2 edição a - previdencia.gov.br · secretaria de políticas de previdência social (sps)...

83
2 Edição a

Upload: buidien

Post on 08-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

2 Ediçãoa

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

MINISTRO DE ESTADO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

SECRETÁRIO-EXECUTIVO

SECRETÁRIO DE POLÍTICAS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

SECRETÁRIO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

H

Luiz Inácio Lula da Silva

Luiz Marinho

Carlos Eduardo Gabas

elmut Schwarzer

Leonardo André Paixão

PANORAMA

DA PREVIDÊNCIA

SOCIAL

BRASILEIRA

Ministério da Previdência Social — MPS

Brasília–DFNovembro/2007

2a Edição

© Ministério da Previdência Social1a Edição — Março 20042a Edição — Novembro 2007

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada afonte.

Tiragem: 5.000 exemplares

Organização do texto

Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPS)

Secretaria de Previdência Complementar (SPC)

Editoração eletrônica

Assessoria de Comunicação Social (ACS)Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 8o andar.Tel.: (61) 3317-5109 / 3317-5449Fax: (61) 3322-3125CEP: 70059-900 — Brasília–DF

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Biblioteca. Seção de Processos Técnicos — MTE

P195 Panorama da Previdência Social brasileira — 2. ed. — Brasília : MPS, SPS,

SPC, ACS, 2007.

79 p.

1. Previdência Social, Brasil. 2. Benefício previdenciários, Brasil. 3.

Reforma previdenciária, Brasil. I. Brasil. Ministério da Previdência Social

(MPS). II. Brasil. Secretaria de Políticas de Previdência Social (SPS). III.

Brasil. Secretaria de Previdência Complementar (SPC). IV. Brasil. Assessoria

de Comunicação Social (ACS).

CDD 341.675

Sumário

Introdução ............................................................... 5

I Antecedentes Históricos ........................................ 7

II Aspectos Essenciais .............................................17

III Regime Geral de Previdência Social —Destaque na Melhoria da Distribuição deRenda e na Estabilidade Social do País ......................30

IV Conceitos importantes ......................................... 35

V Os Benefícios Previdenciários .................................38

VI Regime Próprio de Previdência Social ....................... 47

VII Fórum Nacional da Previdência Social ....................... 50

VIII A Nova Previdência Complementar Fechada................ 58

Panorama da Previdência Social Brasileira

5

Introdução

A Previdência Social vem aumentandogradativamente seu comprometimento com o bem-estardas famílias dos trabalhadores brasileiros, sobretudodaquelas de menor renda e de difícil acesso aos benselementares da vida. O seguro social lhes proporcionaamplo espectro de cobertura, que alcança, além dasdiversas modalidades de aposentadoria, desde o salário-maternidade, passando pelo auxílio-doença, até oauxílio-reclusão, abrandando-lhes todo tipo deadversidade.

E não somente nesse alcance direto sobre a vidados trabalhadores atua a Previdência Social. Ela segueparticipando de forma admirável na economia damaioria dos pequenos municípios brasileiros, a pontode constituir a principal fonte de recursos nessaslocalidades, garantindo-lhes o indispensável equilíbriosocial, mediante a prestação certa dos benefíciosprevidenciários.

Nessa conjugação harmoniosa entre a funçãosocial, que lhe é específica, e a alternativa influênciana capilarização dos recursos econômicos — vale dizer,na melhor distribuição da renda — desponta um terceiroinstrumento de real valor na estrutura do seguro socialno Brasil, que é a Previdência Complementar.

Ela amplia a projeção de todo o sistema, operandofortemente na melhoria das condições de vida dos

6

Panorama da Previdência Social Brasileira

trabalhadores e, ainda, como forma organizada e bemdirecionada de poupança de longo prazo.

Um pouco de tudo isso está apresentado, nadescrição técnica e fundamentação de dados, nestePanorama da Previdência Social Brasileira.

Crescem, em todo o Mundo civilizado, osincessantes clamores em prol dos valores maiores dacidadania e dos direitos humanos, como formaprimordial de se alcançarem a paz duradoura e ummelhor equilíbrio social para toda a humanidade. Nãoé diferente aqui no Brasil, onde esses ideais estão sendorealizados com empenho pelo Governo Federal.

Na segurança da projeção dos instrumentos aquidescritos, no clima saudável da verdadeira Democraciade que estamos desfrutando no Brasil, a PrevidênciaSocial tem amplo horizonte para prosperar na conquistade objetivos, que se impõe continuar buscando, comurgência, firmeza e motivação crescentes: o aumentoda filiação de novos segurados, pressuposto elementarna extensão da cobertura do seguro social a milharesde famílias brasileiras dele desamparadas, e para omaior equilíbrio financeiro e atuarial de todo o sistema;o combate incessante, sem tréguas, às fraudes e àsonegação e, por fim, não menos importante, a adoçãode uma política administrativa especial, voltada todaela para a modernização e dinamização do atendimentoao segurado, numa frente de trabalhos que se pretendesem precedentes na longa história da Previdência Socialbrasileira.

7

Panorama da Previdência Social Brasileira

I

Antecedentes

Históricos

No ano de 1821, um decreto doPríncipe Regente Pedro de Alcântaratornou-se o primeiro texto legal queregistrou o tema Previdência Social noBrasil. Anteriormente a ele temosconhecimento apenas de um plano deproteção dos oficiais da Marinha (1793),que concedia pensão às viúvas e aos filhosdependentes. Nos primórdios daPrevidência, conhecemos o MONGERAL,que era um programa de amparo aosfuncionários do Ministério da Economia.

O alvorecer da Previdência como aconcebemos hoje foi, porém, em 1923com a Lei Eloy Chaves, que previa acriação de uma Caixa de Aposentadoriase Pensões para cada empresa de estradade ferro e com abrangência a todos osseus empregados. A partir desta Lei, aproteção social no Brasil passou a contarcom uma instituição que oferecia pensão,aposentadoria, assistência médica eauxílio farmacêutico. Ainda hoje, apensão e a aposentadoria são benefíciosindispensáveis para que se caracterizeuma instituição previdenciária. Até o anode 1923, as instituições concediamapenas um ou outro benefício.

8

Panorama da Previdência Social Brasileira

Na década de 30, o sistema previdenciárioreestruturou-se, mantendo as bases corporativas, demodo a responder ao dinamismo político-econônimo doinício do processo de industrialização brasileiro.Paralelamente às Caixas, proliferaram-se os Institutosde Aposentadoria e Pensões, restritos aos trabalhadoresurbanos: Instituto de Aposentadoria e Pensões dosMarítimos (IAPM), em 1933, Instituto de Aposentadoriae Pensões dos Comerciários (IAPC), em 1933, Institutode Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB),em1934, Instituto de Aposentadoria e Pensões dosIndustriários (IAPI), em 1936, Instituto de Previdênciae Assistência dos Servidores do Estado (IPASE), em 1938,Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), em 1939.

Os institutos, porém, tinham uma característicabem marcante, cada um deles possuía uma estruturaespecífica de benefícios e contribuições o que criavauma grande disparidade entre os níveis qualitativos equantitativos de proteção social.

Nos anos 30, a relação entre Estado e classeoperária foi organizada, mediante a interligação de trêssistemas: sindicato, Justiça do Trabalho e políticaprevidenciária. A política adotada pelo Governocontribuiu para que a cobertura previdenciáriaaumentasse enormemente. Ao final da década de 40,tínhamos dez vezes mais segurados do que em 1934.

Na década de 40, foi autorizada a organizaçãodefinitiva e o funcionamento da Legião Brasileira de

Panorama da Previdência Social Brasileira

9

Assistência (LBA) — 28 de agosto de 1942. Sua principalfunção era a proteção à maternidade e à infância, oamparo aos velhos e desvalidos e a assistência médicaàs pessoas necessitadas. No período da II GuerraMundial, a LBA apoiou os soldados brasileiros mediantediferentes campanhas tais, como: alimentação,fornecimento de cigarros, dentre outros.

Na década subseqüente, a Previdência Social, porintermédio dos Institutos, foi convocada a participarda construção da nova Capital da República, e seusrecursos financeiros garantiram uma construção rápidae sem grandes ônus para o Tesouro. O financiamentoda construção de Brasília foi, provavelmente, o maiorinvestimento imobiliário dos Institutos durante toda suaexistência.

No ano de 1960, a Lei Orgânica da PrevidênciaSocial (Lei no 3.807, de 26 de agosto de 1960) unificouos Institutos, pois todos os órgãos de execuçãoprevidenciária passaram a cumprir as mesmas normas.A unificação da gestão, no entanto, demoraria maisalguns anos e seria implantada com a criação doInstituto Nacional de Previdência Social (INPS), em 1966.

Com a Lei no 6.439, de 1o de setembro de 1977,surgiu o Sistema Nacional de Previdência e AssistênciaSocial, com a difícil missão de integrar as seguintesfunções: concessão e manutenção de benefícios,prestação de serviços, custeio de atividades eprogramas, gestão administrativa, financeira e

10

Panorama da Previdência Social Brasileira

patrimonial da Previdência e da Assistência Social. Parao cumprimento dessa missão, foram criados o INAMPS,INPS, IAPAS, CEME, DATAPREV, FUNABEM e LBA.

Em julho de 1970 foi criado o Instituto Nacionalde Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que maistarde passaria a emitir os documentos necessários àobtenção do amparo previdenciário pelo trabalhadorrural. Em 1971 foi criado o Programa de Assistência aoTrabalhador Rural (FUNRURAL) (Lei Complementarno 11, de 25 de maio de 1971), que concedia aotrabalhador rural os benefícios de aposentadorias porvelhice e invalidez, pensão por morte, auxílio-funeral,serviços de saúde e serviço social. A aposentadoriacorrespondia, então, a 50% do salário mínimo.

Nos anos 80, A Constituição Cidadã implantou umnovo conceito no Brasil, o de Seguridade Social. Em seucapítulo da ordem social, a Constituição estabeleceu quea seguridade é composta por três segmentos básicos:Previdência Social, Saúde e Assistência Social. Osseguintes princípios passaram a guiar o poder público:universalidade da cobertura e do atendimento, segundoos quais todos os cidadãos têm acesso à proteção social;uniformidade e equivalência dos benefícios e serviçosàs populações rurais, mediante as quais o trabalhadorrural passa a integrar o conjunto dos cidadãos,principalmente no âmbito previdenciário; seletividadee distributividade na prestação dos benefícios e serviços,pelas quais as necessidades individuais determinam osbenefícios ou serviços que devem ser concedidos;

Panorama da Previdência Social Brasileira

11

irredutibilidade do valor dos benefícios; equidade naforma de participação no custeio; diversidade da basede financiamento — as contribuições devem incidir sobremúltiplos setores da economia e da produção, e aindasobre os salários; caráter democrático e descentralizadoda administração.

Nos anos 90, o Ministério da Previdência eAssistência Social passou por uma alteração estrutural.No inicio da década foram extintos os antigos INPS eIAPAS, que deram lugar ao atual Instituto Nacional doSeguro Social (INSS), consolidando a Previdência comouma forma de seguro social. Esta imagem vem seconsolidando ao longo da década e mostra a Previdênciacomo um direito constitucional de todos os cidadãosbrasileiros. As políticas atualmente estabelecidasvinculam a Previdência Social a diferentes grupossociais, transformando-a num fator de estabilidadesocial do País. Os recursos injetados pelo INSS naeconomia das cidades brasileiras são fundamentais parao combate à pobreza, melhoria na distribuição de rendae para o dinamismo econômico e social, principalmentenas áreas rurais e cidades de pequeno e médio porte.

No Brasil, o sistema previdenciário dos servidorespúblicos encontrava-se profundamente desequilibrado,em função de regras inadequadas de acesso àaposentadoria e de seus cálculos. Com base nessedesequilíbrio, o atual governo propôs e aprovou areforma da Previdência Social, por meio da EmendaConstitucional no 41/2003.

12

Panorama da Previdência Social Brasileira

Em nosso País existem três grandes regimesprevidenciários: o Regime Geral, administrado peloInstituto Nacional do Seguro Social, os Regimes Própriosdos Servidores Públicos, bem como a PrevidênciaComplementar.

Uma análise rápida da estrutura dos sistemas debenefícios previdenciários brasileiros apresenta osseguintes conceitos:

a) o Regime Geral de Previdência Social, gerenciadopelo INSS, é compulsório e, atualmente com tetode R$ 2.894,28, atende ao setor privado. Empre-gadores, empregados assalariados, domésticos,autônomos e trabalhadores rurais, são contri-buintes do sistema. As aposentadorias por idadesão concedidas aos homens com 65 anos e àsmulheres com 60 anos na área urbana, e aoshomens com 60 anos e mulheres com 55 anos naárea rural. Aposentadoria por tempo decontribuição aos 35 anos para homens e 30 paraas mulheres. A administração do sistema é publica;

b) o Regime de Previdência dos Servidores Públicosé compulsório, com teto e subtetos definidos pelaEmenda Constitucional no 41/2003, excluindo-sedeste grupo os empregados das empresas públicas.Aposentadoria compulsória aos 70 anos parahomens e mulheres e aposentadoria por tempode contribuição aos 35 anos para homens e 30 anospara mulheres. A administração do Sistema épública; e

Panorama da Previdência Social Brasileira

13

c) a Previdência Complementar (PC) é voluntária esua administração é privada. Geralmente a PCpossui arranjos variados e constitui-se numcomplemento ao benefício do RGPS/INSS.

O Regime Geral e o Regime dos Servidores Públicossão autônomos, estanques entre si, com orçamentosseparados e legislação específica para cada um deles.A Previdência Complementar pode atender a qualquerdesses Regimes.

O foco da proposta de Reforma da PrevidênciaSocial Brasileira, apresentada no início do ano de 2003e promulgada em dezembro do mesmo ano, foi aPrevidência dos Servidores Federais, Estaduais eMunicipais. As motivações do processo de reformaforam:

1. estabelecer mais eqüidade social;

2. estabelecer mais sustentabilidade no longo prazo;

3. ajustar-se às transformações demográficas e aosdesejos da sociedade por mais solidariedade nosregimes, embora autônomos entre si;

4. os trabalhadores do Regime Próprio de PrevidênciaSocial (RPPS) e do Regime Geral de PrevidênciaSocial (RGPS) possuíam um tratamento diferenciado.Exemplo da diferenciação são:

14

Panorama da Previdência Social Brasileira

RPPS RGPS

1 Sem teto Com teto

Idade mínima: 53/482 (trans.) e 60/55 Sem idade mínima

(permanente)

Cálculo da aposentadoria Cálculo da aposentadoria3 por tempo de contri- por tempo de contri-

buição: último salário buição: média e fatorprevidenciário

4Paridade regra de Reposição da inflaçãoreajuste como regra de reajuste

A concepção da Reforma da Previdência tem comofundamentos respeitar os direitos adquiridos, atribuirconceituação previdenciária ao regime próprio ereverter o quadro de comprometimento do orçamentoprovocado pelos desequilíbrios existentes. A atualgeração de aposentados, pensionistas e ativos terárespeitados os direitos adquiridos e regras de transiçãoserão aplicadas aos que não têm direito adquirido. Asfuturas gerações, que são os ingressantes, a partir dareforma terão um novo sistema, com regras conver-gentes com o Regime Geral de Previdência Social.

Os principais pontos da reforma da PrevidênciaSocial brasileira são as seguintes:

� idade de referência sobe de 53/48 (H/M) para60/55 (H/M);

� nova regra de cálculo de aposentadoria e pensões;

Panorama da Previdência Social Brasileira

15

� teto do RGPS também para futuros servidorespúblicos desde que esteja constituída a previ-dência complementar para futuros servidorespúblicos;

� contribuição de aposentados e pensionistas;

� aplicação de teto remuneratório geral (federal,estadual, municipal);

� indexação de aposentadorias e pensões à inflação/fim da paridade para novos beneficiários (excetoalguns casos previstos nas regras de transição);

� incentivos à permanência em atividade;

� elevação real do teto de RGPS de R$ 1.869,34 paraR$ 2.400,00.

16

Panorama da Previdência Social Brasileira

Na reforma brasileira, quem já é aposentado oucompletou as condições pelas regras atuais para acessoa esse benefício tem direito adquirido. Quem hoje éservidor público, ainda pode obter aposentadoriaintegral apenas se completa idade 60/55 (H/M), + 35/30anos de contribuição (H/M) + 20 anos de serviço público,10 anos de carreira e 5 anos no cargo. Quem ingressouno serviço público antes de dezembro de 98 e não temdireito adquirido, pode aposentar-se antes da idade60/55, mas sofre desconto de 3,5% a 5% do valor daaposentadoria por ano de antecipação.

Destacam-se para os estados os seguintes pontos:

� aplicação do teto remuneratório geral e subtetorespectivamente;

� obrigatoriedade de alíquota mínima decontribuição igual à da União;

� unificação dos Órgãos Gestores dos RPPS nos entesfederados;

� consolidação da contribuição do órgão públicoenquanto empregador.

17

Panorama da Previdência Social Brasileira

A Previdência Social Brasileira, nosseus diversos regimes (Geral, Próprios eComplementar) foi objeto de duasreformas constitucionais nos últimos5 anos: a Emenda Constitucional 20, de1998, e a Emenda Constitucional 41, de2003. Ambas emendas trouxeram grandesalterações do marco jurídico geral,necessitando, para sua implementação,de regulamentação por meio de leiscomplementares e ordinárias, bem comoresoluções dos Conselhos de Gestão decada regime. Estes são os desafioscolocados à Previdência brasileira paraos próximos anos

Os principais pontos a destacar, járegulamentados, faltando ainda ainstituição da Previdência Complementarpara o funcionalismo público, são:

a) a aplicação do teto remuneratóriofederal e dos subtetos estaduais emunicipais, que é condição essen-cial para a compatibilização dogasto público nessa área;

b) a nova fórmula de cálculo dasaposentadorias, que é semelhanteà do Regime Geral de PrevidênciaSocial (80% dos maiores salários de

II

Aspectos

Essenciais

18

Panorama da Previdência Social Brasileira

contribuição, considerados a partir dacompetência Jul/94), tem por objetivo fazer aconvergência de regras entre os dois regimesbásicos de previdência existentes no Brasil;

c) a instituição da contribuição dos inativos epensionistas dos governos federal, estadual emunicipal, que constitui uma forma de redistribuir,de maneira mais eqüitativa, o custo de ajuste dosregimes próprios entre as gerações participantes;

d) a introdução de um novo marco regulatório paraa gestão dos regimes próprios de previdência dofuncionalismo. Esse novo marco é necessárioporque a Emenda 41 determinou a unificação dosórgãos gestores em cada ente federado. Estemarco regulatório contempla também a maiortransparência da contabilidade do regime, com aintrodução de um plano de contas específico pararegimes previdenciários, maior eficiência noinvestimento de recursos conforme a Resoluçãono 3.244/2004 do Conselho Monetário Nacional,que estabelece as regras de investimento deativos. Há a necessidade, também, do desen-volvimento de melhores instrumentos defiscalização e monitoramento dos regimespróprios.

Por ocasião da Emenda Constitucional 41, em 2003,não foram tratadas de forma suficiente as questõesrelativas ao regime de previdência dos militares

Panorama da Previdência Social Brasileira

19

federais. Embora o regime de previdência dos militaresjá tenha sido submetido a uma reforma parcial em 2000,e o governo do Presidente Lula reconheça algumasparticularidades das Forças Armadas, há a necessidadede monitoramento da sua evolução e proposição demedidas para seu aperfeiçoamento.

No âmbito do Regime Geral de Previdência Social,os desafios mais imediatos estão colocados em trêseixos: (a) a proposta do atual governo de programaruma desoneração da folha salarial, diminuindo o custoda mão-de-obra formal; (b) o redesenho do Seguro deAcidentes de Trabalho e aperfeiçoamentos da políticade saúde e segurança do trabalhador; (c) uma políticade expansão de cobertura previdenciária.

(a) Desoneração da Folha Salarial

No âmbito da Emenda Constitucional no 42/2003,conhecida por Reforma Tributária, há a previsão dapossibilidade de substituição parcial ou, em um cenárioextremo, integral da folha salarial enquanto base deincidência da alíquota patronal por outra base. Estabase seria a receita ou o faturamento das empresas,sem cumulatividade de impactos, com o que seestabeleceria uma nova base de cálculo da contribuiçãopatronal, próxima do conceito moderno de valoragregado. Sabe-se que há vantagens e riscos nadesoneração da folha, que é atualmente a principalfonte de financiamento do Regime Geral de

20

Panorama da Previdência Social Brasileira

Previdência Social. De um lado, há a necessidade degarantir que a nova contribuição seja suficiente paraassegurar um fluxo de financiamento permanente àPrevidência e que seja desenhada uma fase de transiçãoentre a atual forma de financiar e a nova, para evitarque alguns segmentos econômicos sejam impactadosadversamente. Pelo outro lado, a nova base, além dediminuir o custo de formalizar a mão-de-obra, poderepresentar uma maior estabilidade para ofinanciamento previdenciário no longo prazo, pois ovalor agregado tem crescido mais rapidamente que amassa salarial em função do aumento da produtividade.Adicionalmente, a diversificação das fontes definanciamento da Previdência Social, sempre em umcenário de desoneração parcial da folha, engendraráuma redistribuição da carga de financiamentoprevidenciário entre os setores econômicos,reconvocando aqueles segmentos que, apesar deobterem um aumento de sua participação na riquezaproduzida, diminuíram sua participação no empregogerado ao longo das últimas décadas.

(b) Seguro de Acidentes de Trabalho e Saúde eSegurança do Trabalhador

Sabe-se que, historicamente, o foco do SeguroAcidentes de Trabalho (SAT) — bem como da políticade saúde e segurança do trabalhador e da aposentadoriapor invalidez — têm sido muito pouco voltados para aprevenção e reabilitação e bastante centrado na

Panorama da Previdência Social Brasileira

21

reparação do dano à conta da Previdência Social.Em função deste viés indenizatório, o custo humano,financeiro e social da passividade da Previdência nessaárea tem sido enorme. O Brasil está procurando invertero foco da política previdenciária nesses campos.Em razão dessa orientação política, o ConselhoNacional de Previdência Social (CNPS) aprovou novametodologia para a caracterização de morbidadesocupacionais, mediante o estabelecimento de nexotécnico epidemiológico. Assim, o acidente do trabalhoé caracterizado tecnicamente pela perícia médica doINSS, mediante a identificação do nexo entre o trabalhoe o agravo.

Considera-se estabelecido o nexo entre otrabalho e o agravo quando se verificar nexo técnicoepidemiológico entre a atividade da empresa e aentidade mórbida motivadora da incapacidade,elencada na Classificação Internacional de Doenças(CID).

Considera-se agravo a lesão, doença, transtornode saúde, distúrbio, disfunção ou síndrome de evoluçãoaguda, subaguda ou crônica, de natureza clínica ousubclínica, inclusive morte, independentemente dotempo de latência.

Reconhecidos pela perícia médica do INSS aincapacidade para o trabalho e o nexo entre o trabalhoe o agravo, serão devidas as prestações acidentárias aque o beneficiário tenha direito.

22

Panorama da Previdência Social Brasileira

A perícia médica do INSS deixará de aplicar odisposto no parágrafo anterior quando demonstrada ainexistência de nexo causal entre o trabalho e o agravo.

A empresa poderá requerer ao INSS a não aplicaçãodo nexo técnico epidemiológico ao caso concretomediante a demonstração de inexistência decorrespondente nexo causal entre o trabalho e o agravo.

O requerimento poderá ser apresentado no prazode quinze dias da data para a entrega da GFIP queregistre a movimentação do trabalhador, sob pena denão conhecimento da alegação em instânciaadministrativa.

Caracterizada a impossibilidade de atendimentoao disposto no item anterior, motivada pelo nãoconhecimento tempestivo do diagnóstico do agravo, orequerimento poderá ser apresentado no prazo dequinze dias da data em que a empresa tomar ciênciada decisão da perícia médica do INSS.

Juntamente com o requerimento, a empresaformulará as alegações que entender necessárias eapresentará as provas que possuir demonstrando ainexistência de nexo causal entre o trabalho e o agravo.

A documentação probatória poderá trazer, entreoutros meios de prova, evidências técnicascircunstanciadas e tempestivas à exposição dosegurado, podendo ser produzidas no âmbito deprogramas de gestão de risco, a cargo da empresa, quepossuam responsável técnico legalmente habilitado.

Panorama da Previdência Social Brasileira

23

O INSS informará ao segurado sobre a contestaçãoda empresa para, querendo, impugná-la, sempre que ainstrução do pedido evidenciar a possibilidade dereconhecimento de inexistência do nexo causal entreo trabalho e o agravo.

Da decisão do INSS cabe recurso, com efeitosuspensivo, por parte da empresa ou, conforme o caso,do segurado ao Conselho de Recursos da PrevidênciaSocial.

O Fator Acidentário de Prevenção (FAP) consistenum multiplicador variável num intervalo contínuo decinqüenta centésimos (0,50) a dois inteiros (2,00) e éaplicado à respectiva alíquota de contribuição, queserão reduzidas em até cinqüenta por cento ouaumentadas em até cem por cento, em razão dodesempenho da empresa em relação à sua respectivaatividade.

Para fins da redução ou majoração, procede-se àdiscriminação do desempenho da empresa, dentro darespectiva atividade, por distanciamento decoordenadas tridimensionais padronizadas (índices defreqüência, gravidade e custo), atribuindo-se o fatormáximo dois inteiros (2,00) àquelas empresas cuja somadas coordenadas for igual ou superior a seis inteirospositivos (+6) e o fator mínimo cinqüenta centésimos(0,50) àquelas cuja soma resultar inferior ou igual aseis inteiros negativos (–6).

24

Panorama da Previdência Social Brasileira

O FAP varia em escala contínua por intermédio deprocedimento de interpolação linear simples e éaplicado às empresas cuja soma das coordenadastridimensionais padronizadas esteja compreendida nointervalo mencionado, considerando-se como referênciao ponto de coordenadas nulas (0; 0; 0), que correspondeao FAP igual a um inteiro (1,00).

Os índices de freqüência, gravidade e custo sãocalculados segundo metodologia aprovada peloConselho Nacional de Previdência Social, levando-se emconta:

I — para o índice de freqüência, a quantidade debenefícios incapacitantes cujos agravos causadores daincapacidade tenham gerado benefício comsignificância estatística capaz de estabelecer nexoepidemiológico entre a atividade da empresa e aentidade mórbida, acrescentada da quantidade debenefícios de pensão por morte acidentária;

II — para o índice de gravidade, a somatória,expressa em dias, da duração do benefício incapacitanteconsiderado nos termos do inciso I, tomada aexpectativa de vida como parâmetro para a definiçãoda data de cessação de auxílio-acidente e pensão pormorte acidentária; e

III — para o índice de custo, a somatória do valorcorrespondente ao salário-de-benefício diário de cadaum dos benefícios considerados no inciso I, multiplicadopela respectiva gravidade.

Panorama da Previdência Social Brasileira

25

O Ministério da Previdência Social incumbe-se depublicar, anualmente, no Diário Oficial da União,sempre no mesmo mês, os índices de freqüência,gravidade e custo, por atividade econômica, e dedisponibilizar, na Internet, o FAP por empresa, com asinformações que possibilitem a esta verificar a correçãodos dados utilizados na apuração do seu desempenho.

O FAP produz efeitos tributários a partir doprimeiro dia do quarto mês subseqüente ao de suadivulgação.

Para o cálculo anual do FAP, são utilizados os dadosde janeiro a dezembro de cada ano, a contar do ano de2004, até se completar o período de cinco anos, a partirde quando os dados do ano inicial serão substituídospelos novos dados anuais incorporados.

Para as empresas constituídas após maio de 2004,o FAP é calculado a partir de 1o de janeiro do anoseguinte ao que completar dois anos de sua constituição,com base nos dados anuais existentes a contar doprimeiro ano de sua constituição.

Excepcionalmente, em relação ao ano de 2004 sãoconsiderados os dados acumulados a partir de maiodaquele ano.

É de responsabilidade da empresa realizar oenquadramento na atividade preponderante, cabendoà Secretaria da Receita Federal do Brasil revê-lo aqualquer tempo.

26

Panorama da Previdência Social Brasileira

Verificado erro no auto-enquadramento, aSecretaria da Receita Federal do Brasil adotará asmedidas necessárias à sua correção, orientando oresponsável pela empresa em caso de recolhimentoindevido e procedendo à notificação dos valoresdevidos.

A empresa informa mensalmente, por meio daGuia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempode Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), aalíquota correspondente ao seu grau de risco, arespectiva atividade preponderante e a atividade doestabelecimento.

(c) Inclusão Previdenciária

Assim como nos demais países da América Latina,a Previdência brasileira, nascida em 1923, baseia-seno princípio bismarkiano da contribuição para o acessoa um benefício. Embora esse conceito central tenhasido complementado por diversos programas comrelação contributiva diferenciada (caso da PrevidênciaRural) ou mesmo de características assistenciais (casoda Renda Mensal Vitalícia e do Benefício de PrestaçãoContinuada), ainda hoje o acesso fundamental aosistema previdenciário brasileiro passa pela relaçãocontributiva. Estima-se que existiam, em 2005, cercade 28,8 milhões de pessoas sem vínculo contributivocom a Previdência Social. Embora a Previdência Ruralcubra uma parcela dessa população, trata-se de um

Panorama da Previdência Social Brasileira

27

enorme passivo social e que exige, portanto, umapolítica de inclusão social e expansão de coberturaprevidenciária.

O Ministério da Previdência Social calcula que, dos28,8 milhões de trabalhadores, 16,3 milhões poderiamser contribuintes da Previdência, por terem renda,posição no mercado de trabalho e idade adequados.Os motivos para a não participação desses trabalhadoressão variados e podem estar na falta de informação econscientização sobre a importância da proteçãoprevidenciária, na necessidade de aumento dafiscalização sobre o segmento econômico ou naexistência de barreiras à inclusão, dadas aparticularidades de cada grupo de não-contribuintes.Aumento da capacidade gerencial da Previdência e dacredibilidade da política previdenciária também poderiaser motivo que conduziria alguns dos não-contribuintesà afiliação.

Para aumentar o grau de cobertura da Previdência,o Brasil está apostando, em primeiro lugar, emalterações na forma de financiamento da Previdência.A desoneração da folha salarial, já mencionada, seráuma contribuição importante ao lado de outras formasque permitirão uma ampliação da inclusão social.

— a redução de alíquotas para contribuintesindividuais: as EC nos 41 e 47 previram a criaçãode um regime especial de inclusão social parapessoas de baixa renda, consubstanciado na

28

Panorama da Previdência Social Brasileira

Lei Complementar no 123, de 14 de dezembrode 2006, que Instituiu, a partir de abril de 2007,

o Plano Simplificado de Previdência Social,

reduzindo de 20% para 11% alíquota decontribuição para contribuintes individuais queprestam serviços para pessoas físicas econtribuintes facultativos (donas-de-casa;estudantes; síndicos de condomínio nãoremunerados; desempregados; presidiários nãoremunerados e estudantes bolsistas) eempresários ou sócios de sociedade empresária,desde que a receita bruta anual do ano-calendário anterior tenha sido de, no máximo,R$ 36.000,00 (USD$ 20,000.00). O plano prevêacesso a todos os benefícios do RGPS, comexceção da aposentadoria por tempo decontribuição e o salário-de-contribuição estálimitado a 1(um) salário mínimo;

— a implementação de ações, a partir de estudostécnicos já em andamento, que visem estimulara extensão da cobertura previdenciáriavoltadas para questões de gênero (mulher) eraça (promoção da igualdade de direito entreas raças), que estão particularmente afetadaspela informalidade e pela vinculação instávelà Previdência;

— a consolidação e atualização da previdênciarural, garantindo estabilidade jurídica à

Panorama da Previdência Social Brasileira

29

proteção social no campo. Está em tramitaçãono Congresso Nacional projeto de lei,negociado com os segmentos representativosdos trabalhadores rurais.

A Proteção Social no Brasil tem como carac-terística a gestão pública e quadripartite (governo,trabalhadores, empregadores e aposentados/pensionistas), com financiamento via regime derepartição e solidariedade inter e intrageracional, sendoque o modelo brasileiro no contexto latino-americanopode ser resumido conforme segue:

Pilar 1 — Prev. Social BásicaPúblico, forte, quadripartite, repartição, finan-ciamento misto, com solidariedade e inclusão

Pilar 2 — Prev. ComplementarPrivado/público, voluntário, capitalização,estreitamento entre contribuição e benefício

Pilar 3Regimes Próprios dos Servidores Públicos e dosMilitares, obrigatório, repartição, administradospelos respectivos entes federados

Pilar 4Outras formas de poupança pessoal voluntária emcomplemento

Pilar 5 — Assistência SocialPara idosos e portadores de deficiência sob linhada pobreza

30

Panorama da Previdência Social Brasileira

III

Regime Geral

de

Previdência

Social —

Destaque na

Melhoria da

Distribuição

de Renda e

na

Estabilidade

Social do

País

O Regime Geral de PrevidênciaSocial (RGPS) é o regime de previdênciaque protege a maior parte dostrabalhadores do País. O RGPS cobre ostrabalhadores assalariados urbanos,autônomos, domésticos e rurais, ou seja,é a previdência dos trabalhadores dainiciativa privada e dos funcionáriospúblicos celetistas. Atualmente, sãoquase 31,24 milhões de contribuintes.O Regime Geral é, sem dúvida, um dosmecanismos mais efetivos de proteçãosocial no Brasil, beneficiando direta eindiretamente parcela significativa dapopulação brasileira.

Um dos principais impactos sociaisdo RGPS é a redução da pobreza no País.Em 2005, 30,9% dos brasileiros viviamabaixo da linha da pobreza. Se não fossea ação de proteção social da Previdência,esse percentual seria de 42,5%, ou seja,o Regime Geral é responsável pelaredução de 11,6 % pontos percentuais donível de pobreza no Brasil. O papel socialdesse regime também envolve a melhoriada distribuição de renda e o fomento aodesenvolvimento econômico, principal-mente na zona rural. O total debenefícios pagos pela Previdência é

Panorama da Previdência Social Brasileira

31

muitas vezes superior à população de vários países. Aspopulações do Chile e do Uruguai, somadas, sãoinferiores ao número de benefícios diretos pagos pelaPrevidência brasileira.

Portanto, também podemos perceber a proteçãosocial, considerando o número de segurados do RGPS.Atualmente, 63,5% da população ocupada no setorprivado do País é segurada pelo Regime Geral dePrevidência Social.

O Regime Geral é de repartição simples e decaráter contributivo, que garante cobertura em casode: incapacidade para o trabalho, idade avançada,tempo de contribuição e gravidez, além de prisão oumorte do segurado. A contribuição para esse regime éobrigatória. Ele tem caráter nacional e público e osbenefícios têm valores máximo e mínimo definidos.É também garantida a reabilitação profissional dossegurados que ficam parcial ou totalmente incapa-citados para o trabalho.

O cálculo para a aposentadoria no Regime Geral ébaseado no tempo de contribuição (valor médio e fatorprevidenciário). Ao contrário do Regime Próprio dePrevidência dos Servidores, não é exigida idade mínimapara aposentadoria no RGPS. O reajuste dos benefíciosdesse regime é feito com base no Índice Nacional dePreços ao Consumidor (INPC).

Conforme a Constituição de 1988, a SeguridadeSocial, da qual faz parte o RGPS, é financiada por toda a

32

Panorama da Previdência Social Brasileira

sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursosprovenientes da União, dos Estados, do Distrito Federale dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

i) da empresa e da entidade a ela equiparada sobre:

a) a folha de salários e demais rendimentos dotrabalho pagos ou creditados a prestadores deserviço;

b) a receita ou faturamento;

c) o lucro.

ii) do trabalhador e demais segurados da PrevidênciaSocial.

Os segurados se dividem nas seguintes categorias:

a) empregados;

b) empregados domésticos;

c) trabalhadores avulsos;

d) contribuintes individuais (autônomos,empresários etc.);

e) especiais (trabalhadores rurais em regime deeconomia familiar);

f) facultativos, como estudantes maiores de 16anos e donas de casa, dentre outros.

Panorama da Previdência Social Brasileira

33

A política voltada ao Regime Geral de PrevidênciaSocial é formulada pelo Ministério da Previdência Social,sendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) oórgão responsável pela gestão.

Em 1998, a Previdência Social brasileira passoupor uma ampla reforma, com objetivo de gerar oindispensável equilíbrio financeiro e atuarial dosistema, atingindo, principalmente, a aposentadoriabaseada exclusivamente no tempo de contribuição.No que se refere ao RGPS, a principal alteração foi adesconstitucionalização da fórmula de cálculo daaposentadoria.

Em 1999, a Lei no 9.876, de 26 de novembro de1990, alterou as regras de cálculo do valor dobenefício. Aumentou-se o período básico para ocálculo, que corresponde aos 80% melhores saláriosde contribuição desde julho de 1994, e criou-se o “FatorPrevidenciário”. Esse mecanismo visa equilibrar o tempoe o valor das contribuições e o tempo e o valor derecebimento da aposentadoria. O fator é aplicado àsaposentadorias por tempo de contribuição,obrigatoriamente. Sua fórmula contém expectativa devida, tempo de contribuição e idade do segurado nomomento da aposentadoria, podendo reduzir ouaumentar o valor do benefício à medida que o seguradoantecipe ou não sua aposentadoria.

Em 2003, a Previdência Social passou por novareforma, que alterou, principalmente, as regras do

34

Panorama da Previdência Social Brasileira

Regime Próprio de Previdência dos Servidores. Quantoao Regime Geral, a única alteração sofrida nesse anofoi no valor do teto dos benefícios, que foi reajustadoem aproximadamente 28%, passando de R$ 1.869,34para R$ 2.400,00.

Os benefícios do Regime Geral são pagosdiretamente aos segurados, por meio de transferênciasbancárias, evitando-se, assim, a necessidade deintermediários, o que garante a lisura e a rapidez doprocesso.

35

Panorama da Previdência Social Brasileira

IV

Conceitos

importantes

i) Salário-de-Benefício

É o valor básico utilizado paracálculo da renda mensal dos benefíciosde prestação continuada. É calculadotomando-se por base os salários-de-contribuição de julho de 1994 até a datado requerimento do benefício ou doafastamento do trabalho.

O salário-de-benefício consiste:

a) para as aposentadorias por tempode contribuição e por idade, namédia aritmética simples dosmaiores salários-de-contribuição,corrigidos monetariamente, cor-respondendo a 80% do períodocontributivo desde a competência7/94, multiplicado pelo fatorprevidenciário. No caso da apo-sentadoria por idade, o fator só éaplicado se mais vantajoso; e

b) para as aposentadorias por inva-lidez e especial, auxílio-doença eauxílio-acidente, na média arit-mética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondendo a80% do período contributivo desdea competência 7/94.

36

Panorama da Previdência Social Brasileira

Nos casos de auxílio-doença e aposentadoria porinvalidez, quando o segurado contar com menos de 144contribuições mensais no período contributivo, osalário-de-benefício corresponde à soma dos salários-de-contribuição dividido pelo número de contribuições.

O valor do salário-de-benefício não será inferiora um salário mínimo (R$ 380,00), nem superior ao limitemáximo do salário-de-contribuição (R$ 2.894,28).

ii) Fator Previdenciário

É aplicado obrigatoriamente na aposentadoria portempo de contribuição e, se mais vantajoso, naaposentadoria por idade. É calculado considerando-sea idade, a expectativa de vida e o tempo de contribuiçãodo segurado ao se aposentar, mediante a seguintefórmula:

F =Es

Tc ax

x [ �1100

( )Tc axId �

[

Onde:F = fator previdenciárioEs = expectativa de sobrevida no momento da

aposentadoriaTc = Tempo de contribuição até o momento da

aposentadoriaId = idade no momento da aposentadoriaa = alíquota de contribuição correspondente

a 0,31

Panorama da Previdência Social Brasileira

37

iii) Período de Carência

Corresponde a 12 ou 180 contribuições mensais,sem interrupções, conforme a espécie do benefício.A interrupção da contribuição caracteriza a perdade qualidade de segurado. Para os segurados filiadosà Previdência Social até 24/07/1991, a carência paraas aposentadorias, com exceção da aposentadoriaporinvalidez, é fixada conforme o ano em que osegurado implementar todas as condições, sendo 156contribuições em 2007 e seis contribuições a maispara cada ano, até 180, em 2011. Para os inscritosapós 24/07/1991, a carência é de 180 contribuições.

38

Panorama da Previdência Social Brasileira

V

Os

Benefícios

Previdenciários

Como já foi dito, o Regime Geralde Previdência Social oferece váriosbenefícios para os segurados e suasfamílias, como proteção contra perdassalariais por motivo de doença, acidentede trabalho, velhice, maternidade,morte e reclusão. Os benefícios sãoclassificados em três grandes grupos:aposentadorias, pensões e auxílios,sendo a renda mensal calculada, namaioria dos casos, em função do “salário-de-benefício”, que corresponde à médiaaritmética simples dos 80% maioressalários de contribuição a partir de julhode 1994. Na maior parte das vezes,também é exigido um período mínimo decontribuições, sem interrupções,denominado “período de carência”.

i) Aposentadorias

São pagamentos mensais vitalícios,efetuados ao segurado por motivo deidade, por tempo de contribuição,incapacidade para o trabalho ou trabalhoexercido em atividades sujeitas a agentesnocivos à saúde.

a) Aposentadoria por Idade

Esse é, sem dúvida, um dosbenefícios mais antigos da Previdência

Panorama da Previdência Social Brasileira

39

Social. A aposentadoria por idade é concedida aosegurado que, cumprida a carência, alcança o limitede idade de 60 anos, se mulher, e 65 anos, se homem.Os trabalhadores rurais têm direito ao benefício cincoanos mais cedo, ou seja, aos 55 anos se mulher, e aos60 anos se homem. O tempo mínimo de contribuição éde 15 anos. Quando o segurado alcança a idade mínima,pode escolher se utilizará o fator previdenciário nocálculo do salário-de-benefício.

O valor do benefício corresponde a 70% dosalário de benefício, mais 1% para cada grupo de12 contribuições, até o máximo de 100%, não podendoser inferior ao salario mínimo nem superior ao limitemaximo do salário-de-contribuição. Quanto maior acontribuição e o período contributivo, maior será o valorda aposentadoria.

O segurado que cumpriu o período de carência aocompletar 65 anos de idade, se mulher, e 70, se homem,poderá ter sua aposentadoria compulsoriamenterequerida pela empresa.

b) Aposentadoria por tempo de contribuição

Homens e mulheres podem se aposentar por tempode contribuição. Os homens, para ter direito a essebenefício, precisam contribuir por 35 anos, e asmulheres, por 30 anos. O valor do benefíciocorresponde a 100% do salário-de-benefício.

40

Panorama da Previdência Social Brasileira

Os segurados filiados à Previdência Social antesda reforma (de 1998) têm direito a aposentadoriaproporcional nas seguintes condições:

— 25 anos de contribuição para segurado do sexofeminino e 30 anos de contribuição parasegurado do sexo masculino, mais o equivalentea 40% do tempo que faltava para completar 25ou 30 anos de contribuição, conforme o caso,na data da reforma;

— 48 anos de idade para mulher e 53 anos deidade para homens;

— o valor do benefício corresponde a 70% dosalário-de-benefício ao completar 25 ou 30 anosde contribuição, acrescidos de 40%, mais 5%para cada ano, até no máximo 100%, nãopodendo ser inferior ao salário mínimo nemsuperior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

Os professores têm o seu tempo de contribuiçãoreduzido em cinco anos, desde que comprovem 30 anos(homem) e 25 (mulher) de contribuição, exclusivamenteem atividade de magistério na educação infantil e noensino fundamental e médio.

Quanto maior a idade, o tempo de contribuição eo valor dessa contribuição, maior será o valor dobenefício.

Panorama da Previdência Social Brasileira

41

c) Aposentadoria Especial

Esse benefício é concedido ao segurado que tivertrabalhado sujeito a condições especiais queprejudiquem a saúde ou a integridade física. De acordocom o risco, o tempo de contribuição para obter aaposentadoria especial pode variar entre 15, 20 ou 25anos, devendo ser comprovada a real exposição aosagentes nocivos, químicos, físicos, biológicos ouassociação de agentes prejudiciais à saúde ou àintegridade física, durante esses períodos.

Para se ter direito a esse benefício é preciso estarformalmente inserido no mercado de trabalho. O valordo benefício corresponde a 100% do salário-de-benefício, não podendo ser inferior ao salário mínimonem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

d) Aposentadoria por Invalidez

Esse benefício é concedido ao segurado que estátotal e definitivamente incapaz para o trabalho.O aposentado por invalidez terá cancelada a suaaposentadoria se voltar voluntariamente à atividade,ao contrário dos beneficiários dos outros tipos deaposentadoria, que são vitalícias. A doença ou lesão deque o segurado já for portador ao filiar-se ao RGPS nãolhe conferirá direito ao benefício, salvo quando aincapacidade sobrevier por motivo de agravamento dadoença ou lesão.

42

Panorama da Previdência Social Brasileira

Para se ter direito à aposentadoria por invalidez,são necessários, no mínimo, 12 meses de contribuição,ficando dispensada esta carência para o seguradoincapacitado em decorrência de acidente de qualquernatureza, inclusive o do trabalho, ou acometido dedoença ou afecção especificada na legislaçãoprevidênciaria. O valor do benefício corresponde a 100%do salário de benefício, nunca inferior ao salário mínimonem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

ii) Pensões

Nesse tipo de benefício só existe uma modalidade,que é a pensão por morte, concedida aos dependentesdo segurado por motivo de falecimento.

Têm direito a esse benefício, nesta ordem:marido, mulher/companheiro(a), filho não emancipadomenor de 21 anos e filho invalido de qualquer idade;ou pai e mãe; ou irmão menor de 21 anos ou inválidode qualquer idade.

O valor da pensão por morte corresponde a 100%da aposentadoria que o segurado recebia ou a que teriadireito caso se aposentasse por invalidez, e é divididoem partes iguais entre os dependentes. Não há carênciapara pensão por morte, basta que se comprove aqualidade de segurado.

No caso de cônjuge divorciado, pais e irmãos,deverá ser comprovada a dependência econômica emrelação ao segurado.

Panorama da Previdência Social Brasileira

43

iii) Auxílios

a) Auxílio-Doença

O segurado tem direito ao auxílio-doença quandoalgum comprometimento físico ou mental o impeça detrabalhar por mais de quinze dias. O benefício é devidoa partir do 16o dia de afastamento da atividade, nocaso de segurado empregado. A empresa paga os 15primeiros dias. Aos demais segurados o benefício édevido desde o primeiro dia da incapacidade.

O segurado que ingressar no RGPS já portador dedoença que venha a causar a incapacidade, não temdireito ao benefício por aquela doença, a não ser queseja por seu agravamento.

A carência para se ter direito a esse benefício éde 12 contribuições. Fica dispensado do cumprimentoda carência o segurado que se torna incapacitado emdecorrência de acidente de qualquer natureza, inclusiveo do trabalho, ou acometido por doença ou afecçõesespecificadas na legislação previdenciária.

O valor do benefício corresponde a 91% do salário-de-benefício, não podendo ser inferior ao saláriomínimo nem superior ao limite máximo do salário-de-contribuição.

44

Panorama da Previdência Social Brasileira

b) Auxílio-Reclusão

O auxílio-reclusão é um benefício pago aosdependentes do segurado que for recolhido à prisão,nas mesmas condições da pensão por morte.

O benefício é devido apenas quando o últimosalário do segurado for igual ou inferior a R$ 676,27(valor atualizado anualmente), e este não receberremuneração da empresa, nem estiver em gozo deauxílio-doença, aposentadoria ou abono depermanência em serviço.

Quando não houver salário-de-contribuição nadata do efetivo recolhimento, o benefício será devidodesde que não tenha havido perda de qualidade desegurado. Não se exige carência para a concessão doauxílio-reclusão, basta comprovar a qualidade desegurado. O valor desse auxílio corresponde a 100% daaposentadoria a que teria direito se estivesseaposentado por invalidez.

c) Auxílio-Acidente

Esse benefício é uma indenização que o seguradorecebe quando, após consolidação das lesõesdecorrentes de acidente de qualquer natureza, inclusiveo do trabalho, resultarem seqüelas que reduzam acapacidade de trabalho habitualmente exercida.

Corresponde a 50% do salário-de-beneficio e édevido até a véspera do início de qualquer

Panorama da Previdência Social Brasileira

45

aposentadoria ou da data do óbito do segurado. Não éexigida carência para a concessão desse benefício.

d) Salário-Maternidade

Todas a mulheres seguradas do Regime Geral dePrevidência Social têm direito ao salário-maternidadedurante o período de cento e vinte dias.

Esse benefício também é devido, pelo período de120 dias, em caso de adoção de criança de até um anode idade; pelo período de 60 dias, em caso de adoçãode criança com idade entre 1 e 4 anos; pelo período de30 dias, em caso de adoção de criança com idade entre4 e 8 anos.

O valor do benefício para a segurada empregadae para a trabalhadora avulsa corresponde à sua últimaremuneração. Para a empregada doméstica,corresponde ao último salário-de-contribuição. Para asegurada especial, equivale a um salário mínimo; e paraas demais seguradas, a um doze avos da soma dos 12últimos salários-de-contribuição, em um período nãosuperior a 15 meses. O valor do benefício não poderáser inferior a um salário mínimo.

e) Salário-Família

É devido mensalmente ao empregado(a), excetoo doméstico(a), e ao trabalhador avulso, na proporçãodo número de filhos até 14 anos de idade, cujo valorcorresponde a R$ 23,08 para o segurado com

46

Panorama da Previdência Social Brasileira

remuneração mensal não superior a R$ 449,93 e de R$16,26 para o segurado com remuneração mensalsuperior a R$ 449,93 e igual ou inferior a R$ 676,27.Este valor é atualizado anualmente. O valor do saláriofamília não é incorporado ao salário do segurado(a) ouao benefício.

47

Panorama da Previdência Social Brasileira

VI

Regime

Próprio de

Previdência

Social

O Regime Próprio de PrevidênciaSocial (RPPS), de caráter contributivo, éo regime assegurado aos servidorespúblicos titulares de cargos efetivos daUnião, dos Estados, do Distrito Federal ede 1.951 Municípios plenamente ativos e351 em extinção, em 19/10/2007,incluídas suas autarquias e fundações, éregido por princípios que observem oequilíbrio financeiro e atuarial e estásujeito à orientação, supervisão, controlee auditoria do Ministério da PrevidênciaSocial.

A tabela abaixo mostra aquantidade de servidores da União,Estados, Distrito Federal e Municípios queo regime beneficia.

Ente Ativos Inativos Pensionistas

União¹ 1.008.551 537.051 438.580

Estados² 2.805.115 1.182.299 479.230

Municípios³ 1.702.049 328.367 118.382

Total 5.515.715 2.047.717 1.036.192

Fonte: SRH/MP e SPS/MPS out-2007Elaboração; SPS/MPS.1 Posição em jun-2006, excluindo-se os servidores de empresaspúblicas e sociedades de economia mista.2 Dados de todos os estados e Distrito Federal.3 Os dados dos municípios referem-se a 1.791 RPPS quepreencheram o Demonstrativo Previdenciário do ano de 2006.

No regime previdenciário dosservidores públicos, o servidor recebe sua

48

Panorama da Previdência Social Brasileira

aposentadoria diretamente do Estado. Sendo assim, oaposentado continua como servidor, alterando apenassua condição de ativo para inativo.

Esse regime tem como finalidade garantir opagamento dos benefícios previdenciários aos seussegurados. Para que isso ocorra, deve havercontribuições por parte dos servidores e do empregador.Os recursos recebidos são destinados unicamente parao pagamento dos benefícios previdenciários, exceçãopara as despesas administrativas do RPPS.

Os benefícios previdenciários na maioria dosEstados se dão através do modelo capitalizado do tipobenefício definido, composto de três componentesfundamentais do plano previdenciário:

� patrimônio acumulado;

� contribuições a serem recebidas;

� e benefícios a serem pagos.

Este modelo impõe um complexo sistema decálculo do seu custo e financiamento, exigindo umacompanhamento constante nas avaliações dosdemonstrativos contábeis, financeiros e orçamentários.Esses demonstrativos devem ser disponibilizados parao conhecimento e acompanhamento dos servidores,como forma de fiscalizar e controlar os recursos, paraevitar o favorecimento de fraudes. A transparênciadessas operações é fator fundamental para o sucessodesse modelo.

Panorama da Previdência Social Brasileira

49

O custo previdenciário do Regime Próprio éfinanciado pelas seguintes fontes de recursos:

� contribuições do órgão estatal;

� contribuições dos servidores ativos, inativos ede pensionistas;

� compensação previdenciária ou financeira;

� fundo previdenciário.

Os Regimes Próprios de Previdência Social dosservidores públicos foram regulamentados pela Leino 9.717, de 27 de novembro de 1998, e pelas Portariasno 4.882, de 16 de dezembro de 1998, e no 4.992, de5 de fevereiro de 1999.

50

Panorama da Previdência Social Brasileira

VII

Fórum

Nacional da

Previdência

Social

O Fórum Nacional da PrevidênciaSocial é a primeira iniciativa de umgoverno latino-americano no sentido dediscutir por meio do diálogo social asregras de seu sistema de seguridadesocial, antes de encaminhar uma propostade reforma ao Poder Legislativo. Otradicional na América Latina é oencaminhamento de propostas para suaposterior discussão ou mesmo a imposiçãode reformas sem debate público (governosPinochet—1981 e Fujimori—1992). Aausência de diálogo social afeta asustentabilidade social e política dossistemas de seguridade social, pois estessão, na realidade, grandes contratossociais que envolvem múltiplas gerações.Um processo politicamente desgastante,no qual os participantes do sistema nãosentem terem sido ouvidos e têm apercepção de que sofrem eventuais“perdas de direitos” sem justificativa, nãofomenta o apoio de longo prazo para ossistemas de proteção social. Por isto, oprocesso do diálogo social, emborademande muito esforço e paciência detodos os atores, permite o convencimentorecíproco da necessidade de ajustes e criauma base de apoio mais forte para asalterações negociadas.

Panorama da Previdência Social Brasileira

51

Processos semelhantes ao Fórum Nacional daPrevidência Social foram tentados, com sucesso, forada América Latina. Destacam-se os exemplos da Espanhae da Suécia, que resultaram em diretrizes de reformae desenvolvimento de longo prazo dos respectivossistemas previdenciários nos anos 90. Na Espanha, foiassinado o Pacto de Toledo em 1995 entre todos ospartidos políticos, elencando princípios que desenhama previdência espanhola de acordo com critérios dejustiça social e racionalidade técnica de longo prazo edeclarando que a política previdenciária deveria sertratada de forma suprapartidária e institucional, poistrata-se de um instrumento de proteção social do povoespanhol, que precisa ter sustentabilidade no longoprazo. Na Suécia, em 1998, chegou-se a um acordopolítico de todos os partidos para aprovar uma reformaprevidenciária surpreendente, pois todos cederam emalgum ponto para ganhar em outro e o desenhoresultante mudou significativamente o antigo Estadode Bem-Estar, desenvolvido ao longo do século XX eque serviu de referência para tantos outros países domundo. A lógica que prevaleceu foi a de que a Suécia éum país comparativamente pequeno, que precisaintegrar-se fortemente à economia mundial para terperspectivas de desenvolvimento; a integração àglobalização requereria uma forte proteção social, masque teria que ser desenhada de forma diferente daquelado modelo de desenvolvimento anterior, do pós-guerra.

52

Panorama da Previdência Social Brasileira

O contexto do Fórum Nacional da PrevidênciaSocial diferencia-se dos casos europeus porque propõeo planejamento de regras, que só serão aplicadas daquia vários anos, para trabalhadores que ainda vão entrarno mercado de trabalho. Embora mais acelerada doque nos países europeus, a transição demográficabrasileira apresenta, neste momento, a constelaçãopopulacional mais favorável à Previdência, com muitaspessoas na idade de trabalhar. Por isto, pode-se pensarem formas de transição graduais e de longo prazo paramudanças de regras que, se deixadas para o futuro,não mais poderão ser feitas com a suavidade que hojenos é permitida.

Apesar do cenário de curto prazo favorável,entendemos que a necessidade de mudanças éindiscutível. Ela foi reforçada pelos recentes númerosda Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad)2006, divulgada na semana passada, pelo InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Pnadmostra a continuidade da tendência de desaceleraçãodo crescimento populacional já registrada nos anosanteriores. A média brasileira de filhos por mulher, caiude 6,2 para 2,0 entre 1960 e 2006. Isso significa que apopulação tem planejado o tamanho de suas famíliasnuma tentativa de garantir a melhoria da qualidade devida para seus filhos e netos. Defendo o cultivo desseespírito protetor. Isso porque, a expectativa dos técnicosé de que nas próximas décadas esse número caia paramenos do que dois filhos por mulher. São estatísticas

Panorama da Previdência Social Brasileira

53

comparáveis às do continente europeu, que apontampara o aumento da população mais velha e redução dapopulação jovem.

O número de crianças com idade entre 0 e 9 anos,que representava 17,1% dos 187,2 milhões de brasileirosem 2005, caiu para 16,5% da população em 2006.Enquanto isso, a parcela de pessoas com 40 anos oumais, aumentou de 31,5% para 32,3%. Essa evoluçãopermite prever um quadro de “envelhecimento” gradualda população brasileira, que merece nossa atenção.No futuro, o número de adultos ativos inseridos nomercado de trabalho e, portanto, contribuintes daprevidência social, pode ser insuficiente para fazerfrente aos valores dos benefícios a serem pagos aosaposentados e pensionistas.

É preciso assumir a responsabilidade de prepararo sistema de seguridade social que atenderá a geraçãofutura. Se hoje o Brasil tem 2 milhões de pessoas commais de 80 anos, em 2050, estima-se que terá14 milhões. E a manutenção das regras atuais podesignificar o aumento das alíquotas de contribuição edos impostos — inclusive das fontes de receita daseguridade social — que recairão sobre os salários dosfuturos trabalhadores. Aí é que está o espírito do diálogosocial: perceber que, dado o contrato social por trásda Previdência, as decisões de hoje definem as opçõesde futuro dos nossos filhos e netos.

Em um país onde os gestores públicos não têm acultura de planejamento da administração/gestão, é

54

Panorama da Previdência Social Brasileira

compreensível a perplexidade em torno de um Fórumque está antecipando a discussão de normas que só seaplicarão ao sistema de seguridade social nos próximos30 ou 40 anos. No entanto, as manifestações em defesado direito adquirido dos segurados, que sãofreqüentemente colocadas pelos trabalhadores ebeneficiários, não levam em conta as diretrizes doPresidente Lula, que determinou: qualquer mudançade regras de idades de aposentadoria no Regime Geralda Previdência Social só atingirá os trabalhadores quecomeçarem a trabalhar depois da aprovação e sançãodas novas regras.

É injusto e pouco recomendável adiar esse debateapenas porque não afeta diretamente aos trabalhadoresque estão na ativa hoje. Afinal, o sistema previdenciárioestá baseado em um pacto de gerações. Bastapensarmos que contribuições de nossos bisnetos, aindapor nascer, é que garantirão o pagamento dos benefíciosde nossos filhos e netos. Portanto, o assunto diz respeitoà toda sociedade.

Ao mesmo tempo, o governo também está fazendosua parte no combate à sonegação, suspendendobenefícios indevidos e buscando ampliar desde já a basede arrecadação da seguridade social por meio doincentivo ao aumento da formalização no mercado detrabalho. O Supersimples, a Receita Federal do Brasil,a alíquota de 11% para os trabalhadores autônomos debaixa renda, donas-de-casa e estudantes, as forças-tarefa de combate às fraudes, a revisão de benefícios

Panorama da Previdência Social Brasileira

55

por invalidez e as mudanças na perícia médica fazemparte desse esforço.

Precisamos de coragem para deixar de lado osmovimentos táticos e examinar alguns temasestratégicos, ainda que considerados delicados pelasociedade e, em decorrência, pelos participantes doFórum. Corrigir as distorções nas pensões por morte eajustar tempos de contribuição para a nova realidadeda expectativa de vida brasileira, são apenas algunsexemplos dos obstáculos que temos a obrigação desuperar se quisermos garantir a sustentabilidade daprevidência. Caso contrário, a conta ficará para osfuturos trabalhadores.

COMPOSIÇÃO DO FÓRUM NACIONALDA PREVIDÊNCIA SOCIAL

O Fórum Nacional da Previdência Social foi criadopelo Decreto no 6.019, de 22 de janeiro de 2007, noâmbito do Programa de Aceleração do Crescimento(PAC), com o objetivo de promover o debate entre osrepresentantes dos trabalhadores, dos empregadorese do governo federal com vistas ao aperfeiçoamento esustentabilidade dos regimes de previdência social esua coordenação com as políticas de assistência social,com visão de longo prazo (anos: 2030—2050)

A composição foi estabelecida com representaçãotripartite, não paritária, com membros do governofederal, dos trabalhadores ativos, aposentados e

56

Panorama da Previdência Social Brasileira

pensionistas e dos empregadores, com as seguintesentidades:

Do Governo Federal:

• Ministério da Previdência Social;• Casa Civil da Presidência da República;• Ministério do Trabalho e Emprego;• Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão;• Ministério da Fazenda;• Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome;• Secretaria Especial de Políticas para as

Mulheres.

Dos Trabalhadores ativos, aposentados epensionistas:

• Central Autônoma de Trabalhadores (CAT);• Central Geral dos Trabalhadores (CGT);• Central Geral de Trabalhadores do Brasil

(CGTB);• Central Única dos Trabalhadores (CUT);• Confederação Brasileira de Aposentados e

Pensionistas (COBAP);• Confederação Nacional dos Trabalhadores na

Agricultura (CONTAG);• Força Sindical (FS);• Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST);• Social Democracia Social (SDS).

Panorama da Previdência Social Brasileira

57

Dos Empregadores:

• Confederação Nacional da Agricultura ePecuária do Brasil (CNA);

• Confederação Nacional do Comércio (CNC);• Confederação Nacional das Instituições

Financeiras (CNF);• Confederação Nacional da Indústria (CNI);• Confederação Nacional do Transporte (CNT).

Pressupostos do Fórum:

1. manutenção do modelo atual:Previdência Social Pública, Básica e Solidária ePrevidência Complementar Facultativa;

2. direitos adquiridos não serão atingidos;3. longo período de transição.

Principais eixos de uma reforma:

1. ajuste nas idades de aposentadoria e nos temposde contribuição mínimos;

2. redução da diferença entre homens e mulheres emedidas para compensar mulheres;

3. ajuste nas pensões por morte;4. restrição à acumulação de benefícios e de

beneficios com salário;5. melhor coordenação entre Previdência e

Assistência Social6. alternativas para Inclusão Previdenciária.

58

Panorama da Previdência Social Brasileira

VIII

A Nova

Previdência

Complementar

Fechada

Definição e Finalidade

A Previdência Complementarfechada integra o sistema de seguridadesocial e constitui um instrumento degrande eficiência para proteger otrabalhador brasileiro. Seguindo omodelo consagrado pela maioria dospaíses desenvolvidos, o sistema deseguridade social do Brasil compreendeum conjunto integrado de ações dospoderes públicos e da sociedade,destinadas a assegurar os direitos doscidadãos relativos à saúde, à previdênciae à assistência.

A Previdência é, dentre os três, oúnico ramo da seguridade que temcaráter contributivo e obedece acritérios de capitalização. Todos osregimes de previdência, para garantir asua consistência lógica, têm de assegurarcerta relação de proporcionalidade entreo valor da contribuição e o valor dobenefício. Ocorre que, em qualquersituação da vida, quanto maior o prazo,maiores também as incertezas envol-vidas. Na Previdência, o tempo quetranscorre entre o início da contribuição

Panorama da Previdência Social Brasileira

59

e o fim do pagamento pode ser superior a sessenta anos.Por isso, diversificar os riscos inerentes a cada regimeprevidenciário tem sido uma tendência em muitospaíses desenvolvidos, inclusive como meio de aumentara sustentabilidade do sistema, em face das mudançasnos padrões demográficos e do mercado de trabalho.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 dividiuo sistema de previdência social em duas vertentes: umaobrigatória, fundada na modalidade de repartiçãosimples, responsável pela previdência básica do regimegeral de trabalhadores da iniciativa privada e regimepróprio dos servidores públicos; e outra facultativa,necessariamente capitalizada com base na constituiçãode reservas, acessível aos empregados de empresa eaos servidores públicos em geral e aos associados, oumembros de pessoas jurídicas de caráter profissional,classista ou setorial.

Os fundos de pensão, como são conhecidas asentidades integrantes da Previdência Complementarfechada, protegem atualmente, incluindo dependentes,cerca de 6,5 milhões de brasileiros. Segundo dados denovembro de 2003, foram pagos benefíciosprevidenciários complementares a cerca de 600 milpessoas, com um valor médio de aposentadoria em tornode R$ 4 mil. Comparando esse resultado com o valor dobenefício mensal médio pago pelo Regime Geral dePrevidência Social, aproximadamente R$ 450, pode-seobservar, pela diferença entre os valores, que o regime

60

Panorama da Previdência Social Brasileira

complementar contribui de forma eficaz para mantero padrão de vida do trabalhador, quando este passapara a inatividade.

Segundo os grandes números da Previdência Social,não participa de nenhum tipo de previdência parcelasignificativa da população economicamente ativa, queé de 86 milhões de pessoas ou cerca de 50% da populaçãototal. Considerando que, dos aproximadamente78 milhões de trabalhadores ocupados, somente28 milhões contribuem para o regime básico e apenas3 milhões recebem mais de 10 salários mínimos por mês,ainda há muito para ser feito em termos de políticapública de inclusão. Em matéria previdenciária, hávárias frentes de atuação em que o poder público podee deve empreender esforços conjuntos.

O desequilíbrio financeiro dos sistemas deprevidência, outro tema recorrente nessa importanteárea, não constitui uma exclusividade do Brasil; naverdade é uma realidade contra a qual a maioria dospaíses luta. Expandir a Previdência à totalidade dostrabalhadores é um objetivo que caminha em compassocom a obtenção do equilíbrio nas contas públicas.O sistema de Previdência Complementar fechadotem-se mostrado uma ferramenta de grande poderiopara manter as contas públicas ajustadas, uma vez quesua lógica se baseia na constituição de poupança delongo prazo, a um custo baixo de captação e padrõesrazoáveis de remuneração.

Panorama da Previdência Social Brasileira

61

Os regimes de previdência básico e complementarsão estruturas que compõem um mesmo sistema,devendo atuar de forma harmônica e integrada, apesarde serem independentes entre si. Enquanto o regimebásico compulsório exerce um relevante papel paragarantir a toda população trabalhadora um valor mínimode benefício, o complementar, de caráter opcional, visatanto a complementar a renda do inativo, quanto acorrigir distorções que a média geral do sistemaeventualmente pode introduzir em setores específicosda sociedade. Segmentos como dos petroleiros,bancários, metalúrgicos, e tantos outros, apresentamespecificidades que destoam da média, principalmenteem relação aos riscos envolvidos, à vida útil de trabalhoe ao nível de renda. Todos esses fatores, deixados aoacaso, podem constituir sacrifício demasiado de algunsindivíduos em relação ao conjunto da sociedade. Destaforma, a previdência complementar, além deinstrumento de inclusão do trabalhador, é também umrelevante mecanismo para a promoção de justiça social.

Em suma, a Previdência Complementar é por si sóum mecanismo de proteção social bastante eficientee, no conjunto das políticas de natureza previdenciária,integra um sistema bem estruturado de forma aproporcionar-lhe consistência e sustentabilidade. Aexpansão da cobertura da população, da forma como osistema previdenciário brasileiro está desenhado, serátanto maior, quanto maior for o crescimento do regimecomplementar e vice-versa.

62

Panorama da Previdência Social Brasileira

Conceituação Histórica

A lógica de funcionamento da PrevidênciaComplementar remonta ao início da própria PrevidênciaSocial, com o surgimento das caixas de previdência aofinal do século XIX. No Brasil, a Lei Elói Chaves autorizoua criação das primeiras caixas de aposentadoria epensões para os empregados das empresas ferroviárias.Nos moldes do que hoje se entende por PrevidênciaPrivada Fechada, nascia aí, em sentido amplo, oprimeiro fundo de pensão, mediante contribuições dosempregados e empregadores.

O conceito de privado na Previdência é inerenteà sua origem e, em nenhum instante, se contrapõe ànoção de público. Pelo contrário, são conceitos comple-mentares e harmônicos entre si, demonstrando que estáno cerne da Previdência o elemento de integração entreos poderes públicos e a sociedade, previsto naConstituição Federal de 1988. A natureza privada daPrevidência Complementar decorre, por conseguinte,do fato de não pertencer ao Estado.

Ao contrário das relações trabalhistas, em que oconflito faz parte da sua natureza, a Previdência é ummecanismo de solidariedade que permeia e suaviza aluta travada entre empregados e empregadores. Apesarde não integrar essa dualidade, uma vez que nãoconstitui elemento essencial para sua existência, aPrevidência depende dos resultados do trabalho paraque possa subsistir. Assim, os crescentes conflitos sociais

Panorama da Previdência Social Brasileira

63

que marcaram a primeira metade do século passadoincumbiram o Estado, enquanto instituição responsávelpela paz social, do papel de mediador das relações entreo capital e trabalho. Com o surgimento do Estado debem-estar social, o poder público passou paulatina-mente a substituir as iniciativas privadas por outras denatureza pública.

No Brasil, a concepção de que o Estado constituíainstituição onipotente perdurou por quase três décadas,fato que acabou por inibir a atuação privada em setoresem que esta seria claramente mais eficiente. AConstituição de 1988, por sua vez, representa o triunfoda idéia de que a sociedade é maior do que o Estado eque a resolução dos grandes problemas nacionaisdependem de uma atuação conjunta e coordenada entreambos.

A partir de 1977, com a edição da Lei que dispõesobre as entidades de previdência privada, aprevidência fechada foi instituída de direito, apesarde já existir de fato desde o surgimento da previdênciano Brasil. Essa legislação introduzida em 1977 vigorouaté o dia 29 de maio de 2001, quando a aprovação dasLeis Complementares nos 108 e 109 determinou areformulação da previdência complementar brasileira,tornando-a mais adequada às novas realidades eaumentando a sua abrangência como forma de propiciarmelhores alternativas no âmbito das entidades queadministram planos de previdência sem finalidadelucrativa.

64

Panorama da Previdência Social Brasileira

Atualmente a previdência complementar brasileiraestá assentada em dois pilares, as entidades fechadase as entidades abertas, que apresentam grandesdiferenças entre si. As primeiras, também chamadasfundos de pensão, são organizações sem fins lucrativos,constituídas sob a forma de fundações de direito privadoou de sociedades. Enquanto as segundas, as EntidadesAbertas de Previdência Complementar (EAPC) sãoorganizadas sob a forma de sociedades anônimas, eatuam no mercado de previdência complementar comfins lucrativos. Esta modalidade oferece à populaçãoplanos de aposentadoria de diferentes tipos, que podemser individuais ou coletivos.

As entidades de previdência complementar sãoreguladas e fiscalizadas por diferentes órgãos dogoverno. As EFPC, por exemplo, são reguladas peloConselho de Gestão da Previdência Complementar(CGPC) e fiscalizadas pela Secretaria de PrevidênciaComplementar (SPC), ambos vinculados ao Ministérioda Previdência Social (MPS). As EAPC, por seu turno,são reguladas pelo Conselho Nacional de SegurosPrivados (CNPS) e fiscalizadas pela Superintendênciade Seguros Privados (SUSEP), órgãos integrantes daestrutura do Ministério da Fazenda.

Por último, vale salientar que, no âmbito daprevidência complementar, o modelo fechado impõe-secomo hegemônico contando com mais de 2,3 milhõesde participantes e um patrimônio acumulado da ordemde 230 bilhões de reais.

Panorama da Previdência Social Brasileira

65

Conceitos Básicos

Apesar de serem independentes, relaçõestrabalhistas e Previdência Social são conceitos que estãointimamente relacionados. Os padrões predominantesno mercado de trabalho não determinam o tipo deprevidência, mas influenciam a sua organização. APrevidência Complementar, por exemplo, construiu asua base em cima das relações travadas nas grandesempresas capitalistas com base na produção em massade bens e serviços.

No Brasil, as empresas estatais e as multinacionaisdeterminaram em grande medida o padrão que balizoua institucionalização da Previdência PrivadaComplementar. Basicamente, os fundos de pensãosurgiram a partir da vontade dos empregados e dosempregadores que, por meio de uma relação de parceria,constituíam entidades sem fins lucrativos com o objetivode administrar recursos originários da contribuição deambos para a formação de um patrimônio que, no futuro,deveria ser utilizado com a finalidade de pagar benefíciosprevidenciários e, eventualmente, assistenciais.

A relação jurídica surgida em torno do patrimônioconstituído com finalidade previdenciária específica,seja para administrá-lo ou usufruir os seus resultados,foi construída, neste primeiro momento, sobre o tripéempregado participante, empresa patrocinadora, eEntidade Fechada de Previdência Complementar (EFPC).Em geral, os fundos de pensão recebem contribuições

66

Panorama da Previdência Social Brasileira

dos participantes e do respectivo patrocinador, podendoeventualmente receber contribuições apenas desseúltimo.

A técnica desenvolvida para a construção dequalquer sistema de previdência funda-se no princípioda capitalização, seja com base na força de trabalhoou no capital propriamente. O primeiro modelo dizrespeito ao pacto intergeracional, no qual a geraçãofutura, ao ingressar no mercado de trabalho, assume oônus da aposentadoria da geração anterior. Todavia,em matéria de Previdência Complementar, a legislaçãoapenas permite a capitalização com base na acumulaçãode capital, que ocorre por meio da acumulação deativos, que podem ser imobiliários, títulos da dívida eparticipações acionárias no capital de empresas.

Em relação ao modelo de capitalização com basena acumulação de ativos, a técnica desenvolvidapermite a utilização de uma grande diversidade demétodos, os quais variam de acordo com o perfil damassa de trabalhadores segurados. Se, por exemplo, aidade média dos participantes é relativamente baixa,o plano de previdência pode acumular recursos a umataxa mais lenta no início e mais acelerada no final, issotanto para tornar o plano mais atrativo aos mais jovens,quanto para adequar-se à capacidade de pagamentodo grupo. Enfim, o processo de constituição dos ativosque irão garantir o pagamento dos benefícios poderáocorrer na proporção e na velocidade que for maisadequada aos interesses e à capacidade financeira dos

Panorama da Previdência Social Brasileira

67

contribuintes, mantendo-se a compatibilidadenecessária para manutenção do equilíbrio entre períodoe nível de contribuição em relação ao valor e períodode recebimento dos benefícios.

Neste sentido, a modalidade do plano, se BenefícioDefinido (BD) ou Contribuição Definida (CD), grossomodo, não interfere diretamente no processo deacumulação de ativos, quando muito pode indicar umaestratégia especifica para tal. Na prática, as modalidadeBD e CD dizem respeito à relação jurídica que seestabelece entre participante e o plano de benefícios,por intermédio de uma EFPC específica. No primeirocaso, o participante contrata um valor certo debenefício por prazo incerto de pagamento, ao passoque, no segundo, são contratados valor e prazo certosde contribuição, e o benefício dependerá da perfor-mance dos rendimentos, podendo ser maior ou menordo que estabelecido a título de meta. A diferençafundamental entre ambos consiste na forma jurídicade se atribuir responsabilidade em caso de desequilíbrioentre a fase de acumulação e a de pagamento dosbenefícios.

A administração do patrimônio dos participantesde planos de benefícios fica a cargo de EntidadesFechadas de Previdência Complementar (EFPC), semfins lucrativos, constituídas especificamente para estafinalidade, a qual é cumprida, inclusive, com a atuaçãodireta de representantes indicados pelos participantesativos e assistidos. O sistema complementar fechado

68

Panorama da Previdência Social Brasileira

administra os seus recursos de forma descentralizadae, por conseguinte, mais próxima dos beneficiáriosdiretos e com a participação dos interessados, fato quecontribui para reduzir os custos administrativos e osproblemas relacionados à fraude.

As Inovações

Desde de 1998, o sistema de previdência vempassando por um processo de reestruturação. Primeiro,a Previdência Complementar passou a constituir um dospilares da Previdência Social. Posteriormente expandiu-se o acesso do regime complementar à quase totalidadedos trabalhadores da iniciativa privada, e, por último,foi estendido também aos servidores públicos.Entretanto, o marco jurídico da nova PrevidênciaComplementar foi fixado com a edição da LeiComplementar no 109, de 29 de maio de 2001. Comessa norma, o regime complementar brasileiro nãoapenas se adequou às modernas regras há muitointroduzidas nos países mais desenvolvidos, comotambém inovou em muitos outros sentidos.

Inicialmente, cabe chamar a atenção para aevolução conceitual ocorrida no mutualismocaracterístico dos fundos de pensão. Nos primórdios, omutualismo era, por assim dizer, pouco solidário, jáque para se receber o benefício previdenciário eranecessário estar vivo e quem morresse antes de sehabilitar perderia por completo qualquer direito sobreos recursos do fundo. Posteriormente, o conceito

Panorama da Previdência Social Brasileira

69

adquiriu novos contornos, com a incorporação dosbenefícios de risco, evoluindo para uma espécie demutualismo restrito. Esta segunda situação perdurouaté a edição da Lei Complementar no 109/01, quandoo mutualismo deixou de ser em relação ao plano epassou a ser em relação ao sistema.

O mutualismo limitado aos planos apresentavao grande inconveniente de que justamente quando oindivíduo mais precisava da solidariedade era quandoo mútuo lhe era mais desfavorável. A perda do vínculoempregatício, e o conseqüente desligamento do plano,imputava, em geral, grandes perdas ao trabalhadorretirante, em favor dos demais que permaneciam.A rotatividade, por seu turno, constituía-se como umelemento responsável por baixar os custos dos planospara os contribuintes. Muitos planos constituídos namodalidade Benefício Definido (BD) aparentementetornavam-se mais favoráveis aos participantesexatamente porque se baseavam nos ganhos que acoletividade obteria com as perdas individuais. Outrofator que contribuiu para criar a falsa impressão deque os planos BD’s eram mais vantajosos decorre dofato de os patrocinadores cobrirem o déficiteventualmente existente. Todavia, essa situação se deunum contexto em que somente o patrocinador dirigia aEFPC, sem representação dos participantes. Com aintrodução da Lei Complementar 109/01, os eventuaisdéficits dos planos de Benefícios Definidos devem sercobertos de forma proporcional entre o patrocinador e

70

Panorama da Previdência Social Brasileira

o participante. Em relação aos planos constituídos namodalidade Contribuições Definidas, conceitualmentenão há déficit, porque qualquer desequilíbrio, para maisou para menos, reflete diretamente sobre o valor dobenefício.

Conforme visto acima, ambas as modalidadesapresentam pontos favoráveis e outros nem tanto. Nocaso do Benefício Definido, as principais vantagensconsistem em, por um lado, assegurar de antemão aoparticipante, quando este reunir as condições para aaquisição do direito, valor certo de benefício, e, poroutro, já trazer nas suas regras forma de equaciona-mento de eventual déficit, envolvendo obrigato-riamente a patrocinadora. Em contrapartida, adesvantagem é que periodicamente o valor das parcelasmensais de contribuição pode ser reajustado, tendopor base a performance dos rendimentos. Em relaçãoà Contribuição Definida, as vantagens decorrem, emprimeiro lugar, do fato de, por não assegurar um valorexato de benefício, tornar o participante um potencialfiscal para acompanhar os rendimentos e forma deaplicação dos ativos, e, em segundo, não modificar oplanejamento financeiro do participante em relaçãoao valor da sua contribuição, que é sempre fixo, o quenão o impende de fazer contribuições extraordinárias.Pesam contra esta modalidade de plano basicamentedois aspecto, o primeiro diz respeito ao fato de nãocomprometer o patrocinador com eventuais déficits, oque não o proíbe de fazer contribuições voluntárias em

Panorama da Previdência Social Brasileira

71

favor dos participantes, e, o segundo, refere-se àincerteza quanto ao valor do benefício, a qual nãoconstituirá surpresa para o participante, se este fizero acompanhamento sistemático da evolução do seuplano de benefícios.

No que pesa o fato de a modalidade não interferirna forma de capitalização dos planos, a maior opçãoatual pela Contribuição Definida decorre da evoluçãono conceito de mutualismo. Ao tornar-se mais solidário,o regime complementar deu um salto qualitativoincomensurável no sentido de construir mecanismoeficiente de proteção social. Isso porque, com aregulamentação dos institutos previstos na LeiComplementar no 109/01, o participante, em caso deperda do vínculo empregatício, não mais sofrerá perdasem favor do mútuo. Considerando que o tempo depermanência do trabalhador no mesmo emprego temdiminuído em razão dos novos padrões estabelecidosno mercado de trabalho, a mobilidade dos recursosacumulados pelo participante de plano não somenteconstitui um ganho para o trabalhador, como tambémpara todos o sistema de Previdência Complementar.

Os institutos previstos na Lei Complementar no

109/01 constituem um grande avanço para o regimecomplementar, igualando o sistema brasileiro à práticahá muito empreendida nos países mais desenvolvidos.O Benefício Proporcional Diferido, a Portabilidade oResgate e o “Autopatrocínio” constituem conjunto deregras mínimas que os planos devem contemplar, tendo

72

Panorama da Previdência Social Brasileira

em vista assegurar e proteger o direito dos participantesdentro da nova filosofia do sistema, hoje muito maissolidário e acessível à maioria dos trabalhadores.

Instituidor

A maior inovação introduzida pela LeiComplementar no 109/01, porém, consistiu na criaçãoda figura do Instituidor de planos previdenciáriosvoltados para associados de sindicatos e entidades declasse e setorial, com base na identidade de grupoexistente. Apesar de outros países já possuírem planoscom base nesse vínculo, o caso brasileiro é peculiar e,em muitos sentidos, representa uma inovação. Nosplanos de Instituidores não existe a figura dopatrocinador, ou seja, o participante é o únicoresponsável pelo seu custeio e, por isso, todos os planosdeverão ser constituídos na modalidade ContribuiçãoDefinida. Todavia, a norma faculta ao empregadorcontribuir, sem ao plano se vincular, em nome dos seusrespectivos empregados. Outra situação tambémregulamentada diz respeito à gestão do patrimônio, aqual obrigatoriamente deverá ser terceirizada. Todosos cuidados jurídicos e técnicos foram envidados paraque as associações e entidades classistas e setoriaissejam um instrumento para fortalecer a PrevidênciaComplementar e que esta seja um instrumento paraconsolidar relações trabalhistas harmônicas.

A possibilidade de tornar a Previdência Comple-mentar fechada acessível aos trabalhadores em geral,

Panorama da Previdência Social Brasileira

73

por meio do vínculo associativo, engendrou umaestrutura compatível e complementar à tradicionalestrutura constituída a partir dos planos patrocinados.Tradicionalmente, as indústrias organizam-se por setorde atividade econômica, de forma que dentro de ummesmo setor é possível encontrar várias atividadesespecializadas, desde o executivo até o operário. Destaforma, os planos de benefícios voltados para os gruposocupacionais, com base no vínculo empregatício, sãodesenhados de maneira a acomodar a estrutura verticalcaracterística de cada setor econômico, abrangendoatividades, ainda que distintas, correlacionadas ecomplementares entre si.

O regime complementar com base no vínculoassociativo, por sua vez, está concebido de formahorizontal, perpassando, em muitos casos, por mais deum setor econômico, mas sempre dentro da mesma áreade especialização, como, por exemplo, os metalúrgicose os engenheiros, dentre outros. Do ponto de vistaconceitual e jurídico, o modelo brasileiro de PrevidênciaComplementar está completo, restando aindadesenvolve-lo em alguns aspectos e integrar mais a suaestrutura institucional.

Retrospectiva e Perspectivas da PrevidênciaComplementar

Simultaneamente às mudanças ocorridas no marcolegal da Previdência Complementar, os órgãosregulamentador e fiscalizador das Entidades Fechadas

74

Panorama da Previdência Social Brasileira

de Previdência Complementar (EFPC) ganharam novasatribuições e estrutura mais adequada para realizar suasprincipais competências, dentre as quais merecedestaque a proteção ao direito dos participantes,individual ou coletivamente considerados.

Com base nas orientações políticas que nortearam,no ano de 2003, a elaboração da proposta do PlanoPlurianual (PPA) para o período de 2004—2007, oMinistério da Previdência Social promoveu alguns ajustesiniciais e imprescindíveis na Secretaria de PrevidênciaComplementar, para conferir maior agilidadeinstitucional com vistas a fomentar e fortalecer asatividades nas áreas de Previdência ComplementarFechada.

A diretriz que orientou o processo de reestru-turação institucional do sistema complementar constado diagnóstico elaborado no PPA, que definiu o principalobjetivo, qual seja, a “Inclusão e Redução dasdesigualdades Sociais”. Este ponto será perseguido,dentre outras medidas, por meio da extensão dacobertura de políticas mais consolidadas, como aPrevidência Social, à parcela da população maisdesprotegida.

Com base em diversos cenários conjunturais dasituação sócio-econômica do País para os próximos anos,o Ministério da Previdência Social deu início a uma sériede preparativos para oferecer mecanismo de proteçãosocial a tanto quantos forem os trabalhadores que

Panorama da Previdência Social Brasileira

75

possam optar por esta modalidade de política pública.Em relação à Secretaria de Previdência Complementar,foi estabelecido conjunto de ações com vistas a tornardisponível ao maior número possível de trabalhadoresum sistema de Previdência Complementar seguro, ágil,transparente, amigável, informativo e confiável, comuma atuação efetiva e permanente do poder públicona defesa incondicional dos participantes. Comomatéria prima para outras ações de governo, aPrevidência Complementar deverá retribuir com umvolume expressivo de poupança própria e de longoprazo, imprescindível para contribuir para odesenvolvimento econômico e social de formaindependente e sustentável.

Como havia uma distância muito grande entre aestrutura institucional existente e aquela realmentenecessária para fazer face às novas orientaçõespolíticas, e considerando a escassez de recursosfinanceiros e humanos, a Secretaria de PrevidênciaComplementar deu início a uma ação emergencial,porém empreendida de forma metódica e criteriosa,para otimizar a aplicação dos recursos disponíveis.Inicialmente, separaram-se — conceitualmente asatribuições do órgão regulamentador, a cargo doConselho de Gestão da Previdência Complementar(CGPC), daquelas do órgão fiscalizador, exercidas pelaSecretaria de Previdência Complementar (SPC). Ambosforam valorizados e fortalecidos para o desempenhodas suas atribuições. O CGPC, com estrutura mais enxuta

76

Panorama da Previdência Social Brasileira

e representativa, ganhou agilidade e logrouregulamentar situações que há anos vinham searrastando por falta de definição política.

A SPC concentrou esforços nas seguintes linhasde ação: fortalecer o sistema fechado de PrevidênciaComplementar, fomentar a criação dos planos deInstituidores, acompanhar a definição das regras paraa Previdência Complementar do servidor público,estabelecer parceria com os atores que integram osistema, definir novos conceitos de supervisão edesenvolver sistema de monitoramento contínuo defiscalização dos planos de previdência.

Como medida de fortalecimento do sistema, a SPC,em conjunto com o CGPC, promoveu a regulamentaçãode pontos cruciais para tornar o sistema mais atrativoe viável para o conjunto de interessados. Dentre outrasmedidas, cabe ainda destacar o empenho no sentidode dotar a Secretaria de estrutura técnica mais especia-lizada e ágil para facilitar e reduzir o tempo de trami-tação das mais diversas demandas que dão entradadiariamente no protocolo. Em relação aos planos deInstituidores, além de alterar a regra de forma apermitir a contribuição do empregador, foi elaboradoe disponibilizado para o público interessadoregulamento de plano de benefício e convênio deadesão de referência para reduzir o tempo detramitação dos processos.

Panorama da Previdência Social Brasileira

77

Vale destacar com especial atenção o esforçoempreendido com o objetivo de realizar parcerias comos atores do sistema complementar. Considerando aestrutura de governança das EFPC’s, que, além doConselho Deliberativo e da Diretoria Executiva,compreende um Conselho Fiscal com atribuições decontrole interno, a SPC tem buscado, por meio de váriasações, estabelecer relação de proximidade com osconselheiros, com a finalidade de integrar o controleexterno, a cargo do órgão fiscalizador do sistema, e ocontrole interno, que tem entre seus quadrosrepresentantes dos participantes.

Em relação à supervisão, a Secretaria estádesenvolvendo mecanismos de acompanhamentocontínuo e permanente das Entidades Fechadas dePrevidência Complementar, de forma a conhecer coma devida antecedência situações em que a orientaçãodo órgão fiscalizador possa tornar-se imprescindívelpara o correto cumprimento da legislação. Além deacompanhar permanentemente a vida das EFPC’s, a SPCestá promovendo um reforço no seu quadro de pessoalresponsável pela fiscalização in loco dos planos debenefícios.

A agenda da Secretaria de PrevidênciaComplementar para os fundos de pensão ancora-se emalguns eixos fundamentais. O primeiro deles refere-seà conclusão dos trabalhos de aprimoramento eadequação dos estatutos e regulamentos das EFPC´s

78

Panorama da Previdência Social Brasileira

em face da nova legislação, dando aos fundos de pensãomaior transparência e maior liberdade na formataçãode planos previdenciários. Esse trabalho propiciará umambiente estável, com regras claras e seguras no campoda governança e maior transparência para osparticipantes e assistidos.

O segundo ponto consiste no fortalecimento daprevidência complementar associativa, que é osegmento que apresenta maior crecimento desde 2003.Atualmente o sistema associativo conta com 197instituidores, entre sindicatos, conselhos deprofissionais e outras entidades classistas; que estãodistribuídos em 44 planos instituidores operados por 28fundos de pensão. A Previdência Complementar entradefinitivamente na agenda das principais liderançassindicais deste País, cumprindo-se mais um pontoimportante do Programa de Inclusão Social do Governodo Presidente Lula.

O terceiro ponto refere-se à formulação,estruturação e implementação da PrevidênciaComplementar para o servidor público, titular de cargoefetivo, tendo em vista a Emenda Constitucional no

41/2003, utilizando-se a legislação já existente,especialmente a Lei Complementar no 108/2001 eavançando na gestão compartilhada pelo servidorativo e inativo e pelo Governo. Foi encaminhado aoCongresso Nacional o Projeto de Lei no 1.992/2007,que regulamenta a previdência e cria a FUNPRESP.

Panorama da Previdência Social Brasileira

79

O último ponto consiste no aprimoramento dametodologia do trabalho de fiscalização, que está sendoorientada para uma supervisão baseada em risco,aliando-se às melhores práticas internacionais. Alémdo aprimoramento da fiscalização será fortalecida acapacidade de atuação do Estado e, ao mesmo tempo,fomentada a criação de mecanismos de controle internoem cada entidade.

Diante do exposto, as perspectivas para o correnteano são bastante animadoras. Espera-se, contudo, darcontinuidade ao trabalho que já vem sendo levado acabo, aprofundando e diversificando as ações jádesenvolvidas, tendo como metas principais ofortalecimento do sistema de previdência, a expansãodos planos de Instituidores e a supervisão intensiva sobreos planos de benefícios. A previdência complementardos servidores públicos, agora que a ConstituiçãoFederal já estabeleceu suas regras basilares, será, nesteano, objeto de uma ação específica da Secretaria comvistas a organizar uma estrutura enxuta, integrada edesde o início equilibrada.