(2) fisioterapia na osteoartrose de joelho

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5/11/2018 (2)FisioterapiaNaOsteoartrosedeJoelho-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/2-fisioterapia-na-osteoartrose-de-joelho 1/84 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS UCG TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO ATRAVÉS DA CINESIOTERAPIA EM OSTEOARTRITE DO JOELHO LAIS ROBERTA LIMA SANDRA BORGES JAYME GOIÂNIA - GO 2003

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁSUCG

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO ATRAVÉS DACINESIOTERAPIA EM OSTEOARTRITE DO JOELHO

LAIS ROBERTA LIMASANDRA BORGES JAYME

GOIÂNIA - GO2003

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LAIS ROBERTA LIMASANDRA BORGES JAYME

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO ATRAVÉS DACINESIOTERAPIA EM OSTEOARTRITE DO JOELHO

Monografia elaborada como exigência parcial paraaprovação na disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso II,e obtenção do título de Bacharel em Fisioterapia.

Professor Especialista: Maurício Antônio de Farias

GOIÂNIA - GO2003

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LAIS ROBERTA LIMASANDRA BORGES JAYME

TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO ATRAVÉS DA

CINESIOTERAPIA EM OSTEOARTRITE DO JOELHO

GOIÂNIA-GO, ____ / ____ / ____

____________________ _______________________ _________________ ______Nome Assinatura Instituição Nota

____________________ _______________________ _________________ ______Nome Assinatura Instituição Nota

____________________ _______________________ _________________ ______Nome Assinatura Instituição Nota

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DEDICATÓRIA

Dedicamos e agradecemos essa conquista a

Deus e aos nossos pais Carlos Alberto,Aline, Edgar e Sônia por serem nossoauxílio, e por estarem sempre presentesnesta etapa tão importante de nossas vidas.Obrigado, queridos pais, por tudo quefizeram por nós sem pedir nada em troca.Obrigado pelo sonho realizado, sobretudo,obrigado pela lição de amor que nosensinaram durante toda as nossas vidas.Amamos vocês!!!

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AGRADECIMENTOS

O nosso agradecimento aos professoresque acompanharam nossos passos duranteesta trajetória…E o nosso sincero agradecimento aosnossos orientadores Maurício e Adroaldoque estenderam as mãos durante todo esteprocesso de aprendizagem e acima de tudose tornaram nossos amigos.Nosso sincero afeto e respeito. Muitoobrigado!

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“Sonhar, apesar das desilusões,caminhar, apesar dos obstáculos.Lutar, apesar das barreiras,Acreditar, acima de tudo.”

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SUMÁRIO

  LISTA DE TABELA.................................................................................................8

1  INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

ANATOMIA DO JOELHO ................................................................................. 112.1 Ossos do joelho ............................................................................................... 11

2.2 Articulações e ligamentos ................................................................................ 12

2.3 Cápsula articular e membrana sinovial ........................................................... 14

2.4 Meniscos ......................................................................................................... 15

2.5 Bursas .............................................................................................................. 15

2.6 Músculos e tendões ......................................................................................... 16

2.7 Estruturas neurovasculares .............................................................................. 17

3  MOVIMENTOS FISIOLÓGICOS E BIOMECÂNICA (CINESIOLOGIA) ...... 18

4  OSTEOARTRITE ................................................................................................ 21

4.1 Conceito e definições ...................................................................................... 21

4.2 Epidemiologia ................................................................................................. 23

4.3 Classificação e etiologia da osteoartrite .......................................................... 25

4.4 Fatores de risco ............................................................................................... 28

4.5 Fisiopatologia .................................................................................................. 304.6 Quadro clínico ................................................................................................. 35

4.7 Repercussões funcionais da osteoartrite de joelhos ........................................ 39

4.8 Diagnóstico ..................................................................................................... 41

4.8.1 Laboratorial ............................................................................................ 42

4.8.2 Radiografia e imagem ............................................................................ 43

4.8.3 Diagnóstico diferencial .......................................................................... 46

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4.8.4 Avaliação física do joelho osteoartrítico ................................................ 47

5  CINESIOTERAPIA ............................................................................................. 48

5.1. Conceito ......................................................................................................... 48

5.2. Técnicas ......................................................................................................... 48

6  TRATAMENTO .................................................................................................. 54

6.1 Tratamento medicamentoso ............................................................................. 55

6.2 Tratamento não-medicamentoso ...................................................................... 56

6.3 Tratamento cirúrgico ........................................................................................ 57

6.4 Tratamento fisioterapêutico ............................................................................. 58

7  TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO ATRAVÉS DA CINESIOTERAPIA

EM OSTEOARTRITE DE JOELHO .................................................................... 61

7.1 Aplicação da Cinesioterapia e seus recursos ................................................... 63

8  CONCLUSÃO ..................................................................................................... 68

9  REFERÊNCIAS ................................................................................................... 69

10  ANEXOS .............................................................................................................. 77

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação da Osteoartrite pelo número e localização das articulaçõesenvolvidas .................................................................................................... 26

Tabela 2 - Efeitos da Osteoartrite e da Artrite Reumatóide (AR) sobre a estrutura e afunção das articulações segundo Bennet apud Hall e Brody (2001)............ 38

Tabela 3 - Índice de Lequesne (Gravidade de Osteoartrite de Joelho).......................... 40

Tabela 4 - Classificação Radiológica quanto ao grau da Osteoartrite segundo Kellgreen(1979) ........................................................................................................... 44

Tabela 5 - Correlação anátomo-radiológica segundo Seda apud Moreira e Carvalho(2001) ........................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos, processaram-se inúmeras revoluções e descobertas

tecnológicas, grandes avanços na medicina, grandes processos no tratamento de

inúmeras doenças, bem como a assistência prestada por equipes multidisciplinares aos

pacientes, mudanças sócio-econômicas, entre outras.

Conforme Silvestre et al. (1996) em conseqüência, constata-se que a

expectativa de vida em nível mundial aumentou. Entretanto, o objetivo de estudo não é

discutir sobre a expectativa de vida do homem atual, e sim estudar os efeitos que essa

sobrevida pode causar aos indivíduos, principalmente no que diz respeito a mobilidade

excessiva ou prolongada do corpo e/ou ausência de mobilidade, que com o passar do

tempo, trarão danos degenerativos às articulações de apoio ou carga.

Segundo Bennet apud  Trueta (1990); Winkel et al (1997) e Novaes (2000)

nenhuma outra articulação do corpo humano sofre com tanta freqüência alterações de

suas funções e de sua estabilidade como a articulação do joelho. Além de seu

complicado mecanismo e estrutura, é ainda uma articulação de descarga de peso e de

constante movimentação, o que favorece a instalação de doenças degenerativas.

A osteoartrite (OA) é sem dúvida a afecção mais freqüente do sistema

músculo-esquelético e a que mais está relacionada com o envelhecimento biológico e

pode ser secundária a outros eventos (SCOTT et al, 1998 e VAD et al, 2002).É uma condição comum que afeta milhões de pessoas anualmente (VAD et 

al, 2002). Ela ocupa o terceiro lugar na lista dos segurados da Previdência Social, que

corresponde a 65% das causas de incapacidade, que recebem auxílio-doença, sendo

apenas superada pelas doenças mentais e cardiovasculares segundo dados do Ministério

da Saúde. Apresenta-se como resultado da interação de várias causas e modelos clínicos

e não como entidade nosológica isolada (VAD et al.,2002). É uma das principais causas

de dor e incapacidade funcional gerando enorme carga econômica para a comunidade,

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tanto em gastos médicos como sociais, sendo grande causa de afastamento do trabalho

(KELLGREN, 1981; NOVAES, 1997). Além da dor há diminuição importante da

amplitude de movimento (ADM) e da força muscular que acarreta limitação funcional

interferindo nas atividades de vida diária (AVD’s) (MARQUES et al, 1998).

Até os tempos atuais não foi encontrada a cura para a osteoartrite, entretantoas terapias utilizadas pela fisioterapia visam controlar os sintomas, minimizar as

desabilidades, prevenir possíveis complicações e reduzir a progressão da destruição da

articulação e propiciar aos pacientes continuar suas atividades com mínimas

deficiências social e funcional (SCOTT, 1998).

A cinesioterapia, através dos exercícios terapêuticos melhora o quadro geral

fisiológico e físico do indivíduo, com a intenção de melhorar ou recuperar o movimento

e deixar a função livre de sintomas (KISNER e COLBY, 1998). Por assim ser, os

exercícios terapêuticos (cinesioterapia) desempenham papel fundamental na reabilitação

dos doentes portadores de osteoartrite (GARDINER, 1995).

Este trabalho tem como objetivo enfatizar a anatomofisiologia do joelho,

descrever os principais recursos da cinesioterapia e o tratamento cinesioterapêutico

utilizado em osteoartrite de joelho, através de um estudo bibliográfico.

Fundamenta-se em referências bibliográficas nacionais e internacionais,

periódicos, jornais e revistas científicas. Foram encontrados também artigos científicos

nos sites de busca: Medline, Pubmed, Biblioteca Cochrane, Lilacs e as palavras

utilizadas na busca foram: osteoartrite, fisioterapia, cinesioterapia, abordagem

cinesioterapêutica e articulação do joelho.

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2 ANATOMIA DO JOELHO

O joelho é a articulação intermédia do membro inferior que tem como

função a locomoção e a sustentação do peso corporal (FATTINI, 1998; KAPANDJI,

2000). O joelho é uma grande juntura sinovial do corpo humano e também uma das

mais complexas. Segundo Kapandji (2000), é uma articulação classificada como

gínglimo, realiza flexão-extensão e de forma acessória possui um segundo grau de

liberdade, a rotação sobre o eixo longitudinal da perna que só aparece quando o joelho

está flexionado. O joelho trabalha essencialmente em compressão pela ação da

gravidade.

2.1 OSSOS DO JOELHO

O joelho é composto de três ossos: fêmur, tíbia e patela (GROSS, 2000).

O fêmur é o maior osso do esqueleto, proximalmente se articula com o quadril e

distalmente com a tíbia, ele dirige-se inferior, medial e anterior e convergindo para os

 joelhos e se expande em duas massas volumosas, os côndilos medial e lateral do fêmur

(FATTINI, 1998). Esses côndilos anteriormente recebem a patela na face patelar, issoacontece somente quando a perna está fletida pelo menos a 90o (MAGEE, 2002).

Posteriormente os côndilos são separados pela fossa intercondilar. Ambos apresentam

pequena projeção nas suas superfícies não articulares, o epicôndilo medial e lateral

(WINKEL et al, 1997).

A tíbia é também um osso longo fortemente unida à fíbula, entretanto,

apenas a porção proximal da tíbia articula-se com o fêmur; a fíbula não faz parte da

articulação do joelho. A tíbia possui uma plataforma destinada a articular-se com a

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extremidade distal do fêmur. É constituída pelos côndilos medial e lateral, que são dois

platôs côncavos, com faces articulares na sua parte superior, separadas pela eminência

intercondilar que possui o tubérculo intercondilar medial e intercondilar lateral que

penetram na eminência intercondilar do fêmur quando o joelho se estende. A tíbia

possui ainda uma robusta projeção óssea, a tuberosidade da tíbia, a qual se destina àfixação do músculo quadríceps pelo tendão patelar (LOCKHART, 1992).

Ambos os côndilos femorais são convexos, o medial é assimétrico e se

estende distalmente muito mais que o lateral, enquanto este é ligeiramente mais largo

no centro da chanfradura intercondilar, isso para compensar a angulação medial da

diáfise femoral (MAGEE, 2002; WINKEL et al, 1997). A assimetria condilar contribui

para o mecanismo de pivô, que ocorre durante a extensão terminal do joelho;

contribuindo para o mecanismo de travamento. Esse mecanismo é a rotação interna

femoral acoplada com a rotação externa tibial (LOCKHART, 1992).

A patela é um osso sesamóide, tem forma triangular, uma base superior e um

ápice dirigido inferiormente, está inserida no tendão do músculo quadríceps da coxa. A

face anterior é convexa com sulcos verticais, é rugosa para permitir a inserção do

ligamento patelar (FATTINI, 1998). A face posterior articular é mais lisa e desliza pela

tróclea femoral. Ela apresenta duas áreas separadas por uma ligeira elevação, a lateral é

maior que a medial, e na flexão tem contato maior com o fêmur (LOCKHART, 1992).

2.2 ARTICULAÇÕES E LIGAMENTOS

Funcionalmente, o joelho possui duas articulações tibiofemurais

(tíbiofemural medial e tibiofemural lateral) e uma patelofemural (FATTINI, 1998). A

articulação tibiofemural é a propriamente dita do joelho e a patelofemural possibilita o

mecanismo de extensão do joelho ( WINKEL et al, 1997).Segundo Gross (2000) as faces articulares da articulação tibiofemural são

formadas pela extremidade distal do fêmur e pela extremidade superior da tíbia. Os dois

côndilos femorais grandes, bulbosos e convexos se apoiam em um platô tibial côncavo.

A tróclea femural em forma de V entre eles articula-se com a patela.

Conforme Schenck e Heckman (1993), todos esses compartimentos estão

contidos dentro da mesma cápsula articular e estão em continuidade. O compartimento

patelofemoral (patela e tróclea femoral) estão localizados na face anterior do joelho. Na

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flexão a patela desliza caudalmente ao longo da linha intercondilar; na extensão desliza

cranialmente (KISNER e COLBY, 1998). Em extensão do joelho a patela articula-se

com a bolsa suprapatelar (bursa), em uma flexão de 10o a 20o ela articula-se com a

cartilagem hialina da parte proximal da tróclea femoral, à partir dos 20o o contato da

patela com o fêmur é total (SCHENCK e HECKMAN, 1993).O compartimento tibiofemural medial compreende o côndilo femoral medial

(platô), o menisco medial e o côndilo medial tibial côncavo, está localizado na metade

medial do joelho. O compartimento tibiofemural lateral inclui o côndilo lateral femural,

menisco lateral e platô plano tibial lateral, está localizado na metade lateral da

articulação do joelho (LOCKHART, 1992).

De acordo com Montgomery (1996), na articulação tibiofemural, a bainha

femoral normal não é paralela à bainha tibial. A tíbia possui uma orientação valga em

relação ao fêmur, o grau exato varia entre os indivíduos. No joelho valgo a tíbia distal é

um pouco mais afastada da linha média criando uma aparência de joelho para dentro, no

  joelho varo a tíbia distal está angulada próximo da linha média criando aparência de

perna em arco.

Segundo Hothschild (2001), o alinhamento tibiofemural é extremamente

importante no balanceamento do vetor de força entre os compartimentos tibiofemural

medial e lateral durante a sustentação de peso. No joelho com alinhamento anatômico

normal, a sustentação do peso é igualmente distribuída nos dois compartimentos. O

excesso de sustentação de peso em um compartimento leva a uma degeneração da

cartilagem e à osteoartrite precoce, e o alinhamento piora à medida que aumenta a

destruição da cartilagem.

A estabilidade do joelho segundo Kisner e Colby (1998) depende

estaticamente dos ligamentos colateral medial e lateral e os ligamentos cruzados

anterior e posterior.

O ligamento colateral medial (tibial-LCM) é uma estrutura larga, plana eachatada, nasce no epicôndilo medial do fêmur e dirige-se para o menisco medial e a

tíbia. Ele é responsável pela estabilidade em valgo do joelho. O ligamento colateral

lateral (fibular-LCL) tem formato de corda e vai do epicôndilo lateral do fêmur à cabeça

da fíbula, fundindo-se com a inserção do bíceps femural. Ele restringe primariamente o

estresse em varo do joelho (MAGEE, 2002).

Os ligamentos cruzados anterior e posterior ficam intra-articulares e extra-

sinoviais na linha média do joelho. O ligamento cruzado anterior (LCA) fixa-se no platô

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tibial antero-medial e adota um trajeto póstero-lateral, enrolando-se ao redor do

ligamento cruzado posterior e fixa-se na superfície póstero-medial do côndilo femural

lateral. Ele previne o deslocamento anterior da tíbia sobre o fêmur e também de rotação

interna da tíbia sobre o mesmo (GROSS, 2000).

O ligamento cruzado posterior (LCP) é maior que o LCA em diâmetro.Localiza-se em uma depressão na tíbia posterior entre os dois platôs, sobe na direção

antero-medial fixando-se na superfície lateral do côndilo femural medial. Ele previne o

deslizamento posterior da tíbia em relação ao fêmur (WINKEL et al, 1997).

2.3 CÁPSULA ARTICULAR E MEMBRANA SINOVIAL

Segundo Fattini (1998) a cápsula articular da articulação do joelho é delgada

e membranosa posteriormente e está fixada aos côndilos femural e tibial. Anteriormente

ela é substituída em grande parte pelo tendão do ligamento patelar. Lateral e

medialmente se estende do fêmur distal até a tíbia.

A cápsula está ausente entre o tendão do quadríceps e a face anterior do

fêmur, permitindo que a membrana sinovial forme uma ampla prega nesta região e

constitua a bolsa suprapatelar. Posteriormente, a cápsula articular apresenta uma fenda

através da qual emerge o músculo poplíteo (WINKEL et al, 1997).

Há abaixo da patela o coxim adiposo infrapatelar (ou bolsa infrapatelar),

fonte de muita dor nos compartimentos inferior e anterior do joelho, em virtude de sua

inervação. Quando há aumento de volume nesse coxim e há inflamação, a dor pode ser

severa pela maior pressão exercida pelo pólo anterior da patela (MAGEE, 2002).

De acordo com Mont (2001), a flexão do joelho leva ao enchimento da fenda

da qual emerge o músculo poplíteo, enquanto a bolsa suprapatelar se enche durante o

movimento de extensão do joelho.A membrana sinovial do joelho é a mais extensa e complexa do corpo e, em

geral reveste a cápsula articular e as estruturas intra-articulares (FATTINI, 1998).

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2.4 MENISCOS

Os meniscos, ou cartilagens semi-lunares, são duas estruturas

fibrocartilaginosas, intracapsulares e cada um deles cobre aproximadamente dois terços

da superfície tibial. A superfície superior de cada menisco é côncava e articula-se comos côndilos femurais, a superfície inferior é plana e apóia-se sobre a superfície articular

tibial (MAGEE, 2002).

Eles funcionam como coxins cartilaginosos, absorvendo os choques

produzidos na deambulação, tornam mais congruentes as superfícies ósseas que se

articulam, funcionam na transmissão de força e na estabilidade da articulação

(SCHENCK, HECKMAN, 1993; FATTINI, 1998).

O menisco medial tem a forma de letra C, está inteiramente aderido à

cápsula articular e ao ligamento colateral medial. Está mais propenso a lesões pela

mobilidade reduzida nos movimentos rotatórios súbitos da articulação do joelho. O

menisco lateral apresenta-se como um círculo quase completo, suas fixações periféricas

a uma cápsula frouxa e a ausência de fixação ao ligamento colateral lateral são

responsáveis pela maior mobilidade do menisco lateral, sendo menor os riscos de lesão

(MAGEE, 2002; FATTINI, 1998).

2.5 BURSAS

As bursas são importantes para diminuírem o atrito entre as estruturas,

reduzir a fricção e assim proteger a articulação. Geralmente não são palpáveis, a menos

que estejam inflamadas e aumentadas. A inflamação de qualquer bursa criará derrames

localizados (GROSS, 2000).

A bursa pré-patelar está localizada logo anteriormente à patela. Essa bursacria maior liberdade de movimento para a pele que cobre a parte anterior da patela. A

bursa infrapatelar superficial está localizada logo anterior ao ligamento patelar, a

inflamação é freqüente quando se ajoelha excessivamente. A bursa infrapatelar

profunda está localizada diretamente atrás do ligamento patelar (GROSS, 2000).

Segundo Rozman (1999), a bursa anserina (da pata de ganso) está localizada

entre a tíbia e a inserção da aponeurose da pata de ganso, não é palpável, exceto se

estiver inflamada.

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A bursa gastrocnêmio-semimembranoso está localizada na fossa poplítea, é

conhecida como cisto de Baker, se inflamada é facilmente visível e palpável se o joelho

estiver em extensão, o cisto é móvel e normalmente indolor. Qualquer tipo de derrame

no joelho pode causar o desenvolvimento do cisto de Baker (GROSS, 2000).

2.6 MÚSCULOS E TENDÕES

Segundo Magee (2002), Kapandji (2000), os músculos que cruzam a

articulação do joelho consistem nos músculos monoarticulares e biarticulares que atuam

como agonistas, antagonistas e estabilizadores.

Os músculos anteriores primários são os componentes do quadríceps femoral

que atuam como os principais extensores do joelho: vasto lateral, vasto medial, vasto

intermédio, vasto medial oblíquo, geno-articular e reto femoral, sendo este biarticular,

atuando também como flexor do quadril. O tendão de inserção destas porções do

quadríceps é único e é continuado pelo ligamento patelar que se estende do ápice da

patela à tuberosidade da tíbia. Dinamicamente, o comprimento do reto femoral e do

tendão patelar é de primordial importância para permitir o deslizamento patelar livre

durante a flexão e a extensão (FATTINI, 1998; MAGEE, 2002; GROSS, 2000).

Os principais músculos posteriores são os isquiotibiais (jarrete): bíceps

femoral, semitendinoso e semimembranoso, exceto a porção curta do bíceps femoral,

todos esses músculos são bi-articulares, agindo na extensão da coxa e na flexão do

  joelho. A ação destes músculos sobre uma das duas articulações depende

essencialmente da posição da outra articulação, ou seja, é quase impossível estender a

coxa com a perna totalmente fletida, os músculos ficam muito encurtados (FATTINI,

1998).

Na face póstero-medial do joelho encontra-se a fossa poplítea (“pata deganso”), formada pelo grupo muscular pés anserinos composto pelos músculos grácil,

sartório e semitendinoso. Atuam na flexão do joelho (MAGEE, 2002; SCHENK e

HECKMAN, 1993).

O músculo poplíteo reveste o redor da região póstero-lateral da tíbia para

inserir-se no epicôndilo femural lateral. Ele fornece a força rotacional para a tíbia no

fêmur, assim como a resistência contra o movimento posterior da tíbia sobre o fêmur,

ele atua no destravamento do joelho, no início da flexão partindo da extensão (MONT,

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2001).

O tensor da fáscia lata origina-se na superfície anterior da crista ilíaca e

dirige-se distalmente entre as camadas do trato tibial e insere-se ântero-lateralmente na

tíbia proximal (tubérculo de Gerdy’s). No joelho produz extensão e rotação lateral

através do trato iliotibial. Através deste, o glúteo máximo ajuda indiretamente aestabilizar o joelho em extensão (MAGEE, 2002).

As cabeças medial e lateral do músculo gastrocnêmico originam-se da região

posterior do fêmur e também flexionam o joelho (SCHENK e HECKMAN, 1993).

2.7 ESTRUTURAS NEUROVASCULARES

Segundo Gross (2000), os nervos e vasos sangüíneos que envolvem o joelho

são estruturas intrínsecas e vulneráveis a lesões.

Várias são as artérias que irrigam o joelho: fibulares, tibiais, poplítea,

geniculares. A artéria poplítea é firmemente aderida ao hiato do adutor, mergulha em

direção à perna sob o músculo sóleo, onde a artéria é também fixada seguramente. A

artéria medial genicular fornece um rico suprimento sangüíneo aos ligamentos cruzados

intra-articulares. A inervação sensorial para ambos os ligamentos cruzados acompanha

o suprimento vascular. A drenagem venosa da articulação ocorre por veias

correspondentes que acompanham as artérias (SCHENCK e HECKMAN , 1993).

O joelho tem suprimento nervoso a partir dos ramos oriundos de L2 a S3, dos

quais fazem parte o nervo obturador, femoral, tibial e fibular. Os nervos tibial e fibular

atravessam a face posterior do joelho e também são estirados por fraturas ou

deslocamentos ao redor do joelho. O nervo fibular é lesado mais freqüentemente do que

o tibial (SCHENCK e HECKMAN, 1993; MONT, 2001).

Segundo Gross (2000), a cartilagem articular não possui nenhum suprimentonervoso direto. A informação proprioceptiva ocorre por intermédio de terminações

nervosas localizadas no periósteo e nos ligamentos cruzados, enquanto que a

sensibilidade da dor e pressão vem de terminações nos ligamentos colaterais e cápsula.

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3 MOVIMENTOS FISIOLÓGICOS E BIOMECÂNICA DOJOELHO

Sob o ponto de vista funcional, o joelho faz parte da cadeia motora do

membro inferior, a qual possibilita tanto a posição bípede do ser humano como osmovimentos básicos (marcha, corrida, posição sentada, de joelhos e de cócoras). Dentro

desta cadeia cabe ao joelho a responsabilidade pelos movimentos entre coxa e perna.

Estaticamente, a estabilidade do joelho é dada pela cápsula articular, ligamentos,

meniscos e ossos, enquanto os músculos e tendões asseguram a estabilidade dinâmica

(WINKEL et al, 1997).

Do ponto de vista mecânico, a articulação do joelho deve conciliar dois

imperativos contraditórios: 1) possuir grande estabilidade em extensão máxima devido

ao peso do corpo e ao comprimento dos braços de alavanca; 2) adquirir grande

mobilidade a partir de certo ângulo de flexão para realizar movimentos básicos. Em

flexão, posição de instabilidade, o joelho está sujeito ao máximo de lesões ligamentares

e meniscais, em extensão é mais vulnerável a fraturas articulares e rupturas ligamentares

(KAPANDJI, 2000).

Segundo Gross (2000), os movimentos fisiológicos principais do joelho são

a flexão e a extensão. Cada movimento é mensurado a partir da posição anatômica

fundamental que é o joelho estendido com os eixos longitudinais de ambos os fêmures e

as tíbias no plano frontal, que geralmente se encontram em um ângulo de 170 graus.

O movimento de flexão do joelho aproxima a face posterior da perna à face

posterior da coxa. A extensão é o retorno do segmento partindo de qualquer grau de

flexão até a posição anatômica fundamental (FATTINI, 1998).

Segundo Winkel et al (1997), o movimento de flexão e extensão são um

movimento combinado de deslizamento e rolamento das duas superfícies articulares

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(movimentos artrocinemáticos).

Durante a flexão, os dois côndilos femurais executam inicialmente um

movimento de rolagem para trás (posterior). A partir dos 15 graus de flexão, o

movimento rolante do côndilo medial se transforma em movimento combinado, de

rolamento e deslizamento. No côndilo lateral esse evento só se inicia em flexão deaproximadamente 25 graus; e esse movimento puro do côndilo lateral do fêmur é o fator

responsável pela rotação externa do fêmur em relação à tíbia. Portanto, o rolamento

ocorre de diante para trás, e o deslizamento do côndilo convexo do fêmur se realiza em

sentido oposto, de trás para diante, de acordo com as concavidades e convexidades das

faces articulares. As diferenças de configuração dos dois côndilos (medial e lateral) são

responsáveis pelos diferentes movimentos executados (rolamento e deslizamento)

(WINKEL et al, 1997; SCHENCK e HECKMAN, 1993).

De acordo com Magee (2002), ocorre o contrário durante a extensão do

 joelho: o rolamento é dirigido anteriormente e o deslizamento ocorre em sentido ântero-

posterior. A partir dos 25 graus de flexão, o côndilo lateral executa um movimento de

rolagem quase exclusivo em direção para diante, ao passo que o rolamento do côndilo

medial não começa senão a partir de 15 graus. Resulta daí um movimento de rotação

interna do fêmur em relação a tíbia, a qual, por sua vez, executa um movimento de

rotação externa. As diferenças no comportamento mecânico e na forma anátomo-

funcional dos dois côndilos são responsáveis pela rotação final obrigatória que ocorre

no final da extensão. Esta rotação ocorre nos 5 graus finais de extensão e distende todos

os ligamentos da articulação do joelho, aumentando a estabilidade, ficando “travada”.

Passivamente o joelho pode ser fletido até 150o, sendo que ativamente cai

para 140o. Na extensão passiva varia de 0 a -5 graus e na extensão ativa também

(KAPANDJI, 2002).

A patela durante a flexão do joelho desliza em sentido distal passando na

fossa intercondilíaca. No início da flexão o pólo inferior entra em contato primeiro como fêmur (20 graus). Aos 90 graus o contato inclui uma maior superfície da porção

central da patela, sendo somente aos 135 graus que a faceta excedente medial entra em

contato com o côndilo femoral medial (MAGEE, 2000).

Essa falta habitual de contato e a supressão secundária das cargas que atuam

sobre a cartilagem podem contribuir para a degeneração da mesma. Na flexão completa

a patela fica aderida intimamente ao côndilo femural interno e ao mesmo tempo que

executa com o fêmur um discreto movimento de rotação externa (MONT, 2001).

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De acordo com Winkel et al (1997), o contrário ocorre durante a

extensão. Com a rotação externa da tíbia, a rotação interna relativa do fêmur leva a um

discreto deslocamento da tíbia em direção à linha mediana. Por conseguinte, o

ligamento patelar assume posição ligeiramente oblíqua, sendo que o processo se inverte

durante a rotação interna da tíbia.O joelho também sofre a ação de forças de varismo ou valgismo de acordo

com a posição do centro de gravidade em relação ao eixo mecânico do joelho, e também

de acordo com o alinhamento e a postura das articulações lombopélvicas do quadril com

o joelho que também tem relação com o tornozelo e o pé (GROSS, 2000; FATTINI,

1998; MAGEE, 2000).

Vale lembrar que a quantidade de movimento que pode de fato ocorrer na

articulação do joelho, difere de indivíduo para indivíduo, de acordo com a conformação

e estrutura anatômica de cada um.

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4 OSTEOARTRITE

4.1 CONCEITO E DEFINIÇÕES

De acordo com Oliveira e Mesquita (2003) a osteoartrite é uma doença

reumática que consiste na destruição progressiva da cartilagem articular, acompanhada

das resposta intrínsecas (desordenada) de reparação cartilaginosa, remodelação e

esclerose do osso subcondral, e, geralmente, formação de cistos ósseos subcondrais e

osteófitos marginais. Segundo Marques e Kondo (1998) a osteoartrite está associada

com dor e rigidez articular, deformidade e progressiva perda de função, afetando o

indivíduo em múltiplas dimensões: do nível orgânico até o social.

A osteoartrite, também denominada artrose, osteoartrose ou doença articular

degenerativa é, por sua incidência e por ser causa freqüente de incapacidade, o mais

importante dos reumatismos (SEDA apud MOREIRA e CARVALHO, 2001).

A osteoartrite é uma afecção, primária ou secundária, que pode ter origem

tanto na cartilagem como no osso subcondral ou mesmo na membrana sinovial. Como

resultado final, há lesões anatômicas características, representadas por degeneração

cartilaginosa, desgaste do osso subcondral e remodelagem óssea, podendo haver

sinovite, geralmente nas fases mais evoluídas do processo (ALTMAN, 1999).É a doença músculo-esquelética mais comum, chegando a afetar uma em

cada três pessoas acima de 35 anos e causando perda importante da capacidade

laborativa e da qualidade de vida do ser humano. Representa cerca de 30% a 40% das

consultas em ambulatórios especializados e é responsável no Brasil, por 7,5% de todos

os afastamentos do trabalho (CHAHADE, GIORGI e PASTOR, 2001).

O grande reflexo socioeconômico constitui um problema de saúde pública,

pois a avaliação do custo financeiro do tratamento da OA mostrou-se superior aquele da

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população não-reumática ou artrítica, sendo o impacto socioeconômico da OA 30 vezes

maior que o obtido na doença reumatóide (COSSERMELLI, PASTOR e FULLER,

2001).

Como foi dito, a osteoartrite resulta da destruição progressiva dos tecidos

que compõem as articulações, conduzindo à instalação progressiva de dor, rigidezarticular, deformação e limitação dos movimentos (ALTMAN, 1999). Em uma

articulação normal, as extremidades dos ossos justapostos que a compõem, estão

revestidos pela cartilagem articular, um tecido conjuntivo denso que permite o

deslizamento suave dos ossos e atua como uma “almofada” que absorve o impacto dos

ossos no movimento (BAICI et al, 1995).

Os ossos de uma articulação são mantidos em posição por ligamentos e

tendões, que permitem apenas os movimentos normais e fisiológicos. Os músculos são

também determinantes na manutenção da estabilidade da articulação, sendo esta

encerrada em uma cápsula fibrosa, no interior da qual, uma pequena quantidade de

líquido sinovial atua como lubrificante (BYERS, 1997). Segundo Huchk, Huettner e

Dieppe (1997) na osteoartrite, começa por ocorrer uma deterioração da cartilagem, que

perde sua regularidade e elasticidade, o que diminui a sua eficácia e contribui para a sua

destruição adicional com o uso e traumatismo. Com o tempo, grande parte da cartilagem

pode desaparecer completamente. Na ausência deste coxim de absorção, os ossos

entram em contato diretamente entre si, causando atrito, dor e limitação de movimentos.

De acordo com Altman (1999), há tentativa de reparação da cartilagem e do

osso e é isso que determina a formação de osteófitos, que é uma remodelação óssea

desorganizada. Esta neo-formação óssea se instala nas margens da articulação, porém,

em alguns casos esses fragmentos ósseos se deslocam para o interior da articulação,

podendo bloquear os movimentos e causar dor. Além disso, tendões e ligamentos são

colocados sob tensão excessiva com possibilidade de romperem ou inflamar; os

músculos periarticulares adquirem um certo espasmo como forma de defesa em respostaà dor (COSSERMELLI, PASTOR e FULLER , 2001).

Todas essas alterações constituem uma importante causa de dor, rigidez,

limitação e incapacidade ao indivíduo acometido. Entretanto, podem ser tratadas quando

detectadas precocemente, tornando-se possível, com tratamento adequado, fazendo uso

da fisioterapia e de medicamentos, evitar ou retarda grande parte da destruição articular

e suas conseqüências (PECINA, BOJANIC e HASPL, 2001 ).

Todas as articulações podem ser atingidas pela osteoartrite, contudo, o

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quadril, os joelhos, os pés e a coluna são de longe as mais atingidas, por serem

articulações de carga e devido ao esforço a que estão sujeitas. Pode haver

comprometimento uni ou bilateralmente e também mais de uma articulação pode ser

atingida ao mesmo tempo (BAICI et al, 1995).

Segundo Pecina, Bojanic e Haspl (2001) os joelhos, são as articulaçõesmais afetadas por injúrias como a osteoartrite. A razão para isto se explica pelo fato de

ser uma região onde serve de inserção para vários músculos e tendões e com numerosas

bursas. É uma articulação de movimento (andar, correr, sentar, agachar) e ao mesmo

tempo, é uma articulação que recebe descarga de peso constantemente, mantendo a

estabilidade da posição bípede do humano quando estático, por isso é considerada a

principal articulação de carga do membro inferior.

De uma maneira geral, a osteoartrite é mais freqüente e mais grave no sexo

feminino. A obesidade constitui um importante fator de risco, sobretudo no caso do

  joelho. Profissões com particular exigência física ou que determinem posturas viciosas,

também têm tendência a desencadear a osteoartrite. Há alguma relação da patologia à

carga hereditária e aos traumatismos. Cirurgias ou infecções prévias também aumentam

o risco de desenvolver a patologia (BYERS, 1997).

4.2 EPIDEMIOLOGIA

De acordo com Seda (2001) a prevalência da osteoartrite aumenta com a

idade, trata-se de uma patologia que afeta cerca de 20% da população aos 40 anos e

quase 100% dos 80 anos.

Altman (1999) acredita que entre 15 a 24 anos a incidência vá aumentando

em 11%, sendo que a partir dos 75 anos esse valor passa a ser de 96%.

Vannucci et al (2000), constatou que cerca de 30% dos indivíduos com 65

anos ou mais têm osteoartrite de joelhos diagnosticada ao exame radiológico e cerca de

80% dos indivíduos com mais de 75 anos têm alguma evidência de OA em uma ou mais

articulações.

Cossermelli, Pastor e Fuller (2001) afirmam que em mulheres com idade

média de 71 anos a incidência de OA de joelho é de 2% por ano; entre 25 e 34 anos, a

prevalência é menor que 10% a 20% de OA no joelho. Em relação ao sexo, a OA

femorotibial radiográfica ocorre entre 45 e 54 anos, com freqüência de 2% nos homens

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e 3,5% nas mulheres. Entre 65 e 74 anos, a freqüência aumenta no homem para 9% e na

mulher para 17%.

Vannucci et al (2000), Chahade, Giorgi e Pastor (2001) constaram que

homens são mais afetados que as mulheres antes dos 50 anos e as mulheres são mais

afetadas que os homens após esta idade. Osteoartrite das mãos e joelhos são maisfreqüentes em mulheres que em homens, enquanto que a osteoartrite de quadris e coluna

parecem ser mais prevalentes em homens.

Diferenças entre os sexos também foram constatados em um estudo

realizado por Teixeira e Olney (1995), em que pacientes do sexo feminino apresentaram

mais dor, mais rigidez e pior função. A diferença encontrada entre os sexos foi

possivelmente devido à severidade da doença e também devido ao fato da dor ser uma

experiência inteiramente pessoal, e portanto subjetiva.

Um estudo norte-americano feito pelo American College of Rheumatology

mostrou incidência de 100/100.000 pessoas-ano para a OA de mãos; 88/100.000

pessoas-ano para a OA de quadris e 240/100.000 pessoas-ano para OA de joelhos.

Segundo Chavez (1998) não existem estudos conclusivos sobre diferenças

no aparecimento da osteoartrite entre as raças, porém alguns estudos relatam uma maior

prevalência de OA de joelhos e uma menor prevalência de OA de mãos em mulheres

negras quando comparadas com mulheres brancas.

A freqüência da osteoartrite na população em geral não é a mesma nos

distintos países onde foram feitos vários estudos. Por exemplo: no Brasil estima-se que

a prevalência da OA é de cerca de 16,19% da população, já nos Estados Unidos estima-

se que 20 milhões de pessoas sofrem de osteoartrite. Dos estudos verificados se deduz

que aproximadamente, metade da população adulta tenha osteoartrite o que explica que

as alterações do aparelho locomotor sejam uma das causas mais freqüentes que induzem

as pessoas a se afastarem do trabalho e a procurar consulta médica (ODDIS, 1996).

Por todo esse impacto, foi declarado o ano de 2000 a 2010 como a “décadada articulação e do osso”, sendo a osteoartrite uma entre as quatro condições clínicas em

que a Organização Mundial de Saúde (OMS), as Nações Unidas (UN) e o Banco

Mundial (BM) fixaram suas atenções para elaborar políticas de saúde com tendência a

reduzir seu impacto (CORTES, 2002).

De acordo com Cossermelli, Pastor e Fuller (2001), são por esses e outros

motivos, que desde então a osteoartrite passou a ser tão investigada e estudada. Nas

últimas décadas, modificaram os conceitos, entendimentos e tratamentos anteriores;

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assim, atualmente, a visão da enfermidade é mais ampla, obtida por meio de

conhecimentos químicos, imunológicos e muitos outros, e não só pela consideração da

presença de degeneração da cartilagem com suas conseqüências.

Segundo Blackburn (2002), a osteoartrite não é mais a doença estática que

se admita até pouco tempo atrás, com estreita ligação com a idade e os traumas.Atualmente, vem sendo abordada com ênfase reparativa, evidenciando os

aspectos dinâmicos de suas etapas evolutivas.

4.3 CLASSIFICAÇÃO E ETIOLOGIA DA OSTEOARTRITE

De acordo com Seda (2001) clínica e experimentalmente tem sido

demonstrado que as osteoartrites não resultam de causa única, mas de um conjunto de

causas, configurando verdadeira constelação etiológica.

Segundo Vannucci et al (2000) a osteoartrite pode ser classificada em duas

grandes classes: primária e secundária. E também pode ser classificada de acordo com o

número e localização das articulações envolvidas, podendo ser localizada e de forma

generalizada ou poliarticular.

Tabela 1 - Classificação da OA pelo número e localização das articulações envolvidas

Localização das articulações envolvidasNúmeroMonoarticular, oligoarticular (4 ou menos articulações), poliarticular (generalizada)

LocalizaçãoMãos - interfalangeanas, base do polegarQuadris - polarizada ou concêntricaJoelhos - compartimento medial ou lateral, compartimento fêmuro-patelarColuna - interapofisárias, discos intervertebraisCausa AssociadaPrimária - idiopática (sem causa aparente)

Secundária:a)  metabólica - ocronose, acromegalia, disposição de cristaisb)  congênita - doença de Legg-Perthes, displasia epifisáriac)  traumática - fratura articular, cirurgia do menisco, lesão ocupacional ou esportivad)  inflamatória - artrite reumatóide, gota

Características EspeciaisOsteoartrite erosiva, hiperostose esquelética difusa idiopática

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Buckwalter (1997) cita que a osteoartrite se desenvolve mais comumente na

ausência de uma causa conhecida (primária ou idiopática). Menos freqüente, se

desenvolve como resultado de um dano articular, infecção, hereditariedade, desordens

metabólicas, desordens neurológicas, fatores ambientais e/ou ocupacionais, entre outros;

este grupo de condições se refere a osteoartrite secundária. Conforme Seda (2001) eBuckwalter (1997) a osteoartrite primária tem uma forte associação com o aumento da

idade. Cossermelli, Pastor e Fuller (2001) afirma que o aumento da prevalência com a

idade pode ser em parte atribuído ao aumento da carga articular em razão do declínio

nos fatores neuromecânicos relacionados à idade, incluindo o sentido de posição

articular ou propriocepção. Por exemplo, a insuficiência do ligamento cruzado anterior

do joelho está relacionado com o declínio da propriocepção.

A osteoartrite secundária pode acontecer tanto em adultos jovens, crianças eidosos dependendo da causa fundamental (BUCKWALTER , 1997).

Em contrapartida, segundo Chahade, Giorgi e Pastor (2001), a osteoartrite

não deve ser considerada como uma doença apenas degenerativa que atinge apenas os

idosos e que se instala obrigatoriamente com o passar da idade. Estudos recentes

mostram que mediadores da inflamação têm papel importante no início da doença e na

degeneração da cartilagem.

Blackburn (2002) e Vanucci et al (2000) também realizaram estudos quedescreveram que a osteoartrite é considerada como doença que sugere caráter sistêmico,

pois acredita-se que ela se inicie antes do aparecimento do quadro radiológico usual, e

também alguns marcadores séricos foram encontrados, representando degradação do

agrecano e do metabolismo.

De acordo com Huck, Huettner e Dieppe (1997) na osteoartrite secundária

uma ou mais causas podem ser identificadas, enquanto que na osteoartrite primária

muitos dos mecanismos responsáveis pela perda progressiva de cartilagem permanecemdesconhecidos. Porém, alguns achados clínicos e patológicos são comuns aos dois tipos,

sugerindo ser esta afecção uma via final comum de diferentes processos.

A osteoartrite primária não é mais vista como doença meramente da

cartilagem, mas sim como falência de todos os tecidos existentes em uma articulação

diartrodial (membrana sinovial, osso subcondral, ligamentos, terminações

neuromusculares). Ela desenvolve-se quando as propriedades da cartilagem e do osso

subcondral são normais e a carga exercida leva à falha dos tecidos ou quando a carga é

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razoável, mas as propriedades da cartilagem ou osso são inferiores (COSSERMELLI,

PASTOR e FULLER, 2001). Segundo Buckwalter (1997) e Oliveira e Mesquita (2003),

mesmo que o mecanismo responsável pela perda progressiva de cartilagem ainda seja

desconhecido, o processo pode ser divido em 3 estágios: a ruptura ou alteração da

matriz cartilaginosa; a resposta condrocitária à lesão e o declínio da respostacondrocitária e perda de tecido.

A osteoartrite secundária como já dito, apresenta inúmeras causas, e é aquela

decorrente de algum outro processo que culminou com a degradação articular

(MÜHLEN, 2002).

As osteoartrites secundárias podem se iniciar a partir da própria cartilagem,

(alterações estruturais do tecido de origem genética) da membrana sinovial (artrite

reumátoide , doenças assemelháveis) ou do osso subcondral (doença de Paget ou

osteoporose), o que permite que as osteoartrites primárias também surjam de qualquer

uma dessas estruturas, por alterações ou mecanismos ainda não identificados. Como

osso subcondral, membrana sinovial e cartilagem estão intimamente relacionados,

estrutural e funcionalmente, a alteração em qualquer um desses tecidos pode influenciar

os demais ( SEDA, 2001).

Segundo Oliveira e Mesquita (2001), Muhlen (2002) e Seda (2001) as

principais causas da osteoartrite secundária são:

•  Alterações anatômicas: alterações na angulação dos joelhos- geno valgo ou geno

varo, trauma agudo com ou sem fratura, trauma postural, trauma ocupacional, pós

cirúrgia de menisco (meniscectomia), comprimento desproporcional das pernas;

hipermobilidade, instabilidade, incongruência articular.

•  Alterações biomecânicas: excesso de peso, atividade física (esporte e trabalho).

•  Artropatias inflamatórias: artrite reumátoide, artropatia de Charcot, artrite crônica

 juvenil e outras doenças assemelháveis (Paget, artrite tuberculosa, artrite séptica, etc.).

•  Artropatias por deposição de cristais: gota, pseudogota condrocalcinose.•  Doenças endocrinometabólicas: diabetes, acromegalia, ocronose, hemocromatose.

•  Alterações estruturais de origem genética: condrodisplasias.

Entretanto vale lembrar que tanto a osteoartrite primária quanto a secundária

culminarão na destruição da cartilagem articular independentemente do agente causador

(DIEPPE, 1999).

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4.4 FATORES DE RISCO

Segundo Vannucci et al (2000) os fatores de risco para a osteoartrite podem

estar relacionados a uma predisposição generalizada ao aparecimento da doença ou a

um desequilíbrio biomecânico em uma articulação específica.

a)  Hereditariedade

A forma mais comum de osteoartrite associado à hereditariedade é a OA

primária poliarticular (generalizada), com comprometimento prematuro da cartilagem

articular nesta forma de OA, parentesco de 1º grau com pacientes afetados confere risco

dobrado de ter a doença radiologicamente diagnosticada. Em um estudo realizado

demonstrou-se que 20% dos pacientes afetados tinha história familiar de OA. A

influência de fatores genéticos para presença da doença foi estimada como sendo 39% e

65%, independentemente de fatores demográficos ou ambientais (VANNUCCI et al

2000; ARCE 1999).

Moskowitz (1990) acentua que há influência genética sobre as várias

enzimas degradáveis que participam da matriz cartilaginosa, e que a hereditariedade,

poderia não influenciar diretamente o aparecimento da OA, mas através de fenômenos

que predispusessem ao desenvolvimento das alterações degenerativas, como resposta a

fatores locais (displasia), gerais (hormonal) ou extrínsecas (ambientais).

b) Obesidade

O excesso de peso está consistentemente associado ao maior risco de

desenvolvimento de osteoartrite de joelhos (VANNUCCI et al. 2000). A obesidade e a

OA estão associados por meio da sobrecarga de peso (com aumento ou alteração de

estresse mecânico e conseqüente deteriorização das estruturas articulares), da presença

de alterações metabólicas (intolerância à glicose, hiperlipidemia e as alterações dadensidade óssea) ou de elementos da dieta que determinam obesidade e de fatores que

comprometem estruturas articulares (osso, cartilagem, etc). A coleção gordurosa

localizada na face interna dos joelhos tem também acentuada importância por levar ao

desvio do eixo e valgismo das pernas. Dessa forma a obesidade é um fator de risco alto

para a OA de joelho por meio do mecanismo de carga e pela atuação de fatores

sistêmicos. (COSSERMELLI, PASTOR e FULLER, 2001; ARCE, 1999 e

MOSKOWITZ, 1990).

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c) Hormônios

A cartilagem, como outros tecidos conjuntivos, está sob o controle de

hormônios e outros agentes metabólicos ativos, torna-se óbvio, então, que os

desequilibrios hormonais e os distúrbios metabólicos podem dar lugar a sérias

perturbações na homeostase das cartilagens em geral e da articular em especial(MOSKOWITZ ,1990).

A OA poliarticular ocorre com maior frequência em mulheres após os 50

anos de idade, a prevalência da OA após a menopausa e após histerectomia apontaram

uma maior relação de osteoartrite e o hormônio feminino (VANNUCCI et al., 2000).

d) Trauma

Fraturas, fraqueza muscular, lesão tendinosa, meniscectomia prévia, rotura

de ligamento cruzado anterior, participação continuada em esporte de elevado impacto

ou torção com carga, podem alterar a função mecânica da articulação e facilitar o

desenvolvimento de OA (MOREIRA e CARVALHO, 2001 ).

e) Fatores mecânicos

Geralmente as osteoartrites secundárias têm sua explicação na existência de

perturbações articulares que modificam sua mecânica normal. São exemplos clássicos o

geno valgo, o geno varo, escolioses, modificações na angulação normal do fêmur,

luxação recorrente da patela, flacidez ligamentar, anormalidades posturais extremas que

requerem um excessivo grau de remodelagem que pode gerar incongruências e

desigualdade no tamanho dos membros inferiores (MOSKOWITZ, 1990). Entretanto,

das várias observações clínicas e experimentais tem-se reforçado a opinião de que o uso

acentuado da articulação que tem bom alinhamento raramente induz a lesão

cartilaginosa (BUCKWALTER, 1997).

f) Atividade profissional

Ocupações que estão associadas ao uso repetitivo de uma articulação

implicam no desenvolvimento de osteoartrite; levantar cargas pesadas e andar em

terrenos irregulares, profissionais que permanecem muito tempo ajoelhados, agachados

ou cuja ocupação exija intensa atividade física (VANNUCCI et al., 2000).

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4.5 FISIOPATOLOGIA

Segundo Vannucci et al (2000),o funcionamento normal de uma articulação

é caracterizado por:

a)  movimento amplo e indolor entre as superfícies cartilaginosas que a compõem;b)  distribuição normal de cargas;

c)  manutenção da estabilidade durante o uso.

A função articular normal depende portanto, da integridade anatômica da

cartilagem o qual é determinada pelas suas propriedades mecânicas e físico-químicas.

De acordo com Skare (1999), o foco de degradação na osteoartrite é a

cartilagem articular, entretanto, sinovial, osso subcondral e cartilagem se envolvem de

uma maneira interativa e estão intimamente relacionados, estrutural e funcionalmente,

sendo que a alteração em qualquer um desses tecidos pode influenciar os demais.

Seda apud Moreira e Carvalho (2001) relata que sinovites podem atuar sobre

a cartilagem, erodiando-a através de mecanismos enzimáticos ou de crescimento

hiperplásico invasivo. O osso subcondral participa também da absorção de choques e

seu enrijecimento pode fazê-lo perder sua deformabilidade funcional e assim, impedir

que participe do mecanismo de proteção à cartilagem, facilitando sua degeneração.

Na osteoartrite há uma perda gradual de cartilagem articular com

conseqüente alteração da anatomia normal da articulação. Esta alteração se associa a um

espessamento (esclerose) do osso subcondral e crescimento ósseo das margens

articulares (osteófitos) (VANNUCCI et al 2000). Para um melhor entendimento da

patologia da osteoartrite descreveremos inicialmente a cartilagem normal:

Cartilagem Normal

Desde a superfície articular até sua junção com o osso subjacente (osso

subcondral) a cartilagem articular é dividida em: cartilagem superficial, cartilagem

intermediária, cartilagem profunda e cartilagem calcificada (em contato com o osso). A

cartilagem normal é composta por uma matriz extracelular e por células denominadas

condrócitos (VANNUCCI et al. 2000).

A matriz extracelular é rica em colágeno, água e proteoglicanos

principalmente agrecanos. Na cartilagem adulta cerca de 90% do colágeno é do tipo II e

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10% composta pelos tipos IX, XI, X e VI. As fibrilas de colágeno II são responsáveis

pela força de tensão da cartilagem, a qual é essencial para a manutenção da forma e

volume do tecido. Os proteoglicanos são macromoléculas formadas por uma proteína

central onde estão ancoradas numerosas cadeias de glicosaminoglicanos formados por

unidades repetitivas de dissacarídeos (ácido urônico e hexosamina). O proteoglicanopredominante na cartilagem articular é o agrecano e os glicosaminoglicanos que

compõem as suas cadeias laterais são formados por condroitin sulfato e Keratan sulfato.

Os agrecanos possuem grande capacidade de reter moléculas de água e conferem á

cartilagem a habilidade de sofrer deformação reversível, resistindo portanto, à

compressão (MUHLEN, 2002).

Os condrócitos são células da cartilagem que sintetizam colágeno e

proteoglicanos. Estas células também sintetizam enzimas (proteinases) capazes de

degradar os componentes da matriz. Na cartilagem adulta normal os condrócitos

mantêm um equilíbrio entre as funções de síntese e degradação. Quando a OA se inicia

na própria cartilagem, a alteração básica pode estar na rede de colágeno ou nos

condrócitos (SEDA, 2001).

Envelhecimento da cartilagem

Durante o envelhecimento várias alterações estruturais e bioquímicas

ocorrem nos proteoglicanos componentes da matriz cartilaginosa. Estas alterações

reduzem sua capacidade de reter moléculas de água, fazendo com que a cartilagem

envelhecida tenha menos capacidade de hidratar-se e, portanto, menor resistência à

compressão. Surgem então fissuras na cartilagem envelhecida principalmente devido às

microfraturas na estrutura de colágeno da matriz (VANNUCCI et al. , 2000).

De acordo com Buckwalter (1997), Seda (2001), e Vannucci et al (2000), asalterações histológicas iniciais observadas na osteoartrite podem ser dividas em três

fases:

1) Edema e microfraturas: o aparecimento de edema da camada intermediária da

matriz extracelular marca o início das alterações da osteoartrite. Áreas de perda focal

de condrócitos se alternam com áreas de proliferação destas células. Surgem

microfraturas na superfície levando à perda do aspecto liso e uniforme da cartilagem;

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2) Fissuração: esta fase é caracterizada pelo aprofundamento das microfraturas que

levam à formação de fendas na cartilagem. Às margens destas fendas podem apresentar

agrupamentos de condrócitos;

3) Erosão: o aprofundamento das fissuras provoca fragmentação da cartilagem com

desnudamento do osso subcondral e aparecimento de microcistos em sua superfície. Oosso subcondral tem sua remodelação acelerada e desenvolve esclerose por deposição

de pequenas camadas de osso novo. Nesta zona há um crescimento lateral do osso - o

osteófito. Fragmentos da cartilagem ficam soltos dentro da cavidade articular e causam

inflamação sinovial leve observada na OA. Esta sinovite se caracteriza por uma leve

infiltração focal de histiócitos, linfócitos e plasmócitos diferente do aspecto inflamatório

intenso e generalizado da artrite reumatóide (AR).

Patogênese

Segundo Skare (1999) os condrócitos são capazes de sintetizar colágeno,

proteoglicano e também são a maior fonte de enzimas degradadoras na osteoartrite,

liberando metaloproteinases (colagenase, estromelisina, gelatinase), que são as enzimas

mediadoras do processo catabólico. A homeostase da cartilagem se estabelece através

do equilibrio entre agentes que atuam no seu anabolismo e catabolismo, ou seja, a

síntese de matriz celular deve ser igual a velocidade de degradação (MOREIRA e

CARVALHO, 2001).

O condrócito é, portanto, a fonte tanto das atividades catabólicas quanto das

anabólicas da cartilagem e o elemento central na manutenção de sua vitalidade

(SKARE, 1999).

Dois processos estão envolvidos na patogênese da osteoartrite segundo

Vannucci et al (2000):

a) 

os condrócitos produzem uma matriz com resistência e elasticidade diminuídas;b)  O equilíbrio entre síntese e degradação da matriz é rompido pela maior produção de

proteases.

A matriz tem suas propriedades alteradas devido a uma mudança qualitativa

na produção de seus componentes; os condrócitos, que antes sintetizavam colágeno tipo

II, dando forma e resistência á tensão para a cartilagem, passam a sintetizar colágeno

tipo I e III (ao invés do II) e também proteoglicanos mais curtos ( MUHLEN,2002).

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A ruptura do equilíbrio entre síntese e degradação da matriz cartilaginosa

ocorre pelo aumento da produção de enzimas proteoliticas capazes de digerir o agrecano

e o colágeno. A atividade destas proteinases pode ser freada por inibidores tissulares das

metaloproteinases (TIMPs) que também são produzidos pelo condrócito (VANNUCCI

et al, 2000 e BELHORN, 1993).Na osteoartrite a produção de metaloproteinases (MMPs), que são as

principais enzimas envolvidas na degradação da cartilagem, supera a produção dos

inibidores tissulares dos metaloproteinases (TIMPS), promovendo a degradação

progressiva da matriz. Outras enzimas, como as catepsinas e glicosidases, também

contribuem para o processo de degradação articular (MUHLEN,2002).

No processo catabólico, os condrócitos estão sujeitos a influencia de

mediadores bioquímicos entre eles a interleucina - 1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral

alfa (TNF - a) BELHORN (1993). No processo anabólico há influência dos vários

fatores de crescimento (fator de crescimento do fibroblasto, fator de crescimento

derivado das plaquetas etc) e pelos diversos fatores estimuladores de colônia

(ODDIS,1996).

O aumento da síntese e liberação enzimática pelos condrócitos é estimulado

pelo contato destas células com citocinas, prostaglandinas, radicais livres como o óxido

nítrico (NO) e ainda por componentes da matriz tais como fragmentos de fibronectina.

Embora a OA não seja considerada essencialmente uma doença inflamatória, tem sido

demonstrado que citocinas pró-inflamátorias como a interleucina - 1 (IL - 1) e o fator de

neciose tumoral alfa (TNF - a) estão presentes e ativam a produção de

metaloproteinases pelos condrócitos (ALTMAN,1999).

Além de estimular a síntese enzimática, a IL-1 induz a diminuição da

produção dos colágenos II e IX e o aumento da produção dos colágenos I e III,

modificando a qualidade da matriz. Outras interleucinas liberadas durante o processo

inflamatório como IL-4 e IL-13 têm papel inibidor e tentam contrabalançar os efeitoscatobólicos da IL-1 (VANNUCCI et al, 2000 e MUHLEN 2002).

Embora o papel dos condrócitos seja primordial, o tecido sinovial também

exerce função no desenvolvimento do processo de degradação da matriz. Os

sinoviócitos são capazes de fagocitar fragmentos de cartilagem liberados no espaço

articular, o que leva a uma inflamação do tecido sinovial. As células sinoviais se tornam

então capazes de produzir e liberar enzimas (MMPs) e citocinas as quais podem lesar a

cartilagem e estimular os condrócitos. Células do osso subcondral (osteoblastos)

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também podem produzir enzimas proteolíticas, participando assim do processo de

degradação da cartilagem (MOREIRA e CARVALHO, 2001; VANNUCCI, et al,

2000).

Segundo Skare (1999) e Altman (1999), nos estágios iniciais da OA há uma

tentativa de reparação das lesões produzidas na cartilagem e no osso subcondral peloscondrócitos, sinoviócitos e osteoblastos. Estas células aumentam a produção dos fatores

de crescimento envolvidos na síntese da matriz tais como fator de transformação do

crescimento (TGF- b) e fator de crescimento insulina semelhante (IGF-1). O osso

subcondral também produz um fator de crescimento denominado proteína

morfogenética 2. Esta tentativa de reparação é infrutífera pois os condrócitos começam

a produzir colágeno I e III ao invés do tipo II. Há também produção insuficiente de

inibidores das metaloproteinases e fatores de crescimento diante do excesso de

proteinases e citocinas.

Segue abaixo o organograma ilustrativo demonstrando que um desequilíbrio

entre anabolismo e catabolismo, com predominância de agentes catabólicos, precipita a

degeneração cartilaginosa pela secreção de substâncias inflamatórias.

  >

CATABOLISMO = ANABOLISMO

HOMEOSTASE

CARTILAGEM OA

CATABOLISMO ANABOLISMO

SECREÇÃO DE PROTEINASES (MMPS)(COLAGENASES, ESTROMELISINAS, GELATINASES

INDUZIDO POR ESTÍMULO PRÓ-INFLAMATÓRIO

ROTURA DA HOMEOSTASE

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4.6 QUADRO CLINICO

A osteoartrite consiste em uma seqüência regressiva de alterações celulares

que resultam na perda da estrutura e da função da cartilagem articular, acompanhada da

tentativa de reparação óssea e cartilaginosa (OLIVEIRA e MESQUITA, 2003;BUCKWALTER, 1997). Por causa das reações de reparação e remodelação, a

degeneração da superfície articular na osteoartrite não é uniforme, e o grau de

degeneração varia entre os indivíduos e entre as articulações. Ocasionalmente, a

degeneração ocorre rapidamente, mas na maioria das vezes, ela progride vagarosamente

ao longo dos anos, até mesmo pode se tornar estável ou até diminuir espontaneamente

com restauração parcial da superfície articular e com diminuição dos sintomas

(BUCKWALTER,1997).

Todos os tecidos que formam a articulação sinovial estão envolvidas na

osteoartrite, incluindo cartilagem articular, osso subcondral, tecido sinovial, metáfise do

osso, ligamentos, cápsula articular e músculos adjacentes à articulação afetada; porém,

primariamente as mudanças consistem de perda da cartilagem articular, remodelação do

osso subcondral e formação dos osteófitos (MARTIN, 1994; BUCK WALTER, 1997).

Os osteófitos representam uma resposta à degeneração da cartilagem

articular e uma remodelação do osso subcondral, incluindo a liberação de citoquinas

anabólicas que estimulam proliferação celular e a formação óssea e de cartilagem

(COSSERMELLI ,PASTOR e FULLER, 2001).

A perda progressiva de cartilagem progride para as mudanças secundárias do

tecido sinovial, ligamentos, cápsula e músculos. A membrana sinovial geralmente

apresenta uma reação inflamatória (sinovite) de leve a moderada e que ainda pode

conter fragmentos de cartilagem articular. Com o tempo os ligamentos, cápsulas e

músculos se tornam contraídos e rígidos; há uma diminuição do uso da articulação,

diminuição da amplitude de movimento (ADM) e isso gera atrofia muscular. Essasalterações secundárias geralmente contribuem para rigidez, fraqueza e dor

(BUCKWALTER, 1997).

De acordo com Vannucci et al (2000) na história clinica da OA, o sintoma

mais importante que traz o paciente ao médico é a dor. Embora, a dificuldade à

movimentação e presença de deformidades articulares possam fazer parte da queixa

inicial, é a dor articular e/ou periarticular que prejudica com maior intensidade a vida do

paciente, levando em muitos casos à incapacidade funcional.

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Segundo Chávez (1998) a origem da dor não está na cartilagem que é um

tecido conjuntivo denervado, mas sim em outras estruturas intra e periarticulares.

Nem sempre alterações da OA vistas nas radiografias se manifestam

clinicamente, porém, geralmente os sinais e sintomas são locais e se relacionam a

anormalidades radiológicas características mas não há relação entre a gravidade da dor ea gravidade da alteração radiológica (CHÁVEZ, 1998).

Segundo Golding (1999) os sintomas relacionam-se com:

a)  desgaste articular;

b)  episódios de inflamação;

c)  degeneração e inflamação dos ligamentos ao redor das articulações;

d)  possivelmente deposição de apatita ou outros sais de cálcio na sinóvia.

A dor na OA tem origem multifatorial: microfraturas no osso subcondral,

terminações nervosas da membrana sinovial estimuladas por mediadores inflamatórios

ou por contato com osteófitos, alterações na pressão intra-articular e intra-óssea,

contratura muscular periarticular e/ou contração da cápsula articular (SEDA apud 

MOREIRA e CARVALHO, 2001).

A causa da dor também varia dependendo do estágio da OA. Alguns casos

tem episódios intermitentes de dor devido a sinovite de leve a moderada. O aumento da

pressão intra-óssea devido a congestão vascular do osso subcondral é freqüente, assim

como fibrose capsular, contratura articular e fadiga muscular (KELLEY et al, 1998).

Geralmente os pacientes relatam que a dor é leve a moderada no inicio da

doença, piora com o uso da articulação afetada e melhora com o repouso. Este tipo de

dor é denominada dor mecânica, sendo, na maioria dos casos, auto-limitada e aliviada

com medicação analgésica e/ou antiinflamatória. Com o passar do tempo e agravamento

da destruição articular, o processo inflamatório pode ser persistente e causar dor mesmo

ao repouso (dor inflamatória), sendo mais difícil o alivio com a terapêutica

medicamentosa (VANNUCCI, 2000; KELLEY et al, 1998).A rigidez articular e a crepitação são também sintomas comuns na OA de

  joelhos. Geralmente a rigidez é de curta duração, entre 5 e 30 minutos, ocorrem pela

manhã ou após um período de inatividade (o paciente queixa-se de dificuldades em

“começar a andar” depois de sentar).

A rigidez matinal demorada (acima de 30 minutos) sugere inflamação

persistente. Com a movimentação, a rigidez articular vai gradativamente desaparecendo

(CHÁVEZ, 1998 e GOLDING, 1999).

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A crepitação presente em 90% dos pacientes, é uma sensação de atrito

quando ocorre o movimento articular, e´comum e tanto pode ocorrer na movimentação

sem resistência, representando um espessamento sinovial, como também no movimento

contra resistência, representando a irregularidade das superfícies articulares

(ARCE,1999). Em um estudo realizado por Creamer (1998) os pacientes queapresentaram dor generalizada também apresentaram mais rigidez. Alguns pacientes

podem não apresentar queixas de dor, referindo então como queixas primárias, rigidez

e/ou a diminuição da capacidade funcional.

Nos pacientes sintomáticos, o joelho pode apresentar sinais inflamatórios

caracterizados por aumento de temperatura e presença de derrame articular, que

ocorrem nos estágios precoces e exacerbações inflamatórias agudas. Nos pacientes

idosos pode haver derrame hemorrágico, por força do sangramento de osteófitos soltos e

fimbrias sinoviais vasculares (VANNUCCI et al, 2002 e GOLDING, 1999). Este

derrame articular causa uma tumefação sinovial ou às vezes produz-se tumefação óssea

devido a osteófitos. Os cistos sinoviais podem ser a causa de tumefações palpáveis –

cistos de Baker na face posterior do joelho (GOLDING, 1999).

A limitação do movimento vai gerar atrofia muscular, incapacidade

funcional, diminuição da força muscular e tudo isso consiste em um ciclo vicioso e isso

limita as atividades de vida diária e, por sua vez, à piora da qualidade de vida

(MARQUES e KONDO, 1998). O grau de mobilidade pode apresentar-se diminuído

pela fibrose capsular, osteofitose, irregularidade das superfícies articulares, impacto dos

corpos livres e também pela própria dor (GOLDING, 1999).

A atrofia muscular está presente secundariamente ao desuso, os músculos

que atuam sobre as grandes articulações afetadas tornam-se atróficos (COSSERMELLI

PASTOR e FULLER, 2001).

Em um estágio final ou avançado da OA pode haver uma fixação da

articulação em posição defeituosa causando uma deformidade (WINKEL et al, 1997).A OA de joelhos, além dos sintomas já descritos, pode apresentar também,

segundo Marks (1994), edema, frouxidão ligamentar, espasmo e fibrose. A instabilidade

articular devido à incongruência das superfícies articulares, levam a um desequilíbrio

local decorrente do estresse mecânico. As grandes deformidades progressivas

geralmente são em flexão e isso a longo prazo pode prejudicar a estabilidade articular e

a marcha.

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Em um estudo realizado por Messier et al (1992) analisaram-se os efeitos da

OA de joelho na marcha, força e flexibilidade. Estes apresentavam menor amplitude de

movimento (ADM) de flexo-extensão dos joelhos, menor força muscular, menor

velocidade de marcha e maior descarga de peso no membro não afetado, quando

comparados com sujeitos do grupo controle.O senso de posição articular (propriocepção) em pacientes com OA é

diminuído. Somado a isso o déficit motor das funções do quadríceps geram distúrbios

de equilíbrio (WEGENER, 1997). Não se confirma se estas alterações são um fator

patogênico ou uma conseqüência da doença (HURLEY, 1998).

TABELA 2 - EFEITOS DA OSTEOARTRITE (OA) E DA ARTRITEREUMATÓIDE (AR) SOBRE A ESTRUTURA E A FUNÇÃO DAS

ARTICULAÇÕES SEGUNDO BENNETT apud HALL e BRODY (2001)ESTRUTURA FUNÇÃO EFEITOS DA OA EFEITOS DA AR

•  Cartilagem

Absorção doschoques,congruênciaarticular

Espessamento paraconhecimento paraadelgaçamento paraperda

Erosão da cartilagem

•  Sinóvia

Secreta líquidosinovial paranutrição dacartilagem,

lubrificação eestabilidade

Ocasionalmente,acometimento

secundário

Células derevestimentomicrovascularativadas para dar

início ao processoinflamatório

•  Ligamentos

Estabilidade,reforçam a cápsula elimitam e orientam omovimento

Estresses doalinhamento articularanormal

A erosão osenfraquece

•  Músculos

Reforçam a cápsula

articular, proteçãoarticular, proteçãoarticular reflexa,movimentam asarticulações

A imobilidade os

encurta, a dor provocaa defesa e a inibiçãoreflexa resulta emfraqueza

A deformidadearticular interferecom a geração detorque máximo, a

imobilidade osencurta; a miosite osenfraquece, a dor e oderrame provocam adefesa e a inibiçãoreflexa resulta emfraqueza

•  Osso Apoio estruturalA remodelagem doosso subcondralmodifica aspropriedades de

A erosão resulta emdeformidadearticular, bloqueio

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absorção aos choques,os esporões na margemarticular resultam embloqueio ósseo e dor

ósseo e dor

•  Sistema extra-articular

Maior dispêndio deenergia em virtude dospadrões anormais demovimento.

Miosite, anemia,alteração do sono,

fadiga, maiordispêndio de energiadevido aos padrõesanormais demovimento

4.7 REPERCUSSÕES FUNCIONAIS DA OA DE JOELHOS

Os indivíduos com OA de joelhos em geral, possuem diminuição do estado

geral de saúde, das atividades físicas e/ou laborais, do potencial produtivo, de atividades

sociais, com comprometimento da qualidade de vida (OLIVEIRA e MESQUITA,

2003).

O quadro doloroso e as alterações secundárias musculares, tendinosas e

ligamentares, são as maiores responsáveis pela redução da capacidade funcional do

indivíduo com OA, conseqüentemente reduzindo sua potência aeróbica e sua

capacidade para realização de exercícios (FISHER, 1994).

As principais limitações funcionais estão relacionadas com a deambulação e

com subir e/ou descer escadas, sendo atribuições em parte, à fraqueza estática do

quadríceps femural (FISHER, 1994; MARKS, 1994).

De acordo com Badley (1995), inúmeras comorbidades têm demonstrado

associação com OA, sendo as doenças cardíacas, as pulmonares, a hipertensão arterial e

a obesidade, as mais comumente encontradas. Esta associação incrementa o risco de

disfunção física de longo termo, sendo maior em mulheres acima de 65, aumentandocom a idade.

Carr (1999), enfatiza a importância de se analisar, além das repercussões

físicas e funcionais, outros aspectos da doença, observando que as conseqüências

sociais e pessoais, que são decorrentes do ambiente em que o indivíduo vive, também

são muito relevantes.

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Tabela 3 - Índice de Lequesne (Gravidade de Osteoartrite de joelhos)Item Pontos

I - Dor ou desconfortoa)  Durante a noite deitado

-  só com movimento ou em certas posições

sem movimentaçãob)  Duração da rigidez matinal ou dor após levantar-se

-  < 15 minutos-  15 minutos ou mais

c)  Dor após permanecer de pé por 30’d)  Dor ao caminhar

-  só após andar algum tempo-  logo após iniciar a caminhada

e)  Dor ou desconforto após estar sentado por 2 h

12

121

121

II - Distância máxima de caminhada

mais de 1 km, mas limitado-  cerca de 1 km (cerca de 15’)-  entre 500 e 900 m (cerca de 8-15’)-  entre 300 e 500 m-  entre 100 e 300 m-  menos que 100 m-  com 1 bengala ou muleta-  com 2 bengalas ou muletas

123456+1+2

III - Atividades de Vida Diária-  é capaz de subir um lance de escadas?

é capaz de descer um lance de escadas?-  é capaz de se agachar?-  é capaz de andar em solo irregular?

Sendo,0 - é capaz de fazer com facilidade

0,5-1-1,5 - é capaz de fazer com

dificuldade (que pode ser graduada)

2 - impossível de fazer

0 a 20 a 20 a 20 a 2

Pontos

1 a 4 pontos5, 6, 78, 9, 1011, 12, 13> 14

Graus

LeveModeradoGraveMuito graveExtremamente grave

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4.8 DIAGNÓSTICO

O diagnostico da OA de joelho é clínico-radiográfico. Em geral, sintomas e

sinais como dor, limitações de mobilidade, crepitação, derrame articular e deformidades

estão presentes; no entanto, tais alterações são inespecíficas e também pode estarpresentes em outras afecções do joelho, como as doenças articulares inflamatórias.

Logo, o diagnostico da OA de joelho deve pressupor a existência de alterações

degenerativas reacionais – osteófitos e/ou diminuição do espaço articular (OLIVEIRA e

MESQUITA, 2003).

O American College of Rheumatology (ACR) introduziu critérios diagnósticos

para a osteoartrite de joelho, mãos e coxofemoral combinando elementos clínicos e

parâmetros laboratoriais e/ou radiológicos.

Critérios para a classificação da osteoartrite idiopática do joelho.

Existem Três opções:

a)  dados clínicos e laboratoriais

Dor no joelho associada com pelo menos cinco dos nove elementos seguintes:

•  idade > 50 anos;

•  rigidez < ½ hora;

•  crepitação ao movimento ativo;

•  sensibilidade óssea;

•  expansão óssea;

•  ausência de calor local à palpação;

•  VHS < 40 mm/1ª hora (Westergren);

•  fator reumatóide < 1:40;

•  fluido sinovial claro, viscoso ou número de células < 2.000/mm3 ;

A sensibilidade é de 92% e a especificidade, de 75%.

b)  clínico e radiográfico

Dor no joelho associada com pelo menos um dos três elementos seguintes:

•  Idade > 50 ano

•  Rigidez < 30 minutos;

•  Crepitação ao movimento ativo;

•  Osteófitos nas margens articulares (ao RX);

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A sensibilidade é de 91% e a especificidade, de 86%

c)  clínico

Dor no joelho associada com pelo menos três ou quatro dos cinco itens

abaixo:•  idade > 50 anos

•  rigidez < ½ hora

•  crepitação ao movimento ativo;

•  sensibilidade óssea

•  calor local ausente à palpação

Para três critérios, a sensibilidade é de 95% e a especificidade, de 69%.

Para quatro critérios, a sensibilidade é de 84% e a especificidade, de 89%.Basicamente o diagnóstico da OA é clinico, se confirma pela analise do liquido

sinovial e estudos por imagem (CHAVEZ, 1998), isto é, o exame radiológico apenas

confirma a hipótese clínica de OA (VANNUCCI et al 2000).

4.8.1 Laboratório

Os exames laboratoriais habituais são normais ou pouco expressivos, do ponto

de vista inflamatório (COSSERMELLI, PASTOR e FULLER, 2001). A contribuição do

laboratório para o diagnóstico da OA pode ser útil somente para o diagnóstico

diferencial (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

A hemossedimentação poderá estar um pouco elevada quando houver

componente inflamatório maior, como no derrame articular. A existência de uma

hemossedimentação mais elevada é chamativa para um diagnóstico diferencial

importante, que é a possibilidade de polimialgia reumática associada à OA de joelho.(COSSERMELLI, PASTOR e FULLER, 2001).

A análise do líquido sinovial é útil para afastar outras possibilidades

diagnósticas, ele comumente revela um perfil não-inflamatório com viscosidade normal

e baixa contagem de células brancas (leucócitos < 2000 céls/mm3) (MUHLEN, 2002).

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Excepcionalmente alguns pacientes podem apresentar líquido sinovial

levemente inflamatório com componentes da matriz cartilaginosa e cristais de

pirofosfato de cálcio (MÜHLEN, 2002).

Na OA o teste para a detecção do fator reumatóide é negativo, porém

devemos lembrar que 20% dos indivíduos idosos saudáveis têm este teste positivo o quepode levar à confusão com o diagnóstico de artrite reumatóide (VANNUCCI, et al,

2000).

Alguns testes como dosagem da hemoglobina, testes de função hepática e

função renal podem ser realizados com a intenção de avaliar possíveis efeitos colaterais

da terapêutica com antiinflamatórios não hormonais (VANNUCCI et al, 2000).

Em 1999, dois testes foram introduzidos comercialmente para análise

quantitativa de produtos de degradação da cartilagem: ELISA, para proteína

oligomérica da matriz cartilaginosa (hCOMP) e um método de coloração para os

glicosaminoglicanos sulfatados (sGAG). Com tais testes podemos ter auxílio no

diagnóstico do grau de atividade do processo articular e acompanhar a resposta à

terapêutica em amostras do sangue ou do líquido sinovial (MÜHLEN, 2002).

Os critérios diagnósticos para a presença de OA de joelho elaborados pelo

Colégio Americano de Reumatologia, baseados nas características clínicas e nos

achados radiológicos e laboratoriais característicos da doença, têm boa sensibilidade e

boa especificidade, tanto na detecção da OA como na sua diferenciação de outras

doenças articulares. Embora possam eventualmente ser usados para o diagnóstico, estes

critérios não tomam o nome de critérios diagnósticos, pois não têm a propriedade de

detectar OA em suas fases iniciais quando ainda nem todas as suas características estão

presentes (VANNUCCI et al, 2000).

4.8.2 Radiografia e imagem

O diagnóstico da OA tem sido freqüentemente, baseado no exame

radiológico, preferivelmente às características clínicas. A classificação proposta por

KELLGREN (1979) tem sido a mais amplamente utilizada na literatura até hoje,

embora novas tecnologias de diagnóstico por imagem, como a radiografia microfocal, a

ressonância magnética e o ultra-som articular sejam mais precisas. Apesar do sistema

proposto por este autor ser pouco específico e pouco sensível às mudanças clínicas, no

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que se refere à utilização da escala global para classificar o nível de gravidade da

doença:

0 = normal; 1 = leve; 2 = moderado e 3 = severo, a técnica de radiografias é

a mais econômica e adequada para estudos epidemiológicos (ALTMAN, 1999).

Tabela 4 - Classificação Radiológica Quanto ao Grau da OA SegundoKELLGREN (1979)

Grau 1 - diminuição do espaço articular duvidosa e possível labiação osteofitária dasbordas;

Grau 2 (OA mínima) - osteófitos bem definidos e possível diminuição do espaçoarticular;

Grau 3 (OA moderada) - osteofitose múltipla moderada, diminuição do espaçoarticular bem definida, esclerose inicial de bordas e possíveldeformidade óssea angular;

Grau 4 (OA severa) - ampla osteofitose, diminuição do espaço articular bem marcada,esclerose severa das bordas articulares e deformidadesósseas angulares já bem definidas.

O estudo radiológico não é muito significativo nos casos iniciais ou, às

vezes, até moderados, no sentido de caracterizar a degeneração da cartilagem, que se vê

indiretamente por meio da redução do espaço inter-ósseo (COSSERMELLI, PASTOR e

FULLER, 2001).

As alterações radiológicas no contorno ósseo da articulação não estão

associadas com a gravidade da doença e/ou dos sintomas, muitas vezes o paciente

possui uma evidência radiográfica de OA mas não apresenta quadro clínico ou

incapacidade característica, ou seja, é assintomático (CHÁVEZ, 1998).

O exame radiológico pode confirmar a hipótese clínica de osteoartrite na

maioria das situações. Ele permanece o método mais disponível para a detecção das

alterações na cartilagem articular e da reação tecidual. Entretanto, o RX não define a

síndrome, pois como foi dito, cerca de 40% dos pacientes com alterações radiológicas

de OA são assintomáticos (MÜHLEN, 2002 e VANNUCCI et al, 2000).

De maneira esquemática, as alterações radiológicas na OA são as seguintes

(GOLDING, 1999; MÜHLEN, 2002; VANNUCCI et al 2000):

-  formação de osteófitos;

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-  aparição de ossificações periarticulares;

-  aparição de corpos livres intra-articulares;

-  redução ou desaparição do espaço articular nas áreas submetidas a

pressão;

-  esclerose do osso subcondral;-  cistos subcondrais;

-  eburnização do osso subcondral;

-  desvios de alinhamento ou subluxação de algumas articulações;

Geralmente, nos estágios iniciais a radiografia é normal.

A destruição da cartilagem articular manifesta-se por diminuição da fenda

articular. A maior sobrecarga mecânica leva à formação de áreas espassadas de

esclerose óssea na camada subcartilaginosa e ao aparecimento de cistos que se

localizam nas imediações da articulação. As áreas articulares não submetidas ao peso do

corpo apresentam osteófitos. A fase final caracteriza-se por deformidades acentuadas e

por vícios de posição da articulação (WINKEL et al, 1997).

O estreitamento do espaço articular na radiografia antero-posterior obtida

em pé pode ser um dado inicial, por fornecer a posição funcional do membro inferior,

ao lado dos demais achados de esclerose subcondral, dos osteófitos marginais no fêmur

e na tíbia e da formação de cistos ósseos – o RX simples pode revelar as calcificações

da cartilagem e outras estruturas quando ocorre deposição de pirofosfato de cálcio ou

apatita (COSSERMELLI, PASTOR e FULLER, 2001).

Segundo Jordan et al (1996), a gravidade da dor nos joelhos é mais

importante que a gravidade dos achados radiológicos na determinação das limitações

funcionais ou psico-sociais.

Tabela 5 - Correlação anátomo-radiológica segundo SEDA  apud  MOREIRA e

CARVALHO (2001)PATOLOGIA RADIOLOGIA

Destruição cartilaginosa progressiva,regular ou irregular, com diminuição desua espessura.

Diminuição progressiva da interlinhaarticular, de modo uniforme ou irregular(pinçamentos radiológicos).

Eburnificação do osso subcondral nas áreasde destruição cartilaginosa (marfinização).

Esclerose óssea na zona subcondral.

Remodelagem óssea com hiperplasia Osteófitos, irregularidades nas superfícies

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marginal, formação de osteófitos,platibandas, irregularidades e alargamentodas superfícies articulares.

articulares, ampliação das superfíciesarticulares.

Rarefação óssea localizada com áreas“císticas”

Pseudocistos às vezes vistos antes daredução do espaço articular, evidenciando

a destruição cartilaginosa.

4.8.3 Diagnóstico Diferencial

Segundo Vannucci et al (2000), doenças caracterizadas por dores articulares

e/ou rigidez músculo-esquelética em pessoas adultas e idosas compõem o principal

grupo de afecções que devem ser diferenciadas da osteoartrite. Destaque deve ser dado àartrite reumatóide (AR) e à polimialgia reumática.

Cerca de 80% de todos os diagnósticos em Reumatologia são feitos pela

história clínica, portanto é muito importante caracterizar o padrão de distribuição da dor

articular, da existência e tempo de duração do processo inflamatório articular e da

presença ou não de manifestações sistêmicas, isso tudo em virtude de um

direcionamento do diagnóstico (MENESES, 1997).

Na OA, as articulações mais envolvidas são aquelas sujeitas a descarga depeso como joelhos, quadris, interapofisárias da coluna cervical e lombar, primeiras

metatarso-falangeanas dos pés, e também interfalangeanas distais, interfalangeanas

proximais, primeiras carpo-metacárpicas das mãos (MÜHLEN, 2001).

De acordo com Vannucci et al, (2002) a rigidez matinal na OA é menor que

30 minutos, sendo habitualmente não superior a 10 minutos. Os sinais inflamatórios

articulares são geralmente leves a moderados e eventuais. Pacientes com artrite

reumatóide (AR) apresentam sinais inflamatórios articulares persistentes, muitas vezes

intensos e de difícil controle; a rigidez matinal é prolongada, podendo permanecer por

horas antes que haja alívio completo.

A polimialgia reumática (PMR) se caracteriza por rigidez e dor muscular,

principalmente nas regiões da cintura escapular e pélvica, sendo incomum a inflamação

articular. Nesta afecção a velocidade de homossedimentação é alta (>50 mm/primeira

hora), podendo associar-se à presença de vasculite (arterite temporal). Na OA a

velocidade de hemossedimentação é geralmente inferior a 20 mm/primeira hora

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(CONN, 1999).

4.8.4 Avaliação física do joelho osteoartrítico

1) Observar ambos membros em posição ortostática e depois com o

paciente sentado para descobrir qualquer anormalidade da mecânica que possa

contribuir para o desgaste anormal. Observa-se o aspecto da articulação e a

configuração do membro, comparar com o outro lado.

Na artrose unilateral pode achar-se alguma causa local. Se a afecção é

bilateral, é provável que exista uma causa biomecânica geral e a mais comum é a

deformidade por torção interna.

2) Sobre a mesa de exploração: examinar a perda da extensão. Se existe

perda, observar o grau e analisar a causa.

3) Palpar a interlinha articular em busca de sensibilidade, em particular.

4) Avaliar prova de amplitude de rotação em graus variáveis de flexão, até

alcançar a extensão máxima, comparar com o outro joelho.

5) Observar o grau de atrofia muscular, observar a amplitude dos

movimentos ativos e passivos e suas reações, se há dor, crepitação.

6) Observar sinais inflamatórias: dor, calor, rubor e edema.

Esta avaliação física tem como referência (JORDAN et al, 1996)

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5 CINESIOTERAPIA

5.1 CONCEITO

Segundo Gardiner (1995), cinesioterapia é um meio de acelerar a

recuperação do paciente de ferimentos e doenças que alteram seu modo normal de vida.

A perda ou diminuição da função impede ou modifica sua capacidade de viver,

independentemente de continuar seu trabalho e desfrutar de recreação, ou seja, a

cinesioterapia é a terapia ou tratamento através do movimento que engloba recursos e

exercícios terapêuticos que tem a finalidade de melhorar a função do corpo

enfraquecido ou parte dele.

Os objetivos da cinesioterapia são:

-  Promover a atividade quando e onde seja possível minimizar os efeitosda inatividade.

-  Corrigir a influência de músculos específicos ou grupos de músculos e

reconquistar a amplitude normal do movimento da articulação sem

perturbar a obtenção do movimento funcional eficiente.

-  Encorajar o paciente a usar a habilidade que ele reconquistou no

desempenho de atividades funcionais normais, e assim acelerar sua

reabilitação.

5.2. TÉCNICAS

Conforme D’Andréa e Amatuzzi (1999), a cinesioterapia se vale de vários

tipos de exercícios, cada um com sua gama particular de indicações. Podendo dividir os

exercícios em:

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1.  exercícios ativos

2.  exercícios passivos

3.  exercícios ativo-assistido

4.  exercícios resistidos

5.  exercícios isotônicos6.  exercícios isométricos

7.  exercícios isocinéticos

8.  exercícios para alongamento

9.  exercícios de relaxamento

10. exercícios de propriocepção

1 - Exercícios ativos

São os exercícios mais adequados para restabelecer a função, isto é, aqueles

feitos integralmente a partir de impulsos voluntários do indivíduo (KISNER e COLBY,

1998).

2 - Exercícios passivos

Os exercícios passivos são movimentos executados precisa e suavemente

pela fisioterapeuta.

São indicados quando há alguma restrição à movimentação ativa do

segmento em questão. Fraqueza muscular, dor, lesões de partes moles e paralisias são

condições que freqüentemente levam à indicação deste tipo de exercício. Sua principal

função é a de manter a amplitude de movimento, evitando o acúmulo e a aderência do

tecido conjuntivo que normalmente acompanha o imobilismo (D’ ANDRÉA e

AMATUZZI, 1999).

3 - Exercícios ativo-assistidoUm tipo intermediário de exercício é o chamado exercício ativo-assistido,

situação na qual o sujeito participa parcialmente da realização do movimento. O

terapeuta auxilia o movimento, guiando o segmento a ser mobilizado; ao mesmo tempo,

encoraja o paciente a usar a motricidade voluntária disponível naquele movimento.

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4 - Exercício resistido (ER)

Segundo Kisner e Colby (1998), exercício resistido é uma forma de exercício

ativo na qual uma contração muscular dinâmica ou estática é resistida por uma força

externa. A força externa pode ser aplicada manualmente ou mecanicamente.

ER manual: é um exercício ativo no qual a resistência é feita pelo

fisioterapeuta. Embora a quantidade de resistência não possa ser medida

quantitativamente, ou seja, a quantidade de resistência aplicada é limitada somente pela

força de terapeuta.

ER mecânica: é um exercício ativo no qual a resistência é feita por

equipamentos ou aparelhos mecânicos. A quantidade de resistência pode ser mensurada

quantitativamente e progredir com o tempo. É também útil quando é necessária uma

resistência maior do que o terapeuta pode aplicar ( KISNER e COLBY, 1998).

5 - Exercícios isotônicos

Os exercícios isotônicos são os mais largamente empregados para o

desenvolvimento de força muscular. O termo isotônico significa que tipo de contração

muscular é feito contra uma resistência constante, freqüentemente um peso colocado na

extremidade a ser tratada ou conectado a esta por meio de um sistema de polias.

Os exercícios isotônicos têm a vantagem de ser facilmente realizáveis, pois

são de simples compreensão e execução (PRENTICE e VOIGHT, 2003).

6 - Exercícios isométricos

Segundo Prentice e Voight (2003), os exercícios isométricos tem sido

empregados há décadas, ao longo de todo processo de reabilitação. Isométrico, por

definição, significa “comprimento igual”. Portanto, conforme o músculo contrai, não há

aumento do comprimento ou encurtamento associados. Estes exercícios são comumenteutilizados durante as fases iniciais de reabilitação, quando o movimento está limitado ou

são observados arcos de dor.

Contudo, estes exercícios são de grande valor, pois são capazes de fortalecer

um músculo sem a necessidade de movimento articular, propriedade extremamente útil

em patologias articulares. Também podem ser usados em outras condições que exigem

imobilização como, por exemplo, durante o tratamento de fraturas ou durante as fases

precoces de cicatrização de partes moles ( D’ ANDRÉA e AMATUZZI, 1999).

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7 - Exercícios isocinéticos

Depois da aceitação dos exercícios isocinéticos, os fisioterapeutas

destacaram inicialmente o teste e a reabilitação da articulação isolada. Nos últimos anos,

a modalidade integrada para a reabilitação tornou-se o método preferido (PRENTICE e

VOIGHT, 2003).Isocinética é definida simplesmente como “velocidade constante”, ou seja, se

estabelece previamente a velocidade a ser aplicada pelo paciente, não a força.

Consideramos que tanto o exercício isocinético quanto o isotônico são dinâmicos, o

paciente consegue executar os exercícios concêntricos (o músculo encurta quando

contrai) e excentricamente (o músculo aumenta de comprimento quando contrai).

Os exercícios isocinéticos, oferecem resistência variável de acordo com a

força que é exercida a cada instante. A resistência imprimida ao movimento é, com

auxílio de um mecanismo de servo-controle, correspondente à força feita pelo sujeito a

fim de manter a velocidade constante (daí o termo isocinético).

Com este tipo de exercício é possível conseguir fortalecimento homogêneo

em toda a amplitude de movimento, mas isto depende do esforço efetivamente

produzido pelo paciente.

A especificidade de treinamento também ocorre neste tipo de exercício. O

fortalecimento conseguido com menores velocidades angulares se fará notar nestas

mesmas velocidades. O ganho de força conseguido pelo treino em velocidades maiores,

não obstante, pode manifestar-se também em velocidades menores (D’ ANDRÉA e

AMATUZZI, 1999).

8 - Exercícios para o alongamento muscular 

Alongamento muscular é o termo usado para o processo de alongamento do

envoltório do músculo. O alongamento pode ocorrer por deformações elástica e/ou

plástica. A deformação elástica não se mantém depois que a força tensional forremovida, ao contrário do que ocorre com a deformação plástica, característica dos

materiais viscosos. Como o tecido conjuntivo tem um comportamento viscoelástico,

ambos os tipos de deformação ocorrem. O objetivo do exercício de alongamento é a

deformação duradoura ou plástica. Diferentes características do exercício de

alongamento podem produzir deformações mais ou menos duradouras. (ALTER, 1998;

JOYNT et al., 1993; REID, 1992).

O alongamento muscular é proporcional à força a que o músculo é

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submetido. Uma força de baixa intensidade necessita de mais tempo para provocar a

mesma quantidade de alongamento. Todavia, a proporção de deformação plástica é

maior para exercícios que utilizam forças menores (por mais tempo), ao passo que o

estiramento provocado por grandes (e fugazes) forças tende a ser tipo elástico, não

permanente. Um exercício de alongamento baseado em forças intensas, além disso,tende a produzir dor, espasmo e até ruptura (estiramento) muscular.

A temperatura também tem um considerável efeito sobre o comportamento

do tecido sujeito a uma força tensional. Sabe-se que o uso de calor aumenta a fluência

do tecido, provavelmente por desestabilizar suas ligações intermoleculares. Isto facilita

o deslizamento entre as moléculas, aumentando as características de viscosidade que

permitem o alongamento. Contrariamente, a diminuição da temperatura torna o

alongamento mais difícil, pois o tecido frio possui maior estabilidade. Submeter o

músculo frio a exercícios de alongamento aumenta a chance de ocorrer lesão tecidual.

Esfriar um tecido em posição de alongamento estabiliza sua estrutura nesta

posição, aumentando assim a proporção de deformação plástica.

Acredita-se que o alongamento muscular seja capaz de aumentar o número

de sarcômeros, adicionando-os em série no ventre muscular. Este aumento, por sua vez,

aumentaria a amplitude de ação do músculo ( D’ ANDRÉA e AMATUZZI, 1999).

9 - Exercícios de relaxamento

O relaxamento muscular é amiúde tido como inócuo e negligenciado como

parte do tratamento cinesioterapêutico. Se lembrarmos de muitos quadros de dor, que

são associados à inabilidade de relaxar a musculatura, lhe daremos sua devida

importância. Ademais, o exercício terapêutico muitas vezes causa contratura indesejada

dos músculos, necessitando do papel compensador do relaxamento.

Diferentes técnicas podem ser usadas para relaxar os músculos: a contração e

relaxamento cíclicos, auxiliados ou não pelo “biofeedback” eletromiográfico; exercíciospendulares suaves; técnicas de visualização; alongamento muscular suave; exercícios

respiratórios, entre outros.

Os exercícios de relaxamento devem ser feitos ao final de cada sessão de

cinesioterapia, podendo também ser introduzidos em diferentes oportunidades, por

exemplo, quando aparece a fadiga ou contratura muscular; ao levantar de manhã; antes

de deitar à noite, etc., de acordo com a tendência individual (D’ ANDRÉA e

AMATUZZI, 1999).

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10 - Exercícios de propriocepção

A propriocepção é a aferência dada ao sistema nervoso central pelos diversos

tipos de receptores sensoriais em diferentes estruturas (ALTER, 1998; REID, 1992;

HALATA, 1988 et al).

Na verdade, todo comando motor inicia-se do reconhecimento da situaçãoatual do corpo (posição, movimento) a partir da informação vinda destes receptores.

Além disso, a aferência proprioceptiva dá ao sistema nervoso central a capacidade de

monitorar o efeito de seus comandos, num mecanismo de retroalimentação, até que o

movimento seja finalizado.

Então o toque do terapeuta sobre a pele é um potente estímulo à

propriocepção, assim como é a movimentação passiva ou, ainda melhor, ativa-assistida.

O frio também pode ser usado como estímulo sensorial, assim como a vibração.

O simples uso de um espelho facilita a execução de uma ação motora por

suplementar a propriocepção com a informação visual do movimento correto. Este tipo

de “feedback” visual, no entanto, deve ser usado apenas temporariamente no sentido de

sintonizar a propriocepção do indivíduo para a ação desejada. O paciente deve procurar

efetuar o movimento com o uso cada vez menor do espelho. O terapeuta também pode

auxiliar encorajando verbalmente a ação correta (D’ANDRÉA e AMATUZZI, 1999).

Pacientes portadores de instabilidade articular, especialmente aqueles

submetidos a reconstruções ligamentares do joelho, podem beneficiar-se do treinamento

proprioceptivo baseado em tarefas de dificuldade crescente como, por exemplo, marcha

e corrida com mudança de direção, obstáculos de diversos tipos, saltos, etc.

O “biofeedback” eletromiográfico é um importante auxiliar, pois a

contratilidade do músculo pode ser monitorada por estímulos visuais e auditivos. O

“biofeedback” eletromiográfico pode trabalhar músculos isoladamente e, à medida que

o paciente ganha controle sobre um músculo, outros podem ser adicionados, visando

treinar um movimento mais complexo (D’ANDRÉA e AMATUZZI, 1999).A esta técnica pode ser associada a eletroestimulação, que vai artificialmente

fortalecer o músculo, além de aumentar a percepção do movimento. A eletroestimulação

é especialmente útil nas fases precoces do tratamento.

Seja qual for o método usado, o princípio do treinamento proprioceptivo é o

reconhecimento da tarefa a ser executada e então sua repetição e correção constantes até

o desenvolvimento dos engramas sensoriais e motores adequados (D’ANDRÉA e

AMATUZZI, 1999).

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6 TRATAMENTO

Inicialmente é importante esclarecer que até o presente momento não foi

encontrado a cura para OA; o tratamento físioterapêutico visa o controle dos sintomas e

a melhora funcional, aliviando a dor, diminuindo a rigidez, impedindo a atrofia

muscular, minimizando desabilidades e tentando reduzir a progressão de destruição da

cartilagem, proporcionando ao indivíduo melhor qualidade de vida (SCOTT et al,

1998).

Segundo Buckwalter e Martin (1999) um programa de tratamento iniciado

precocemente com os pacientes que possuem a doença nas fases iniciais pode fazer uma

diferença significativa, melhorando a qualidade de vida do paciente.

O tratamento pode variar com a gravidade da doença e com as expectativas

dos pacientes. A seleção de um programa terapêutico deve ser absolutamenteindividualizada e seus objetivos podem ser sumarizados em vários pontos: diminuir a

dor, o grau de inflamação, a degradação da cartilagem, e como a OA cursa com grave

limitação, o objetivo é também centralizado na capacidade funcional e não apenas nos

sintomas, visando também normalização e otimização das AVD’s, além do aumento no

nível de atividade física diária e a melhora do condicionamento físico (MÜHLEN, 2002

e ALTMAN, 1999).

Os sintomas e a diminuição funcional causados pela OA, podem

freqüentemente ser aliviados com fisioterapia e medicação. Ocasionalmente a utilização

de medicamentos analgésicos ou antiinflamatórios não esteróides são freqüentemente

utilizadas. Em pacientes com OA muito avançada, os tratamentos cirúrgicos podem ser

uma opção, no sentido de aliviar ou melhorar a função (FISHER,1994;

BUCKWALTER e MARTIN, 1999).

Há na literatura uma grande ênfase em favor de tratamentos não

farmacológicos, uma vez que a maioria dos fármacos eficazes para o controle da dor

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têm efeitos colaterais adversos, principalmente em pacientes idosos (ALTMAN, 1999;

VANNUCCI et al, 2000). Diversos autores preconizam tratamentos não farmacológicos

como a educação do paciente, perda de peso, fisioterapia, exercícios aeróbicos,

medicina complementar, e o uso de tecnologia assistiva (órteses, bengalas e andadores),

como a primeira escolha terapêutica, ficando a combinação destas medidas, com o usode fármacos para os casos onde não se obtém boas respostas no controle da dor e

melhora da função (ALTMAN, 1999).

O tratamento da OA de joelho procurará ao mesmo tempo a sedação da dor

e a estabilidade, e por meio disso uma função o mais normal possível. Além do

tratamento médico (antálgico, antiinflamatório geral, infiltrações) e o tratamento

cirúrgico visando normalizar a estática ou as condições fisiológicas da articulação, a

cinesioterapia terá uma contribuição considerável como complemento indispensável de

um e de outro (XHARDEZ, 1999).

6.1 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Possibilita não só o controle da dor e da inflamação, mas caminha-se para

se conseguir a modificação ou o controle do processo que representa a OA, por meio da

ação farmacológica (COSSERNELLI, PASTOR e FULLER, 2001).

O tratamento medicamentoso deve ser multifatorial, pois a prescrição

medicamentosa isolada não é suficiente para o controle ideal da OA (COIMBRA et al,

2003).

Atualmente os fármacos mais utilizados são os analgésicos, anti-

inflamatórios não esteróides (AINES) e corticoesteróides intra-articulares

(BUCKWALTER e MARTIN, 1999).

Diversos trabalhos científicos, segundo Mühlen (2002), comprovam o efeitode analgésicos simples como acetaminofen no manejo da dor na OA, em níveis

similares aos atingidos com os AINES.

Entretanto, os AINES apesar de efeitos analgésicos e anti-inflamatórios

possuem uma diversidade de efeitos tóxicos que incluem sangramentos gastrintestinais,

erupções cutâneas, reações de hipersensibilidade, afetam adversamente os rins, o fígado,

a função medular óssea e a agregação plaquetária, prolongando o tempo de sangramento

(BUCKWALTER e MARTIN, 1999).

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Segundo Skare (1999), novas pesquisas demonstraram que pacientes

tratados com AINES, tinham uma exacerbação do processo degenerativo e que estes

deprimiam a função condrocitária. Observou-se que com a ausência de dor, propiciada

pela analgesia medicamentosa, o paciente usava excessivamente a articulação

acelerando o processo degenerativo.Os analgésicos mais utilizados são a cloroquina, diacereína, tetraciclinas

além de analgésicos tópicos (creme de capsaicina). Os dois primeiros inibem a ação da

interleucina 1 (IL-1) (SKARE, 1999).

O AINES são bastante empregados tendo comprovada sua ação analgésica e

antiinflamatória, porém há certa intolerância em seu uso em virtude das grandes

alterações gástricas que promove (COSSERMELLI,PASTOR e FULLER, 2001).

Há também as injeções intra-articulares com corticoesteróides e/ou ácido

hialurônico, que teriam a capacidade de restaurar a condição protetora do líquido

sinovial, mas também permanece em discussão (SEDA apud  MOREIRA e

CARVALHO, 2001).

6.2 TRATAMENTO NÃO-MEDICAMENTOSO (INTERVENÇÃO NÃO-

FARMACOLÓGICA)

Este tipo de tratamento engloba um conjunto de medidas, que deve ser

seguido e é de extrema importância, que inclui itens como educação do paciente e

familiares, medidas de ordem geral, redução de fatores mecânicos (PASTOR e

GIORGI, 2001).

A terapêutica em uma doença, tem mais chances de sucesso, se iniciada

pela correta conscientização dos pacientes e de seus familiares. Qualquer limitação das

funções corporais, desperta no doente um sentimento de frustração e descrença que oleva a mudar de atitude em relação ao ambiente que o rodeia, dificultando o convívio

familiar e social (PASTOR e GIORGI, 2001).

Cabe a nós fisioterapeutas e profissionais da saúde, dar ao paciente uma

visão adequada da doença, procurando orientá-los sobre as possibilidades terapêuticas,

estimulando-os para que eles colaborem efetivamente na sua reabilitação (MÜHLEN,

2002).

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Algumas medidas e orientações como evitar subir e descer escadas, evitar

posições viciosas, usar calçados adequados para absorver impacto, reduzir atividades

diárias, corrigir defeitos posturais, adequar a dieta e manter atividades esportivas sem

impacto e que não causem dor, são de suma importância para controle e redução de

progressão da doença (VANNUCCI et al, 2000).

6.3 TRATAMENTO CIRÚRGICO

De acordo com Vannucci et al (2000), pacientes com grande lesão articular

(pela radiografia) resultante da perda acentuada da cartilagem, desenvolvem

sintomatologia que dificilmente pode ser controlada com a terapêutica farmacológica ou

com a fisioterapia. Para estes pacientes, a cirurgia ortopédica deve ser considerada, uma

vez que tem o comprometimento progressivo da independência das atividades de vida

diária.

Em pacientes que apresentam dores prolongadas ou permanentes e naqueles

que começam a desenvolver deformidades fixas também são cogitados à cirurgia.

As cirurgias indicadas são: desbridamento artroscópico, osteotomias,

artroplastias e artrodeses (COIMBRA et al, 2003).

As osteotomias são feitas para modificar o eixo de alinhamento do membro

inferior afetado e deslocar a carga para outra região da superfície articular (COIMBRA

et al, 2003). Possui um grande valor, pois consegue diminuir os sintomas, estimular a

formação de nova superfície articular e corrigir a deformidade biomecânica

(BUCKWALTER e MARTIN, 1999).

Os desbridamentos artroscópicos são indicações precisas para correção das

lesões parciais de meniscos, labrum e retirada de corpos livres intra-articulares

(COIMBRA et al, 2003).As artroplastias totais promovem acentuada redução na dor e melhora

funcional na maioria dos pacientes com OA (COIMBRA et al, 2003).

Segundo Buckwalter e Martin (1999), as artroplastias consistem na

ressecção e substituição articular com implantação de próteses de polietileno, metal e

outros materiais sintéticos. Estas substituições articulares têm limitações, pois nenhum

dos materiais utilizados fornece durabilidade e estabilidade para a articulação, com isso

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o desgaste do implante limita a sua vida. Além disso, a prótese pode infectar-se e os

resultados podem ser piores do que antes da cirurgia (DANDY, 2000).

Dandy (2000) relata que a artrodese consiste na fusão articular,

preconizada, principalmente nas pequenas articulações, convertem uma articulação

dolorosa rígida e em má posição, em uma articulação rígida, indolor e em boa posiçãofuncional. Entretanto, a fusão de uma articulação aumenta a sobrecarga nas articulações

vizinhas, podendo, a partir daí; acelerar o processo degenerativo nestas articulações.

Segundo Marques e Kondo (1998), a fisioterapia também pode atuar no

pós-operatório dos pacientes submetidos a cirurgias, visando um retorno mais rápido

das funções.

6.4 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO

Para se iniciar um tratamento fisioterapêutico, é necessário apreciar a

gravidade do acometimento articular e sua conseqüência funcional e estabelecer qual

forma de tratamento é mais eficiente, além da análise completa do estado de saúde do

paciente, a sintomatologia que ele apresenta e suas patologias associadas (CHAHADE,

GIORGI e PASTOR, 2001).

O objetivo principal da fisioterapia é prevenir e minimizar o dano articular e

limitação funcional, tendo papel importante na reabilitação dos pacientes com OA,

auxiliando-os, tanto no alívio dos sintomas, quanto na execução das atividades da vida

diária, contribuindo para manter a qualidade de vida (MARQUES e KONDO, 1998).

Segundo Greene e Lim (2000) a intervenção fisioterapêutica é apropriada

em todos os estágios da patologia, desde a prevenção primária e secundária até a

reabilitação pós-cirúrgica no que diz respeito à melhora dos sintomas e restauração da

função.Na fase precoce é importante que além do tratamento dos sintomas, a

biomecânica articular seja corrigida, na tentativa de prevenir futuras alterações que

podem agravar o processo degenerativo. Nesta fase também é importante a orientação

do paciente sobre a patologia, os estágios de evolução e os cuidados que devem ser

tomados para que não se agrave o quadro (MARQUES e KONDO, 1998).

No estágio avançado é necessário a analgesia da região acometida (joelho),

através de recursos térmicos e elétricos, para que se possa restabelecer a função

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articular, através da cinesioterapia. Quanto mais acelerado o processo degenerativo,

menores são as chances de alta fisioterapêutica, pois as dores vão se tornando cada vez

mais fortes, com conseqüente diminuição da função articular, sendo necessária a

manutenção do estado do paciente (MARQUES e KONDO, 1998).

Vários são os recursos da fisioterapia no tratamento da OA. Além da terapiamedicamentosa e de exercícios terapêuticos (cinesioterapia) que será abordado

posteriormente, outros agentes físicos também são bastante utilizados de forma

associada. Os recursos de calor, frio e eletroterapia são amplamente utilizados, mas

existem poucos estudos a respeito de sua eficiência na OA (MARQUES e KONDO,

1998).

O frio (gelo) tem sido indicado em casos de dor, inflamação e espasmos

musculares. Além disso, é grande agente analgésico, por atuar diretamente nas

terminações nervosas, diminuindo a velocidade de condução nervosa e por estimulação

competitiva nas fibras amielínicas, agindo nos mecanismos de comporta de Melzack e

Wall. Nos processos inflamatórios, o frio reduz a hiperemia e o edema por sua ação

vasoconstritora. No músculo, o frio reduz a velocidade de disparo das fibras (tipo IA) do

fuso muscular, diminuindo o espasmo muscular (SEDA, 2001; MARQUES e KONDO,

1998).

O calor também é muito utilizado, pois possui efeitos fisiológicos que vão

contribuir para a diminuição da dor e melhora da funcionalidade dos músculos, aumenta

a extensibilidade do tecido colágeno e diminui rigidez articular. Entretanto, existem

controvérsias em relação à indicação e contra-indicação (MARQUES e KONDO, 1998;

CECIN et al, 1995).

Sabe-se que o calor, exacerba a inflamação aguda, sendo contra-indicada

nessa situação, devido ao aumento do fluxo sangüíneo e ao aumento da atividade da

colagenase, além de que outras enzimas degradadoras da cartilagem produzidas em

articulações inflamadas, são ativadas com aumento da temperatura (OOSTERVELD eRASKER, 1994). Mais estudos são necessários para obter respostas mais precisas a

respeito do calor e do frio.

Os recursos da eletroterapia mais utilizados são o ultra-som, ondas curtas,

microondas e a estimulação elétrica transcutânea (TENS), todos sendo excelentes meios

analgésicos, em dores não inflamatórias e prévios a cinesioterapia (MARQUES e

KONDO, 1998).

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A hidroterapia também é um excelente recurso no tratamento da OA, uma

vez que na água, por anular a gravidade e pelo empuxo, favorece toda amplitude de

movimento da articulação, reduzindo o impacto e a compressão, aliviando a dor

(ANDRIACCHI et al, 2000).

O conhecimento do mecanismo de ação e efeitos fisiológicos de cada umdos recursos físicos permite que se realize uma prescrição de tratamento adequada,

abordando cada um dos múltiplos fatores geradores de dor na OA.

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7 TRATAMENTO FISIOTERÁPICO ATRAVÉS DACINESIOTERAPIA EM OA DE JOELHO

Marques e Kondo (1998) afirmam que muitos trabalhos anteriores a 1980, apresentam a

cinesioterapia como forma inapropriada para tratar pacientes com OA, pois alegavam

que os exercícios poderiam causar estresse e esforço indevido na articulação lesada e,assim, piorar a inflamação. Entretanto, vários estudos encontraram diminuição de força

e endurance muscular e, conseqüentemente, perda de capacidade funcional desses

pacientes, além da diminuição da capacidade aeróbica.

Na literatura estrangeira, especialmente na norte americana, encontram-se

inúmeros estudos que revêem o papel dos exercícios na etiologia da OA de joelhos

(LEQUESNE, 1997), mas as conclusões são à favor de uma atividade física regular e

moderada e do uso dos exercícios terapêutico e/ou cinesioterapia (MINOR, 1999).

A utilização da cinesioterapia para melhora das condições funcionais e dos

sintomas de pacientes com OA são recomendados para o tratamento, e não estão mais

em questão (DEYLE et al, 2000; DIEPPE, 1999).

A cinesioterapia, no tratamento da OA de joelho consiste em diminuir a dor,

restaurar a flexibilidade articular normal e restabelecer o equilíbrio entre a força e o

comprimento dos músculos ao redor da articulação (BENNETT apud HALL e BRODY,

2001). Foi comprovado uma redução significativa tanto do torque muscular quanto do

trabalho realizado pelos músculos flexores e extensores do joelho, sendo esta redução,

maior no torque extensor. A dor e a rigidez articular apresentam-se como principais

determinantes de tal redução em pacientes com OA (TEIXEIRA e OLNEY, 1995).

Apesar da presença de dor, rigidez articular, mal alinhamento e perda de

função serem as principais características da OA, fraqueza muscular, hipotrofia,

derrame articular, desencadeando espasmo muscular protetor e reflexo, imobilidade e

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perda de “endurance” são também comuns no curso natural da doença (HSIEH apud 

TEIXEIRA e OLNEY, 1995).

Segundo Bennett apud  Hall e Brody (2001), esses fatores devem ser

avaliados bilateralmente através de toda cadeia articular dos membros inferiores

(MMII). É igualmente importante pesquisar os padrões dos movimentos funcionais,incluindo a marcha, a subida de escadas, sentar-se/levantar-se/sentar-se.

A cinesioterapia deve extrapolar os efeitos da terapia para além do

tratamento de um problema articular do joelho, alcançando os problemas funcionais, na

tentativa de reverter o processo de incapacitação. Ao planejar um esquema de exercícios

terapêuticos (cinesioterapia), devem ser combatidas a deficiência na articulação do

 joelho, as deficiências secundárias e as limitações funcionais (BENNETT apud HALL e

BRODY, 2001).

Na OA de joelho, a dor é o principal sintoma, é uma das principais causas de

incapacidade e é também o processo prévio de todo quadro sintomatológico que se

desenvolve. A diminuição da força muscular é explicada como conseqüência da dor que

reduz a força de contração muscular devido a uma inibição reflexa. Além do mais, a dor

correlaciona-se positivamente com rigidez articular e com a função, indicando que a

presença dela é associada ao aumento da rigidez articular e piora da função (TEIXEIRA

e OLNEY,1995).

A perda da integridade do complexo articular também pode dar origem a

padrões de movimento que são energicamente ineficientes, o que limita a atividade

quando o alinhamento da articulação é anormal, os músculos não conseguem mais gerar

força máxima, o que contribui para os déficits de vigor. Isso explica o surgimento de

deficiências funcionais, pois os pacientes consideram mais difícil, mais doloroso e

menos eficiente a execução dos movimentos (BRODY e HALL, 2001).

De acordo com Marques e Kondo (1998) a ocorrência de dor e a diminuição

da força muscular, perpetuam um ciclo vicioso no qual a limitação funcional conduz aincapacidade e, por sua vez, estas levam a limites nas AVD’s e, por sua vez, à piora da

qualidade de vida.

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7.1 APLICAÇÃO DA CINESIOTERAPIA E SEUS RECURSOS

Burning e Materson apud  Marques e Kondo (1998) acreditam que a

cinesioterapia melhora e mantêm a força muscular, a mobilidade articular, a endurance,

a funcionalidade e, ainda, aumentam a densidade óssea devido à lei de Wolfe e

diminuem a dor, pois diminui as alterações biomecânicas. Segundo eles, manter a

mobilidade articular é muito importante para os pacientes com OA, pois a perda da

amplitude de movimento (ADM) causa encurtamento, contratura dos músculos

(quadríceps e isquiotibiais) e estruturas capsulares, podendo dificultar a funcionalidade.

A cinesioterapia da OA de joelho retomará princípios gerais importantes:

-  Muita prudência e não despertar a dor e a crise inflamatória;

-  Ser feita sem o peso do corpo (decúbito dorsal ou sentada);

-  Reintegrar sempre a articulação do joelho na estática do MMII em geral e o

equilíbrio geral do paciente, sendo que as metas principais são: combater dor,

lutar contra sobrecarga articular, recuperar mobilidade articular, lutar contra

instabilidade do joelho, lutar contra problemas inflamatórios e circulatórios

(XHARDEZ, 1999).

Existem vários tipos de exercícios terapêuticos (recursos da cinesioterapia)

usados pela fisioterapia: mobilização passiva e ativa, alongamentos, exercícios

isométricos, isotônicos e outros.A preservação da cartilagem depende, em parte, do movimento articular.

Os exercícios de ADM passiva, ativa simples e ativo assistida têm por finalidade

garantir que o joelho se movimente através de toda a amplitude de que dispõe

(BENNETT apud HALL e BRODY, 2001).

Através da cinesioterapia passiva na articulação do joelho, há diminuição das

restrições capsulares. Ocorre a “quebra’’ de tecido conjuntivo desorganizado e há

diminuição de aderências, proporcionando movimento e lubrificação para a cartilagem

articular, ampliando a mobilidade do paciente (HARRELSON e LEAVER-DUNN,

2000).

A ADM passiva é realizada em casos agudos com quadro inflamatório em

que o paciente precisa ficar em repouso. Para evitar contratura e garantir a manutenção

de uma ADM plena, são necessárias uma ou duas repetições de movimento passivos

delicado através da amplitude disponível todos os dias (BENNETT apud  HALL e

BRODY, 2001). Deve-se atentar pelo fato de que o excesso de movimentação pode

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contribuir para aumentar a inflamação articular,portanto,não se deve ultrapassar a média

recomendada.

Existem certas contradições entre autores em relação ao tratamento da OA

de joelho nas fases aguda e crônica. Segundo D’andréa e Amatuzzi (1999), na fase

aguda, a preocupação é com o adequado posicionamento da articulação do joelho. Orepouso articular é obrigatório, podendo instituir-se os exercícios passivos e ativos para

manutenção de ADM.

Orienta-se o paciente neste período para evitar atividades musculares de

força e resistência muscular. Por outro lado Buckwalter e Martin (1999) relatam que o

repouso nesta fase, pode aumentar a rigidez articular.

Greene e Lim (2000) afirmaram que na fase aguda o objetivo principal é

diminuir a dor e a inflamação, mantendo ADM e força muscular e que os exercícios

apropriados nessa fase são os exercícios isométricos associados a ADM passiva e ativa

do joelho, prevenindo posteriores contraturas e mantendo a nutrição da cartilagem.

Entretanto, é importante considerar que durante a fase aguda haja uma alternância com

período de repouso e a realização dos exercícios, pois os movimentos repetitivos,

mesmo que passivos, podem exacerbar a inflamação articular (KISNER e COLBY,

1998). Nesta fase, se a dor for muito intensa devido à sobrecarga mecânica, orientar ao

paciente que utilize equipamentos de suporte e/ou assistência para minimizar a

sobrecarga (bengalas/andadores) (CALKINS, FORD e KATZ, 1997).

O alongamento é muito utilizado no tratamento de OA do joelho, sendo que,

ao alongar quadríceps , isquiotibiais, glúteo e tríceps sural, os sarcômeros são

distendidos,impedindo a sobreposição desorganizada dos filamentos de actina e

miosina. Com isso, o músculo ajustará o seu comprimento normal, aumentando o

número de sarcômeros em série, mantendo assim a melhor sobreposição funcional entre

os filamentos de actina e miosina para sua melhor distensibilidade (KISNER e COLBY,

1998). A força do alongamento deve ser controlada em casos de inflamação, pois estadiminui a força tênsil do músculo em 50% (MARQUES e KONDO, 1998).

O fortalecimento de músculos enfraquecidos é uma parte importante da

recuperação do equilíbrio muscular ao redor da articulação do joelho. Isso pode ser feito

com atividades isométricas, isotônicas ou isocinéticas. Cada forma de exercício tem seu

lugar na reabilitação dependendo do estado da articulação do joelho (BENNETT apud 

HALL e BRODY, 2001). O equipamento isocinético não será abordado aqui.

Segundo Cecin et al (1995), Greene e Lim (2000), O’sullivan e Schmitz

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(1993), os exercícios isométricos de quadríceps e/ou isquiotibiais são os mais

apropriados e utilizados na fase aguda, por causa do baixo incremento na pressão intra-

articular, diminuindo a probabilidade de inflamação e o movimento articular é mínimo.

Esses exercícios são bem tolerados pelos pacientes e se realizados em ângulos

articulares causam menos dor. Além disso é pequena a destruição do osso subcondralem relação a outros exercícios.

Apenas seis contrações isométricas máximas de quadríceps, sustentadas

durante 6 segundos cada, efetivamente aumentarão a força. A isometria deve ser

efetuada por toda a amplitude, para que fique assegurada a capacidade do músculo em

permanecer contido ao longo de toda amplitude durante as atividades funcionais

(O’SULLIVAN e SCHMITZ, 1993).

A fraqueza de quadríceps é comum em pacientes com OA de joelho, sendocausada mais pelo desuso que pela dor, rigidez, etc. Se desenvolve pela falta de

movimentação, espasmo muscular reflexo, imobilização e falta de carga no joelho

doloroso. Estudos recentes demonstraram que a fraqueza de quadríceps pode estar

presente em pessoas com alterações radiológicas de OA que não possuem história de

dor no joelho. Outro fato interessante é que tal fraqueza, pode ser um grave fator de

risco para o desenvolvimento e ocorrência de OA (ALTMAN,1999).

No estudo de Marks segundo Marques e Kondo (1998) um único sujeito com

OA de joelho realizou exercícios isométricos em apenas um ângulo de joelho; foi

escolhido o de 60º de flexão, para evitar a posição mais estendida, eliminar o

desconforto provocado pela dor e por esse ser o ângulo no qual o paciente apresentava o

menor torque. Após seis semanas de exercícios verificou-se melhora de 70% no torque

de quadríceps e, após 16 semanas, 126% no ângulo de joelho exercitado. A melhora no

torque, apesar de ser menor, foi observada também no espaço entre 30º acima e abaixo

do ângulo exercitado. No entanto, o autor relata que a melhora pode ter sido

influenciada pelo uso adequado dos membros inferiores (MMII), durante as atividadesda vida diária, no decorrer do tratamento; indicando, portanto, que a percentagem

descrita não pode ser atribuída, totalmente, aos exercícios isométricos, mas que estes

tiveram grande participação.

De acordo com Marques e Kondo (1998), os exercícios isotônicos podem ser

utilizados em seguida (dos isométricos), quando a dor e a inflamação forem controladas,

pois estes são superiores aos exercícios isométricos em relação a ganho de força,

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endurance, capacidade aeróbica e habilidade funcional.

As vantagens dos exercícios isotônicos dinâmicos incluem maior amplitude

de movimento da articulação, o que resulta em manutenção da flexibilidade capsular,

ligamentar e muscular e maior nutrição da cartilagem. O fortalecimento muscular ocorre

em todas as amplitudes articulares o que resulta em um complexo músculo-articulaçãofuncionalmente mais eficiente (BENNETT apud HALL e BRODY, 2001).

Segundo Hall e Brody (2001), a utilização de baixa resistência e alta

repetição (até o surgimento de fadiga) em um arco de movimento que não irrite a

articulação é preferida aos esquemas de alta carga e baixa repetição, nos quais a maior

sobrecarga articular pode causar inflamação.

O uso de pesos livres, máquinas de resistência e peso corporal em atividades

de cadeia fechada pode representar as maneiras apropriadas de aplicar a resistência,

porém suas limitações e vantagens devem ser analisadas em relação às necessidades

individuais do paciente. A escolha da modalidade de resistência depende da

manifestação do indivíduo e do objetivo do tratamento (CECIN et al, 1995; HALL e

BRODY, 2001).

A cinesioterapia, por meio de exercícios terapêuticos em si sós, além de

melhorar a função muscular, melhoram também a capacidade aeróbica em pacientes

com OA (MARQUES e KONDO, 1998).

Segundo Fisher et al (1997), a diminuição da capacidade aeróbica nos

pacientes com OA em geral é secundária à diminuição da função muscular, portanto, se

melhorar a função do músculo, acabará por intensificar a capacidade aeróbica.

Exercícios aeróbicos como andar e nadar podem ser acrescidos, quando houver aumento

na força e endurance muscular, para obter melhoras cardiovasculares.

Tanto o paciente quanto o terapeuta devem estar atentos aos sinais e

sintomas de exercício excessivo para não causar maiores danos à articulação.

Geralmente, incluem como indicador de excesso de exercício o aumento de edema, dorapós o exercício que dura mais de vinte e quatro horas e aumento da fadiga

(MARQUES e KONDO, 1998).

A propriocepção, ou a sensação de posição articular, também está

comprometida em pacientes com OA de joelho. A reeducação motora associada à

mobilização articular, com a criação de novos engramas sensitivos, procurando atuar

sobre o esquema corpóreo, através de técnicas específicas de reeducação postural, pode

ajudar bastante na percepção articular (D’ANDRÉA e AMATUZZI, 1999).

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As atividades em cadeia fechada também devem ser utilizadas com

freqüência e introduzidas através de atividades funcionais como caminhar, subir

escadas, passar da posição sentada para ereta e agachar-se (HALL e BRODY, 2001).

Em um estudo sobre os efeitos biomecânicos da distribuição de forças, de

cargas impostas às articulações e do repouso prolongado das mesmas, Walker (1998),preconiza que a cinesioterapia é um importante recurso na manutenção da saúde da

cartilagem. A escolha adequada de pesos aplicados, arcos de movimentos em que os

exercícios são realizados, a descarga de peso sobre as articulações e os tipos de

contração musculares são os parâmetros a serem considerados.

Dentre os estudos sobre a eficácia dos exercícios terapêuticos

(cinesioterapia), destacam-se Fisher et al (1997), que apresentam um programa de

reabilitação muscular progressivo através de exercícios de alongamento, exercícios

isotônicos e isométricos para as cadeias musculares dos membros inferiores, associados

a condicionamento aeróbico. Ao comparar os resultados pré e pós-tratamento, os

autores observaram melhoras em todos os parâmetros selecionados para verificar os

resultados.

Fransen et al (1997) também estudaram os efeitos de um programa de

exercícios em 40 pacientes que foram submetidos a exercícios de alongamento,

exercícios isométricos, concêntricos e excêntricos para as cadeias musculares dos

membros inferiores, além do condicionamento aeróbico. Os pacientes submetidos a um

período de sessões na clínica depois continuaram a um programa de exercícios em casa

durante dois meses. Os pacientes que concluíram o protocolo (33 pacientes) obtiveram

melhora no desempenho das AVD’s, no nível de dor, medido por escala visual e nas

variáveis têmporo-espaciais da marcha (cadência, velocidade e comprimento de passo).

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8 CONCLUSÃO

Com base na análise de todo o estudo realizado, é possível concluir a

complexidade do impacto da osteoartrite de joelho sobre a saúde das pessoas. A atuação

da fisioterapia no tempo oportuno pode evitar que esse impacto cause maiores danos e

que estes levem a limitação funcional, provocando incapacidade.

Um programa de cinesioterapia, quando bem prescrita, pode evitar perda de

força muscular, de limitação funcional, promover ganho de resistência, flexibilidade,

melhorando a mecânica articular e evitando implicações nas atividades de vida diária.

A fisioterapia ainda conta com outros recursos a serem utilizados na

diminuição da dor e da inflamação, pois se não controlados, a cinesioterapia fica

limitada. Entretanto, mesmo dispondo desses recursos, ainda se sabe que não há

regressão do processo degenerativo, enfatizando que o real papel do fisioterapeuta é

contribuir para a atenuação deste processo, melhorando a condição do paciente.

Podemos inferir que, embora ainda haja poucos estudos demonstrando a real

eficácia da cinesioterapia e/ou exercícios terapêuticos, é importante que cada vez mais

os fisioterapeutas se preocupem, não apenas com os aspectos referentes aos

componentes da função, mas também com as inter-relações entre essas alterações, que

correspondem às alterações de estruturas e órgãos do corpo, e à limitação das atividades

e da participação social dos pacientes.Assim, um trabalho de fisioterapia corretamente proposto pode vir a auxiliar

os pacientes com osteoartrite a aliviar a dor, aumentar a capacidade funcional e a

independência nas atividades da vida diária e, em última análise, a melhorar sua

qualidade de vida.

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Joelho com Ausência de Osteoartrite

Joelho Osteoartrítico(diminuição do espaço articular)

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Joelho Osteoartrítico (presença de osteófito)

Joelho Osteoartrítico (esclerose condral)

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Joelho Osteoartrítico

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ANATOMIA DO JOELHO

Joelho Direito: Vista Anterior

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Joelho Direito: Vista Posterior

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Secção parassagital (lateral à linha média)