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Rua Pedro de Toledo, 80 - Conj. 121 - Vila Clementino – CEP 04039-000 - São Paulo / SP - Fone / Fax: (11) 5574-5715 EXMO. SR. DR. JUIZ DA 1ª VARA DO TRABALHO DE BAURU - SP. Processo nº 000248-2009-005-15-00-7 PRIMEIRO OFICIAL DE REGISTRO DE IMÓVEIS, TÍTULOS E DOCUMENTOS E CIVIL DE PESSOA JURÍDICA DE BAURU – Dr. José Alexandre Dias Canheo, com endereço na Júlio Mesquita Filho nº 10-11, Sala 08, Edifício Garden Plaza, Jardim Panaroma, CEP 17011-137, Bauru, São Paulo, por seu advogado, ao final assinado, 1

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EXMO. SR. DR. JUIZ DA 1ª VARA DO TRABALHO DE BAURU - SP.

Processo nº 000248-2009-005-15-00-7

PRIMEIRO OFICIAL DE REGISTRO DE IMÓVEIS,

TÍTULOS E DOCUMENTOS E CIVIL DE PESSOA JURÍDICA DE BAURU – Dr. José

Alexandre Dias Canheo, com endereço na Júlio Mesquita Filho nº 10-11, Sala 08,

Edifício Garden Plaza, Jardim Panaroma, CEP 17011-137, Bauru, São Paulo, por seu

advogado, ao final assinado, vem à presença de V.Exa. nos autos da RECLAMAÇÃO

TRABALHISTA que perante esse Juízo lhe promove RICARDO ALEXANDRE

DAMACENO MARTINI, para apresentar sua CONTESTAÇÃO, fundamentada nos

motivos de fato e de direito a seguir expostos.

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I - PRELIMINARMENTE

1 – PRESCRIÇÃO TOTAL

Aduz o autor ser titular de direitos emergentes de contrato de

trabalho firmado com a reclamada no período de 01/04/1997 a 01/02/2007.

Ocorre, porém, que a ação trabalhista foi distribuída em

02/03/2009, portanto, há mais de dois anos da extinção da relação de emprego, razão pela

qual tal pretensão foi irremediavelmente alcançada pela prescrição.

A prescrição atinge o direito de ação em toda a sua amplitude e

com o reconhecimento dos seus efeitos fica extinta a pretensão do reclamante a uma

prestação jurisdicional contra a reclamada, ou seja, não há mais direito de pleitear a

reparação de qualquer ato supostamente infringente de norma trabalhista.

Guardado o exposto, requer a reclamada o reconhecimento da

prescrição bienal prevista no art. 7º, XXIX da Constituição Federal, com a conseqüente

extinção do processo com julgamento do mérito, nos termos do art. 269, IV, do CPC.

2 – PRESCRIÇÃO QUINQUENAL

Na relação jurídica processual o autor apontou ser titular de

direitos emergentes de contrato de trabalho que manteve com a reclamada no período de

01/04/1997 a 01/02/2007. A ação trabalhista foi distribuída em 02/03/2007.

Da análise do período retro descrito verifica-se que parte da

reparação pretendida pelo autor se refere à relação jurídica ocorrida há mais de cinco anos

da data da propositura da ação, encontrando-se fulminada pela prescrição qüinqüenal.

O inciso XXIX do artigo 7º da CF tem aplicação imediata sobre

as questões trabalhistas surgidas após 05/10/88, razão pela qual deve ser reconhecida a

prescrição sobre direitos anteriores a cinco anos do ajuizamento da ação trabalhista,

ocorrida em 04/09/07, na forma que alude o CPC em seu art. 269, IV, c.c. art. 769 da CLT.

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II – MÉRITO

Está certa a reclamada que essa MM. Vara do Trabalho não

dará guarida aos pedidos formulados pelo reclamante, eis que desapartados de qualquer

substrato fático ou jurídico que lhe outorgue supedâneo, razão pela qual deve ser julgada

improcedente. Vejamos:

3 – CONTRATO DE TRABALHO

O autor foi contratado em 01/04/1997. Sua última função foi de

escrevente no Setor de Registro de Imóveis. Recebeu como último salário o valor de R$

1.826,59. Foi dispensado sem justa causa em 01/02/2007. Por ocasião da extinção do

contrato de trabalho recebeu todas as verbas rescisórias e indenizatórias.

4 – HISTÓRICO FUNCIONAL

O autor foi contratado em 01/04/1997 para exercer o cargo de

auxiliar de serviços internos, competindo-lhe realizar serviços sem prática específica de atos

cartoriais, fazer o atendimento de usuários no balcão, recepcionar documentos, elaborar

listagens, organizar classificadores, digitalizar documentos, auxiliando os escreventes e o

oficial na prática dos atos próprios do cartório.

Em 01/09/2003 o autor foi promovido para o cargo de

escrevente, mediante autorização concedida pela Juíza Corregedora de Bauru. A partir da

promoção o autor passou a trabalhar no Setor de Títulos e Documentos e a fazer o registro,

remessa e condução das notificações extrajudiciais confiadas para cumprimento do cartório.

A partir da promoção funcional o autor recebeu aumento

salarial e em julho de 2006 (último mês em que trabalhou no Setor de Títulos e

Documentos) auferia o significativo salário no valor de R$ 1.797,43 (mil, setecentos e

noventa e sete reais e quarenta e três centavos).

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Em 26/07/2006 o autor foi transferido do Setor de Registro de

Títulos e Documentos e passou a trabalhar no Setor de Registro de Imóveis, auxiliando na

qualificação de escrituras para registro de imóveis.

Nessa toada, resta claro que autor trabalhou no Setor de

Registro de Títulos e Documentos, fazendo o registro, remessa e condução das notificações

extrajudiciais no período de 01/09/2003 a 26/07/2006, razão pela qual, na remota hipótese

de algum valor vir a ser deferido ao mesmo por conta de supostas diferenças salariais, o

que não se espera, deve ser limitado ao período supracitado.

5 – NATUREZA JURÍDICA DO RESSARCIMENTO DAS DESPESAS REALIZADAS PELO

AUTOR NA CONDUÇÃO E CUMPRIMENTO DAS NOTIFICAÇÕES EXTRAJUDICIAIS

Sem a quebra do devido respeito, razão não acompanha o

autor quando aduz que no período em que trabalhou no Setor de Registro de Títulos e

Documentos, fazendo o registro, remessa e condução de notificações extrajudiciais, recebeu

“salário por fora” no valor de R$ 2.500,00 mensais, referente a “parcela variável de salário”

devidas por “comissões” sobre notificações extrajudiciais cumpridas.

A reclamada jamais pagou qualquer parcela salarial ao

reclamante ou a qualquer outro empregado do cartório ao arrepio da legislação trabalhista

ao ensejo de caracterizar violação aos direitos dos trabalhadores.

Durante o contrato do trabalho não houve ajuste ou promessa

ao reclamante no sentido de pagamento de parcela salarial variável, caracterizada por

“comissões” sobre notificações extrajudiciais realizadas pelo mesmo.

O valor de R$ 1.797,43 foi a única contraprestação salarial

ajustada pelas partes para retribuição dos serviços prestados pelo autor ao cartório.

Quando o autor foi promovido para o cargo de escrevente e

passou a exercer suas funções no Setor de Registro de Títulos e Documentos não houve

qualquer alteração na forma de cálculo do valor do seu salário, que continuou sendo

calculado e pago de forma fixa e mensal.

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Os emolumentos relativos aos serviços notariais e de registro

têm como fato gerador a prestação de serviços públicos notariais e de registro previstos no

art. 236 da Constituição Federal e são recolhidos de acordo com a Lei nº 11.331, de

26/12/02, conforme disposto na Lei Federal nº 10.169, de 2912/00. – (docs. anexos).

São contribuintes dos emolumentos as pessoas físicas ou

jurídicas que se utilizam dos serviços dos cartórios, entre eles, o de solicitação de entrega

de notificação extrajudicial e o pagamento dos emolumentos é feito no Cartório.

Portanto, toda vez que uma pessoa se socorre de um serviço

público notarial ou de registro, fica obrigada a fazer o recolhimento de emolumentos,

conforme previsto na legislação constitucional e estadual.

O item 3 das Notas Explicativas, referente a Tabela II, da Lei nº

11.331, de 26 de fevereiro de 2002, do REGIMENTO DE CUSTAS EXTRAJUDICIAIS DO

ESTADO DE SÃO PAULO, prevê que as despesas de remessa e condução das

notificações serão cobradas por igual valor ao da condução dos Oficiais de Justiça do foro

judicial da mesma Comarca. – (docs. anexos).

Na hipótese de uma pessoa solicitar ao Cartório reclamado

uma notificação extrajudicial, deverá fazer o recolhimento de emolumentos no valor atual de

R$ 49,17, dos quais R$ 11,84 (onze reais e oitenta e quatro centavos) se destina ao

ressarcimento da despesa com diligência realizada pelo escrevente do Cartório no

cumprimento da notificação.

O valor recolhido pela parte interessada para ressarcimento da

despesa realizada no cumprimento da notificação extrajudicial não se destina – conforme

previsto na Lei Federal nº 11.331/02 – a compensar o trabalho realizado pelo reclamante,

mas visa apenas à reposição, pela parte interessada, das despesas realizadas no

cumprimento da notificação.

Os emolumentos depositados pela parte interessada no

cumprimento de uma notificação e repassados pelo cartório ao reclamante possuem nítido

caráter indenizatório, tratando-se de ressarcimento das despesas verificadas no dia-a-dia do

cumprimento das diligências de efetivação das notificações extrajudiciais.

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O referido emolumento tem natureza indenizatória e objetiva o

reembolso das diligências realizadas e distâncias percorridas - ida e volta - além de ressarcir

despesas de combustível e desgastes e depreciações do veículo do autor e também

ressarcimento de conduções de transporte público utilizados no dia-a-dia do cumprimento

das notificações extrajudiciais.

Para o fim de corroborar esse raciocínio jurídico, urge

necessária a transcrição do Item 3 da Nota Explicativa, referente a Tabela II, da Lei nº

11.331, de 26 de fevereiro de 2002. Verbis:

“As despesas de condução a ser cobrada pela entrega da notificação procedida diretamente pelo tabelionato será a equivalente ao do valor da tarifa de ônibus ou qualquer outro meio de transporte coletivo existente dentro do Município, em número certo, necessário ao cumprimento do percurso de ida e volta do tabelionato ao destinatário.

Parágrafo único. Quando não houver linha de transporte coletivo regular ou o percurso a ser cumprido extrapolar o perímetro urbano do Município, em cumprimento à intimação em localidade diferente ou em observância às determinações referentes às comarcas agrupadas, o valor a ser cobrado será o equivalente ao do meio de transporte alternativo utilizado, ainda que em veículo automotor de caráter particular, desde que não ultrapasse o valor igual ao da condução dos Oficiais de Justiça do Foro Judicial.”

Nessa toada, emerge claro que tal emolumento, de verba de

natureza indenizatória, teve o único propósito de indenizar as despesas de condução do

reclamante nas diligências empreendidas para o cumprimento das notificações, ressarcindo-

o dos valores despendidos com a utilização do seu veículo próprio e de transporte público,

além razão pela qual reparam uma perda e não se constituem em acréscimo patrimonial.

O emolumento recebido pelo autor no período em que realizou

diligências e entregou notificações em nome do cartório não possuiu natureza salarial,

porquanto visou exclusivamente reembolsá-lo das perdas experimentadas em razão do uso

do veículo próprio, reembolsá-lo das despesas realizadas com as distâncias percorridas no

percurso de ida e volta do cotidiano do cumprimento das notificações extrajudiciais, não se

destinando a compensar o seu trabalho, razão pela qual, entendimento contrário, ensejaria

contrariar o disposto na lei nº 11.331/02 e na lei nº 10.169/00, de 29 de dezembro de 2000.

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Por todas as razões expostas é que o pedido formulado pelo

autor de condenação do cartório no pedido de suposta parcela “salarial por fora” decorrente

das “comissões” pagas sobre os emolumentos recolhidos pela parte interessada para

cumprimento das notificações extrajudiciais não pode vigorar.

Ao final de cada mês o cartório reclamado simplesmente

repassava ao reclamante o valor de cada despesa de remessa e condução de notificação

recolhido pela parte interessada ao requerer a prestação de serviço notarial de entrega de

notificação extrajudicial.

O valor pago por conta de ressarcimento de despesas de

condução era recolhido pelo próprio interessado e o cartório simplesmente tinha a obrigação

de fazer o repasse do numerário respectivo ao reclamante, sem auferir qualquer tipo de

lucro, receita ou vantagem financeira em decorrência deste valor. – (docs. anexos).

No período em que o autor trabalhou no Setor de Registro de

Títulos e Documentos, cumprindo diligências e realizando entrega de notificações

extrajudiciais, recebeu o salário de R$ 1.797,43 mensais, bastante relevante para o status

desse cargo.

Fora disso, não vigora a tese sustentada pelo reclamante de

que recebia salário por fora, eis que a despesa de condução recolhida pela parte

interessada na prestação do serviço notarial e repassada ao trabalhador por ocasião do

cumprimento da notificação extrajudicial não possui caráter salarial, eis que não se

destinava a recompensar o seu trabalho.

Guardado todo exposto, requer a reclamada seja julgado

totalmente improcedente o pedido indicado no item “1” a “11” e “14” da petição inicial.

6 – MULTA DO ART. 477 DA CLT

Razão não acompanha o autor quando pretende a condenação

da reclamada no pagamento de multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT.

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Em razão da intensa litigiosidade que se estabelece em torno

do acolhimento dos pedidos formulados pelo autor através da presente demanda,

impossível a aplicação da multa prevista no texto celetista à hipótese vertente.

Pretende o autor a condenação do cartório no pagamento de

“diferenças salariais” decorrentes de “salário por fora”.

O pressuposto indissociável de admissibilidade do acolhimento

do pedido – deferimento de diferenças salariais - é fato duramente resistido pela reclamada,

razão pela qual não se pode falar em violação aos preceitos legais que regem o contrato de

trabalho e a proteção do empregado.

Enquanto não houver o pronunciamento judicial sobre os

pedidos feitos pelo autor - deferindo-os – não se pode admitir a existência de justa causa

para decretar a procedência da aplicação da multa prevista no art. 477, § 8º da CLT.

A razão é bastante simples: Inexistência de marco para se

computar a ocorrência do atraso no pagamento das supostas “diferenças” de verbas

rescisórias para o fim de estabelecer a violação do prazo previsto no dispositivo celetista.

Havendo dúvida quanto à existência dos direitos postulados

pelo autor, somente após a decisão que declarou a existência dos mesmos é que se pode

concluir pela exigibilidade do “direito às diferenças salariais” e se considerar como iniciado o

prazo previsto no dispositivo celetário para a efetiva quitação das mesmas, pelo que, no

período anterior, não há que se falar em atraso na sua quitação.

No mesmo sentido, caminha o entendimento partilhado pelo E.

Tribunal Superior do Trabalho com a recente edição da Orientação Jurisprudencial nº 351 da

Sessão de Dissídios Individuais 1: Verbis:

“351. MULTA. ART. 477, § 8º, DA CLT. VERBAS RESCISÓRIAS RECONHECIDAS EM JUÍZO. Incabível a multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, quando houver fundada controvérsia quanto à existência da obrigação cujo inadimplemento gerou a multa.”

Guardado o exposto, deve ser julgado improcedente o pedido

indicado no item “12” da petição inicial.

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7 – EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS

A reclamada manteve contrato de trabalho com o autor e

durante a sua vigência cumpriu com todas suas obrigações trabalhistas.

Por ocasião da extinção da relação de emprego promoveu o

Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho e efetuou o pagamento de todas as verbas

rescisórias que eram devidas ao autor. – (docs. anexos).

Nessa toada, resta claro que a reclamada não praticou

qualquer ato ilícito ou praticou qualquer irregularidade em detrimento do trabalhador.

Guardado o exposto, deve ser julgado improcedente o pedido

indicado no item “13” da petição inicial a esse pretexto.

8 - MULTA DO ARTIGO 467 DA CLT

Melhor sorte não assiste ao reclamante quando postula a

condenação da reclamada no pagamento da multa prevista no art. 467 da CLT.

Todas as verbas salariais e rescisórias devidas ao autor por

conta da extinção do contrato de trabalho foram tempestivamente pagas. - (docs. anexos).

Os demais pedidos aviados pelo autor através da presente

ação trabalhista são duramente resistidos pela reclamada, o que por si só afasta o

reconhecimento da aplicação da multa prevista no art. 467 da CLT.

Vale dizer: enquanto não houver pronunciamento judicial em

favor do reclamante deferindo-lhe diferenças salariais - o que só se admite a título de

argumentação - não existem verbas rescisórias de natureza salarial de natureza

incontrovertida em seu favor. Os pedidos são resistidos pelo cartório, afastando a aplicação

do art. 467 da CLT, pela mais absoluta inexistência de verbas de natureza salarial de

natureza incontroversa passíveis da incidência dessa cominação.

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A Lei nº 10.272, de 05/09/2001, alterou o art. 467 da CLT,

dispondo sobre o pagamento das verbas rescisórias incontroversas, conforme

transcrevemos abaixo:

Art. 467. Em caso de rescisão de contrato de trabalho, havendo controvérsia sobre o montante das verbas rescisórias, o empregador é obrigado a pagar ao trabalhador, à data do comparecimento à Justiça do Trabalho, a parte incontroversa dessas verbas, sob pena de pagá-las acrescidas de cinqüenta por cento.” - grifos nossos.

Ocorre, porém, que na hipótese dos autos, não existe verbas

rescisórias de natureza incontroversa em favor do reclamante e todos os pedidos que

derivam da eventual declaração de diferenças salariais em seu favor são duramente

resistidos pela reclamada.

O fator determinante que autoriza o deferimento da multa

prevista no artigo 467 da CLT é a inexistência de controvérsia sobre o direito ao

recebimento de salários strictu sensu em favor do trabalhador.

No caso em tela, a própria existência dos direitos pretendidos

pelo autor na exordial se constituiu no eixo principal do conflito de interesses. Logo, todas as

parcelas postuladas pelo autor estão controvertidas e impugnadas pela reclamada.

Nessa toada, por ocasião do comparecimento do autor em

juízo, não há salário strictu sensu em favor do mesmo, pois somente através da sentença é

que lhe serão eventualmente deferidas parcelas de natureza salarial. Logo, não há o que se

falar em parcela incontroversa de natureza salarial ao ensejo de autorizar a condenação da

reclamada na penalidade prevista no art. 467 da CLT.

Nossas cortes trabalhistas vêm decidindo de forma pacífica

sobre a não incidência da multa do art. 467 da CLT quando a matéria for controvertida:

MULTA PREVISTA NO ART. 467 DA CLT – INAPLICABILIDADE – Uma vez existente a controvérsia com relação aos créditos salariais, não se configura a presença dos pressupostos da aplicabilidade do art. 467 da CLT. (TRT 12ª R. – RO-V 03090-2002-018-12-00-3 – (13296/2004) – Florianópolis – 3ª T. – Rel. Juiz Garibaldi Tadeu Pereira Ferreira – J. 16.11.2004)

MULTA DO ART. 467 DA CLT – Improcedência incabível a cominação da sanção prevista no art. 467 da CLT quando existente

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específica e oportuna impugnação ao montante das verbas rescisórias requeridas, com razoável controvérsia acerca das pretensões. (TRT 20ª R. – RO 00257-2004-016-20-00-0 (Proc. 00257-2004-016-20-00-0) – (2774/04) – Rel. Juiz João Bosco Santana de Moraes – J. 28.09.2004.

MULTA DO ART. 467 DA CLT – CONTROVÉRSIA APTA PARA AFASTAR A SUA APLICABILIDADE – Para que a regra do art. 467 da CLT não seja aplicável ao caso concreto é preciso que se verifique real controvérsia quanto a existência do direito rescisório vindicado. A singela afirmação de pagamento das rescisórias, sem se fazer acompanhar do recibo respectivo ou de qualquer argumentação que pudesse justificar a ausência daqueles documentos, não caracteriza verdadeira e concreta resistência ao pedido inicial e, portanto, não elide a multa prevista no art. 467 da CLT. (TRT 24ª R. – RO 0557/2002-061-24-00-0 – Red. p/o Ac. Juiz Amaury Rodrigues Pinto Júnior – J. 13.08.2003).

MULTA DO ART. 467 DA CLT – A multa prevista no art. 467 da CLT somente se aplica às parcelas incontroversas, assim consideradas as reconhecidas pelo réu como devidas e não pagas à data de comparecimento à Justiça do Trabalho. Havendo controvérsia, imperioso o indeferimento da multa em apreço. (TRT 3ª R. – RO 11.097/02 – 4ª T. – Rel. Juiz Júlio Bernardo do Carmo – DJMG 12.10.2002).

MULTA ART. 467 DA CLT – Instaurada a controvérsia em torno da existência de diferenças salariais, incogitável a aplicação da multa a que alude o artigo 467 da CLT, ainda que improcedentes as alegações da defesa. (TRT 10ª R. – RO 01505/2001 – 2ª T. – Rel. Juiz José Ribamar O. Lima Junior – DJU 05.12.2002)

Guardado todo o exposto e diante da ausência de qualquer

verba de natureza salarial ou rescisória em aberto em favor do reclamante, deve ser julgado

improcedente o pedido constante da exordial a esse respeito.

9 - JUSTIÇA GRATUITA

Improcede o pedido de concessão dos benefícios da justiça

gratuita em favor do reclamante, posto que o mesmo não preenche os requisitos da Lei nº

5.584/70, que regulamenta a concessão desse instituto em favor da parte interessada.

O reclamante sequer comprovou estar em situação econômica

que impossibilite demandar sem prejuízo de seu sustento ou de sua família.

Guardado o exposto requer a reclamada seja indeferido o

pedido de justiça gratuita indicado no pedido.

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10 - JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA – ÉPOCA PRÓPRIA

O entendimento pacífico de nossas Cortes Trabalhistas é no

sentido de que a atualização monetária referente aos créditos trabalhistas é a do mês

subseqüente ao da prestação de serviços.

A Súmula 381 do C. TST não discrepa dessa linha de

entendimento.

“Correção monetária. Salário. Art. 459, CLT. O pagamento dos salários até o quinto dia útil do mês subseqüente ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data limite não for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subseqüente ao da prestação dos serviços”.

Nessa linha de idéias, na remota hipótese de subsistir alguma

condenação em face da reclamada, requer a mesma a aplicação da correção monetária

referente ao mês subseqüente ao da prestação de serviços.

11 - DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS

Por cautela, a reclamada requer sejam observadas, sobre os

títulos deferidos ao autor, as retenções das parcelas relativas às contribuições

previdenciárias, de obrigação do empregado, para que se cumpra a legislação.

Nessa linha, o art. 79 da Consolidação dos Provimentos da

Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, de 6 de abril de 2006, dispõe:

Art. 79. Compete ao juiz da execução determinar as medidas necessárias ao cálculo, dedução e recolhimento das Contribuições devidas pelo empregado ao Instituto Nacional do Seguro Social, em razão de parcelas que lhe vierem a ser pagas, ainda que mediante precatório, por força de decisão proferida em reclamação trabalhista (artigo 43 da Lei nº 8.212/1991, com redação dada pela Lei nº 8.620/1993). (grifos nossos)

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Outrossim, o Decreto 3.048/99, que regulamenta a Lei nº

8.212/91, estabelece, em seu artigo 276, que:

Art. 276. Nas ações trabalhistas de que resultar o pagamento de direitos sujeitos à incidência de contribuição previdenciária, o recolhimento das importâncias devidas à seguridade social será feito no dia dois do mês seguinte ao da liquidação da sentença.

.............

§ 4º A contribuição do empregado no caso de ações trabalhistas será calculada, mês a mês, aplicando-se as alíquotas previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário-de-contribuição. (grifos nossos)

Caso seja devido algum valor ao autor, as contribuições

previdenciárias deverão ser satisfeitas pelo reclamante e reclamada, arcando cada um pela

sua quota-parte, nos termos do que dispõem o artigo 43 da Lei 8.212/91 e o artigo 3.048/99

e conforme os artigos 78 ao 80 da Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da

Justiça do Trabalho, de 06/04/06.

12 - DESCONTOS FISCAIS

A reclamada requer, outrossim, sejam observadas, sobre os

títulos eventualmente deferidos ao autor, as retenções das parcelas relativas às

contribuições fiscais, de obrigação do empregado, em cumprimento da legislação em vigor.

Os descontos fiscais têm sua retenção imposta pelo art. 46 da

Lei n.º 8.541/92. Arca com tal ônus a pessoa física ou jurídica no instante em que o

rendimento se torne disponível ao beneficiário.

Art. 46. O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o rendimento se torne disponível para o beneficiário.

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Rua Pedro de Toledo, 80 - Conj. 121 - Vila Clementino – CEP 04039-000 - São Paulo / SP - Fone / Fax: (11) 5574-5715

Em relação ao imposto de renda o valor deverá ser retido em

eventual execução e conforme a Consolidação dos Provimentos da Corregedoria-Geral da

Justiça do Trabalho.

13 - IMPUGNAÇÃO DOS VALORES EXPRESSADOS NO PEDIDO

A reclamada impugna expressa e veementemente os valores

indicados pelo autor através do “pedido” nos itens “1” a “12” da exordial.

Os valores foram apurados unilateralmente e não guardam

relação com a realidade dos fatos tratados na presente ação trabalhista, razão pela qual, por

serem destituídos de parâmetros de razoabilidade e em total desarmonia com os valores

pagos ao autor por conta de seu contrato de trabalho, não podem ser acolhidos.

Na remota hipótese de algum valor ser deferido ao reclamante

em decorrência desta ação trabalhista, o que só se admite por argumentação, deverá o

mesmo ser apurado em regular liquidação de sentença, em estrita consonância com a coisa

julgada, não se admitindo, por absolutamente inverossímeis e absurdos, os números

indicados pelo mesmo no seu pedido, que, repita-se, ficam expressamente impugnados.

14 - PROTESTO POR PROVAS

A reclamada protesta provar o alegado por todos os meios de

provas em direito admitidos, depoimento pessoal do reclamante, sob pena de confissão,

oitiva de testemunhas, juntada de novos documentos, perícia, dentre outras.

15 - NOTIFICAÇÕES

Requer, finalmente, que as intimações referentes ao presente

processo trabalhista sejam enviadas em nome de sua patrona – Dra. CARLA TERESA

MARTINS ROMAR, OAB/SP nº 106.565, com escritório na Rua Pedro de Toledo, 80, 12º

Andar, Vila Mariana, CEP 04039-010, São Paulo.

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Requer, finalmente, seja a presente ação trabalhista julgada

totalmente improcedente para o fim de absolver a reclamada dos pedidos nela constantes,

por ser medida de inteira Justiça.

Termos em que,

p. deferimento.

São Paulo, 25 de março de 2009.

NILSON DE OLIVEIRA NASCIMENTO

OAB/SP nº 110.859

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