, já as de alto risco necessitam de vistoria

prévia da VISA e o licenciamento fica condicionado à verificação de quesitos

sanitários.

Contudo a classificação das atividades, em baixo e alto risco, estão em

processo de análise pela Anvisa e em breve será publicada.

Com a RDC nº 49, abre-se a possibilidade de estabelecer o negócio em

residência e em áreas sem regularização fundiária e neste caso quando o

empreendedor busca sua formalidade fica compreendido que ele concorda com a

fiscalização dos agentes sanitários, assim se a VISA não tiver permissão para

acessar os ambientes de produção de alimentos, a regularização sanitária não será

concedida, ou caso já possua regularização, ela poderá ser suspensa.

E a responsabilidade técnica como fica?

A responsabilidade técnica passa a ser simplificada, os responsáveis técnicos

não precisam ser obrigatoriamente funcionários, sócios ou contratados pelo

empreendimento. Essa função poderá ser desempenhada, por profissionais

devidamente habilitados, de órgãos governamentais ou não governamentais, a

exceção de agentes da VISA. Universidades e Institutos podem apoiar esses

empreendimentos fornecendo os serviços de responsabilidade técnica que serão

atestados perante a VISA.

Mais informações sobre a inclusão produtiva com segurança sanitária poderá

ser obtida através do link

http://portal.anvisa.gov.br/documents/33856/2846016/Orienta%C3%A7%C3%A3o+p

ara+gestores.pdf/8688186a-4809-41a6-b342-1965ba6e56a8.

Agora a controvérsia:

A Anvisa ainda não publicou a classificação das atividades de alto e

baixo risco;

No Estado de Minas Gerais “O local de manipulação de alimentos não

poderá ter comunicação direta com a moradia” Letra b, item 2 do

Anexo I da Resolução SES/MG nº 145/1992 (MINAS GERAIS, 1992);

A casa é o asilo inviolável do cidadão, para qualquer pessoa estranha

entrar na residência é necessário respeitar as situações previstas na

Constituição Federal e outras legislações específicas que tratam do

assunto, assim não devem ser confundidas as finalidades de

residência e produção de alimentos, uma vez que na indústria de

alimentos a autoridade sanitária tem livre acesso e na residência de

qualquer cidadão isso não é permitido, salvo em situações previstas

em lei (BRASIL, 1988);

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Afinal residência e indústria de alimentos tem finalidades totalmente

diferenciadas e conforme estudos já realizados, grande parte das

Doenças Veiculadas por Alimentos – DVAs ocorrem em residências

(LUCA, KOERICH, 2009).

São muitas questões ainda há esclarecer, contudo é inegável que há de se

dar condições aos empreendedores de se estabelecerem e que a VISA terá um

papel importante nesse processo orientando sobre boas práticas e outros requisitos

sanitários necessários à garantia de alimento seguro ao consumo, bem como será

importante encontrar parceiros nessa empreitada, como as Instituições de Ensino

Superior, que poderão fornecer Responsáveis Técnicos para esses

empreendimentos.

Vamos ficar ligados às cenas dos próximos capítulos e recorrer a VISA para

avaliação das atividades e licenciamento e em breve a Anvisa irá lançar a

classificação das atividades de alto e baixo risco, vamos monitorar o site da Anvisa.

2.2 O que é avaliado pela VISA durante uma inspeção sanitária O profissional de VISA, investido na função de fiscal sanitário ou autoridade

sanitária terá livre acesso aos ambientes da indústria, previsto no artigo 77 da Lei nº

13.317/99, que contém o Código de Saúde de Minas Gerais (MINAS GERAIS,

1999). Ele não precisa marcar hora para inspecionar o estabelecimento. Ao mesmo

tempo que o fiscal tem o DIREITO de livre acesso às instalações, ele tem o DEVER

de verificar todas as eventuais condições de risco para, se necessário,

obrigatoriamente intervir nessa situação e prevenir riscos à saúde da população.

Durante o processo de licenciamento e inspeções de rotinas ele deverá

gerenciar os riscos. Poderá requisitar informações e realizar as seguintes

verificações, dentre outras (BRASIL, 2002c):

Identificação do estabelecimento: necessita-se saber sobre o endereço, número de Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ, inscrição estadual, telefone, horário de funcionamento, quantidade de trabalhadores/turno, dados pessoais dos responsáveis legal e técnico;

Documentação e registros: alvará sanitário, manual de boas práticas, procedimentos operacionais padronizados, contrato com prestadores de serviços, registros das manutenções de equipamentos, planilhas de controle de temperaturas, registros de todos os processos de produção e sua reastreabilidade, registros sobre o controle de pragas e vetores, gerenciamento de resíduos, potabilidade da água, categorias de alimentos produzidos e quantidade média mensal, tipos de embagens primárias, secundárias e terciárias, documento de regularidade junto ao conselho profissional, entre outros;

Estrutura físico-funcional: existência de projeto arquitetônico aprovado pela VISA e se a edificação está de acordo com o que fora proposto neste projeto. Serão vistoriadas as condições da edificação quanto à localização, acessos, revestimentos (dos pisos, paredes, forros,...), proteção contra vetores e

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pragas, ventilação, iluminação, instalações sanitárias, condições de lavagem das mãos, abrigo de resíduos, higiene ambiental;

Equipamentos e utensílios: verificará o tipo de material, conservação, tipos de produtos utilizados no processo de higienização;

Quanto aos colaboradores: observará se os uniformes são compatíveis com as atividades realizadas e sua conservação, hábitos de higiene, treinamentos, controle do estado de saúde através dos exames laboratorias e avaliação clínica;

Fluxo de produção e controle de qualidade: avaliará se o fluxo de produção é linear, controle das características organolépticas do produto acabado, tipos de embalagens utilizadas e os dizeres de rotulagem, seleção de fornecedores, controles na recepção de matérias-primas, controle do uso de aditivos e coadjuvantes de tecnologia, análises realizadas no produto acabado, transporte, programa de recolhimento de alimentos, reserva de amostras de referência futura de cada lote produzido (shelf life).

3 RESPONSABILIDADE TÉCNICA NA INDÚSTRIA DE ALIMENTOS 3.1 Quem poderá ser o Responsável Técnico - RT?

Quem respalda os profissionais para atuar como RT são os conselhos de

classe profissionais. Esses órgãos emitem o Certificado de Responsabilidade

Técnica – CRT ou outro documento equivalente, garantindo habilitação técnica para

a função pretendida.

Há de se lembrar que a Portaria nº 1.428/93/MS regula que o exercício da

Responsabilidade Técnica deve ser feito no sentido de atender às exigências legais

e aos requisitos básicos que norteiam essa norma, tais como (BRASIL, 1993):

compreensão dos componentes do Sistema de Avaliação dos Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC;

capacidade de identificação e localização de Pontos Críticos de Controles (PCCs) em fluxogramas de processos;

capacidade de definir procedimentos, eficazes e efetivos, para os controles dos PCCs;

conhecimento da ecologia de microrganismos patogênicos e deterioradores; conhecimento da toxicologia alimentar; capacidade para selecionar métodos apropriados para monitorar (PCCs),

incluindo estabelecimento de planos de amostragem e especificações;

FIQUE SABENDO!

Nenhuma indústria poderá produzir e comercializar sem Alvará Sanitário/Licença Sanitária atualizada, emitido

pela autoridade sanitária competente. Esse documento trata de ato administrativo vinculado, privativo do órgão

de saúde competente dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, permitindo o funcionamento dos

estabelecimentos que desenvolvam qualquer das atividades sob regime de Vigilância Sanitária, desde que

estes atendam à legislação sanitária vigente (MINAS GERAIS, 2014).

.

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capacidade de recomendar o destino final de produtos que não satisfaçam aos requisitos legais.

Para que o RT possa exercer a sua função ele deve contar com autoridade e

competência para:

elaborar as Boas Práticas de Fabricação; responsabilizar pela aprovação ou rejeição de matérias-primas, insumos,

produtos semielaborados e produtos terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, equipamentos ou utensílios, de acordo com normas próprias estabelecidas nas Boas Práticas de Fabricação;

avaliar a qualquer tempo: registros de produção, inspeção, controle e de prestação de serviços, para assegurar-se de que não foram cometidos erros, e se esses ocorreram, que sejam devidamente corrigidos e investigadas suas causas;

supervisionar os procedimentos de fabricação para certificar-se de que os métodos de produção e de prestação de serviços, estabelecidos nas Boas Práticas de Fabricação estão sendo seguidos;

adotar métodos de controle de qualidade adequados, bem como procedimentos a ser seguidos no ciclo de produção e/ou serviço que garantam a identidade e qualidade dos mesmos;

adotar o método de APPCC - Avaliação de Perigos e Pontos Críticos de Controle, para a garantia de qualidade de produtos e serviços.

3.2 O que o Responsável Técnico precisa verificar? Inicialmente o RT deve verificar se a indústria possui os seguintes documentos:

Licença Sanitária vigente: no Estado de Minas Gerais, em boa parte dos municípios, adota-se o nome de Alvará Sanitário. Trata de um documento impresso em papel timbrado do município onde a indústria estiver localizada, ou em papel timbrado do Estado de Minas Gerais. Tem validade de um ano a contar da data de emissão. Poderá estar assinado pelo coordenador, diretor ou chefe de Vigilância Sanitária e em alguns municípios traz a assinatura do secretário municipal de saúde (MINAS GERAIS, 1999; MINAS GERAIS, 2014);

Projeto arquitetônico aprovado pela Vigilância Sanitária: O projeto arquitetônico deve possuir carimbo de aprovação do órgão de VISA. Localize também um documento denominado de Parecer Técnico (documento que afirma a aprovação do projeto, redigido em papel timbrado contando com a assinatura do arquiteto ou engenheiro responsável pela aprovação). Tanto o carimbo quanto o Parecer Técnico serão dotados de número idêntico e data de

Saiba mais....

Boas Práticas de Fabricação: abrangem um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas indústrias de

alimentos a fim de garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com regulamentos

técnicos (BRASIL, 1997).

APPCC: ferramenta de gestão da segurança de alimentos é recomendado por organismos internacionais, como

a Organização Mundial do Comércio (OMC), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

(FAO) e Organização Mundial de Saúde (OMS) (SENAC, 2001).

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aprovação, por exemplo: Parecer Técnico nº 048/2015, de 21 de janeiro de 2015;

Anexo X: documento/formulário a ser protocolado na Vigilância Sanitária para todos os produtos fabricados, a depender dos alimentos fabricados, conforme categorias citadas no item 1.3 deste Instrutivo;

Registro(s) dos produtos; publicado(s) pela ANVISA na impressa oficial (Diário Oficial da União – DOU), a depender dos alimentos fabricados, conforme categorias citadas no item 1.3 deste Instrutivo;

Cadastro da indústria junto ao Conselho Profissional: Dê entrada na documentação da indústria e na sua documentação junto ao seu conselho profissional requerendo a responsabilidade técnica para a implantação, implementação e supervisão das boas práticas de fabricação. Você necessitará deste documento para atualizar a documentação de requerimento de alvará sanitário junto a VISA, inclusive solicitar a troca do alvará sanitário, caso esteja vigente, no qual deverá constar o seu nome e o número de registro no seu conselho profissional (MINAS GERAIS, 2014). Caso tenha havido um responsável técnico anterior verifique se este solicitou a sua baixa junto ao conselho e se comunicou sua saída ao órgão de VISA. Pois bem assim que se inteirar sobre a existência ou inexistência destes

documentos procure o serviço de VISA do município onde a indústria estiver

instalada para comunicar formalmente a assunção da responsabilidade, ou se esta

for licenciada pelo Estado de Minas Gerais, procure os Núcleos de Vigilâncias

Sanitárias.

Os tópicos citados a seguir lhe darão subsídios para conhecer tais documentos

e orientação sobre os passos a serem seguidos rumo à regularidade sanitária.

4 LICENCIAMENTO SANITÁRIO – O ALVARÁ SANITÁRIO 4.1 Quem concede o Alvará Sanitário, o Estado ou Município?

Vai depender do município onde a indústria estiver instalada. Alguns

municípios do Estado de Minas Gerais já contam com equipe técnica de VISA

treinada para realizar a inspeção sanitária nas indústrias de alimentos e decidir pela

emissão da Licença Sanitária, mas outros municípios não. Assim será necessário

MUDOU O RESPONSÁVEL TÉCNICO? VAMOS COMUNICAR.

Toda mudança de responsável técnico deve ser comunicada imediatamente à VISA e ao Conselho

Profissional, requerendo a atualização dos documentos pertinentes a cada um destes órgãos. Perante à

VISA será necessário preencher novos formulários de requerimento e responsabilidade técnica, os quais

falaremos abaixo. Quando a indústria for licenciada pela VISA estadual, deverão ainda ser recolhidas 05

(cinco) Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais – UFEMG’s, através de Documento de Arrecadação

Estadual - DAE, no código 159-4, citando no histórico deste documento: substituição de responsável técnico.

Após recolhimento vá com a via original e cópia deste documento até ao órgão de VISA, portando também

os formulários acima citados, a carteira profissional original e cópia das páginas que constam a contratação

ou contrato de trabalho, o comprovante de vínculo do RT com a empresa emitido pelo conselho profissional,

alvará sanitário original expedido em data passada, requerendo a substituição deste documento, no qual

passará a constar os dados do novo responsável técnico.

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procurar o serviço de VISA do município onde a indústria estiver instalada para

informações precisas ou entre em contato com os Núcleos de Vigilância Sanitárias

da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, consulte os e-mails no

Apêndice B.

4.2 Há cobrança de taxas para solicitação da Licença Sanitária? Toda cobrança de taxa é regulamentada, ou seja, deve haver um respaldo

legal que a sustente. Cada ente federativo (União, Estado e Município) é competente

para estabelecer os valores de suas taxas. Os valores cobrados também poderão

variar em função das categorias de alimentos produzidos.

Informe-se da condição de licenciamento, se estadual ou municipal, entrando

em contato com a VISA do município de localização da indústria.

Para o recolhimento dos valores da taxa de fiscalização sanitária deverão ser

emitidos documentos oficiais para o pagamento, seja a nível municipal, quanto

estadual, portanto nunca dê dinheiro a nenhum agente público e sim recolha os

valores em instituições financeiras (bancos, correspondentes bancários, etc.) e

arquive o comprovante.

Comumente a nível municípal são emitidos o Documento de Arrecadação

Municipal – DAM ou outro equivalente. No Estado de Minas Gerais emiti-se o DAE –

Documento de Arrecadação Estadual. Os valores no Estado de Minas Gerais são

cobrados em moeda específica, a Unidade Fiscal do Estado de Minas Gerais –

UFEMG, cujos valores são reajustados anualmente.

Para a emissão do DAE siga os passos citados no Apêndice A.

4.3 Documentos necessários para compor o processo de requerimento de Licença Sanitária

Não há legislação federal que defina no âmbito da União (Brasil) listagem padronizada dos documentos necessários para compor o processo de requerimento de Alvará Sanitário. Cada ente federativo é competente para definir a sua listagem de documentos, portanto para saber qual documentação será necessária para compor o processo de requerimento de licença sanitária o interessado deverá dirigir-se até à Vigilância Sanitária do município de localização da indústria para informações precisas, se tratar de licenciamento municipal.

No Estado de Minas Gerais foi publicada a Resolução SES/MG nº 4.300/2014 que regulamenta os procedimentos e a documentação necessários para requerimento e protocolo de concessão/renovação de Licença Sanitária e padroniza procedimentos de emissão de Alvará Sanitário pelos Núcleos de Vigilância Sanitária da SES/MG (MINAS GERAIS, 2014). Quando o município não contar com legislação própria para esta pauta poderá fazer uso desta Resolução. Em meados de 2016 essa Resolução entrou em processo de revisão, portanto realize consultas prévias antes de providenciar a documentação de licenciamento.

Nesta Resolução, estão previstos todos os documentos necessários, os quais devem ser protocolados fisicamente nas sedes das Superintendências Regionais de Saúde ou Gerências Regionais de Saúde aos cuidados da Coordenadoria do Núcleo

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de Vigilância Sanitária. O Estado de Minas Gerais já possui um projeto para implantação do protocolo de requerimento de licença sanitária online, vamos aguardar.

A listagem dos documentos para compor o processo de requerimento de Alvará Sanitário está contida no Anexo B. Consulte!

5 PASSOS PARA REGULARIZAÇÃO SANITÁRIA: ABRINDO O DIÁLOGO COM RESPONSÁVEIS TÉCNICOS E DEMAIS PROFISSIONAIS DA ÁREA DE ALIMENTOS E AFINS

5.2 Conhecer a situação da indústria frente a VISA Responsáveis legais e técnicos dialoguem francamente sobre a existência (ou

não) do Alvará Sanitário/Licença Sanitária. Investiguem, leiam com atenção os

documentos emitidos por este órgão fiscalizador, caso existam. Se verificarem

determinações emitidas pela VISA vejam se a indústria já providenciou os seus

cumprimentos.

Caso a indústria não possua tais documentos, lembrem-se sobre a

obrigatoriedade de regularização junto ao órgão fiscalizador e dirijam-se o mais

rápido possível até o serviço de VISA do município onde a indústria foi instalada

para buscar informações e orientações.

Se existir documentos de inspeção, conhecidos como Termos de Inspeção,

Termos de Notificação, Relatórios de Inspeção, entre outros, façam uma leitura

minuciosa e estabeleça um cronograma para cumprimento das determinações

organizando os prazos conforme o risco de cada determinação imposta pela VISA e

leve este cronograma até o serviço de VISA, que emitiu os documentos, para

negociar sobre os prazos de cumprimento. Ao elaborar o cronograma não se

esqueça de citar os números dos documentos que foram emitidos pela VISA.

Exemplo: para a correção das irregularidades citadas no Relatório de Inspeção

Técnica nº 001/2016 solicitamos prazo de (citar quantos dias).

Cumpre ressaltar que os serviços de VISA estão abertos ao diálogo e com

certeza essa atitude será bem vista e bem acolhida.

A seguir falaremos de todos os documentos necessários à regularização de

indústria de alimentos junto a VISA, assim você conhecerá cada um deles,

facilitando a busca nos arquivos da indústria e seus encaminhamentos.

INDÚSTRIAS DE GRANDE PORTE?

Indústrias dotadas de laboratório interno de controle de qualidade, ambulatório médico e serviço de alimentação?

Fique ligado nos próximos tópicos: a documentação para requerimento de alvará irá sofrer alterações!

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5.3 Projeto Arquitetônico As normas que tratam sobre as Boas Práticas de Fabricação em indústrias

alimentícias, a exemplo a Resolução RDC nº 275 de 21 de setembro de 2002, que

se aplica a todos e quaisquer estabelecimentos processadores/industrializadores,

nos quais sejam realizadas algumas das seguintes atividades:

produção/industrialização, fracionamento, armazenamento e transporte de alimentos

industrializados, prevê a avaliação de questões relacionadas ao acesso na indústria,

piso, paredes, teto, sanitários, ventilação e climatização, leiaute, e outros pontos

importantes à garantia das condições higiênico-sanitárias necessárias à

industrialização (BRASIL, 2002c).

Do exposto há de se pensar em construir, adequar, ampliar ou reformar a

área física focando nas características do produto a ser industrializado e no risco,

formulando infraestrutura física funcional que vá garantir fluxos lineares, ordenados

e contínuos, área específica para abrigo de resíduos, condições de lavagem de

mãos, sanitários localizados fora das áreas de manipulação de alimentos, acessos

exclusivos para recebimento de matérias-primas, funcionários, barreiras físicas que

impeçam a entrada de animais e outras garantias à qualidade e inocuidade do

alimento que se quer produzir. Assim a análise prévia de projeto arquitetônico pela

VISA é fundamental para contribuir com a indústria, ajudando a pensar no alimento e

nos riscos associados à sua produção.

Para facilitar o contato com as indústrias de alimentos a Secretaria de Estado

de Saúde - SES criou o Anexo 10, que define ambientes mínimos necessários a

qualquer atividade, faça uma leitura do documento que está disponível no Anexo C.

O projeto arquitetônico aprovado pelo órgão de VISA é um dos documentos

que compõe o processo de requerimento de Alvará Sanitário, portanto, condição

prévia para o funcionamento de qualquer indústria de alimentos. O objetivo principal

da aprovação deste projeto “é avaliar a adequação da área física às atividades

desenvolvidas nos estabelecimentos, seja nos casos de nova obra, reforma e/ou

ampliação” (MINAS GERAIS, 2008), contribuindo na garantia de fluxos adequados

de produção, fato já respaldado pela Resolução – SES/MG nº 145/92 sobre a

apresentação de planta baixa do estabelecimento para avaliação do fluxo de

produção dos alimentos (MINAS GERAIS, 1992).

A depender da condição do município esta aprovação poderá ser realizada

por ele, contudo busque a informação sobre a competência técnica para avaliação

ATENÇÃO!

Ao elaborar documentos para encaminhamento aos serviços de VISA, estude todas as normas aplicáveis à

atividade econômica da indústria, pois os documentos emitidos pela VISA são embasados em normas sanitárias e

os prazos estipulados determinados a partir dos riscos identificados!

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de projetos junto à Vigilância Sanitária do município onde a indústria estiver

instalada.

A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais padronizou documentos

para facilitar e harmonizar as análises dos projetos arquitetônicos, garantindo a

todas as indústrias isonomia nos documentos exigidos.

Cumpre reiterar que a aprovação de projeto arquitetônico é condição prévia

para construção, ampliação, reforma ou adequação de qualquer área física que irá

comportar a atividade de fabricação/industrialização de alimentos, seja este alimento

dispensado ou não da obrigatoriedade de registro. Então: Não construa, reforme ou

amplie a área física antes da aprovação do projeto pela equipe de VISA responsável

pela análise, assim evitam-se gastos financeiros desnecessários.

Quando o projeto arquitetônico estiver concluído e forem juntados todos os

documentos necessários, estes deverão ser encaminhados para o serviço de VISA

responsável pela Análise, caso seja o Núcleo de Vigilância Sanitária da Vigilância

Sanitária Estadual, os documentos serão conferidos e, verificada a regularidade

destes, eles serão protocolados.

Conforme informações coletadas na Vigilância Sanitária Estadual, da data do

protocolo vigorará um prazo médio de 90 (noventa) dias para análise e emissão de

Análise Preliminar ou Parecer Técnico (este prazo é uma meta interna da Secretaria

de Estado de Saúde - SES, assim a análise poderá acontecer em menor ou maior

prazo a depender do volume de processos protocolados para análise, complexidade

da atividade produtiva proposta, dentre outros) (NUVISA, 2016).

Caso o projeto não seja passível de aprovação imediata, receberá

primeiramente do Serviço de Vigilância Sanitária uma Análise Preliminar

(documento encaminhado fisicamente onde são listadas as inadequações a serem

sanadas em uma nova versão do projeto que deverá ser novamente apresentada

pelo requerente). Neste caso, o projeto arquitetônico deverá ser reapresentado após

ser reformulado para atender às inadequações listadas na referida análise, então

siga a risca as orientações desta Análise Preliminar e não demore a reapresentar o

projeto, dando continuidade à análise. Não é necessário recolher taxas para

AGRICULTURA FAMILIAR?

Indústrias e produtores rurais que se enquadram nos requisitos do Decreto nº 45.821, de 19/12/2011,

deverão apresentar a documentação de requerimento de Alvará Sanitário no município sede da Indústria,

inclusive a planta baixa será avaliada pela VISA municipal (BRASIL, 2011). Dê uma boa olhada nesta norma,

a relação de documentos relativos ao projeto arquitetônico é bem reduzida.

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reapresentação do projeto após correção das inadequações, exceto se a indústria

aumentar a área construída, nesse caso cabendo recolher o DAE somente sobre a

área ampliada.

Somente após ser emitido um Parecer Técnico o projeto será considerado

aprovado para fins de construção, adequação ou reforma não necessitando,

portanto, ser reencaminhado para nova avaliação. Somente após a emissão do

Parecer Técnico, as obras de construção, adequação, reforma ou ampliação

poderão ser iniciadas.

É bom lembrar que neste Parecer poderão constar algumas observações na

forma de “quesitos não atendidos” que deverão ser lidos com atenção e executados

na íntegra, uma vez que durante a inspeção o atendimento destes quesitos será

também verificado pela equipe de inspeção.

A área física deverá ser condizente com o projeto aprovado e sempre que

houver modificação da área física, tal como ampliação, mudança de tecnologia de

produção que necessite de adequação da área física, entre outros que modifique o

projeto atualmente aprovado, deverá ocorrer nova apresentação do projeto que

contemple todas as alterações realizadas. Este novo projeto será analisado como

aquele primeiro aprovado.

Após a construção, adequação ou reforma o responsável pela empresa

deverá solicitar inspeção com a finalidade de avaliação prévia da área e

licenciamento “requerimento de alvará sanitário” para dar início à produção e

comercialização dos produtos fabricados.

Se a indústria funciona sem projeto arquitetônico aprovado, fato infelizmente

comum de ser encontrado, sobretudo em pequenas empresas, procure o serviço de

VISA para negociar a apresentação de projeto arquitetônico e adequação da área

física.

Toda a documentação necessária para a indústria realizar o protocolo do

projeto arquitetônico nos Núcleos de Vigilância Sanitária da SES/MG consta no

Anexo D.

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5.3 Montagem de processo para solicitação de concessão ou renovação de

Alvará Sanitário

A concessão ou renovação do Alvará Sanitário fica condicionada ao

cumprimento de requisitos técnicos e à inspeção da autoridade competente.

Previamente à inspeção deverão ser encaminhados, ao serviço de Vigilância

Sanitária responsável pela inspeção, os documentos citados neste Instrutivo

especificados no Anexo B.

Para se informar sobre o serviço de VISA responsável pela inspeção utilize a

lista de contatos disponível Apêndice B, ou procure o serviço de Vigilância Sanitária

do município de localização da indústria.

Juntando todos os documentos protocole a entrega no serviço de VISA e

aguarde a inspeção, arquive o documento de protocolo que será fornecido, ele

garante a comprovação da boa fé da indústria na busca pela regularidade sanitária,

pois a qualquer momento a indústria pode ser inspecionada.

É necessário que as normas e rotinas básicas escritas de boas práticas,

sejam providenciadas previamente à inspeção inicial, para que possa ser verificado

pelos fiscais sanitários o conteúdo destes documentos e devem ser definidos os

dizeres de rotulagem do produto (sobre rotulagem, pesquisar as normas: Resolução

RDC nº 360 de 23 de dezembro de 2003; Resolução RDC nº 359, de 23 de

dezembro de 2003 (BRASIL, 2003d; BRASIL, 2003c); Resolução RDC nº 259, de 20

de setembro de 2002 (BRASIL, 2002b); Portaria INMETRO nº 157, de 19 de agosto

de 2002 (BRASIL, 2002a); Lei nº 10.674, de 16 maio de 2003 (BRASIL, 2003b),

Informe Técnico nº 26, de 14 de junho de 2007 (ANVISA, 2007b); Resolução RDC nº

54 de 12 de novembro de 2012 (BRASIL, 2012b) e outras disponíveis no site

DÚVIDAS DURANTE A ELABORAÇÃO DO PROJETO?

Primeiramente o responsável pela elaboração do projeto (engenheiro ou arquiteto) deverá se inteirar das

normas que regulam a atividade de produção dos alimentos e discutir sobre fluxos e ambientes com o

responsável técnico da indústria. Caso necessário o responsável pela elaboração do projeto poderá marcar um

horário com o engenheiro ou arquiteto da Vigilância Sanitária, para esclarecer dúvidas, então no dia da reunião

tenha em mãos o projeto que se pretende executar. Se o seu projeto for protocolado no Núcleo de Vigilância

Sanitária da Superintendência Regional de Saúde de Uberaba, ligue para 34 3074-1222 e marque um horário com

o engenheiro ou arquiteta para esclarecimento das dúvidas, reiterando que esse profissional de VISA poderá

apenas orientar ou esclarecer dúvidas, sendo que a elaboração e concepção do projeto são de responsabilidade

do arquiteto/engenheiro contratado pela empresa, em consonância com o proprietário e o responsável técnico,

que devem ter conhecimento da legislação aplicada à atividade que se pretende dar início.

Dica: Não esqueça de prever Acessibilidade que trata da possibilidade e condição de alcance, percepção e

entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano

e elementos (ABNT NBR 9050, 2004). Garanta também condições adequadas de ventilação/climatização e

iluminação.

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http://portal.anvisa.gov.br, Em ASSUNTOS clique em Alimentos (campo esquerdo da

tela) – Legislação – Legislação horizontal – Rotulagem de alimentos.

Após inspeção sanitária será expedido pela VISA o Relatório de Inspeção

Técnica no qual serão registradas as constatações da equipe responsável pela

inspeção.

5.4 Discussão do Relatório de Inspeção Técnica:

Como dito no parágrafo acima, após inspeção será emitido relatório técnico e

caso necessite será emitida uma Notificação, este último documento discrimina

prazos para o cumprimento de determinações levantadas com base nas

irregularidades identificadas pela autoridade sanitária responsável pela inspeção e

assim será decidido pela concessão imediata ou não do Alvará Sanitário.

Caso a autoridade sanitária constate irregularidades que coloquem em risco à

saúde da coletividade, a indústria poderá sofrer uma interdição cautelar (empresa

paralisa suas atividades enquanto permanecer as irregularidades identificadas) com

instauração imediata de processo administrativo sanitário, conforme respaldo legal

dado pelo artigo 102 da Lei nº 13.317/99/CS/MG (MINAS GERAIS, 1999).

Para a discussão do Relatório serão convocados representantes da empresa,

geralmente o responsável técnico e proprietário/responsável legal.

5.5 Comunicação de Início de Fabricação de Produtos Dispensados de

Registro – Anexo X ou Registro de Alimentos:

Tão logo seja concedido o Alvará Sanitário, o estabelecimento deverá

providenciar o processo de dispensação da obrigatoriedade de registro ou registro(s)

do(s) alimento(s) que será(ão) produzido(s) e protocolar tais documentos no serviço

de VISA que realizou a inspeção.

RELATÓRIO DE INSPEÇÃO TÉCNICA, O QUE HÁ NESSE DOCUMENTO?

Este instrumento de registro é elaborado fazendo-se constar os documentos apresentados pela indústria

e o que foi observado pela equipe técnica de VISA durante a inspeção sanitária. Sua estrutura conta basicamente

com as seguintes informações: identificação do estabelecimento; objetivo da inspeção sanitária; período da

inspeção; instrumentos normativos; equipe técnica; pessoas contactadas no estabelecimento; documentação

apresentada pela indústria; introdução; serviços terceirizados; situação encontrada – infraestrutura física e

equipamentos, procedimentos de trabalho e dados estatísticos, recursos humanos e saúde ocupacional;

condições de saneamento e gerenciamento de resíduos; controle da potabilidade da água; controle de vetores e

pragas urbanas; transporte de alimentos; embalagens; rotulagem, etc. e conclusão. Prioriza citar as

irregularidades obervadas pela equipe e o documento deverá ser assinado pelas autoridades sanitárias

fiscalizadoras e ter a ciência formal dos responsáveis pela indústria (NUVISA, 2016).

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A Resolução nº 23/2000/ANVISA estabelece que quando o formulário de

comunicação de início de fabricação for protocolado na VISA, a empresa já poderá

dar início ao processo de comercialização, contudo o protocolo será concretizado se

a indústria possuir o Alvará Sanitário, pois a ausência deste Alvará impossibilita o

comércio dos alimentos, portanto um documento completa o outro (BRASIL, 2000).

Já para compor o processo de registro de alimentos na ANVISA/Ministério da

Saúde será necessário juntar à documentação estabelecida nesta Resolução, o

Alvará Sanitário e a indústria deverá aguardar a publicação do número de registro

para veiculá-lo no rótulo.

A grande maioria das categorias de alimentos, exatamente um número de 30,

é dispensada da obrigatoriedade de registro e todas estão relatadas no item 1.3

deste Instrutivo, restando apenas 06 (seis) categorias com registro obrigatório

(BRASIL, 2010b).

Então vamos às explicações:

5.5.1 Produtos dispensados da Obrigatoriedade de Registro

Todos devem ser cadastrados no serviço de VISA responsável pelo licenciamento da indústria produtora, utilizando-se do Formulário de Comunicação de Início de Fabricação de Produto Dispensado de Registro – Anexo X da Resolução 23/2000/ANVISA (BRASIL, 2000);

Previamente a esta Comunicação, a indústria deverá: a) possuir alvará sanitário; b) verificar a que categoria o produto industrializado pertence, verificando os Anexos da Resolução RDC nº 27/2010/ANVISA (BRASIL, 2010b); c) consultar e obedecer ao Decreto-Lei nº 986, de 21/10/1969 (BRASIL, 1969); d) verificar e atender o Regulamento Técnico ou o Padrão de Identidade e Qualidade do produto cadastrado. Os regulamentos técnicos podem ser consultados http://portal.anvisa.gov.br – Em ASSUNTOS clique em Alimentos (canto esquerdo da tela) – Legislação – Legislação por categoria de produto; e) verificar e atender as normatizações sobre rotulagem de alimentos; f) verificar e atender as normatizações de aditivos e coadjuvantes de tecnologia;

Protocolar no serviço de VISA o Anexo X em três vias (BRASIL, 2000); Após conferência pelo serviço de VISA será devolvida uma das vias para

arquivamento na indústria e a indústria poderá produzir e comercializar o produto;

O Estado de Minas Gerais não cobra taxas para conferência e protocolo do Anexo X das indústrias inspecionadas pelos Núcleos de Vigilância Sanitária da SES.

Para orientações sobre o preenchimento do Anexo X, previsto na Resolução

nº 23/2000/ANVISA, consulte o Anexo A.

5.5.2 Registro e demais procedimentos administrativos referentes ao registro

de produtos pertinentes ao Ministério da Saúde/ANVISA

Registro é o ato legal que reconhece a adequação de um produto à legislação

vigente, é fornecido por um órgão competente, nesse caso pelo Ministério da

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Saúde/ANVISA, e formalizado por meio de publicação no Diário Oficial da União

(CONASS, 2009). Até meados do ano 2000 todos os alimentos passíveis de

inspeção pela VISA eram registrados no Ministério da Saúde.

Em dias atuais apenas 06 (seis) categorias de produtos necessitam de

registro são: alimentos com alegação de propriedade funcional ou de saúde,

alimentos infantis, alimentos para nutrição enteral, embalagens novas e tecnologias

(recicladas), novos alimentos e novos ingredientes, substâncias bioativas e

probióticas isoladas com alegação de propriedades funcionais ou de saúde

(BRASIL, 2010b).

Resumidamente a indústria deverá:

Previamente à solicitação de registro: a. possuir alvará sanitário; b. verificar a que categoria o produto industrializado pertence, verificando os

Anexos da Resolução RDC nº 27/2010/ANVISA (BRASIL, 2010b); c. consultar e obedecer ao Decreto-Lei nº 986, de 21/10/1969; d. verificar e atender o Regulamento Técnico ou o Padrão de Identidade e

Qualidade do produto cadastrado. Os regulamentos técnicos podem ser consultados em http://portal.anvisa.gov.br – Em ASSUNTOS clique em Alimentos (canto esquerdo da tela) – Legislação – Legislação por categoria de produto;

e. verificar e atender as normatizações sobre rotulagem de alimentos; f. verificar e atender as normatizações de aditivos e coadjuvantes de tecnologia; g. verificar e atender as normatizações aplicáveis aos alimentos que se queira

registrar. Visite o portal da ANVISA e clique sobre Alimentos – Legislações e faça as buscas;

h. consultar a Resolução nº 23, de 15/03/2000 e providenciar os documentos previstos nesta norma (BRASIL, 2000);

i. consultar a RE nº 1, de 05/02/2002 e RDC nº 204, de 06/07/2005 para conhecimento quanto à elaboração, a forma de apresentação de petição e dos documentos de instrução, bem como a regulamentação do procedimento das petições (BRASIL, 2002d; BRASIL, 2005a);

j. consultar a RDC nº 222, de 28/12/2006 para tomar ciência dos procedimentos de petição, arrecadação eletrônica no âmbito da ANVISA e verificação do valor da Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária a ser paga quando do requerimento do registro e demais procedimentos administrativos referentes ao registro de produtos pertinentes à área de alimentos (BRASIL, 2006);

Realizar cadastramento da indústria. Acesse o portal da ANVISA, Em ASSUNTOS clique em Alimentos (canto esquerdo da tela) – Empresas – Registros e Autorizações (leia “Quais são as etapas necessárias para fazer o seu pedido,?”, leia todos os seis itens disponíveis você precisará se informar sobre eles para então cadastrar a empresa) – Sistemas. Obs. As guias de recolhimento da União permitem as opções de impressão para pagamento em rede bancária ou o débito em conta. O pagamento da Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária deverá ocorrer no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a contar da data de emissão da guia pelo sistema de petição eletrônica, sob pena de cancelamento

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da transação. Os valores das Taxas devem ser consultados na Tabela do Anexo I, da Resolução RDC nº 222, de 28/12/2006 (BRASIL, 2006);

Após o efetivo recolhimento da Taxa de Fiscalização de Vigilância Sanitária a empresa deverá encaminhar para análise toda a documentação exigida pela legislação à Superintendência Regional de Saúde (SRS) ou Gerência Regional de Saúde (GRS) responsável pelo município onde a indústria esta instalada, a que o município pertence, sob pena de arquivamento do processo;

Aguardar análise do processo pela Vigilância Sanitária Estadual (Diretoria de Vigilância Sanitária de Alimentos, da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais – DVA/SES-MG). OBS: Caso o processo de registro apresente irregularidades quanto ao não cumprimento da legislação, a empresa será comunicada através de documento contendo exigências, as quais deverão ser cumpridas no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a partir da data da confirmação de recebimento da exigência. Após análise final, o processo de registro será deferido ou indeferido, sendo, posteriormente, enviado à ANVISA para deferimento e publicação no Diário Oficial da União. Se a indústria desejar consultar andamento do processo poderá solicitá-lo através do e-mail [email protected], informando os dados do processo: nº de protocolo, nome do produto, empresa fabricante e Superintendência ou Gerência Regional de Saúde a que pertence;

Aguardar o deferimento ou indeferimento do processo pela ANVISA, através de publicação realizada por meio de Resolução Específica - RE no Diário Oficial da União (DOU). Obs. A empresa poderá verificar a situação de qualquer documento submetido à ANVISA. É possível fazer consulta dos processos protocolizados, através do portal da ANVISA – Em ASSUNTOS clique em Alimentos (canto esquerdo da tela) – Registros e Autorizações – Alimentos – Consulta à Situação de Documentos;

Somente após a publicação o produto poderá ser produzido e comercializado. Os registros tem validade de 05 (cinco) anos necessitando ser revalidado após esta data, contudo o requerimento deve ocorrer antes da expiração do registro.

Formulários para requerer o registro de alimentos, disponíveis na Resolução

nº 23/2000/ANVISA, poderão ser baixados http://portal.anvisa.gov.br – Em

ASSUNTOS clique em Alimentos (campo esquerdo da tela) – Empresas – Registros

e autorizações – Formulários e modelos (escolher o que interessar).

Relação de Assuntos para as Petições

A ANVISA disponibiliza um check list de documentos e referências legais a serem atendidas sobre os assuntos

diversos que se queira solicitar. Exemplo de assunto: Avaliação de Alimentos com Alegação de Propriedade

Funcional ou de Saúde. Para tanto acesse o Portal da ANVISA – clicando em Alimentos – Registros e

Autorizações – Sistemas (Códigos de Assunto) – Nova consulta – Aparecerá uma caixa chamada “Seleção de

Área”, não marque a opção “Funcionamento de Empresa” e escolha Área de “Alimento” e clique em Consultar –

Abrirá a tela Relação de Assuntos, clique sobre aquele que a empresa requer.

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5.6 Verificando o rótulo

Várias são as legislações que tratam de rotulagem de alimentos e as

legislações estão disponíveis no portal da ANVISA. Para produtos de origem animal

deverão ser consultadas também as legislações estabelecidas pelo Ministério da

Agricultura.

Podemos pensar no rótulo como a carteira de identidade do alimento, a carta

de apresentação onde constam informações sobre o fabricante e validade. As

informações dispostas no rótulo não podem induzir os consumidores a erro ou

engano, por exemplo: coloca-se a foto de um morango num picolé, contudo não há

morangos na lista de ingredientes existindo aroma artificial de morango. A foto

sugestiona o consumidor induzindo que há morango naquele produto. Também não

é permitido fazer alegações medicamentosas no rótulo ou em qualquer tipo de

propaganda do alimento (BRASIL, 1977).

Todo alimento contido em uma embalagem pronta para ser oferecida ao

consumidor, e que tenha sido embalado na ausência deste consumidor deve possuir

um rótulo, e de acordo Resolução RDC nº 259/2002/ANVISA, deve obrigatoriamente

conter as seguintes informações (BRASIL, 2002b):

Denominação de venda do alimento; Lista de ingredientes; Conteúdos líquidos; Identificação da origem; Nome ou razão social e endereço do importador, no caso de alimentos

importados; Identificação do lote; Prazo de validade; Instruções sobre o preparo e uso do alimento, quando necessário;

Considerações:

Tabela nutricional (Informação Nutricional): Não há obrigatoriedade de citar a Tabela nos casos: a) para alimentos como sal, café, especiarias, vinagre e alguns outros alimentos referenciados no item 1 do Anexo da Resolução RDC nº 360/2003/ANVISA (BRASIL, 2003d); b) alimentos com embalagens com superfície visível para a rotulagem que seja menor ou igual a 100 cm2, exceto para alimentos com fins especiais ou que apresentem declarações de propriedade nutricional;

Lista de ingredientes: a) os ingredientes devem ser informados em ordem decrescente (do maior para o menor); b) a água deve-se ser declarada, exceto se fizer parte de salmoura, caldas e similares, ou, se no processo de produção sofrer evaporação; c) alimentos com ingredientes únicos, por exemplos açúcar e farinha de trigo, não precisam veicular no rótulo a lista de ingredientes; d) os aditivos devem ser citados logo após os ingredientes precedidos da função tecnológica, podendo vir descritos por extenso ou por seu Sistema Nacional de Numeração - INS, exceto o corante Tartrazina que

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deve vir em letra maiúscula e por extenso (Consulte Resolução RDC nº 340/2002) (BRASIL, 2002e). Veja outras considerações no item 6.2 da Resolução RDC nº 259/2002/ANVISA (BRASIL, 2002b);

Cuidados de Conservação: será cabível para alimentos perecíveis, entre outros (BRASIL, 2002b);

Advertência do Glúten: é obrigatório fazer constar no rótulo a advertência: “não contém glúten” ou “contém Glúten”. Consulte a Lei nº 10.674, de 16/05/2003 (BRASIL, 2003b);

Organismo Geneticamente Modificado – OGM: todos os alimentos que possuem transgênicos devem trazer essa informação no rótulo e também o símbolo (triângulo equilátero de contornos pretos preenchido em amarelo e com a letra “T” na região central). Consultar Decreto nº 4.680, de 24/04/2003 e Portaria nº 2.658, de 22/04/2003 (BRASIL, 2003a; BRASIL, 2003d). Em meados de 2015 discute-se no congresso a desobrigação de indicar essa informação no rótulo, contudo consulte sempre os sites de interesse para manter-se atualizado(a) e até que as normas antes citadas sejam revogadas a obrigatoriedade de identificação da presença de OGM nos alimentos permanece e é obrigatória;

Fenilalanina: sempre que este aminoácido estiver presente nos alimentos deverá constar no rótulo a advertência “Contém fenilalanina”. Verifique a Resolução RDC nº 19 de 05/05/2010/ANVISA (BRASIL, 2010a);

Aromas: Consultar Informe Técnico nº 26, de 16/06/2007/ANVISA, em consonância com os artigos 14, 15, 1 e 17 do Decreto-Lei nº 986/69, que trata dos procedimentos para o uso de aromas na rotulagem dos alimentos (ANVISA, 2007b; BRASIL, 1969);

Alergênicos: a Resolução RDC nº 26, de 02 de julho de 2015 regulamenta sobre os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares (BRASIL, 2015b).

Há um check list que tornará o trabalho de avaliação do rótulo mais eficiente e

rápido, pois aponta normas básicas que deverão ser atendidas, verifique o Anexo E.

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL COMPLEMENTAR – INC

INC é qualquer representação que afirme, sugira ou implique que um alimento possui propriedades

nutricionais particulares, em relação ao seu valor energético e/ou ao seu conteúdo de proteínas, gorduras,

carboidratos e fibra alimentar, assim como seu conteúdo de vitaminas e minerais (BRASIL, 2012b).

Compreendem:

1. Declarações de propriedades relativas ao conteúdo de nutrientes (Conteúdo absoluto): é a INC que

descreve o nível e/ou a quantidade de um ou mais nutrientes e/ou valor energético contido no alimento. Os claims são relativos aos atributos “Baixo”, “ Não Contém”, “Alto conteúdo”, “Muito Baixo”, “Sem adição”, “Fonte”. Exemplos: Fonte de Fibra, Rico em vitaminas, Não contém gorduras trans.

2. Declarações de propriedades comparativas (Conteúdo comparativo): é a INC que compara os níveis do(s)

mesmo(s) nutriente(s) e ou valor energético do alimento objeto da alegação com o alimento de referência. Os claims são relativos aos atributos “Reduzido” e “Aumentado”. Exemplos: Light (50% menos Sódio); Reduzido em Açucar (30% menos açúcar).

A norma que trata destes requisitos é a Resolução RDC nº 54, de 12/11/2012 e merece minuciosa leitura,

um dos seus objetivos é facilitar o conhecimento do consumidor sobre propriedades nutricionais dos alimentos,

contribuindo para a seleção adequada!

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6 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES QUE TODO PROFISSIONAL DA ÁREA DE ALIMENTOS PRECISA SABER

6.1 Indústrias que possuam em suas dependências Unidades de Laboratório

de Controle de Qualidade, Ambulatório, Refeitório/Cozinha Industrial:

As indústrias de maior porte, por exemplo, as usinas de cana–de–açúcar,

geralmente terão refeitórios/cozinhas industriais, laboratório, ambulatório médico,

estação de tratamento de água e efluentes, e outros. Na apresentação do projeto

arquitetônico estas áreas e outras que existirem deverão constar na planta, pois são

áreas que necessitam de atenção especial no momento da avaliação do projeto

arquitetônico. Informe-se no serviço de VISA quando da montagem do projeto

arquitetônico, pois algumas áreas deverão fazer parte do projeto, contudo não será

necessário incluí-las no cálculo da taxa/DAE, a exemplo: estação de tratamento de

efluentes, caldeira.

Perante a VISA este tipo de estabelecimento indicará apenas um responsável

técnico que responderá pela atividade de produção do açúcar, e este por sua vez

deverá requerer declaração de vínculo com a indústria junto ao seu conselho de

classe, contudo para cada unidade da indústria haverá responsável técnico

habilitado para supervisionar atividade específica, como avaliar clinicamente o

colaborador, função esta do profissional médico. Assim vamos percorrer os

possíveis ambientes de apoio e suas especificidades.

Ressaltamos que apenas a produção do açucar branco (cristal, refinado)

demerara, e outros destinados ao consumo humano é licenciada pela VISA, quando

se tratar de açucar VHP destinado a outras finalidades não será necessário requerer

o licenciamento, contudo permaneceram sendo inspecionados o ambulatório médico

e refeitório, devendo ser requerido o licenciamento junto à VISA.

A cozinha industrial/refeitório industrial deverá contar com responsável

técnico qualificado para supervisão do processo de produção das refeições,

incluindo aplicação das boas práticas de manipulação de alimentos e também

deverá requerer junto ao conselho de classe certificado de regularidade.

Caso o refeitório/cozinha industrial seja de responsabilidade de terceiros, ou

seja, de empresa com razão social e CNPJ diferentes da indústria de alimentos,

deverá, o responsável legal do estabelecimento em questão, requerer o alvará

sanitário específico para sua empresa, preenchendo e encaminhando, ao serviço de

vigilância sanitária responsável pela inspeção e licenciamento, toda a documentação

necessária à concessão/renovação do Alvará Sanitário (consultar nos serviços de

VISA quantidade e valor das UFEMG’s para preenchimento do DAE) e também

cópia do contrato firmado com a indústria de alimentos contratante. Os documentos

necessários ao processo de requerimento de alvará sanitário são os mesmos

citados no Anexo B.

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O ambulatório médico deverá contar com um médico especialista em

medicina do trabalho que deverá assumir a responsabilidade técnica pela unidade.

O conselho de Classe deverá emitir o certificado de pessoa jurídica para este

ambulatório, no qual constarão os dados do profissional médico. Haverá também

nesta unidade os profissionais da enfermagem que deverão requerer sua

regularidade junto ao Conselho Regional de Enfermagem (MINAS GERAIS, 1992).

O laboratório de controle de qualidade atualmente regulamentado pela

Resolução RDC nº 11/2012/ANVISA, conforme artigo 6º deve contar com

responsável técnico, legalmente habilitado, em número e qualificação necessários

para atender seu escopo, especificidade e complexidade de atividade. Esse

responsável técnico deverá estar inscrito no seu conselho de classe e poderá ser o

responsável técnico pela produção, desde que o seu conselho de classe profissional

o respalde explicitando no certificado de regularidade da indústria, além da atividade

de implantação e supervisão das boas práticas de fabricação a atividade relacionada

à supervisão das atividades técnicas do laboratório de controle de qualidade

(BRASIL, 2012a).

Deverão ser encaminhados junto com ao requerimento de alvará sanitário Termo de

Responsabilidade para cada um dos responsáveis técnicos de cada setor da indústria

(modelo fornecido pela Resolução SES MG nº 4300/2014), bem como a comprovação de

vínculo do RT com a empresa, expedido pelo conselho profissional (esse documento

expedido pelo conselho recebe nomes variáveis, como por exemplo: Certificado de

Responsabilidade Técnica – CRT, Anotação de Responsabilidade Técnica) (MINAS

GERAIS, 2014).

6.2 Serviços prestados por terceiros em indústrias de alimentos

Todos os serviços contratados, pela indústria, tais como análise de água, higienização do reservatório, controle de vetores e pragas urbanas, transporte de alimentos, etc., deverão possuir licenciamento junto ao respectivo órgão fiscalizador além de outros documentos que garantam a regularidade da empresa prestadora de serviços. Deverão ser arquivados para consulta pela VISA o contrato com estes prestadores e cópias de seus alvarás sanitários.

6.3 Controle de Vetores e Pragas Urbanas e Manejo de Resíduos

É importante falar um pouco mais do controle integrado de vetores e pragas, pois o conceito de Controle Integrado de Vetores e Pragas para a VISA vai além de técnicas e procedimentos de dedetização.

Como o próprio nome da atividade denomina-se trata da integração de várias práticas desenvolvidas por vários setores dentro de um estabelecimento com o objetivo de evitar o aparecimento indesejado de vetores e pragas, que podem gerar situações de risco aos produtos sob controle sanitário e também podendo causar eventos adversos associados à prestação de serviços (BRASIL, 2009).

Os vetores e pragas são os roedores, pássaros, insetos, e inúmeros outros, devendo-se também ficar atento aos acessos de animais domésticos, tal como cães e gatos nas áreas da indústria, pois estes também serão fontes de contaminação.

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A indústria deve efetuar todos os registros que comprovem a execução dos serviços prestados por terceiros, providenciar barreiras físicas (telas, tampas escamoteáveis nos ralos de escoamentos de águas residuais, vedação de frestas no teto, portas ajustadas aos batentes, rotinas de fechamento de portas, etc.), não deixar Água, Alimento e Abrigo (AAA) disponíveis aos vetores e pragas. Os arredores da indústria devem ser mantidos limpos. O combate químico só deverá ser usado quando todos os demais controles falharem.

Importante ressaltar que algumas indústrias de alimentos querem assumir o combate químico. É bom lembrar que são competentes para realizar este controle, profissionais com formação específica e com registro ativo junto ao conselho profissional. Para o fracionamento, preparo da calda, armazenamento dos produtos químicos, é necessária área física adequada com chuveiro de emergência e lava-olhos, banheiros para uso dos aplicadores, procedimentos escritos para inutilização e descarte das embalagens, uso de Equipamentos de Proteção Individual - EPI, dentre outros requisitos (BRASIL, 2009). Essa área deve fazer parte do projeto arquitetônico aprovado.

Deve-se ter atenção, cuidado e rotinas adequadas para o manuseio das armadilhas para roedores, conhecidas como Pontos de Envenenamento Permanente - PEP, que são caixas fixadas nas paredes e em seu interior há iscas ou fitas adesivas, evitando prejuízos para a saúde do trabalhador. Por exemplo, em indústrias localizadas em áreas de risco (zona rural e perirrural) para roedores transmissores da hantavirose as armadilhas adesivadas são perigosas uma vez que prendem os roedores que poderão transmitir o hantavírus ao trabalhador quando da verificação da armadilha, essa contaminação é perigosa e poderá evoluir para óbito. Assim: Muito Cuidado nessa hora! Apenas os funcionários da desinsetizadora devem manipular essa armadilha, os quais deverão estar equipados com os EPI's necessários.

Os resíduos gerados na indústria merecem atenção e disponibilização de

tempo para avaliação de questões do tipo:

Frequência das coletas; Todas as lixeiras devem possuir tampas, acionada sem contato manual,

revestidas com saco plástico e identificadas; Abrigo Temporário de Resíduos com ponto de água e ralo, com tampa

escamoteável, para escoamento de águas (quando se aplicar); Rotina de higienização das lixeiras (produto utilizado, tempo de contato, local

destinado à higienização); Implantar coleta seletiva de resíduos.

6.4 É obrigatório possuir nas dependências da indústria laboratório de

controle da qualidade?

A legislação não cita sobre essa obrigatoriedade. A Resolução RDC nº 275/2002 estabelece como necessidade possuir um programa de amostragem para análise laboratorial do produto final e que deve haver laudo laboratorial atestando a segurança sanitária do produto final, assinado pelo técnico da empresa responsável pela análise, seja este de empresa terceira ou da própria indústria, portanto abre-se precedente para a contratação deste serviço (BRASIL, 2002c). Contudo há de se

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mensurar questões de logística para envio de amostras, custo-benefício, rapidez que se quer dos ensaios, dentre outros.

Quando a indústria optar em contratar os serviços de um laboratório este deverá possuir regularidade junto a VISA ou órgãos da agricultura. Se optar pelo laboratório nas dependências da indústria deve manter todos os equipamentos, insumos, área física e profissionais para a realização das análises.

Reitera-se que os laboratórios de controle da qualidade das indústrias de alimentos são regidos pela Resolução RDC nº 11/2012/ANVISA. Conforme dispõe no artigo 6º “o laboratório deve contar com responsável técnico, legalmente habilitado, em número e qualificação necessários para atender seu escopo, especificidade e complexidade da atividade” (BRASIL, 2012a).

Qualquer laboratório que realize análises em alimentos e bebidas embaladas, prontos ao consumo, ao emitir seus laudos devem considerar as normas sanitárias para cada parâmetro que se queira emitir um resultado, por exemplo: padrões microbiológicos: regulamento técnico sobre padrões microbiológicos

para alimentos instituído pela Resolução RDC nº 12/2001/ANVISA (BRASIL, 2001c). Esta norma está para sofrer alterações então fique atento ao site da ANVISA, brevemente haverá nova publicação;

matérias estranhas macroscópicas e microscópicas em alimentos e bebidas: limites de tolerância instituídos pela Resolução RDC nº 14/2014/ANVISA (BRASIL, 2014a);

aditivos: acessar página http://portal.anvisa.gov.br – Em ASSUNTOS clique em Alimentos (campo esquerdo da tela) – aditivos alimentares e coadjvantes de tecnologia (campo esquerdo da tela) – Legislação – Aditivos Alimentares e Coadjuvantes de Tecnologia;

micotoxina: Resolução RDC nº 7, de 18/02/2011/ANVISA dispõe sobre limites máximos tolerados (LMT) para micotoxinas em alimentos (BRASIL, 2011a);

Outros contaminantes alimentares acesse: http://portal.anvisa.gov.br – Em ASSUNTOS clique em Alimentos (campo esquerdo da tela) – Legislação horizontal – Contaminantes;

6.5 Processo Administrativo Sanitário - PAS

As atividades da Vigilância Sanitária são materializadas através de atos

administrativos executados por seus agentes. Dentre os atos administrativos que os

profissionais da VISA executam rotineiramente podemos citar as inspeções

sanitárias, a emissão/lavratura de autos ou termos, as coletas de produtos, a

instauração e tramitação dos processos administrativos sanitários, etc. (CONASS,

2007).

Portanto a ação da VISA deve pautar-se nos ritos estabelecidos pelo Direito

Administrativo e nos princípios que regem a Administração Pública. Tendo em vista

seu poder de impor penalidades e de restringir a atuação dos administrados ela

deve assegurar o amplo direito de defesa, daí a importância de sua estrutura e

organização propiciar um processo de trabalho organizado e eficiente (CONASS,

2009).

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Além da Lei Federal nº 6.437/77, em Minas Gerais a Lei Estadual 13.317 de

1999 (Código de Saúde) define as infrações à legislação sanitária vigente,

estabelece, em seu artigo 98, que as infrações sanitárias serão apuradas em

processo administrativo próprio, iniciado com a lavratura do auto de infração,

observados os ritos e prazos nela estabelecidos (BRASIL, 1977; MINAS GERAIS,

1999).

O processo administrativo constitui uma série ordenada de atos e

formalidades praticadas pela Administração Pública que antecedem e preparam o

ato administrativo. Ele propicia que a decisão final seja conveniente e oportuna para

o Estado, e, ao mesmo tempo, garante aos administrados o direito de defesa, a

oportunidade para contestar a acusação, acompanhar os atos da instrução e utilizar-

se dos recursos cabíveis que protejam contra possíveis arbítrios das autoridades

administrativas. Cabe destacar que o processo administrativo sem oportunidade de

defesa ou com defesa cerceada é nulo (BARRETO, 2000).

O funcionamento de indústrias que não possuam alvará sanitário atualizado,

assistência de responsável técnico legalmente habilitado, aquelas que rotulam seus

produtos em desacordo com as normas legais, mantém condições de trabalho que

cause dano à saúde do trabalhador, opõe-se à ação fiscalizadora das autoridades

sanitárias competentes no exercício de suas funções, industrializa alimentos em

condições higiênico-sanitárias que coloquem em risco a inocuidade destes

alimentos, dentre outras infrações sanitárias previstas no artigo 99 da Lei nº

13.317/99 CS/MG, poderá responder pelo fato mediante Processo Administrativo

Sanitário – PAS, resultando na aplicação de penas que variam desde advertência,

multa, interdição do estabelecimento, entre outras (MINAS GERAIS, 1999).

Outro fato é que a indústria que apresenta situação de risco para a saúde da

população, constatando-se indício de infração, poderá ser interditada cautelarmente

(imediatamente deverá parar de produzir e comercializar), lavrando-se para tanto um

Termo de Interdição Cautelar, embasando-se no art. 102 da Lei 13.317/99 CS/MG. A

medida de interdição cautelar poderá ser total, parcial, do estabelecimento ou do

produto, perdurando até que sejam sanadas as irregularidades, objeto da ação

fiscalizadora, podendo tornar-se definitiva mediante processo administrativo (MINAS

GERAIS, 1999).

Ainda, conforme parágrafo único do art. 110 da Lei nº 13.317/99 CS/MG “As

infrações sanitárias que configuram ilícitos penais serão comunicadas à autoridade

policial e ao Ministério Público” e, cumpre salientar que responderão pelas infrações

sanitárias os responsáveis administrativos ou proprietários do estabelecimento que

infringiu as normas e os atos emanados de autoridades sanitárias e também os

responsáveis técnicos na medida e sua responsabilidade pelo evento danoso

(MINAS GERAIS, 1999).

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Se comprovado o envolvimento dos responsáveis técnicos nos eventos

danosos é dado ciência dos fatos ao seu respectivo conselho de classe.

Apesar de todas estas questões gerarem desconforto aos profissionais da

área de alimentos é importante citá-las e orientar que busquem a Vigilância Sanitária

para esclarecer dúvidas, solicitar prazos para adequações e outros assuntos

diversos.

6.6 Saneantes e graxas na Indústria de Alimentos

Todos os saneantes utilizados devem ter regularidade junto à ANVISA,

portanto selecione aqueles de uso em indústrias de alimentos, requeira dos

fornecedores o alvará sanitário.

Leia os rótulos, use nas concentrações e tempos recomendados pelo

fabricante e mantenha a Ficha de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ para

eventuais consultas. Fiquem atentos aos testes a serem realizados na linha de

produção para verificação de residual de saneantes depois dos processos de

higienização a fim de garantir que este não seja um contaminante para o alimento

industrializado.

As graxas utilizadas na indústria de alimentos deverão ter grau alimentício,

portanto selecione criteriosamente estes fornecedores e quando receber as graxas

armazene-as em locais adequados e livres de contaminações. Os utensílios

utilizados para manuseio e aplicação das graxas grau alimentícios também devem

ser de uso exclusivo para esta finalidade.

6.7 Aditivos e Coadjuvantes de Tecnologia

Aditivo é “qualquer ingrediente adicionado intencionalmente aos alimentos,

sem propósito de nutrir, com o objetivo de modificar as características físicas,

químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento,

preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte

ou manipulação de um alimento”, já Coadjuvante de Tecnologia é “toda substância,

excluindo os equipamentos e os utensílios utilizados na elaboração e/ou

conservação de um produto, que não se consome por si só como ingrediente

alimentar e que se emprega intencionalmente na elaboração de matérias-primas,

alimentos ou seus ingredientes, para obter uma finalidade tecnológica durante o

tratamento ou fabricação. Deverá ser eliminada do alimento ou inativada, podendo

admitir-se no produto final a presença de traços de substância, ou seus derivados”

(BRASIL, 1997b).

O que se espera dos aditivos entre outras funções tecnológicas é que

funcionem no alimento como emulsificantes, estabilizantes, espessantes, agentes de

corpo, espumantes, antiespumantes, melhoradores de farinha, conservadores,

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antioxidantes, regulador de acidez, sequestrantes, corantes ou aromatizantes, entre

outras.

Alguns aditivos podem ser utilizados na quantidade desejada para obter o

efeito desejado, outros já devem ser utilizados respeitando-se os limites máximos

aceitáveis e para as categorias de alimentos que foram autorizados. Aqui coloco a

seguinte advertência:

A legislação sanitária é positiva, ou seja, aditivos e coadjuvantes de tecnologia só podem ser utilizados se estiverem explicitamente previstos em legislação específica, com as respectivas funções, limites máximos e categorias de alimentos permitidas. O QUE NÃO CONSTA DA LEGISLAÇÃO NÃO TEM PERMISSÃO DE USO NOS ALIMENTOS.

Estude um pouco mais sobre esse assunto, acesse acessar página

http://portal.anvisa.gov.br – Alimentos (campo esquerdo da tela em ASSUNTOS) –

aditivos alimentares e coadjvantes de tecnologia (campo esquerdo da tela) –

Legislação – Aditivos Alimentares e Coadjuvantes de Tecnologia ou

http://portal.anvisa.gov.br – Alimentos (campo esquerdo da tela em ASSUNTOS) –

Empresas – Aditivos Alimentares e Coadjuvantes de Tecnologia.

Ainda ficou na dúvida? Procure a Vigilância Sanitária.

6.8 Novos Alimentos e Novos Ingredientes

De acordo com a Resolução nº 16/1999/ANVISA, novos alimentos são

aqueles sem tradição de consumo no país, aqueles que contenham novos

ingredientes, aqueles contendo substâncias já consumidas e que, entretanto

venham a ser adicionadas ou utilizadas em níveis muito superiores aos atualmente

observados nos alimentos que compõem uma dieta regular. Todos devem possuir

registro na ANVISA (BRASIL, 1999c).

Apesar da ANVISA não registrar ingredientes alimentares, a segurança dos

“novos ingredientes” deve ser comprovada com base na Resolução nº 17/1999, por

meio do encaminhamento de documentação técnico-científica à ANVISA (código do

assunto da petição: 404) (BRASIL, 1999d).

A comprovação pré-mercado da segurança de uso de determinados alimentos

e ingredientes é uma exigência legal, estabelecida pela ANVISA, com objetivo de

proteger a saúde da população e reduzir os riscos associados ao consumo desses

produtos, em resposta às constantes inovações tecnológicas e ao aumento do

comércio internacional (ANVISA, 2013a; ANVISA, 2014b).

Alerto que: O consumo de produtos a base de plantas segue uma tendência

crescente, possivelmente associado à percepção do consumidor de que os produtos

menos industrializados (também classificados como naturais) são sinônimos de bem

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estar e qualidade de vida (ANVISA, 2013a). Nem sempre essa percepção está

correta e, às vezes, novas evidências científicas levam à revisão de práticas e

hábitos. Por exemplo, Silveira et al. (2008) ressalta o aumento no número de

reações adversas notificadas nos Estados Unidos, no Reino Unido e no Japão,

sendo associadas ao uso de plantas medicinais. Entretanto, a ocorrência de reações

adversas pode ser muito maior em função da baixa taxa de comunicação destas aos

órgãos de saúde, conforme relatado em pesquisa feita pelo Food and Drug

Administration (FDA) (WALKER, 2000).

Portanto antes de expor à venda essa categoria de alimentos comprove a

segurança do uso junto à ANVISA e aguarde a autorização deste órgão. Para

registro de alimentos releia o item 5.5 deste Instrutivo e para saber um pouco mais

sobre comprovação de segurança de alimentos e ingredientes, digite em sites de

busca “Guia para Comprovação da Segurança de Alimentos e Ingredientes –

ANVISA – 2013”, este material lhe fornecerá subsídios para requerer registro junto à

ANVISA.

6.9 Alimentos com alegação de propriedades funcionais ou de saúde

Os produtos em questão devem atender ao disposto na Resolução nº

17/1999/ANVISA, que dispõe sobre as diretrizes básicas para a avaliação de risco e

segurança dos alimentos, e na Resolução nº 18/1999/ANVISA, que estabelece as

diretrizes básicas para análise e comprovação de propriedades funcionais ou de

saúde (BRASIL, 1999d; BRASIL, 1999e). Esses requerimentos são essenciais para

garantir que os produtos disponíveis no mercado sejam seguros para consumo e

tenham um nível adequado de qualidade e eficácia.

Portanto, as empresas que tenham interesse em comercializar essa categoria

de alimentos devem protocolar a respectiva petição de registro de alimentos com

alegações de propriedades funcionais ou de saúde (códigos 4045, 4046, 4047 ou

4048). Siga as orientações para registro de alimentos referenciado no item 5.5 deste

Instrutivo.

Conforme orienta a ANVISA a comprovação da eficácia das propriedades

funcionais ou de saúde alegadas deve ser realizada por meio dos estudos científicos

exigidos na Resolução nº 18/1999. Avaliações científicas conduzidas por

autoridades internacionais reconhecidas também podem ser consideradas (BRASIL,

1999e).

Apesar da diversidade de evidências científicas que podem ser apresentadas,

a Gerência Geral de Alimentos entende ser indispensável a apresentação de

estudos controlados conduzidos em humanos para comprovar a eficácia do

benefício alegado. Nesse contexto, é fundamental que os produtos utilizados nos

estudos estejam adequadamente descritos e sejam os mesmos do produto objeto de

análise. Essa orientação também vale para os novos alimentos.

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Além disso, os efeitos avaliados nos estudos clínicos devem ser reproduzíveis

para as condições de uso propostas para o produto considerando, por exemplo, a

matriz alimentar (umidade, acidez, componentes inibidores), as instruções de

preparo do alimento (temperatura, adição de ingredientes) e atividade enzimática no

organismo (BRASIL, 1999d).

Em relação às propostas de alegações, as empresas devem evitar alegações

demasiadamente gerais, que não tenham relação com os desfechos avaliados ou

que possam ser interpretadas como indicações terapêuticas ou medicamentosas. As

alegações devem evitar informações que possam sugerir ao consumidor o uso

exagerado ou inadequado do produto.

6.10 Garantia da Qualidade na Indústria de Alimentos

A qualidade envolve muitos aspectos simultaneamente e sofre alterações

conceituais ao longo do tempo. Paladini, 1996, define qualidade como o grau de

ajuste de um produto à demanda que pretende satisfazer (PALADINI, 1996 apud

FIGUEIREDO; NETO, 2001).

Uma indústria de alimentos pode diferenciar-se de outra pela qualidade que

seus produtos apresentam, sobretudo porque qualidade envolve o aspecto

segurança dos alimentos, portanto primar pela qualidade de seus produtos a coloca

em posição de destaque no comércio de alimentos.

Conforme Ribeiro - Furtine e Abreu, 2006, das ferramentas disponíveis para

garantir a qualidade dos alimentos estão disponíveis as Boas Práticas de Fabricação

- BPF, Procedimentos Operacionais Padronizados - POP, Avaliação de Risco

Microbiológico - MRA, Gerenciamento da qualidade (Série ISO), Gerenciamento da

Qualidade Total - TQM e o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de

Controle - APPCC. As ferramentas de gestão da qualidade como 5S, e de garantia

da qualidade (BPF e POP), embora consideradas de caráter genérico, são

indispensáveis como pré-requisitos para o sistema de Análise de Perigos e Pontos

Críticos de Controle - APPCC e, a série ISO 9000, é uma ferramenta de controle de

processo e gestão da qualidade, por isso, necessita do APPCC como complemento

para a segurança sanitária (RIBEIRO-FURTINI; ABREU, 2006)

O Codex Alimentarius define programas de pré-requisitos como os

procedimentos, incluindo as BPF e POP, para a base higiênica e sanitária

necessária para implementar o sistema de APPCC adequado. Já APPCC é tratado

como um sistema que identifica, avalia e controla os perigos significativos para

inocuidade dos alimentos. Nesse sistema encontram-se Pontos Críticos de Controle

(PCC) e Pontos de Controle (PC). O primeiro trata de etapa ou procedimento

operacional em uma etapa, ponto ou procedimentos onde se pode aplicar um

controle fundamental (crítico) para evitar, reduzir ou eliminas perigos relacionados à

inocuidade do alimento. O segundo trata de etapa ou procedimento operacional em

um processo, método de produção, ou em uma formulação, em que os perigos

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biológicos, químicos ou físicos podem ser controlados através de programas de pré-

requisitos (OPAS, 2006).

Do exposto para que o sistema APPCC funcione de modo eficaz são

necessários os programas de pré-requisitos e cumpre reforçar que o Certificado ISO

9000 não garante a qualidade do produto, pois existe a frequente confusão de que

essa ferramenta garante 100% de produtos de primeira qualidade (STRINGER, 1994

apud FIGUEIREDO; NETO, 2001). A ISO irá contribuir como suporte para

implementação do APPCC, assim enquanto o APPCC identifica os PCC's a ISO

9000 controla e monitora os aspectos críticos para a qualidade.

Podemos dizer que a implantação de sistemas de qualidade em indústrias

ainda é um nó crítico, pois requer investimento financeiro, bem como demandam

pessoas com conhecimentos específicos, sobretudo nas pequenas indústrias, onde

até mesmo os programas de pré-requisitos ainda são um fato mal resolvido, mesmo

sendo obrigatórios pelas normas vigentes (FIGUEIREDO; NETO, 2001).

Vamos a breves esclarecimentos sobre alguns programas de pré-requisitos e

sistema de APPCC:

6.10.1 Boas Práticas de Fabricação - BPF

Boas Práticas de Fabricação abrangem um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas indústrias de alimentos a fim de garantir a qualidade sanitária e a conformidade dos produtos alimentícios com os regulamentos técnicos especificos (ANVISA, 2015).

O RT da Indústria, juntamente com o colaboradores deverão elaborar todas

as normas e rotinas escritas que garantam as boas práticas de fabricação. Envolver

toda a equipe na elaboração deste documento pode ser uma boa estratégia para

que seja efetivamente válido.

Conforme Resolução RDC nº 275/2002/ANVISA, legislação aplicável a

qualquer indústria de alimentos, o Manual de Boas Práticas de Fabricação - MBPF

deverá dispor de informações mínimas sobre: requisitos sanitários dos edifícios;

manutenção e higienização das instalações, dos equipamentos e dos utensílios;

controle da potabilidade da água de abastecimento; controle integrado de vetores e

pragas urbanas; controle de saúde dos manipuladores e controle e garantia de

qualidade do produto final (BRASIL, 2002c). Os documentos devem ser claros e

objetivos, não há necessidade de introduções longas que contem a história do

alimento na sociedade. Ponto importante a ser definido é a rastreabilidade que

garanta o controle desde a seleção de fornecedores à exposição ao consumo.

O controle de qualidade deve prever análise do produto final considerando a

Resolução RDC nº 12/2001/ANVISA e/ou Resolução nº 07/2011/ANVISA e/ou

Resolução RDC nº 14/2014/ANVISA e outras aplicáveis (BRASIL, 2001c; BRASIL,

2011a; BRASIL, 2014a).

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6.10.2 Procedimentos Operacionais Padronizados – POP’s

A Resolução RDC nº 275/2002/ANVISA define POP como procedimento

escrito de forma objetiva que estabelece instruções seqüenciais para a realização de

operações rotineiras e específicas na produção, armazenamento e transporte de

alimentos. Este Procedimento pode apresentar outras nomenclaturas desde que

obedeça ao conteúdo estabelecido nesta Resolução (BRASIL, 2002c).

Estão previstos 08 POP’s obrigatórios, são eles:

1) Higienização das instalações, equipamentos, móveis e utensílios; 2) Controle da Potabilidade da água; 3) Higiene e Saúde dos Manipuladores; 4) Manejo de Resíduos; 5) Manutenção preventiva e calibração de equipamentos; 6) Controle Integrado de Vetores e Pragas Urbanas; 7) Seleção de matérias-primas, ingredientes e embalagens; 8) Programa de Recolhimento de Alimentos (recall).

Evidencio que para algumas categorias de alimentos, tais como gelados

comestíveis, água mineral, amendoim e derivados e palmito há legislações de Boas

Práticas de Fabricação específicas, uma vez que são consideradas categorias de

alimentos que possuam especificidades particulares.

Os POP’s devem ser aprovados, datados e assinados pelo responsável

técnico, responsável pela operação, responsável legal e ou proprietário firmando o

compromisso de implementação, monitoramento, avaliação, registro e manutenção

dos mesmos. Havendo equipe de controle da qualidade na indústria estes

procedimentos podem receber novas assinaturas, contudo o responsável técnico

FIQUE LIGADO NA SAÚDE DE SEUS COLABORADORES:

O Responsável Técnico da Indústria, juntamente com o médico responsável pela elaboração do

Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional – PCMSO devem decidir juntos quais exames

laboratorias deverão ser submetidos os trabalhadores, em função do grau de manipulação dos alimentos

(BRASIL, 1994). Os médicos geralmente se preocupam exclusivamente com a saúde do trabalhador e não

com a qualidade sanitária dos alimentos, assim poderão deixar de indicar exames importantes tal como o

swab nasal-orofaringe e a coprocultura. Fique atento, uma cópia dos exames laboratorias devem ser

arquivadas na pasta funcional dos trabalhadores juntamente com o Atestado de Saúde Ocupacional – ASO e

deverá estar disponível para consulta pelos fiscais sanitários, inclusive o Código Sanitário de Minas Gerais,

instituído pela Lei nº 13.317/99, no 84 trata que “a autoridade sanitária poderá exigir exame clínico ou

laboratorial de pessoas que exerçam atividades em estabelecimentos sujeitos ao controle sanitario” (MINAS

GERAIS, 1999). Após a realização dos exames laboratoriais, verifique junto ao médico os resultados e

remaneje para funções outras os trabalhadores que estão portadores de microrganismo potencialmente

patogênico como a Salmonella spp. identificada através da coprocultura e que pode ser veiculada para o

alimento. Só depois que o trabalhador for tratado, repetir o exame e se o resultado for negativo para este

patógeno, ou qualquer outro identificado, ele poderá voltar para a sua função de manipulador de alimentos.

Se ligue no comportamento deste trabalhador, idas repetidas ao banheiro pode indicar problema de saúde,

faça-o se sentir à vontade para comentar sobre possíveis episódios de diarréia, vômitos, etc., que

representem risco ao alimento manipulado, assuma conduta de parceiro dos colaboradores, desenvolva

ações de cumplicidade e não de acusações, assim ganhamos todos!

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deve assinar o documento, considerando ser ele o responsável perante a Vigilância

Sanitária.

As estruturas dos POP’s variam conforme cada empresa, mas seu conteúdo

não deve deixar de possuir as seguintes informações:

1) Título; 2) Data da emissão; 3) Nº da revisão e/ou data; 4) Nº de folhas e/ou páginas; 5) Objetivo do procedimento; 6) Campo de Aplicação/abrangência; 7) Descrição do procedimento (fluxograma); 8) Frequência do procedimento; 9) Responsáveis pela atividade; 10) Formas de registros do procedimento.

Uma boa lida na RDC nº 275/2002/ANVISA vai direcioná-los a todas as

informações necessárias para elaborar este documento.

6.10.3 Análise dos Perigos e Pontos Críticos de Controle – APPCC

Para que o sistema de APPCC tenha sucesso:

1. Descreva o alimento produzido assim você irá conhecê-lo melhor. Informações a serem descritas: nome do produto, ingredientes, características importantes (Aw, pH, etc.), formas de uso do produto pelo consumidor, tipo de consumidor, características da embalagem, prazo de validade, locais de venda, modo de preparo, controles durante o transporte, controle durante o armazenamento, principais fontes de contaminação, microrganismos;

2. Para o APPCC: deverão ser descritas as etapas do processo; perigos biológicos, químicos ou físicos potenciais introduzidos, mantidos ou controlados em cada etapa; se esses perigos são potenciais à inocuidade do alimento; medidas preventivas em cada etapa; identificação dos pontos de controle de cada etapa ou se essa etapa é um ponto crítico de controle;

3. Descrever o fluxograma do processo produtivo permite leitura rápida dos pontos críticos de controle.

DICA: O QUE NÃO PODE DEIXAR DE CONSTAR NAS ROTINAS ESCRITAS SOBRE CONTROLE DA

POTABILIDADE DA ÁGUA?

Não esqueça de relatar sobre: nº de reservatórios, capacidades e constituição; linha de distribuição da rede; origem da

água (rede pública ou captação própria, esta última deverá ter outorga emitida pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas -

IGAM e seguir a Portaria nº 2.914/2011/MS (BRASIL,2011), e relatar sobre a forma de tratamento, análise diária de cloro

residual, análises microbiológicas e fisico-químicas, mapeamento dos pontos de coleta e identificação de tais pontos); se a

higienização do reservatório é própria ou realizada por empresa terceirizada, a qual deverá ter alvará sanitário concedido pela

VISA; produto utilizado para desinfecção, concentração e tempo de contato; periodicidade da higienização e critérios para a

higienização emergencial; instrumento de registro da higienização dos reservatórios; se reaproveita água residual para outros

processos, entre outros.

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O Codex Alimentarius preconiza 07 (sete) princípios para o APPCC, quais

sejam (OPAS, 2006):

1. Realizar Análise dos Perigos (avaliar os perigos em cada etapa do processamento, observar as práticas reais em cada etapa do processamento, medidas de controle dos perigos, etc.);

2. Estabelecer os Pontos Críticos de Controle - PCC (revisar os perigos identificados);

3. Estabelecer limites para os PCC (limites críticos e operacionais); 4. Estabelecer Procedimentos de monitoramento dos PCC (definir o que será

monitorado, medidas preventivas, frequência dos monitoramentos, etc.); 5. Estabelecer ações corretivas (desvios, registros dos desvios e ações

corretivas, etc.); 6. Estabelecer Procedimentos de Verificação do APPCC (descrever a atividade

de verificação, planos de amostragem e análise, etc.); 7. Estabelecer procedimentos de registro do APPCC (documentos de apoio,

registros dos monitoramentos de todos os PCC relatórios de auditorias, etc.).

Formar uma equipe para implantar ferramentas de controle é uma boa

estratégia para o sucesso, inclusive trazendo os executores das atividades para

discutirem sobre as propostas que se queiram implantar. Maiores informações

poderão ser obtidas através de sites de busca da internet digitando “APPCC –

Codex Alimentarius”. Pesquise também sobre a origem do APPCC - ele foi criado

pensando na saúde dos astronautas.

Programa 5 S e ISO 9000

5S: Surgiu no Japão na década de 1950 e foi aplicado após a 2a Grande Guerra, com a finalidade

de reorganizar o país quando vivia a chamada crise da competitividade. Este programa tem como objetivo

principal promover a alteração do comportamento das pessoas, proporcionando total reorganização da

empresa através da eliminação de materiais obsoletos, identificação dos materiais, execução constante de

limpeza no local de trabalho, construção de um ambiente que proporcione saúde física e mental e

manutenção da ordem implantada. A denominação 5S vem das iniciais das 5 palavras de origem japonesa:

Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke, que são as máximas do movimento (BRITTO; ROTTA, 2001

apud RABELLO, 2005). Foi adequado à língua portuguesa na forma de 5 sensos: de seleção (descarte), de

organização (ordenação), de limpeza (saúde), de padronização (sistematização) e de autodisciplina

(manutenção da ordem).

ISO: significa Organização Internacional para Normalização (International Organization for

Standardization ) localizada em Genebra, Suíça. A sigla ISO é uma referência à palavra grega ISO, que

significa igualdade. O propósito da ISO é desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam

o consenso dos diferentes países do mundo de forma a facilitar o comércio internacional. A ISO tem 130

países membros. A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT é o representante brasileiro. A ISO

9000 é um guia que descreve os fundamentos do sistema de gerenciamento da qualidade e especifica a sua

terminologia. O que significa obter a certificação ISO 9000? Significa que o Sistema de Qualidade da

Organização foi avaliado por uma entidade independente reconhecida por um organismo nacional de

acreditação, e considerado de acordo com os requisitos da norma ISO 9001. A certificação tem validade de 3

anos e depois desse tempo necessita ser renovado. Durante o tempo da certificação a empresa é auditada a

cada 6 meses (Disponível em <http://www.pgpconsultoria.com.br/servicos_iso9000.php> acesso em

25/01/2016.).

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6.11 Rastreabilidade na Indústria de Alimentos

Toda indústria de alimentos deve possuir controle pleno sobre cada lote de

produto industrializado. O lote de produto pode ser entendido como conjunto de

produtos de um mesmo tipo, processados pelo mesmo fabricante ou fracionador, em

um espaço de tempo determinado, sob condições essencialmente iguais (BRASIL,

2015a). Do exposto através de planilhas ou outro meio de registro a indústria deve

relacionar todos as matérias-primas/ingredientes utilizados na construção do lote do

produto que será exposto à venda, sendo possível identificar os fabricantes de cada

componente da formulação, suas validades, também seus lotes, e outras

informações que julgar necessárias. Além das matérias-primas/ingredientes é

necessário ter informações sobre os equipamentos utilizados e do manipulador que

operou este equipamento e/ou pesou os ingredientes e/ou manipulou manualmente

o alimento, entre outros. Ainda é necessário manter outros registros, como o da

higienização do equipamento antes da industrialização dos lotes de produtos. Esses

controles garantem identificar possíveis irregularidades, caso o alimento apresente

alguma inconformidade que o torna impróprio ao consumo. De cada lote produzido é

necessário reservar uma amostra de referência futura, em local segregado e de

acesso restrito até o expirar a sua validade, pois há de realizar estudos sobre a vida

de prateleira e caso ocorra problemas com lotes deste alimento exposto no comércio

varejista, seja identificado pelo consumidor ou através de análises realizadas pelos

órgãos fiscalizadores, você poderá utilizar a sua amostra para a realização de

possíveis análises e justificativas.

No dia 08 de junho de 2015, a ANVISA publicou a Resolução RDC nº 24 que

regulamenta sobre o recolhimento de alimentos e sua comunicação à ANVISA e aos

consumidores, portanto leiam com atenção esta norma (BRASIL, 2015a).

6.12 Controle Sanitário dos alimentos pós-mercado

São Atividades desenvolvidas com foco no processo e nos riscos, após a

alocação de produtos para o consumo, contudo a responsabilidade pela qualidade

do produto permanece conferida à indústria.

Entre estas atividades estão as ações de fiscalização para verificação da

implementação das boas práticas, vigilâncias das Doenças Veiculadas pelos

Alimentos, os programas de monitoramento da qualidade dos alimentos expostos ao

consumo, entre outros. Evidencia-se que após a entrada do produto no mercado o

consumidor adquire papel fundamental, fornecendo informações sobre a segurança

dos produtos consumidos.

Dentre as ações de monitoramento estão as coletas de alimentos realizadas,

em sua maioria nos comércios varejistas, com o objetivo de verificar de fato como

esse produto se apresenta ao consumidor.

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A ANVISA possui vários programas de monitoramento, já no Estado de Minas

Gerais há o PROGVISA - Programa de monitoramento da qualidade dos

alimentos comercializados no Estado de Minas Gerais. São objetivos do

PROGVISA o controle e fiscalização de diversos produtos alimentícios expostos ao

consumo, avaliação do padrão sanitário por meio de análises físico-químicas,

microbiológicas, contaminantes, microscopia e rotulagem. Os alimentos são

coletados no comércio varejista e escolhidos com base no elevado consumo pela

população, maior risco epidemiológico e disponibilidade no mercado local (MINAS

GERAIS, 2015).

Os alimentos coletados são encaminhados ao laboratório oficial de referência,

no caso Fundação Ezequiel Dias - FUNED, acondicionados em sacos-lacres,

identificados, acompanhados de um formulário denominado Termo de Coleta

(contendo os dados do produto, local da coleta, identificação do serviço de VISA

responsável pela coleta, assinaturas da autoridade sanitária e responsável pelo

comércio varejista, entre outros), para realização das análises. Geralmente é

realizada análise fiscal (coleta de amostra do produto apreendido pela autoridade

fiscalizadora competente e que servirá para verificar a sua conformidade com os

dispositivos das normas legais e regulamentares (CONASS, 2007).

As análises fiscais, na sua grande maioria são realizadas em triplicata, ou

seja, coleta-se três amostras de um mesmo lote (a quantidade a ser coletada de

cada alimento vai depender dos tipos de análises que se queiram realizar),

colocando-se as quantidades definidas previamente em cada saco-lacre, num total

de três sacos-lacres.

Um saco-lacre ficará sob guarda do comércio varejista, que deverá manter a

integridade do alimento até que a VISA se posicione, dois seguirão para o

laboratório oficial.

Sendo analisada a primeira amostra e o resultado for insatisfatório, pode ser

requerida abertura de Processo Administrativo Sanitário - PAS, a depender do risco

ao consumidor. O fabricante será comunicado do laudo insatisfatório e terá o direito

a recorrer contra o laudo insatisfatório comunicando ao serviço de VISA

responsável pela coleta, o interesse em realizar a análise de contra-prova da

amostra que se encontra de posse do estabelecimento varejista.

A VISA irá liberar a amostra para o fabricante que deverá comparecer ao

laboratório da Fundação Ezequiel Dias, em dia e hora marcados para acompanhar a

abertura desta amostra e o início dos ensaios, podendo inclusive ir acompanhado de

um técnico de sua confiança que tenha conhecimento sobre as análises que serão

realizadas.

No caso de um segundo laudo condenatório, os lotes envolvidos podem ter

sua interdição cautelar e recolhimento determinados no âmbito do Estado, por meio

de resolução da autoridade sanitária publicada no Diário Oficial do Estado, devendo

também ser dado ciência à ANVISA para possíveis intervenções a nível federal

(CONASS, 2007).

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Já se a segunda análise apresentar resultado satisfatório é realizada análise

na terceira amostra que estava de posse do laboratório, identificada como amostra

testemunho. O resultado desta amostra irá definir o andamento das medidas a

serem adotadas, ou seja, resultado insatisfatório ensejará em processo

administrativo, interdição cautelar, se for o caso, entre outros. Se resultado for

satisfatório encerra-se o processo, porém não excluirá a necessidade de realização

de inspeção sanitária na indústria e outros cuidados baseados no princípio da

precaução.

6.13 Higiene das mãos na indústria de alimentos

Manter abastecidos os dispensadores de sabão líquido e antisséptico, e os

suportes de papel toalha dos lavatórios de mãos são essenciais para contribuir para

a correta higienização das mãos dos manipuladores de alimentos. É necessário que

seja previsto na área de manipulação de alimentos um lavatório exclusivo para esta

finalidade e que treinamentos sejam implementados para reforçar a importância

desta conduta dentro das indústrias de alimentos. São indicadas torneiras com

acionamento automático, papel de secagem de mãos de primeiro uso (não

reciclados) ou outros sistemas seguros e higiênicos. Armazene comprovantes que

atestem que os insumos de lavagem das mãos tem propriedades antissépticas.

6.14 Indústrias Clandestinas

Podemos inferir que indústrias clandestinas são aquelas que não possuem

autorização dos órgãos fiscalizadores para comercializar os alimentos que produz,

não recolhe impostos, entre outras.

No que tange à VISA, são indústrias que não foram vistoriadas pelas

autoridades sanitárias competentes para que se comprovasse sua capacidade

técnica, operacional, de infraestrutura, recursos humanos, que garantam a

inocuidade do alimento produzido, portanto o alimento foi produzido às escondidas

da fiscalização, na informalidade.

Essa é uma realidade que deve ser encarada de frente pela VISA, pois o

Brasil é um dos campeões nesse território. Nada menos do que 52,6% dos

brasileiros que praticam alguma atividade remunerada gravitam em ambientes

informais. Os dados estão em estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

(IPEA) feitos com base em informações do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE). O problema é crescente, especialmente nas regiões

metropolitanas, e dentro delas no setor de serviços (JUNIOR, 2004).

Existem duas visões sobre o setor informal. A primeira delas parece entendê-

lo como a utilização de recursos ilícitos. Para ganhar alguma vantagem competitiva,

perante uma legislação não muito boa, onde as regras mudam, a sociedade não se

sente suficientemente convencida de que deve enquadrar o informal, o sujeito que

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emprega o dumping ou algum outro recurso ilícito, explica Ricardo Paes de Barros,

pesquisador do Ipea (JÚNIOR, 2004). Quem defende esta visão, acredita que o

problema se resolve arrumando as leis e combatendo a burla à legislação. A

segunda visão identifica várias vantagens em uma pessoa optar por ser informal. A

ela faltaram oportunidades, como educação, acesso ao crédito ou até mesmo

herança familiar. Neste caso, a informalidade tem raízes em coisas que o Estado

deixou de fazer (JÚNIOR, 2004).

É necessário estabelecer diálogo com esses informais e sensibilizá-los a

buscar a formalidade, pois o que se quer é que todos ganhem, o produtor e o

consumidor, para tanto há de requerer condições mínimas para o funcionamento

destas indústrias e ao mesmo tempo negociar com os produtores sobre tais

condições mínimas, uma vez que ele também precisa de sua fonte de renda.

A VISA está apta a negociar sobre as condições de cada empreendedor, no

que se refere às condições higiênico-sanitárias, ela também possui uma face de

educação sanitária, intervindo em prol da saúde da coletividade, contudo há de se

entender as ações mais energéticas quando tomadas por este órgão, pois medidas

mais firmes sempre são respaldadas pelo risco verificado.

Se o Brasil conseguir atrair mais empresas para a formalidade, a tendência é

de que elas busquem aumentar a sua eficiência e produtividade. A economia

brasileira ganhará. A estimativa da McKinsey é de que o PIB brasileiro poderia

crescer dois pontos percentuais por ano se apenas 20% das empresas que

atualmente estão na informalidade fossem incorporadas à economia formal

(JÚNIOR, 2004).

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REFERÊNCIAS

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edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Segunda edição, Rio de Janeiro:

ABNT, 2004.

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Comprovação da Segurança de Alimentos e Ingredientes. 2013. Disponível em:

<http://ANVISA.gov.br/wps/s/r/ev>. Acesso em: 15 nov. 2014. (2013a)

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Agenda Regulatória Biênio 2013/2014.

Define e divulga os temas prioritários para atuação regulatória da Agência Nacional

de Vigilância Sanitária. Brasília, DF, 24 de setembro de 2013. (2013b)

ANVISA. Informe Técnico nº 26, de 14 de junho de 2007. Procedimento para indicação do

uso de aroma na rotulagem de alimentos. Disponível em <

http://portal.ANVISA.gov.br/wps/content/ANVISA+Portal/ANVISA/Inicio/Alimentos/Assuntos+

de+Interesse/Informes+Tecnicos> Acesso em: 21 dez. 2014.(2007b)

ANVISA, IDEC. Vigilância Sanitária: Alimentos, Medicamentos, Produtos e Serviços de

Interesse À Saúde. Guia Didático. Agência Nacional de Vigilância Sanitária e Instituto de

Defesa do Consumidor, Brasília, DF,112p. (2007b)

BARRETO, D. Noções Básicas do Direito Administrativo e Sanitário. Mimeo, 2000.

BRASIL. Lei Federal nº 6.437, de 20 de agosto de 1977. Confira as infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências. Brasília, DF, de 24 de agosto de 1977.

BRASIL. Decreto-Lei nº 986, de 21 de outubro de 1969. Institui normas básicas

sobre alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,

21 out. 1969. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-

lei/Del0986.htm>. Acesso em: 04 jan. 2016

BRASIL. Lei 8080/1990, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 19 set. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm>. Acesso em: 10 ago. 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 1.428, de 26 de novembro 1993. Regulamento técnico para inspeção sanitária de alimentos - cod-100 a 001.0001. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2 dez. 1993. Seção I.

BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria nº 24, de 29 de dezembro de 1994. Aprovar o texto

da Norma Regulamentadora nº 7 - Exames Médicos. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 30 dez, 1994, Seção I, pág. 21.278 e 21.280.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria n° 326, de 30 de

julho de 1997. Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de boas

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170

práticas de fabricação para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, DF, de 1 ago. 1997. Seção I. (1997a)

BRASIL. Ministério da saúde. Portaria nº 540, de 27 de outubro de 1997. Aprova o

regulamento técnico: aditivos alimentares - definições, classificação e emprego. Diário

Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 28 out. 1997. (1997b)

BRASIL. Lei n. 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o sistema nacional de vigilância

sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e dá outras providências. Diário

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, DF, 27 jan. 1999. p. 1. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9782.htm>. Acesso em: 11 ago. 2014. (1999a)

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 18, de

30 de abril de 1999. Aprova o regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas para

análise e comprovação de propriedades funcionais e ou de saúde alegadas em rotulagem

de alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 3 mai.

1999. (1999b)

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária .Resolução nº 16, de

30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico de Procedimentos para registro de

Alimentos e ou Novos Ingredientes, constante do anexo desta Portaria. Diário Oficial [da]

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 03 dez. 1999, Seção 1.(1999c)

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 17, de

30 de abril de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as Diretrizes Básicas

para a Avaliação de Risco e Segurança dos Alimentos. Oficial [da] República Federativa

do Brasil, Brasília, DF, 03 dez. 1999, Seção 1. (1999d)

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução nº 18, de

30 agosto de 1999. Aprova o Regulamento Técnico que estabelece as diretrizes básicas

para análise e comprovação de propriedades funcionais e ou de saúde alegadas em

rotulagem de alimentos, constante do anexo desta portaria. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 03 mai. 1999. (1999e)

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Resolução nº 23, de

15 de março de 2000. Dispõe sobre o Manual e Procedimentos Básicos para Registro e

Dispensa da Obrigatoriedade de Registro de Produtos Pertinentes à Área de Alimentos.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 mar. 2000.

BRASIL. I Conferência Nacional de Vigilância Sanitária: caderno de textos. Brasília/DF:

Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2001, 183p. (2001a)

BRASIL. Eixo I, Texto 2: O que fazer com a Vigilância Sanitária? Cadernos de Textos da

Conferência Nacional de Vigilância Sanitária. Conferência Nacional de Vigilância Sanitária,

Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasília, DF, 2001. (2001b)

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº

12, de 02 de janeiro de 2001. Aprova o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos

para alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 10 jan.

2001. (2001c)

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171

BRASIL. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Portaria nº 157, de 19 de

agosto de 2002. Aprova o regulamento técnico metrológico estabelecendo a forma de

expressar o conteúdo líquido a ser utilizado nos produtos pré-medidos. INMETRO, Diário

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 20 ago. 2002. (2002a)

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº

259, de 20 de setembro de 2002. Aprova o regulamento técnico de alimentos embalados.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 set. 2002. (2002b)

BRASIL. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o regulamento técnico de procedimentos operacionais padronizados aplicados aos estabelecimentos produtores/ industrializadores de alimentos e a lista de verificação das boas práticas de fabricação em estabelecimentos/ industrializadores de alimentos. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 out. 2002. Disponível em: < http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/5125403/4132350/ResoluuoRDC27521.10.2002.pdf>. Acesso em: 10 jul. 2016. (2002c)

BRASIL. Resolução nº 340, de 13 de dezembro de 2002. As empresas fabricantes de

alimentos que contenham tartrazina (INS 102) devem obrigatoriamente declarar na

rotulagem, na lista de ingredientes, o nome do corante tartrazina por extenso. (2002d)

BRASIL. Decreto nº 4.680, de 24 de abril de 2003. Regulamento o direito à informação,

assegurada pela Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, quanto aos alimentos e

ingredientes alimentares destinados ao consumo humano e animal que contenham ou

sejam produzidos a partir de organismos geneticamente modificados, sem prejuízo do

cumprimento das normas aplicáveis. Diário Oficial da União, Brasília, DF, de 25 de abril

de 2003 e republicada Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,

DF, 28 abr. 2003. (2003a)

BRASIL. Lei 10.674, de 16 de maio de 2003. Obriga que os produtos alimentícios

comercializados informem sobre a presença de glúten, como medida preventiva e de

controle da doença celíaca. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, DF,

19 mai. 2003. (2003b)

BRASIL. Resolução RDC nº 359, de 23 de dezembro de 2003. Aprova o regulamento

técnico de porções de alimentos embalados para fins de rotulagem nutricional. Diário

Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 dez. 2003. (2003c)

BRASIL. Resolução RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003. Aprova regulamento técnico

sobre rotulagem nutricional de alimentos embalados, tornando obrigatória a rotulagem

nutricional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 dez.

2003. (2003d)

BRASIL. Portaria nº 2.658, de 22 de dezembro de 2003. Regulamento para o emprego do

símbolo transgênico. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,

Seção I, 26 dez. 2003. (2003e)

BRASIL. Resolução RDC nº 204, de 06 de julho de 2005. Regulamenta o procedimento de

petições submetidas À análise pelos setores técnicos da ANVISA e revoga a RDC nº 349,

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172

de 03/12/2003. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 07

jul. 2005. (2005a)

BRASIL. Lei n. 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º

do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de

fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e

seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a

Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional

de Biossegurança – PNB, revoga a Lei n. 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida

Provisória n. 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da Lei n.

10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Diário Oficial [da]

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 28 mar. de 2005. (2005b)

BRASIL. Resolução RDC nº 263, de 22 de setembro de 2005. Aprova o regulamento técnico

para produtos de cereais, amidos farinhas e farelos. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 set. 2005. (2005c)

BRASIL. Resolução RDC nº 222, de 28 de dezembro de 2006. Dispõe sobre os

procedimentos de petição e arrecadação eletrônica no âmbito da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária - ANVISA de suas coordenadorias estaduais e municipais de

Vigilância Sanitária e dá outras providências. Agência Nacional de Vigilância Sanitária,

2006.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: Texto constitucional

promulgado em 05 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas

Constitucionais nos 1/92 a 56/2007 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão de

nos 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008, 464p.

BRASIL. Resolução RDC nº 52, de 22 de outubro de 2009. Dispõe sobre o funcionamento

de empresas especializadas na prestação de serviço de controle de vetores e pragas

urbanas e dá outras providências.

BRASIL. Resolução RDC nº 19, de 05 de maio de 2010. Dispõe sobre a obrigatoriedade

das empresas informarem à ANVISA a quantidade de fenilalanina, proteína e umidade

dos alimentos, para elaboração de tabela do conteúdo de fenilalanina em alimentos,

assim como disponibilizar as informações nos sítios eletrônicos das empresas ou

serviços de atendimento ao consumidor (SAC). Agência Nacional de Vigilância Sanitária,

2010. (2010a)

BRASIL. Resolução RDC nº 27, de 06 de agosto de 2010. Dispõe sobre as categorias de

alimentos isentos e com obrigatoriedade de registro sanitário. Agência Nacional de

Vigilância Sanitária, 2010. (2010b)

BRASIL. Resolução RDC nº 59, de 17 de dezembro de 2010. Dispõe sobre os

procedimentos e requisitos técnicos para a notificação e o registro de produtos saneantes e

dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,

DF, Seção 1, nº 244, 22 dez. 2010. (2010c)

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173

BRASIL. Resolução RDC nº 07, de 18 de fevereiro de 2011. Dispõe sobre os Limites

Máximos Tolerados (LMT) para micotoxinas em alimentos. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, Seção I, nº 46, 09 mar. 2011. (2011a)

BRASIL. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de

controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de

potabilidade. (2011b)

BRASIL. Resolução RDC nº 11, de 16 de fevereiro de 2012. Dispõe sobre o

funcionamento de laboratórios analíticos que realizam análises em produtos sujeitos

à Vigilância Sanitária e dá outras providências. Agência Nacional de Vigilância Sanitária,

2012. (2012a)

BRASIL. Resolução RDC nº 54, 12 de novembro de 2012. Dispõe sobre o regulamento

técnico sobre informação nutricional complementar. Diário Oficial [da] República

Federativa do Brasil, Brasília, DF, 12 nov. 2012. (2012b)

BRASIL. Resolução RDC nº 49, de 31 de outubro de 2013. Dispõe sobre a regularização

para o exercício da atividade de interesse sanitário do microempreendedor individual, do

empreendimento familiar rural e do empreendimento econômico solidário e dá outras

providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, de 1º

Nov. 2013.

BRASIL. Resolução RDC nº 14, de 28 de março de 2014. Dispõe sobre matérias estranhas

macroscópicas e microscópicas em alimentos e bebidas, seus limites de tolerância e dá

outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF,

Seção I, nº 61, 31 mar. 2014. (2014a)

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC n. 54, de 7 de outubro

de 2014. Dispõe sobre o Regulamento Técnico sobre enzimas e preparações enzimáticas

para uso na produção de alimentos em geral. Diário Oficial [da] República Federativa

do Brasil, Brasília, DF, 8 out. 2014. (2014b)

BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC N° 24, de 08 de junho de 2015. Dispõe

sobre o recolhimento de alimentos e sua comunicação à ANVISA e aos consumidores.

Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil nº 107, Brasília/DF, 09 jun. 2015.

(2015a)

BRASIL. Resolução RDC nº 26, de 02 de julho de 2015. Dispõe sobre os requisitos para

rotulagem dos principais alimentos que causam alergias alimentares. Diário Oficial [da]

República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 03 jul. 2015. (2015b)

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estabelecimentos destinados à promoção, proteção e recuperação da saúde do

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MINAS GERAIS. Lei nº 13.317, de 24 de setembro de 1999: Contém o Código de Saúde

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Horizonte, MG, 1999.

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procedimentos e a documentação necessários para requerimento e protocolo de

concessão/renovação de Licença Sanitária e padroniza procedimento de emissão de

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ANEXO A - Categoria de Alimentos Dispensados de Registro: preenchendo Anexo X da Resolução nº 23/2000 (Fonte: Res. nº 23/2000/ANVISA

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Ao preencher o Anexo X siga as seguintes instruções:

O formulário poderá ser baixado para digitação através do portal da ANVISA: http:portal.anvisa.gov.br – Alimentos (clicando em ASSUNTOS) – Empresas – Registros e Autorizações – Formulários e Modelos – Comunicação de Início de Fabricação;

Preencher quantas cópias do verso do formulário for necessário para informar todos os produtos com início de fabricação pela indústria;

Os documentos deverão ser preenchidos à máquina ou com letra de forma legível, não podendo conter rasuras;

Os formulários devem ser preenchidos em 03 (três) vias, sendo que uma delas é devolvida ao usuário como recibo, após protocolização no serviço de Vigilância Sanitária responsável pelo licenciamento;

No preenchimento dos campos quadriculados devem ser consideradas as seguintes informações:

cada quadrícula deve conter apenas um caractere alfanumérico;

em se tratando de campo numérico, iniciar com o preenchimento sempre da direita para a esquerda;

em se tratando de campo alfabético, iniciar o preenchimento pela primeira quadrícula à esquerda, deixando sempre uma quadrícula em branco entre as palavras ou expressões;

campo quadriculado com mais de uma linha deve ser considerado como única linha de preenchimento, não sendo consideradas as regras de divisão silábica na mudança de linha e utilização de hífen;

quando o campo for insuficiente para a informação, devem ser mantidas as palavras-chave e abreviadas as demais, sem prejuízo do entendimento da informação. Não será aceita folha em anexo para complementação do nome, marca e etc.

Campos do formulário:

Anexo X - Frente:

Campo A (Recebimento VISA/Data): a indústria deverá deixar esse campo em branco uma vez que o preenchimento é de uso exclusivo da VISA;

Campo B (Dados da empresa detentora do produto/marca): preencher completamente as informações requeridas da indústria que é detentora dos produtos e responsável pela comunicação do início de fabricação;

Campo C (Dados da unidade fabril): dados do estabelecimento que produz o alimento. A detentora da marca/produto pode terceirizar a produção, portanto os dados do Campo B e C poderão não ser coincidentes;

Campo D (Termo de responsabilidade): preencha a data do início de fabricação dos produtos; o prazo previsto em dias para iniciar a comercialização; nome da cidade sede da indústria produtora ou detentora da marca/produto; nome do responsável pela empresa e apor a assinatura do detentor da marca/produto;

Campo E (Dados da Inspeção na Indústria): a indústria não deverá preencher este campo que é de uso exclusivo da VISA, que irá completar com a data da última inspeção realizada na Unidade Fabril.

Anexo X - Verso:

Campo F (Produtos dispensados de registro com fabricação iniciada), preencher:

o número de CNPJ da empresa detentora do produto/marca;

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o número do CNPJ da unidade fabril;

controle dos anexos (ex. se forem cadastrados 06 produtos o processo de dispensa será composto de 03 folhas, sendo uma frente e duas verso, portanto teremos folhas 01 de 03, folhas 02 de 03 e folha 03 de 03);

categoria: utilizar o número do código disponível na Resolução RDC nº 27/2010;

descrição da categoria: utilizar a descrição disponível na Resolução RDC nº 27/2010;

preencher o nome completo do alimento, por exemplo: biscoito de polvilho, farinha de mandioca, pão de mel, café torrado e moído, etc.;

tipos de embalagens: neste campo preencher apenas os dados da embalagem primária, ou seja, daquela que entra em contato direto com o alimento. Caso sejam utilizadas embalagens de constituição diferentes todas devem ser declaradas. Informe também o volume da embalagem, por exemplo: saco de polietileno 50 g; pote de vidro 500 g, etc.;

validade e perspectiva comercial marque os campos que couber ao alimento.

Uma vez preenchido o Anexo X e protocolado na VISA não caberá mais renovação

deste documento, exceto se ocorrer mudança na legislação, alteração no tipo de

embalagem, unidade fabril e outras informações que forem alteradas pela indústria.

Pretende-se criar um sistema, a ser gerido pela ANVISA, para preenchimento

online pelas indústrias, validação online pelas VISAs e consultas online pelos interessados.

VAI UM EXEMPLO DE CÓDIGO E CATEGORIA?

A descrição deverá ser coerente com o número da categoria. Suponhamos que se quer cadastrar o

seguinte alimento: Biscoito de polvilho. Este alimento está inserido no Regulamento Técnico para

produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos, regulamentado pela Resolução RDC nº 263, de

22/09/2005/ANVISA (BRASIL, 2005c). Portanto deverá ser utilizado o código 4300151 e a descrição

será: Produtos de cereais, amidos, farinhas e farelos. Para localizar a categoria do alimento que se

quer cadastrar acesse: http://portal.anvisa.gov.br – Em ASSUNTOS clique em Alimentos(canto

esquerdo da tela) – Legislação – Legislação por Categoria de produto. Boa busca!!!

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ANEXO B - Lista de documentos para requerer o Alvará Sanitário (Fonte:

Resolução SES MG nº 4.300/14 e Lei nº 13.317/99/CS/MG)

I - Requerimento de Concessão/Renovação da Licença Sanitária (trata de um documento padronizado, cujo modelo está disponível na referida Resolução); II - Termo de Responsabilidade Técnica perante a Vigilância (trata de um documento padronizado, cujo modelo está disponível na referida Resolução); III - Alvará de Localização e Funcionamento (comentário: este documento é emitido pela prefeitura do município onde a indústria estiver instalada); IV - Documento de constituição da empresa, fundação, autarquia, órgão (contrato social, estatuto ou legislação de criação do estabelecimento); V - Prova de habilitação legal válida do Responsável Técnico (RT) junto ao Conselho de Classe, conforme exigências da categoria profissional (comentário: esse documento é a carteira profissional); VI - Comprovação de vínculo do RT com a empresa, expedida pelo Conselho profissional, quando aplicável (comentário: esse documento recebe nomes variáveis, a depender do Conselho de Classe, como por exemplo: Certificado de Responsabilidade Técnica - CRT, devendo constar que o RT é responsável pelas boas práticas de fabricação e outras atividades que for assumir a exemplo: laboratório de controle de qualidade); VII - projeto arquitetônico aprovado pela Vigilância Sanitária ou documento equivalente previsto em legislação (quando exigido em legislação específica) (comentário: não protocole os documentos originais que se referem ao projeto, estes devem ficar arquivados na indústria, basta anexar cópia do referido projeto que se compõe de plantas baixas com carimbos da vigilância sanitária estadual, RAPA, Relatório Técnico, Parecer Técnico, Memorial Descritivo, ART emitida pelo CREA ao autor do projeto, comprovante de pagamento do DAE); VIII - comprovante de pagamento da Taxa de Expediente referente à fiscalização da Vigilância Sanitária por meio de Documento de Arrecadação Estadual (DAE), quando aplicável (comentário: os valores a serem recolhidos variam conforme atividade econômica realizada, contudo todos os recolhimentos deverão ser realizados no código 159-4). As instruções para preenchimento deste documento estão no item 6 deste Instrutivo;

Observações:

Para fins de renovação da Licença Sanitária, os documentos para instrução do processo previstos nos incisos IV e VII somente deverão ser reapresentados no caso de alteração na constituição da empresa ou da área física. (comentário: caso não tenha havido alterações nesses dois itens é importante informar através de correspondência subscrita pelo responsável legal ou técnico a inexistência de alterações na área física e anexar o documento “Parecer Técnico” emitido pela vigilância sanitária estadual que se encontra compondo a documentação do projeto arquitetônico e relatar a não alteração, por exemplo, no contrato social de constituição da indústria);

Conforme artigo 85 da Lei nº 13.317/99 CS/MG “Os estabelecimentos sujeitos ao controle e à fiscalização sanitária terão alvará sanitário expedido pela autoridade sanitária competente, municipal ou estadual, conforme habilitação e condição de gestão, com validade de um ano a partir de sua emissão, renovável

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por períodos iguais e sucessivos, devendo sua renovação ser requerida no mínimo 120 dias antes do término de sua vigência”.

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ANEXO C - Programa físico-funcional mínimo para indústria de alimentos

(anexo 10 da DIEF/SES/MG)

Documento estabelecido pela SES/MG para definir os requisitos básicos

observados em projetos de construção, reforma e ampliação de indústria

alimentícia e produtos afins, encaminhados à DIEF - Diretoria de Infraestrutura

Física para análise e parecer. Define as áreas mínimas, contudo a definição final

das áreas irá depender da tecnologia empregada, do tipo de alimento produzido,

dentre outras especificidades do ramo de atividade que se requeira análise:

Programa Físico-Funcional mínimo:

Sala(s) administrativa(s) com entrada exclusiva; Sanitário(s) exclusivo(s) da(s) sala(s) administrativa(s), anexo(s) ou

contíguo(s) à(s) sala(s) administrativa(s); Área coberta para descarga de matéria-prima e embalagens; Área coberta com tanque, para recepção/separação de gêneros; Salas distintas para armazenamento de: gêneros perecíveis e não

perecíveis; frascos e material de embalagem; produtos acabados. Sala(s) exclusiva(s) e com acesso(s) restrito(s) para processamento de

gêneros, com área compatível com o volume de produção, conforme a natureza dos produtos;

Área distinta para acondicionamento e rotulagem dos produtos fabricados; Área para referência futura com acesso restrito; Área com acesso restrito para armazenamento de insumos reprovados, de

produtos refugados e/ou devolvidos; Boxe para lavagem de utensílios utilizados na produção; Área para expedição de produtos acabados, com área coberta anexa para

carga; Laboratório microbiológico caso exigido em legislação pertinente; Refeitório/copa dotada de bancada com pia, bebedouro e lavatório(s), com

área compatível com o número de usuários; Vestiários para funcionários, da área de produção, diferenciados por sexo,

de acordo com as normas do Ministério do Trabalho, dispondo de área para escaninhos e troca de roupa, além de banheiro anexo dotado de chuveiro(s) e bacia(s) sanitária(s) em boxes individualizados;

Depósito de material de limpeza, com tanque - DML; Abrigo de recipientes de resíduos sólidos (lixo), de acordo com sua

natureza, provido de ponto de água, vão de ventilação protegido por tela milimétrica, ralo sifonado com fechamento hídrico e abertura de porta no sentido de fuga;

Banheiro opcional e em local de fácil acesso externo, para ajudantes e motoristas de caminhão;

Casa de máquinas com área compatível com o porte dos equipamentos, quando necessária;

Demais ambientes de acordo com as especificidades de cada indústria.

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Requisitos específicos:

Setorização e localização de áreas e ambientes, de tal forma a garantir um fluxo linear de produção, sem retorno e trânsito indesejável pelas demais áreas, desde a recepção de matéria-prima e embalagens até a expedição do produto acabado, para evitar contaminação cruzada;

Leiaute adequado, principalmente nas áreas de produção, de tal forma a não dificultar o deslocamento de equipamentos, pessoal e os serviços de manutenção e limpeza;

Entrada de matéria-prima diferenciada da saída de produto acabado; Bancada com pia nas salas de processamento de alimentos líquidos e

semissólidos; Área anterior à sala de processamento de alimentos sólidos ou boxe

fechado até o teto provido de bancada com pia e exaustão; Lavatório(s) estrategicamente situado(s) nas áreas de produção; Largura das circulações compatível com sua utilização, ou seja, mínimo de

1,50m para cargas e 1,20m para trânsito de pessoal; Abertura das portas das áreas críticas no sentido de fuga, em vez de portas

corrediças, devendo a largura dessas portas ser compatível com o porte dos equipamentos;

Monta-carga para transporte vertical de carga em edificação com mais de um pavimento;

Tela milimétrica nas janelas e demais aberturas das áreas não estanques, para evitar entrada de aves, insetos e roedores;

Ralo sifonado com fechamento hídrico, nos ambientes onde forem instalados;

Depósito de gases separado do corpo do prédio, de acordo com orientações do Corpo de Bombeiros.

Observações:

Este Anexo está sujeito a atualizações; Os projetos de prevenção e combate a incêndio deverão ser aprovados pelo

Corpo de Bombeiro; Consultar as normas pertinentes, bem como os Anexos 01, 18 e 23

específicos da DIEF – Diretoria de Infraestrutura Física da SES/MG; Os projetos deverão ser encaminhados à DIEF para análise e parecer

exclusivamente através das Gerências Regionais de Saúde ou Superintendências Regionais de Saúde à qual as indústrias estão vinculadas, acompanhados do RAPA – Requerimento de Aprovação de Projeto Arquitetônico;

Projeto devolvido à DIEF para reavaliação deverá ser acompanhado de cópia da Análise Preliminar anterior;

É de responsabilidade do autor do projeto o cumprimento das normas vigentes sobre projetos físicos desta natureza, assim como a correção das inadequações que, eventualmente, venham a ser detectadas pela DIEF, antes da aprovação definitiva do projeto.

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ANEXO D - Documentação para o protocolo de projetos arquitetônicos

(Fonte: NUVISA/SRS/URA)

Deve ser apresentada a seguinte documentação:

A) Projeto arquitetônico em duas vias:

O projeto deverá conter no mínimo Planta Baixa com layout (escala 1/50) e dimensionamento completo dos ambientes e esquadrias, representação das cotas de nível, cortes, fachadas, planta de cobertura, planta de situação/locação;

No carimbo da(s) prancha(s) deverá constar a identificação do estabelecimento – razão social/nome fantasia, endereço, nome/assinatura do proprietário e do autor do projeto, data e identificação da prancha.

Obs.: Estabelecimentos que contarem com projeto anterior aprovado pela Vigilância Sanitária

deverão encaminhar cópia deste juntamente com o Parecer Técnico correspondente, para fins de

comparação com a nova proposta.

B) Relatório Técnico em duas vias contendo:

Dados cadastrais do estabelecimento (razão social, endereço, CNPJ, proprietário);

Descrição dos objetivos e das atividades do estabelecimento: tal descrição é imprescindível, uma vez que, a análise da área física depende destas informações – em linhas gerais deve ser descrita sua finalidade, fluxograma dos processos industriais desde a entrada da matéria-prima até a saída do produto acabado; relação das matérias- primas e embalagens utilizadas; descritivo das etapas de produção e da tecnologia empregada nela; nº de funcionários (masculino e feminino) por turnos de trabalho; alimentos a ser produzidos, volume médio mensal de produção, volume médio de ingredientes e matérias-primas estocadas; se serão produzidos alimentos sem glúten ou lactose ou outro produto que pode ser alergênico para um grupo populacional;

Descrição sobre a coleta, o volume aproximado, acondicionamento temporário, transporte e destinação dos resíduos sólidos;

Demais informações que possam contribuir na compreensão do funcionamento do estabelecimento e consequentemente do projeto;

No caso da indústria possuir cozinhas/restaurantes/refeitórios industriais informar número de refeições produzidas por turno (citar nº de refeições servidas no refeitório e nº marmitex, este último quando couber); nº de funcionários (masculino e feminino) por turnos de trabalho;

No caso da indústria possuir ambulatório médico: descrever os procedimentos de enfermagem e médicos que serão realizados; se pretende estocar e administrar medicamentos; esterilizar materiais/quais, etc.;

No caso da indústria possuir laboratório de controle de qualidade: ensaios que serão realizados, nº médio previsto de cada ensaio mês.

OBS. Relatório deve conter data de elaboração e assinatura dos responsáveis legal e

técnico do estabelecimento.

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C) Requerimento de aprovação de projeto - RAPA preenchido e assinado;

O formulário está disponível no site: www.saude.mg.gov.br. No campo de buscas digite “Requerimento de aprovação”, depois em “documentação necessária”, “RAPA” e imprimir.

D) Cópia da ART-CREA ou CAU de autoria do projeto quitada.

Todo projeto deve obrigatoriamente estar assinado por um arquiteto ou engenheiro.

E) Memorial Descritivo do projeto

Descrição das soluções adotadas em projeto, considerações gerais sobre fluxos internos e externos, especificação básica de materiais de acabamento (piso, teto e parede) e, a depender do tipo de estabelecimento, relação de equipamentos, etc.

F) Comprovante de pagamento do DAE:

Para imprimir o Boleto do DAE para pagamento:

1) entre no site da Secretaria Estadual de Fazenda, através do link fornecido na pergunta 6 deste Instrutivo e siga aqueles mesmos passos. Cite no campo Informações Complementares: “análise de projeto arquitetônico de indústria de alimentos”. Resumidamente segue os passos:

http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/documentos_arrecadacao/dae.htm - clique em “DAE Avulso – SIARE” e preencha corretamente os campos solicitados: Identificação do estabelecimento: informe CNPJ ou CPF; Tipos de receita: Taxas - Receita: código 159-4 (Taxa de expediente de saúde pública); Valor: calcular 0,5 UFEMG* X área construída, reformada, ampliada ou adequada (*UFEMG = sofre variação de valores anualmente, consulte o serviço de Vigilância Sanitária ou Secretaria da Fazenda Estadual.)

Obs.: São isentos da taxa os estabelecimentos públicos ou filantrópicos. No

último caso apresentar comprovação filantropia.

Ou através do site:

2) www.saude.mg.gov.br > no campo de busca digite “DAE “ - desça o cursor

até Serviços e clique na caixa indicada Prestação de Contas DAE - clique no

Link: http//daeonline.fazenda.mg.gov/DAEOnline/índexOrgaoServico.jsp:

Em Emissão clique em Receita Órgãos Estaduais (canto esquerdo da tela); Preencha os campos solicitados: Tipo de identificação: informe CNPJ ou CPF Identificação: informe o nº do CNPJ ou CPF Órgão Público: Fundo Estadual de Saúde

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Serviço do Órgão Público: selecione “Análise de Projeto estabel. sujeito ao controle sanitário”;

Quanto ao valor, calcule: 0,5 UFEMG X m2 de área construída.

G) Memória de cálculo das áreas, quando não for isento da taxa pública. Trata

de planta evidenciando apenas o perímetro da edificação e as áreas passíveis

de análise.

Observações:

1) A apresentação da memória de cálculo é obrigatória quando for necessária mais de uma operação aritmética para calcular as áreas a construir, reformar e ampliar do estabelecimento.

Deverá ser apresentado o perímetro por pavimento, em escala reduzida,

das áreas a construir, reformar e ampliar (se for o caso), subdividido em

polígonos regulares devidamente cotados e calculados, sendo indispensável a

indicação das operações aritméticas, bem como a indicação de ângulos, raios e

diâmetros utilizados no cálculo de cada polígono e de formas circulares (Vide

Exemplos 1 e 2).

Exemplo 1:

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Exemplo 2:

2) Para impressão do RAPA e consulta sobre a documentação consulte também: www.saude.mg.gov.br. No campo de buscas digite “projetos arquitetônicos” - desça o cursor até encontrar a caixa de texto com este título). Neste endereço eletrônico consulte também os anexos:

Anexo 01 - informações sobre a documentação necessária, o

Relatório Técnico, a representação gráfica do projeto e o

dimensionamento mínimo de alguns ambientes;

Anexo 18 - informações sobre a elaboração da memória de cálculo;

Anexo 23 - informações sobre materiais de acabamento;

Anexo 10 – Ambientes mínimos de indústria de alimentos.

Caso não consiga acessá-los dirija-se a um Serviço de Vigilância Sanitária

e solicite os documentos.

3) Os projetos arquitetônicos somente devem ser apresentados quando

elaborados de acordo com as orientações acima (Planta Baixa com layout na

escala 1:50, dimensionamento completo dos ambientes e esquadrias,

representação das cotas de nível, cortes, fachadas, planta de cobertura,

planta de situação/locação) e acompanhados dos documentos relacionados. A

falta de qualquer documento, a falta de assinaturas nos documentos,

MEMÓRIA DE CÁLCULO

ÁREA CÁLCULO M2

Térreo

A1 7,55*5,30 40,01

A2 5,20*8,05 41,86

A3 0,50*5,30 2,65

A4 ... ...

A5 ... ...

A6 ... ...

Sub-loja

A7 ... ...

A8 ... ...

A9 ... ...

A10 ... ...

A11 ... ...

A12 ... ...

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informações incompletas, etc. obriga o serviço de vigilância sanitária a

devolver a documentação, atrasando a análise dos projetos e aumentando

custos.

4) É importante lembrar que a análise dos projetos é uma atividade minuciosa

e detalhada, que leva um determinado tempo. O prazo para emissão do

Parecer da Vigilância Sanitária (com aprovação ou não do projeto) vai

depender do número de projetos acumulados para avaliação no momento, da

qualidade do projeto apresentado, das informações complementares

apresentadas, etc. Desta maneira é imprescindível que o projeto seja

apresentado previamente ao início de atividades do estabelecimento.

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ANEXO E: Check list para verificação dos dizeres básicos de rotulagem (Fonte: adaptações de FUNED)

Item Informação Legislação Atende

Observações Sim Não Não Aplica

01

Denominação de Venda

Item 6.1 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA e

Regulamento Técnico específico do alimento de

acordo com a categoria que pertence

02 Lista de Ingredientes Item 6.2 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA

03 Aditivos Item 6.2.4 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA

04

Corantes/Aromas

Artigos 13, 14, 15 e 16 e 17 da Resolução RDC nº

2/200; Decreto-Lei nº 986/1969; Informe Técnico

nº 26, de 16/06/07/ANVISA

05 Glúten Artigo 1º da Lei nº 10.674/2003

06

Conteúdo Líquido

Itens 3.1, 3.7, 4.1, 5.1 da Portaria nº

157/2002/INMETRO

07 Corante Amarelo Tartrazina – INS 102 Artigo 1º da Resolução RDC nº 340/2002/ANVISA

08 Identificação de origem Item 6.4 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA

09 Identificação do lote Item 6.5 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA

10 Prazo de validade Item 6.6 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA

Cuidados especiais de conservação Item 6.6.2 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA

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11

12 Instruções sobre o preparo e uso do

alimento, se couber

Item 6.7 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA

13

Denominações, símbolos, emblemas,

ilustrações que causam equívoco, erro,

confusão ou engano

Item 3.1 alínea “a” da Resolução RDC nº

259/02/ANVISA

14

Informação Nutricional

Resolução RDC nº 359/03/ANVISA, Resolução

RDC nº 360/03/ANVISA, Resolução RDC nº

163/06/ANVISA, Informe Técnico nº 36/08.

15 Apresentação e Distribuição da

Informação Obrigatória

Item 8 da Resolução RDC nº 259/02/ANVISA

16 Informação Nutricional Complementar

(Light; Rico em...; Fonte...)

Resolução RDC nº 54, de 12/11/2012, Resolução

RDC nº 269, de 22/09/05/ANVISA

17 Advertência “Fenilalanina” Resolução RDC nº 19, de 05/05/10/ANVISA

18 Alimentos Diet Portaria nº 29, de 13/01/98

19 Organismos geneticamente

modificados como ingrediente

Decreto nº 4.680, de 24/04/03; Portaria nº 2.658,

de 22/04/2003

20 Alimentos alergênicos Resolução RDC nº 26, de 02 /07/2015/ANVISA

Obs. Alimentos para fins especiais (praticantes de atividade física, nutrição enteral, lactentes, etc.) consulte site da ANVISA.

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APÊNDICE A - Orientações para emissão do Documento de Arrecadação

Estadual – DAE, através do site da receita fazendária estadual

A. Digite na barra de endereços: http://www.fazenda.mg.gov.br – ao abrir a página clique apenas uma vez, pausadamente, nos seguintes ícones que vão aparecendo. Nada de “dedinho nervoso”, espere a página abrir e vá observando com cautela as informações:

B. Empresas (campo superior da tela); C. Documentos de Arrecadação (lado esquerdo da tela); D. Documentos de Arrecadação Estadual (DAE): clique na opção DAE Avulso –

SIARE, localizada ao final da tela; E. Na tela “Grupo de Receita”: clique apenas na caixa em frente à opção

“Taxas” e escolha a opção: “OUTRAS TAXAS” e depois no ícone “CONFIRMAR”;

F. Para iniciar o preenchimento do DAE: Observe a opção “filtro” e clique na caixa “Selecione o tipo de

identificação” escolhendo a opção CNPJ ou CPF ou Inscrição Estadual. O CPF é uma opção para pessoas físicas, as indústrias deverão optar pelo CNPJ ou inscrição estadual.

Na caixa localizada em frente ao ícone “Identificação” preencha os dados do CNPJ, CPF ou da Inscrição estadual, conforme você tenha escolhido na caixa acima citada. Logo após clique em “PESQUISAR”. Aguarde o sistema localizar os demais dados e realizar o auto preenchimento dos dados: Identificação do Contribuinte;

No campo Dados para Emissão do DAE:

Na caixa “Selecione taxa” localizada em frente ao ícone Taxas: escolha a opção: “0159-4 – TAXA DE EXPEDIENTE – SAÚDE PÚBLICA”.

No ícone data do vencimento: escolha a data em que o documento será pago, caso opte pelo mês de março, por exemplo, digite o último dia deste mês, assim você poderá pagar a taxa até este dia. Cuidado se ultrapassar esta data, no ato do recolhimento você pagará multas. Você poderá realizar a digitação da data (dia, mês e ano) diretamente na caixa vazia ou escolher clicando no calendário ao lado.

No ícone “Período de referência”: basta marcar o mês e ano que você escolheu na caixa acima;

No ícone “Receita (R$)”: digitar na caixa à frente o “valor em Reais” a ser recolhido, por exemplo, se quer recolher o valor de 106 UFEMG’s (valor devido para a atividade de fabricação de açúcar em bruto), antes do preenchimento desta caixa, será necessário transformá-la para valor em Real, Exemplo: 106 UFEMG’s X R$ 3,0109 (valor de cada UFEMG no ano de 2016) = R$ 319,1554, arredonda-se para R$319,15.

No ícone “Total”: repita o valor lançado no ícone Receita (R$); No ícone “Informações complementares”: preencha resumidamente o que

se requer com esse recolhimento: por exemplo: “Requerimento de renovação de alvará sanitário” ou “substituição das informações do responsável técnico no Alvará Sanitário”.

No Ícone “GERAR DAE”: verifique todos os dados e depois é só clicar neste campo e o documento será gerado para impressão e pagamento.

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Consulte os valores da UFEMG para o ano em exercício acessando:

http://www.fazenda.mg.gov.br/empresas/legislacao_tributaria/resolucoes/ufemg.h

tm. Após a emissão e pagamento do DAE, ela terá validade de 01 (um) ano, para

apresentação nos órgãos públicos, devendo estar devidamente paga. Vencendo-

se esse período deverá haver novo recolhimento.

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APÊNDICE B - E-mails de contato das Vigilâncias Sanitárias do Estado de Minas

Gerais e Diretoria de Vigilância Sanitária de Alimentos.

SRS Alfenas: [email protected] SRS Barbacena: [email protected] SRS Belo Horizonte: [email protected] SRS Coronel Fabriciano: [email protected] SRS Diamantina: [email protected] SRS Divinópolis: [email protected] SRS Governador Valadares: [email protected] GRS Itabira: [email protected] GRS Ituiutaba: [email protected] GRS Januária: [email protected] SRS Juiz de Fora: [email protected] GRS Leopoldina: [email protected] GRS Manhumirim: [email protected] SRS Montes Claros: [email protected] SRS Passos: [email protected] SRS Patos de Minas: [email protected] GRS Pedra Azul: [email protected] GRS Pirapora: [email protected] SRS Ponte Nova: [email protected] SRS Pouso Alegre: [email protected] GRS São João Del Rei: [email protected] SRS Sete Lagoas: [email protected] SRS Teófilo Otoni: [email protected] GRS Ubá: [email protected] SRS Uberaba: [email protected] SRS Uberlândia: [email protected] GRS Unaí: [email protected] SRS Varginha: [email protected]

Diretoria de Vigilância Sanitária de Alimentos: [email protected]

Obs. Cada regional de saúde é responsável pela assessoria técnica, entre outras atividades a determinado

número de município. Abaixo segue Mapa do território de abrangência da Superintendência Regional de Saúde

de Uberaba.

Fonte: imagem adaptada de MALACHIAS et al.,PDR, 2013

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APÊNDICE C - Sites de interesse

ANVISA: http://portal.anvisa.gov.br

INMETRO: http://www.inmetro.gov.br/

PROCON/MG: https://www.mpmg.mp.br/areas-de-atuacao/defesa-do-

cidadao/consumidor/apresentacao/

Ministério da Saúde: http://portalsaude.saude.gov.br/

Ministério da Agricultura: http://www.agricultura.gov.br/

IMA: http://www.ima.mg.gov.br/

SES/MG: http://www.saude.mg.gov.br/

CRQ/MG: http://www.saude.mg.gov.br/

CREA/MG: http://www.crea-mg.org.br/

CRN/MG: http://www.crea-mg.org.br/

Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais: http://www.fazenda.mg.gov.br/

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ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

Você está sendo convidado(a) para participar da pesquisa intitulada Atuação dos

Responsáveis Técnicos nas Indústrias de Alimentos: Interface entre

Instituições de Ensino Superior, Vigilância Sanitária e Conselhos Profissionais,

sob a responsabilidade da pesquisadora Ivone Maria de Melo Carneiro.

Nesta pesquisa busca-se investigar, elaborar levantamento e realizar estudo

sobre o perfil ou perfis das competências dos responsáveis técnicos de

indústrias de alimentos requeridas pela normatização sanitária, pelos

conselhos de classes profissionais e as abordagens desse tema por parte das

instituições de ensino de nível superior. A partir desse estudo analítico

pretende-se indicar ações para maior alinhamento entre a formação, as

necessidades do mercado e as exigências legais para desempenho da

responsabilidade técnica.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será obtido pela pesquisadora Ivone

Maria de Melo Carneiro nas Instituições de Ensino Superior - IES localizadas no

município de Uberaba que ofertam graduações em nutrição, engenharia de

alimentos, tecnologia de alimentos e engenharia química; em conselhos de classe

desses cursos e em órgão estadual de Vigilância Sanitária sediado no município de

Uberaba.

Na sua participação você deverá responder a instrumentos de pesquisa, sendo

questionários para alunos e formulários para profissionais das IES, Vigilância

Sanitária e Conselhos Profissionais. Ainda os profissionais das instituições

mencionadas terão entrevistas filmadas e gravadas e após a transcrição das

gravações para a pesquisa as mesmas serão desgravadas.

Em nenhum momento você será identificado. Os resultados da pesquisa serão

publicados e ainda assim a sua identidade será preservada.

Você não terá nenhum gasto e ganho financeiro por participar na pesquisa.

Você não sofrerá riscos físicos ou morais em participar desta pesquisa e os

benefícios serão estendidos à coletividade, uma vez que pretende através de uma

análise crítica dos dados coletados contribuir para substanciar a formação

acadêmica e profissional dos Responsáveis Técnicos da área de alimentos e

consequentemente contribuir para a produção de alimentos adequados ao consumo

humano.

Você é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento sem nenhum

prejuízo ou coação.

Uma via original deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com você.

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Qualquer dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato com:

Ivone Maria de Melo Carneiro (34) 9113-5036 [email protected]; [email protected] Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia de Alimentos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro Campus Uberaba Poderá também entrar em contato com o Comitê de Ética na Pesquisa – Centro Universitário do Triângulo: Av. Nicomedes Alves dos Santos, nº 4545, bloco E, 3º Piso – Uberlândia –MG, CEP: 38411-106; fone: 34-4009-9039; Professora Orientadora: Profa. Dra Déborah Santesso Bonnas (34) 3233-8817 ou [email protected]

Uberaba, ....... de ........de 2015

______________________________________________________________ Ivone Maria de Melo Carneiro – RG: MG-9.201.250 PCMG

Eu aceito participar do projeto citado acima, voluntariamente, após ter sido

devidamente esclarecido.

____________________________________________________________

Participante da pesquisa:_______________________________________

RG nº_______________________________________________________

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ANEXO B

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ANEXO C